Milho Com o correto uso de herbicidas, pode-se

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Milho
Campo limpo
Com o correto uso de herbicidas, pode-se
aumentar a produtividade da lavoura
T
em sido cada vez mais freqüente a utilização de herbicidas em milho. Atualmente,
são 4 milhões de hectares tratados no
Brasil, mas estima-se que poderá chegar em 6 milhões num prazo de 8 anos.
O êxito no emprego deste insumo está
diretamente relacionado a fatores técnicos, econômicos e climáticos.
O principal fator de sucesso da utilização dos herbicidas está no conhecimento prévio dos objetivos do controle
das plantas daninhas. Tendo em vista
este objetivo, torna-se mais fácil selecionar um produto capaz de atingi-las.
Os objetivos do controle de plantas
daninhas no milho são três:
• Evitar perdas devido à competição com plantas daninhas: o milho, na
ausência de controle de ervas daninhas,
pode obter perdas de até 85,5 % na produção. Sem o controle dessas ervas até
os 30 dias após o plantio, a redução poderá ser de 30,3 %, CRUZ & RAMALHO(1985).
• Beneficiar as condições de colheita, pois a presença de ervas na colheita,
torna-se um problema para o produtor,
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Cultivar
principalmente se a colheita for mecanizada. Plantas daninhas como a corda-de-viola (Ipomeia spp) e mata-pasto
(Hyptis suaveolens Point.) tornam-se um
problema, pois reduzem principalmente o rendimento das máquinas e, em alguns casos, inviabilizam a colheita mecânica.
• Evitar o aumento da infestação de
ervas, tomando-se o cuidado de proteger o meio ambiente, pois herbicidas são
substâncias químicas que possuem diferentes propriedades físico-químicas,
com diferentes comportamentos no
solo.
Uma informação fundamental que
se deve buscar obter antes da escolha
do herbicida é a identificação da erva
daninha existente na área.
Além disso, as doses dos herbicidas
devem ser baseadas no tipo de solo, grau
de infestação, fase de desenvolvimento
das plantas daninhas, textura do solo e
condições climáticas vigentes.
Vários fatores podem influenciar na
eficiência dos herbicidas, podendo reduzi-la ou provocar a perda da seletividade da cultura. Dentre esses fatores,
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podemos citar chuvas pesadas após a
aplicação de pré-emergentes, lixiviando
os produtos, fazendo com que ocorra
um acúmulo deste ingrediente ativo
próximo da semente, intoxicando-a ou
levando-a até a morte.
Por outro lado, alguns produtos requerem substâncias protetoras (antídotos) como “safener”, mais conhecido
como antídoto para o milho, que visa
proteger o embrião da ação do herbicida. Em alguns produtos, o “safener”
possui uma solubilidade diferente do ingrediente ativo, que em caso de condições desfavoráveis para o bom funcionamento do herbicida pode favorecer a
absorção/ação do princípio ativo separadamente da solubilidade do “safener”,
causando fitotoxidade à cultura.
CONTROLE EM PRÉ-EMERGÊNCIA
Os herbicidas pré-emergentes são
aqueles aplicados logo após a semeadura do milho, porém antes da emergência do mesmo. Para um bom desempenho desses herbicidas, é necessário que
o solo esteja úmido - que se irrigue ou
chova 48 horas após a sua aplicação.
Agosto de 2001
Agosto de 2001
Quadro 03. Efeito de diferentes doses de Nicosulfuron na produtividade de vários híbridos Pioneer, média de 4 locais, safra 98/99.
Tratamento
Dosagem
Produtividade (sc/ha)
Produtividade Relativa
Testemunha
Nicosulfuron + Atrazina
Nicosulfuron + Atrazina
Nicosulfuron
20 g/ha i.a.(0,5 l/ha p.c.) + Atrazina 1,0 kg/ha i.a.
30 g/ha i.a.(0,75 l/ha p.c.) + Atrazina 1,0 kg/ha i.a.
60 g/ha i.a.(1,5 l/ha p.c.)
122
126
123
114
100
103,3
100,8
93,4
efeito de herbicidas na população de
plantas, o mesmo não está diretamente
proporcional à redução de produtividade, devido principalmente a uma menor competição entre as plantas de milho na linha, capacidade do híbrido de
compensar as falhas ou mesmo um desfavorecimento climático como um veranico, que beneficia as menores populações de plantas (compare o Gráfico 01
com o Gráfico 02).
Verificamos, ainda, que alguns produtos que afetaram a população de
plantas não afetaram nas mesmas proporções a produtividade relativa. Já
outros produtos afetaram simplesmente a população inicial e tiveram uma boa
produtividade, favorecidos por um número menor de plantas por hectare.
CONTROLE EM PÓS-EMERGÊNCIA INICIAL
Esta modalidade de aplicação geralmente está ligada à atrasos na aplicação de pré-emergente, quando as plantas daninhas já emergiram. Normalmente, esta aplicação é feita quando o
milho apresenta de um a dois pares de
folhas não verdadeiras e as plantas daninhas, menos de 4 cm (latifoliadas) e
antes de perfilhar (gramíneas). Vários
produtos recomendados para pré-emergência são aplicados em pós-inicial,
principalmente misturas com atrazina.
Alguns problemas são freqüentemente notados nesta modalidade de
aplicação, tais como algumas fitos nas
folhas do milho com atrazinas, que são
amarelecimento das bordas e pontas das
folhas, seguido de tonalidade marrom, na
...
Fotos Pioneer
Em preparo de solo convencional, é de
extrema importância que o solo esteja
bem destorroado.
Esses herbicidas têm por função
controlar as plantas daninhas no estágio mais inicial, ou seja, quando as sementes estão germinando e as plântulas de milho ainda não emergiram.
Como conseqüência, o milho nasce no
limpo e assim permanece até que o efeito residual termine. É desejado que estes herbicidas pré-emergentes possuam
um residual suficiente para manter as
plantas daninhas controladas até o fechamento da cultura.
A seletividade é sempre desejável.
No entanto, a utilização de novos herbicidas deve ser avaliada, pois em alguns
casos, sua seletividade perante a cultura do milho não é observada, apresentando toxidade que é favorecida pelas
condições climáticas, tipos de produtos
e diferentes reações dos genótipos utilizados, causando por exemplo redução
de população, Gráfico 01. Além da redução de população das plantas, outros
efeitos indesejáveis podem aparecer e
são conhecidos como fitotoxidade, provocando plântulas mal formadas ou
mortas, bem como sementes que não
nascem e, em alguns casos, formam
plantas debilitadas que são dominadas
durante o desenvolvimento da cultura.
No caso de Alachlor e Metalachlor
os sintomas são: plântulas mal formadas, folhas torcidas e não abertas totalmente (chicote), plantas amareladas e
sem emergência, ficando deformadas
abaixo do solo. Praticamente os mesmos
sintomas são notados no Acetochlor. Já
no Isoxaflutole as plantas que nascem
com problemas apresentam folhagem
amarelada ou branca (albina). Dependendo do grau de fitotoxidade, a coloração das plantas poderá evoluir para o
marrom e continuar o ciclo. Além disso, essas plantas podem, ainda, serem
dominadas pelas plantas vizinhas com
desenvolvimento anormal, ou morrerem.
Em áreas com saturação de bases
alta e/ou áreas recém-calcareadas verifica-se com mais freqüência problemas
de fitotoxidade com este princípio ativo. Ultimamente tem sido observada
com maior freqüência uma fitotoxidade que vulgarmente chamamos de “fito
oculta”. Nesse caso, os sintomas visuais de toxidade pelo herbicida não são
observados pelos produtores, fazendo
com que por ocasião da colheita ocorram redução na produtividade sem um
motivo aparente. (Gráfico 02).
Normalmente, quando se avalia o
Sintomas de fitoxidade causada por
herbicidas pré-emergentes típicos de
aplicação de alachlor/metalachlor/acetochlor
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Cultivar
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Gráfico 01. Efeito dos herbicidas na população de plantas - safras 98/99 e 99/2000
(solo textura argilosa)
... maioria dos casos não comprometen-
do a cultura.
É importante que se verifique com
os fabricantes qual a modalidade que
o herbicida se enquadra, assegurandose dos possíveis problemas que uma
aplicação inadequada pode ocasionar.
CONTROLE EM PÓS-EMERGÊNCIA
Gráfico 02. Efeito de herbicidas na produtividade dos híbridos - safras 98/99 e 99/2000
(solo textura argilosa)
Gráfico 03. Efeito do herbicida Nicosulfuron em 2 doses distintas, em mistura com Atrasina
(2,5 l/ha do p. c.), em 4 híbridos Pioneer no estádio V4 - safras 98/99 e 99/2000
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Cultivar
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Os produtos recomendados para
esta modalidade de aplicação devem
possuir certas características importantes, como uma alta seletividade à
cultura e rápida ação no controle da
planta daninha, para parar imediatamente o processo de competição.
O 2,4D, herbicida hormonal, utilizado como pós-emergente em área
total, é muito difundido, principalmente, pelo seu baixo custo. No entanto, este poderá facilmente causar
fitotoxidade, verificada através das seguintes características: presença de
colmo torcido e curvado (epistasia);
folhas que não se abrem (encharutadas); as raízes de fixação curtas e fundidas; raízes que crescem para cima e,
ainda, falhas na granação, AGRIGROWTH (1996). Sua aplicação deverá ser realizada até o estágio 3 a 4
folhas, antes da formação do “cartucho”, isoladamente ou em mistura
com atrazine. Aplicações após esta
época poderão causar deformações na
planta e tornar os colmos quebradiços, RODRIGUES & ALMEIDA
(1998).
Outro produto bastante utilizado é o nicosulfuron. Sua seletividade consiste na capacidade dos híbridos em metabolizar o nicosulfuron
em compostos não ativos. Devido à
diversidade genética existente ser extremamente ampla e dinâmica, diferentes reações ao produto poderão ser
encontradas. Em vários híbridos Pioneer e outros comerciais testados,
mencionamos que a utilização da dosagem cheia de 1,5 litros/ha do produto comercial apresenta uma certa
redução na produtividade, nas condições que foram realizadas os ensaios,
Quadro 03.
A época recomendada para a aplicação do nicosulfuron deverá ser quando o
milho estiver com 2 a 4 folhas verdadeiras (folha com a presença da lígula - V2 a
V4). Deve-se sempre tomar o cuidado
com a matocompetição, pois como foi visto nos objetivos do controle de plantas daninhas, o milho é sensivelmente prejudicado quando sofre competição por ervas
daninhas nos estágios iniciais da cultura.
Agosto de 2001
CONTROLE EM JATO DIRIGIDO
Em áreas onde se atrasou a aplicação
ou as condições de seca ou chuvas que
não possibilitaram um bom controle dos
pré emergentes, alguns produtores fazem
uso da aplicação de jato dirigido. São aplicados através de jato dirigido na entre linha do milho, geralmente com um produto não seletivo à cultura, de forma que
atinja as plantas daninhas e somente as
folhas baixeiras do milho. O milho deverá estar no estágio de 4 folhas ou mais,
com uma altura mínima de 40 a 50 cm,
para não atingir folhas importantes da
cultura.
SUGESTÕES:
1) Herbicidas pré-emergentes
• São produtos com ótimo controle
de ervas, com efeito residual prolongado,
porém a utilização destes produtos requer boas condições climáticas após a aplicação, pois são produtos bastante propensos a interferirem no processo de germinação. Deve-se, sempre que possível, utilizar na maior parte da propriedade produtos tradicionais, deixando para “experimentar” novos produtos em áreas menores.
• A maioria dos problemas com o uso
de pré-emergentes ocorre devido à mudança de produto por parte dos produtores agrícolas que mudam de produto simplesmente devido às reduções de custos,
sem ainda tê-lo testado, abandonando
produtos tradicionais sem motivo técnico aparente. Esta decisão passa a ser
muito grave, pois estes novos produtos/
tecnologias são adotadas em toda a área
mesmo sem um teste anterior em uma
área menor
2) Utilização de Nicosulfuron
• No caso do nicosulfuron, deve-se
respeitar o intervalo de aplicação de nicosulfuron, devendo-se esperar em média 7 dias antes e 7 dias após a aplicação
deste herbicida para se utilizar inseticidas organofosforados e/ou adubos nitrogenados. Como a seletividade do produto está em função da metabolização do
nitrogênio, alguns fatores poderão interferir grandemente no favorecimento da
fitotoxidade no híbrido causado pelo nicosulfurom, dentre eles destacam-se: a
fonte de nitrogênio utilizada, uma vez que
a uréia, por exemplo, se solubiliza rápido
enquanto que o sulfato de amônio e ni-
trato de amônio possuem uma solubilização mais lenta, proporcionando uma
absorção mais demorada pela planta, propiciando um agravamento dos danos causados pelo herbicida, necessitando, neste
caso, de períodos maiores de espera para
aplicação do mesmo. Em locais de baixas
temperaturas, como é o que ocorre no sul
do Brasil, existe uma demora por parte
da planta em metabolizar este nutriente,
favorecendo grandemente a fitotoxidade
causada pelo nicossulfuron.
• É importante que técnicos e produtores, ao recomendarem ou usarem produtos à base de nicosulfuron, peçam às
empresas uma lista atualizada de sensibilidade dos híbridos a essa molécula.
• A utilização das doses integrais de
1,5 litros/ha do produto comercial à base
de nicosulfuron, apresentou reduções nas
produtividades médias de vários híbridos
comerciais;
• Nos híbridos 3021, 30R07, 30F80
e 30F33, a dosagem deste produto a ser
utilizada é de 0,5 litros /ha, associados ou
.
não a atrazina;
André Aguirre Ramos,
Pioneer
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