zika vírus: microcefalia é só a ponta do iceberg

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ZIKA VÍRUS: MICROCEFALIA
É SÓ A PONTA DO ICEBERG
Estudo sugere que danos cerebrais causados pela infecção congênita por
Zika vão além da microcefalia.
A infecção congênita pelo vírus da Zika é mencionada como responsável por
uma ampla variedade de malformações cerebrais, visíveis por TC, RM e ultrassom.
Por Fernanda Tovar-Moll
Vice-Presidente do IDOR e pesquisadora do IDOR e UFRJ
Autora correspondente do estudo
A equipe do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) publicou recentemente estudo*
que indica que a microcefalia, característica em casos de infecção gestacional pelo vírus
Zika, é apenas uma das diversas alterações cerebrais observadas. Os resultados são
extremamente importantes porque descrevem quais as áreas do cérebro são mais impactadas e a gravidade de tais danos.
A pesquisa foi publicada na revista científica norte-americana Radiology, no dia 23 de
agosto, e avaliou gestantes, fetos e recém-nascidos infectados pelo vírus zika, através de
ressonância magnética, tomografia computadorizada e ultrassom. O estudo foi essencial
para identificar a severidade das alterações neurológicas induzidas pela infecção viral no
sistema nervoso central em formação.
Dados do estudo
45 bebês foram submetidos a estudo de imagens - 17 deles com casos
confirmados da mãe infectada pelo zika vírus durante a gestação e 28,
com casos presumidos.
Diferente do observado em outras infecções como toxoplasmose, rubéola,
citomegalovírus e herpes, os cérebros dos fetos e bebês infectados pelo vírus
Zika apresentaram malformações corticais e alterações localizadas na junção das
substâncias branca e cinzenta do cérebro. Os pesquisadores também identificaram
redução do volume cerebral, anormalidades no desenvolvimento cortical e
ventriculomegalia, uma condição em que os ventrículos cerebrais (espaços
preenchidos por fluidos) são maiores que o normal. Apesar de quase todos os bebês
terem apresentado anormalidades na circunferência da cabeça, casos de circunferência
normal em bebês com ventriculomegalia grave foram também encontrados.
Os resultados ainda apontaram anormalidades no corpo caloso, um feixe de fibras
nervosas que permite a comunicação entre os lados esquerdo e direito do cérebro,
e na migração neuronal, ou seja, os neurônios não se moveram para sua correta
destinação no cérebro.
Há necessidade em aprofundar as investigações, correlacionando as alterações
morfológicas observadas nesse trabalho com dados clínicos e imunológicos, além
de informações do ambiente onde as mães e bebês foram infectados. Estamos
desenvolvendo um estudo de acompanhamento dos casos para investigar como a
infecção congênita pelo vírus zika pode interferir, não apenas no período pré-natal,
mas também na maturação cerebral pós-natal. A microcefalia é somente a ponta do
iceberg.
*O estudo foi feito em conjunto com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o
Instituto de Pesquisa Professor Amorim Neto (IPESQ) e a Universidade Federal de São
Paulo (UNIFESP), em parceria com a Universidade de Tel Aviv (Israel) e com o Children’s
Hospital de Boston.
Acesso ao artigo da revista Radiology: http://bit.ly/2c48QfQ
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