A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO CONTEXTUALIZAÇÃO DA MESORREGIÃO NOROESTE PARANENSE E AS ESPACIALIDADES EM ESVAZIAMENTO DEMOGRÁFICO CINTIA SILVIA CARVALHO1 ÂNGELA MARIA ENDLICH2 Resumo: Sabemos que o contingente demográfico das cidades brasileiras apresenta demasiada variação de acordo com as condições socioeconômicas e políticas de cada localidade, que influenciam na permanência ou evasão populacional. O presente estudo busca apresentar a dinâmica demográfica dos municípios pertencentes à Mesorregião Noroeste do Paraná, com destaque para as pequenas cidades, e a influência na caracterização na formação urbana regional. Pertencente á área em estudo concentra-se um grande número de pequenas cidades, sendo núcleos formados não mais que 50 mil habitantes que vivenciaram o fenômeno de perdas populacionais. Portanto, faz-se necessário a abordagem das peculiaridades dessa dinâmica demográfica, por meio de dados censitário, associada à contextualizada do processo histórico desta região, e suas diversidades quanto às condições socioeconômicas. Palavras-chave: Dinâmica demográfica; Pequenas cidades; Produção socioespacial. Abstract: We know the demographics of Brazilian cities has too much variation according to the socioeconomic and political conditions of each locality, that influence the permanence or population evasion. This study aims to present the demographic dynamics of the municipalities belonging to Mesoregion Paraná Northwest, especially the small towns, and the influence in characterizing the regional urban training. Belonging to the study area concentrates a large number of small towns, and nuclei formed no more than 50 thousand people who experienced the phenomenon of population losses. So the approach of the peculiarities of this demographic dynamic it is necessary, through census data, combined with contextualized the historical process of this region, and their diversity in terms of socioeconomic conditions. Key-words: Population dynamics; Small towns; Sociospatial production. 1 –Introdução O presente trabalho visa contemplar a análise da produção socioespacial da mesorregião Noroeste paranaense e as dinâmicas demográficos dos municípios que formam a região, assim como suas respectivas características socioeconômicas, 1 - Acadêmica do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual de Maringá. E-mail de contato: [email protected] 2 - Docente do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual de Maringá. E-mail de contato: [email protected] 4350 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO com destaque para as pequenas cidades, que nela predominam e estão contextualizadas demograficamente como áreas de declínio demográfico. A Mesorregião Noroeste Paranaense está localizada no Terceiro Planalto Paranaense e que corresponde a cerca de 12,4% do território estadual (Figura 1). Esta região faz fronteira ao norte com o Estado de São Paulo, a oeste com o Estado do Mato Grosso do Sul, ao sul com a mesorregião Oeste, a sudeste com a mesorregião Centro-Ocidental e a leste com a mesorregião Norte Central. É constituída por 61 municípios, dos quais se destacam como cidades de médio porte Umuarama, Paranavaí e Cianorte em função de suas dimensões populacionais e níveis de polarização. Pertencente a uma região mais ampla que compreende o setentrião paranaense a mesorregião em estudo, apresenta concentração de pequenas cidades, aqui consideradas conforme o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), como sendo núcleos com população inferior a 50 mil habitantes. Em estudos realizados na ampla área do Noroeste do Estado, Endlich (2006) demonstra que o número de pequenas cidades é grande: A presença das pequenas cidades pode ser facilmente comprovada ao se percorrer a região. A cada dez, vinte ou trinta quilômetros encontra-se um pequeno centro urbano, silencioso, aparentemente pacato, quase todos bem arborizados. Os menores possuem, em geral, uma longa avenida (muitas vezes a própria rodovia), em torno da qual as ruas se prolongam por dois ou três quarteirões, de um lado e de outro, avistando-se facilmente o limite entre as áreas consideradas como urbana e rural (ENDLICH, 2006, p. 51). No total a mesorregião abrange uma área de 2.481.601,5 hectares (Figura 1) (IPARDES, 2004). É subdividida em três microrregiões, tendo as cidades de Umuarama, Paranavaí e Cianorte como pólos centrais. Estas exercem papeis específicos de sediar vários serviços públicos, além de deterem a diversidade de atividades comerciais. A população dos municípios ao redor busca nestas cidades, recursos públicos e demais produtos não encontrados em sua região. 4351 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO É expressiva a formação da rede urbana da área em estudo, por pequenas cidades. Cerca de 20 municípios possuem até 5 mil habitantes. Sobre a constituição das pequenas localidades inseridas na rede urbana, destaca Corrêa (2006, p.263) que esta inserção se deve ao processo de globalização, com manifestações variadas, em razão de suas demandas e contradições, e por intermédio de diversos agentes, não apenas pela ação específica das grandes corporações, que resulta na criação destes novos núcleos urbanos em áreas que passam a integrar o espaço globalizado. Por essa razão, buscamos analisar a dinâmica demográfica por meio da sistematização dos dados populacionais deste a década de 1980 até 2010 destes pequenos centros, e o processo de perdas demográficas que vem se acentuando em algumas cidades. 2 –Dinâmicas Demográficas e o Contexto das Pequenas Cidades Segundo o censo realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística a população brasileira totaliza 190.755.799 de habitantes, com previsão para superar os 205 milhões em 2015. Porém, mesmo com o grande crescimento mencionado, Damiani (2002, p.36) aponta que os índices populacionais nos países subdesenvolvidos, ainda que elevado, tem sofrido um decréscimo. Nos anos 60 já se excediam a 3%, e em 1988, atingia a 2,1%. E a nível global, essa taxa equivalia a 1,7%, sendo 0,5% para os países subdesenvolvidos. Na área em estudo, que envolve os habitantes da mesorregião Noroeste, as cidades apresentam de maneira geral, variação do número de população nos últimos anos. O que se destaca na região é o grande contingente de pequenas cidades formadas por um número de população, em sua maioria, inferior a 20 mil habitantes. Mesmo correspondendo a uma grande área de extensões territoriais e de número de municípios, os índices de perdas populacionais na mesorregião estudada, não é um fenômeno recente. Até a década de 1970, período que a colonização da região contava com a participação de várias famílias vindas de outros estados, os índices demonstraram rápido crescimento populacional. Nesse 4352 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO período, a mesorregião Noroeste chegou a cerca de 963 mil habitantes, tendo maior distribuição da população no meio rural. Contudo os solos do tipo arenito Caiuá, sofreram um rápido processo de erosão e de esgotamento devido às intensas atividades ligadas às práticas agrícolas da etapa precedente (IPARDES, 2004). De acordo com Haracenko et al (2014) os solos da região Noroeste provenientes da formação do Arenito Caiuá, não possuíam a mesma fertilidade na qual a região Norte se destacava, formada pelo basalto. Por essa razão, a CMNPCompanhia Melhoramentos Norte do Paraná - não atuou fortemente na comercialização destas terras. Apenas alguns anos depois, o modelo utilizado pela CMNP utilizado na venda de terras do Norte do estado, passou a servir de divisão em lotes para demais companhias interessadas e continuou a ser empregado no Noroeste por outras empresas que ali atuaram. Após a década de 1970, as taxas diminuíram, e boa parte da população migraram. Os destinos foram variados – novas fronteiras agrícolas brasileiras, grandes e médios centros urbanos, mas também as sedes municipais na região, que como demonstramos ainda que em processo de perda de população total, essas sedes de modo geral cresceram demograficamente, promovendo a urbanização regional. Em 1980 até 1991 esta realidade ainda é vista em vários municípios do Noroeste, que registraram elevadas perdas de população (Figura 1). Figura 1: Mesorregião Noroeste paranaense. Taxa de crescimento demográfico dos municípios. 1980 a 1991. Fonte: IBGE, 2015. 4353 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Neste período, os municípios que apresentaram crescimento demográfico foram Santa Cruz de Monte Castelo, Cianorte, Paranacity, Cidade Gaúcha, Jussara, São Carlos do Ivaí, Nova Londrina, Jardim Olinda, Paranavaí, Itaúna do Sul, Nova Aliança do Ivaí, Paraíso do Norte, Paranapoema, Querência do Norte, Mirador e Amaporã. Ademais, 35 municípios sofreram a perda de habitantes3. Nas décadas seguintes os processos de migrações do campo para a cidade, assim como para os pólos urbanos maiores demonstraram continuidade, ainda que com tendências de arrefecimento dos ritmos. Os municípios mais populosos – Umuarama, Paranavaí e Cianorte – vêm sustentando seu papel de destaque na região e, em 2000, concentravam cerca de 35% da população total e 41% da urbana. Entretanto, destes, apenas Cianorte, no decênio 1991-2000, cresceu a uma taxa superior à média do Estado (IPARDES, 2004). Neste período podemos identificar a mudança na estrutura demográfica da mesorregião. Vários municípios começam a registrar índices positivos de crescimentos, em contrapartida aos dados apresentados no período de 1970 a 1991 em que predominaram as de baixas taxas. A partir da década de 1991, apenas o município de Pérola obteve índice inferior a - 3,55% (Figura 2). Figura 2: Mesorregião Noroeste paranaense. Taxa de crescimento demográfico dos municípios. 1991 a 2000. 3 Os demais municípios pertencentes à mesorregião Noroeste que não foram mencionados nesta reflexão, ainda não estavam emancipados neste período, e por essa razão, não possuíam dados populacionais. 4354 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Fonte: IBGE, 2015. O maior agrupamento de municípios, dentro das classificações apresentadas na Figura 2, foram os que registram perda de habitantes entre -3,45% até -0,06%. Cerca de trinta e cinco municípios. Contudo, neste período, o município de Amaporã e São Carlos do Ivaí obteve taxas superiores a 1, 95% de crescimento demográfico (Amaporã 2,04% e São Carlos do Ivaí, 2,08%). Os destaques de crescimento no número de habitantes também são vistos nas cidades sedes das microrregiões, em Paranavaí, Cianorte e Umuarama. Por meio dos censos demográficos e as contagens de população realizadas pelo IBGE de 1991 até 2010, conforme Tabela 1, expressam o aumento progressivo de habitantes. ANO PARANAVAÍ UMUARAMA CIANORTE 1991 71.052 100.249 49.846 2000 75.750 90.690 57.401 2010 81.590 100.676 69.958 Tabela 1: Microrregiões do Noroeste Paranaense.Crescimento demográfico dos municípios, 2010. Fonte: Censos demográficos IBGE (1991, 2000 e 2010). Estas cidades desenvolveram papéis específicos de centralidades de serviços públicos e privados, que no decorrer dos anos e pelo desenvolvimento das vias rodoviárias e acesso ao transporte, facilitaram a mobilidade populacional dos pequenos municípios a estas cidades, na busca pela grande oferta de produtos e serviços disponíveis nos centros maiores. Neste cenário, as pequenas cidades sofrem com o processo de perda de centralidade além do declínio demográfico em que parte da população local, passa a buscar em centros maiores os serviços não encontrados, fomentando ainda mais a mobilidade e perda de habitantes. Conforme discorre Endlich (2007) as inovações criadas em grandes centros, alcançam as pequenas cidades, de maneira mais lenta, sendo estes locais onde predominam permanências por mais tempo, devido o conjunto de serviços e elementos que compõem o novo perfil do comercio, não acompanhar estas inovações nos pequenos centros. Nas cidades brasileiras, esta diferença é mais profunda em conseqüência das já mencionadas e enormes diferenças na distribuição da renda. ―Observam-se alguns estabelecimentos de 4355 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO capital local, como pequenos ou médios supermercados, boutiques, lojas de presentes e utilidades de R$ 1,99 misturadas a outras de perfil antigo, com aspecto de armazéns ou vendas‖ (ENDLICH, 2007, p. 166). Além disso, destaca a autora que no ramo de serviços, da mesma maneira, no Brasil a instalação destes não tiveram bons resultados como nos países considerados desenvolvidos: (...) tem sido freqüente o fechamento de 121 agências bancárias, mostrando que não há nestas localidades uma parcela da sociedade com poder aquisitivo suficiente para manter essas atividades. Isso foi agravado com o processo de privatização e ‗saneamento‘ dos bancos (ENDLICH, 2007, p. 166). Para Corrêa (1999) a globalização atua na reformulação da atuação das pequenas cidades no atual cenário. As pequenas cidades perdem a centralidade, acompanhadas do surgimento de novas funções, agora consideradas como nãocentrais, muitas vezes ligadas diretamente à produção. ―Essa refuncionalização deriva de uma combinação de manifestações da globalização em que alterações na circulação em geral e no processo produtivo da hinterlândia da pequena cidade desempenham papéis primordiais‖ (CORRÊA, 1999, p. 48). Dentre os 61 municípios da mesorregião Noroeste paranaense, principalmente os de pequeno porte, apresentaram redução no número de habitantes, evidenciando o esvaziamento demográfico destas espacialidades. Por meio da análise dos dados demográficos, percebe-se a diminuição contínua, ou estagnação da população de alguns municípios. As causas deste fenômeno são diversas, e algumas já citadas de início. Contudo, conforme a Figura 3 é notável o crescimento demográfico neste período em alguns municípios: 4356 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Figura 3: Mesorregião Noroeste paranaense. Taxa de crescimento demográfico dos municípios 2000 a 2010. Fonte: IBGE, 2015. O período de 2000 a 2010 as taxas voltaram a crescer. Muitos municípios, que nos anos anteriores se enquadraram nas classificações negativas, tiveram registro positivo no ultimo censo como no caso de Cruzeiro do Oeste, Indianópolis e São Manoel do Paraná. Os maiores índices registrados foram de Umuarama, Tapejara, Santa Mônica, Paranacity, Cidade Gaúcha, Amaporã, Paranapoema, Paraíso do Norte, Douradina e Cianorte. Novamente, as cidades pólos das microrregiões se destacam no crescimento elevado de população, contudo, municípios próximos a estes centros regionais também tiveram aumento em suas taxas, em virtude da relação estabelecida entre as mesmas. Além disso, a instalação de indústrias voltadas à produção açucareira também proporcionou a movimentação populacional nestas cidades, como o exemplo de Tapejara, que com a instalação da Usina Santa Teresinha em 1989, passa a crescer rapidamente a partir de 1991, atingindo elevado índice em 2010. Outros municípios citados, também atraíram população devido a concentração industrial e produções em prol da cana de açúcar que geraram novas oportunidades de emprego, movimentando a economia local. Contudo, mesmo com o crescimento demográfico de grande parte destes municípios, vinte e seis tiveram o a indicação de perda de habitantes. Assim como Mariluz, em que entre um período e outro, o número de população sofre variação, muitos outros municípios da região, tiveram 4357 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO essa dinâmica populacional, apresentando ora crescimento populacional, ora diminuição deste número. Conforme a Tabela 2, estes municípios se destacaram pela progressiva perda de população e obtiveram destaque no último censo realizado em 2010: Taxa de Taxa de crescimento Município crescimento (%) Município (%) Itaúna do Sul -1,93% Mirador -0,69% Brasilândia do Sul -1,74% Maria Helena -0,68% Alto Paraíso -1,52% Alto Piquiri -0,54% Esperança Nova -1,46% Sto. Ant. do Caiuá -0,53% Icaraíma -1,18% Sta.C. de M.Castelo -0,51% Francisco Alves -1,13% Cruzeiro do Sul -0,45% Diamante do Norte -0,95% Sta. Isabel do Ivaí -0,42% Iporã -0,89% Tuneiras do Oeste -0,35% S. Pedro do Paraná -0,89% S. João do Caiuá -0,30% S. J. do Patrocínio -0,83% Guaporema -0,11% Cafezal do Sul -0,77% N. Londrina -0,08% Jardim Olinda -0,75% Porto Rico -0,07% Xambrê -0,75% Mariluz -0,06% Tapira -0,71% Tabela 2: Mesorregião Noroeste paranaense. Diminuição Populacional, 2010. Fonte: Censos demográficos IBGE (1991, 2000 e 2010). O fato é que estas pequenas cidades apresentadas na Tabela 2, não atingem mais que 15 mil habitantes por município. Estes núcleos urbanos têm acentuado o decréscimo populacional, e estão inseridos numa rede urbana, com muitas outras cidades. Municípios, com população inferior a 20 mil habitantes, considerados de pequeno porte, constituem a grande maioria dos municípios pertencentes à mesorregião Noroeste do estado, apresentando em alguns casos, o baixo crescimento demográfico nos últimos anos, e até mesmo a perda de habitantes. Com relação à ocupação das áreas destas cidades com perda de habitantes, nota-se ainda a concentração nas áreas urbanas. Em um período de perdas demográficas, o rural perde ainda mais habitantes do que o espaço urbano. Contudo, mesmo em meio a uma evolução do espaço urbano com concentração de habitantes nessas áreas, o crescimento total de população nos municípios apresentados indica ainda a persistência do declínio demográfico. As baixas taxas de crescimento, com até 1,4% predominam na extensa faixa ocupada pela mesorregião, acentuando o baixo ou nulo índice de habitantes ocupando esta área. Dentre os vários agravantes relacionados a esta perda de habitantes aos 4358 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO municípios de pequeno porte, está relacionado à dificuldade na obtenção de recursos públicos, uma vez que dificulta os repasses de verbas governamentais para provimento de equipamentos urbanos, em virtude do baixo número populacional. Em toda a mesorregião Noroeste, a dinâmica da população nos espaços urbanos e rurais encontra-se bem dispersos, conforme pode ser visto na Figura 6. Os dados avaliados referem-se ao contingente populacional registrado pelo IBGE nos últimos censos, de 2000 e 2010. Os espaços urbanos ocupados tiveram grande percentual de desenvolvimento em relação à ocupação rural. Este último teve crescimento apenas em cinco municípios da região, não atingindo 30% no total. 3- Procedimentos Metodológicos Para o presente trabalho coletamos dados secundários para análise da dinâmica populacional da Mesorregião Noroeste Paranaense. Nesta análise, priorizamos os dados demográficos do período de 1970 – 2010. A coleta de dados junto aos órgãos competentes contribuiu para a sistematização de informações populacionais. Assim, tivemos como fonte Sidra - Sistema IBGE de Recuperação Automática, IBGE – Instituto brasileiro de geografia e estatística, Ipardes - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social, para a coleta dos dados referentes a dinâmica populacional e condições socioeconômicas dos municípios da região em estudo. Além disso, utilizamos dados de desenvolvimento humano, IDHMÍndice de Desenvolvimento Humano Municipal, tendo como fonte o Atlas de desenvolvimento Humano no Brasil, dentre outros. Para o mapeamento dessas informações, utilizamos o software Arc Giz para a elaboração das representações, em que distribuímos por município da mesorregião Noroeste paranaense, as taxas de crescimento demográfico. A fim de caracterizar os anos estabelecidos, foram necessários quatro mapas, uma vez que calculamos as taxas entre um período e outro (1970-1980; 1980-1990; 1990-2000; 2000-2010). Para o cálculo dos dados referente à demografia e a distribuição dos intervalos, nos baseamos em procedimentos metodológicos utilizados por Endlich (2006). Assim, buscamos estabelecer os intervalos entre os maiores espaços entre as taxas obtidas. Foram necessários cinco intervalos, sendo três positivos e três 4359 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO negativos, em virtude das baixas taxas de crescimento demográfico principalmente no período de 1970 a 2000. Assim, obtivemos os seguintes intervalos: -6,05 I—I -4,35 0,03 I—I 0,30 -4,30 I—I -3,55 0,40 I—I 1,70 -3,45 I—I -0,06 1,95 I—I 2,20 Estes intervalos foram padronizados em todos os mapas, e inseridos conforme a exigência dos índices. O comportamento da dinâmica dos municípios que compõem a região em estudo, contribui para a seleção dos municípios para o desenvolvimento da coleta de dados e visitas de campo, na etapa seguinte. Além dos dados demográficos, utilizamos dados que auxiliam na compreensão das condições socioeconômicas da mesorregião em estudo, base também, para a seleção dos municípios em que realizamos a coleta de dados. 4- Considerações finais Por meio da contextualização realizada e dos índices apresentados, notamos que mesmo com essa grande dinâmica populacional sinalizada, ainda existem pequenas cidades que compõem a extensa área em estudo. E algumas dessas cidades registram índices negativos de crescimento demográfico desde 1991, se repetindo nos demais anos. Esse declínio demográfico se reflete nas condições sociais destas áreas, e influencia na própria organização e distribuição de recursos públicos disponibilizados a população local, uma vez que em virtude da diminuição da demanda, muitos serviços são encerrados, ou com maior dificuldade de acesso. Além disso, alguns serviços passaram a ser centralizados em cidades maiores, como no caso das microrregiões citadas que exercem função de cidade pólo para os núcleos urbanos localizados ao redor. Por essa razão, a mesorregião Noroeste apresenta o fenômeno de perda populacional, exigindo a necessária intervenção do poder público, fim de colaborar com a disponibilidade de recursos aqueles que ainda residem nestas áreas. 4360 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Referências CORRÊA, Roberto Lobato. Estudos sobre a rede urbana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. ______________________. Globalização e reestruturação de rede urbana – Uma nota sobre as pequenas cidades. Revista território. 1999. Disponível em: <http://www.revistaterritorio.com.br/pdf/06_5_correa.pdf>. Acesso em: 18 de abril. de 2014. DAMIANI, A. L. População e Geografia. São Paulo: Contexto, 7 ed, 2002, 107 p. ENDLICH, Ângela Maria. Pensando os papéis e significados das pequenas cidades do Noroeste do Paraná. Presidente Prudente: Editora UNESP. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia, 2006. 505 p. _____________________. Gestão territorial compartilhada em espaços nãometropolitanos. IX Colóquio Internacional de Geocrítica. Universidade Federal do Rio Grande do Sul . Porto Alegre, 2007. Disponível em: <http://www.ub.edu/geocrit/9porto/endlich.htm>. Acesso em: 11 de abril de 2014. Haracenko, A. A. S; et al. A geografia das lutas no campo: apoio à produção de Arroz ecológico e resgate de sementes crioulas nos Assentamentos de reforma agrária do noroeste do Paraná. Anais da VII Semana Estadual de Estudos Territoriais. II jornada de Pesquisadores sobre a questão agrária no Paraná, 2014, 18 p. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia Estatística. Cidades @. 2010. Disponível em: < http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/home.php?lang= >. Acesso em: 15 de mar. de 2015. __________________________________________. Contagem da população. Disponível em: < http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/listabl.asp?z=cd&o=2&i=P&c=200>. Acesso em: 15 de mar. de 2015. IPARDES, Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Leituras regionais:Mesorregião Geográfica Noroeste Paranaense. Curitiba, 2004. Disponível em: <http://www.ipardes.gov.br/>. Acesso em: 15 de ago. de 2014. 4361