Observação Solicitamos aos eventuais leitores que, caso disponham de outras informações que possam enriquecer este verbete, favor encaminhá-las à Fundação José Augusto através do seu Centro de Estudos e Pesquisas Juvenal Lamartine-CEPEJUL, situado na Rua Jundiaí, 641, Tirol, CEP 59020-120, ou, pelo E-mail [email protected] Clementino Hermógenes da Silva Câmara Município de Natal-RN Clementino Hermógenes da Silva Câmara Professor Academia Norte-rio-grandense de Letras – ANRL FUNDADOR Primeiro ocupante da cadeira 19 Patrono da Cadeira 19 – Manoel Virgílio Ferreira Itajubá Natal Leste Potiguar Clementino Câmara natural de Goianinha. Nascido no ano de 1889. Era um dos educadores mais cultos de nossa terra. Professor, jornalista, escritor e líder maçônico. Publicou vários livros entre os quais “Revelações”, “Geografia e História do Rio Grande do Norte”, “Décadas” e “”Romance do Atheneu”. Faleceu em Natal a 18 de setembro de 1954. CÂMARA, Clementino Hermógenes da Silva - Nasceu na Praia de Pipa, em Tibau do Sul (hoje, Município de Goianinha), a 17.01.1888, filho de Francisco Hermógenes da Silva Câmara e d. Maria Joaquina da Câmara. Órfão de pai aos dois anos de idade e de mãe aos nove, (...) ainda garoto começa a trabalhar como serralheiro e depois como operário de fábrica de tecidos (Veríssimo de Melo, Patronos e Acadêmicos, V. II, p. 194). Estudou no Externato Natalense e no Atheneu; ademais, foi autodidata. Professor, jornalista e escritor, dizia-se especialmente professor, título para mim tanto mais honroso quanto não foi concedido por um estabelecimento qualquer, mas dado por uma população que me acompanhava o esforço e a dedicação confessaria em Décadas, p. 97 (citado por Geraldo Queiroz em sua dissertação de mestrado GERINGONÇAS DO NORDESTE - A Fala Proibida do Povo, p. 11). Como professor particular fundou, dirigiu e ensinou em vários estabelecimentos; na estrutura oficial, ateve-se ao Atheneu e à Escola Normal de Natal (nesta, também sendo diretor). Protestante, foi revisor do jornal “O Século” - de propaganda evangélica -, mantido pelo rev. William C. Porter (primeiro pastor presbiteriano fixado em Natal). A mesma função desempenhou no “Jornal do Commércio”, em Manaus (1910), de onde transferiu-se para a cidade de Benjamim Constant e tornou-se Secretário Municipal. Retornou à Natal e participou da campanha de José da Penha (V. “SOUZA, José da Penha Alves de”, Século XIX), não só nas colunas do “Diário de Natal” mas em comícios. Fundou, aqui, os jornais “Gazeta da Tarde” (1913) e “A Nota” (1917), já mencionado (V. “CÂMARA, Adauto Miranda Raposo da”, Século XIX). Foi, ainda, funcionário da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte (1914-1916), e da “Great Western”, em Recife (1921). Casou-se duas vezes: com d. Hilda Medeiros Câmara e, depois, com d. Consuelo de Medeiros Câmara, de cujas uniões teve seis filhos. Constam de sua obra: Novo Compêndio de Análise Portuguesa (1925), Revelações (1932), Origem e Desenvolvimento da Língua Portuguesa (1934), Décadas (1936), Romance do Atheneu Norte-rio-grandense (1945) e Geografia e História do Rio Grande do Norte (1952). Registra Veríssimo de Melo (op. cit., p. 196) que Clementino terá produzido, também, as seguintes teses: Lexiogenia e Sintaxe das Preposições, Origem do Homem Americano: Sua Evolução Política e Social, Incas e Astecas e, por fim, Cristóvão Colombo: Sua Vida e Sua Obra. Deixou inéditos Gírias do Nordeste, O Estenógrafo Brasileiro e Que Devemos a Portugal? Sobre Gíria do Nordeste, um arguto inventário de regionalismos, há particularidades que o distinguem e trazem-no à atualidade meio século após sua feitura. Em 1986, conforme relata Geraldo Queiroz (op. cit., p. 17 a 21), localizou-se um processo no Arquivo Público Estadual datado de 4.10.1937 no qual ele, Clementino Câmara, invocando a lei estadual nº 145, de 6 de agosto de 1900, de incentivo à cultura, sancionada pelo então Governador Alberto Maranhão (V. “MARANHÃO, Alberto Frederico de Albuquerque”, Século XIX), solicita a publicação de ...um estudo sobre as classes populares do sertão, agreste e praias do Nordeste..., onde colhera elementos para constituir um (1) vocabulário típico e que, assim entendia, logo seria incorporado ao léxico . O Governador, à época Rafael Fernandes (V. “GURJÃO, Rafael Fernandes”, Século), que em pouco seria Interventor, indeferiu o requerimento, face ao parecer contrário recebido. Entre outros argumentos, alegava-se (...) o realismo de certas expressões que não podem cair em mão de pessoas de pequena idade. (Na verdade, Edgar Barbosa, um dos Membros da Comissão, aprovara-o, reputando-o ...ótimo glossário de modismos, dos mais completos que já se editaram no Brasil, op. cit., p. 20, e o Prof. Luís Soares – (V. “ARAÚJO, Luís Correia Soares de”, Século XIX) -, acompanhando-o, apenas sugerira a exclusão de alguns termos; o terceiro membro, Sr. Véscio Barreto, omitira-se e o Cônego Amâncio Ramalho, na condição de Diretor do Departamento Estadual de Educação, encaminhara a decisão). Cinquenta anos depois, seu trabalho seria reconhecido. Clementino Câmara, primeiro ocupante da Cadeira nº 19 da Academia Norte-rio-grandense de Letras, é nome de rua, de escola e de Loja Maçônica, em Natal. Faleceu, em Natal, a 18 de setembro de 1954. (1) Espanta a qualquer um a clarividência e antecipação de Clementino, levando a efeito tal inventário em uma Natal de duas décadas antes da Universidade, em presença da qual estudos sobre realismo, naturalismo, modernismo e regionalismo, entre outros, dariam ao trabalho uma utilidade imediata e evidente, não perceptível antes da integração dos estudos superiores ao Rio Grande do Norte (Prof. Paulo de Tarso C. de Melo, na apresentação da obra GERINGONÇA DO NORDESTE - A Fala Proibida do Povo, de Geraldo Queiroz A Fortaleza feita pelos Holandeses? Por Luís da Câmara Cascudo Velho leitor pergunta-me, em carta amável, se realmente os holandeses construíram a fortaleza dos Reis Magos. Informa-me que o Prof. Clementino Câmara afirmou o fato num livro e era professor de História no Ateneu. E que "provas" têm os historiadores de que a fortaleza foi trabalho do português e não do holandês? Para começo de conversa, o Prof. Clementino Câmara (1888-1954) nunca escreveu que os holandeses tivessem construído a Reis Magos. No seu livro Décadas (Recife, 1936, pág. 64), evocando as narrativas de um companheiro de trabalho, o "Caiçara", lembra o depoimento deste: "Foi "Caiçara" quem me contou primeiro como se fez a fortaleza. O terreno anoitecera sem indício de trabalho. De noite, vieram os holandeses, por baixo do chão, barrete vermelho, iniciaram a obra de manhã estava concluída". "- Ah, povo danado! exclamava ele diante de nós, boquiabertos!" . O Prof. Clementino Câmara registrava uma versão folclórica, sem nenhum fundamento histórico. Quem já acreditou que o holandês viera por debaixo do chão, de barrete vermelho, construir a fortaleza no espaço de uma noite? O holandês cercou, por mar e terra, a Reis Magos e tomou-a no dia 12 de dezembro de 1633. Já estava, naturalmente, feita, resistindo ao inimigo flamengo. Estava terminada desde 1619. Sabemos que a Reis Magos foi trabalho do português, ajudado pelo indígena, porque possuímos o relatório minucioso, escrito por Frei Vicente do Salvador, na sua História Do Brasil, concluída em 1627, a primeira escrita por um brasileiro. Sabe-se que o serviço foi iniciado no Dia de Reis, e dai a denominação, e terminou no dia de S. João. De 6 de janeiro a 24 de junho de 1598. Sabemos que esta fortaleza foi substituída pela atual, trabalho entre 1614 e 1619, dirigido pelo engenheiro Francisco de Frias da Mesquita, que deixou relatório, datado de 11 de janeiro de 1619, publicado no Livro Primeiro do Governo do Brasil (1607 -1635), pág. 264, edição do Ministério das Relações Exteriores (1958), mas anteriormente divulgado por D. Clemente Maria da Silva - Nigra na "Revista do Serviço do 0 Patrimônio Histórico e Artístico Nacional', n 9.em 1945. A fortaleza foi objeto de reparos e tarefas de conservação desde o século XVIII. A forma geral é que é a mesma de 1619. Por estes documentos, entre outros, podemos afirmar que a Reis Magos foi construída pelos portugueses e os holandeses já a encontraram pronta, tanto assim que foram obrigados a manter um assédio e bombardeá-Ia em dezembro de 1633. A Reis Magos feita pelo holandês não é História do Rio Grande do Norte e sim estória da carochinha ... Fonte: CÂMARA CASCUDO, Luís. “O Livro das Velhas Figuras”, páginas 50 a 51. A REPÚBLICA – 18/02/1959. Virgilio Ferreira Itajubá, nascido em Natal a 21 de agosto de 1877. Um dos maiores poetas do Rio Grande do Norte. Boêmio, Seresteiro inveterado. Auxiliar do Comércio. Diretor de circo. Orador popular. Jornalista e funcionário público. Descendia de gente simples, como simples viveu e como simples morreu. O destino lhe foi adverso. Ele que desejou “morrer” cantando, num domingo famoso”, ao contrário, morreu indigente numa Casa de Saúde no Rio de Janeiro a 30 de junho de 1912, em conseqüência de uma moléstia uretro-proposta. Jailton Augusto da Fonseca