línGuA PORTuGuESA

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línGuA
PORTuGuESA
Gramática
Setor 1511
Prof.: ____________________________________
aula 53
aula 54
aula 55
aula 56
aula 57
aula 58
............. AD h ............. TM h .............TC h ............. 174
............. AD h ............. TM h .............TC h ............. 178
............. AD h ............. TM h .............TC h ............. 181
............. AD h ............. TM h .............TC h ............. 183
............. AD h ............. TM h .............TC h ............. 186
............. AD h ............. TM h .............TC h ............. 188
ALFA 8
Gramática
–
Setor 1511
173
AulA 53
uSO lITERAl DOS TEMPOS VERBAIS
1 TEMPO CRONOLÓGICO X TEMPO GRAMATICAL
Quando se pretende compreender as diferentes compartimentações que cada língua faz do tempo, é preciso
levar em consideração que essas divisões não correspondem à cópia fiel daquilo que se passa na realidade. Tanto
isso é verdade que nem todas as línguas dividem o tempo da mesma maneira. Algumas, como o inglês, possuem
até mesmo duas palavras, uma para designar o tempo no mundo real (time), e outra para designar o tempo enquanto categoria gramatical (tense).
A língua portuguesa, por exemplo, não divide o tempo apenas em passado, presente e futuro. O passado, na
nossa língua, subdivide-se em três tempos distintos e o futuro, em dois. Além disso, há certas ocasiões em que
usamos o presente tanto para relatar fatos já ocorridos no passado quanto para referir-nos a fatos que ainda vão
ocorrer. Tudo isso, dito assim, parece desordem, mas não é.
O uso dos tempos, na nossa língua, apesar de não corresponder às demarcações rígidas das horas do relógio
ou de um calendário, obedece, como veremos, a regularidades perfeitamente explicáveis e previsíveis.
Antes, porém, de tratarmos de desvios e de alterações de uso, tratemos do sentido literal dos tempos verbais
na língua portuguesa.
2 SENTIDO LITERAL DOS TEMPOS
A tabela que vem a seguir expõe, de maneira esquemática, a distribuição dos tempos do verbo em língua
portuguesa, tomando como critério o seu sentido mais usual. Para entendê-la, deve-se levar em consideração o
fato de que a segmentação do tempo é feita com base em três relações: anterioridade, simultaneidade, posterioridade. A partir de um dado momento tomado como ponto de referência, opera-se com essa tripartição. O ponto de
referência que, em princípio, se toma como base é o momento da fala, isto é, o momento em que alguém assume
a palavra para se expressar.
REFERÊNCIA
ANTERIORIDADE
momento da fala
FUTURO DO PRETÉRITO
cantaria (ia cantar)
venderia (ia vender)
partiria (ia partir)
IMPERFEITO
cantava
vendia
partia
PERFEITO
cantei
vendi
parti
MAIS-QUE-PERFEITO
cantara (tinha cantado)
vendera (tinha vendido)
partira (tinha partido)
174
Gramática
–
S
I
M
U
L
T
A
N
E
I
D
A
D
E
POSTERIORIDADE
FUTURO ANTERIOR
terei cantado
terei vendido
terei partido
PRESENTE
canto (estou cantando)
vendo (estou vendendo)
parto (estou partindo)
FUTURO DO PRESENTE
cantarei (vou cantar)
venderei (vou vender)
partirei (vou partir)
Setor 1511
ALFA 8
Exemplos:
Para exemplificar cada um dos tempos do esquema
anterior, vamos partir do pressuposto de que estamos
no dia 10 de abril de 1996: é este o marco de referência
inicial, o momento da fala.
Presente
“Hoje escrevo melhor do que no ano passado,
mas estou sentindo dificuldade com certos temas
de dissertação sobre os quais não tenho muita informação.”
Observação: Como se vê, o presente simples indica ações simultâneas ao momento da fala, mas com
duração maior do que a da locução verbal:
escrevo e tenho = duração maior;
estou sentindo = duração menor.
Na verdade, quando se diz que o presente indica uma ocorrência simultânea ao momento da fala, é
preciso considerar que o fato ou evento interpretado
como simultâneo possui extensões ou duração muito
variadas.
A título de ilustração, podemos imaginar três casos
distintos.
1. O acontecimento interpretado como simultâneo
tem extensão mínima: dura somente enquanto dura o
ato de fala.
Trata-se de uma ocorrência simultânea em sentido
estrito.
Exemplo:
“Neste momento, na capital da República são exatamente 19 horas, um minuto e dez segundos.”
O verbo são, no caso, está situando um evento
estritamente simultâneo à fala do locutor. Trata-se de
uma simultaneidade até artificial porque, no término
da fala, já não é mais verdadeira a informação dada.
Em vista disso, podem-se considerar raras as ocasiões em que o presente indica uma ocorrência estritamente concomitante com o modelo da fala.
2. O acontecimento interpretado como simultâneo tem extensão bem mais ampla do que a duração
do ato de fala. Trata-se de uma ocorrência simultânea
em sentido amplo, isto é, o tempo do acontecimento
extrapola os limites do momento da fala.
Nesses casos, a ocorrência interpretada como simultânea pode durar de um minuto a um século.
Exemplo:
“No minuto anterior, os astronautas estavam dentro da nave, agora estão em pleno espaço.”
“De manhã fazia sol; agora à tarde chove e faz frio.”
“No século XIX acreditava-se no milagre da ciência
e da técnica: hoje duvida-se dos seus efeitos.”
Como se pode notar, os diferentes verbos no presente (estão, chove, faz, duvida-se) indicam ocorrências interpretadas como simultâneas ao ato de fala,
mas sua extensão varia de um minuto a um século. Os
outros marcadores temporais (agora e hoje), como se
pode notar, abrangem segmentos temporais variados:
agora pode indicar períodos variados: minutos, uma
parte do dia; hoje pode indicar um século inteiro.
3. O acontecimento interpretado como presente
ou como simultâneo pode ter extensão máxima, isto
é, pode abranger um período de tempo indefinido, ilimitado. Nesse caso, toma-se como presente uma ocorrência que abrange o tempo na sua totalidade, sem
distinguir passado, presente e futuro.
É o caso do uso do presente nos enunciados científicos e filosóficos, que assume caráter atemporal ilimitado.
Exemplos:
A soma do quadrado dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa.
Todo homem é mortal.
Matéria atrai matéria.
A terra gira em torno de si mesma.
Os verbos (é, atrai, gira), no caso, estão indicando ocorrências ou eventos que não se limitam a tempo
algum. É como se o tempo fosse um bloco único, indivisível, eternamente presente.
Futuro do presente e futuro anterior
“Dia 12, devolverei para você o livro de exercícios;
com certeza, dia 11 já terei resolvido todos.”
Devolverei = futuro a partir do presente (dia
10, conforme postulamos). A forma de futuro do
presente vou devolver é mais corrente no português contemporâneo e é igualmente correta.
Terei devolvido é futuro anterior, isto é, denota uma ocorrência que é posterior (futura)
em relação ao presente (o dia 11 é posterior ao
10), mas é passada em relação ao futuro (dia
11 é anterior ao dia 12). Daí o nome futuro
anterior.
Imperfeito e perfeito
“Na sua adolescência, ele praticava corrida de kart;
cauteloso, bateu uma só vez em toda a sua carreira.”
O imperfeito (praticava) indica uma ocorrência
passada com maior duração, sem limite preciso; o perfeito, uma ocorrência de duração momentânea, com
limite mais preciso que o imperfeito. No caso citado,
por exemplo, ficaria estranho trocar bateu (pontual e
momentâneo) por batia (linear e durativo).
ALFA 8
Gram‡tica Ð
Setor 1511
175
Observa•‹o: O perfeito composto do indicativo (tenho cantado/tenho vendido/tenho partido) não é
sinônimo, no português contemporâneo, do perfeito simples.
Comparando duas frases, uma com a forma simples do perfeito, outra com a forma composta, a diferença
entre ambas fica nítida:
a) No dia 3 de abril de 1996, um jornal da capital noticiou em manchete o eclipse lunar.
b) Os jornais todos t•m noticiado a previsão do tempo.
T•m noticiado indica uma ocorrência que se repete um número indefinido de vezes, como é o caso da
previsão do tempo.
Por isso mesmo, não é possível trocar noticiou por tem noticiado na frase a.
Essa oposição nem sempre foi desse modo na história da língua. O português antigo registra usos do perfeito
composto para designar ocorrências que hoje designamos pelo perfeito simples.
É o caso deste exemplo de Vieira:
“Tenho acabado (5 acabei), Fiéis, o meu discurso.”
Um uso do mesmo tipo ficou preservado na expressão tenho dito (5 disse, terminei o que tinha a dizer),
fórmula com que ainda hoje se encerram discursos e pronunciamentos.
Mais-que-perfeito
“No dia 8 ele saiu com a menina que conhecera no dia anterior.”
Conhecera indica uma ocorrência anterior a outra passada (saiu). De fato, saiu indica algo ocorrido antes
do momento da fala (lembre-se de que postulamos o dia 10 como o do momento da fala); conhecera indica
ocorrência anterior a saiu.
Observa•‹o: A forma composta (tinha cantado, tinha vendido, tinha partido) do mais-que-perfeito
do indicativo tem o mesmo significado que a forma simples (cantara, vendera, partira) e é mais usual no
português contemporâneo.
Têm o mesmo sentido e são igualmente corretas as duas frases que seguem:
“Fez um resumo do livro que lera na semana anterior.”
“Fez um resumo do livro que tinha lido na semana anterior.”
Futuro do pretérito
“No dia 8 você me telefonou, no dia 9 jantar’amos juntos.”
Jantar’amos é uma ocorrência passada em relação ao momento da fala (dia 10) e futura em relação ao dia
em que você me telefonou (dia 8). Daí o nome de futuro (em relação ao dia 8) do pretŽrito (em relação ao dia
10, momento da fala).
ExERcícIOS
1
Na linguagem cotidiana, usamos os tempos verbais com tal naturalidade, que em geral nem nos damos conta
das regras que seguimos.
Leia o relato que segue:
O coitado do rapaz não bebia. Bebeu justo naquela noite em que bateu o carro. Tudo por causa de um fora
que tinha levado da namorada. Mas posso garantir que ele nunca mais vai cair noutra roubada dessa.
Sobre as formas verbais destacadas, só NÃO é correto dizer que:
a) bebia e bebeu são tempos verbais do pretérito e ambos possuem o mesmo significado.
b) bebeu e bateu são formas que indicam ocorrências posteriores a tinha levado.
c) tinha levado situa um evento anterior a bebeu e bateu, e poderia ser permutado por levara.
d) vai cair indica um evento posterior a posso garantir e poderia ser substituído por cairá.
e) posso garantir indica um evento simultâneo ao momento em que o narrador está fazendo o seu relato.
2
176
(PUCC-SP) “Naquele exato momento, sentiu o peso da responsabilidade. Sabia que o pai o chamara para aquela
conversa com a intenção de saber dele o que pretendia fazer da vida, passados os primeiros dias da euforia
pela conclusão do curso. Feita a pergunta, de modo claro e objetivo, só conseguiu responder que começaria
o mais breve possível a ladainha das entrevistas que tinha marcado nas clínicas que visitara há meses.”
Os verbos que indicam corretamente a sucessão cronológica dos fatos narrados são, nessa ordem,
Gramática –
Setor 1511
ALFA 8
a) sabia – sentiu – chamara
b) pretendia – sentiu – sabia
c) tinha marcado – sentiu – visitara
d) chamara – sentiu – come•aria
e) conseguiu responder – sentiu – tinha marcado
3
Levando em conta a necessidade de correla•‹o entre as formas verbais, reescreva os trechos que seguem,
preenchendo os espa•os vazios com a forma verbal que se adapte ˆ altera•‹o produzida no primeiro verbo.
I. Poucos investidores acreditam que recuperar‹o, em menos de cinco anos, o capital investido.
Poucos investidores acreditavam que recuperariam, em menos de cinco anos, o capital investido.
II. Segundo prev• o contrato, a parte que o descumprir, arcará com os preju’zos e lucros cessantes.
Segundo previa o contrato, a parte que o descumprisse, arcaria com os prejuízos e lucros cessantes.
III. A equipe de socorro estava preparada para acudir imediatamente o acidente que houvesse.
A equipe de socorro está preparada para acudir imediatamente o acidente que houver.
ORIEnTAçãO DE ESTuDO
Livro-texto 1 — Gramática
Caderno de Exercícios 2 — Unidade II
Tarefa Mínima
Faça os exercícios 1 a 10, série 34.
Tarefa complementar
Faça os exercícios 11 a 20, série 34.
AnOTAçÕES
ALFA 8
Gramática –
Setor 1511
177
uSO nãO lITERAl DOS TEMPOS VERBAIS I:
EfEITOS DE cERTEzA E IncERTEzA
AulA 54
O emprego de tempos verbais desviados do seu
sentido literal é uma ocorrência bastante usual no português e isso se deve à possibilidade de concebermos a
realização da ação sob múltiplos pontos de vista.
Vejamos a seguir, resumidamente, alguns dos
principais sentidos não literais dos tempos verbais em
português.
1 PRESENTE
O presente pode ocorrer com valor de perfeito,
indicando um processo já ocorrido no passado
(presente histórico).
Exemplo:
Em 1500 Cabral arria (5 arriou) as velas, finca
(5 fincou) as âncoras e desembarca (5 desembarcou)
em terra brasileira.
Pode ocorrer também com valor de futuro.
Exemplo:
Amanhã eu falo (5 falarei) com você.
O advérbio amanhã projeta a ação no futuro. Falo
cria efeito de certeza.
2 IMPERFEITO
O imperfeito pode ocorrer no lugar do presente,
como forma de polidez, de cortesia.
Exemplo:
Eu queria mais um cafezinho. (Falando para o
garçom.)
Imperfeito no lugar do futuro do pretérito.
Nesse caso, o imperfeito serve para criar a impressão de certeza. Usa-se estava em vez de estaria,
ficava em vez de ficaria, etc.
Exemplos:
Se você esquecesse o meu aniversário, eu não lhe
perdoava (5 perdoaria).
Tivesse ele vergonha, não me olhava (5 olharia)
mais na cara.
No romance Ressurrei•‹o, de Machado de Assis, o
personagem Viana, querendo convencer Félix a participar de uma festa e vendo seu convite recusado, diz-lhe
o seguinte:
— Não caia nessa, acudiu Viana; eu era [5 seria] capaz
de deixar todas as viagens do mundo só para não perder
uma reunião do coronel; é um excelente homem, e dá
boas festas. Vai?
Machado de Assis, Ressurrei•‹o. São Paulo: Ática. p. 15.
178
Gram‡tica Ð
Setor 1511
ALFA 8
Como se vê, o imperfeito, nesses casos, serve para
conferir a uma ocorrência hipotética certo peso de
certeza.
Imperfeito no lugar de um presente irreal.
O uso do imperfeito para designar uma ocorrência
presente pode servir para indicar o seu caráter irreal
ou fictício. É muito usado nas brincadeiras em que as
crianças fantasiam a realidade.
Exemplos:
Eu estava em apuros e você vinha me salvar.
(Brincando de aventuras heroicas.)
Eu era uma milionária e você queria me sequestrar. (Brincando de aventuras de bandido.)
3 PERFEITO
O perfeito pode ocorrer no lugar do futuro, enfatizando o desejo de que um fato ocorra ou a
certeza de sua ocorrência.
Exemplo:
O candidato da oposição, sem a menor modéstia,
afirma aos quatro ventos que já ganhou a eleição do
próximo ano.
4 MAIS-quE-PERFEITO
Pode ocorrer com valor de futuro do pretérito
ou com valor de imperfeito do subjuntivo.
Exemplo:
Mais fizera (5 faria) se não fora (5 fosse) tão
pouco o tempo de que dispunha.
Pode ocorrer em orações optativas (orações
que exprimem desejos).
Exemplos:
Quem me dera encontrá-lo de novo!
Quisera que você viesse!
5 FuTuRO DO PRESENTE
Pode ocorrer com valor de presente, exprimindo dúvida, incerteza.
Exemplo:
O exército inimigo terá (5 tem) hoje uns vinte mil
soldados, não mais.
Pode ocorrer ainda com valor de imperativo.
Exemplo:
Não levantarás (5 não levantes) falso testemunho.
6 FuTuRO DO PRETéRITO
O futuro do pretérito pode ser usado em lugar do futuro do presente, quando se quer enunciar sob a
forma de hipótese aquilo que vai ocorrer.
Suponhamos, por exemplo, uma manchete de jornal que fosse enunciada assim:
Combustíveis aumentariam novamente na próxima semana.
Como se vê, não se trata de um fato já acontecido, mas que ainda vai acontecer. Comparemos esta com outra
versão como:
Combustíveis aumentarão novamente na próxima semana.
Essa frase teria praticamente o mesmo sentido que a anterior, mas teria um efeito mais assertivo (afirmativo).
Na versão anterior, com o futuro do pretérito, esse comprometimento desaparece no clima de hipótese criado
pelo uso do futuro do pretérito.
Outro bom exemplo são aquelas fórmulas usadas para fazer um convite a alguém sem dar mostras de ousadia
ou inconveniência:
Eu iria com você ao cinema hoje à noite.
Com você, eu veria essa peça de novo.
O uso do futuro do pretérito em lugar do presente do indicativo cria um efeito de polidez e de delicadeza.
Exemplo:
Você me daria (5 dá) licença? (Alguém que precisa deslocar outro para passar, por exemplo.)
Eu aceitaria (5 aceito) um cálice. (Dito por alguém quando lhe oferecem um licor ou um vinho de aperitivo.)
ExERcícIOS
1
Observe o enunciado a seguir, que cita procedimentos úteis para baixar o custo de transporte rodoviário.
Daqui a dois dias, a água do esterco já evaporou e com isso ele perdeu sessenta por cento do seu peso. Nessas
condições o transporte ficará mais econômico.
a) Transcreva os dois verbos que, no trecho anterior, ocorrem no perfeito do indicativo.
Evaporou e perdeu.
b) Há, no contexto, pistas indicadoras de que ambos estão usados com sentido de futuro, apontando eventos
que ainda vão correr.
Cite duas dessas pistas.
Daqui a dois dias / Nessas condições o transporte ficará.
c) Reescreva o mesmo enunciado, permutando o perfeito pelo futuro do indicativo e explique a diferença
do efeito de sentido produzida.
Daqui a dois dias, a água do esterco já evaporará (ou vai evaporar) e com isso ele perderá sessenta por cento do seu peso.
O uso do futuro em lugar do perfeito cria um efeito de sentido com menor grau de certeza. Nessa nova versão, o enunciado
perde o efeito de segurança que o enunciador quer produzir.
2
(Fuvest-SP) O trecho que segue faz parte de uma crônica em que o narrador se confessa maravilhado com
o nascimento de um pé de milho em seu jardim em plena paisagem urbana.
Anteontem aconteceu o que era inevitável, mas que nos encantou como se fosse inesperado: meu pé de milho pendoou.
Há muitas flores belas no mundo, e a flor de milho não será a mais linda. Mas aquele pendão firme, vertical, beijado
pelo vento do mar, veio enriquecer nosso canteirinho vulgar com uma força e uma alegria que fazem bem.
Rubem Braga, dezembro 1945.
Glossário
Pendoar: soltar o pendão, dar flor, florescer.
a) “[…] e a flor de milho não será a mais linda.”
Explique o valor do futuro do presente nessa frase. Reescreva-a substituindo a forma verbal por uma
expressão equivalente.
O futuro, nesta passagem, está usado em lugar do presente, indicando algo possível de ocorrer, mas do qual o enunciador
não tem certeza. Reescrevendo-a, teremos: “[…] e a flor de milho não é provavelmente a mais linda”.
ALFA 8
Gram‡tica Ð
Setor 1511
179
b) Lembre dois outros empregos do futuro do presente. Dê exemplos e esclareça o valor de cada um deles.
O futuro pode ser usado no lugar do imperativo. Exemplo: Honrarás teu pai e tua mãe. Usado em seu sentido literal, o
futuro indica uma ocorrência que vai ter lugar num tempo posterior ao momento da fala. Exemplo: Dentro de pouco tempo,
estaremos em São Paulo.
TexTo para a quesTão 3
Descrevendo a situação de uma viagem hipotética a um “buraco negro”, o físico britânico Stephen Hawking assim
se manifesta:
“Se uma nave espacial conseguisse penetrar num buraco negro, um feito possível apenas na imaginação, seus ocupantes morreriam porque sua massa seria brutalmente comprimida pela enorme força gravitacional que emana desses
corpos celestes. A morte dos astronautas, no entanto, não teria nenhum significado que conhecemos. Como os buracos
negros são um mundo à parte de tudo que se tem notícia, os viajantes poderiam continuar vivendo para sempre, só
que de uma forma diferente do que acontece na Terra. Nos buracos negros o tempo não existe.”
Veja, 25 nov. 1992, p. 87.
3
Os verbos destacados estão no futuro do pretérito, mas não estão usados em sentido literal. Em que sentido
está empregado esse tempo verbal?
Em todas as ocorrências, o futuro do pretérito está indicando acontecimentos que, por hipótese, podem vir a se realizar; algo que
poderá ocorrer dentro de certas condições.
ORIEnTAçãO DE ESTuDO
Livro-texto 1 — Gramática
Caderno de Exercícios 2 — Unidade I
Tarefa Mínima
Tarefa complementar
Leia o resumo teórico de aula.
Faça os exercícios 1 a 4, série 35.
AnOTAçÕES
180
Gramática –
Setor 1511
ALFA 8
Faça os exercícios 5 a 8, série 35.
AulA 55
uSO nãO lITERAl DOS TEMPOS VERBAIS II:
OuTROS EfEITOS
ExERcícIOS
TexTo para a quesTão 1
N‹o era e n‹o podia o pequeno reino lusitano ser
uma pot•ncia colonizadora ˆ fei•‹o da antiga Grécia.
O surto mar’timo que enche sua hist—ria do século
XV n‹o resultara do extravasamento de nenhum excesso de popula•‹o, mas fora apenas provocado por uma
burguesia comercial sedenta de lucros, e que n‹o encontrava no reduzido territ—rio p‡trio satisfa•‹o ˆ sua
desmedida ambi•‹o. A ascens‹o do fundador da Casa
de Avis ao trono portugu•s trouxe esta burguesia para
um primeiro plano. Fora ela quem, para se livrar da
amea•a castelhana e do poder da nobreza, representado
pela Rainha Leonor Teles, cingira o Mestre de Avis com
a coroa lusitana. Era ela, portanto, quem devia merecer
do novo rei o melhor das suas aten•›es. Esgotadas as
possibilidades do reino com as pr—digas d‡divas reais,
restou apenas o recurso da expans‹o externa para contentar os insaci‡veis companheiros de D. Jo‹o I.
e modos verbais. Com o refinamento de um poeta
maior, alcança plena eficácia poética. Levando em
consideração esses comentários,
a) aponte duas passagens, nos tercetos referidos,
nas quais o poeta empregou o pretérito mais-que-perfeito do indicativo, quando poderia
ter-se utilizado de forma verbal em outro tempo
ou modo.
As duas passagens em que ocorre o emprego do pretérito
mais-que-perfeito do indicativo em sentido n‹o literal s‹o:
• “Como se a não tivera merecidaÓ
• “Dizendo: — Mais servira, se n‹o foraÓ
Caio Prado Jœnior, Evolução política do Brasil. Adaptado.
1
2
(Fuvest-SP) No contexto, o verbo “enche” indica:
a) habitualidade no passado.
b) simultaneidade em relação ao termo “ascensão”.
c) ideia de atemporalidade.
d) presente histórico.
e) anterioridade temporal em relação a “reino
lusitano”.
(Fuvest-SP)
Soneto 88
Sete anos de pastor Jac— servia
Lab‹o, pai de Raquel, serrana bela;
Mas n‹o servia ao pai, servia a ela,
Que a ela s— por pr•mio pretendia.
b) reescreva essas passagens, empregando os verbos de acordo com o uso cotidiano da Língua
Portuguesa.
Reescrevendo as duas passagens com os verbos no
sentido literal, ter’amos a seguinte altera•‹o:
• “Como se a não tivesse merecidoÓ
• “Dizendo: — Mais serviria, se n‹o fosseÓ
Os dias, na esperan•a de um s— dia,
Passava, contentando-se com v•-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assi[m] negada a sua pastora,
Como se a n‹o tivera merecida,
Come•a de servir outros sete anos,
Dizendo: Ñ Mais servira, se n‹o fora
Pera t‹o longo amor t‹o curta a vida!
Cam›es. Obra Completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1963, p. 298.
Nos seis últimos versos do poema, Camões, atendendo a necessidades de ritmo e rima, utiliza-se
de variantes alternativas de emprego dos tempos
ALFA 8
Gramática –
Setor 1511
181
3
(Unicamp-SP) As gramáticas costumam definir os tempos verbais de forma simplificada. C. Cunha e L. Cintra,
por exemplo, em sua Nova Gramática do Português contemporâneo, dizem que o futuro designa um fato
ocorrido após o momento em que se fala. Observe como Bastos Tigre joga com essa noção de futuro para
dar uma interpretação engraçada do sétimo mandamento:
“Não furtarás – prega o Decálogo, e cada homem deixa para amanhã a observância do sétimo mandamento.”
Citado por Mendes Fradique em sua Grammatica Portugueza pelo Methodo Confuso, 1928.
a) Qual a interpretação usual (feita, por exemplo, por um rabino, um pastor ou um padre) desse mandamento?
Um conhecedor da Bíblia (rabino, pastor ou padre) interpretaria esse mandamento como uma proibição de furtar, com validade
ilimitada. Entenderia que o futuro, nesse contexto, tem valor de imperativo, que é o modo verbal usado para propor que o
interlocutor cumpra o que está sendo enunciado.
b) Qual a interpretação feita por Bastos Tigre?
Bastos Tigre faz uma interpretação literal do futuro, segundo a qual a proibição contida em “Não furtarás” não tem validade
para o momento presente, perpetuando, portanto, indefinidamente a legitimidade do furto.
4
(ITA-SP) Quanto ao tempo verbal, é correto afirmar que no texto a seguir:
João e Maria
Agora eu era herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy
Era você além das outras três
Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e os seus canhões
Guardava o meu bodoque
Ensaiava o rock
Para as matinês […]
Chico Buarque de Hollanda
a)
b)
c)
d)
e)
a relação cronológica, no primeiro verso, entre o momento da fala e “ser herói” é de anterioridade.
o pretérito imperfeito indica um processo concluído num período definido no passado.
o pretérito imperfeito é usado para instaurar um mundo imaginário, próprio do universo infantil.
o conflito entre a marca do presente – no advérbio “agora” – e a do passado – nos verbos – leva à intemporalidade.
o pretérito imperfeito é usado para exprimir cortesia.
ORIEnTAçãO DE ESTuDO
Livro-texto 1 Ñ Gram‡tica
Caderno de Exerc’cios 2 Ñ Unidade I
Tarefa Mínima
Tarefa complementar
Leia os itens 75 a 83, cap. 20.
Faça os exercícios 1 a 4, série 36.
182
Gram‡tica
Ð Setor 1511
ALFA 8
Faça os exercícios 5 a 8, série 36.
AulA 56
cOncORDâncIA VERBAl I: nORMA E DESVIO
1 REGRA GERAL
O verbo concorda com o sujeito em pessoa e número, quer venha antes, quer depois do sujeito.
Exemplo:
BactŽrias resistentes a antibi—ticos não representam riscos apenas para países pobres.
2 DESvIOS DE NORMA – E SEuS MOTIvOS
Na área da concordância, há desvios da norma-padrão provocados por mais de um motivo. Eis os mais
comuns:
Deslocamento do sujeito para depois do verbo
Exemplos:
O professor não veio hoje. Veio eu.
Na norma-padrão: Vim eu.
Note-se que “Eu veio” (com o sujeito na posição
prototípica) ninguém diz.
Aconteceu, e acontece ainda hoje, na história
do direito penal, condenações de inocentes.
Na norma-padrão: Aconteceram, e acontecem [...]
Com o sujeito antes do verbo, ou seja, na posição
prototípica, exceto em variedades populares, ninguém
diz “Condenações de inocentes aconteceu e acontece
ainda hoje [...]”.
Distanciamento entre o verbo e o núcleo do sujeito
Quando, entre o núcleo do sujeito e o verbo, intercalam-se várias palavras ou expressões, esse distanciamento pode prejudicar a percepção da correlação entre
eles e provocar desvio da norma-padrão.
Exemplo:
Já aconteceu e acontece ainda hoje, na história do direito penal, condenações de inocentes.
Na norma-padrão: Aconteceram e acontecem [...]
O mesmo tipo de desvio pode ocorrer, mesmo que
o núcleo do sujeito venha antes do verbo (posição prototípica do sujeito).
Exemplo:
A pronúncia de certos sons típicos de línguas
estrangeiras e estranhos à língua do aprendiz
podem exigir muito esforço de adaptação.
Na norma-padrão: A pronúncia [...] pode exigir.
Deve-se registrar que, nas locuções verbais como
pode exigir, a concordância se faz apenas com o verbo
auxiliar (o primeiro da sequência).
3 DESvIO DE NORMA PARA GERAR
EFEITO DE SENTIDO
Em concordância, há um tipo de desvio de norma
que não resulta de desconhecimento da língua padrão,
mas de conhecimento mais refinado, que o enunciador
usa para criar efeitos de sentido. É o que ocorre com a
figura de linguagem conhecida como silepse.
Consiste em fazer a concordância com uma ideia
pressuposta no enunciado e não com palavras expostas
na superfície da frase.
Exemplo:
O povo do Iguatu é gente altiva, detesta ser tomado
por bobo, ou, pior ainda, por matuto. Aliás, todos os
sertanejos somos assim...
(Crônica “O homem e suas obras”, do livro O caçador de tatu,
de Rachel de Queiroz – apud FIORIN, José Luiz. Figuras de retórica.
São Paulo: Contexto, 2014. p. 93.)
A concordância literal seria todos os sertanejos
s‹o, já que sertanejos, como todo substantivo, é de
3a pessoa (do plural 5 eles). Mas, ao colocar o verbo
na primeira do plural (somos), o enunciador se inclui
entre os sertanejos, criando o efeito de inteira identificação com o grupo a que pertence.
4 DESvIOS DE CONCORDâNCIA
E IMAGEM SOCIAL
Há certos casos em que, na variedade popular, a
concordância segue uma norma diferente da norma
da língua padrão.
Um exemplo desse descompasso ocorre com o
uso dos pronomes tu (gramaticalmente de 2a pessoa)
e voc• (gramaticalmente de 3a pessoa).
Na língua padrão, dependendo da região, prefere-se usar o tu para referir-se ao interlocutor. Com o
mesmo sentido, pode-se usar voc•.
Em variedades populares, se dá a mesma possibilidade de escolha. Mas há uma diferença:
Na variedade padrão, quando se opta por tu, usa-se
o verbo na segunda pessoa; quando se usa voc•, o
verbo vai para a terceira pessoa. Não há mistura.
Exemplos:
Peço que tu me deixes em paz!
Peço que voc• me deixe em paz!
Em variedades populares, quando se usa voc•,
não há diferença da norma-padrão.
Exemplo:
Peço que voc• me deixe em paz!
Mas, sobretudo em certas regiões, pode ocorrer a
escolha de tu e o verbo ir para a terceira pessoa.
ALFA 8
Gramática Ð
Setor 1511
183
Exemplo:
Peço que tu me deixe em paz.
E aqui é necessário esclarecer que:
Sob o ponto de vista do significado, tanto faz usar:
a) Tu não viste o poste?!
b) Tu não viu o poste?!
Mas, sob o ponto de vista da imagem social do enunciador, há uma diferença que é preciso conhecer:
a frase a) desfruta de mais prestígio que a b).
o enunciador que usa a frase b) dá mostras de pertencer a um segmento social tido como pouco lido, pouco
instruído, etc.
Em casos como esses, convém proceder com lucidez:
Nos gêneros textuais que pressupõem o uso da língua padrão, usa-se a norma canônica, isto é, aquela que
é frequente nas situações formais de comunicação. É o caso dos documentos oficiais, dos textos científicos, das relações acadêmicas, etc. É essa norma que se exige nos concursos em geral, nos vestibulares, nas
avaliações de emprego.
Exemplo:
Tu te prejudicas se te deixas levar por reações descontroladas.
Em comunicações informais, o falante deve adotar o bom senso. No calor de uma partida de futebol, por
exemplo, não faz sentido gritar para o juiz: “Expulsa-o!” O bom senso diria: “Expulsa ele, manda ele pro chuveiro!”
ExERcícIOS
1
(Cesgranrio-RJ) Tendo em vista as regras de concord‰ncia, assinale a op•‹o em que a forma verbal entre
par•nteses NÌO completa corretamente a lacuna da frase:
a)
na atualidade diferentes tipos de inseticidas prejudiciais ˆ saœde do homem. (Existem)
b)
provocar sŽrias les›es hep‡ticas os defensivos agr’colas ˆ base de DDT. (Podem)
c)
aos pa’ses subdesenvolvidos uma legisla•‹o mais rigorosa sobre os agrot—xicos. (Faltam)
d)
por muito tempo no meio ambiente os efeitos nocivos dos inseticidas clorados. (Persistem)
e)
elevado grau de toxicidade os defensivos agr’colas do tipo fosforado. (Possuem)
2
(Fuvest-SP)
As denúncias não suficientemente esclarecidas quanto ao comportamento ético do Ministro da Fazenda nos
deixou ainda mais constrangidos, não só a mim, mas a companheiros do governo.
A frase acima contŽm uma infra•‹o ˆs normas da l’ngua escrita culta.
a) Transcreva o segmento em que ela se encontra e explique uma causa prov‡vel.
O segmento em que se encontra a infração da norma é “nos deixou”. A causa provável do erro está em que o núcleo do sujeito
“denúncias”, com o qual o verbo deveria concordar, ficou muito distante dele, dada a soma de determinantes acrescentados
ao núcleo. Além disso, o fato de haver nomes no singular entre esses determinantes (“comportamento Žtico”, “do Ministro”)
pode ter funcionado como elemento perturbador.
b) Redija novamente a frase, de acordo com aquelas normas.
As denúncias não suficientemente esclarecidas quanto ao comportamento ético do Ministro da Fazenda nos deixaram ainda
mais constrangidos, não só a mim, mas a companheiros do governo.
184
Gram‡tica
Ð
Setor 1511
ALFA 8
TexTo para a quesTão 3
Há pencas de estudos mostrando como a brincadeira, dessas em que nos sujamos, ralamos o joelho na árvore, ajuda
a desenvolver a criatividade, o senso de autonomia e de cooperação. É um espaço de estímulo à imaginação. Todos
sabemos como é difícil alguém prosperar, com autonomia, se não souber lidar com a frustração. Muito se
estuda sobre a importância da resiliência – a capacidade de levar tombos e levantar como um elemento educativo fundamental. Professores contam, cada vez mais, como os alunos não têm paciência de construir o conhecimento e desistem
logo quando as tarefas se complicam um pouco. Por isso, entre outras razões, os alunos decepcionam-se rapidamente
na faculdade, que exige mais foco em poucos assuntos.
Gilberto Dimenstein, Geração Canguru. Disponível em:
<www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/colunas/gd121205.htm>. Acesso em: 7 ago. 2012.
3
(UFJF-MG) Leia novamente:
“Todos sabemos como é difícil alguém prosperar, com autonomia, se não souber lidar com a frustração.”
a) Explique a concordância entre o sujeito e o verbo na parte acima destacada.
O pronome indefinido Todos, de 3a pessoa do plural, estabeleceria a concordância literal do verbo também em 3a pessoa do
plural; sabem. Entretanto, o enunciador preferiu concordar o verbo com a noção implícita de primeira pessoa do plural, nós,
um caso de silepse de pessoa.
b) Compare a concordância acima (Todos sabemos) com: “Todos sabem como é difícil...”. Qual é a principal
diferença no impacto discursivo produzido pelas duas formas? Justifique sua resposta.
O pronome indefinido Todos é a forma linguística por meio da qual o autor constrói seu argumento de consenso: a totalidade das
pessoas endossaria a tese de que as frustrações são parte inexorável da existência. Ao conjugar o verbo na primeira pessoa do plural
(sabemos), o enunciador propositadamente se inclui entre os que sabem que vencer frustrações é fundamental para a autonomia
e o sucesso pessoal. A silepse, nesse caso, confere um efeito de subjetividade à afirmação, estabelecendo o pressuposto de que
os ganhos promovidos pela frustração foram experimentados também pelo enunciador.
ORIEnTAçãO DE ESTuDO
Livro-texto 1 Ñ Gram‡tica
Caderno de Exerc’cios 2 Ñ Unidade I
Tarefa Mínima
Leia o resumo teórico de aula.
Faça os exercícios 1 a 5, série 37.
Tarefa complementar
Faça os exercícios 6 a 10, série 37.
AnOTAçÕES
ALFA 8
Gramática –
Setor 1511
185
cOncORDâncIA VERBAl II:
OuTROS cASOS DE nORMA culTA
AulA 57
1 SujEITO COMPOSTO
Na língua padrão, há mais de uma norma:
I. Se o sujeito composto ocorre antes do verbo, na norma-padrão o verbo vai para o plural. Exemplo:
Brasil e Itália disputaram o título da 25a edição da Liga Mundial de voleibol.
II. Se o sujeito composto ocorre depois do verbo, na norma-padrão há duas possibilidades:
o verbo vai para o plural. Exemplo:
Já começaram o verão e o aumento do turismo no Sul do Brasil.
Ou o verbo pode concordar apenas com o núcleo mais próximo. Exemplo:
Já começou o verão e o aumento do turismo no Sul do Brasil.
Observações:
I. Mesmo que o sujeito composto ocorra antes do verbo, na norma-padrão, o verbo pode (mas não é obrigatório) ficar no singular:
quando os núcleos são sinônimos ou palavras de um mesmo campo de significado. Exemplo:
Luto e dor pode rimar com amor.
quando os núcleos estão dispostos em gradação (tanto do menor para o maior quanto do maior para o
menor). Exemplo:
Os cães de guarda são incríveis: nem um barulho de passos, nem um cochicho, nem um atrito das
roupas escapa dos seus ouvidos.
II. Quando os vários núcleos do sujeito composto vêm resumidos ou agrupados por um pronome indefinido
no singular, o verbo fica obrigatoriamente no singular, mesmo que o sujeito venha antes do verbo e todos
os núcleos ocorram no plural. Exemplo:
Após as vendas de Natal, roupas, joias, móveis, aparelhos eletrônicos, presentes, tudo cai de preço.
2 SujEITO COMPOSTO DE PESSOAS DIFERENTES
O verbo vai para o plural:
a) na primeira pessoa, quando um dos núcleos for de primeira pessoa:
Exemplo:
Declaração típica de jogador de futebol que sai de campo celebrado como responsável pela vitória: Eu, os
meus companheiros, o técnico e até a torcida merecemos esta vitória.
b) na segunda ou na terceira, quando não houver, entre os núcleos, primeira pessoa:
Exemplo:
estais
Caro aluno, tu e os colegas
ou
de parabéns pelo trabalho.
estão
3 SujEITO COLETIvO
Quando o sujeito é um nome coletivo no singular:
a) o verbo fica no singular:
Exemplo:
A assembleia votou pela continuação da greve.
b) o verbo pode ficar no singular ou ir para o plural em dois casos:
I. Quando o verbo vier distanciado do coletivo no espaço da frase. Exemplos:
— E o povo de Maravalha? Perguntava ele aos canoeiros.
— Estão em São Miguel. Mas o capitão Joca ficou.
Apud FIORIN, José Luiz. Op. Cit. p. 95.
(estaria de acordo com a norma-padrão também):
— Está em São Miguel.
186
Gramática –
Setor 1511
ALFA 8
b) Muito contribuiu para a solução do caso o delegado e o investigador.
c) Grande parte da imprensa não teve acesso ao
local do crime.
d) Grande parte dos jornalistas não tiveram acesso
ao local do crime.
e) As conclusões do inquérito defeituoso não foi
aceito.
II. Quando o coletivo vier discriminado nos seus
constituintes por meio de adjunto adnominal
no plural. Exemplo:
A assembleia dos professores votou pela continuação da greve.
Na norma culta ocorre também:
A assembleia dos professores votaram pela continuação da greve.
Essas duas opções de concordância válidas para o
coletivo seguido de adjunto adnominal no plural valem
também para expressões indicadoras de quantificação,
tais como:
uma porção de 1 plural;
a maioria de 1 plural;
grande parte de 1 plural.
Exemplo:
A maioria dos congressistas não se reelegeu.
A maioria dos congressistas não se reelegeram.
2
(Fuvest-SP)
“Eu não sou o homem que tu procuras, mas desejaria ver-te, ou, quando menos, possuir o teu retrato.”
[Obs.: O locutor dirige-se a uma mulher.]
Se o pronome tu fosse substituído por Vossa Excelência, em lugar das palavras destacadas no trecho
acima transcrito teríamos, respectivamente, as seguintes formas:
a) procurais, ver-vos, vosso.
b) procura, vê-la, seu.
c) procura, vê-lo, vosso.
d) procurais, vê-la, vosso.
e) procurais, ver-vos, seu.
3
(FGV-SP – Adaptada) Indique, dentre as seguintes
frases, aquela que apresenta um erro de concordância verbal:
a) Se não houver prêmios, não haverá concorrentes.
b) Infelizmente, haverá de faltar recursos financeiros
para a conclusão da ferrovia Norte-Sul.
c) Existem, atualmente, ótimas condições de trabalho nas grandes cidades.
d) Às vezes, no hospital chovem pedidos de internação nos finais de semana.
e) Faz anos que não vejo meus pais, que moram
no interior.
4
(Faculdade São Luís) Se pluralizarmos as expressões destacadas nas frases seguintes, ficará no
singular o verbo da alternativa:
a) Distingue-se essa tendência básica no ser humano.
b) Nem sempre se compreende o seu gesto.
c) Trata-se de uma questão fundamental.
d) Realizava-se, na Alemanha, casamento entre
arianos e judeus.
e) Observa-se também tal característica nos animais.
4 PRONOME DE TRATAMENTO
Para efeito de concordância, todos os pronomes de
tratamento são de terceira pessoa gramatical:
V. Exa não deve preocupar-se, pois a aprovação de
seu nome está assegurada; a lei lhe garante esse direito.
5 vERbOS IMPESSOAIS
Os verbos impessoais ficam na 3a pessoa do singular, o mesmo acontecendo com os auxiliares que os
precedem em locuções verbais:
Faz muitos anos que Alexandre Fleming descobriu
a penicilina.
Vai fazer cem anos que a penicilina foi descoberta.
6 SujEITO DA vOz PASSIvA SINTéTICA
O sujeito da voz passiva sintética é o mesmo da voz
passiva analítica, e o verbo, na língua padrão, concorda
com ele. Exemplos:
Registraram-se números preocupantes de casos
de dengue em 2014. – voz passiva sintética.
Foram registrados números preocupantes de casos de dengue em 2014. – voz passiva analítica.
Em ambas as frases, o núcleo do sujeito é números: por isso os verbos ocorrem no plural nas duas.
ExERcícIOS
1
Assinale a alternativa INACEITÁVEL quanto à concordância:
a) Muito contribuíram para a solução do caso o
delegado e o investigador.
ORIEnTAçãO DE ESTuDO
Livro-texto 1 — Gramática
Caderno de Exercícios 2 — Unidade I
Tarefa Mínima
Leia os itens 1 a 22, cap. 15.
Faça os exercícios 1 a 5, série 38.
Tarefa complementar
Faça os exercícios 6 a 10, série 38.
ALFA 8
Gram‡tica Ð
Setor 1511
187
cOncORDâncIA nOMInAl:
nOçãO GERAl E nORMA
AulA 58
1 O FuTEbOL E A LITERATuRA bRASILEIRA/bRASILEIROS
Quando um mesmo adjetivo se refere a mais de um substantivo e vem posposto:
a) pode concordar com o substantivo mais pr—ximo:
A recessão atingiu a indœstria e o comércio brasileiro.
b) pode ir para o plural, dando prioridade ao g•nero masculino:
Exemplo:
A recessão atingiu a indústria e o comércio brasileiros. Quando o adjetivo, nesse caso, vai para o plural,
o g•nero é sempre masculino, independente da posição dos substantivos:
Exemplo:
A recessão atingiu o comércio e a indústria brasileiros.
2 ANTIGOS DOGMAS E TRADIçõES/ ANTIGAS TRADIçõES E DOGMAS
Quando o adjetivo vem antes dos substantivos, concorda com o mais pr—ximo:
Voc• escolheu má hora e lugar para o nosso encontro.
Quando o adjetivo é predicativo do sujeito, segue o verbo na concord‰ncia:
Estava vazia a praça e o coreto.
Estavam vazios a praça e o coreto.
O coreto e a praça estavam vazios.
3 ARGuMENTOS bASTANTE CLAROS 3 ARGuMENTOS bASTANTES
Como advérbio, a palavra bastante é invariável. Como pronome adjetivo, tem o sentido de “suficiente” e
concorda com o substantivo a que se refere:
Estamos bastante preocupados, mas temos motivos bastantes para confiar.
4 MEIAS PALAvRAS 3 PALAvRAS MEIO DuvIDOSAS
Como advérbio, a palavra meio é invariável e significa “um pouco”. Como numeral, concorda com o substantivo a que se refere e significa “a metade de”:
Ela ficou meio desanimada quando soube que ainda faltava meia légua para chegar.
5 ELE PRÓPRIO / ELA PRÓPRIA
Eles mesmos / elas mesmas
As palavras mesmo e próprio, quando unidas a um pronome, concordam com o g•nero do nome que o
pronome tem como refer•ncia:
Voc•s mesmas, meninas, podem testemunhar.
“Eu mesma fiz o almoço”, disse, orgulhosa, a noiva.
6 é PROIbIDO vENDA DE bEbIDAS ALCOÓLICAS 3 é PROIbIDA A vENDA DE bEbIDAS
ALCOÓLICAS
Com express›es formadas pelo verbo ser mais um adjetivo (é bom, é necessário, é proibido, é permitido,
é útil, etc.), devem-se distinguir duas situaç›es:
a) Quando o sujeito dessas express›es, que normalmente vem posposto, não vem precedido de artigo ou
qualquer modificador, a expressão fica invariável:
É proibido entrada.
Não é permitido conversas.
Cerveja é bom.
188
Gramática
–
Setor 1511
ALFA 8
b) Quando o sujeito dessas mesmas expressões vem precedido de artigo ou qualquer modificador, a expressão
toda concorda com o sujeito:
ƒ proibida a entrada.
Não s‹o permitidas essas conversas.
Nossa cerveja Ž boa.
Quantos ovos s‹o necess‡rios para uma omelete?
7 MuITO ObRIGADO 3 MuITO ObRIGADA
A palavra obrigado da expressão de agradecimento é um adjetivo e, como tal, deve concordar com o nome
a que se refere, no caso, a pessoa que faz o agradecimento.
A expressão era parte de um enunciado mais longo pronunciado pela pessoa que desejava agradecer a alguém
por um favor ou benefício recebido. Algo como:
— Eu me sinto obrigado a retribuir-lhe o benefício que me fez.
O outro respondia:
— Não se sinta obrigado por nada, de nada, nada.
Em resumo:
A mulher diz obrigada.
O homem, obrigado.
ExERcícIOS
1
Assinale a alternativa em que a palavra destacada constitui erro de concord‰ncia:
a) Ele caiu em contradi•›es bastantes para comprometer todo o grupo.
b) Com um pouco mais de sorte, meia quadrilha teria sido presa.
c) Embora meio vagas, as informa•›es ajudaram bastante.
d) Ap—s dizer muito obrigado, a secret‡ria desligou o telefone.
e) Sempre confiantes em si mesmas, recusaram toda oferta de ajuda.
2
(Cesgranrio-RJ) Assinale a op•‹o em que a concord‰ncia nominal indicada entre par•nteses n‹o Ž aceita
pela norma culta:
a) Aprecio a cultura e a hist—ria
. (europeia)
b) Procure sempre comprar jornais e revistas
. (brasileiros)
c) Esses meninos est‹o com os pŽs e as m‹os
. (sujas)
d) Encontrei
as cadeiras e o sof‡. (reformadas)
e) Essa professora contou-nos
lendas e contos. (antigos)
3
Assinale a alternativa que contenha erro de concord‰ncia.
a) N‹o Ž bom para ninguŽm boatos sobre mudan•as na economia.
b) ƒ inœtil, por enquanto, esses esclarecimentos prestados pela Receita Federal.
c) N‹o s‹o claras as declara•›es do MinistŽrio da Fazenda a respeito da interven•‹o nos juros.
d) N‹o Ž permitido venda de bebida alco—lica a menores.
e) Para evitar intranquilidade, os jornais consideram que n‹o era conveniente not’cias mais detalhadas sobre
a epidemia.
ORIEnTAçãO DE ESTuDO
Livro-texto 1 — Gramática
Caderno de Exercícios 2 — Unidade I
Tarefa Mínima
Leia os itens 23 a 28, cap. 15.
Fa•a os exerc’cios 1 a 5, sŽrie 39.
Tarefa complementar
Fa•a os exerc’cios 6 a 10, sŽrie 39.
ALFA 8
Gramática Ð
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189
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190
Gramática –
Setor 1511
ALFA 8
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