universidade federal do rio grande do norte centro de ciências exatas e da terra departamento de física teórica e experimental programa de pós-graduação em física Parâmetros Físico-Químicos de Estrelas com Planetas na Missão CoRoT caio fabio teixeira correia natal-rn agosto de 2011 caio fabio teixeira correia Parâmetros Físico-Químicos de Estrelas com Planetas na Missão CoRoT Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Física do Departamento de Física Teórica e Experimental da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Física. Orientador: Prof. Dr. José Renan de Medeiros Co-orientador: Prof. Dr. Bruno Leonardo Canto Martins natal-rn agosto de 2011 Agradecimentos Ao prof. José Renan, pela orientação e conança depositada na realização deste trabalho. Mas acima de tudo pela oportunidade que me deu, permitindo uma formação cientíca em Astrofísica, o qual sempre foi um grande sonho e está sendo uma grande realização. Ao prof. Bruno Canto, pela paciência e prestatividade em me ensinar grande parte das técnicas empregadas neste trabalho. Ao meu pai, meu irmãos Francisco Júnior e Clélia, fontes de um amor incondicional e que sei que sempre poderei contar com eles. À minha namorada Marina Goldfarb e sua família pelo suporte emocional durante os vários anos de nossa convivência, inclusive nestes dois anos marcados pela distância, os quais foram os mais longos. A todos os colegas que participam ou participaram do grupo de Astrofísica de Natal neste tempo, pelo ambiente saudável e ajuda mútua proporcionados. Em especial Sumaia Vieira, Cristián Cortés, Rízia Rodrigues e Nathália Mattos, os quais contribuíram gentilmente e diretamente para a totalidade deste trabalho. Aos amigos Carlos Eduardo e Sânzia Alves pelo apoio quando da minha chegada em Natal e em especial ao Antônio Macedo que me recebeu em sua casa, juntamente com Danilo Pedreira, Bruno Amorim e Eduardo Damasceno. Todos foram essenciais para minha adaptação à cidade e ao novo ambiente de estudo. i Aos colegas da sala Mário Schenberg, por proporcionarem um ambiente de trabalho descontraído e cuja convivência diária transformou a todos em verdadeiros amigos, em especial os colegas Flodoaldo Simões, Jeerson Costa e Eliângela Paulino. Aos colegas de graduação, que também vieram se aventurar em Natal, Diogo Souto e Thacísyo Sá. Aos professores do DF-UFPB, que foram essenciais para minha formação como físico e me prepararam para a carreira cientíca, em especial o prof. Pedro Christiano, tutor do PET-Física/UFPB e o prof. Marcos Oriá, que me orientou no Lab. de Física Atômica e Lasers. Aos professores do DFTE, pela instrução e ensinamentos de qualidade; aos funcionários do DFTE, pelos serviços prestados durante a produção deste trabalho. À CAPES pelo apoio nanceiro. ii Resumo No presente estudo, nós determinamos os parâmetros atmosféricos (Tef f , log g, v mic e [Fe/H]) e as abundâncias químicas de 16 íons (Fe I, Fe II, O I, Si I, Na I, Mg I, Al I, Ca I, Ti I, Co I, Ni I, Rb I, Zr I, Ba II, La II e Cr I) para 16 estrelas solares, com massas entre 0.8 e 1.2 M , aproximadamente, incluindo 10 estrelas com planetas detectados pelo telescópio espacial CoRoT. Para este estudo, foram usados dados do arquivo público do ESO: (i) espectros de alta resolução (R ∼ 47000) do espectrógrafo UVES localizado no VLT/UT2ESO (para 7 estrelas, cobrindo o domínio espectral de 3450-4515 Å e 5500-9400 Å) e (ii) espectros de alta resolução obtidos com o espectrógrafo HARPS localizado no telescópio de , em La Silla-ESO (para 9 estrelas, cobrindo a faixa de 4200-6865 Å). Nossa análise 3,60 m espectral é baseada nos modelos de atmosfera MARCS e nas ferramentas espectroscópicas do Turbospectrum. Com base nos parâmetros obtidos, as abundâncias referidas parecem seguir tendência semelhante à curva de abundâncias solares. Adicionalmente, observa-se uma correlação signicativa entre a abundância relativa [m/H] e a temperatura de condensação (Tc ) dos elementos refratários (Tc > 900 K). O comportamento da velocidade rotacional projetada (v sin i) em função das abundâncias obtidas também é analisada, não apresentando correlações claras. Este estudo oferece vínculos adicionais para o traçado da história evolutiva de estrelas solares com planetas, incluindo a busca por diferenças químicas entre estrelas com e sem planetas em trânsito, e por anomalias nas abundâncias estudadas. iii Abstract In the present study we compute the atmospheric parameters (Tef f , log g and v mic , [Fe/H]) and chemical abundance of 16 ions (Fe I, Fe II, O I, Si I, Na I, Mg I, Al I, Ca I, Ti I, Co I, Ni I, Rb I, Zr I, Ba II, La II and Cr I) for 16 solar-like stars with masses between 0.8 and 1.2 M aproximatedly, including 10 planet-host stars detected by the CoRoT Space Mission. For this study, we use data from the ESO public archive: (i) high resolution spectra (R ∼ 47000) from the UVES spectrograph on the VLT/UT2-ESO (for 7 stars, covering the wavelength range 3450-4515 Å and 5500-9400 Å) and (ii) high resolution spectra from HARPS spectrograph on the La Silla-ESO 3.60 m telescope (for 9 stars, covering the wavelength range 4200-6865 Å). Our spectral analysis is based on MARCS models of atmosphere and Turbospectrum spectroscopic tools. On the base of the computed parameters, the referred abundances appears to follow the same behavior of the solar curve abundances. Further, one observes a signicant correlation between the abundance ratio [m/Fe] and condensation temperature (Tc ) of refractory elements (Tc > 900 K). The behavior of the projected rotational velocity (v sin i) versus the computed abundances [m/Fe] is also analyzed, presenting no clear trends. This study oers additional constraints to trace the evolutive history of solar-like stars with planets, including the search for chemical dierences between stars with and without transit planets and anomalies in the studied abundances. iv Sumário Agradecimentos i Resumo iii Abstract iv Sumário vi Lista de Figuras ix Lista de Tabelas x 1 Introdução 1 1.1 Motivação e Plano de Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 2 Amostra Estelar 5 3 Análise Espectroscópica 7 3.1 Larguras Equivalentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 3.2 Os Modelos Atmosféricos MARCS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 3.3 Parâmetros atmosféricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 3.3.1 Temperatura efetiva, Tef f . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 v 3.3.2 Velocidade de microturbulência, vmic . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 3.3.3 Gravidade supercial, log g . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 3.3.4 Rotação projetada, v sin i . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 3.3.5 Metalicidade e demais abundâncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 3.4 Temperatura de Condensação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 4 Resultados 18 4.1 Parâmetros Físico-Químicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 4.2 Curvas de abundâncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 4.3 Comparação com dados da literatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 4.4 Temperatura de Condensação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 4.5 Temperatura efetiva e metalicidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 4.6 Rotação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 5 Conclusões e perspectivas 39 5.1 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 5.2 Perspectivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 A Medidas de largura equivalente 42 Referências bibliográcas 53 vi Lista de Figuras 3.1 Amostra do espectro nal da estrela CoRoT-Exo 7 no intervalo de 6150 a 6170 Å, uma região do espectro rica em linhas de Ca, além de outros elementos. Algumas linhas utilizadas para calcular as abundâncias estão sinalizadas com o nome do elemento associado (em azul) e o comprimento de onda central da linha, em ângstrons, entre parênteses. 3.2 . . . . . . . . . 9 Equilíbrio de excitação entre as linhas de Fe I da estrela CoRoT-Exo 7 com os melhores valores para os parâmetros atmosféricos. A regressão linear (linha sólida vermelha) é referente às linhas de Fe I, onde a intersecção com o eixo das ordenadas fornece a metalicidade [Fe/H]. Círculos abertos vermelhos se referem às linhas de Fe I dentro do erro padrão da regressão linear. Círculos fechados azuis referem às linhas de Fe II dentro do respectivo erro padrão. Os parâmetros obtidos para CoRoT-Exo 7 estão disponíveis na tabela 4.1. 3.3 Equilíbrio entre as linhas fracas, moderadas e intensas de Fe I da estrela . . . . 12 CoRoT-Exo 7 com os melhores valores para os parâmetros atmosféricos. A regressão linear (linha sólida vermelha) é referente às linhas de Fe I. Círculos abertos vermelhos se referem às linhas de Fe I dentro do erro padrão da regressão linear. Círculos fechados azuis referem às linhas de Fe II dentro do respectivo erro padrão. 4.1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 Diagrama log Tef f × log g das estrelas deste estudo. Círculos azuis representam as estrelas com planeta. A estrela CoRoT-Exo 11, citada no texto está destacada com uma caixa azul; círculos vermelhos representam as estrelas sem planetas. O Sol é indicado pelo símbolo , para comparação . As linhas sólidas são traçados evolutivos de Girardi et al. (2000). vii . . . 22 4.2 Diagrama das abundâncias Am em função do número atômico Z das estrelas deste estudo. Círculos azuis representam abundâncias das estrelas com planeta, círculos vermelhos representam abundâncias das estrelas sem planeta. Abundâncias do Sol estão indicadas com o símbolo . A linha tracejada representa a curva de abundâncias do Sol para os elementos aqui estudados. 4.3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 Comparação dos valores de temperatura efetiva obtidos neste trabalho (eixo das ordenadas) com os valores da literatura (eixo das abcissas). A estrela CoRoT-Exo 11 está destacada em vermelho. 4.4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 Comparação dos valores de metalicidade obtidos neste trabalho (eixo das ordenadas) com os valores da literatura (eixo das abcissas). A estrela CoRoT-Exo 11 está destacada em vermelho. 4.5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Abundâncias relativas [m/H] para os elementos refratários em função de Tc das estrelas com planetas deste estudo. O parâmetro m indica a inclinação da regressão linear. 4.6 . . . . . . . . . . . . 30 Abundâncias relativas ao ferro [m/Fe] para os elementos refratários em função de Tc das estrelas sem planetas deste estudo. O parâmetro m indica a inclinação da regressão linear. 4.9 29 Abundâncias relativas ao ferro [m/Fe] para os elementos refratários em função de Tc das estrelas com planetas deste estudo. O parâmetro m indica a inclinação da regressão linear. 4.8 28 Abundâncias relativas [m/H] para os elementos refratários em função de Tc das estrelas sem planetas deste estudo. O parâmetro m indica a inclinação da regressão linear. 4.7 26 31 Inclinação das abundâncias relativas ao ferro, mF e em função da temperatura efetiva Tef f das estrelas com e sem planetas deste estudo. Círculos azuis representam estrelas com planetas e círculos vermelhos, as estrelas sem planetas. A estrela CoRoT-Exo 11 está destacada com uma caixa azul. O Sol está representado pelo símbolo , para efeitos comparativos. 4.10 Inclinação das abundâncias relativas ao hidrogênio mH versus . 32 [Fe/H], para os elementos refratários, das estrelas com planetas (círculos azuis) e sem planetas (círculos vermelhos) da presente amostra. A estrela CoRoT-Exo 11 está destacada com uma caixa azul. viii . . . . . 33 4.11 Inclinação mF e versus [Fe/H], para os elementos refratários, das estrelas com planetas (cír- culos azuis) e sem planetas (círculos vermelhos) da presente amostra. A estrela CoRoT-Exo 11 está destacada com uma caixa azul. 4.12 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 Velocidade de rotação projetada v sin i em função da metalicidade das estrelas da amostra. Estrelas com planetas são os círculos preenchidos de azul. A estrela CoRoT-Exo 11 está destacada com uma caixa azul. Estrelas sem planetas são os círculos vermelhos. 4.13 Inclinação mH versus . . . . . 36 v sin i para os elementos refratários, das estrelas com e sem planetas da presente amostra. Círculos azuis representam estrelas com planetas e círculos vermelhos, as estrelas sem planetas. A estrela CoRoT-Exo 11 está destacada com uma caixa azul. 4.14 Inclinação mF e versus . . 37 v sin i para os elementos refratários, das estrelas com e sem planetas da presente amostra. Círculos azuis representam estrelas com planetas e círculos vermelhos, as estrelas sem planetas. A estrela CoRoT-Exo 11 está destacada com uma caixa azul. ix . . 38 Lista de Tabelas 3.1 Temperatura de condensação fotosférica dos elementos. . . . . . . . . . . . . 17 4.1 Parâmetros atmosféricos da amostra estelar em estudo. . . . . . . . . . . . . 19 4.2 Abundâncias químicas computadas no presente trabalho, para a amostra estelar em estudo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 4.3 Parâmetros atmosféricos da amostra estelar, obtidos em outros estudos. . . . 24 A.1 Medidas das larguras equivalentes das linhas de Fe I e Fe II, em mili-ângstrons, das estrelas analisadas neste trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 A.2 Medidas das larguras equivalentes das linhas de Fe I e Fe II, em mili-ângstrons, das estrelas analisadas neste trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 A.3 Medidas das larguras equivalentes das linhas dos demais elementos, em miliângstrons, das estrelas com planetas analisadas neste trabalho. . . . . . . . 47 A.4 Medidas das larguras equivalentes das linhas dos demais elementos, em miliângstrons, das estrelas com planetas analisadas neste trabalho. . . . . . . . 49 A.5 Medidas das larguras equivalentes das linhas dos demais elementos, em miliângstrons, das estrelas sem planetas analisadas neste trabalho. Número da estrela corresponde ao CoRoT ID. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . x 51 Capítulo 1 Introdução A espectroscopia estelar teve início com o estudo da natureza do Sol, que por sua vez teve seu primeiro momento de entusiasmo com o advento do telescópio no início do século XVII. Os primeiros objetos de estudo do Sol eram as manchas, fáculas1 e sua rotação. Nos séculos XVIII e XIX, era bastante propagada a ideia do astrônomo alemão Sir William Herchel (1795) de que o Sol era um corpo sólido e escuro cuja luminosidade devia-se a uma camada externa de nuvens luminosas e que as manchas escuras ocorriam quando correntes atmosféricas dispersavam esta camada de nuvens. Passou mais de um século para se chegar à compreensão atual de um Sol constituído basicamente por hidrogênio e hélio em estado de plasma. Divisões escuras no espectro solar começaram a ser observadas pelo químico inglês W. H. Wollaston (1802), que concluiu simploriamente que tais linhas dividiam a luz do Sol em quatro cores fundamentais: vermelho, verde amarelado, azul e violeta, sem investigações posteriores. Apenas com as observações do ótico alemão Joseph Fraunhofer (1817), que iniciou-se a investigação das linhas espectrais. Ele marcou as linhas mais proeminentes com letras que iam do A no vermelho ao I no violeta, além de outras 574 linhas mais tênues. Mas Fraunho1 lamentos brilhantes que aparecem na fotosfera solar 1 Capítulo 1. Introdução 2 fer estava mais interessado no uso prático delas para a fabricação de lentes mais aperfeiçoadas. Na época ainda haviam dúvidas se tais linhas eram formadas na atmosfera solar ou na terrestre. Quem primeiro demonstrou a origem solar de tais linhas espectrais foi o físico sueco A. J. Ångstrom (1853), observando que as linhas espectrais provenientes do limbo solar eram mais profundas, devido ao trajeto maior percorrido pela luz na atmosfera do Sol. No entanto, o experimento crucial para entender a natureza de tais linhas foi conduzido pelo físico e astrônomo francês Léon Foucault (1849), observando o espectro solar superposto ao espectro de arcos elétricos entre polos de carbono. Ele constatou que as linhas D1 e D2 do Sol cavam mais profundas quando o arco permanecia desligado. De maneira complementar, as linhas de absorção davam lugar a linhas de emissão quando o arco era ligado. Vários pesquisadores contribuíram para a noção de que as linhas de absorção se devem ao gás da atmosfera solar e que cada elemento produzia linhas especícas no espectro solar. Entre eles estão os inventores britânicos W. H. F. Talbot (1834) e Sir Charles Wheatstone (1835), o matemático e físico irlandês Sir George G. Stokes (1852) e o físico alemão Gustav R. Kirchho. Este último, com seu trabalho fundamental centrado em análise espectral (1860), onde foi introduzido o termo radiação . de corpo negro No entano, foi o astrônomo italiano Giovanni Batista Donati (1860) quem deu início à espectroscopia de outras estrelas, sendo logo seguido por outros astrônomos ao redor do mundo. Um fato curioso é que o astrônomo britânico Sir Joseph N. Lockyer (1868) descobriu uma linha no espectro solar que não estava associada a nenhum elemento químico. Este novo elemento foi batizado de hélio, do grego helios, que signica Sol. O hélio só foi identicado espectroscopicamente na Terra 27 anos depois pelo químico escocês Sir William Ramsay (1895). À época, as abundâncias químicas eram apenas estimadas visualmente, comparando placas fotográcas de espectros de diferentes estrelas, sem modelos para levar em consideração temperatura, massa, idade ou outros parâmetros atmosféricos das estrelas. Atualmente Capítulo 1. Introdução 3 existem modernos espectrógrafos e ecientes detectores de CCD, além de vários modelos atmosféricos precisos que levam em conta estes fatores, fundamentados nas teorias de evolução estelar e que auxiliam os astrônomos a determinar parâmetros atmosféricos e abundâncias estelares com um bom nível de conança. 1.1 Motivação e Plano de Trabalho Com a crescente descoberta de sistemas planetários das mais diversas características, várias questões surgem quanto à formação destes e como a formação de planetas pode inuenciar a composição química, a rotação e outras características da estrela central. Cerca de 185 planetas detectados através do método de trânsito já foram anunciados 2 . Gonzalez, G. (1997,1998) foi o primeiro a identicar na composição química das estrelas que hospedam planetas, possíveis vestígios de formação planetária, encontrando que estrelas com planetas têm maior metalicidade que estrelas sem planetas conhecidos. Melendéz et al. (2009) mostrou que o Sol é deciente em elementos refratários com relação a 11 gêmeas solares, sugerindo que tal singularidade seja uma possível assinatura da formação de planetas terrestres no Sistema Solar, pois uma quantidade considerável destes elementos refratários estariam alojados nestes planetas. Seguindo estes estudos, Ramirez et al. (2009) encontrou que cerca de 15% das gêmeas solares seguem a deciência solar em elementos refratários, sugerindo que é possível identicar os tipos de estrelas que são mais prováveis de hospedar planetas, através desta análise química. O presente estudo visa estender os estudos que buscam por correlações entre as abundâncias, a temperatura de condensação dos elementos refratários, além da rotação das estrelas com planetas do campo de estudo da Missão CoRoT (Convection, Rotation and planetary Transits ). Desta forma, este trabalho é organizado da seguinte maneira: O capítulo 2 fornece uma breve descrição da amostra de estrelas e os dados utilizados 2 Ver tabela em http://exoplanet.eu, dados referentes à data de 28/10/2011 Capítulo 1. Introdução 4 neste estudo. O capítulo 3 apresenta a metodologia das medidas, juntamente com uma breve descrição da técnica de síntese espectral utilizada para a obtenção dos parâmetros atmosféricos e abundâncias químicas da amostra estelar. O capítulo 4 apresenta os parâmetros físicos-químicos obtidos neste trabalho e uma comparação com resultados da literatura. Em seguida, é realizada uma discussão dos principais resultados deste trabalho. No capítulo 5 são apresentados as conclusões e perspectivas de continuidade deste trabalho. Capítulo 2 Amostra Estelar O presente estudo se baseia em uma amostra de estrelas dividida em dois grupos, de acordo com a presença ou não de planetas detectados. O primeiro grupo consiste de 10 estrelas com planetas detectados pelo método de trânsito, através do Telescópio Espacial CoRoT e foi selecionado de acordo com a disponibilidade de espectros públicos dos espectrógrafos HARPS (High Accuracy Radial velocity Planet Searcher Echelle Spectrograph ) e UVES (Ultraviolet and Visual ) na base de dados do ESO (European Southern Observatory ) durante o segundo semestre de 2010. Tais espectros foram originalmente obtidos para a medida de velocidade radial destas estrelas. Neste trabalho, estas serão chamadas de estrelas com planetas. O segundo grupo consiste de 6 estrelas que foram observadas com o espectrógrafo UVES que estão posicionadas próximas à linha evolutiva de 1.0 M , selecionadas dentro de uma grande amostra de estrelas CoRoT estudadas na tese de doutorado de Cristián Cortés (2010), na qual foram determinados vários parâmetros físico-químicos para estas estrelas. Dentre as quais, são de interesse para este trabalho a temperatura efetiva, gravidade supercial, velocidade de microturbulência, metalicidade e velocidade rotacional projetada. É importante ressaltar que, numa revisão recente de seus dados, o referido autor descobriu que dentro da lista de estrelas observadas com o UVES havia uma correlação errada com algumas estrelas observadas pelo CoRoT, e das seis estrelas sem planetas detectados deste estudo, duas na verdade não têm um CoRoT ID associado. São elas, UVES 229705 e UVES 229759, que es5 Capítulo 2. Amostra Estelar 6 tão identicadas na tese daquele autor como CoRoT ID 102738854 e CoRoT ID 102585563, respectivamente. Este grupo de estrelas será nossa amostra de comparação. Não foram encontrados planetas através do método de trânsito ou velocidade radial. Embora possam abrigar planetas ainda não detectados, este grupo de estrelas será chamado neste trabalho de estrelas sem planetas. Para o estudo destes grupos, foram utilizados espectros de alta resolução disponíveis na base de dados públicos de dois instrumentos: (i) O Espectrógrafo HARPS situado em La Silla (R ∼ 115000), para 9 estrelas com planetas detectados pelo satélite francês CoRoT. Os espectros HARPS cobrem a faixa espectral de 4200 a 5865 Å, com um intervalo de 33 Å centrado em 5019 Å, devido a arquitetura de seu detector de duas câmeras CCD lado a lado. Cada estrela possuía dois ou mais espectros obtidos através deste instrumento. Desta forma, após a correção de velocidade radial e a normalização dos espectros, foi realizado um empilhamento para cada estrela, visando obter um espectro nal com melhor (SNR, da sigla signal-to-noise ratio razão sinal/ruído ). E (ii) o Espectrógrafo UVES situado no VLT/UT2- ESO (R ∼ 47000), para 1 estrela com planeta e 6 estrelas sem planetas detectados até o momento. Os espectros obtidos com o UVES cobrem a faixa espectral de 3450-4515 Å na região azul do espectro (conhecida como braço AZUL do espectro − blue ARM) e 5500-9400 Å na região vermelha (conhecida como braço vermelho − red ARM), com um intervalo de 82 Å centrado em 7043 Å. Capítulo 3 Análise Espectroscópica Um espectro estelar fornece inúmeras informações físicas sobre o astro emissor, desde que se tenha uma boa instrumentação e embasamento teórico. Hoje, isto é possível graças à disponibilidade de grandes telescópios, CCDs ecientes e espectrógrafos de alta resolução, além do aumento da capacidade de processamento de dados, de ferramentas computacionais avançadas e modelos atmosféricos precisos. Desta forma, é possível classicar as estrelas, determinar seus parâmetros atmosféricos, as abundâncias químicas, dentre outras informações físicas. Porém, este é um processo bastante complexo. Neste capítulo, será mostrado como foram obtidos os parâmetros físico-químicos (Tef f , log g , vmic , [Fe/H] e demais abundâncias) e como foram estimados seus respectivos erros. A profundidade, frequência e forma de cada linha espectral reetem a estrutura do átomo ou íon e suas interações com a vizinhança. Para sintetizar as linhas atômicas, são necessários o comprimento de onda central, o valor da correção das forças de oscilador (log gf ) e o potencial de excitação (χ) para cada uma das transições presentes no espectro. A lista de linhas atômicas aqui utilizada foi obtida da base de dados Viena - VALD, Vienna Atomic Line Database (Kupka et al. 1999). Para as estrelas sem planeta, foi utilizada primeiramente uma lista de linhas abrangendo 12 íons com correção de log gf , gentilmente fornecida pelo Prof. Dr. Bruno L. Canto Martins. Para as estrelas com planeta, foram feitas medidas também das linhas de Fe I e Fe II, cuja correção de log gf está disponível em Canto Martins 7 Capítulo 3. Análise Espectroscópica 8 (2007). Adicionalmente, foi utilizada uma lista de linhas atualizada com mais dois íons (Rb I e Ba II ), gentilmente fornecida por Nathália Mattos (2011), completando a lista de 16 íons para toda a amostra. Para a redução dos espectros foi feita, respectivamente, a correção de velocidade radial, normalização e empilhamento (para os espectros obtidos com o HARPS). As medidas das larguras equivalentes das linhas de absorção dos 16 íons estudados neste trabalho (Fe II, O I, Si I, Na I, Mg I, Al I, Ca I, Ti I, Co I, Ni I, Rb I, Zr I, Ba II, La II I, Fe e Cr I ) foram realizadas com a tarefa SPLOT do pacote IRAF (Tody, D. 1986). O cálculo dos parâmetros físicos, as abundâncias e espectros sintéticos foi realizado através do programa de análise espectral Turbospectrum, descrito em Alvarez & Plez (1998). 3.1 Larguras Equivalentes O passo seguinte à redução dos espectros de cada estrela é medir as larguras equivalentes das linhas atômicas. A profundidade de uma linha espectral pode ser associada a uma largura equivalente (LE ), denida como sendo a largura de um retângulo cuja área seja igual à área ocupada por esta linha. A medição das LE s é feita ajustando-se a linha a um perl gaussiano invertido, tomando o contínuo como referência. Foi feita então a medida da largura equivalente da lista de linhas para todas as estrelas da amostra, exceto para os íons de Fe I e Fe II das estrelas sem planeta, para os quais foram utilizados os resultados do trabalho de Cristián Cortés. Tais medidas de LE foram realizadas individualmente com toda a lista de linhas, para todas as estrelas, onde a incerteza na medida era estimada de acordo com a razão sinal/ruído na região da linha. No Anexo A encontra-se disponível todas as medidas de larguras equivalentes realizadas neste trabalho. A gura 3.1 apresenta uma amostra do espectro da estrela CoRoT-Exo 7, utilizado para derivar seus parâmetros físico-químicos. Capítulo 3. Análise Espectroscópica Figura 3.1: 9 Amostra do espectro nal da estrela CoRoT-Exo 7 no intervalo de 6150 a 6170 Å, uma região do espectro rica em linhas de Ca, além de outros elementos. Algumas linhas utilizadas para calcular as abundâncias estão sinalizadas com o nome do elemento associado (em azul) e o comprimento de onda central da linha, em ângstrons, entre parênteses. Capítulo 3. Análise Espectroscópica 10 Forças de Oscilador, log gf A forma geral de uma linha espectral é fruto das características da transição atômica que a gera e três interações atômicas existentes: a energia de separação dos estágios estacionários, que dene o comprimento de onda central da linha espectral; os tempos de vida radiativos dos níveis de energia, determinando as larguras das linhas; e as forças de oscilador que estão relacionadas à probabilidade de transição e inuenciam na profundidade das linhas espectrais. Portanto, uma medida precisa do log gf é bastante importante para fornecer a medida correta da abundância de um determinado elemento. A lista de linhas com a correção de log gf destas linhas aqui utilizadas foram disponibilizadas por Canto Martins et al. (2011) e o método de determinação juntamente com os valores de correção para cada linha está disponível no trabalho deste autor. 3.2 Os Modelos Atmosféricos MARCS Para descrever a dependência de certos parâmetros físicos em relação à profundidade das camadas mais externas de uma estrela, faz-se necessário um modelo físico teórico chamado modelo de atmosfera. Os modelos de atmosferas estelares utilizados na presente análise são os modelos de nova geração MARCS (Model Atmosphere R. C. S.), baseados numa aproximação plano-paralela e esférica de modelos em Equilíbrio Termodinâmico Local (ETL) e equilíbrio radiativo. Os modelos MARCS consistem numa tabela contendo vários modelos de estrelas com temperatura efetiva entre 4000 e 8000 K (com intervalos de 250 K), log entre −1 e 5 dex (com intervalos de 0.5 dex ) e metalicidade total entre −5 e +1 dex g (com intervalos variando de 0.25 a 1.0 dex ). Para tornar possível o cálculo de qualquer valor de Tef f , log g e vmic dentro dos intervalos acima, os modelos atmosféricos da amostra e do Sol foram calculados a partir de uma rotina de interpolação gentilmente fornecida pelo Dr. Thomas Masseron (Ohio State University, EUA). Esta rotina faz uma interpolação linear em cubo utilizando até 8 modelos MARCS no Capítulo 3. Análise Espectroscópica 11 espaço da temperatura efetiva (Tef f ), metalicidade ([Fe/H]) e gravidade supercial (log g ). Os parâmetros atmosféricos da amostra do presente trabalho foram determinados utilizando apenas a aproximação plano-paralela. Para a estrela CoRoT-Exo 2, foi determinado um log g igual a 5.02, foi feita uma extrapolação de modelos com log g entre 4.50 e 5.00, podendo esta apresentar incertezas além das calculadas. 3.3 Parâmetros atmosféricos Nesta seção, será descrita parte da técnica que utiliza dados espectrais para a determinação dos parâmetros atmosféricos e as abundâncias químicas. A grade de parâmetros adotados para o Sol foram: Tef f = 5777 K (Neckel, 1986), vmic = 1.0 km/s (Rüedi et al. 1997), log g = 4.44 (Allen, 1973). A metalicidade (log (F e) = 7.45) e demais abundâncias são aquelas disponíveis em Asplund, Grevesse & Sauval (2005). Os parâmetros atmosféricos das estrelas com planetas foram determinados através de um método iterativo controlado manualmente, fazendo-se uso dos modelos atmosféricos MARCS calculados para diferentes valores dos parâmetros iniciais de entrada (Tef f , log g e vmic ). Os parâmetros atmosféricos das estrelas sem planetas foram obtidos por Cristián Cortés (2010) utilizando a mesma técnica que este trabalho. 3.3.1 Temperatura efetiva, Tef f O procedimento para o cálculo da temperatura efetiva é baseado na análise da lista de 91 linhas atômicas de Fe I utilizada neste trabalho, impondo um equilíbrio de excitação χ entre estas linhas, ou seja, todas as linhas de Fe I devem apresentar a mesma abundância independentemente dos seus potenciais de excitação. Usa-se esta espécie, por ser a que tem o maior número de linhas conhecidas num espectro estelar. Ou seja, quando encontrada a Capítulo 3. Análise Espectroscópica 12 temperatura efetiva correta, uma regressão linear no diagrama log (F e) × χ deve apresentar um coeciente angular nulo. Na gura 3.2, encontra-se uma ilustração do método. A estimativa do erro desta medida é obtida variando-se a temperatura até que o coeciente angular desta regressão linear seja igual ao módulo do erro padrão da medida. Figura 3.2: Equilíbrio de excitação entre as linhas de Fe I da estrela CoRoT-Exo 7 com os melhores valores para os parâmetros atmosféricos. A regressão linear (linha sólida vermelha) é referente às linhas de Fe I, onde a intersecção com o eixo das ordenadas fornece a metalicidade [Fe/H]. Círculos abertos vermelhos se referem às linhas de Fe I dentro do erro padrão da regressão linear. Círculos fechados azuis referem às linhas de Fe II dentro do respectivo erro padrão. Os parâmetros obtidos para CoRoT-Exo 7 estão disponíveis na tabela 4.1. Capítulo 3. Análise Espectroscópica 13 3.3.2 Velocidade de microturbulência, vmic O procedimento para se determinar a velocidade de microturbulência, vmic , se dá através da imposição de que a abundância fornecida pelas linhas de Fe I seja a mesma para as linhas de intensidade fraca, média ou intensa, removendo então qualquer tendência na regressão linear do diagrama log (F e) × log(LE/λ). Este processo é ilustrado na gura 3.3. Trata-se de um parâmetro importante porque a velocidade de microturbulência atrasa a saturação das linhas moderadamente intensas de um espectro, inuenciando diretamente a medida da abundância fornecida pela largura equivalente das linhas sob análise. De maneira análoga à estimativa do erro da temperatura, varia-se o valor da velocidade de microturbulência até que a regressão linear do diagrama log (F e) × log(LE/λ) tenha coeciente angular igual ao módulo do erro padrão da regressão. 3.3.3 Gravidade supercial, log g A determinação da gravidade supercial é efetuada impondo-se um equilíbrio de ionização entre as linhas de Fe I (ferro neutro) e as linhas de Fe II (ferro uma vez ionizado). Este procedimento é possível por que as linhas de Fe II são bem mais sensíveis à mudança de gravidade supercial do que de temperatura efetiva (Gray, 1992) e também representa a maior parte dos átomos de ferro na atmosfera de estrelas do tipo solar. Desta forma, um aumento na gravidade supercial causa um aumento na pressão eletrônica do meio sem alterar as larguras equivalentes, desfavorecendo a população de Fe II. Sendo assim, a gravidade supercial ca determinada quando as linhas de Fe I e Fe II fornecem a mesma abundância. Esta vericação pode ser feita nos diagramas log (F e) × χ e log (F e) × log(LE/λ), ilustrados nas guras 3.2 e 3.3, respectivamente. Para estimar o erro, varia-se o valor da gravidade supercial até que a diferença entre as abundâncias médias de Fe I e Fe II seja aproximadamente igual à combinação de seus erros. Capítulo 3. Análise Espectroscópica 14 Figura 3.3: Equilíbrio entre as linhas fracas, moderadas e intensas de Fe I da estrela CoRoT-Exo 7 com os melhores valores para os parâmetros atmosféricos. A regressão linear (linha sólida vermelha) é referente às linhas de Fe I. Círculos abertos vermelhos se referem às linhas de Fe I dentro do erro padrão da regressão linear. Círculos fechados azuis referem às linhas de Fe II dentro do respectivo erro padrão. Capítulo 3. Análise Espectroscópica 15 3.3.4 Rotação projetada, v sin i Neste trabalho de dissertação também é feita uma investigação em busca de uma correlação entre as abundâncias obtidas e a velocidade de rotação projetada das estrelas com planeta. Para tanto, foram utilizados dados da rotação projetada de estrelas com planetas determinados e gentilmente fornecidos por Sumaia Vieira (2011), para estrelas observadas com o espectrógrafo HARPS. Desta forma, como o espectro disponível para a estrela CoRoT-Exo 12 foi obtido com o espectrógrafo UVES, esta estrela não tem medida da rotação projetada na presente análise. Para as estrelas sem planeta, foram utilizados valores publicados na tese de doutorado de Cristián Cortés (2010). 3.3.5 Metalicidade e demais abundâncias Determinados os parâmetros atmosféricos, o valor da metalicidade então adotado é a média simples das abundâncias das linhas de Fe I que estão dentro do intervalo denido pelo desvio padrão da regressão linear usada para se determinar a temperatura efetiva da estrela. Para os demais elementos, as abundâncias foram obtidas através da média simples dos valores obtidos com o melhor ajuste de temperatura, gravidade e velocidade de microturbulência. O erro da medida da metalicidade e das demais abundâncias foi estimado através do desvio padrão da média das medidas das LE s das linhas de cada íon. 3.4 Temperatura de Condensação Segungo Gonzalez (1997), a temperatura de condensação (Tc ) de um elemento é aquela temperatura em que metade dos átomos de determinado elemento, em um ambiente gasoso, sai da forma gasosa e se condensa, usualmente se aglutinando em grãos. Esta temperatura de Capítulo 3. Análise Espectroscópica 16 condensação é calculada com base na abundância do elemento a ser estudado no meio gasoso em que este se encontra. Desta forma, podemos tomar como base dois tipos de abundâncias químicas para o Sistema Solar, a fotosférica e a protosolar. Sendo a temperatura de condensação diferente para cada caso, pois os dois cenários têm metalicidades ligeiramente diferentes. Para este estudo, será usada a temperatura de condensação derivada das abundâncias químicas fotosféricas, pois são estas que podem servir de referência padrão para a normalização de abundâncias em outras estrelas. Os elementos químicos são aqui classicados de acordo com sua temperatura de condensação : Os elementos voláteis (Tc < 900K ) e os elementos refratários (Tc > 900K ). A tabela 3.1 apresenta as temperaturas de condensação dos elementos estudados neste trabalho. Desta forma, podemos identicar na presente lista de elementos, o O e o Rb como voláteis e os elementos Fe, Ba, La, e Cr como refratários. Si, Na, Mg, Al, Ca, Ti, Co, Ni, Zr, Capítulo 3. Análise Espectroscópica 17 Tabela 3.1: Temperatura de condensação fotosférica dos elementos. Elemento O Na Mg Al Si Ca Ti Cr Fe Co Ni Rb Zr Ba La a Tc a (K) 179 953 1327 1641 1302 1505 1573 1291 1328 1347 1348 798 1736 1447 1570 50% da Tempe- ratura de Condensação segundo Lodders (2003). Capítulo 4 Resultados Neste capítulo são apresentados os parâmetros físico-químicos obtidos para a presente amostra estelar. Em seguida, é apresentada uma comparação com dados existentes na literatura, além de uma análise do comportamento das abundâncias computadas relativamente a outras quantidades físicas, como a temperatura de condensação, a temperatura efetiva e a rotação projetada das estrelas com planetas, em análise paralela com as estrelas sem planetas. 4.1 Parâmetros Físico-Químicos A tabela 4.1 apresenta para cada estrela, a identicação, a temperatura efetiva Tef f , a gravidade supercial log g , a velocidade de microturbulência vmic , a metalicidade [Fe/H], a velocidade de rotação projetada v sin i e o instrumento através do qual foi obtido o espectro. A tabela 4.2 fornece os valores determinados para as abundâncias relativas [m/H]1 dos demais 14 íons da amostra. 1 Neste trabalho é adotada a notação: Am = log nm /nH +12, onde nm é a densidade de número do elemento m; [m/H] = Am − A m ; e [m/Fe] = [m/H] − [Fe/H]. 18 Capítulo 4. Resultados 19 Tabela 4.1: Parâmetros atmosféricos da amostra estelar em estudo. Nome da Estrela CoRoT-Exo 1 CoRoT-Exo 2 CoRoT-Exo 3 CoRoT-Exo 4 CoRoT-Exo 5 CoRoT-Exo 7 CoRoT-Exo 9 CoRoT-Exo 10 CoRoT-Exo 11 CoRoT-Exo 12 CoRoT ID 102614844 CoRoT ID 102709247 CoRoT ID 102692093 CoRoT ID 101476063 UVES 229705 UVES 229759 Tef f (K) 6200 5808 6650 6112 5995 5300 5626 4930 5502 6145 5445 5570 5870 5780 5840 5637 +49 −77 +142 −79 +194 −90 +52 −69 +120 −65 +26 −28 +62 −58 +71 −125 +110 −112 +50 −35 +25 −50 +38 −38 +50 −40 +60 −55 +80 −25 +38 −37 log g (dex) 4.34 +0.13 −0.11 5.02 +0.12 −0.13 4.35 +0.46 −0.40 4.31 +0.20 −0.19 4.18 +0.34 −0.35 4.43 +0.31 −0.29 4.59 +0.32 −0.36 4.43 +0.59 −0.78 3.80 +0.39 −0.45 4.41 +0.12 −0.12 4.14 +0.25 −0.19 4.00 +0.14 −0.12 4.41 +0.14 −0.14 4.40 +0.14 −0.13 4.05 +0.24 −0.24 4.53 +0.37 −0.36 vmic (km/s) 1.08 +0.13 −0.09 1.24 +0.42 −0.51 2.65 +0.94 −0.90 1.10 +0.10 −0.10 0.97 +0.33 −0.30 0.85 +0.05 −0.09 1.08 +0.16 −0.15 0.69 +0.29 −0.29 < 0.64 1.63 +0.21 −0.14 1.00 +0.06 −0.07 0.91 +0.16 −0.05 1.89 +0.20 −0.26 1.44 +0.07 −0.07 1.37 +0.08 −0.11 1.63 +0.10 −0.10 [Fe/H] (dex) -0.04 ±0.16 -0.07 ±0.18 0.16 ±0.20 0.11 ±0.14 -0.15 ±0.16 0.06 ±0.06 -0.06 ±0.20 0.03 ±0.10 -0.63 ±0.22 0.13 ±0.12 0.37 ±0.04 0.30 ±0.03 -0.12 ±0.05 0.16 ±0.03 0.03 ±0.04 -0.01 ±0.04 v sin i (km/s) 4.83 ± 0.1 9.91 ± 0.4 15.1 ± 0.2 6.7 ± 0.2 2.5 ± 0.2 1.5 ± 0.1 < 1.2 < 1.2 < 1.2 ··· 1.0 ± 1.0 1.0 ± 1.0 8.0 ± 1.0 2.0 ± 1.0 3.8 ± 1.0 5.5 ± 1.0 Instrum. HARPS HARPS HARPS HARPS HARPS HARPS HARPS HARPS HARPS UVES UVES UVES UVES UVES UVES UVES -0.14+0.24 −0.17 < 0.22 ··· -0.23+0.22 −0.38 -0.16+0.12 −0.16 -0.30+0.25 −0.30 ··· ··· -0.05+0.11 −0.15 0.04+0.07 −0.08 -0.07+0.07 −0.08 -0.19+0.07 −0.08 0.19+0.05 −0.05 -0.21+0.06 −0.06 -0.20+0.06 −0.06 Cr -0.18+0.12 −0.12 0.13+0.16 −0.16 -0.03+0.16 −0.22 0.15+0.17 −0.18 -0.23+0.12 −0.12 0.13+0.11 −0.11 -0.04+0.14 −0.14 0.05+0.13 −0.13 -1.06+0.20 −0.21 ··· 0.35+0.10 −0.10 0.46+0.10 −0.10 -0.25+0.15 −0.16 ··· 0.15+0.11 −0.12 -0.05+0.10 −0.10 Nome da Estrela CoRoT-Exo 1 CoRoT-Exo 2 CoRoT-Exo 3 CoRoT-Exo 4 CoRoT-Exo 5 CoRoT-Exo 7 CoRoT-Exo 9 CoRoT-Exo 10 CoRoT-Exo 11 CoRoT-Exo 12 CoRoT ID 102709247 CoRoT ID 102614844 CoRoT ID 102692093 CoRoT ID 101476063 UVES 229705 UVES 229759 O ··· Nome da Estrela CoRoT-Exo 1 CoRoT-Exo 2 CoRoT-Exo 3 CoRoT-Exo 4 CoRoT-Exo 5 CoRoT-Exo 7 CoRoT-Exo 9 CoRoT-Exo 10 CoRoT-Exo 11 CoRoT-Exo 12 CoRoT ID 102709247 CoRoT ID 102614844 CoRoT ID 102692093 CoRoT ID 101476063 UVES 229705 UVES 229759 Co 0.01+0.15 −0.20 -0.01+0.14 −0.23 0.11+0.20 −0.22 -0.10+0.14 −0.18 < -0.03 0.18+0.09 −0.09 -0.03+0.17 −0.26 0.50+0.12 −0.12 -0.28+0.19 −0.27 0.28+0.13 −0.15 0.44+0.09 −0.09 0.73+0.09 −0.09 ··· 0.23+0.08 −0.08 0.61+0.08 −0.08 0.09+0.11 −0.13 Na -0.05+0.06 −0.06 0.02+0.07 −0.07 0.16+0.24 −0.83 0.25+0.12 −0.13 -0.19+0.09 −0.10 -0.03+0.05 −0.05 -0.15+0.08 −0.08 0.22+0.09 −0.11 -0.34+0.15 −0.16 0.18+0.06 −0.06 0.28+0.05 −0.05 -0.38+0.06 −0.06 -0.21+0.05 −0.06 0.18+0.04 −0.04 -0.07+0.04 −0.04 -0.25+0.05 −0.05 Ni -0.22+0.11 −0.19 0.01+0.09 −0.10 0.04+0.19 −0.36 0.06+0.09 −0.09 -0.19+0.10 −0.11 0.03+0.5 −0.05 -0.04+0.11 −0.12 0.14+0.12 −0.13 -0.63+0.15 −0.17 0.09+0.5 −0.05 0.39+0.04 −0.04 0.55+0.06 −0.06 -0.05+0.07 −0.08 0.14+0.04 −0.04 0.00+0.04 −0.04 -0.16+0.5 −0.05 Mg 0.07+0.10 −0.10 0.06+0.10 −0.10 -0.03+0.16 −0.16 0.08+0.12 −0.13 -0.02+0.11 −0.11 0.09+0.09 −0.09 0.00+0.12 −0.13 0.14+0.13 −0.14 -0.15+0.20 −0.27 0.20+0.10 −0.11 0.23+0.09 −0.09 -0.80+0.13 −0.16 -0.13+0.11 −0.12 -0.03+0.09 −0.09 -0.02+0.09 −0.09 -0.36+0.09 −0.09 0.35+0.17 −0.17 0.42+0.16 −0.16 0.30+0.20 −0.21 -0.09+0.15 −0.15 -0.74+0.16 −0.16 0.17+0.16 −0.16 -0.52+0.15 −0.15 Rb ··· ··· ··· ··· ··· ··· ··· ··· ··· Al -0.07+0.20 −0.30 0.21+0.08 −0.08 0.02+0.23 −0.48 -0.01+0.14 −0.17 -0.23+0.17 −0.23 0.08+0.06 −0.06 0.09+0.11 −0.12 0.26+0.10 −0.11 -0.52+0.17 −0.23 0.18+0.11 −0.13 0.28+0.07 −0.07 -0.84+0.12 −0.14 -0.08+0.08 −0.09 0.05+0.07 −0.07 0.04+0.06 −0.07 -0.27+0.06 −0.06 Zr 0.50+0.68 −0.21 < 0.15 ··· 0.63+0.13 −0.16 0.41+0.17 −0.30 0.01+0.06 −0.06 < 0.26 0.05+0.08 −0.08 < 0.14 0.45+0.18 −0.32 0.54+0.06 −0.06 0.49+0.11 −0.14 0.49+0.12 −0.16 ··· 0.31+0.06 −0.08 0.31+0.06 −0.08 Si 0.01+0.06 −0.06 -0.07+0.09 −0.18 0.09+0.14 −0.17 0.12+0.10 −0.10 -0.22+0.12 −0.20 -0.04+0.05 −0.05 -0.13+0.11 −0.13 0.09+0.11 −0.12 -0.62+0.19 −0.26 0.07+0.06 −0.06 -0.44+0.05 −0.05 0.35+0.10 −0.10 -0.06+0.08 −0.10 0.14+0.05 −0.05 0.07+0.04 −0.04 -0.17+0.04 −0.04 Ba 0.43+0.10 −0.10 0.36+0.08 −0.08 -0.19+0.15 −0.15 0.43+0.10 −0.10 0.13+0.08 −0.08 0.29+0.10 −0.11 0.29+0.17 −0.20 0.12+0.16 −0.18 0.69+0.23 −0.32 0.04+0.07 −0.07 0.29+0.10 −0.09 0.10+0.12 −0.13 0.06+0.07 −0.07 -0.01+0.11 −0.11 -0.06+0.08 −0.07 -0.25+0.18 −0.21 Ca 0.06+0.07 −0.08 0.15+0.09 −0.10 0.13+0.16 −0.27 0.18+0.11 −0.16 -0.10+0.10 −0.11 0.20+0.06 −0.06 0.00+0.11 −0.12 0.24+0.09 −0.11 -0.32+0.17 −0.22 0.17+0.06 −0.06 0.21+0.04 −0.04 0.32+0.05 −0.05 -0.17+0.06 −0.06 0.02+0.06 −0.06 -0.05+0.05 −0.05 -0.31+0.04 −0.04 La -0.03+0.28 −0.19 0.45+0.16 −0.21 ··· -0.30+0.23 −0.38 < 0.04 0.13+0.09 −0.11 < 0.32 0.13+0.09 −0.10 -0.69+0.24 −0.38 0.13+0.14 −0.19 -0.14+0.09 −0.09 0.27+0.13 −0.17 -0.27+0.24 −0.48 0.12+0.20 −0.32 -0.03+0.09 −0.10 0.05+0.14 −0.19 Ti -0.13+0.13 −0.25 0.23+0.13 −0.14 0.33+0.15 −0.19 0.13+0.13 −0.18 -0.06+0.12 −0.16 0.16+0.07 −0.07 -0.12+0.14 −0.18 0.27+0.10 −0.10 -0.63+0.14 −0.18 0.15+0.09 −0.12 0.26+0.07 −0.07 0.37+0.08 −0.08 -0.19+0.12 −0.15 0.06+0.07 −0.07 0.00+0.07 −0.08 -0.20+0.08 −0.08 Tabela 4.2: Abundâncias químicas computadas no presente trabalho, para a amostra estelar em estudo. Capítulo 4. Resultados 20 Capítulo 4. Resultados 21 A gura 4.1 exibe o diagrama log Tef f × log g da amostra estelar construído com os parâmetros estelares obtidos, disponíveis na tabela 4.1. O Sol está incluído para comparação. Este diagrama mostra que, exceto a estrela CoRoT-Exo 11 , as estrelas com planetas da presente amostra estão particularmente localizadas na sequência principal. Na realidade, com uma metalicidade [Fe/H] ' -0.68, a estrela CoRoT-Exo 11 difere bastante da amostra, cujo intervalo de [Fe/H] é particularmente solar, variando de -0.15 a 0.16. As estrelas sem planetas detectados estão localizadas entre a sequência principal e o início da região das subgigantes. As estrelas CoRoT ID 102614844 e CoRoT ID 102709247 , além de estarem melhor localizadas no início da região das subgigantes, são aquelas com maior metalicidade [Fe/H] (0.37 e 0.30, respectivamente). 4.2 Curvas de abundâncias Obtidas as abundâncias (Am ) de cada elemento e comparando com os valores solares, numa curva de abundâncias, é possível vericar que estas seguem a mesma tendência que o Sol, uma primeira indicação de que os parâmetros físico-químicos obtidos estão bem determinados. A gura 4.2 apresenta a curva de abundâncias obtida neste trabalho, das estrelas com e sem planeta, em comparação com as abundâncias solares determinadas em Asplund, Grevesse & Sauval (2005). Capítulo 4. Resultados 22 Figura 4.1: Diagrama log Tef f × log g das estrelas deste estudo. Círculos azuis representam as estrelas com planeta. A estrela CoRoT-Exo 11, citada no texto está destacada com uma caixa azul; círculos vermelhos representam as estrelas sem planetas. O Sol é indicado pelo símbolo , para comparação . As linhas sólidas são traçados evolutivos de Girardi et al. (2000). Diagrama das abundâncias Am em função do número atômico Z das estrelas deste estudo. Círculos azuis representam abundâncias das estrelas com planeta, círculos vermelhos representam abundâncias das estrelas sem planeta. Abundâncias do Sol estão indicadas com o símbolo . A linha tracejada representa a curva de abundâncias do Sol para os elementos aqui estudados. Figura 4.2: Capítulo 4. Resultados 23 Capítulo 4. Resultados 4.3 24 Comparação com dados da literatura Para todas as estrelas com planetas, existem trabalhos de diversos autores em que são determinados alguns parâmetros físico-químicos em comum com este estudo. Esta seção apresenta uma comparação e discussão entre os resultados deste trabalho e da literatura. A tabela 4.3 apresenta os parâmetros atmosféricos obtidos em outros trabalhos. Não foram encontrados estudos que determinam os parâmetros atmosféricos das estrelas sem planetas. Tabela 4.3: Parâmetros atmosféricos da amostra estelar, obtidos em outros estudos. Nome da Estrela CoRoT-Exo 1 CoRoT-Exo 2 CoRoT-Exo CoRoT-Exo CoRoT-Exo CoRoT-Exo CoRoT-Exo CoRoT-Exo CoRoT-Exo CoRoT-Exo 3 4 5 7 9 10 11 12 Tef f (K) 5950 5696 5625 6740 6115 6100 5275 5625 5075 6440 5675 ±150 ±70 ±120 ±140 ±70 ±65 ±75 ±80 ±75 ±120 ±80 log g (dex) 4.25 ±0.30 4.42 ±0.12 4.30 ±0.20 4.22 ±0.07 4.30 ±0.12 4.19 ±0.03 4.50 ±0.10 4.54 ±0.09 4.65 ±0.10 4.22 ±0.23 4.52 ±0.08 vmic (km/s) 1.71 ±0.10 ··· ··· 1.37 ±0.10 0.91 ±0.09 ··· ··· 2.0 ±0.5 ··· 0.6 ±0.2 [Fe/H] (dex) -0.30 ±0.25 0.03 ±0.06 ··· 0.03 ±0.06 0.12 ±0.05 -0.25 ±0.06 0.05 ±0.04 ··· 0.26 ±0.07 -0.03 ±0.08 0.16 ±0.10 v sin i (km/s) 5.2 ± 1.0 8.5 ±1.0 11.85 ±0.45 17.0 ±1.0 5.5 ±1.0 1.0 ±1.0 < 3.5 < 3.5 ··· 40.0±5.0 1.0 ±1.0 Ref. a b c d b e f g h i j Referências: a - Barge (2008); b - Chavero (2010); c - Bouchy (2008); d - Deleuil (2008); e Rauer (2009); f - Léger (2009); g - Deeg (2010); h - Bonomo (2010); i - Gandol (2010); j Gillon (2010). Grande parte dos parâmetros atmosféricos obtidos para as estrelas deste estudo estão de acordo ou próximos do limite da margem de erro das medidas encontradas na literatura. Analisando as estrelas que apresentam maiores diferenças com a literatura existente, vemos que em Barge et al. (2008) também foi feito uso dos modelos MARCS com espectros HARPS para determinar os parâmetros atmosféricos da CoRoT-Exo 1, porém a estimativa de temperatura foi feita através da análise da linha Hα, que cou um pouco abaixo do valor estimado neste trabalho e resultou em valores menores para a gravidade e metalicidade. A velocidade de rotação projetada foi determinada de maneira independente dos parâmetros atmosféricos, estando de acordo com o valor apresentado neste trabalho. Capítulo 4. Resultados Para a estrela 25 , foi obtida uma temperatura um pouco mais alta que os CoRoT-Exo 2 trabalhos analisados (Bouchy et al. (2008); Chavero et al. (2010)), ainda assim, estando de acordo com o trabalho de Chavero et al. (2010), que usou um método similar, embora com cerca de metade da quantidade de linhas de Fe I e Fe II deste trabalho. Em Bouchy at al. (2008) foi feita uma análise espectral em paralelo com análise da linha Hα, que pode ter subestimado a temperatura desta estrela. A estrela CoRoT-Exo 11 apresenta clara discrepância com os dados obtidos por Gandol et al. (2010) em todos os parâmetros atmosféricos, inclusive a rotação projetada. Analisando também os parâmetros físico-químicos, é possível notar que a estrela resulta ser bastante sub-abundante para quase toda a totalidade dos elementos. Aliando estas informações à quantidade reduzida de linhas possíveis de medir para esta estrela, consequência de um espectro nal com baixo SNR, é bastante provável que a grande diferença entre nossos dados e aqueles da literatura seja consequência da má qualidade do espectro utilizado, o que pode signicar que os parâmetros determinados para esta estrela, neste trabalho, não a caracterizem de forma satisfatória. As guras 4.3 e 4.4 apresentam uma comparação dos valores de temperatura efetiva e metalicidade adotados neste trabalho com os da literatura existente, evidenciando o grande desvio mencionado para a estrela , com relação às estrelas com planetas da CoRoT-Exo 11 amostra. 4.4 Temperatura de Condensação Seguindo a estratégia de outros estudos (Melendez et al. 2009; Ramírez et al. 2009; Simon Schuler et al. 2011), investigamos as abundâncias dos elementos refratários (Tc > 900 K) em função de Tc para a nossa amostra. A correlação entre as quantidades é mensurada pela inclinação de um ajuste de mínimos quadrados linear. Um estudo estendido aos elementos voláteis foi impossibilitado devido à pequena quantidade de elementos voláteis aqui estudados, Capítulo 4. Resultados 26 Figura 4.3: Comparação dos valores de temperatura efetiva obtidos neste trabalho (eixo das ordenadas) com os valores da literatura (eixo das abcissas). A estrela CoRoT-Exo 11 está destacada em vermelho. Figura 4.4: Comparação dos valores de metalicidade obtidos neste trabalho (eixo das ordenadas) com os valores da literatura (eixo das abcissas). A estrela CoRoT-Exo 11 está destacada em vermelho. Capítulo 4. Resultados 27 somada à diculdade em medir a abundância de oxigênio (O) por conta da baixa intensidade da linha de absorção aqui utilizada (6300.315 Å) e pelo baixo SNR em alguns espectros e pelo fato de o comprimento de onda central da única linha (7800.260 Å) usada para medir a abundância do rubídio (Rb) não ser coberto pelos espectros HARPS. Por outro lado, Ramírez (2009) mostrou que as tendências dos elementos voláteis (Tc < 900 K) em estrelas solares seguem um padrão similar ao Sol e que estas tendências denem a evolução química geral da galáxia. Assim, parece ser de maior interesse estudar o comportamento dos elementos refratários. A notação de abundâncias relativas [m/H] e [m/Fe] usadas neste trabalho segue a de Schuler (2011). Porém este e os demais autores limitam suas análises a uma ou outra abundância relativa, se referindo à inclinação da curva das abundâncias [m/H] ou [m/Fe] em função de Tc apenas como m. Neste trabalho, a análise simultânea das duas quantidades exige uma notação especíca. Portanto, denimos mH como a inclinação de [m/H] em função de Tc . Analogamente, mF e é denida como a inclinação de [m/Fe] em função de Tc . As quantidades m H e mF e para o Sol são identicamente nulos, pelas suas denições. As guras 4.5 e 4.6 exibem as abundâncias relativas [m/H] dos elementos refratários em função da temperatura de condensação para as estrelas com e sem planeta, respectivamente. As guras 4.7 e 4.8 exibem as abundâncias relativas [m/Fe] dos elementos refratários em função da temperaturas de condensação para as estrelas com e sem planetas, respectivamente. Cada quadro individual contém a identicação da estrela em preto e as abundâncias indicadas com pontos pretos. A linha azul representa a regressão linear, com o valor da inclinação m desta regressão especicado em azul. A análise destas guras mostra que não há uma diferença signicativa entre as quantidades mH e mF e para cada estrela, sugerindo que ambas podem ser utilizadas com igual validade para estudos relativos aos parâmetros físico-químicos de estrelas solares. Entretanto, a estrela CoRoT-exo 11 amostra, apresentando um comportamento sub-abundante. outra vez destoa da Capítulo 4. Resultados 28 Figura 4.5: Abundâncias relativas [m/H] para os elementos refratários em função de Tc das estrelas com planetas deste estudo. O parâmetro m indica a inclinação da regressão linear. Capítulo 4. Resultados Figura 4.6: 29 Abundâncias relativas [m/H] para os elementos refratários em função de Tc das estrelas sem planetas deste estudo. O parâmetro m indica a inclinação da regressão linear. Capítulo 4. Resultados 30 Figura 4.7: Abundâncias relativas ao ferro [m/Fe] para os elementos refratários em função de Tc das estrelas com planetas deste estudo. O parâmetro m indica a inclinação da regressão linear. Capítulo 4. Resultados 31 Figura 4.8: Abundâncias relativas ao ferro [m/Fe] para os elementos refratários em função de Tc das estrelas sem planetas deste estudo. O parâmetro m indica a inclinação da regressão linear. 4.5 Temperatura efetiva e metalicidade Neste trabalho, fazemos também uma análise como aquela realizada por Gonzalez et al. (2010). A gura 4.9, apresenta a correlação mF e das abundâncias relativas dos elementos refratários com a temperatura da estrela, conrmando que tanto as estrelas com planetas quanto as estrelas sem planetas são mais ricas em elementos refratários que o Sol, em sua faixa de temperatura efetiva. As guras 4.10 e 4.11 apresentam os diagramas da inclinação mH e mF e , respectivamente, em função da metalicidade [Fe/H] da amostra de estrelas. É importante ressaltar que em ambos os grácos aqui citados, a estrela mais à esquerda e isolada trata-se da CoRoT-Exo 11 , marcada com uma caixa azul. Fica claro que se forem adotados os parâmetros atmosfé- ricos encontrados em (Gandol, 2010), esta estrela irá se localizar na região onde as demais estrelas da amostra se concentram nas referidas guras, embora não seja possível garantir Capítulo 4. Resultados 32 Figura 4.9: Inclinação das abundâncias relativas ao ferro, mF e em função da temperatura efetiva Tef f das estrelas com e sem planetas deste estudo. Círculos azuis representam estrelas com planetas e círculos vermelhos, as estrelas sem planetas. A estrela CoRoT-Exo 11 está destacada com uma caixa azul. O Sol está representado pelo símbolo , para efeitos comparativos. Capítulo 4. Resultados 33 que com os novos parâmetros ela tenha valores similares para mH ou mF e . Figura 4.10: Inclinação das abundâncias relativas ao hidrogênio mH versus [Fe/H], para os elementos refratários, das estrelas com planetas (círculos azuis) e sem planetas (círculos vermelhos) da presente amostra. A estrela CoRoT-Exo 11 está destacada com uma caixa azul. Observando o comportamento das demais estrelas, ca visível que há uma tendência da abundância dos elementos refratários das estrelas com planetas decrescerem com o aumento da metalicidade, reetindo uma diminuição da inclinação mH ou mF e . Esta tendência já havia sido observada por Ramirez et al. (2010), o qual sugeriu que esta relação pode ser uma assinatura da formação de planetas terrestres e que todas as estrelas ricas em metal ([Fe/H] Capítulo 4. Resultados 34 > 0.15) devem ter planetas terrestres as orbitando. Figura 4.11: Inclinação mF e versus [Fe/H], para os elementos refratários, das estrelas com planetas (círculos azuis) e sem planetas (círculos vermelhos) da presente amostra. A estrela CoRoT-Exo 11 está destacada com uma caixa azul. Apesar do grande número de estrelas estudadas, a amostra de (Ramirez et al. 2010) constitui-se apenas de estrelas com planeta. A presente análise, que inclui estrelas sem planeta, sugere que as estrelas sem planetas detectados até o momento podem seguir a mesma tendência entre os elementos refratários e a metalicidade das estrelas com planeta, pelo menos dentro do intervalo de temperatura estudado. Capítulo 4. Resultados 4.6 35 Rotação A rotação de uma estrela é um observável fundamental para o estudo da sua evolução, especialmente quando estudada em conjunto com seus parâmetros físico-químicos. Desta forma, confrontamos também o comportamento que as abundâncias dos elementos refratários seguem com relação à temperatura de condensação e a velocidade de rotação projetada v sin i. A gura 4.12 apresenta a rotação projetada das estrelas com e sem planeta em função da metalicidade [Fe/H]. A estrela mais isolada à esquerda trata-se da . Se CoRoT-Exo 11 mais uma vez utilizarmos os parâmetros de Gangol (2010) para esta, verica-se uma concentração dos valores de v sin i em torno de [Fe/H] ∼ 0.0, pelo menos para as estrelas com planeta. Para as estrelas sem planetas detectados parece haver uma leve tendência para uma diminuição de v sin i com o aumento de [Fe/H]. As guras 4.13 e 4.14 apresentam diagrama da inclinação mH e mF e com relação a v sin i. Neste caso, seja para estrelas com ou sem planetas, não foram encontradas diferenças signicativas na distribuição destes parâmetros, mH ou mF e , com a rotação. Capítulo 4. Resultados Figura 4.12: 36 Velocidade de rotação projetada v sin i em função da metalicidade das estrelas da amostra. Estrelas com planetas são os círculos preenchidos de azul. A estrela CoRoT-Exo 11 está destacada com uma caixa azul. Estrelas sem planetas são os círculos vermelhos. Capítulo 4. Resultados 37 Figura 4.13: Inclinação mH versus v sin i para os elementos refratários, das estrelas com e sem planetas da presente amostra. Círculos azuis representam estrelas com planetas e círculos vermelhos, as estrelas sem planetas. A estrela CoRoT-Exo 11 está destacada com uma caixa azul. Capítulo 4. Resultados 38 Figura 4.14: Inclinação mF e versus v sin i para os elementos refratários, das estrelas com e sem planetas da presente amostra. Círculos azuis representam estrelas com planetas e círculos vermelhos, as estrelas sem planetas. A estrela CoRoT-Exo 11 está destacada com uma caixa azul. Capítulo 5 Conclusões e perspectivas 5.1 Conclusões Neste trabalho de dissertação de mestrado, foi realizada a análise espectroscópica de 16 estrelas solares do plano galático. Destas, 14 foram observadas pelo satélite CoRoT, dentre as quais, 10 têm planetas em órbita, detectados através do método de trânsito. Para tanto, foi feita a análise espectroscópica destas estrelas, onde foram utilizados espectros da base de dados públicos dos espectógrafos de alta resolução UVES-VLT e HARPS-La Silla do ESO. As abundâncias dos íons Zr I, Ba II, La II e Cr I O I, Si I, Na I, Mg I, Al I, Ca I, Ti I, Co I, Ni I, Rb I, foram determinadas para toda a amostra de estrelas. Adicio- nalmente, as abundâncias dos íons Fe I e Fe II foram determinados para as estrelas com planetas. Parâmetros físico-químicos fundamentais (Tef f , log g , vmic , [Fe/H]) também foram determinados para as estrelas com planetas, oferecendo assim uma determinação mais homogênea dos parâmetros físico-químicos destas estrelas, com relação a trabalhos anteriores. Os parâmetros atmosféricos estão em sua grande maioria de acordo com estudos ante39 Capítulo 5. Conclusões e perspectivas riores, embora várias evidências mostrem que para a estrela CoRoT-Exo 40 11 tais parâmetros tenham sido mal determinados, possivelmente devido à baixa qualidade do espectro nal utilizado na análise. O comportamento das abundâncias com relação à temperatura de condensação dos elementos, da temperatura efetiva, metalicidade e rotação foi analisado todas as estrelas da amostra. Constatamos que não existem diferenças signicativas nos resultados se forem adotadas as quantidades mH ou mF e como parâmetro de estudo, onde mH e mF e representam, respectivamente, a inclinação da regressão linear das abundâncias relativas ao Hidrogênio e ao Ferro, em função da temperatura de condensação dos elementos refratários. Nossa análise em relação à temperatura de condensação dos elementos refratários (Tc > 900 K) concorda com estudos anteriores de outros autores, que concluem que o Sol possui uma deciência na abundância dos elementos refratários, comparando com estrelas de sua faixa de temperatura efetiva. Este trabalho conrma os resultados de Gonzalez et al. (2009) de que estrelas com planeta apresentam uma correlação entre o parâmetro mF e e a metalicidade [Fe/H]. O autor acima sugere que estrelas com alta metalicidade ([Fe/H] > 0.15) devem possuir planetas rochosos em órbita. Por outro lado, nossa análise das estrelas sem planetas detectados revela algumas estrelas com alta metalicidade e valor reduzido ou negativo do parâmetro mF e , uma indicação de que estas estrelas podem ter planetas rochosos ainda não descobertos. Capítulo 5. Conclusões e perspectivas 5.2 41 Perspectivas Novos planetas extra-solares continuam sendo descobertos e estudados por diversas outras missões dedicadas a esta grandiosa tarefa, como o HARPS (High Accuracy Radial velocity Planetary Search) e a Missão Kepler, dentre muitos outros1 . Oferecendo uma oportunidade única de se estudar estes sistemas planetários e suas estrelas centrais, bem como traçar uma imagem mais completa da origem e característica dos sistemas planetários e ajudando a responder se o Sol é uma estrela típica ou não de sua classe e se pode ser usada como parâmetro de comparação para outras estrelas. Estender os estudos para as demais estrelas com planetas descobertos na missão CoRoT torna-se um trabalho de grande importância, por oferecer uma oportunidade única de se determinar de maneira homogênea os parâmetros físico-químicos dessas estrelas, disponibilizando dados mais precisos para estudos da evolução estelar e dos sistemas planetários. Um estudo que envolva diretamente o período de rotação estelar pode revelar aspectos particulares nas relações das abundâncias versus rotação. Ampliar o número de estrelas sem planetas detectados também é de grande importância para encontrar diferenças nas abundâncias estudadas, além de uma amostra de comparação mais homogênea. Pretendemos também, incluir elementos químicos voláteis em nossa proposta de trabalho, visando uma análise mais completa com relação à temperatura de condensação, além de ampliar a lista de linhas a ser analisada, de modo a aumentar a precisão das medidas. Pretendemos dar continuidade ao trabalho de criação de ferramentas automáticas de medida das larguras equivalente das linhas de absorção num espectro, o que irá possibilitar o estudo de uma quantidade bem maior de estrelas. 1 Veja uma ampla lista de missões dedicadas ao estudo de exoplanetas e suas estrelas hospedeiras em http://exoplanet.eu/searches.php Apêndice A Medidas de largura equivalente As medidas realizadas de largura equivalente para os íons Fe I e Fe II, utilizadas para determinar os parâmetros atmosféricos das estrelas com planetas de nossa amostra são apresentadas nas tabelas A.1 e A.2. Nas tabelas A.3, A.4 e A.5 são listadas as medidas realizadas de largura equivalente dos demais elementos deste estudo, utilizadas para determinar as abundâncias das estrelas com e sem planetas deste trabalho. As colunas das tabelas deste apêndice têm os seguintes signicados: A primeira coluna (Íon) indica o íon, a segunda coluna (λ (Å)) indica o comprimento de onda central da linha de absorção em ângstrons e as demais colunas (com a identicação da estrela) indicam a medida de largura equivalente da linha, em miliângstrons, para esta estrela; 42 Apêndice A. Medidas de largura equivalente 43 Tabela A.1: Medidas das larguras equivalentes das linhas de Fe I e Fe II, em mili-ângstrons, das estrelas analisadas neste trabalho. Íon Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I λ (Å) 5036.919 5044.211 5054.643 5228.377 5242.493 5247.051 5373.709 5386.330 5522.444 5543.936 5618.633 5638.262 5701.547 5705.465 5741.848 5775.081 5778.453 5806.725 5811.914 5852.219 5853.148 5855.077 5856.088 5858.778 5916.247 5927.789 5934.657 5956.694 5976.777 5987.066 6003.014 6019.362 6027.051 6054.070 6056.005 6079.009 6105.128 6120.249 6151.618 6157.728 6159.373 6165.358 6180.204 6187.988 6226.736 6229.226 6240.646 6265.136 6270.225 CoRoT-Exo 1 12.6 51.0 21.0 46.4 73.6 43.0 52.0 14.8 29.1 49.4 35.1 63.3 63.2 20.3 23.6 45.1 13.1 42.0 5.5 29.0 3.9 10.7 24.3 13.4 35.1 31.9 53.4 30.7 53.6 61.5 64.8 4.0 50.2 8.0 57.6 32.5 13.0 3.4 32.1 45.0 8.7 31.6 33.3 30.7 20.6 25.0 28.0 65.7 40.2 CoRoT-Exo 2 33.7 91.1 50.2 43.5 88.6 65.1 63.3 44.9 53.5 60.0 63.2 75.4 76.6 33.8 35.0 60.7 33.0 57.0 10.9 47.8 3.0 18.6 35.2 3.4 53.5 38.8 75.8 52.1 69.5 53.5 76.9 CoRoT-Exo 3 69.6 2.1 66.2 51.9 10.8 79.2 44.6 63.5 22.0 47.1 59.3 51.6 29.8 43.5 40.9 97.4 68.6 60.9 14.4 34.9 79.9 50.3 27.6 52.2 37.8 70.4 56.1 50.3 48.9 29.5 58.4 63.5 62.1 56.4 72.7 55.8 52.2 27.8 34.8 39.5 16.2 27.0 17.8 48.6 37.2 CoRoT-Exo 4 21.3 60.4 31.0 52.9 78.8 57.2 52.9 27.6 39.8 57.3 46.2 68.3 74.3 35.4 30.7 46.5 10.8 50.7 7.2 30.8 3.7 11.8 24.0 5.0 41.8 40.7 65.5 39.5 67.5 57.2 74.5 5.0 55.1 4.0 65.7 50.2 7.4 3.1 36.7 55.7 17.3 37.9 45.6 42.8 23.6 32.7 45.4 70.7 64.5 CoRoT-Exo 5 50.7 49.9 21.2 41.0 74.8 39.5 43.8 19.5 27.7 43.0 34.0 59.0 73.3 23.4 15.4 44.0 11.5 30.8 7.0 23.8 3.1 13.9 21.5 4.7 33.7 32.5 54.5 26.0 43.7 46.7 58.6 3.0 48.9 3.1 51.5 29.9 7.6 4.2 31.0 38.3 3.2 31.7 28.0 29.1 16.3 16.1 25.1 65.8 33.3 Apêndice A. Medidas de largura equivalente Íon Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe II Fe II Fe II Fe II Fe II Fe II Fe II Fe II Fe II Fe II Fe II Fe II Fe II λ (Å) 6271.277 6297.795 6315.809 6380.743 6392.539 6498.939 6574.228 6575.018 6581.208 6608.026 6627.543 6646.932 6653.851 6699.140 6703.568 6704.480 6705.102 6707.420 6710.318 6713.045 6713.190 6713.740 6715.382 6716.233 6725.357 6726.665 6733.149 6739.520 6752.705 6786.858 6806.845 6810.261 6971.932 7112.167 7189.150 7401.680 7710.362 7723.204 7941.087 4993.354 5100.627 5132.664 5136.794 5197.570 5234.625 5264.805 5414.070 6084.103 6369.458 6416.923 6456.383 7224.475 CoRoT-Exo 1 15.9 53.1 23.9 33.5 8.4 20.0 10.8 52.9 9.6 19.8 16.5 31.2 12.2 17.4 13.1 12.9 5.9 12.4 37.3 17.2 26.8 14.2 16.2 33.1 42.1 24.6 23.9 19.2 90.5 86.9 48.2 28.7 21.5 20.2 45.4 72.5 44 CoRoT-Exo 2 38.8 59.3 22.4 53.6 20.6 54.8 28.3 66.8 14.5 25.5 29.6 15.5 CoRoT-Exo 3 24.9 70.4 44.6 17.1 44.8 23.5 23.0 41.5 21.6 27.6 31.5 22.3 21.6 48.3 24.5 9.0 33.6 18.9 38.9 60.8 27.7 40.7 CoRoT-Exo 4 27.1 56.2 33.2 47.6 11.1 25.7 13.9 47.9 28.4 7.3 25.6 9.1 8.6 6.8 29.3 43.4 7.1 7.1 CoRoT-Exo 5 14.8 53.1 23.2 33.3 10.8 23.3 18.8 40.3 7.4 4.9 19.5 5.2 7.4 7.7 15.4 3.1 30.2 6.2 28.1 22.3 11.8 35.2 9.8 23.2 8.4 10.0 45.6 19.0 8.5 43.7 18.7 25.6 41.3 12.8 11.0 5.7 10.6 27.3 21.7 7.2 25.8 17.9 18.0 33.7 29.2 14.5 13.9 72.2 42.9 29.9 44.6 27.4 24.0 34.8 74.6 75.7 31.2 16.6 16.2 9.0 42.7 63.6 148.2 117.4 52.0 45.1 45.6 33.3 53.9 14.6 87.2 90.2 48.2 34.2 30.2 21.1 50.6 80.5 16.5 38.4 15.9 12.6 75.3 77.6 41.7 23.9 23.5 25.1 32.8 71.2 Apêndice A. Medidas de largura equivalente 45 Tabela A.2: Medidas das larguras equivalentes das linhas de Fe I e Fe II, em mili-ângstrons, das estrelas analisadas neste trabalho. Íon Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I λ (Å) 5036.919 5044.211 5054.643 5228.377 5242.493 5247.051 5373.709 5386.330 5522.444 5543.936 5618.633 5638.262 5701.547 5705.465 5741.848 5775.081 5778.453 5806.725 5811.914 5852.219 5853.148 5855.077 5856.088 5858.778 5916.247 5927.789 5934.657 5956.694 5976.777 5987.066 6003.014 6019.362 6027.051 6054.070 6056.005 6079.009 6105.128 6120.249 6151.618 6157.728 6159.373 6165.358 6180.204 6187.988 6226.736 6229.226 6240.646 6265.136 6270.225 CoRoT-Exo 7 40.0 94.1 52.7 66.7 98.7 91.1 75.6 43.3 54.2 75.6 59.8 93.8 101.2 48.1 43.9 71.5 38.4 64.6 17.1 53.1 16.8 29.9 43.3 20.5 74.7 53.3 101.7 72.0 85.9 89.6 104.4 9.8 74.2 15.9 88.3 55.0 18.3 13.5 67.1 73.1 20.0 53.6 75.4 67.0 43.1 51.0 66.0 110.0 68.3 CoRoT-Exo 9 28.8 74.6 48.6 54.4 91.6 74.6 61.2 30.6 50.8 64.2 55.5 79.2 76.9 40.6 32.7 59.3 24.2 56.7 8.8 39.4 7.2 27.0 31.5 14.5 45.7 39.5 71.7 54.7 70.3 68.1 84.1 47.1 70.5 53.0 7.7 6.1 53.0 66.2 9.1 52.2 53.9 49.2 42.0 38.2 59.5 91.5 40.3 CoRoT-Exo 10 57.6 152.2 55.8 75.6 100.2 95.1 84.8 58.3 62.3 78.0 62.5 102.0 114.9 41.0 49.9 78.2 48.9 56.5 17.8 69.2 12.3 43.0 52.0 29.9 81.0 56.8 129.3 87.9 133.2 111.0 163.0 12.1 65.3 16.6 84.8 65.9 21.3 23.7 98.2 100.1 30.3 56.7 107.5 71.7 44.3 88.0 81.9 123.8 67.5 CoRoT-Exo 11 19.8 37.7 25.0 19.8 39.3 33.7 17.8 10.0 13.7 25.7 38.5 44.0 38.7 25.3 14.6 29.0 10.8 27.1 9.0 23.7 8.4 11.7 10.1 3.4 18.6 17.4 53.5 18.1 28.0 31.2 31.0 CoRoT-Exo 12 35.6 6.7 39.6 22.7 4.2 6.5 15.3 16.6 64.3 9.0 72.6 43.6 8.5 10.0 23.2 13.7 12.7 20.7 29.6 38.7 22.5 78.4 35.8 30.9 55.0 16.9 55.5 40.6 18.8 33.1 8.4 45.8 43.3 70.8 39.5 66.8 66.8 77.4 43.1 57.2 14.6 42.6 50.8 44.2 27.1 37.5 41.8 71.0 44.5 Apêndice A. Medidas de largura equivalente Íon Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe I Fe II Fe II Fe II Fe II Fe II Fe II Fe II Fe II Fe II Fe II Fe II Fe II Fe II λ (Å) 6271.277 6297.795 6315.809 6380.743 6392.539 6498.939 6574.228 6575.018 6581.208 6608.026 6627.543 6646.932 6653.851 6699.140 6703.568 6704.480 6705.102 6707.420 6710.318 6713.045 6713.190 6713.740 6715.382 6716.233 6725.357 6726.665 6733.149 6739.520 6752.705 6786.858 6806.845 6810.261 6971.932 7112.167 7189.150 7401.680 7710.362 7723.204 7941.087 4993.354 5100.627 5132.664 5136.794 5197.570 5234.625 5264.805 5414.070 6084.103 6369.458 6416.923 6456.383 7224.475 CoRoT-Exo 7 39.2 103.6 51.4 61.7 31.9 68.0 52.5 80.6 37.0 35.7 38.4 17.6 16.1 10.7 53.6 9.9 66.2 11.1 35.0 34.1 14.5 27.7 38.9 20.7 27.8 58.6 35.1 26.4 44.4 37.2 55.4 62.4 CoRoT-Exo 9 23.0 69.5 43.8 54.6 18.7 46.0 39.9 62.9 31.1 11.7 27.0 10.2 34.5 21.2 18.9 10.9 64.6 65.8 31.0 16.8 14.6 11.1 34.7 47.0 33.7 14.0 14.7 7.3 79.1 79.4 31.2 22.3 12.9 10.0 28.0 41.2 44.5 40.1 20.5 10.1 28.7 13.8 19.9 15.0 46.7 26.2 16.9 37.2 26.0 35.0 55.3 46 CoRoT-Exo 10 36.0 107.6 50.5 67.7 44.3 87.6 77.3 131.0 57.1 54.2 45.0 30.6 20.4 30.0 57.2 4.6 57.9 29.1 44.9 33.3 24.3 34.1 55.3 32.5 35.9 66.4 45.1 32.5 59.3 45.9 59.5 58.8 CoRoT-Exo 11 7.1 33.1 29.4 19.0 9.6 13.7 17.2 31.1 11.2 10.5 10.2 5.8 CoRoT-Exo 12 19.3 66.0 39.9 50.3 13.1 33.7 15.7 52.0 11.9 10.5 27.2 11.2 29.0 3.6 45.6 2.2 52.0 39.0 12.7 26.6 7.6 6.3 9.6 41.2 63.8 49.9 13.0 20.1 12.0 5.0 22.0 32.8 19.6 3.9 8.6 27.6 16.5 8.1 19.6 13.7 10.9 15.5 12.9 10.8 18.3 12.3 8.1 6.2 15.9 59.1 14.1 25.3 8.1 17.5 29.6 10.6 14.3 51.3 23.9 6.8 34.2 29.6 29.0 45.6 9.5 24.1 25.9 45.1 59.5 41.1 42.6 31.0 26.3 52.6 78.4 29.2 Apêndice A. Medidas de largura equivalente 47 Tabela A.3: Medidas das larguras equivalentes das linhas dos demais elementos, em miliângstrons, das estrelas com planetas analisadas neste trabalho. Íon OI Na I Na I Na I Na I Mg I Mg I Mg I Mg I Mg I Al I Al I Al I Al I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I λ (Å) 6300.300 5682.633 5688.205 6154.226 6160.747 5711.088 6318.717 6319.237 6965.409 7387.689 6696.023 6698.673 7835.300 7836.124 5690.425 5701.104 5793.073 5948.541 6125.021 6142.483 6145.016 6155.134 6155.693 6243.815 6244.466 6414.980 5512.980 5581.965 5867.562 6102.723 6156.020 6161.290 6163.755 6166.433 6169.040 6169.563 6439.075 6455.598 6464.673 6471.662 6499.650 6572.779 4820.411 5219.702 5866.451 5922.109 5965.828 5978.541 CoRoT-Exo 1 CoRoT-Exo 2 2.1 110.3 130.3 46.9 55.9 123.7 41.6 CoRoT-Exo 3 3.0 67.7 117.0 14.9 17.6 33.5 29.3 34.1 74.6 26.4 25.1 34.2 75.2 2.2 32.2 35.1 38.1 64.5 80.7 11.2 103.7 7.1 36.0 42.0 51.7 74.2 92.1 136.0 41.8 5.0 80.9 70.4 15.0 25.7 13.3 15.2 6.2 15.6 8.2 71.0 91.4 24.1 29.1 69.7 32.4 18.6 72.7 23.5 6.9 CoRoT-Exo 4 2.3 123.1 127.9 30.1 43.2 94.2 32.2 12.8 CoRoT-Exo 5 3.8 68.6 89.6 18.4 26.7 79.7 21.3 20.6 45.4 35.3 20.6 10.0 21.6 17.8 11.5 16.5 45.5 30.0 41.3 83.7 35.2 31.8 32.3 79.3 2.5 45.1 45.3 39.4 104.8 128.5 27.8 164.0 51.6 22.6 33.8 68.1 35.3 25.5 47.9 58.5 43.4 36.3 47.1 76.0 27.6 25.0 40.0 73.8 39.5 25.9 39.2 80.5 81.0 9.8 164.0 4.5 40.4 71.8 44.2 61.6 71.9 139.8 33.0 51.7 50.5 50.1 32.3 28.1 38.6 66.8 27.4 20.1 19.3 65.4 2.1 31.5 28.6 32.3 64.6 71.7 10.0 106.4 4.9 40.7 46.1 46.4 67.4 82.7 128.8 37.9 3.0 72.3 61.0 22.2 24.0 7.2 26.2 15.1 16.5 11.5 64.0 70.9 87.9 102.5 135.4 237.2 60.3 13.0 117.6 110.3 54.9 51.4 33.0 64.9 29.1 47.1 33.8 80.8 57.7 12.0 18.7 11.0 85.7 15.6 142.0 8.6 45.7 56.9 60.1 85.2 101.5 168.8 56.8 6.1 82.5 79.5 16.5 11.6 20.8 17.7 Apêndice A. Medidas de largura equivalente Íon Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Cr I Cr I Cr I Cr I Co I Co I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Rb I Zr I Zr I Zr I Ba II La II La II λ (Å) 6064.626 6091.171 6126.216 6258.102 6261.098 6303.756 6312.236 6336.099 6554.223 6556.062 6599.105 6743.122 4936.335 5247.566 5296.691 5300.744 6188.996 6454.990 4913.968 4946.029 5010.934 5155.125 5435.855 5589.357 5593.733 5625.312 5682.198 5846.993 6086.280 6111.066 6163.418 6175.366 6176.807 6177.240 6191.171 6204.600 6223.981 6378.247 6772.313 7800.260 6127.475 6134.585 6143.202 6141.711 5805.773 6390.479 CoRoT-Exo 1 3.0 4.8 8.0 22.0 24.0 4.6 3.2 4.6 24.0 52.2 66.2 28.4 3.4 6.3 33.0 9.1 26.0 23.5 20.7 10.5 17.9 18.8 32.7 6.5 28.1 21.4 18.1 33.3 42.5 3.7 42.9 12.8 6.3 19.0 26.6 1.5 3.7 131.5 5.9 4.4 CoRoT-Exo 2 13.3 12.1 39.8 64.2 56.7 7.1 6.4 24.1 30.2 10.7 39.6 43.8 105.7 112.8 68.9 3.4 16.6 55.4 26.9 48.9 36.0 47.1 26.4 48.7 25.2 53.0 20.8 53.0 27.5 32.4 44.7 65.0 13.6 78.8 21.4 24.5 40.1 49.5 2.0 2.5 2.5 150.4 17.1 4.8 48 CoRoT-Exo 3 23.8 27.0 25.3 20.9 47.0 83.4 23.6 3.0 3.0 56.0 30.8 19.0 25.3 36.3 45.4 51.9 23.9 125.7 CoRoT-Exo 4 CoRoT-Exo 5 5.2 15.5 35.4 35.0 3.7 5.0 3.7 14.9 10.1 32.2 29.2 11.4 13.2 24.3 4.6 3.9 50.8 15.2 40.9 46.5 35.6 21.5 32.5 33.3 35.1 14.2 35.5 25.8 38.4 52.8 62.0 13.2 53.4 14.2 27.2 20.8 47.5 5.9 3.5 3.1 137.0 6.6 4.4 6.7 8.0 8.7 6.8 27.0 52.7 66.0 42.6 3.3 31.5 18.1 29.7 34.9 31.4 19.3 28.2 23.9 33.8 9.8 26.6 16.7 32.4 32.4 42.4 6.6 50.3 14.0 13.7 14.7 32.9 3.0 3.1 3.6 109.7 9.3 2.2 Apêndice A. Medidas de largura equivalente 49 Tabela A.4: Medidas das larguras equivalentes das linhas dos demais elementos, em miliângstrons, das estrelas com planetas analisadas neste trabalho. Íon OI Na I Na I Na I Na I Mg I Mg I Mg I Mg I Mg I Al I Al I Al I Al I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I λ (Å) 6300.300 5682.633 5688.205 6154.226 6160.747 5711.088 6318.717 6319.237 6965.409 7387.689 6696.023 6698.673 7835.300 7836.124 5690.425 5701.104 5793.073 5948.541 6125.021 6142.483 6145.016 6155.134 6155.693 6243.815 6244.466 6414.980 5512.980 5581.965 5867.562 6102.723 6156.020 6161.290 6163.755 6166.433 6169.040 6169.563 6439.075 6455.598 6464.673 6471.662 6499.650 6572.779 4820.411 5219.702 5866.451 5922.109 5965.828 5978.541 CoRoT-Exo 7 3.6 111.5 135.5 56.6 74.4 128.1 56.5 29.5 CoRoT-Exo 9 2.3 96.9 102.8 30.5 55.4 103.4 43.5 20.4 CoRoT-Exo 10 CoRoT-Exo 11 177.0 271.6 90.0 117.9 143.3 77.0 41.3 50.7 106.2 20.1 35.1 101.5 25.4 11.3 55.0 34.3 36.8 34.5 81.1 70.8 10.7 12.6 48.8 40.3 43.7 81.9 35.2 30.1 38.3 81.8 4.0 39.8 43.0 41.5 148.4 118.9 39.3 275.7 20.2 82.0 88.6 98.3 111.3 146.4 298.2 79.0 30.1 130.6 117.1 71.2 67.5 60.5 79.7 46.6 54.1 46.3 35.9 24.6 38.2 75.4 27.2 34.0 39.0 82.5 2.9 39.8 41.9 39.8 90.7 91.7 31.1 142.4 8.7 63.1 53.6 68.5 93.5 113.5 181.0 79.2 24.5 84.4 93.2 43.6 52.2 34.1 27.6 19.3 37.6 17.2 44.3 38.4 48.3 88.5 25.8 24.8 20.4 68.7 20.0 33.4 45.8 45.7 187.1 181.8 49.1 403.6 30.2 87.0 97.5 135.5 196.3 276.8 409.9 100.8 42.9 203.2 144.1 125.1 81.8 94.3 109.7 67.9 67.9 66.5 11.7 9.5 29.6 54.0 117.6 10.2 125.0 11.3 41.7 9.3 17.9 10.1 42.5 23.6 23.8 25.8 88.0 140.8 138.0 36.2 8.7 31.0 48.5 18.1 18.6 18.2 27.3 11.4 12.1 8.5 CoRoT-Exo 12 4.2 110.3 116.6 34.9 46.9 101.6 41.8 22.9 21.2 66.5 32.6 24.7 37.4 54.5 48.6 38.7 45.3 88.4 36.9 37.1 42.0 89.1 4.0 48.8 47.8 45.8 21.3 127.0 10.3 59.7 54.8 67.3 84.9 103.6 154.8 53.9 9.2 87.7 80.1 26.4 35.0 11.3 26.4 15.4 Apêndice A. Medidas de largura equivalente Íon Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Cr I Cr I Cr I Cr I Co I Co I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Rb I Zr I Zr I Zr I Ba II La II La II λ (Å) 6064.626 6091.171 6126.216 6258.102 6261.098 6303.756 6312.236 6336.099 6554.223 6556.062 6599.105 6743.122 4936.335 5247.566 5296.691 5300.744 6188.996 6454.990 4913.968 4946.029 5010.934 5155.125 5435.855 5589.357 5593.733 5625.312 5682.198 5846.993 6086.280 6111.066 6163.418 6175.366 6176.807 6177.240 6191.171 6204.600 6223.981 6378.247 6772.313 7800.260 6127.475 6134.585 6143.202 6141.710 5805.773 6390.479 CoRoT-Exo 7 26.7 32.9 50.0 77.8 82.3 24.1 23.2 14.8 39.4 48.7 30.8 47.7 62.3 114.9 129.7 87.0 23.1 20.4 60.4 32.3 56.2 59.9 61.4 30.6 50.7 43.4 57.6 37.2 46.9 41.5 45.8 53.8 72.3 23.0 88.4 29.2 33.7 39.4 56.0 CoRoT-Exo 9 3.7 15.0 26.0 58.5 46.9 8.2 6.6 9.7 7.8 7.8 146.4 16.5 4.9 3.7 3.1 2.6 142.9 11.3 3.3 12.6 16.9 15.1 25.7 58.3 87.1 105.0 51.6 5.5 17.6 55.7 38.0 45.4 49.8 41.8 28.9 39.3 33.9 56.7 23.7 38.8 29.3 36.8 42.8 64.4 9.0 68.9 27.8 28.6 45.0 55.1 50 CoRoT-Exo 10 51.2 52.6 66.4 96.2 145.0 53.0 55.3 50.6 67.6 75.3 58.3 78.4 72.7 155.0 159.4 109.0 43.8 36.9 57.8 41.4 55.6 71.4 69.2 31.8 63.7 45.0 50.5 52.4 51.6 42.4 52.2 62.8 78.2 33.2 89.7 42.6 44.0 49.6 99.1 CoRoT-Exo 11 7.2 5.1 13.1 9.3 18.8 24.2 23.0 24.5 137.0 20.4 6.2 2.3 2.4 180.3 5.7 2.0 10.1 11.1 7.1 11.0 37.1 47.0 18.5 5.6 11.0 38.0 9.1 18.2 18.3 19.5 9.5 26.4 9.3 37.4 9.1 12.7 15.0 16.6 14.9 21.4 10.8 65.8 9.8 10.0 16.4 12.4 CoRoT-Exo 12 4.0 16.5 15.8 41.6 35.3 5.6 4.8 2.5 8.2 8.7 7.2 18.1 7.8 10.7 48.1 13.6 40.3 34.0 30.7 46.4 59.1 9.7 64.7 20.5 26.0 32.2 47.8 60.9 3.1 1.9 2.6 121.0 16.0 2.9 Apêndice A. Medidas de largura equivalente 51 Tabela A.5: Medidas das larguras equivalentes das linhas dos demais elementos, em miliângstrons, das estrelas sem planetas analisadas neste trabalho. Número da estrela corresponde ao CoRoT ID. Íon OI Na I Na I Na I Mg I Mg I Mg I Al I Al I Al I Al I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I λ (Å) 6300.315 4321.399 6154.226 6160.747 6318.710 6319.237 7387.685 6696.023 6698.670 7835.295 7836.120 5948.541 6125.021 6142.483 6145.016 6155.134 6243.815 6244.466 6414.980 4512.272 6156.015 6161.290 6166.433 6169.038 6169.563 6455.598 6471.662 6572.779 3741.060 4112.708 4159.637 4281.364 4412.421 4441.267 4453.313 4465.806 4512.733 5922.109 5965.828 5978.541 6064.626 6091.172 6126.218 6258.104 6261.100 6303.756 6312.239 6336.099 6556.064 102709247 8.0 10.3 54.0 83.3 63.6 46.8 92.0 61.6 35.9 66.9 77.3 100.4 44.0 47.0 56.4 110.6 55.5 61.3 67.8 33.6 12.5 84.1 90.1 103.0 121.5 68.4 103.7 53.4 105.4 55.2 29.8 40.1 8.9 6.6 70.3 57.9 102614844 4.0 28.1 27.5 36.7 6.2 9.7 28.1 8.6 6.2 17.1 11.3 43.0 48.1 55.2 64.2 106.7 65.1 73.5 75.2 56.8 25.5 88.6 97.9 121.6 145.3 86.7 119.8 74.6 120.4 102692093 4.1 101476063 8.13 25.6 40.0 32.7 21.9 53.58 67.3 44.17 25.59 30.8 21.4 33.0 44.1 85.7 22.7 35.9 41.5 72.4 39.9 37.7 33.1 26.75 30.02 53.18 66.06 94.51 43.81 38.15 42.63 91.08 46.7 44.55 51.5 33.7 43.1 16.4 7.8 31.0 53.2 37.6 15.7 25.4 41.6 69.8 73.6 16.3 20.0 11.6 34.1 55.3 68.0 53.8 28.6 41.9 52.8 79.1 83.4 25.8 22.3 16.8 46.7 47.3 67.8 90.6 107.5 49.2 85.6 30.3 78.5 7.53 66.23 81.68 90.98 109.1 72.45 101.53 43.75 55.4 13.3 9.8 7.2 27.6 7.2 14.2 16.5 35.0 35.8 3.2 2.3 9.7 26.05 38.95 24.53 12.63 17.3 21.23 54.45 58.13 5.23 6.03 11.55 18.7 UVES 229705 5.2 3.5 31.4 49.1 38.2 30.1 66.1 38.2 20.4 44.0 54.4 87.9 35.2 32.5 41.8 81.9 46.1 41.9 47.9 19.2 7.9 55.8 68.3 84.5 104.6 54.7 91.1 24.7 91.4 31.4 13.7 20.0 3.0 2.2 56.3 31.6 59.8 27.7 24.8 17.7 7.1 12.6 23.1 47.0 44.0 4.2 13.5 UVES 229759 3.5 10.9 26.8 47.5 25.0 19.1 44.7 28.8 15.7 25.8 37.9 70.7 26.2 21.5 31.2 59.0 28.8 33.1 42.0 17.1 10.4 42.4 63.5 83.6 109.9 48.0 83.3 32.2 82.8 42.7 12.6 31.8 64.4 39.7 22.1 26.1 17.4 5.3 12.6 23.7 42.3 42.1 5.6 5.4 3.5 16.3 Apêndice A. Medidas de largura equivalente Íon Ti I Ti I Cr I Cr I Cr I Co I Co I Co I Co I Co I Co I Co I Co I Co I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Ni I Rb I Zr I Zr I Zr I Zr I Ba II La II La II λ (Å) 6599.107 6743.124 3883.645 3992.827 6330.097 4019.285 4020.895 4110.528 4190.707 6000.678 6188.996 6454.990 6455.001 6632.433 3775.571 4027.663 4231.033 4331.642 4470.477 4512.990 6086.280 6111.072 6175.366 6177.243 6204.603 6223.983 6378.252 6635.120 6772.313 7800.259 4241.687 6127.475 6134.585 6143.202 6141.711 5805.773 6390.479 102709247 24.6 35.6 36.5 85.1 49.4 33.1 109.9 110.1 104.5 23.8 20.1 10.1 20.6 173.6 54.7 107.1 102614844 32.6 54.2 47.4 93.5 63.2 51.5 111.6 131.1 18.8 38.1 102692093 3.9 9.7 50.5 57.7 11.9 52 101476063 4.96 16.75 61.9 84.7 14.3 UVES 229705 9.3 15.2 25.7 63.7 25.7 20.7 78.4 88.3 49.8 UVES 229759 17.1 17.4 22.5 73.5 26.1 25.2 75.8 81.5 59.1 15.1 9.8 9.7 137.1 44.0 89.1 60.9 68.0 20.2 42.4 26.8 43.7 7.7 22.2 31.0 33.5 24.7 46.3 57.7 0.9 6.9 202.0 36.1 93.9 57.9 70.3 30.3 194.8 59.9 110.5 3.7 100.5 29.3 69.0 46.3 66.3 42.6 23.6 47.1 11.1 19.4 28.4 22.7 18.3 44.6 47.3 7.0 136.6 77.4 63.7 74.4 34.6 51.6 56.8 60.6 53.7 72.1 78.0 14.4 7.9 6.9 11.1 124.4 2.9 140.8 120.8 2.1 115.4 111.0 3.3 7.2 1.5 3.7 3.6 3.0 94.8 32.2 59.6 52.5 67.4 27.2 38.0 43.9 53.5 41.7 67.0 75.1 1.1 4.5 47.2 42.53 50.6 14.2 29.25 35.08 41.88 25.23 55.55 17.1 3.7 37.7 31.0 35.3 11.2 18.0 22.1 33.7 84.1 36.2 31.2 10.3 Referências Bibliográcas [1] Allen, C. 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