Gabriel Henrique de Faria, Davi Marcelo Soares - GQEE

Propaganda
TRABALHO DE CONDICIONAMENTO
SETEMBRO/2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ
ENGENHARIA ELÉTRICA
SUPORTABILIDADE DE ELETRODOMÉSTICOS FRENTE A DISTÚRBIOS DE
QUALIDADE DE ENERGIA ELÉTRICA
Gabriel Henrique de Faria, Davi Marcelo Soares, Marcos Costa, Tiago Lino,
Thiago José Dias, Lucas Gabriel Músico, Luana Batista, Guilherme Pereira
Prof. Dr. José Maria de Carvalho Filho
Centro de Excelência em Redes Elétricas Inteligentes (CERIn)
que podem ser determinantes na operação dos mais
diversos equipamentos que compõem os seguimentos
industriais, comerciais e residenciais de consumidores
[10]. Sob a ação destes fenômenos, os aparelhos elétricos
podem vir a operar de maneira inadequada ou, em casos
extremos, podem até mesmo sofrer danos que exijam
reposição [13]. Diante deste quadro podem surgir grandes
contendas entre as partes envolvidas no processo.
Resumo - Este artigo apresenta uma discussão a
respeito dos danos causados por distúrbios na
Qualidade de Energia Elétrica em eletrodomésticos.
Para tanto, foi feita uma revisão bibliográfica a fim de
obter diversos parâmetros capazes de indicar a
suportabilidade de equipamentos como Televisores,
DVD’s, Microcomputadores, Aparelhos de Som,
Refrigeradores e Micro-ondas frente a distúrbios
como sobretensões e subtensões de curta e longa
duração, harmônicos e surtos transitórios de frente
rápida, ocasionadas por descargas atmosféricas que
incidem diretamente na rede ou próxima a elas
induzindo sobretensões na mesma. Os parâmetros
obtidos são curvas de suportabilidade e resultados de
ensaios e simulações nos equipamentos citados.
Os pedidos de ressarcimento por danos em equipamentos
elétricos e eletrônicos têm aumentado significantemente e
têm merecido a atenção das concessionárias de energia,
agências de regulação, consumidores e outros órgãos
governamentais. O tema, como um todo, vem motivando
investigações direcionadas à melhoria do processo de
análise das questões em foco, domínio e difusão do
conhecimento da correlação entre os distúrbios e efeitos,
assim como o fornecimento de diretrizes para o
oferecimento de produtos que possuam uma maior
suportabilidade diante dos distúrbios relacionados com a
QEE [10].
Palavras-Chave: Qualidade de Energia Elétrica,
Distúrbios,
Eletrodomésticos,
Suportabilidade
Dielétrica, Suportabilidade Térmica.
I – INTRODUÇÃO
I.1 – Considerações iniciais
I.II – Objetivo
Há algumas décadas não se dava importância à qualidade
da energia elétrica (QEE), visto que os equipamentos
eram mais robustos e suportavam as perturbações no
fornecimento de energia. Hoje, com o avanço da
eletrônica de potência, a natureza das cargas mudou e,
além disso, os equipamentos tornaram-se mais sensíveis a
oscilações na QEE [9].
Os eletrodomésticos estão sujeitos aos distúrbios que por
ventura podem ocorrer e se propagar na rede elétrica.
Tais distúrbios são capazes de provocar danos nestes
equipamentos, sendo assim, é de extrema importância
estudos referentes ao assunto a fim de indicar a
suportabilidade dos equipamentos, analisar possíveis
melhorias na rede e melhorias no projeto dos próprios
eletrodomésticos de modo a reduzir a taxa de
consumidores prejudicados por eventos indesejados na
rede.
A ocorrência de fenômenos advindos da natureza e outros
relacionados com dinâmica operacional de um sistema
elétrico, bem como atuações dos dispositivos de proteção,
entrada e saída de cargas de elevadas potências, partida
de grandes motores, ocorrência de curtos-circuitos e forte
presença de cargas não-lineares, tem ocasionado impactos
Dentro deste contexto se estabelece o objetivo desse
trabalho, o qual é avaliar a suportabilidade dos
equipamentos frente aos distúrbios que podem ocorrer na
1
As publicações e informações que correlacionam os
níveis de suportabilidade dielétrica e a duração dos
fenômenos para os mais distintos equipamentos
recomendam o emprego de um traçado gráfico
representado pela Fig.1. O eixo vertical, caracterizado
pela função V(t), denota a tensão admissível pelo
equipamento e o eixo horizontal está associado com o
tempo de exposição do produto à sua respectiva tensão.
rede, os quais levam os equipamentos a trabalharem fora
das condições nominais de funcionamento o que pode
provocar a queima de alguns componentes. Há dois tipos
de suportabilidade ligadas ao objetivo desse trabalho, são
elas: Suportabilidade Dielétrica e Suportabilidade
Térmica. Desta forma, será feito um levantamento de
diversos resultados de trabalhos de pesquisa já
desenvolvidos nesta área.
II – SUPORTABILIDADE
Dentro do nosso contexto, por suportabilidade entende-se
como a tolerância dos equipamentos frentes a distúrbios
da qualidade da energia elétrica fornecida.
A análise da suportabilidade de um equipamento
fundamenta-se em duas grandezas, sendo que uma se
relaciona às exigências dielétricas e, a outra, às condições
térmicas impostas.
Figura 1 - Formato de uma curva de suportabilidade dielétrica
II.1 – Curvas de Suportabilidade
A análise das formas típicas encontradas para as curvas
de suportabilidade sugere a utilização de funções
logarítmicas para a sua representação matemática. Desta
forma, a Fig. 2 apresenta um formato típico de curva de
suportabilidade dielétrica.
Para se avaliar a consistência dos pedidos de
ressarcimento por danos nos equipamentos, quando da
ocorrência de distúrbios no sistema elétrico de
distribuição, é utilizado o princípio da correlação entre
causas e efeitos, isto é, avaliação da intensidade dos tais
distúrbios e respectivo confronto com os padrões
dielétricos e térmicos considerados como admissíveis
pelos produtos[12]. Na atualidade se reconhece a
existência de procedimentos de ensaios que apontam para
a direção do estabelecimento destes padrões, ou seja, de
curvas de suportabilidade dos mais distintos produtos
empregados no mercado. No entanto há de se destacar a
inexistência de normas a serem obedecidas pelos
fabricantes de aparelhos eletroeletrônicos.
Os levantamentos bibliográficos revelam grande carência
de trabalhos que atendam a tais necessidades. Desta
forma, as curvas de suportabilidade são ainda
extremamente embrionárias e não oferecem, até o
momento, a confiabilidade desejada. As dificuldades
detectadas envolvem questões como: diversidade de
fabricantes de produtos similares, inexistência de normas
a serem atendidas, tempo de uso dos produtos [11].
Figura 2– Formato de uma curva típica de suportabilidade
dielétrica
 Região 1: Transitorios rápidos, impulsivos e de alta
frequência (descargas atmosféricas);
 Região 2: Fenômenos de menor frequência e maior
duração (chaveamento de um banco de capacitores);
 Região 3: Representação dos fenômenos atrelados
com elevação de tensão na frequência industrial.
II.1.1 – Suportabilidade dielétrica [11]
Suportabilidade dielétrica diz respeito ao limite máximo
de tensão suportada pelo equipamento, acima do qual a
capacidade de isolamento do aparelho seria violada
causando danos ao mesmo. Para se analisar tal
característica faz-se necessário considerar os efeitos dos
distúrbios que venham a se manifestarem na tensão de
suprimento, isto é: distorções harmônicas, variações de
tensão de curta e longa duração, oscilações de tensão,
entre outras.
Para a obtenção de tal curva de suportabilidade dielétrica
é realizado uma discretização do período de duração do
distúrbio e calculado, para cada instante, um indicador
que represente o efeito cumulativo da tensão. Tal
indicador é calculado através da equação (1) a seguir.
2
(1)
Onde :
VK - valor da solicitação dielétrica para um instante de
tempo qualquer;
Vi - valor instantâneo da tensão para um instante de
tempo qualquer;
n - número de amostras.
Figura 3: Curva CBEMA [3]
II.1.1.1 – Exemplos de curvas existentes: curvas CBEMA
e ITIC
A curva CBEMA (Fig. 3) surgiu no final da década de 70,
a partir de estudos feitos por Thomas Key, sobre a
confiança de suprimento de energia para as instalações
militares. Ela fornece os limites de tolerância para
computadores frente aos distúrbios de tensão na rede
elétrica.
Porém a maioria das publicações relacionadas ao tema
utiliza como referência a curva ITIC, publicada pelo
Comitê Técnico 3 (TC3) do Information Tecnology
Industry Council, anteriormente conhecido como
Computer & Business Equipment Manufacturers
Association. Trata-se de uma versão modificada da curva
CBEMA. Ela estabelece uma região limite dos níveis
Mínimos e Máximos de tolerância física e operacional
para os equipamentos. A Fig.4 apresenta a curva ITIC
que pode ser dividida em 4 regioes de acordo com a
duração do fenômeno:
Figura 4: Curva ITIC [4]
II.1.2 – Suportabilidade térmica [12]
Suportabilidade térmica diz respeito ao limite máximo de
corrente suportada pelo equipamento, acima do qual os
limites térmicos do aparelho seriam violados causando
danos ao mesmo.
 Região 1: Transitórios impulsivos de alta frequência
que tipicamente ocorrem a partir da incidência de
descargas atmosféricas;
 Região 2: Transitórios oscilatórios de baixa
frequência, os quais possuem uma duração
característica de aproximadamente ¼ ciclo;
 Região 3: Elevações de tensão com amplitudes de até
120% da tensão nominal RMS com duração do
distúrbio de 0,5 segundos;
 Região 4: Regime permanente de forma a descrever
uma tensão eficaz constante máxima de 10% do valor
nominal por um período indefinido de tempo.
A obtenção das curvas de suportabilidade térmica está
ligada ao conceito da energia (I²t) dissipada e permitida
pelos componentes que perfazem as partes mais sensíveis
dos dispositivos. Considera-se que a curva I²t
corresponde à máxima energia suportável pelo
equipamento, a qual é considerada como constante para
qualquer intensidade de corrente associada com o seu
correspondente tempo de duração. Desta forma, segue
que a equação (2) a seguir constitui-se no princípio físico
para o modelo estabelecido para a curva de
suportabilidade térmica.
(2)
3
Os distúrbios que frequentemente são observados no
sistema elétrico, principalmente na rede de média tensão,
podem ser de origem transitórias ocasionadas por
descargas atmosféricas e manobras na rede, podem ser
sobretensões e subtensões de longa e curta duração e
podem ser ocasionados por harmônicos existentes na
rede, gerados por cargas não lineares como os próprios
aparelhos eletrônicos. A tabela 1 indica os tipos de
distúrbios apresentando sua duração e magnitude.
Onde:
i(t) - valor instantâneo da corrente, em ampere (A),
responsável pela dissipação da energia térmica máxima
admissível pelo equipamento;
TD - intervalo de tempo, em segundos, durante o qual o
equipamento foi submetido ao esforço de corrente supra
caracterizado;
J - energia máxima admitida pelo equipamento.
Tabela 1 – Tipos de Distúrbios, Duração e Magnitude
Uma vez conhecida à energia máxima admissível pelo
equipamento, valor representado por J e que será mantido
inalterado para qualquer situação operacional, torna-se
factível a obtenção de sua correspondente curva de
suportabilidade térmica. Para tanto, basta obter, para cada
intervalo de tempo de exposição aos esforços, o
correspondente valor de corrente. Assim, a partir da
equação anterior podem ser escritas as expressões a
seguir.
(3)
III – TELEVISORES
(4)
Um trabalho publicado no Seminário Nacional de
Produção e Transmissão de Energia Elétrica realizou
ensaios de sobretensão de curta e longa duração e ensaios
de impulso atmosférico em algumas amostras de TV’s
novas e usadas [7]. Outro trabalho [8] realizou ensaios
em TV’s a fim de analisar quais as consequências
causadas por harmônicos nestes equipamentos. Os
resultados são apresentados a seguir.
Uma curva de suportabilidade térmica típica é ilustrada
pela Fig 5.
III.1 – Sobretensões em regime permanente
Realizou-se ensaios em seis amostras de TV’s de 20”
(Un=220V), sendo três aparelhos novos e três usados.
Aplicou-se sobretensões a 60 Hz variando a tensão de
1,05 a 1,8 pu com tempo de exposição de 30 seg, 1 min e
5 min. Para as TV’s novas, obteve-se os seguintes
resultados contidos na Tabela 2.
Fig.5– Formato de uma curva típica de surtabilidade térmica
Tabela 2 – Suportabilidade em regime de TV’s novas
II.1 – Tipos de distúrbios
O conhecimento dos mais variados distúrbios que um
sistema elétrico pode estar exposto é de suma importância
no contexto de suportabilidade de equipamentos
eletrodomésticos. Nas referências [9], [14], [15] e [16]
podem ser encontrados conceitos, definições e uma
extensa descrição dos distúrbios relacionados com a
QEE.
3A – Operação adequada de todas as amostras;
1D – Uma das amostras apresentou disfunção;
2D – Duas amostras apresentaram disfunção;
2Q – Duas das amostras sofreram queimas;
4
Os equipamentos apresentaram distúrbios a partir de 1,6
pu de tensão, sendo que dois deles queimaram na faixa de
1,8 pu com tempo de exposição igual a 5 min. Uma
avaliação feita indicou que o elemento que sofreu a
primeira avaria durante o ensaio foi o capacitor de filtro
de entrada de alimentadores de TV’s.
III.3 – Harmônicos
Foi realizado ensaios em TV’s submetendo-as sobre o
efeito de harmônicos a fim de verificar quais os danos
causados. Através desses ensaios foi comprovado que
harmônicos na rede podem causar distorções na imagem
dos aparelhos.
A tabela 3 apresenta os resultados para as TV’s usadas.
Nesse ensaio, ocorreu a queima de uma das amostras no
momento em que esta foi submetida a uma tensão de 1,75
pu, por um intervalo de 5 minutos. Uma das amostras
apresentou disfunção momentânea para a tensão de 1,7 pu
em 30 seg., porem esta voltou a operar normalmente após
a sequência de testes.
IV. REFRIGERADORES
Em uma dissertação de mestrado apresentado na
Universidade Federal de Uberlândia [2], foram realizados
alguns ensaios de suportabilidade com alguns
equipamentos eletrodomésticos que funcionam à força
eletromotriz, como refrigerador, freezer, ar-condicionado,
máquina de lavar roupas e lava louças. Como todos estes
aparelhos tiveram comportamentos semelhantes, será
apresentado aqui os resultados apenas para o refrigerador.
Tabela 3 – Suportabilidade em Regime de TV’s usadas
VI.1 – Sobretensão
Foi aplicada uma tensão de 1,2 pu durante 10 ciclos, na
frequência de 60 Hz, sobre o aparelho. Para este caso não
ocorreu
nenhuma
mudança
significativa
no
funcionamento, apenas um incremento no valor de pico
da corrente.
3A – Operação adequada de todas as amostras;
1D – Uma das amostras apresentou disfunção;
1Q – Uma das amostras sofreu queima;
III.2 – Sobretensão de Origem Transitória
VI.2 – Subtensão
Realizou-se ensaios sobre tensão impulsiva em cinco
TV’s de 14”, sendo duas usadas e três novas.
Considerando vários fatores como resistência de
aterramento do transformador de 160Ω, 500Ω e
teoricamente infinito, comprimento da rede de baixa
tensão igual a 30 m, impedância de surto igual a 400Ω,
entre outros, chegou-se nas tensões de pico próximas a 4,
6 e 8 kV.
Foi aplicada uma tensão de 0,6 pu durante 10 ciclos, na
frequência de 60 Hz. Este foi o distúrbio mais prejudicial
ao equipamento devido aos altos picos de correntes.
Porém não houve queima do aparelho.
VI.1 – Interrupção de tensão
O refrigerador testado suportou até 7 ciclos de
interrupção. Com interrupções maiores que a
mencionada, o aparelho desligou.
Os ensaios foram realizados no LAT-EFEI, utilizando a
forma impulsiva padrão (1,2 x 50 µs), foi aplicado 5
impulsos para cada nível de tensão (4, 6 e 8 kV) com os
equipamentos desligados, sendo que estes eram ligados
em cada intervalo de um impulso para o outro, a fim de
verificar o funcionamento do aparelho. Posteriormente foi
aplicado impulsos com os equipamentos ligados à rede.
VI.1 – Flutuação de tenção e Distorção harmônica
Não houve nenhuma alteração no funcionamento perante
aos níveis de flutuações de tensão e distorção harmônica
aplicados que foram de Pst = 5pu e DHT = 20%,
respectivamente.
As amostras novas apresentaram comportamentos
distintos, porém, uma delas apresentou um ótimo
resultado indicando um projeto adequado. Já os
equipamentos usados também obtiveram desempenhos
distintos durante o ensaio, mas isso não foi suficiente
para comprometer seu funcionamento.
V. MICROCOMPUTADORES
Foi utilizando o artigo: “Electronic Equipment Dielectric
and Thermal Withstand Capability Curves for Refunding
Analysis Purposes” [4] para obtenção e análise dos
resultados e curva de suportabilidade do eletrodoméstico
microcomputador.
Através dos resultados dos ensaios de impulso de tensão
concluiu-se que para os níveis adotados, em nenhuma das
aplicações foi observada a ocorrência de descargas
internas ou externas, sendo que após todas as sequências
de solicitações impulsivas, os equipamentos sob teste
foram conectados a rede e operaram adequadamente,
assim pode-se afirmar que os limites de suportabilidade
deste equipamento é maior do que os analisados.
Foram analisadas 10 amostras de microcomputadores as
quais foram submetidas a três tipos de ensaios, os
resultados são apresentados a seguir.
5
V.1 – Sobretensões moderadas em frequência industrial
Tabela 6 – Suportabilidade em microcomputadores ensaio 3
Realizaram-se ensaios em duas amostras de
microcomputadores, uma com e outra sem o uso de
estabilizador de tensão. Através de um transformador de
15kVA 220/800 V foi-se elevando a tensão até a situação
em que o eletrodoméstico aprensetou falha em sua
isolação, obtendo-se portanto os resultados contidos na
Tabela 4.
PC
5
6
7
8
9
Tabela 4 – Suportabilidade em microcomputadores ensaio 1
PC
1
2
Estabilizador
de tensão
Não
Sim
Tensão (V)
396
440
Tempo de
exposição (s)
4,8
0,5
Estabilizador
de tensão
Sim
Sim
Não
Não
Não
Tensão (V)
3822,19
4055,44
3747,55
4913,8
5056,86
Tempo de
exposição (s)
15,38*10-6
16,00*10-6
12,67*10-6
13,00*10-6
13,52*10-6
Com base nos valores e ensaios realizados e acima
expostos foi possível o levantamento da curva de
suportabilidade de um microcomputador doméstico, que é
apresentada na Figura 6:
V.2 – Alta tensão aplicada em frequência industrial
Realizaram-se ensaios em duas amostras de
microcomputadores, ambas com o uso de estabilizadores
de tensão nas quais o circuito de ensaio em sua entrada
utilizava um disjuntor de 40 A e um transformador com o
qual era possível obtenção de níveis de tensão a níveis
industriais, no circuito não havia controle na tensão
aplicada no equipamento, entretanto a mesma era
monitorada até detecção de falha nos microcomputadores
ensaiados, os resultados do ensaio 2 são apresentados na
Tabela 5:
Figura 6 – Curva de suportabilidade de um microcomputador
sem uso de estabilizador de tensão.
Tabela 5 – Suportabilidade em microcomputadores ensaio 2
PC
3
4
Estabilizador
de tensão
Sim
Sim
Tensão (V)
2000
1600
Tempo de
exposição (s)
0,12
0,25
VII. MICROONDAS
VI.1 – Afundamento de tensão
Foram testados 2 fornos de microondas de diferentes
marcas. É interessante notar neste caso que para os dois
fornos de microondas, foram obtidas correntes distintas.
Sendo assim, as figuras 7 e 8 apresentam as tensões e
correntes obtidas para as duas amostras, durante um dos
eventos registrados no monitoramento. Fica evidente o
diferente
comportamento
dos
equipamentos,
principalmente em regime permanente de operação das
duas amostras de fornos de microondas avaliadas.
V.3 – Impulsos transitórios
Realizaram-se ensaios de impulsos transitórios de acordo
com as normas IEEE C6241, C6234, C6245 e IEC616431, IEC61000-4 -5 em cinco microcomputadores, nos
quais dois foram realizados utilizando-se estabilizadores
de tensão e três sem o uso.
Tais normas estabelecem dois padrões de formas de onda,
na primeira o pico de tensão é alcançado em 1,2µs e 50%
do valor máximo é alcançado em 50µs durante o tempo
de acomodação da onda.
Já a segunda forma de onda padrão possui seu valor
máximo de corrente em 8µs enquanto que o valor 50%
deste é obtido em 20µs durante o tempo de acomodação
da onda. Os resultaos do ensaio 3 são apresentados na
Tabela 6:
Figura 7: Resposta de corrente frente um afundamento de
tensão, aparelho 1
6
 Sobretensões nas redes de BT atreladas com a
ocorrência de fenômenos oriundos da queda de cabos
da média sobre os condutores de baixa tensão;
 Transitórios
impulsivos,
representativos
da
incidência de distúrbios vinculados com descargas
atmosféricas.
Os valores de tensão e respectivos tempos de exposição
até a manifestação de danos físicos para os aparelhos
contemplados nos estudos encontram- se sintetizados na
tabela 8.
Figura 8: Resposta de corrente frente um afundamento de
tensão, aparelho 2
Tabela 8 - Tensões Limites Para Aparelhos de Som
VIII. APARELHO DE SOM
Aparelho
de Som
1
2
3
4
5
6
Em uma tese de doutorado apresentada à Universidade
Federal de Uberlândia, avaliou-se o comportamento de
eletrodomésticos frente a alguns distúrbios na QEE.
Dentre os equipamentos, foram avaliados diversos
aparelhos de som e obtidos resultados relacionados com
suas suportabilidade térmica e dielétrica. Para isso foram
reproduzidos fenômenos associados à descarga
atmosférica, realizados ensaios de sobretensão a
frequência industrial e ensaios de sobretensão em média
tensão nos cabos de baixa tensão.
Ensaio
Tensão (V)
Duração t(s)
Ensaio 2
Ensaio 2
Ensaio 2
Ensaio 3
Ensaio 3
Ensaio 3
2399
2000
2400
3436,5
5616,7
5598,0
0,1
0,250
0,1
10,71*10-6
7,06*10-6
9,38*10-6
IX. APARELHOS DE DVD
VIII.1 – Obtenção da suportabilidade térmica
IX.1 – Sobretensão impulsiva
A fim de traçar curvas de suportabilidade térmica, foi
obtido a energia térmica máxima admissível por cada
aparelho de som. Para isso, os equipamentos foram
expostos à impulsos de corrente. O primeiro equipamento
testado foi exposto a um impulso com valor de pico de
4,58 KA e com um tempo de exposição de 9,38
microsegundos foi constatado dano. Desta forma, a
energia térmica máxima até a queima do aparelho foi de
72,59 A²s. Os resultados dos outros equipamentos
testados são resumidos na tabela 7.
Realizou-se ensaios em 5 aparelhos de DVD, a
metodologia do ensaio foi semelhante à mencionada na
seção III.2 com a diferença que foram aplicados 5
impulsos de 8 [KV] com os equipamentos à vazio
(desligados) e com carga (ligados). Após cada aplicação
os aparelhos foram testados para conferir sua
funcionalidade e após todas as aplicações foram
submetidos a 10 horas de funcionamento a fim de
constatar qualquer tipo de defeito. Foram avaliados Dvd’s
de três marcas diferentes, denominados de A-3, B-3, C-3,
D-3 e E-3.
Tabele 7 - Energia Térmica Máxima
Aparelho
de Som
1
2
3
Condição
Novo
Novo
Usado
Duração
t(s)
10,71
9,38
7,06
Energia
J(A²*s)
69,69
72,59
77,35
VIII.2 – Obtenção da suportabilidade dielétrica
Para o processo de obtenção das curvas de
suportabilidade dielétrica dos aparelhos de som, a
estratégia empregada consistiu na realização de ensaios
destrutivos, sob o ponto de vista de tensões, através da
aplicação dos seguintes eventos:
Figura 8: Impulso de 8KV(C-3)
 Sobretensões em baixa tensão (BT) e destinadas à
avaliação de desempenho dos equipamentos sob
condições de níveis de tensão representativos de
distúrbios típicos à frequência industrial ;
7
submetidos à sobretensões, subtensões e harmônicos, os
resultados indicaram alguns defeitos nos equipamentos.
Desse modo é de extrema importância os estudos ligados
a Qualidade da Energia Elétrica a fim de mitigar os
problemas relacionados ao assunto.
REFERÊNCIAS
Figura 9: Impulsos reduzidos (inicial e final C-3)
[1] Bacca, Ivandro Antônio, Modelagem para análise de
desempenho de eletrodomésticos à força motriz
diante de distúrbios de qualidade da energia, 2008.
[2] Power
Quality
In
Electrical
Systems,
<http://www.powerqualityworld.com/2011/04/cbema
-curve-power-quality-standard.htm l> Asseço em
05/09/2014.
[3] Martins, Edélcio Antônio, Elaboração de Curvas de
Suportabilidade para Microcomputadores e Estudo
de Desempenho de Dispositivos Mitigadores para
Subsidiar os PID’s, 2012.
[4] Gondim, I.N. ; Tavares, C.E. ; Barbosa, J.A.F. ;
Oliveira, J.C. ; Delaiba, A.C. ; Mendonca, M.V.B.,
“Electronic equipment dielectric and thermal
withstand capability curves for refunding analysis
purposes”, Electrical Power Quality and Utilisation
(EPQU), 2011.
[5] Koval, D.O., Computer performance degradation due
to their susceptibility to power supply disturbances,
Conference Record of the 1989 IEEE, 1989.
[6] LAT/UNIFEI – Relatório técnico, “Suportabilidade
Dielétrica de Televisores Frente a Impulso
Atmosférico”, Itajubá/MG, Outubro de 2003.
[7] Oliveira, H.R.P.M.; Jesus, N.C.; Viecili, G.B.;
Castoldi, F.T.; Nonenmacher, C.F.B.; Avaliação do
Desempenho de Equipamentos Eletrodomésticos
Durante Ensaios-Resultados de Simulações. Paraná,
Curitiba, 2005.
[8] Gondim, I.N.; Dias, G.S.; Bacca, I.A.; Modelagem
de Condicionadores UPS Estático (No Break) Sob
Condições Não Ideais de Alimentação na Plataforma
ATP. Minas Gerais, Uberlândia.
[9] Dugan, R.C.; Mcgranaghan, M. F.; Santoso, S.;
Beaty, H. W.; “Electrical Power Systems Quality”,
2nd. Ed., McGraw-Hill, 2003.
[10] Mendonça, M. V. B.; “Contribuições ao processo
Computacional para Análise de Pedidos de
Indenização por Danos em Equipamentos Elétricos”.
Tese de Doutorado, Universidade Federal de
Uberlândia, Uberlândia,2010.
[11] Tavares, C. E.; “Uma Estratégia Computacional para
a Análise Técnica de Pedidos de Ressarcimento de
Danos a Consumidores”. Tese de Doutorado,
Universidade
Federal
de
Uberlândia,
Uberlândia,2008.
[12] Godin, I. N.; “Contribuições para o Aplicativo APR:
Novos Limites de Suportabilidade, Perturbações via
Medições e Sistematização no Processo da
Configuração da Rede Elétrica”. Tese de Doutorado,
Universidade
Federal
de
Uberlândia,
Uberlândia,2012.
Figura 10: Impulso de 8KV(B-3)
Figura 11: Impulsos reduzidos (inicial e final B-3)
Os ensaios realizados com as cinco amostras de DVD’s
demonstraram que nenhuma delas apresentou “queima”.
Com relação às respostas aos impulsos reduzidos inicial e
final, as duas primeiras amostras (A-3 e B-3) não
apresentaram diferenças que merecessem destaque. As
demais amostras (C-3, D-3 e E-3) apresentaram
diferenças que podem ser classificadas como média e
“acentuada”, mas que não comprometeram a operação
normal dos aparelhos. A tabela 9 apresenta um resumo
das solicitações durante os testes impulsivos em DVD’s.
Tabela 9 - Resumo dos testes em DVD’s
X. CONCLUSÕES
De posse de todos os parâmetros apresentados aqui neste
trabalho, conclui-se que os equipamentos analisados
apresentaram um ótimo resultado para os ensaios
realizados frente às tensões impulsivas, porém quando
8
[15] Kennedy, B. W., "Power Qualit y Primer", McGrawHill, 2000.
[16] Bollen, M. H .J., "Understanding Power Quality
Problems: Voltage Sags and Interruptions",
Piscataway, IEEE Press, 2000.
[13] Oliveira, H. R. P. M.; JESUS N. C .; MARTINEZ M.
L. B.,;"Avaliaçao do Desempenho de Equipamentos
Eletrodomésticos Durante Ensaios de Sobretensões”
XVIII SNPTEE, Curitiba, 2005.
[14] Arrillaga, J. and ARNOLD C.P., "Power Systems
Electromagnetic Transients Simulation", IEE Power
& Energy Series, 39 - Institution of Electrical
Engineers, 2002.
9
Download