XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. AÇÃO DO ÁCIDO GIBERÉLICO NO CRESCIMENTO DE PLANTAS ANÃS E PLANTAS EM ROSETA Joelson Moura1 Introdução Dentre os variados hormônios vegetais, pode-se citar o ácido giberélico, ou giberelina como é mais conhecido, descoberto e purificado a partir de uma fitopatologia em plantas de arroz, causada pelo fungo Giberella fujikuroi. As giberelinas são derivadas de um esqueleto químico comum, o ent-giberelano, que é enantiômero de um composto de ocorrência natural, o caureno. As giberelinas agem de forma expressiva na germinação de sementes, tanto na quebra de dormência quanto no controle da hidrólise de reserva. Agem também no desenvolvimento reprodutivo afetando a transição do estado juvenil para o maduro, bem como a indução da floração, determinação do sexo e o estabelecimento do fruto (TAIZ; ZEIGER, 2004). Durante a transdução do sinal químico provocado pela ligação da giberelina ao receptor, a mudança na conformação do receptor desencadeia uma série de eventos que resulta na proteólise de proteínas da família DELLA (reguladores negativos da transcrição), permitindo, assim, a transcrição de determinados genes que caracterizarão a resposta específica a ser executada por ação do fitormônio em questão. Dentre as respostas relacionadas à experiência realizada, destaca-se o papel das giberelinas no alongamento celular. Sabe-se que as auxinas medeiam o alongamento celular através da extrusão de prótons e conseqüente acidificação da parede celular. Em contrapartida, as giberelinas não parecem induzir libertação de prótons, mas sim a ativação da transcrição de genes de expansinas e parece atuar em alguma etapa envolvendo a enzima Xyloglucan Endotransglucosylase, Hidrolase (XTH), cuja função parece ser facilitar a penetração de expansinas na parede celular. No entanto, um modelo do alongamento celular promovido por giberelinas mostra que esse alongamento parece depender da acidificação promovida pelas auxinas, já que os prótons ativam as expansinas. As giberelinas atuam de diversas formas, o que lhes conferem variadas funções, entre elas a regulação do crescimento do caule em plantas anãs e em roseta; a modulação da transição da fase juvenil para a adulta, como no caso das coníferas jovens, que são induzidas a entrar na fase reprodutiva a partir da aplicação de uma combinação de GA4 E GA7; participam da germinação da semente, através da ativação do crescimento vegetativo do embrião, do enfraquecimento da camada do endosperma, da mobilização de reservas energéticas para o embrião ou até mesmo na estimulação da produção de numerosas hidrolases, pela camada da aleurona; atuam ainda na floração, ao mediar os fatores ambientais desta, como no caso do milho( Zea mays), causando feminização de flores masculinas; e também o estabelecimento do fruto, após a polinização. Além disso, as giberelinas são usadas para fins comerciais, como no caso da maltagem da cevada; na aplicação em folhas (para manter-se a coloração verde); no cultivo de uvas, para obtenção de frutos maiores; no cultivo de cana de açúcar, assim como na produção de frutos partenocárpicos. Material e métodos O experimento foi conduzido em quatro etapas distintas durante vinte e um dias. Utilizamos três vasos de plantas de feijoeiro anão (Phaseolus sp.), com 3 plantas em cada vaso. Os vasos eram regados sempre que necessário, para que os cotilédones ficassem expandidos e o primeiro par de folhas bem desenvolvido. Também etiquetamos as 1 Primeiro Autor é aluno de graduação, Departamento de Biologia, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos - CEP: 52171-900 - Recife/PE, E-mail: [email protected]. XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. plantas para identificar a sua evolução ao longo da experiência. Pulverizamos cada vaso com uma solução diferente: água destilada, GA3 10-5 M e GA3 10-3 M. Após alguns dias, mediu-se os comprimentos totais de cada planta, até ao meristema apical. Uma nova pulverização foi aplicada, utilizando para cada grupo de plantas num vaso, uma das soluções referidas (incluindo um grupo com água). Durante todo o período da experiência (±20 dias) esse processo foi mais uma vez repetido, registrado-se sempre o resultado das medições feitas. Resultados e Discussão A partir da aplicação das soluções referidas, obtivemos os resultados esperados, no qual ocorreu um maior crescimento nas plantas do vaso pulverizado com GA3 10-3 M, apesar da diferença para os vasos pulverizados com GA3 10-5 M não ter sido muito distinta. A altura média das plantas na medição do primeiro dia era de 35,5 cm. As plantas pulverizadas apenas com água tiveram um crescimento mais lento, ao que no final da experiência uma das plantas atingiu a máxima de 75,5 cm. Nas plantas pulverizadas com ácido geberélico onde concentração era mais baixa (10-5), uma das plantas atingiu a máxima de 1,20 m, a mesma altura que foi alcançada por uma planta pulverizada com GA3 103 (mais concentrada). Acreditamos que o motivo do ocorrido se deve ao fato de que, o caule de uma das plantas pulverizadas com GA3 10-3 partiu-se, mas mesmo assim, após colocarmos uma paleta, continuou crescendo proporcionalmente. Muitas podem ser as causas do não crescimento de uma planta. Antes das descobertas moleculares a respeito das giberelinas Mendel dividiu as plantas anãs das plantas altas, associando-as aos alelos Le/le. Hoje sabemos que o gene está relacionado a via de síntese do GA1 através da conversão do precursor GA20 na giberelina “ativa”. As plantas anãs (le/le) não possuem a capacidade de fazer essa via de síntese. Uma das causas da não resposta as giberelinas pode ser também uma mutação no receptor gid1. Uma vez que o hormônio se liga ao receptor gid1 inicia-se a cascata de sinalização. Grosso modo, a ligação da giberelina sinaliza a degradação do repressor (Proteína DELLA) e permite a transcrição de fatores de crescimento para várias funções: crescimento da semente, alongamento do caule, participando no fototropismo. Nesse último caso, a giberelina ativa é encontrada em grande concentração no ápice caulinar, região a partir da qual ocorre o crescimento vertical, alongamento do caule, onde parece ser sintetizada naturalmente. Por isso, nesse experimento a solução hormonal foi aplicada apenas no ápice. Um acontecimento não programado que teve resultados curiosos nesse trabalho foi a perda de uma parte considerável de um dos indivíduos experimentais. Uma das plantas teve sua porção superior ao primeiro nó quebrada. O restante do caule foi cortado conservando o nó mais inferior e a solução de GA3 foi borrifada. Uma semana depois se verificou crescimento de 0,6 m de caule com folhas bem desenvolvidas. O GA3 tem ação direta sobre o crescimento vertical do caule. Não houve alterações visíveis no âmbito do desenvolvimento das estruturas caulinares anexas (folhas, tricomas, etc). Mesmo com crescimento vertical extremamente significativo em relação ao grupo tratado com água os indivíduos tratados GA3 não exibiram durante o experimento nenhuma anomalia morfológica visível a olho nu. As taxas de crescimento acompanharam o aumento na concentração de GA3, o que aparentemente teria continuidade caso usassemos concentrações mais elevadas do hormônio. Entretanto não sabemos até que ponto a substancia teria seu efeito ampliado ou se geraria problemas relacionados à toxicidade. Referências Taiz, L. & Zeiger, E, 2004. Plant Physiology 3ª Ed. Sinauer Associates, Inc. Publishers, Sunderland. Salisbury, F. B. & Ross, C. L. 1992. Plant Physiology 4ª Ed. Wadsworth Publishing Company, California. Davies, P. J. 2004. Plant Hormones 3ª Ed. Kluwer Academic Publishers, Dordrecht. XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. Mean Plot (Fsio veg.sta 10v*36c) 110 100 90 Altura 80 70 60 50 40 30 A B Mean Mean±0,95*SE C Tratamento A) Água; B) GA3 10-5 ; C) GA3 10-3 Dia 1 Dia 21 Figura 1. Imagens das plantas pulverizadas com água Dia 1 Dia 21 Figura 2. Imagens das plantas pulverizadas com GA3 10-5 M Dia 1 Figura 3. Imagens das plantas pulverizadas com GA3 10-3 M