Área Temática: Historia de la Contabilidad Palavras-chaves: contabilidade, Roma, civilização, público, privado 1 A EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE NA CIVILIZAÇÃO ROMANA Autores: Miguel Maria Carvalho Lira Mestre em Contabilidade e Auditoria da Universidade Aberta e-mail: [email protected] Maria da Conceição da Costa Marques Professora Adjunta no Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra Doutoranda em Contabilidade e-mail: [email protected] / [email protected] RESUMO Antes do início da Idade Média, e respectivo retrocesso e estagnação de todos os aspectos da sociedade europeia, a Contabilidade atingiu a sua mais alta expressão no império romano. Nessa civilização era utilizada uma série de livros de registo que constituía um sistema ordenado. O desenvolvimento da Contabilidade foi paralelo ao da administração pública e das empresas agrícolas: era já usada uma série de livros de registo que constituía um sistema ordenado, devendo-se, assim, aos romanos a primeira grande contribuição para o desenvolvimento da Contabilidade, o que pode ser comprovado pela existência de alguns conceitos contabilísticos. A comprovar a importância da Contabilidade na civilização romana temos o elevado número de livros contabilísticos existentes. INTRODUÇÃO Não será de todo descabido supor que a noção de conta e, consequentemente, de Contabilidade, seja tão antiga como a origem da vida do homem em sociedade. Alguns historiadores fazem remontar os primeiros sinais objectivos de existência de contas aproximadamente a 4.000 antes de Cristo (a.C.). 2 O certo é que o homem primitivo, ao inventariar o número de instrumentos de caça e pesca disponíveis ou ao contar os seus rebanhos e as suas ânforas de bebidas, já estaria a praticar uma forma rudimentar de Contabilidade. Esta opinião é partilhada por Costa (1988, pg. 5), pois para este autor a Contabilidade nasceu “logo que o homem primitivo sentiu a necessidade de controlar os animais que possuía, utilizando como processo de contagem e registo as inscrições feitas nos troncos das árvores ou seixos, representativos do número de cabeças do seu rebanho”. Com efeito, o facto de este gravar em rochas ou em placas de material diverso aquilo que podemos considerar como os primeiros vestígios de Contabilidade tinha como objectivo registar para não esquecer, bem como assegurar o posterior controlo dos seus bens, direitos e obrigações. Por outras palavras, e como refere Barata (1998, pg. 124), estas inscrições permitiam-lhe controlar tudo o que estava incluído no seu património. Antes do início da Idade Média, e respectivo retrocesso e estagnação de todos os aspectos da sociedade europeia, a Contabilidade atingiu a sua mais alta expressão no império romano. Por exemplo, podemos já adiantar que nessa civilização era utilizada uma série de livros de registo que constituía um sistema ordenado. Neste contexto, o objectivo principal deste trabalho passa por descrever a Contabilidade romana, tanto a um nível público como privado. Tendo este objectivo em mente, dividimos o trabalho em 2 pontos principais: 1 – Breve Contextualização Histórica da Civilização Romana 2 – A Contabilidade Romana No primeiro, e como o próprio título o indica, será realizada uma breve dissertação sobre a história romana, focada sobretudo nos aspectos que mais interessam para atingir o objectivo apresentado. No segundo capítulo, iremos debruçar-nos sobre os diversos aspectos da Contabilidade romana, realizando uma análise sobre os principais aspectos da Contabilidade comercial, “familiar”, bancária e pública. Por fim, serão apresentadas as principais conclusões a que chegámos. 3 1 – BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA CIVILIZAÇÃO ROMANA Em 753 a.C., na planície que vai dos Apeninos ao Mediterrâneo, começou a estruturar-se um dos mais fortes impérios da Antiguidade. Foi ele que dominou a maior parte do mundo antigo1, tornando-se assim o centro político-económico da época, vindo a ter forte influência na formação da sociedade ocidental. Embora seja apontado o ano de 753 a.C. como data tradicional da fundação de Roma, para Griffin (1991, pg. 2), os antepassados dos romanos deviam incluir povos que entraram na Península Itálica pelo norte, provavelmente não num único grupo, chegando ao local onde se ergueria a Urbe2 por volta de 1000 a.C., tendo-se aí misturado com outros povos. Rómulo, o lendário fundador de Roma, contribuiu para esta mistura ao acolher os refugiados e os membros expulsos de outras localidades. A composição do povo fundador da Urbe era, para Coulanges (1981, pgs. 438439), “... estranhamente mesclado. O seu principal fundo era latino e originário de Alba, mas estes próprios albanos, (...), compunham-se de duas populações associadas e não confundidas; uma, a raça aborígene, verdadeiros latinos, a outra de origem estrangeira”. No início do século V a.C., os romanos não controlavam mais do que uma pequena parte do centro da actual Itália, exercendo o seu domínio sobre aproximadamente 900 Km2 de território, que iria ser gradualmente alargado. Assim, em 264 a.C., esta pequena cidade já chefiava uma só liga italiana3, que abrangia um território com uma extensão aproximada de 100.000 Km2. Após apenas um século os romanos já se estendiam por todo o Mediterrâneo, através de conquistas e alianças, tendo atingido o seu apogeu no governo do Imperador Trajano (98-117). Nessa altura, o império estendia-se desde o Danúbio ao Reno, da Ásia Menor à Península Ibérica, incluindo territórios tão díspares como a Síria, a Palestina, o Egipto, o Norte de África, a Gália e a Bretanha. Era um total de quarenta e três províncias para administrar, numa extensão de 4.000 quilómetros no sentido este-oeste e de 3.700 quilómetros no sentido norte-sul, e com uma população estimada entre 50 a 60 milhões de habitantes (Atlas de Arqueologia, pg. 170). 1 É englobado nesta expressão todo o mundo mediterrânico. 2 Urbe é um sinónimo de Roma. 3 Este período ficou marcado pelas grandes obras de engenharia romana: a construção da Muralha Serviana defensiva à volta de Roma, e de complexos sistemas de estradas e aquedutos (Atlas da Arqueologia, pg. 168). 4 Figura 1 – O Império Romano no seu apogeu: Império de Trajano Fonte: www.roman-empire.com O princípio do fim desta poderosa e influente civilização resultou da combinação de vários factores internos e externos. Quanto aos factores externos, temos as movimentações de povos a que os romanos chamavam de bárbaros4. Os Hunos, sob a liderança de Átila, partiram do actual território da Rússia e espalharam-se pela Europa central e do norte, forçando os Godos e Visigodos a dirigirem-se para oeste e a atacar as fronteiras romanas. De entre os factores internos, a anarquia militar e as constantes lutas internas pelo poder, salientam-se como os que mais relevância tiveram na derrocada do Império. 4 Os romanos chamavam bárbaros aos povos que viviam no espaço geográfico que circundava o seu território, por estes serem rudes e desconhecedores dos primores da civilização romana. 5 É de notar que a civilização romana percorreu, durante a sua existência, três regimes políticos distintos: 1. Monarquia: desde a criação da cidade até 509 a.C.5; 2. República: entre 509 a.C. até 27 a.C., ano da coroação do Imperador Octávio, sendo-lhe conferido o título de Augustus; 3. Império: desde 27 a.C. até à queda do Império6. 2 – A CONTABILIDADE ROMANA A economia da Idade Antiga chegou ao seu apogeu no período romano. Os intercâmbios comerciais eram realizados por todo o Império, e entre este e o mundo bárbaro para lá das suas fronteiras. Assim, não é de estranhar que a Contabilidade dos velhos tempos tenha atingido a sua mais alta expressão no Império Romano. O desenvolvimento da Contabilidade foi paralelo ao da administração pública e das empresas agrícolas: era já usada uma série de livros de registo que constituía um sistema ordenado, devendo-se, assim, aos romanos a primeira grande contribuição para o desenvolvimento da Contabilidade, o que pode ser comprovado pela existência de alguns conceitos contabilísticos. Por exemplo, e de acordo com Lamarr7, citado por Hendriksen (1970, pg. 26), um arquitecto romano afirmava que a valorização de uma parede não podia ser só determinada pelo seu custo, mas sim após dedução a este de um oitavo por cada ano que a parede havia estado de pé, isto é, a utilização de uma taxa de amortização de 12,5%. O objectivo da Contabilidade romana era similar ao dos períodos anteriores, visto que apenas pretendia medir o grau de eficácia dos responsáveis da administração dos 5 Tradicionalmente o número de Reis que governou Roma foi 7, mas Cornell (1995, pgs. 120-121) afirma que este número poderá ter sido outro, apoiando-se, essencialmente, na falta de evidências históricas desse período. 6 No ano de 476 cai, nas mãos de Odacer, líder Germânico, o império romano do ocidente, e em 1453, acaba o império romano do oriente quando Constantinopla é conquistada pelos Turcos (Centeno, 2002, pg. 302, e Enciclopédia Luso Brasileira de Cultura, Vol. 3, pgs. 1403 a 1413). 7 Lamarr, Layondon (1923). Rate making for public utilities. McGraw Hill Books Co., Inc. Nova Iorque, pg. 51. 6 bens e propriedades – privadas ou públicas – através de registos exactos e minuciosos. Por outras palavras, estes registos tiveram sobretudo a ver, inicialmente, com o controlo da prosperidade das famílias e da respectiva comunidade. Depois, com a expansão do seu território e o desenvolvimento da actividade económica, alargou-se a aplicação dos registos contabilísticos à actividade pública e à actividade comercial. Para Barriocanal (1996, pg. 753), a Contabilidade romana não tinha tanto a finalidade de medir um rendimento, proveito ou custo, mas antes manter um registo das operações realizadas, com o fim de vigiar possíveis fraudes na gestão e administração de actividades realizadas por terceiros, para além de os livros escriturados deverem ser apresentados ao Census para exame e verificação, tendo consequências directas na posição social do cidadão na sociedade romana. Em matéria de escrituração contabilística, muito pouco se sabe da época monárquica. Aliás, mesmo nos dois outros sistemas de governo, a documentação acumulada é muito exígua e as notícias são fragmentadas e indirectas. O pouco que se sabe dos períodos republicano e imperial tem por base mais os comentários e testemunhos de escritores da época do que, efectivamente, documentos contabilísticos que se tenham conservado. Contudo, podemos afirmar que nos tempos da República, a Contabilidade romana atingiu um enorme grau de perfeição, continuando a evoluir no período imperial devido, em parte, ao facto de os romanos terem sido excelentes administradores, sendo lógico supor que bons administradores teriam bons registos contabilísticos. Para Cosenza (1999, pg. 87), não se poderá duvidar de que os romanos tiveram profundos conhecimentos contabilísticos, visto que os factos reais levam à conclusão que a Contabilidade foi importante para aquela civilização. Um exemplo, entre outros, que podiam ser apresentados, tendo em consideração que os efectivos militares romanos estavam dispersos por vastos territórios8, o Estado Romano teria que dispor de alguma forma de contabilização e controle desse quantitativo, bem como da gestão financeira dos pagamentos dos salários recebidos pelos soldados das diversas legiões romanas. Além disso, os exércitos teriam de manter o controle de todo o suprimento de comida, armas e outros bens ou materiais necessários para as frequentes operações militares. Assim, “sem um sistema contábil eficiente e eficaz, seria humanamente impossível se manter 8 No ponto 1. referimo-nos em pormenor à vastidão do território controlado por Roma. 7 uma supremacia política, económica e social por tanto tempo, como o fez a civilização romana”. A importância que a Contabilidade tinha para os romanos torna-se bem patente nas palavras de Lopes de Sá (1998, pg. 42): “os dados contabilísticos mereciam considerações derivadas de estudos e as decisões eram tomadas a partir delas”. Não obstante o desenvolvimento da Contabilidade na civilização romana, nenhum proprietário de terras podia estimar, baseando-se na informação contida nas suas contas, o rendimento líquido de cada bem (trigo, vinho, azeite, etc) de forma separada, nem tão pouco as consequências financeiras e económicas de empregar maior ou menor quantidade de mão de obra nas suas terras ou o valor que tinha a quantidade de produto dado aos empregados como salário. Era-lhe praticamente impossível determinar, em perspectiva ou em retrospectiva, a rentabilidade da ampliação do seu capital. Isto derivava do facto de não se registar ou anotar cada um dos conceitos anteriores de forma separada. Só apenas num sentido limitado, as contas romanas reflectiam a distinção elementar entre capital e rendimento, pois não existia o interesse em calcular a taxa de proveitos ou das perdas (Romero [et al.], 1997, pg. 699). Vlaemminck9, citado por Barriocanal (1996, pg. 764), chama a atenção para a aparição frequente da palavra “Capital” na Contabilidade romana. Este vocábulo reflecte as quantidades entregues pelos proprietários do negócio aos seus administradores ou gestores, denominado curatorer calendarii que tinham de fazer contas com o seu senhor. Estes administradores anotavam o que o proprietário lhes havia entregue e que posteriormente, lhe iam devolvendo, como se estivessem perante uma dívida a um terceiro. Segundo o autor, não se tratava de sistema de partida dobrada, mas sim o que se poderá denominar de Contabilidade de gestão. 2.1 - Contabilidade Privada 2.1.1 – Contabilidade Comercial 9 Vlaemminck, J. H. (1961). Historie y doctrinas de la contabilidad. Ed. E.J.E.S. Madrid. 8 A comprovar a importância da Contabilidade na civilização romana temos o elevado número de livros contabilísticos existentes. Gonçalves da Silva (1970, pg. 35) aponta como principais livros usados na Contabilidade privada o Kalendarium, o Adversaria e o Codex Rationum. A estes, Lopes Amorim (1969, pg. 59) acrescenta o Commentarius e o Codex Accepti et Expensi. Segue-se uma breve descrição de cada um deles: • Commentarius (ou Libellus): este livro servia apenas para registar, preliminarmente, o facto contabilístico exactamente como havia sido constatado ou ocorrido. Era como um livro de primeiras anotações. Tendo por função referenciar meramente os factos, os registos contabilísticos efectuados neste livro não obedeciam a nenhuma regra, nenhuma sistematização ou metodologia prévias. • Adversaria (ou Ephemeris): era o livro para o qual se passava o movimento do Commentarius, tendo um carácter provisório, já que as suas inscrições eram periódica e cuidadosamente transcritas para outros livros contabilísticos. • Codex Accepti et Expensi: destinava-se ao assento das operações ou contratos literais10 do cidadão romano. Para Murray (1978, pg. 126) a sua exacta forma deu azo a muita discussão, mas é quase certo que este Codex tinha uma apresentação que permitia mostrar os débitos e os créditos ao mesmo tempo, provavelmente em páginas opostas, isto é, as entradas eram anotadas numa página e as saídas noutra. Eram também anotadas a data, o género e a importância de todas as transacções. • Codex Rationum (ou Tabulae Rationum): este livro era formado por sequências sucessivas de duas páginas. Deste modo, as entradas eram registadas na accepti pagina, e as saídas na expensi pagina. O conjunto accepti pagina/expensi pagina referia-se, portanto, a uma conta (ratio) e os lançamentos a débito eram designados ratio accepti e os realizados a crédito ratio expensi. Segundo Gonçalves da Silva (1970, pg. 36), o Codex Rationum era conservado e podia, na 10 Os contratos literais são aqueles em que as obrigações resultam da escrita. Os antigos contratos literais romanos são, em geral, mal conhecidos, dada a escassez de fontes a seu respeito. 9 falta de testemunhas, utilizar-se como meio de prova. Dos livros já referidos, era o único que tinha força probatória reconhecida pelo Direito da República11; • Kalendarium: aqui se registavam os capitais cedidos, os nomes dos devedores, a quantia em dívida, os juros mensais, os dias em que se venciam, etc. O escravo que tinha à sua responsabilidade este livro era conhecido como calendarius. Segundo Sarmento (1997, pg. 602), o nome deste livro provém da data habitual de pagamento dos juros, isto é, nas calendas (primeiros dias) de cada mês. A ordem de registo nestes livros era, segundo Zurdo12, citado por Gomes (2000, pg. 27), a seguinte: os factos contabilísticos, primeiramente registados no Adversaria, eram transportados depois para o Codex Accepti e Expensi e, posteriormente, abrangendo-se agora as contas mensais, eram registados no Codex Rationum. Contudo, como não eram só os comerciantes e os banqueiros que tinham o hábito de realizar registos contabilísticos, dado que os particulares também tinham a sua Contabilidade “familiar”13. Nela eram usados dois outros livros, a saber: • Liber Patrimonii (ou Libellus Familiae): de carácter mais fiscal e instituído pela reforma fiscal do ano de 67 a.C., era um livro onde cada pater familias14 procedia ao registo da sua riqueza, bem como das modificações que se operassem nas terras, alfaias15 e no ouro que possuísse. É de realçar que “a Contabilidade privada de cada pai de 11 Durante o Império, só os livros de escrituração bancária faziam prova não só entre si, como também contra terceiros. 12 Zurdo, José Mari Cañizares (1996/97). Ensayo Histórico sobre Contabilidad. Reprodução fotográfica da versão original publicada em Málaga em 1933, com um estudo introdutório escrito por Daniel Carrasco Diáz e Francisco González Gomila, AECA, pg. 25. 13 Em Roma, tal como na Grécia, o emprego de algumas horas diárias na prática da Contabilidade pessoal era vista como uma actividade saudável, pois possibilitava o conhecimento da movimentação do dinheiro e o motivo de eventuais perdas. 14 Pater familias era o chefe da família, isto é, o seu patriarca. É de referir que também os tutores e outros guardiães tinham de preparar inventários, ter registos exactos de todas as propriedades, rendimentos, investimentos e despesas dos pupilos ou menores a seu cuidado. 15 Alfaia é uma jóia ou adorno de valor. 10 família servia de base para a declaração a apresentar ao Estado16, que cada um tinha o dever de fazer da sua fortuna, de cinco em cinco anos” (Zurdo17, citado por Gomes, 2000, pg. 27). • Tabula Rationum Domesticarum: era usado na Contabilidade doméstica, onde se escrituravam as receitas e despesas feitas diariamente. Tendo por base todos os livros contabilísticos romanos referenciados, Serrano (1971, pg. 4) indica que o Commentarius corresponderia ao Borrão, o Adversaria ao Diário, o Codex Accepti et Expensi ao Caixa, e o Codex Rationum ao Razão. Existem, porém, opiniões divergentes como a de Gonçalves da Silva (1970, pg. 35) que afirma que o Adversaria corresponderia ao Borrão ou Memorial, sendo que a existência destas divergências está bem patente na obra Digressão através do vetusto mundo da Contabilidade de Lopes Amorim (1969, pg. 59): “o Adversaria (...) segundo uns, correspondia ao Memorial, e, segundos outros, ao Diário moderno”. Não obstante estas divergências, o que interessa retirar daqui será a real correspondência entre alguns livros contabilísticos usados pelos romanos e os actuais, o que vem provar, por si só, o avançado estado de desenvolvimento da Contabilidade na civilização romana. De acrescentar que o profissional que se ocupava da Contabilidade era designado por calculator rationarius ou a rationibus. De início, o calculator era um mestre de escrita e um professor de aritmética que utilizava o abacus18, entre outros instrumentos, para ensinar. Com o tempo, o nome calculator passou a aplicar-se ao indivíduo que tinha a seu cargo a Contabilidade. 16 Belkaoui (1994, pgs 1 e 2) refere que era a partir destas declarações financeiras, e dos rendimentos apresentados nas mesmas, que eram fixados os direitos civis de cada cidadão. 17 Zurdo, José Mari Cañizares (1996/97). Ensayo Histórico sobre Contabilidad. Reprodução fotográfica da versão original publicada em Málaga em 1933, com um estudo introdutório escrito por Daniel Carrasco Diáz e Francisco González Gomila, AECA, pg. 25. 18 O Abacus, ou Ábaco, era um contador para registar o cálculo da aritmética. Foi variando de material, forma e escala convencional, conforme os povos e culturas. A forma preferida pelos romanos, e aperfeiçoada na Idade Média, era a de uma mesa gravada com sulcos ou riscos, onde se colocavam fichas ou contadores com letras de referência (Enciclopédia Luso Brasileira de Cultura, Vol. 1, pg. 16). 11 Ainda podemos indicar que o escravo responsável pela Contabilidade doméstica era o Rationarius. Todos os dias à noite ele devia apresentar ao seu mestre os registos efectuados, para este examinar e controlar as contas. Murray (1978, pg. 135) chama a atenção para o castigo aplicado quando o dono notava alguma diferença nas contas: o escravo era chicoteado e o número de chicotadas variava conforme o valor em falta. 2.1.2 – Contabilidade Bancária: um pequeno apontamento Com a expansão do território, com o aumento das transacções comerciais e circulação de moedas com diversas origens, Roma não pôde dispensar o concurso de intermediários financeiros, surgindo assim os banqueiros, chamados argentários ou mesários, que tal como os primeiros comerciantes eram estrangeiros. Esta situação derivou, essencialmente, da mentalidade romana da época. Para os romanos era indigno a entrada no mundo do comércio, na medida em que o seu rendimento deveria provir exclusivamente da agricultura. A prática comercial teria mesmo implicações negativas nos seus direitos políticos. Zeff (1961, pg. 13) sugere que uma forma de contornar esta situação era a delegação da actividade comercial nos escravos mais educados. A actividade bancária desenvolveu-se e tornou-se num apoio vital para o comércio, sendo considerada de interesse público, razão pela qual o registo das suas operações deveria ser realizado com muito cuidado. Na altura, já se realizavam operações como a de um depositante de um banco poder dar instruções escritas para que este procedesse ao pagamento de uma determinada quantia, que seria retirada da sua conta, a favor de uma terceira pessoa, bem como poder pedir a transferência de fundos da sua conta para a conta de um terceiro, que teria de ser, forçosamente, cliente do mesmo banco. No primeiro caso estaríamos perante a existência de um sistema de cheques, mas sem a possibilidade de endosso. No segundo caso tratava-se de um movimento de transferência bancária simples (Barriocanal, 1996, pgs. 763-764 e 770). Ainda dentro da óptica de apoio vital ao comércio, é de referir que era comum os banqueiros terem vários correspondentes espalhados por todo o império. Nos tempos do Imperador Justiniano (séc. VI), os banqueiros eram bastante numerosos, poderosos e muito respeitados, constituindo uma classe de importante relevo 12 no império. Agrupavam-se em corporações com direitos, privilégios e obrigações definidos e regulamentados por lei, sendo-lhes concedidas certas vantagens legais, tais como o direito de prioridade sobre os bens mobiliários ou imobiliários comprados com fundos por eles emprestados. Além disso, e segundo Lopes Amorim (1969, pg. 56), “eram-lhes devidos juros à taxa legal de oito por cento não somente quando fossem estipulados nos contratos de adiantamento de fundos, mas também quando essa cláusula não fosse aí expressa”. Mas, por outro lado, eram objecto de uma investidura concedida a um pequeno número de pessoas, que os colocava sob a superintendência de funcionários do Estado. O serviço prestado por estes, e tendo em conta a época em estudo, era muito eficiente já que, para Barriocanal (1996, pg. 768), os registos contabilísticos disponíveis pelos banqueiros da altura, permitiam oferecer aos seus clientes, a qualquer momento, o saldo da sua conta, que poderia ser comunicado ao cliente por escrito ou oralmente. Por tudo o que foi descrito nos parágrafos anteriores, podemos considerar que o elevado estado de desenvolvimento da banca poderá ser considerado como um dos factores decisivos para a evolução da Contabilidade romana. O extensivo sistema bancário criado pelos argentários criou a necessidade de registos contabilísticos detalhados e correctos. Assim, por exemplo, a comprovação do nexum – a primeira forma de empréstimo em dinheiro conhecida na Urbe – consistia em constatar a inscrição do contrato no livro contabilístico do credor. Devido à importância da actividade bancária, foram elaboradas normas legais para esta profissão, como por exemplo, a definição de regras e recomendações para o uso dos livros contabilísticos patente no Título XIII do segundo livro do Digesto. Os livros utilizados eram, essencialmente, os usados na restante Contabilidade privada, mas o seu valor probatório era substancialmente diferente do valor probatório dos livros dos outros comerciantes, pelo menos na época do Império: os livros de escrituração bancária não só faziam prova entre si, como também contra terceiros19. Já os livros de comércio serviam unicamente para fazer fé entre os próprios comerciantes, ou entre estes e o Estado, no caso da tributação. Esta opinião é partilhada por Gonçalves da Silva (1970, pg. 37) na medida em que para este autor “dos livros dos demais comerciantes só podiam, segundo alguns autores, tirar-se presunções e nunca prova plena”. 19 A força probatória dos livros dos banqueiros provinha de estes desempenharem uma função de interesse público. 13 As operações registadas pelo banqueiro, não tinham reflexos só nas suas disputas legais mas também nas dos seus clientes. Por exemplo, os registos das contas dos clientes poderiam ser exigidos na justiça, no caso de um processo em que estivesse envolvido um titular de uma conta e um terceiro agente, e não somente utilizados em processos que envolvessem unicamente o banqueiro e os seus clientes. No ponto 2.13.4.5. do Digesto é analisada a questão do lugar onde o banqueiro era obrigado a entregar a conta do cliente. Sobre este tema, o Digesto estabelecia que o banqueiro devia entregá-la no mesmo lugar onde tinha sido realizada a actividade bancária inicial com o cliente em questão. Adicionalmente se estabeleceu a possibilidade da entrega destes dados ser realizada noutro lugar, diferente de onde se realizou a actividade bancária em questão, a pedido do cliente, mas, neste caso, os custos adicionais eram por sua conta. 2.2 – Contabilidade Pública Para Tavares (1987, pgs. 84 e 88), durante os séculos III e II a.C., o território controlado por Roma tornou-se excessivamente grande, não estando assim a Urbe preparada para administrar correctamente a vastidão do mundo de que se apoderara, o que leva, progressivamente, ao fim do sistema político vigente: a República. Essa situação só se inverteu quando o poder fica concentrado na mão de um único homem: Octávio César Augusto, o primeiro imperador romano. O seu principado20 foi um período de grande prosperidade económica, em que a administração pública se tornou mais eficaz, aprendendo a partir da experiência passada. Para maior eficácia, havia controlos administrativos de vária natureza e entre eles, a Contabilidade. “Basta analisar o complexo do sistema administrativo de um império com a dimensão do romano (...) para que se possa conceber as dificuldades e as necessidades dos controlos” (Lopes de Sá, 1998, pg. 40). 20 Embora actualmente Octávio seja considerado um imperador, o título ostentado na altura era de princeps, ou seja, de príncipe. 14 Neste contexto, é fácil perceber a singular importância que, na altura, detinha a Contabilidade Pública. Tal como refere Zurdo21, citado por Gomes (2000, pg. 27), “no tempo do imperador Constantino, a administração pública funcionava movida por uma admirável organização, e estava dotada de uma Contabilidade financeira”. O Commentarius, o Adversaria, o Codex Accepti et Expensi, o Codex Rationum e o Kalendarium tanto eram usados na Contabilidade privada como na pública. O único livro exclusivo da administração pública era o Breviarum Imperii. Este livro, também denominado Rationarium e instituído no governo do imperador Augusto, apresentava aos cidadãos a forma como estavam a ser utilizados os fundos públicos, ou seja, o valor dos tributos arrecadados, provisões e dotações orçamentais bem como o património administrado, com base nas informações recebidas dos governadores e intendentes. No entanto, Lopes Amorim (1969, pg. 58) observa que existiriam dois livros e não um só: 1. Brevarium: para a discriminação das receitas auferidas pelo Governo; 2. Rationarium: para descrever o quantitativo bélico mantido pelo Império e a soma de recursos existentes nos cofres estatais, provenientes dos tributos cobrados. Nele também eram descritos os bens do Império, por unidade governamental (reinos, províncias, etc), e o montante dos impostos, das provisões, doações e encargos do Império Romano. Por isso, pode-se concluir que o livro em referência ultrapassava o âmbito orçamentário, constituindo um verdadeiro livro de registo de inventários. Para finalizar, podemos indicar que Lopes de Sá (1998, pgs. 40-41) relata que “de tudo se produziam balanços e existiam prestações de contas, ou seja, produziam-se as peças denominadas ratio acceptorum et datorum. As grandes actividades públicas possuíam gestores especiais com escrita contabilística especial como as havidas para as obras públicas (ratio operum publicorum), para os serviços de água (ratio aquariorum), etc”. 21 Zurdo, José Mari Cañizares (1996/97). Ensayo Histórico sobre Contabilidad. Reprodução fotográfica da versão original publicada em Málaga em 1933, com um estudo introdutório escrito por Daniel Carrasco Diáz e Francisco González Gomila, AECA, pg. 25. 15 2.2.1 – Procedimentos e funcionários da Administração Pública A principal fonte de receita do Estado resultava do pagamento de impostos22, os quais eram pagos nas Tesourarias do Estado23. Por isso mesmo, e segundo Griffin (1991, pg. 4), a administração imperial insistia em duas coisas: os impostos deveriam ser pagos, e a lei e a ordem deveriam ser mantidas. Todos os pagamentos que tivessem de ser feitos ao Tesouro deveriam ser acompanhados de um recibo preenchido pelos escribas24, recibo esse que depois era entregue pelo questor ao indivíduo que fazia o pagamento e registado, em seguida, no Adversaria. Os referidos questores eram funcionários financeiros que examinavam as contas dos governadores das províncias, desempenhavam as tarefas de contabilista e guardavam as chaves da tesouraria. A estas funções Lopes Amorim (1969, pg. 56) adita a competência de verificar se as guias passadas, pelos Censores ou Pretores, estavam dentro dos limites do crédito a eles abertos e recusar o pagamento daquelas que excedessem esses limites25. Um bom resumo das funções destes funcionários é-nos dada por Costa (1988, pg. 5): “Os «questores» eram os guardas do tesouro, tesoureiros e pagadores dos magistrados, que se encarregavam da administração financeira, que faziam o registo das receitas e despesas do Estado”. Os questores mantinham registos contabilísticos de todas as transacções que efectuavam durante o período em que exerciam funções. Antes de se retirarem do seu 22 Nos tempos dos Reis não existia nenhum imposto directo regular, mas ao mesmo tempo também não eram recompensados os serviços militares, nem outros serviços públicos prestados pelos cidadãos. Foi durante a República que surgiu a ideia de um Tesouro do povo romano, governado pelo Senado, administrado pelos cônsules, e gerido pelos questores (Brown, 1968, pg. 29). 23 A primeira tesouraria romana conhecida foi a situada no Templo de Saturno (Romero [et al.], 1997, pg. 697). 24 Os escribas, que nos povos da antiguidade oriental ocupavam uma posição de grande relevo no domínio da Contabilidade e na hierarquia social, no império romano baixaram para a modestíssima condição de simples amanuenses de escritório, o que prova que, nessa altura, a instrução já se encontrava suficiente desenvolvida, ao ponto de saber ler e escrever deixar de ser monopólio de uns poucos privilegiados. 25 Esta era uma função específica dos quaestores aerarii. Existiam também os questores do exército e da marinha, que estavam encarregues dos pagamentos e recebimentos militares e navais (Brown, 1968, pg. 31). 16 trabalho, estavam obrigados a remeter um registo das suas contas, não só para os seus sucessores no cargo, mas também ao Senado. Se, depois de conferidas, as suas contas estivessem correctas era-lhes então permitido retirarem-se ou demitirem-se. Ao longo da história romana, a criação de outros cargos públicos, incluindo os ligados à administração financeira, resultaram na retirada sucessiva de funções específicas dos cônsules: os pretores tomaram conta da administração da justiça, os censores faziam um levantamento, todos os cinco anos, dos membros do corpo dos cidadãos e o valor dos impostos que cada família deveria pagar; etc. Em 443 a.C. o poder dos cônsules de ordenar os pagamentos foi-lhes retirado, e entregue aos censores, que assim se tornaram os reais “ministros” das finanças. Todos os pagamentos das despesas tinham de ser legalmente autorizados por um magistrado competente, e só se podia proceder o seu pagamento através da produção de uma ordem formal para tal, que era suportada por documentos justificativos que demonstrassem a existência e liquidação da dívida, do credor, e da execução do trabalho indicado na ordem. Estas guias de ordem de pagamento, e como já referenciado anteriormente, eram verificadas pelos questores, excepção feita às emitidas pelos cônsules. Cosenza (1999, pg. 85) relata que o responsável pela escrituração contabilística do Governo era chamado Ratiocinator26, gozando este de grande prestígio, principalmente entre os romanos mais afortunados, chegando ao ponto de fazer parte dos Conselhos Imperiais Romanos, para além de ser também responsável pela gestão do património público. O Ratiocinator era “coadjuvado pelo Procurator summarum rationum ou contabilista-chefe e por dois secretários ou contabilistas adjuntos – o Proximus rationum e o Tabelarius rationum, com os respectivos amanuenses ou Adjutores a rationibus, contínuos ou Tabelilarii que eram na sua maior parte, escravos libertos” (Lopes Amorim, 1969, pg. 59). Existiu também a figura legal de logografus, que tinha a competência exclusiva de escriturar as contas nos livros contabilísticos. Nos finais do império surge a figura de Numerarii, que dirigia as actividades de Contabilidade junto ao Tribunal Pretório27, tomando conta dos documentos públicos e 26 Procurator a rationibus para Lopes Amorim (1969, pg. 58). 27 O Tribunal Pretório era uma espécie de Tribunal de Contas (Cosenza, 1999, pg. 86). 17 supervisionando as contas públicas. Durante os seus mandatos não estavam autorizados a comprar e vender bens, sendo que a sua Contabilidade era revista por auditores. Não obstante os romanos terem desenvolvido sistemas de controlos internos, visando evitar a fraude ou dolo, que a princípio eram rigorosamente observadas, estas começaram a instalar-se no seio da sociedade romana. Por exemplo, muitos autores constaram que os Numerarii frequentemente abusavam do seu poder e realizavam práticas desonestas. Também os escribas, umas vezes por iniciativa própria, outras vezes com a própria conivência dos questores, praticavam fraudes, ao passarem documentos falsos para o levantamento de depósitos fictícios ou pagamentos hipotéticos. CONCLUSÕES Findo este trabalho, estamos prontos para apresentar as principais conclusões a que chegámos: Em poucos séculos, Roma passou de uma pequena cidade, para capital de um vasto império através de conquistas militares e alianças. A Contabilidade entre os romanos era correntemente utilizada tanto na administração pública como na administração mercantil e da vida doméstica, e já apresentava um apreciável grau de sistematização. O objectivo da Contabilidade romana era medir o grau de eficácia dos responsáveis da administração dos bens e propriedades – privados ou públicos –, geralmente entregues a escravos, para além de os registos contabilísticos terem de ser apresentados ao Census para exame e verificação, tendo consequências directas na posição social do cidadão. Os principais livros usados na Contabilidade comercial eram o Commentarius, o Adversaria, o Codex Accepti et Expensi, o Codex Rationum, e o Kalendarium. Estes eram igualmente utilizados na Contabilidade pública, embora esta tivesse dois livros exclusivos: o Brevarium e o Rationarium. Alguns destes livros contabilísticos teriam correspondência, segundo alguns autores, com os actualmente utilizados. 18 A actividade bancária desenvolveu-se e tornou-se num apoio vital para o comércio, podendo este desenvolvimento ser considerado como um dos factores decisivos para o desenvolvimento da Contabilidade romana. BIBLIOGRAFIA Barata, Alberto (1998). Contabilidade: Evolução e ensino. Revista de Contabilidade e Comércio n.º 217, Vol. LV, Fevereiro de 1998. Barriocanal, Giménez (1996). La contabilidad en Roma. VII Encuentro de Profesores Universitarios de Contabilidad - Ponencia y comunicaciones sobre contabilidad pública, 5 a 8 de Junho. Barcelona. Belkaoui, Ahmed Ruahi (1994). Accounting Theory, 3ª edição. The Dryden Press. Londres. Brown, Richard (1968). History of accounting and accountants. Frank Cass & Co. Ltd. Londres. Centeno, Rui Sobral (2002). Civilizações Clásicas II: Roma, 2.ª impressão. Universidade Aberta. Lisboa. Cornell, Tim J. (1995). 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