IDADE CONTEMPORÂNEA: REVOLUÇÃO RUSSA CONTEÚDOS Antecedentes A Revolução Russa de 1917 O governo Lênin O governo Stalin AMPLIANDO SEUS CONHECIMENTOS Antecedentes O Império Russo era constituído por um governo absolutista comandado por um czar (uma espécie de monarca) que comandava uma vasta extensão de terras desde a Europa até a Ásia. O clima frio, que marca a maior parte do seu território, dificultava a produção agrária, devido aos invernos rigorosos e constantes geadas. Figura 1 – Áreas da Rússia impróprias para a agricultura devido ao frio intenso Fonte: Fundação Bradesco Na pirâmide social, abaixo do czar estavam as famílias que compunham a nobreza do Império. Em geral eram ricos latifundiários que concentravam as melhores terras do país e compunham os altos escalões de comando do Exército e da Igreja Ortodoxa Russa. O povo que vivia nesse império, tinha uma grande diversidade quanto as suas origens éticas. Porém, a maioria dessa população, cerca de 80%, era analfabeta, pagante de pesados impostos e vivia no campo trabalhando em um regime servil (semelhante ao do Feudalismo Medieval), em condição de extrema miséria. Com uma tímida população urbana, cerca de 20%, e com um gigantesco atraso tecnológico, o governo do Império Russo fez alguns acordos com as grandes potências da Europa (Inglaterra, França, Bélgica, etc.) para que esses países investissem na produção industrial do seu império, aproveitando da mão de obra barata que havia disponível nessas cidades. Isto é, a classe operária do Império Russo, assim como os camponeses, também era extremamente explorada, na medida em que eles recebiam baixos salários, eram submetidos a jornadas de 16 horas diárias, não recebiam alimentação nas fábricas e trabalhavam em locais imundos, sujeitos a uma série de doenças. Desse modo, a situação de extrema pobreza que a grande maioria da população vivia, tornou-se um campo fértil para a difusão das ideias socialistas que circulavam na Europa. Essas ideias de justiça e igualdade, acabaram circulando por todo o império, desenvolvendo uma consciência de união e luta entre os explorados. Figura 2 - Símbolo socialista que representa a luta da população urbana (martelo) e rural (foice) Fonte: Wikimedia Commons No ano de 1905, surge em todo o Império Russo, uma série de greves, protestos e revoltas motivadas pelo agravamento da crise econômica, dos aumentos de impostos e crescente miséria agravada pela guerra Russo-Japonesa pela disputa do domínio da Manchúria (região do norte da China). Nesse contexto, diversos setores da sociedade como camponeses, operários e militares organizaram protestos, e nesse cenário de agitação o czar Nicolau II decide reprimir violentamente esses movimentos que ficaram conhecido como o “Domingo Sangrento” (veja mais detalhes na leitura complementar desse Tema de Estudo). O fracasso dos protestos de 1905, serviu para os líderes revolucionários avaliarem seus erros e fraquezas, aprendendo a superá-los, como se fossem um “Ensaio Geral” para a Revolução Russa de 1917. A Revolução Russa de 1917 Os problemas do Império Russo, como a crise econômica, o autoritarismo do regime czarista, o atraso tecnológico e a imensa população que vivia na pobreza e na miséria, acabaram se agravando severamente, com a participação dele na Primeira Guerra Mundial. Desse modo, as mortes e os gastos para manter essa guerra por tantos anos, provocaram um agravamento na crise de abastecimento alimentar nas cidades, desencadeando novamente uma série de greves e revoltas. O lema: “paz, terra e pão” sintetizava o desejo do povo. As medidas violentas adotadas pelo czar para tentar conter o povo, só gerou mais confusão, uma vez que, muitos soldados passaram a apoiar os rebeldes. Nesse contexto, grupos políticos relativamente antagônicos (liberais, burgueses, socialistas, etc.) passaram a se unir para derrubar o czar. Figura 3 - Soldados e civis protestando durante a Revolução Russa Fonte: Wikimedia Commons Oficialmente, a Revolução Russa começa no dia 15 de março de 1917, e por meio de uma forte e organizada luta popular, esses rebeldes conseguem derrubar o czar Nicolau II, que posteriormente foi executado. O primeiro governo que se estabeleceu, foi comandado pelos Mencheviques, que acreditavam que era preciso levar a nação ao pleno desenvolvimento capitalista para depois iniciar a ação revolucionária. Desse modo, eles defendiam a liberdade de imprensa, a manutenção da propriedade privada, a permanência do exército russo na Primeira Guerra Mundial e a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias. Isto é, esse governo de caráter liberal burguês, pouco atendia as principais reivindicações da maior parte da população que esperava por mudanças mais radicais, capazes de melhorar a vida das camadas mais baixas que estavam na miséria. O desgaste e a perda de popularidade desse governo provisório, aumentaram a força e a popularidade dos “Sovietes” que eram organizações políticas nascidas das camadas populares e que representavam os interesses dos trabalhadores. Em geral, eles expressavam o poder popular que se opunha ao governo provisório, e a sua atuação passou a modificar os rumos políticos do país nos próximos meses. Os Sovietes defendiam a distribuição de terra aos camponeses e a constituição de um exército com disciplina voluntária e oficiais eleitos democraticamente. Muitos deles também eram a favor do término da Primeira Guerra Mundial. Desse modo, com a constante falta de alimentos, a elevada inflação e o grande número de combatentes mortos na guerra, fizeram com que a revolução popular fosse retomada para derrubar esse governo provisório Menchevique. Figura 4 - Cartaz Bolchevique de apoio aos Sovietes Fonte: Wikimedia commons Os Bolcheviques, que pregavam a luta revolucionária, formação de uma ditadura do proletariado e a implementação do socialismo, passaram a serem vistos como uma solução viável para atender essas demandas populares. Assim, muitas tropas desertaram, abandonando os campos de batalha e matando os oficiais ligados ao governo provisório. Propriedades da nobreza latifundiária foram saqueadas e queimadas. Além disso, nas cidades, criou-se conselhos operários na maioria das empresas e das fábricas. Nesse contexto, apoiado pelos Sovietes e pelas camadas populares, Lênin conquista a capital e obriga o governo provisório a renunciar. Inicialmente o objetivo desse novo governo que se formava, era criar uma sociedade onde todos fossem iguais e livres. Porém, devido as grandes dificuldades que o país enfrentava e da forte oposição das elites, esse novo governo foi gradualmente se tornando cada vez mais autoritário. Figura 5 - Lênin e Stalin Fonte: Wikimedia Commons O segundo governo que se estabeleceu, passou a ser comandado pelos Bolcheviques que promoveram mudanças profundas no país, tais como: Saída imediata da Primeira Guerra Mundial, por meio do Tratado de Brest-Litovski. Confisco de propriedades privadas dos aristocratas e da Igreja Ortodoxa. Reforma agrária, com ampla distribuição de terras para os camponeses. Criação de um sistema de saúde e de educação público e gratuito. Fim da dominação exercida pelo governo russo sobre regiões tais como a Finlândia, a Geórgia e a Armênia. Investimento na modernização do país e a estatização de fábricas e bancos. Mudança da capital do país para Moscou. O Governo Lênin No seu governo, o socialismo soviético foi se estabelecendo em todo o país. Na medida que suas resoluções políticas favoreciam as classes mais baixas, Lênin conquistava inimigos entre as antigas elites que perderam seu poder e prestígio. Esse fato explica as diversas tentativas de assassinato que ele sofreu durante o período que comandou a Rússia. Figura 6 - Vladmir Lênin Fonte: Wikimedia Commons O acordo de paz que garantiu a saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial, garantiu a liberdade de alguns países do leste europeu, que passaram a organizar um movimento de oposição ao governo bolchevique. Esse movimento uniu setores que defendiam os privilégios das elites ligadas ao antigo governo czarista, os liberais da burguesia Menchevique e os diversos grupos anarquistas contrários ao governo. A formação do exército polonês, impulsionou esses grupos a se organizarem e atacarem o governo de Lênin, que para se defender, criou o Exército Vermelho sob o comando de Trotsky. Assim, eclode uma guerra civil (1918-1921) que foi duramente sufocada pelo governo socialista russo. Buscando modernizar o país e reconstruir a Rússia após esse conflito, Lênin decide abrir parte da economia russa (setores não estratégicos) para investimentos capitalistas. Segundo ele, para dar continuidade ao socialismo, era necessário dar um passo a trás, para poder avançar dois passos à frente. Essa política, que ficou conhecida como a “Nova Política Econômica” (NEP), visava garantir a liberdade de comércio interno, a livre negociação de salários, autorização para o funcionamento de empresas particulares e permissão de entrada de capital estrangeiro para a reconstrução do país. Apesar dessa abertura, o Estado russo continuou, controlando os setores considerados vitais para a economia, como o comércio exterior, o sistema bancário e as indústrias de base. Paralelamente a essa política, Lenin também decide em 1922 criar a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) que reuniria diversas nações próximas à Rússia sob um único governo que implantaria o socialismo em toda essa área. Porém, Lênin pouco pode influir no processo de consolidação dessa liga, devido a sua morte em 1924. Figura 7 – Brasão de armas da URSS Fonte: Wikimedia Commons Após a morte de Lênin, houve uma disputa pelo poder envolvendo Trotsky e Stálin. Ambos faziam parte do governo Lênin, mas tinham ideias diferentes sobre os novos rumos do socialismo soviético. Para Trotsky, o socialismo deveria expandir-se para o mundo, enquanto que para Stalin deveria fortalecer-se internamente. Nessa disputa pelo poder. Stálin saiu vencedor e Trotsky acaba exilado. Saiba mais: Durante o seu exílio, Trotsky passou pela Turquia, França, Noruega e por fim fixou-se no México. Mesmo distante da Rússia, ele continuou escrevendo sobre a importância de se expandir o socialismo pelo mundo. As ideias presentes nas suas obras, deram origem ao trotskismo, uma importante corrente de estudo do marxismo. Enquanto isso, na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), Stalin passou a censurar toda a sua obra e persegue os cidadãos que eram simpatizantes às suas ideias. Ou seja, Trotsky, tornou-se assunto proibido durante o governo stalinista. No México ele tornou-se amante de Frida Kahlo, uma importante artista plástica mexicana, e em 1940 foi morto pelo espanhol Ramón Mercader (agente do governo stalinista) que lhe acerta a cabeça com uma picareta. Figura 8 – Leon Trotsky Fonte: Wikimedia Commons O Governo de Stalin Durante o governo Lênin, Stalin ocupou o cargo de Secretário Geral e atuou junto a burocracia do regime soviético. Disputou com Trotsky o comando da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, após a morte de Lênin. Nesse momento ele articulou politicamente para que o testamento de Lênin não se tornasse público, uma vez que nele, havia severas críticas a sua postura rude e autoritária, além da sua excessiva ambição pelo poder. Mesmo assim, Stalin vence Trotsky nessa disputa, conquistando o poder com o apoio de outros burocratas aliados. Ao assumir o poder ele torna-se um grande estadista, e mesmo com um governo autoritário, foi capaz de construir uma imagem positiva frente ao povo russo. O governo de Stalin buscou modernizar a nação planificando a economia e investindo em “Planos Quinquenais” de industrialização. Essa política previa o investimento de cinco anos do estado no desenvolvimento de um setor da indústria de base soviética. Com o estado provendo e controlando as indústrias, os trabalhadores tiveram a sua mão de obra explorada pelo governo, que utiliza esse ganho para investir em novas fábricas. Desse modo, a União Soviética vai, aos poucos, transformando-se em uma potência industrial. Nas áreas rurais, Stalin abandonou as políticas de reforma agrária. Ao invés de distribuir as terras desapropriadas para os camponeses, ele preferiu estatizar essas terras, contratando os trabalhadores rurais para trabalhar nelas que passaram a pertencer ao governo. Para organizar e melhorar a produção agrícola, Stalin cria cooperativas que ficariam responsáveis por gerir a produção no campo. Figura 9 – Josef Stalin Fonte: Wikimedia Commons Desse modo, em praticamente 30 anos de governo, Stalin conseguiu transformar a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas em uma grande potência mundial. Porém, apesar dos progressos e avanços conquistados, seu governo também foi marcado por uma pesada censura e perseguição aos seus opositores (que frequentemente acabavam presos, e por fim eram mortos ou exilados). Na sua trajetória como um grande estadista, ele colecionou uma série de violações contra direitos humanos de seus presos políticos, massacres a qualquer grupo que protestasse contra seu governo, execuções extrajudiciais de milhares de pessoas, além do exílio de muitos intelectuais. Vale lembrar que, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a liderança e a postura enérgica de Stalin, fez com que a União Soviética enfrentasse e derrotasse as tropas alemãs que lutavam na frente oriental, praticamente sem o apoio dos países aliados, tomando praticamente sozinha a cidade de Berlim que era a capital da Alemanha (veja mais detalhes no Tema de Estudo de História - Idade Contemporânea: Segunda Guerra Mundial). Após os acordos de paz, a União Soviética aumentou sua área de influência e expandiu seu território, de modo que praticamente atingisse o tamanho do antigo Império Russo. Além disso, tornaram-se a única potência capaz de enfrentar os Estados Unidos durante a Guerra Fria (veja mais detalhes no Tema de Estudo de História - Idade Contemporânea: Guerra Fria). Figura 10 - Território da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas entre 1956 e 1989 Fonte: Fundação Bradesco ATIVIDADES 1. Explique por que o “Ensaio Geral” de 1905 e a Primeira Guerra Mundial, foram importantes para a eclosão da Revolução Russa de 1917. 2. (FUVEST-2000) Há controvérsias entre historiadores sobre o caráter das duas grandes revoluções do mundo contemporâneo, a Francesa de 1789 e a Russa de 1917; no entanto, existe consenso sobre o fato de que ambas a) fracassaram, uma vez que, depois de Napoleão, a França voltou ao feudalismo com os Bourbons e a União Soviética, depois de Gorbatchev, ao capitalismo b) geraram resultados diferentes às intenções revolucionárias, pois tanto a burguesia francesa quanto a russa eram contrárias a todo tipo de governo autoritário. c) puseram em prática os ideais que as inspiraram, de liberdade e igualdade e de abolição das classes e do Estado. d) efetivaram mudanças profundas que resultaram na superação do capitalismo na França e do feudalismo na Rússia. e) foram marcos políticos e ideológicos inspirando, a primeira, as revoluções até 1917, e a segunda, os movimentos socialistas até a década de 1970. 3. (VUNESP-2004) O retorno a uma semi-economia de mercado provocou o reaparecimento da moeda e, durante o ano de 1921, renasceu o mercado propriamente dito. A desnacionalização de empresas começou respectivamente pelo pequeno e grande comércio, atingindo, mais tarde, a indústria leve. As cooperativas foram devolvidas aos seus antigos acionistas e, no final do ano, permaneciam nas mãos do Estado apenas os setores economicamente estratégicos, o crédito e a indústria pesada. (Martin Malia. Entender a Revolução Russa.) O trecho apresentado refere-se a um momento da Revolução Russa, no qual a) o Estado soviético implementa a Nova Política Econômica, procurando superar as dificuldades econômicas e sociais advindas do Comunismo de Guerra. b) o partido bolchevista promove um processo de abertura política, instaurando um regime político democrático e pluripartidário. c) o governo leninista, enfraquecido pela guerra civil, é obrigado a fazer concessões à tradicional nobreza czarista. d) o Estado soviético aplica uma política de planificação econômica e de coletivização de terras denominada de Planos Quinquenais. e) o conflito entre facções dentro do Estado resulta na oposição do partido bolchevista ao ideário socialista. 4. Explique qual foi a estratégia de Stalin para transformar a União Soviética em uma grande potência em praticamente 30 anos de governo. LEITURA COMPLEMENTAR O Ensaio Revolucionário de 1905 No início do século 20, os vários problemas que assolavam a Rússia tornavam cada vez mais urgentes a superação das dificuldades impostas por um governo autoritário. No entanto, desconsiderando as necessidades imediatas da população, o governo do czar Nicolau II resolveu envolver-se na disputa por zonas de ação imperialista para que dessa forma pudesse amenizar as dificuldades presentes. Com isso, em 1904, o governo russo declarou guerra aos japoneses com a intenção de controlar a região da Manchúria. O conflito, mais popularmente conhecido por Guerra Russo-Japonesa, acabou no ano seguinte sem atender os interesses do regime czarista. Derrotada, a nação russa viu sua crise econômica ganhar maiores proporções. Ainda durante o conflito militar contra os japoneses, as forças de oposição contra a monarquia se inflamou em meio à miséria e opressão intensificadas por uma economia débil e um cenário político despótico e conservador. Em dezembro de 1904, os trabalhadores da usina de Putilov, localizada em São Petesburgo (naquela época capital do governo czarista), decidiram elaborar um ofício reivindicando aos dirigentes da empresa melhores condições de trabalho. Em resposta, os proprietários da usina ignoraram completamente o pedido e demitiram todos os envolvidos com o ato. No início do ano seguinte, vários segmentos do operariado resolveram organizar uma manifestação reivindicando melhorias a todos os trabalhadores. Os manifestantes organizados pelo padre Gapon participaram de uma pacífica passeata, rumo ao Palácio de Inverno, local onde ofereceriam ao czar Nicolau II uma petição contendo diversas reformas sociais, políticas e econômicas. Contudo, as tropas oficiais abriram fogo contra os participantes, ceifando a vida de vários trabalhadores. O trágico episódio ficou conhecido como “Domingo Sangrento” e, em seguida, serviu para que várias rebeliões de camponeses e operários se espalhassem pelo território russo. Naquele mesmo ano, um dos mais expressivos levantes que aconteceram contra o governo mobilizou os marinheiros do Encouraçado Potemkin (navio de guerra russo). A tensão causada a partir daquele levante forçou o governo russo a desistir da Guerra RussoJaponesa, ao assinar o Tratado de Portsmouth. Nesse acordo, os russos foram obrigados a reconhecer a soberania japonesa nos territórios da Coréia; e entregar partes dos territórios da Ilha de Sacalina e da Península de Liaotung. Pressionado com tantas revoltas, o czar Nicolau II prometeu um amplo conjunto de reformas em um documento conhecido como “Manifesto de Outubro”. Entre outros pontos, o monarca se comprometeu a garantir as liberdades civis e promover a reforma agrária no país. Além disso, instituiu a criação de uma monarquia constitucional que dividiu os poderes com a Duma, assembleia de representantes populares que deveria criar uma nova constituição no país. Entretanto, o conservadorismo do czar transformou a assembleia russa em uma instituição tolhida pelos amplos poderes garantidos ao rei. Para isso, Nicolau II utilizou do voto censitário para que somente os representantes das tradicionais elites nacionais pudessem adentrar o recém-criado poder legislativo. Paralelamente, os movimentos populares começaram a tomar maior volume com a consolidação dos Sovietes, espécie de conselhos populares onde se discutiam a ação política das classes subalternas. Com isso, as pretensões de mudança na Rússia ainda se mostravam latentes mesmo depois das ações empreendidas pelo próprio governo czarista. As reformas e o autoritarismo pareciam não exprimir com grande eficácia as diversas demandas da população russa. A ausência de ações de efeito por parte da falsa monarquia constitucional e o crescimento das tendências políticas revolucionárias constituiu os pilares das revoluções que tomaram o país doze anos mais tarde. SOUSA, Rainer Gonçalves. O ensaio revolucionário de 1905. Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/historiag/o-ensaio-revolucionario-1905.htm>. Acesso em: 31 ago. 2016. 16h. REFERÊNCIAS CARR, Edward Hallett. A Revolução Russa de Lênin a Stalin, (1917-1929). Rio de Janeiro: Zahar, 1981. COGGIOLA, Osvaldo. 25 de outubro de 1917: a revolução Russa. São Paulo: Cultrix, 2005. FUVEST. Prova de Primeira Fase do vestibular da USP de 2000. Disponível em: <http://www.fuvest.br/vest2000/provas/1fase/dia1/p1f2000v.pdf>. Acesso em: 31 ago. 2016. 14h. HOBSBAWN, Eric. A era das revoluções. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989. HOBSBAWN, Eric. A era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo: Cia. das Letras, 1995. MARQUES, Adhemar Martins. 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Por outro lado, os problemas do Império Russo, acabaram agravando-se severamente com a participação desse império na Primeira Guerra Mundial. Desse modo, as mortes e os gastos para manter essa guerra por tantos anos, provocaram um agravamento na crise de abastecimento alimentar nas cidades, desencadeando novamente uma série de greves e revoltas. O lema: “paz, terra e pão” sintetizava o desejo do povo. As medidas violentas adotadas pelo czar para tentar conter o povo, só geraram mais confusão, uma vez que, muitos soldados passaram a apoiar os rebeldes. Nesse contexto, grupos políticos relativamente antagônicos (liberais, burgueses, socialistas, etc.) passaram a se unir para derrubar o czar. 2. Alternativa B. Comentário: Tanto na Revolução Francesa, quanto na Revolução Russa, a burguesia manipula o povo como massa de manobra para lutar contra os governos autoritários que dominavam esses países. Porém, nesses dois casos o governo provisório estabelecido pelos burgueses não se sustentou por muito tempo, e foi derrubado pelos grupos populares que tomaram consciência do seu poder de luta. Assim, nessas duas revoluções existiram governos populares, que mesmo com visões políticas distintas (Iluminismo e Socialismo respectivamente) tomaram medidas que beneficiaram as classes mais pobres, como por exemplo a reforma agrária e a educação gratuita. 3. Alternativa A. Comentário: O texto aponta para uma série de características da “Nova Política Econômica” (NEP) proposta por Lênin para recuperar a economia russa pós-guerra e conseguir os investimentos necessários para a implantação do socialismo em toda a União Soviética. Vale lembrar que essa política abriu parte da economia russa (setores não estratégicos) para investimentos capitalistas, mas o Estado russo continuou, controlando sobre setores considerados vitais para a economia, como o comércio exterior, o sistema bancário e as indústrias de base. 4. Comentário: Stalin buscou modernizar a nação investindo em “Planos Quinquenais” de industrialização. Essa política previa o investimento de cinco anos do estado no desenvolvimento de um setor da indústria de base soviética. Nesse contexto os trabalhadores tinham a sua mão de obra explorada pelo governo, que utiliza esse ganho para investir em novas fábricas. Assim, a União Soviética vai, aos poucos, transformandose em uma potência industrial. Já nas áreas rurais, ele preferiu estatizar essas terras, contratando os trabalhadores rurais para trabalhar nessas terras que passaram a pertencer ao governo. Para organizar e melhorar a produção agrícola, Stalin cria cooperativas que ficariam responsáveis por gerir a produção no campo.