UNIAN UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO MARIA CRISTINA HUEB TRIGONOMETRIA: EXPECTATIVAS INSTITUCIONAIS PARA A PRÁTICA DOCENTE SÃO PAULO - SP 2014 MARIA CRISTINA HUEB TRIGONOMETRIA: EXPECTATIVAS INSTITUCIONAIS PARA A PRÁTICA DOCENTE Projeto de Dissertação apresentado à Banca Examinadora do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da Universidade Anhanguera de São Paulo – UNIAN, como exigência parcial para a obtenção do título de Mestre em Educação Matemática, sob orientação da Professora Doutora Angélica da Fontoura Garcia Silva SÃO PAULO 2014 H878t Hueb, Maria Cristina Trigonometria: expectativas institucionais para a prática docente. / Maria Cristina Hueb. – São Paulo, 2014. 283 f ; il. ; 30 cm Dissertação (Mestrado em Educação Matemática, Área de concentração: Formação de Professores que Ensinam Matemática) – Coordenadoria de Pós- graduação, Universidade Anhanguera de São Paulo, 2014. Orientadora: Professora Doutora. Angélica de Fontoura Garcia Silva 1. Questões de concursos de matemática. 2. Documentos oficiais. 3. Conhecimento profissional. 4. Docente. I. Título. II. Universidade Anhanguera de São Paulo. CDD 516.24 Autorizo, exclusivamente, para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos. Local e Data: ________________________________________________________ Assinatura: ________________________________________________________ Dedicatória Dedico esse trabalho a minha amada mãe, WILMA DA SILVA (in memorian), por me ensinar a valorizar as pessoas mais do que as coisas, por estar presente em toda a minha vida, sem medir esforços para que eu obtivesse sucesso, tanto na vida pessoal quanto na profissional. Infelizmente, eu não a terei comigo nessa conquista, mas devo agradecer-lhe por tanto amor a mim dispensado. AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, meus agradecimentos vão a DEUS, por me permitir mais essa conquista. Momentos difíceis aconteceram durante todo esse processo como a perda da minha mãe, mas fui reconduzida aos "trilhos" e, finalmente, consegui finalizar esse trabalho; À minha querida mãe, WILMA DA SILVA (in memorian), exemplo de dedicação e amor cuja figura esteve ao meu lado no início desse trabalho, e que, com certeza, se aqui estivesse, estaria comemorando comigo mais essa vitória; À minha querida irmã RUTH GOMES e meus sobrinhos CAROLINE GOMES DOS REIS, BRUNO GOMES DOS REIS e MARIA EDUARDA DOS REIS VANDERLEI, por estarem presentes nos momentos mais difíceis da minha vida; À Professora Dra. ANGÉLICA DA FONTOURA GARCIA SILVA, pelas orientações, dedicação, sugestões, ajuda e, principalmente, pela paciência nos momentos em que mais estive perdida; Às Professoras membros da Banca Examinadora, MARLENE ALVES DIAS e OLGA CORBO, pelas valiosas sugestões que muito contribuíram para aperfeiçoamento desse trabalho, além da disposição em sempre elucidar dúvidas e dar sugestões tão assertivas;. Ao Professor Dr. RUY CÉSAR PIETROPAOLO pelas discussões e indicações de caminhos para a construção do texto, no decorrer do processo; À Professora Dra. NIELCE MENEGUELO LOBO DA COSTA pela sua presença constante e apoio; A todos os amigos, em especial, ALER DO AMARAL NETO, CRISTINA SAMPAIO, MIGUEL VECHIONI JUNIOR, que souberam compreender a minha reclusão, sem me abandonar em momento algum, principalmente, naquelas ocasiões em que mais precisei de um ombro amigo; Aos professores colegas do Curso de Mestrado em Educação Matemática da Universidade Anhanguera de São Paulo, em especial, ALINE CYBIS, CÍCERO SANTOS, CRISTINA SAMPAIO, ROSIVALDO SANTOS pelas discussões que nos fizeram crescer como profissionais, além do grande elo de amizade estabelecido entre todos nós; À SEE/SP pela bolsa mestrado, sem a qual não seria possível o início e a conclusão deste trabalho; A todos que se fizeram presentes na minha vida em toda essa caminhada, tanto nos bons quanto nos maus momentos, visto que nos momentos de adversidade sempre somos impulsionados em seguir nosso caminho. RESUMO Essa pesquisa tem como finalidade investigar os conhecimentos necessários para o professor de Matemática, no que diz respeito à abordagem da Trigonometria na Educação Básica, levando-se em consideração as questões propostas em concursos públicos promovidos pela SEE de São Paulo. Tal estudo tem caráter bibliográfico e documental, a partir da análise de 20 questões de concursos realizados entre os anos de 2008-2013. No primeiro momento da pesquisa, buscaram-se provas realizadas pela SEE/SP, efetuou-se uma revisão bibliográfica e constatou-se que a Trigonometria não é um conteúdo com muitas publicações disponíveis para consulta. Dentre os trabalhos encontrados, destacam-se os estudos de Spinelli e os Nacarato et al, que serviram como ponto de partida à investigação. A seguir, houve a preocupação de definição da linha teórica do objeto estudado e, nesse aspecto, figuram os autores Robert devido à abordagem dos níveis de conhecimento esperados para a solução de uma tarefa (técnico, mobilizável e disponível), e Shulman que trabalha com os tipos de conhecimentos necessários ao professor (conhecimento do conteúdo específico, conhecimento curricular do conteúdo e conhecimento pedagógico do conteúdo). Além dos documentos anteriormente citados, documentos oficiais Federais e do Estado de São Paulo que abordam a temática em questão foram analisados cujas orientações constituíram material de fundamental importância para as análises existentes nesse trabalho. As resoluções publicadas também foram foco de investigação devido à importância de se conhecer quais são as competências e habilidades avaliadas pelos organizadores dos certames. Para a apreciação das questões, foi estabelecida uma grade de análise para as provas anteriormente selecionadas, que contém: expectativas institucionais, descrição da tarefa, nível de conhecimento esperado para a solução da tarefa (Robert), contexto (real/artificial) e situação (intramatemática/extramatemática), categoria de conhecimento profissional docente necessário para a resolução da tarefa (Shulman). Por fim, constatou-se que a trigonometria "aparece" entre 3% e 8% das questões de concursos de professores, e dentre essas, as funções trigonométricas se sobressaem. Palavras-chave: Trigonometria – Questões de Concursos de Matemática- Documentos Oficiais- Conhecimento Profissional Docente. ABSTRACT This research has the object to investigate the required knowledge to the mathematics teacher about the Trigonometry approach in basic education, taking in consideration the proposals issues in the public tender promoted by São Paulo's Education Secretary. This Study is bibliographic and documental, having like initial point, the analysis of 20 public contest questions between 2008 to 2013. In the research first moment, were collected exams made by São Paulo's Education Secretary was done a bibliographic reading and revision and was realized that the Trigonometry is not a content that have a lot available material to be read. Among the studies found, Spinelli and Nacarato et al had prominence and served as the investigation initial point. After, there was a concern about the definition of the theoretical line from study object, in this aspect, were highlighted Robert by the approach of the levels of knowledge waited for the solution of a task (technical, mobilizable and available) and Shulman that works with the knowledge required for teachers (the content specific knowledge, the curricular knowledge from the content and the content pedagogical knowledge). To analyze this questions, was created an analysis table for the exams previously selected, which have: the institutional expectancy, task description, the knowledge level desired for the task solution (Robert), the context (real/artificial), the situation (intra-mathematical or extramathematical) and the knowledge needed from the professional teachers for the task solution (Shulman). At the end, was realized that Trigonometry had “shown up” among 3% and 8% from the questions of the public contests made to hire teachers, between those questions, the trigonometry functions are highlighted. Keywords: Trigonometry, Mathematics public contest questions', official documents, teachers professional knowledge SUMÁRIO CAPÍTULO 1 - CONFIGURAÇÃO DA PESQUISA ........................................................................ 15 1.1. SOBRE A TEMÁTICA ESCOLHIDA: DAS MOTIVAÇÕES PESSOAIS À PROPOSTA DE PESQUISA .......... 15 1.2. OBJETIVO ...................................................................................................................................... 23 1.3. PROBLEMA .................................................................................................................................... 23 1.4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................................................ 23 CAPÍTULO 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................... 29 2.1. INVESTIGAÇÕES SOBRE O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE TRIGONOMETRIA: ... 29 2.1.1 UM ESTUDO SOBRE A TRIGONOMETRIA E A CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................. 29 2.2. UM ESTUDO QUE ANALISA UMA PROVA SOB O PONTO DE VISTA DOS SABERES DOCENTES ....................................................................................................................................... 36 2.3 INVESTIGAÇÕES QUE DISCUTEM O CONHECIMENTO PROFISSIONAL DOCENTE .. 44 2.3.1.SHULMAN......................................................................................................................................... 44 2.3.2. ROBERT ........................................................................................................................................... 51 2.4 FUNCIONAMENTO DO CONHECIMENTO MATEMÁTICO SOB A PERSPECTIVA DE ALINE ROBERT ............................................................................................................................... 51 CAPÍTULO 3 – A TRIGONOMETRIA NAS PROPOSTAS INSTITUCIONAIS NACIONAIS E NO CURRÍCULO DO ESTADO DE SÃO PAULO .......................................................................... 58 3.1. OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS PARA O ENSINO MÉDIO (PCNEM, 2000) - LEGISLAÇÃO ....................................................................................................................... 58 3.2 DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA O ENSINO MÉDIO - PARECER CEB N° 15/98 (DCNEM, 1998) ................................................................................................................... 61 3.3 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS ENSINO MÉDIO (PCNEM, 2000) CONTEÚDO ESPECÍFICO .............................................................................................................. 64 3.4 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS ENSINO MÉDIO + - PCN+ (2002) ............. 67 3.5. ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA O ENSINO MÉDIO (OCEM, 2006)............... 75 3.5.1. AS FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS ................................................................................................... 76 3.6 CURRÍCULO DO ESTADO DE SÃO PAULO - MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS 2010, E OS CONCURSOS .................................................................................................................. 78 3.6.1 PRIORIDADE PARA COMPETÊNCIAS ................................................................................................ 79 3.6.2. CURRÍCULO DE MATEMÁTICA - ENSINO FUNDAMENTAL (CICLO II) E ENSINO MÉDIO .................. 80 3.6.3. A ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS BÁSICOS: NÚMEROS, GEOMETRIA, RELAÇÕES ...................... 81 3.6.4. SOBRE O PROCESSO DE ENSINO DA TRIGONOMETRIA - APRENDIZAGEM DOS CONTEÚDOS BÁSICOS ............................................................................................................................................................... 82 3.6.5. CADERNOS DO PROFESSOR E DO ALUNO ....................................................................................... 88 3.6.5.1. SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM ............................................................................................... 114 3.6.5.2. ANÁLISE DO CADERNO DO PROFESSOR .................................................................................... 114 3.6.5.3. CADERNO DO ALUNO ............................................................................................................... 116 3.6.6. - DOS CONCURSOS ...................................................................................................................... 116 3.6.6.1. DAS PROVAS ............................................................................................................................ 116 3.6.6.2. DAS RESOLUÇÕES SE 80 DE 09/06/2009 E SE 52 DE 14/08/2013 ............................................. 117 CAPÍTULO 4 - ANÁLISE DAS QUESTÕES DAS PROVAS E DOS CADERNOS DOS ALUNOS .......................................................................................................................................................... 119 TAREFA 1 - SIMPLIFICADO 2009 - QUESTÃO 35.......................................................................... 119 TAREFA 2 - SIMPLIFICADO 2009 - QUESTÃO 50.......................................................................... 122 TAREFA 3 - FORMAÇÃO 2010 - QUESTÃO 23 ............................................................................... 124 TAREFA 4 - FORMAÇÃO 2010 - QUESTÃO 24 ............................................................................... 128 TAREFA 5 - MÉRITO CESGRANRIO 2010 - QUESTÃO 35 ............................................................ 130 TAREFA - 6 MÉRITO CESGRANRIO 2010 - QUESTÃO 51 ........................................................... 132 TAREFA 7 - SIMPLIFICADO 2010 - QUESTÃO 24.......................................................................... 135 TAREFA 8 - SIMPLIFICADO 2010 - QUESTÃO 25.......................................................................... 137 TAREFA 9 - SIMPLIFICADO 2010 - QUESTÃO 75.......................................................................... 140 TAREFA 10 - SIMPLIFICADO 2011 - QUESTÃO 38........................................................................ 143 TAREFA 11 - SIMPLIFICADO 2011 - QUESTÃO 56........................................................................ 145 TAREFA 12 - MÉRITO 2012 - QUESTÃO 46 .................................................................................... 147 TAREFA 13 - MÉRITO 2012 - QUESTÃO 53 .................................................................................... 150 TAREFA 14 - SIMPLIFICADO 2012 - QUESTÃO 31........................................................................ 153 TAREFA 15 - SIMPLIFICADO 2012 - QUESTÃO 34........................................................................ 155 TAREFA 16 - SIMPLIFICADO 2012 - QUESTÃO 51........................................................................ 157 TAREFA 17 - SIMPLIFICADO 2012 - QUESTÃO 71........................................................................ 159 TAREFA 18 - SIMPLIFICADO 2012 - QUESTÃO 77........................................................................ 161 TAREFA 19 - QUESTÃO 06 (CONCURSO PÚBLICO DE INGRESSO, TIPO 1, BRANCA, 2013, P.3).............. 163 TAREFA 20 - QUESTÃO 18 (CONCURSO PÚBLICO DE INGRESSO, TIPO 1, BRANCA, 2013, P.5).............. 166 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................... 167 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................. 177 ANEXOS........................................................................................................................................... 180 CADERNO DO PROFESSOR ..................................................................................................................... 180 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.1 ......................................................................................... 180 Anexo 2 - Resolução SE - 80, de 3-11-2009 ...................................................................................... 240 Anexo 3 - Resolução SE - 52, de 14-8-2013 .................................................................................... 264 ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 - Publicações por tópico................................................................................................ 19 Figura 2 - Número de trabalhos de Trigonometria publicados por conteúdo - 2010 .................. 20 Figura 3 - Dissertações e Teses (2010) - Publicação da Revista Zetetiké - 2011 - Dados do trabalho de Hueb (2013a) ............................................................................................................ 22 Figura 4 - Desenvolvimento de competências entre áreas .......................................................... 68 Figura 5 - Representação e comunicação .................................................................................... 69 Figura 6 - Investigação e compreensão ....................................................................................... 70 Figura 7 - Contextualização sociocultural ................................................................................... 71 Figura 8 - Relações, Números e Geometria ................................................................................ 81 Figura 9 - Números, Geometria e Relações ................................................................................ 82 Figura 10 - Conteúdo e habilidades 8° Ano do Ensino Fundamental .......................................... 83 Figura 11 - Conteúdo e habilidades 9° Ano do Ensino Fundamental .......................................... 84 Figura 12 - Conteúdos e habilidades 1 a Série do Ensino Médio ................................................. 85 Figura 13 - Conteúdos e habilidades 2 a Série do Ensino Médio ................................................ 86 Figura 14 - Conteúdos e habilidades 3a Série do Ensino Médio ................................................. 87 Figura 15 - Relação entre as medidas dos lados de um triângulo retângulo .............................. 94 Figura 16 - Ângulos notáveis em polígonos regulares inscritos ................................................ 100 Figura 17 - Polígono x Valor em graus dos ângulos central e interno....................................... 100 Figura 18 - Triângulo qualquer .................................................................................................. 102 Figura 19 - Atividade 2 Caderno do Professor - 4° Bimestre, 1 a série do Ensino Médio .......... 115 Figura 20 - Cordas e senos ........................................................................................................ 125 Figura 21 - Cordas e senos ........................................................................................................ 126 Figura 22 - Padrão geométrico - numérico ............................................................................... 141 ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1- Tipo de Conhecimento - Shulman............................................................................... 48 Tabela 2 - Tipo de Conhecimento - Shulman.............................................................................. 49 Tabela 3 - Tipo de Conhecimento - Shulman .............................................................................. 50 Tabela 4 - Questões de trigonometria x concurso realizado .................................................... 169 Tabela 5 - Questões por tipo de conteúdo trigonométrico ...................................................... 170 Tabela 6 - Quantidade de questões por tipo de conteúdo trigonométrico .............................. 171 Tabela 7 - Expectativas institucionais ....................................................................................... 172 Tabela 8 - Questões por nível e categoria de conhecimento.................................................... 174 Tabela 9 - Contexto ................................................................................................................... 175 15 CAPÍTULO 1 - Configuração da Pesquisa Neste capítulo destacamos minhas motivações pessoais e também as pesquisas cujas questões estão relacionadas aos processos de ensino e de aprendizagem da trigonometria, e que motivaram o desenvolvimento de nossa pesquisa. Além disso, apresentamos estudos relacionados à formação de professores, que forneceram subsídios para o exame dos dados, assim como nosso objetivo, nossa questão de pesquisa e também considerações sobre os critérios de análise. Cabe ressaltar ainda nossa opção por escrever somente parte do próximo subitem na primeira pessoa do singular por considerar que descreverá experiências que dizem respeito exclusivamente à pesquisadora. O restante do texto será escrito na primeira pessoa do plural, por considerar que esse estudo recebeu contribuições de diversos autores, além dos pressupostos dos teóricos que o apoiam. 1.1. Sobre a Temática Escolhida: das motivações pessoais à proposta de pesquisa Esse trabalho reflete uma grande transformação em minha carreira profissional. Meu pai tinha a expectativa de que eu me tornasse médica, mas tal fato nunca ocorreu. Minha vocação sempre esteve voltada para o trabalho com números e, por essa razão, ingressei em um curso técnico de mecânica e, posteriormente, fui contratada como estagiária técnica mecânica em uma grande empresa. A necessidade de ascensão profissional determinou a minha formação continuada como engenheira mecânica. Ao longo do tempo, as mudanças em minha vida se deram de forma natural. Em um determinado momento, morando sozinha em uma cidade onde as pessoas ainda eram desconhecidas, enxerguei uma oportunidade: a de lecionar em caráter excepcional1 a disciplina de Física. 1 Caráter excepcional ocorre quando o professor tem aulas atribuídas, mas não possui habilitação na disciplina que leciona. Cabe aqui ressaltar que existe uma classificação dos candidatos e, na época do 16 Assim, iniciei uma nova carreira, desta vez, na Educação. A partir daquela ocasião, percebi que a carreira docente nos transforma e meu desejo foi exercer essa profissão. Para que meu desejo se realizasse de forma mais completa, em 1998, fiz um curso de Complementação Pedagógica que me habilitaria como professora de Matemática e, com isso, poderia participar do processo de atribuição de aulas e, em seguida, ocupar um cargo nessa área. A participação em concursos para ingresso na carreira docente em 1998 e 20042 fez com que eu repensasse tanto a minha formação inicial quanto minhas práticas docentes. Pela vontade e necessidade de aprender sempre mais na minha área de atuação, realizei diversos cursos de atualização. Os cursos realizados no Observatório da Educação3, por exemplo, deram novo significado na minha formação docente. Um maior contato com o referencial acadêmico abriu meus horizontes e ficou claro que muitas outras transformações são possíveis. Em 2012, me candidatei a uma vaga para o Curso de Mestrado em Educação Matemática. Este trabalho é fruto do desenvolvimento inerente a novos conhecimentos conquistados durante esse processo de formação continuada. A linha de pesquisa adotada foi a Formação de Professores que ensinam Matemática, visto que minha formação inicial não teve ênfase no aspecto pedagógico do ensino de alguns conteúdos matemáticos e, por conseguinte, trouxe implicações na prática docente. Sendo assim, acreditei que essa abordagem contribuiria para o meu desenvolvimento profissional, corrigindo, desse modo, tal defasagem. A dificuldade em ler e escrever se fez presente desde os primeiros dias de aula do Mestrado. Parecia-me claro que por não errar na escrita, acentuação e pontuação, eu meu ingresso, os bacharéis só poderiam ocupar tal função quando esgotadas todas as possibilidades de atribuição de aulas para um professor habilitado. 2 Em 1998 fui aprovada, mas não pude me efetivar, pois não possuía o diploma no ato da inscrição. Em 2004, me efetivei no cargo de Professora de Matemática PEB II. 3 Parceria UNIAN e Diretoria de Ensino Região Norte 2, com financiamento da CAPES. 17 possuía uma boa formação leitora e escritora. Durante o período de estudos, entendi que para escrever bem, é necessário ir além. Um bom escritor é aquele que se faz entender pelo seu público e tenho muito a aprender nesse quesito. Por todos esses problemas enfrentados, percebi o que motivou autores dos Currículos tanto Estadual quanto Federal ao enfatizar as Competências Leitora e Escritora de nossos alunos, sem contar com a preocupação da contextualização das atividades propostas pelos professores. A leitura dos documentos oficiais foi uma fase importante deste estudo, pois foi marcada por descobertas que iam além da minha imaginação. Por outro lado, também foi um passo decisivo no entendimento de quanto é importante o comprometimento dos professores, de todas as disciplinas, em relação às Competências Leitora - Escritora de nossos alunos. A necessidade de saber o que outros autores escreveram foi de grande importância para esta pesquisa, pois tal leitura me auxiliou na reflexão de como o ensino direcionado ao desenvolvimento de tais competências pode ser empregado para que os alunos possam ter maior envolvimento com o conteúdo, levando-se em consideração o conhecimento prévio. Para esse mote, uso como referência A Construção do Conhecimento entre o Abstrair e o Contextualizar: o caso do ensino da Matemática (SPINELLI, 2011). Durante a leitura de Spinelli (2011), pude verificar o estudo da Trigonometria na solução de situações-problema contextualizadas que foi de fundamental importância na decisão de abordar esse conteúdo matemático na análise de provas de concursos de ingresso4, de processo simplificado5 e de promoção de docentes6. O documento citado 4 Ingresso: Concurso necessário para o provimento de cargos de professores de Matemática. 5 Processo Simplificado: É o concurso aplicado aos professores não efetivos da Rede Pública do Estado de São Paulo. É realizado anualmente pelo Poder Público Paulista, no intuito de classificar os docentes para a próxima atribuição de aulas. 6 Promoção de Docentes: Concurso realizado no âmbito da meritocracia, em que os docentes que obtiverem a pontuação necessária para promoção recebem um acréscimo de aproximadamente 10% em seus vencimentos atuais. 18 (SPINELLI, 2011) será discutido posteriormente no Capítulo 2: Revisão Bibliográfica e Fundamentação Teórica. Também busquei pesquisas realizadas sobre essa temática para que eu pudesse entender as dificuldades encontradas pelo professor no processo ensino-aprendizagem da matemática, particularmente da Trigonometria. O artigo: Saberes Docentes em Matemática: uma análise da prova do concurso paulista de 2003 de Nacarato et al (2005), me auxiliou na compreensão e reflexão sobre os saberes docentes. Os autores do documento avaliaram as questões do concurso de ingresso de professores de Matemática em 2003 à luz do edital de abertura do concurso e das orientações curriculares vigentes. Enfatizaram a difícil posição em que se encontra o professor que, por um lado, pode ser o autor de sua aula e, por outro, deve seguir regras explícitas e implícitas encontradas nos documentos oficiais. (Nacarato et al, 2005) Esse estudo também será abordado posteriormente no Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica e Fundamentação Teórica. Logo, houve a preocupação de abordar as linhas teóricas existentes sobre Educação Matemática. Em investigações iniciais, a revista Zetetiké foi fonte de informações das publicações de dissertações e teses. Essa pesquisa buscou trabalhos publicados no período de 1998 – 2010 e foram encontradas 2.563 publicações. Na impossibilidade de analisar a totalidade dos trabalhos, foi efetuado um recorte das dissertações e teses publicadas no ano de 2010, totalizando 463 trabalhos analisados. A pesquisa teve alguns enfoques: identificar as publicações relativas à formação de professores e ao conteúdo específico de Trigonometria, a fim de que um número maior de dados fosse coletado, enriquecendo a revisão bibliográfica. O questionamento que se lança é: há muitas publicações sobre Trigonometria? 19 Publicações por tópico 60 30,00% 50 25,00% 24,58% Número de publicações 40 30 20,00% 19,49% 15,25% 58 15,00% 46 20 10,00% 9,75% 36 6,78% 23 10 5,51% 16 5,00% 4,24% 13 3,81% 10 3,39% 2,97% 2,54% 9 8 7 6 TRIGONOMETRIA RAZÃO, PROPORÇÃO E GRANDEZAS ANÁLISE COMBINATÓRIA MATEMÁTICA FINANCEIRA 3 1,27% 0 GEOMETRIA EQUAÇÕES, FUNÇÕES, GRÁFICOS E CONJUNTOS NÚMEROS PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA CÁLCULO ÁLGEBRA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS MATRIZES 1 0,42% CÁLCULO MENTAL 0,00% Conteúdos Série1 Série2 Figura 1 - Publicações por tópico FONTE: (HUEB, 2013a, p.8) 20 Percebe-se que a Trigonometria ainda é um conteúdo pouco estudado: apenas nove trabalhos publicados no ano de 2010, o que equivale a 3,81% do total das publicações nesse ano. Desse modo, vale o seguinte questionamento: quais são os tópicos da Trigonometria mais estudados? O gráfico a seguir detalha as abordagens desses estudos: Número de trabalhos de Trigonomentria publicados por conteúdo - 2010 5 40,00% 4,5 33,33% 4 30,00% Número de publicações 3,5 3 22,22% 2,5 20,00% 2 1,5 3 1 11,11% 11,11% 11,11% 11,11% 10,00% 2 0,5 1 1 1 1 FENÔMENOS PERIÓDICOS TRIGONOMETRIA NA CIRCUNFERÊNCIA PRÁTICA DOCENTE 0 0,00% FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS CICLO E RAZÃO TRIGONOMÉTRICA HISTÓRIA DE LIVRO Conteúdos Série1 Série2 Figura 2 - Número de trabalhos de Trigonometria publicados por conteúdo - 2010 FONTE: (HUEB, 2013b, p.9) 21 Pode-se verificar que as Funções Trigonométricas, Ciclo e Razão Trigonométrica são os tópicos da Trigonometria mais estudados (mais de 55% da totalidade dos trabalhos publicados). Refletindo sobre o que essas primeiras informações indicam, outra questão preliminar se faz presente: é possível que os tópicos mais relevantes da Trigonometria estejam sendo deixados de lado, levando-se em consideração uma escala de prioridades indicadas pelas Orientações Curriculares? A partir dessa indagação e visando ao entendimento desse tópico, buscou-se identificar quais as abordagens mínimas necessárias relativas ao tema, e, nesse sentido, as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2006) mencionam que: “é preciso dar prioridade à qualidade do processo e não à quantidade de conteúdos a serem trabalhados.” (BRASIL, 2006, p. 71). Constatou-se, em dados publicados na revista Zetetiké, que a formação docente é uma linha de pesquisa bastante abordada em trabalhos publicados no ano de 2010, alcançando 23,95% do total dos trabalhos catalogados pela citada revista. 22 PARETO - DISSERTAÇÕES E TESES REVISTA ZETETIQUE 1200 100,00% 99,14% 96,62% 1108 90,95% 100,00% 90,00% 1000 80,00% 76,71% 70,00% 800 60,00% 600 52,76% 52,76% ESTUDOS % % ACUM 50,00% 503 40,00% 400 30,00% 299 23,95% 20,00% 200 14,24% 119 10,00% 5,67% 53 2,52% 0 ENSINO APRENDIZAGEM FORMAÇÃO HISTÓRIA TIC CURRÍCULO 18 0,86% OUTROS Figura 3 - Dissertações e Teses (2010) - Publicação da Revista Zetetiké - 2011 - Dados do trabalho de Hueb (2013a) FONTE: (HUEB, 2013a, p.7) 0,00% 23 Em uma primeira análise de dados, algumas questões preliminares ajudaram a definir o objeto deste estudo: existem dificuldades no ensino e na aprendizagem de Trigonometria? Existem pesquisas que as relatam? Caso as pesquisas existam, como os PCN e as Orientações Curriculares contribuem para a melhoria da qualidade do ensino de Trigonometria? As avaliações institucionais refletem os conteúdos que “devem” ser apresentados aos alunos? Nesse sentido, não cabe, nessa pesquisa, responder a todos esses questionamentos, visto que não há tempo hábil para análise detalhada desses pontos. 1.2. Objetivo Investigar os conhecimentos necessários ao professor da Rede Pública do Estado de São Paulo para ensinar Trigonometria na Educação Básica, com base nas questões propostas em concursos públicos da Secretaria Estadual da Educação e nas orientações curriculares para o desenvolvimento desse conteúdo. 1.3. Problema Quais são os conhecimentos necessários ao professor de Matemática da Rede Pública Estadual para ensinar noções relativas à Trigonometria na Educação Básica, na perspectiva do Currículo Oficial e dos concursos públicos destinados à seleção de profissionais para atuar na área? 1.4. Procedimentos Metodológicos Essa é uma pesquisa bibliográfica e documental que busca identificar orientações constantes em documentos oficiais para o ensino da trigonometria e as habilidades exigidas 24 aos professores que participam de concursos para ingresso, por meio do processo simplificado e para a promoção profissional na rede pública estadual. Esta pesquisa foi constituída da na busca de material que embasasse as análises dos critérios utilizados para a seleção das diferentes questões das provas de concursos para professores de Matemática no Estado de São Paulo, no que tange ao uso das orientações constantes nos documentos oficiais e editais dos próprios concursos, aos resultados de pesquisas mais recentes da área, aos níveis de conhecimento esperados conforme Robert (1998) e às categorias de conhecimentos necessários ao professor indicadas por Shulman (1987). No início deste estudo, houve o levantamento das provas de concurso público para professores de Matemática desde 1998. No entanto, não foi possível conseguir todas as avaliações, já que uma das empresas responsáveis não disponibilizou tais provas na internet. Desse modo, as avaliações analisadas foram: Ingresso/1998, Ingresso/2003, Ingresso/2007, Processo simplificado/2009, Ingresso/2010, Formação/2010, Promoção/2010, Processo simplificado/2011/2012, Promoção/2012, totalizando - 475 questões de vários conteúdos matemáticos. Cabe ressaltar que as provas foram elaboradas por instituições diversas e com finalidades distintas, variando, dessa forma, o número de questões de conteúdo matemático. Em uma análise prévia, percebe-se que as provas dos diversos Concursos não possuíam as mesmas diretrizes. Outro dado que deve ser levado em conta é que o novo Currículo do Estado de São Paulo foi implementado no ano de 2008. Por essa razão, decidiu-se por analisar as provas de Concursos de Professores de Matemática a partir desse ano. Em um primeiro momento, verificou-se que existiam 20 questões sobre Trigonometria que serão amplamente analisadas nesse trabalho. 25 Após a resolução de todas as questões, houve a pré-classificação destas, e a criação de uma grade de análise que procurou contemplar os seguintes aspectos: expectativas institucionais; descrição da tarefa; nível de conhecimento esperado para a solução da tarefa; categoria de conhecimento profissional docente e tipo de contexto, que serão descritos a seguir: Expectativas Institucionais: Nesse estudo, a análise das expectativas institucionais referese à identificação da coerência entre o que é proposto para ser trabalhado com os estudantes nos currículos oficiais, ou seja, o estudo da prática docente sobre as noções em jogo e o que é avaliado nas provas oficiais da profissão. Nesse sentido, é importante verificar se a prática do professor é levada em conta quando as provas oficiais são elaboradas; Descrição da tarefa: consiste na identificação e descrição das noções em jogo na questão; Nível de conhecimento esperado para a solução da tarefa: Consiste em classificar a tarefa segundo o nível de conhecimento esperado descrito por Robert (1998); Tipo de Contexto: Corresponde à análise do tipo de contexto: real ou artificial. Tais contextos podem ser apresentados em situações extramatemáticas ou intramatemáticas (Real para uma situação extramatemática; Real para uma situação intramatemática; Artificial para uma situação extramatemática e Artificial para uma situação intramatemática); Categoria de conhecimento profissional docente necessário para a resolução da tarefa (Shulman): Consiste em classificar a tarefa segundo as categorias de conhecimentos necessários ao professor, estabelecidas por Shulman (1987). Para exemplificar cada um dos itens da nossa grade de análise, utilizamos, como exemplo, a Questão 18, do Concurso de Ingresso, 2013, a seguir: 26 Questão 18 (Concurso Público de Ingresso, tipo 1, branca, 2013, p.5) A figura a seguir mostra o perfil de um muro de uma represa. A primeira parte da rampa tem inclinação de 20° com a horizontal e a segunda parte tem inclinação de 50°. Considerando, sen 20° = 0,34 e cos 20° = 0,94, o valor aproximado da altura total do muro (h) é de: (A) 9,4 m (B) 10,2 m (C) 11,1 m (D) 12,3 m (E) 13,0 m Grade de Análise Expectativas Institucionais: Ao analisar o enunciado da questão, constata-se que essa questão pode se distanciar das orientações do documento oficial federal, conforme texto abaixo, caso a intenção tenha sido o uso da fórmula da adição dos arcos trigonométricos: Alguns tópicos usualmente presentes no estudo da trigonometria podem ser dispensados, como, por exemplo, as outras três razões trigonométricas, as fórmulas para sen (a + b) e cos (a + b), que tanto exigem dos alunos para serem memorizadas. (BRASIL, 2006, p. 74) É interessante notar que esse documento mostra que o professor pode dispensar o conteúdo aos alunos, pois é imprescindível a memorização de fórmulas. Nas orientações contidas no Currículo do Estado de São Paulo (2010) nota-se que, apesar de não disponibilizar nenhuma atividade, especificamente, sobre a soma e/ou subtração dos arcos 27 trigonométricos, esta temática (soma) é indicada7 como conteúdo do 1° bimestre 2° ano do Ensino Médio como observa-se nas indicações a seguir: Dessa forma, é necessário dedicar períodos de aula para a apresentação do cálculo de senos e/ou de cossenos de soma de arcos, o que fica a cargo do professor definir a escala que julgar adequada à condução dessa atividade. (SÃO PAULO, 2009e, p.11) Assim, para o Estado de São Paulo o estudo do cálculo de senos e/ou cossenos da soma e/ou subtração dos arcos é um conteúdo que se supõe ser trabalhado pelos professores do Ensino Médio. Logo, é conhecimento necessário ao professor de Matemática. Descrição da tarefa: A tarefa pode ser resolvida por meio de dois métodos: o primeiro consiste em determinar a altura correspondente ao intervalo em que a rampa está inclinada de 20º, o que requer apenas a aplicação da noção de seno do ângulo dado. Em seguida, utilizando a fórmula do seno da soma de arcos, determina-se seno e cosseno de 50º, com a altura da rampa associada à inclinação de 50º. Para determinar a altura h, basta somar os resultados encontrados anteriormente; o segundo, por outro lado, corresponde à determinação da altura da rampa com inclinação de 20º, assim como no método anterior, com a aproximação por meio do seno dos arcos notáveis, a saber, seno de 45º e 60º. Nível de conhecimento esperado para a solução da tarefa (ROBERT, 1998): Mobilizável - Nessa questão, o candidato encontra na figura dada dois ângulos não notáveis: 20° e 50°. Enquanto o seno e cosseno de 20° são informados no enunciado da questão, o valor numérico do seno de 50° precisa ser encontrado. O professor precisará buscar uma fórmula que possa ser aplicada para encontrar o seno de 50°, de forma que quando utilizar as relações trigonométricas no triângulo retângulo possa encontrar a altura 7 Utiliza-se a palavra indicada aqui, uma vez que os autores do Currículo Oficial consideram “fundamental que a opção do professor seja apresentar o que for possível dos conteúdos de cada um dos bimestres, mas que todos eles sejam tratados, mesmo que de uma maneira incipiente” (SÃO PAULO, 2009, p. 52, grifos nossos). Nesse sentido, considera-se que há indicações para que se trabalhe tal conteúdo. 28 do triângulo relativa ao intervalo em que a rampa é inclinada segundo o ângulo de 50°. Após encontrar as duas alturas, ele deverá proceder à soma de ambas. Observa-se que se na tarefa dada a figura não estiver presente, o nível de conhecimento passaria a ser o disponível, pois, o professor teria que buscar situações de referência dentro do universo do seu conhecimento matemático. Contexto: Artificial para uma situação extramatemática. Categoria de conhecimento profissional docente necessário para a resolução da tarefa (SHULMAN, 1987) - Conhecimento do Conteúdo Específico. Para resolver essa questão, o candidato precisa reconhecer a possibilidade de destacar dois triângulos retângulos na figura dada. A partir dessa informação, são necessários, para a resolução do problema, os conhecimentos específicos sobre: relações métricas e trigonométricas no triângulo retângulo, valores numéricos do seno, cosseno e tangente dos ângulos notáveis, seno da soma de dois arcos. Nessa questão, é importante ressaltar a importância do conhecimento pedagógico do conteúdo, pois o candidato pode resolver a questão proposta no concurso, lançando mão de aproximações dos senos de 45° e 60°. A questão proposta propicia ao aluno uma outra estratégia para que o conteúdo envolvido seja abordado As OCEM indicam que tanto as: Sugestões quanto à forma de trabalhar os conteúdos acompanham o detalhamento sempre que possível, destacando-se o valor formativo agregado e descartando-se as exigências de memorização, as apresentações de "regras" desprovidas de explicações, a resolução de exercícios repetitivos de "fixação" ou a aplicação direta de fórmulas. (BRASIL, 2006, p. 70) 29 CAPÍTULO 2 - Revisão Bibliográfica e Fundamentação Teórica Este capítulo tem como objetivo apresentar resultados de investigações realizadas que, de alguma forma, estão relacionadas à temática desse estudo. Nesse momento, os estudos que fundamentaram a análise e discussão dos resultados do objeto de estudo escolhido serão apresentados. 2.1. Investigações sobre o ensino e a aprendizagem de trigonometria: Apresentaremos a seguir estudos que tratam do tema trigonometria. 2.1.1 Um estudo sobre a trigonometria e a contextualização Spinelli (2011), em sua tese de doutorado "A Construção do Conhecimento Entre o Abstrair e o Contextualizar: O Caso do Ensino da Matemática" relatou preocupações surgidas no decorrer do exercício de sua profissão, em sala de aula, como, por exemplo: são asseguradas aos alunos interpretações suficientemente abrangentes para a construção dos conhecimentos matemáticos? O autor também se preocupou em compreender as causas geradoras da falta de motivação dos alunos pela aprendizagem matemática, desde as condições precárias de espaços escolares até a carência de formação acadêmica dos professores. Na busca por respostas aos questionamentos, o investigador percebeu a ausência de planejamentos pedagógicos que aproximassem significados em construção daqueles já consolidados. 30 Para o autor, existe a necessidade da contextualização do ensino da Matemática, e a partir dessa necessidade Spinelli decidiu a questão norteadora da pesquisa: "O que significa contextualizar o ensino, de modo geral, nas diversas etapas de educação e, mais especificamente, o que significa contextualizar o ensino da Matemática?" (SPINELLI, 2011, p.12) Para discutir a temática, o autor fundamentou-se em estudos que discutem conceitos como abstração, conhecimento teórico e contexto. Analisando os dois primeiros conceitos, Spinelli decidiu investigar como se dá a compreensão dos conceitos e, para isso, baseou-se na rede de significados discutidos nos estudos de Machado (2002). Abordou ainda um segundo aspecto: a análise do que Henri Lefebvre denominou de "movimentos do pensar", que conforme o autor é a relação dialética entre o abstrair e o pensar. Para analisar a polissemia do contexto, o autor introduz o assunto referente à necessidade de contextualização do ensino, fazendo menção ao fato de muitos atribuírem à ausência de contextualização a responsabilidade pelas deficiências na aprendizagem. O autor faz uma citação do documento Orientações Curriculares para o Ensino Médio Ciências da Natureza e suas Tecnologias para ilustrar o que ele chama de “maneira ingênua” de interpretar o termo contextualização, dizendo que: É na dinâmica de Contextualização/descontextualização que o aluno constrói conhecimentos com significado, nisso se identificando com as situações que lhe são apresentadas, seja em seu contexto escolar, seja no exercício de sua plena cidadania. A contextualização não pode ser feita de maneira ingênua [...]. Em outras palavras, a contextualização aparece não como uma forma de "ilustrar" o enunciado de um problema, mas como uma maneira de dar sentido ao conhecimento matemático na escola. (BRASIL, 2006, p.83 apud SPINELLI, 2011, p.30). 31 Em seguida, o autor destaca competências8 e habilidades9 associadas ao Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), além de uma lista de "objetos do conhecimento" que embasam a elaboração das questões, e comenta: Contrariamente à proposta inicial, o ENEM acabou contribuindo para a banalização da ideia de contextualização. Por vários motivos - ranqueamento, contagem de pontos para vestibulares, prestígio etc. - o ENEM adquiriu importância maior junto às escolas de Ensino Médio, que passaram a direcionar seus cursos como preparação para o ENEM, sem perceberem que as questões que compunham originalmente esse exame eram desenvolvidas sobre contextos próximos da realidade do estudante do Ensino Médio, embora não exigissem, explicitamente, o conhecimento de conteúdos específicos das disciplinas.” (SPINELLI, 2011, p.34) Em seu texto, Spinelli (2011) utiliza como exemplo uma questão do ENEM de 2009, comentando que a questão apresenta dados e informações irrelevantes para a resolução do problema, questionando se os longos textos utilizados que compuseram os enunciados podem ser considerados elementos de contextualização de situações-problema e finaliza: "O fato de a média de Matemática dos avaliados em 2009 ter sido a menor dentre todas as disciplinas é, sem dúvida, indício da deficiência de nosso processo de ensino-aprendizagem em Matemática, mas pode ser também reflexo do modelo de questão escolhido para a constituição do exame." (SPINELLI, 2011, p.36). Ao abordar as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, o autor considera como elementos contextuais relevantes, o trabalho e a cidadania. No entanto, ele chama a atenção para o fato de que não se deve condicionar os conteúdos desenvolvidos no ensino para fins imediatistas e profissionalizantes. Spinelli (2011) chama a atenção ainda para a necessidade de se contextualizar, observando, no entanto, que "é preciso conter o exagero”. (SPINELLI, 2011, p.45) 8 As competências do ENEM citadas por Spinelli são: Capacidade de expressão em diferentes linguagens, capacidade de compreensão de fenômenos, capacidade de enfrentar situações-problema em diferentes contextos, capacidade de construir argumentações consistentes, capacidade de elaborar propostas de intervenção solidária na realidade. 9 Spinelli apenas indica que são utilizadas 21 habilidades, que estão associadas a uma ou mais competências anteriormente citadas. 32 Destacando o papel que tem a constituição de contextos de ensino, na prática docente, Spinelli afirma que: [...] a perspectiva de que a constituição de contextos de ensino, compostos por elementos estimuladores de relações entre significados conceituais, é uma das condições principais para a tarefa docente. Tal ação, própria do âmbito das disciplinas de cada área do conhecimento e, para além disso, a ser perseguida em âmbitos que extrapolam as barreiras disciplinares, permite a constituição dos mapas de relevância nos quais são destacados os conteúdos, os significados e os percursos que relacionam uns e outros de modo a propiciar o aprendizado. (SPINELLI, 2011, p.54-55) Em seguida, o autor esquematiza as competências discentes e docentes. O autor destaca as competências esperadas do professor, agrupadas em três eixos, à luz de Machado (2009), que são: Autoridade - Tolerância, Tecedura - Mapeamento, Fabulação - Mediação. Spinelli (2011) analisa os eixos citados em parágrafo anterior e ainda os relaciona com a contextualização. Para o autor, a autoridade do professor pode ser observada quando ele contextualiza seu trabalho e conduz os alunos por percursos estabelecidos, cabendo a esse professor estimular ou refrear os discentes, sempre por meio da argumentação, de forma que sejam evitadas práticas autoritárias. Para o autor, o eixo Tecedura – Mapeamento também se relaciona com o contexto. Define, inicialmente, contexto como um: "(...) conjunto de circunstâncias e detalhes que acompanham um fato e contribuem para aclará-lo". A partir desta definição, o autor conjectura que: Para a” constituição de um contexto, precisamos considerar as características que seus elementos possuem quando observados para além do contexto, ou seja, precisamos compreender, da maneira mais ampla possível, as relações de significado que se estabelecem entre os objetos a fim de selecionar aquelas que, particularmente, interessam ao conjunto de relações que caracterizam o contexto adotado. Quer dizer, precisamos observar e compreender o todo para que seja possível selecionar uma parte que traduza significância aos objetos constituintes. Tais ações podem ser traduzidas nas duas competências apontadas anteriormente, ou seja, mapear e tecer. (SPINELLI, 2011, p. 60) Para o terceiro eixo mediar - fabular, Spinelli (2011) indica a necessidade da argumentação do professor para mobilizar os alunos na construção de conhecimento. Ao 33 professor também cabe construir narrativas, que estabelecem as ligações entre os significados conceituais. O autor exemplifica narrativas relativas à trigonometria, em características como: inclinação do telhado, tipo de telha, tipo de clima etc., comentando que: A importância do desenvolvimento de conteúdos com base em contextos com as características apontadas não pode, todavia, obscurecer a necessidade de rompimento das amarras do contexto, sob perigo de que significados dos objetos de estudo possam ser construídos em função apenas de condições específicas, e não possam ser extrapoladas para além da construção empírica determinada, muitas vezes, pelas características do contexto adotado. (SPINELLI, 2011, p.67) Spinelli (2011) aponta a Trigonometria como contexto de ensino voltado para aplicações cotidianas e, dessa forma, acredita-se que o estudo desenvolvido pelo autor sobre a contextualização foi de fundamental importância para o trabalho, uma vez que essa temática é bastante valorizada e ajudou na análise de documentos oficiais como, Parâmetros Curriculares Nacionais Para o Ensino Médio (2000), Currículo do Estado de São Paulo (2010) e editais e questões de concursos públicos. O autor relaciona a Trigonometria com outras áreas do conhecimento, especialmente a Física com o estudo dos movimentos periódicos. Esse estudo chama a atenção também para as relações que a Trigonometria mantém com outros conteúdos da própria Matemática, como, por exemplo, os números complexos, História da Matemática. Além disso, o autor utiliza as narrativas para desenvolver o conteúdo de Trigonometria e apresenta três problemas: – No primeiro problema, Spinelli (2011) associa funções trigonométricas como seno e cosseno a ações cotidianas como as de ligar e desligar aparelhos de controle remoto e procura problematizar as situações, a fim de que os alunos reflitam sobre o tema; -- Spinelli (2011) apresenta, em seguida, uma situação na qual propõe a utilização de softwares para desenhar gráficos. Nesse caso, o autor compara as funções dadas a uma onda. É solicitado ao aluno que escreva o valor do comprimento da onda, da amplitude e da frequência, nas unidades dadas; 34 – No terceiro problema, o autor solicita que o aluno represente a amplitude de uma onda em um gráfico cartesiano, sendo dadas a frequência e a amplitude da onda. Em seguida, Spinelli (2011) descreve e justifica suas escolhas: No caso do exemplo da apresentação das funções trigonométricas, com base em contexto voltado para aplicações cotidianas, nosso mapeamento identificou a relevância dos significados de frequência de uma onda e da representação dessa onda por intermédio de um gráfico cartesiano. Elaboramos, então, um percurso que partiu da constatação da presença dos sinais eletromagnéticos à nossa volta, seguiu para a identificação dos conceitos importantes para a compreensão da fenomenologia associada, finalizando com a associação entre tais conceitos e a representação cartesiana de uma função matemática. (SPINELLI, 2011, p.89) O autor ainda abordou os "Contextos Interdisciplinares para o Ensino de Matemática" (SPINELLI, 2011, p.90), e utilizou o fenômeno das marés para contextualizar o ensino. Para o investigador, a contextualização da trigonometria, por meio da análise do fenômeno das marés, pode ser utilizada, visto que tal fenômeno favorece a modelagem com o uso das funções periódicas seno e cosseno, do modelo da circunferência trigonométrica e das funções trigonométricas de modo geral. Esse mesmo autor identifica as informações, os conhecimentos e as relações que precisam ser consideradas na situação, como por exemplo, conhecimentos ligados à mecânica clássica, ao uso do solo. Analisando a linha do pesquisador, observa-se que foi utilizado o mapeamento com informações necessárias que possibilitariam transformar essas mesmas informações em conhecimento e, observando as interações, mostradas nesse estudo, nota-se que é possível trabalhar a interdisciplinaridade do fenômeno das marés nas disciplinas de Matemática, Física, Geografia, além da Biologia e Química. Para exemplificar tal afirmação, seguem algumas das atividades referentes ao fenômeno das marés propostas pelo autor: 35 Atividade 1 - A periodicidade é representada por meio da evolução do comprimento da sombra de uma estaca com o passar das estações do ano, de forma a permitir observar a periodicidade do movimento da Terra ao redor do Sol. (SPINELLI, 2011, p.93); Atividade 2 - Para construir o gráfico das marés, é necessário buscar dados em um site previamente indicado, transferi-los para uma planilha Excel, desenhar o gráfico da evolução das alturas das marés e, finalmente, realizar os ajustes necessários para que o gráfico possa ser modelado por uma determinada equação. Outro contexto analisado pelo autor foi o da História da Matemática que foi exemplificado com uma proposta de atividade, na qual utiliza os Números Reais, cujo desenvolvimento favorece a Intradisciplinaridade10 e a Transdiciplinaridade11 no Ensino da Matemática. Podem-se indicar alguns exemplos relacionados pelo autor: as Matrizes e os Números Complexos. No caso do conjunto dos Números Complexos, esse foi contextualizado, utilizando outros blocos de conteúdos matemáticos, como, por exemplo, a Trigonometria, a Geometria e as Matrizes. Como conclusão, o autor observa que os documentos oficiais analisados por ele orientam os currículos para a contextualização dos universos do trabalho, da cidadania, da cultura, da tecnologia e da ciência. Além disso, o planejamento pedagógico e a abordagem dos conteúdos de forma contextualizada também foram mencionados e comentados: Na experiência cotidiana de professores é comum que os alunos contestem questões componentes de avaliações individuais com argumentos do tipo "nas aulas é feita uma coisa e na prova é cobrada outra". Nos casos em que tal questionamento é pertinente, podemos inferir a responsabilidade à forma como as situações de aprendizagem foram cumpridas no período antecedente à avaliação. O provável desvio, nesse caso, se caracteriza pela condução dos conteúdos, durante as aulas, por percurso sobre contexto único, justapondo-se à cobrança na 10 11 Intradisciplinaridade: São as conexões possíveis e/ou necessárias entre os diversos temas da Matemática. Transdiciplinaridade: É o nível de interação entre as disciplinas de maior complexidade conforme Japiassú (1976). Na transdiciplinaridade ocorre cooperação e diálogo entre os conhecimentos disciplinares (nível inferior - interdisciplinaridade) e um "pensamento organizador que ultrapassa as próprias disciplinas." (JAPIASSU, 1976, p.75) 36 avaliação de resolução de questão elaborada em um contexto diferente, sem que o professor tenha estimulado seus alunos a extrapolarem, anteriormente, as fronteiras do contexto anteriormente adotado. (SPINELLI, 2011, p. 126) O contexto interdisciplinar, com base no fenômeno das marés, também é evidenciado nas relações entre Matemática, Física, em outros componentes curriculares e nas sequências de funções trigonométricas por ele previstas. A importância do contexto interdisciplinar discutida nessa tese foi de fundamental importância para análise das propostas apresentadas nos materiais de apoio do Currículo Oficial do Estado de São Paulo uma vez que algumas das propostas indicadas pelo autor, em sua tese, são apresentadas como sugestão aos professores que lecionam matemática para o Ensino Médio nas escolas públicas paulistas. 2.2. Um estudo que analisa uma prova sob o ponto de vista dos saberes docentes O artigo Saberes Docentes em Matemática: Uma Análise da Prova do Concurso Paulista de 2003, Nacarato et al (2005) chama a atenção para o fato de que a literatura recente sobre formação de professores evidencia que o saber docente nem sempre é considerado na implementação de políticas públicas. Nesse estudo os autores buscam analisar as provas de matemática do concurso para professor de Educação Básica-PEB II, realizado no Estado de São Paulo em 2003, para discutir as contradições entre as concepções de professores possuidores de saberes docentes e professores competentes. Nacarato et al (2005) iniciam seus estudos a partir de resultados de dados, por exemplo, de Marcelo Garcia (1998) sobre o Paradigma do Pensamento do Professor. Afirmam que A formação de professores tem demonstrado que o professor é um profissional que tem seus próprios saberes e produz novos, sendo capaz de (re) significar, mediante práticas reflexivas e investigativas, sua própria atividade docente e suas teorias práticas. (NACARATO et al, 2005, p.61) 37 Para os autores, o professor transforma o seu trabalho coletivo pedagógico em um processo de formação continuada, destacando-se: a prática reflexiva, desenvolvimento profissional, saberes docentes, trabalhos colaborativos e coletivos. Os construtos citados: "[...] trazem - alguns explicitamente e outros implicitamente - a ruptura com o modelo da racionalidade técnica, no qual o professor é considerado apenas um reprodutor de teorias elaboradas por especialistas". (NACARATO et al, 2005, p.61) O artigo indica que o Banco Mundial vem definindo prioridades, estratégias e conteúdos que são adotados nas reformas educativas em diversos países. Essa política sedutora de governantes e acadêmicos, segundo os autores, é evidenciada em algumas ações: avaliações da Educação Básica, avaliação do Ensino Superior, currículo nacional, avaliação do livro didático, diretrizes curriculares para a formação de professores, certificação de competência docente, dentre outros. Em seguida, os autores apresentam um estudo realizado pelo grupo, que dizia respeito aos saberes docentes. Foram investigadas 18 dissertações e teses defendidas no período de 1998 - julho/2003. As pesquisas analisadas indicaram uma convergência para três dimensões não excludentes: a dimensão subjetiva - o "saber ser"; a dimensão do conhecimento acadêmico (conhecimento matemático e das ciências da educação) - "o saber"; e a dimensão da prática - "o saber fazer". Para os autores, o processo de formação de professores não deve ser centrado na transmissão de conteúdos específicos. Com relação às políticas públicas, segundo os autores, essas não levam em consideração as contribuições advindas das pesquisas, ou, quando as consideram, são adaptadas a um modelo avaliativo alinhado às exigências externas. Adair Mendes Nacarato et al (2005) consideram que o discurso oficial vem substituindo o constructo saberes docentes pelo conceito de "competência", e essas são utilizadas nos contextos curriculares e avaliativos de atuação profissional. 38 Antes de analisar as provas, os autores apresentam uma breve discussão do que vem a ser o Conceito de Competência na Formação do Professor. Apresentam o contexto de renovação curricular da França (1988-1990) em que o termo Competência foi criado e difundido em outros países. No Brasil, chamam a atenção para “a forma avassaladora, sem nenhuma discussão prévia e sem diretrizes, para os professores, dos significados com que os mesmos passariam a ser utilizados” (Nacarato et al, 2005, p.63). Em relação aos professores, os autores indicam que o termo passa a ser um componente do trabalho docente uma vez que: [...] tem-se exigido a organização de seus projetos e planejamentos na forma de competências e habilidades, como se esses conceitos fossem claros o suficiente para nortear a ação pedagógica. No entanto, o professor sente-se coagido a cumprir as orientações nesse sentido, visto que o controle do trabalho docente vem sendo realizado na forma de avaliações externas em larga escala. (NACARATO et al, 2005, p.63) Os autores fazem críticas também em relação à forma como eles vêm observando a formação continuada. Consideram que, na maioria das vezes, ela é assumida financeiramente pelo próprio professor e, dessa forma, as discussões sobre os saberes que os professores detêm e/ou constroem, não tem ocorrido como seria necessário. Adair Mendes Nacarato et al afirmam que as políticas públicas com centralidade no professor utilizam-se de mecanismos de controle e as competências passam a realizar esse papel sobre suas atividades docentes. (2005, p. 64). Os autores discutem a forma como o termo competência é utilizado pelos poderes públicos. Afirmam que as políticas educacionais impostas pelo estado utilizam-se dos estudos de Perrenoud (2000) para (re)significá-las: [...] Não estaria havendo aí um deslocamento do problema atribuindo a esse renomado sociólogo a responsabilidade que deveria ser atribuída à forma como o poder central se apropria dos constructos acadêmicos e os (re)significa para dar suporte a uma política educacional a ser imposta? Acreditamos que a resistência com a qual concordamos ao uso do termo “competências” tal como se vem fazendo presente no discurso educacional acabou por excluir da discussão acadêmica a ideia defendida por Perrenoud (2000). Hoje, fazendo uma releitura 39 dessas ideias, fica-nos evidente o quanto elas estão longe da popularização e implementação que as mesmas tiveram no cenário educacional brasileiro. (NACARATO et al, 2005, p.63-64) Nacarato et al (2005) analisam o termo "competência" utilizado na concepção de Perrenoud (2000), partindo da definição formulada pelo autor, ou seja, a capacidade de mobilizar diversos recursos cognitivos para enfrentar um tipo de situação e afirmam que as competências profissionais são construídas na prática docente e exigem esquemas de pensamento. A partir destas ideias centrais, os autores criticam o uso desse termo em avaliações institucionais: “[...] ora, se as competências exigem esquemas de pensamento, estes não são diretamente observáveis e, diríamos não mensuráveis.” (NACARATO et al, 2005, p.64) Para mostrar o quão distante estão as políticas públicas dos resultados apontados por pesquisas sobre os saberes docentes, os autores analisaram a prova do concurso PEB II de 2003, ocorrido no Estado de São Paulo que foi avaliada em relação a dois aspectos: as normas estabelecidas para o concurso e a análise das questões da prova de Matemática. Segundo os autores, o edital do concurso referido anteriormente apresenta dubiedade quando ora se aproxima de estudos teóricos sobre formação de professores, ora se apoia nos conceitos de competência. Além disso, indica como responsabilidade da função docente a implantação da política educacional e a construção de uma escola democrática, solidária e competente. Sobre esse aspecto, os autores acrescentam que esse documento "[...] pauta-se na visão ingênua de que o professor é o implementador de políticas públicas." (NACARATO et al, 2005, p.64) Em relação ao perfil profissional, esses pesquisadores também identificaram dubiedades: 1. As responsabilidades dos professores em relação ao processo de ensino - aprendizagem inclui: identificar dificuldades relativas ao aprendizado dos alunos e assegurar que elas sejam erradicadas para que o aluno consiga atingir níveis de proficiência adequados. 40 Todavia, o documento oficial indica que o professor deve se responsabilizar pelas "atividades de reforço e recuperação que promovam avanços significativos na aprendizagem". Para os autores, se o professor já identificou as necessidades de aprendizagem individuais de cada aluno, não existiria a necessidade de recorrer a atividades de reforço e recuperação. Porém, esses mesmos pesquisadores ressaltam que, nas escolas públicas estaduais do Estado de São Paulo, o professor não possui condições para atender aos alunos como previsto no documento oficial. A falta de autonomia do professor também é mencionada nesse estudo, em tais considerações: "elabora e desenvolve o plano de ensino a partir dos indicadores de desempenho escolar e das diretrizes definidas pelos Conselhos de Educação e da Secretaria da Educação”. (ibid, p.65). Para esses autores: "[...] a burocratização e a intensificação do trabalho docente acaba impedindo o professor de atingir seus objetivos pessoais de promover, de fato, um ensino de qualidade e até mesmo de atender às exigências postas pelo próprio modelo educacional" (ibid, p.65); 2. Nacarato et al comentam que o documento ainda indica a necessidade do professor possuir "domínio de conhecimentos de sua área específica de atuação que garanta aos alunos o desenvolvimento das competências e habilidades cognitivas, sociais e afetivas".(ibid, p.65). A respeito das exigências, os autores observam que: [...] Em primeiro lugar, o que se entende por conhecimentos de sua área específica de atuação? No caso da matemática, seria o domínio de conteúdos matemáticos? Nesse sentido, há uma total desconsideração com as atuais discussões sobre os saberes docentes, atribuindo-lhes apenas a dimensão disciplinar, desconsiderando os demais componentes, como o saber pedagógico do conteúdo, o saber curricular, o saber das ciências da educação e o saber experiencial. Se nos referirmos ao saber docente, constituído em sua amplitude, devemos ressaltar que a bibliografia específica, em momento algum atende a essa concepção. (NACARATO et al, 2005, p.65) Para os autores, a bibliografia geral aproxima-se do perfil esperado para o professor, ao passo que a bibliografia específica é centrada unicamente nos conteúdos matemáticos; 3. Com relação ao perfil profissional, o documento explicita que o professor compartilhará da construção coletiva da escola pública de qualidade e atuará na gestão da escola. Os 41 autores entendem que a única participação do professor é possibilitada a partir das diretrizes externas e cabe às avaliações externas o acompanhamento do projeto político pedagógico; 4. Outro ponto que chamou a atenção dos autores foi a caracterização do aperfeiçoamento profissional complementada com a ideia de competências. Para os autores, o desenvolvimento profissional se contrapõe ao aperfeiçoamento profissional, pois conforme a citação de Paulo Freire (1996), "O conceito de aperfeiçoamento traz implícita a concepção de que o professor não é um produtor de saberes e sugere a ideia de tornar-se "perfeito", como se na ação educativa, ou em qualquer outra atividade humana, existisse perfeição. Desconsidera-se a ideia da condição de inconcluso e inacabado de que se reveste o ser humano." (FREIRE, 1996 apud (NACARATO et al, 2005, p.66); 5. No item do temário que trata do protagonismo juvenil, os autores fazem o seguinte questionamento: "[...] em que medida o professor pode contribuir para esse protagonismo dos alunos se ele, em momento algum, é considerado protagonista de sua atividade profissional?" (NACARATO et al, 2005, p.66); 6. Para os autores, a bibliografia específica foi o ponto que mais incomodou, pois, em sua interpretação, não está atualizada e é incoerente com os objetivos da formação docente e do texto do caput do temário. A ideia de trabalho curricular também é questionada. Os autores afirmam que "A ênfase é dada ao conteúdo matemático, priorizando uma formação inicial conteudista, que valoriza mais o saber matemático que o saber pedagógico”. (NACARATO et al, 2005, p.66) Em seguida, Nacarato et al analisam a prova de Matemática do concurso PEB II, composta por 80 questões objetivas, sendo que as 30 primeiras eram relativas à formação básica e as demais à formação específica. As questões de números 46, 57, 58 e 66 foram anuladas, portanto, foram analisadas 46 questões objetivas de formação específica, e quatro 42 questões discursivas. Foram considerados os critérios especificados no Comunicado SE de 4-7-2003: 1. A Matemática e suas linguagens - 41 questões requeriam o conhecimento da linguagem matemática. Esse era o único requisito de 31 dessas questões e as demais 5 questões só utilizavam a linguagem materna; 2. A Matemática e seus métodos de investigação - foram identificadas 6 questões, sendo que os autores questionaram sua aplicabilidade com tão pouco tempo para a resolução de tantas questões; 3. A Matemática e sua contextualização histórica e social - foram encontradas apenas duas questões que atenderam a esse requisito, sendo que a resolução se dá apenas com a aplicação de fórmulas. Em outras questões, observou-se a tentativa de contextualizar de forma irreal e equivocada. Para os autores, as contextualizações não contribuíram para a resolução da questão, apenas "roubaram" o tempo do candidato; 4. A Matemática e suas tecnologias - Não foram observadas questões que abordassem essa tendência da Educação Matemática; 5. A Matemática e suas relações com outras áreas do conhecimento - Quatro questões foram observadas e em todas elas era necessária apenas a aplicação de fórmulas ou algoritmos; 6. A Matemática e os fundamentos do trabalho curricular - já abordado anteriormente. Não foram observadas questões com tais características; 7. A aplicação didática e metodológica em sala de aula: Para estas características apenas duas questões contemplaram parcialmente o disposto no documento oficial; 43 A seguir, Nacarato et al (2005) analisaram as quatro questões dissertativas. Na primeira delas foram exigidos do candidato justificativas e argumentos para a formação continuada do docente. Já a segunda questão foi interessante para os autores, já que o professor devia criar um problema de análise combinatória com abordagens tanto tradicional quanto diferenciada; A terceira questão solicitava a determinação da aresta de um cubo e volume desse mesmo cubo, conforme a lenda do jogo de xadrez. Para os pesquisadores, tal tarefa envolvia apenas procedimentos matemáticos; A quarta questão abordava aspectos metodológicos e conceituais de Matemática e não houve questionamentos por parte dos autores. Nacarato et al (2005) comentaram que a parte discursiva atendeu parcialmente ao perfil do professor, pois poderia ter contemplado questões mais interessantes e discussões mais recentes da Área de Educação Matemática. Nas conclusões desse trabalho referentes às expectativas estabelecidas para a formação docente, os autores destacaram que as políticas públicas não valorizam os professores e não se utilizaram de pesquisas recentes para a elaboração da prova do concurso de PEB II do Estado de São Paulo, sendo que muitas dessas pesquisas são financiadas pelo próprio poder público. Desse modo, a prova foi tecnicista, favorecendo o ingresso do candidato recémformado e, além disso, as questões objetivas, "reforçam o papel da Matemática como selecionadora, como fonte de exclusão social." (ibid, p.69) Sendo assim, esse artigo foi de fundamental importância para a elaboração dessa dissertação, pois apresenta críticas aos documentos oficiais, fazendo uso de novas pesquisas 44 muitas vezes financiadas pelo poder público, além de analisar a prova realizada no ano de 2003, para o provimento de vagas de docentes de Matemática para o Estado de São Paulo. Foram também analisadas, neste estudo, as Resoluções que dispõem sobre os perfis profissionais, competências e habilidades requeridos dos candidatos a professor de Matemática da rede pública estadual. Utilizamos parte dos critérios de análise adotados no estudo de Nacarato et al (2005). 2.3 Investigações que Discutem o Conhecimento Profissional Docente Nesse capítulo, publicações teóricas são analisadas para argumentações posteriores. 2.3.1.Shulman Para fundamentar nossa análise e discussão dos resultados utilizamos também os estudos de Shulman (1987), os quais apresentaremos a seguir: No prólogo de seu trabalho, Shulman (1987) observa que a maior parte das caracterizações da eficácia dos professores relata a gestão de sala de aula, enquanto poucas são as análises de professores que, além dessa gestão, também são capazes de realizar a gestão de ideias nos discursos realizados em suas salas de aula. Na época em que o artigo de Shulman foi publicado (1987), um dos principais temas abordados era a profissionalização do ensino, com a seguinte premissa: "o desempenho dos professores deve ser julgado e pode ser levantado e mais claramente articulado.” Além disso, "eles argumentam que a base de conhecimento deveria estruturar a formação do professor e informar diretamente a prática de ensino". (SHULMAN, 1987, p. 3-4) 45 Pensando na certificação baseada em julgamentos, o autor se apoiou em três fatores para legitimar normas: ligação às descobertas de estudos nas disciplinas acadêmicas que formam o Currículo (Inglês, Física e História) que deve servir como base para o processo de Educação (Psicologia, Sociologia ou Filosofia); existência de credibilidade intuitiva nos pareceres da comunidade profissional e que deve estar relacionada às concepções normativas apropriadas de ensino e formação de professores. (SHULMAN, 1987, p. 4). Sob esse escopo, surgiram alguns questionamentos que diziam respeito à base de conhecimento para o ensino: O que é base de conhecimento? É bastante conhecer sobre o ensino, para apoiar uma base de conhecimento? O ensino não é um pouco mais do que o estilo pessoal, comunicação hábil, saber algum conteúdo da disciplina e aplicar os resultados de pesquisas recentes sobre a eficácia do ensino? (SHULMAN, 1987, p.5 – 6) Para Shulman (1987), tanto as ações de educadores quanto as políticas públicas indicavam que a formulação do ensino requeria habilidades básicas, conhecimento de conteúdo e habilidades pedagógicas gerais. Características críticas de ensino, tais como o conteúdo a ser ensinado, o contexto da sala de aula, as características físicas e psicológicas dos alunos, ou a realização de fins que não são facilmente avaliados em testes padronizados, são tipicamente ignorados na busca de princípios gerais de ensino eficaz. (SHULMAN, 1987, p.6) O autor indica também que políticas públicas foram definidas com base em pesquisas da época. Sistemas de observação de aulas e listas de comportamento do professor foram traduzidos como competências desejáveis para o professor em sala de aula. "Embora os pesquisadores entendessem as descobertas como simplificadas e incompletas, a comunidade política as aceitou como suficientes para as definições de padrões". (SHULMAN, 1987, p. 6). A esse respeito, esse pesquisador acrescenta que: Em muitos casos, não se esperava que os observadores tivessem perícia nas áreas que estavam sendo observadas, porque isso não tinha importância para a avaliação de desempenho dos professores. Assim, o que pode ter sido uma estratégia aceitável para a pesquisa se tornou uma política inaceitável para a avaliação do professor. (SHULMAN, 1987, p.7) 46 Esse pesquisador conclui que os resultados dos seus estudos não são a única fonte utilizada na fundamentação de uma definição para a base de conhecimento de ensino. Essas fontes devem ser entendidas como muito mais ricas e extensas. Na verdade, bem entendido, as fontes reais e potenciais de uma base de conhecimento são tão abundantes que nossa questão não deve ser, há realmente muito que se precisa saber para ensinar? Pelo contrário, ela deve expressar nosso espanto sobre quão pouco conhecimento do ensino pode ser aprendido durante o breve período atribuído à formação de professores. (SHULMAN, 1987, p.7) Esse estudo chama a atenção para o fato de que o ensino começa com a compreensão do professor sobre o que deve ser aprendido e como deve ser ensinado. O docente, por sua vez, utiliza-se de atividades que oportunizam a aprendizagem aos estudantes e são finalizados com uma nova compreensão, tanto por parte do professor, quanto por parte dos alunos. Shulman (1987) afirma ainda que apesar desta ser uma concepção de núcleo de ensino, ela também é uma concepção incompleta. Portanto, ele define as categorias de conhecimento que fundamentam a compreensão dos professores. Para Shulman (1987), no mínimo, deveriam estar inclusas estas categorias: 1. Conhecimento do conteúdo; 2. Conhecimento pedagógico geral, com referência especial para aqueles princípios amplos (principais) e estratégias de gestão e organização de sala de aula, que parecem transcender o conteúdo; 3. Conhecimento curricular, com particular domínio dos materiais e programas que servem como "ferramentas do ofício" para professores; 4. Conhecimento pedagógico do conteúdo, amálgama especial de conteúdo e de pedagogia que é esfera de ação [ramo do saber] unicamente de professores, sua própria forma especial de entendimento profissional; 5. Conhecimento de estudantes e suas características; 6. Conhecimento de contextos educacionais, que vão desde o funcionamento do grupo ou da sala de aula, a governança e o financiamento dos distritos escolares, até o caráter das comunidades e culturas; 7. Conhecimento dos fins educacionais, propósitos e valores, e seus fundamentos filosóficos e históricos. (SHULMAN, 1987, p.8) Dentre as categorias citadas, o autor enumera as 4 principais: O conhecimento do conteúdo, os materiais e definições do processo institucionalizado de educação, pesquisa sobre a escolaridade, organizações sociais, a aprendizagem humana e, finalmente, o conhecimento da própria prática. (SHULMAN, 1987, p.8). Nesse sentido, esse mesmo pesquisador acrescenta que: 47 [...] A chave para distinguir a base de conhecimento para ensinar reside na intersecção de conteúdo e pedagogia, na capacidade de um professor para transformar o conhecimento do conteúdo que ele ou ela possui, em formas que são pedagogicamente poderosas e ainda adaptativas às variações em habilidade e experiências apresentadas pelos estudantes. (SHULMAN, 1987, p.16) Para elucidar as análises que serão apresentadas posteriormente, as tabelas a seguir exemplificarão a categorização para o ensino de Trigonometria postuladas por Shulman: 48 Tabela 1- Tipo de Conhecimento - Shulman TIPO DE EXEMPLO CONHECIMENTO SIMPLIFICADO 2012 - QUESTÃO 24 Dependendo do tamanho da casa e das telhas utilizadas para cobri-la, muitas vezes constrói-se uma armação em madeira, no formato de triângulo isósceles, como mostra a figura a seguir. Na figura, a medida RS é igual a 20% da medida de PQ. Assim, se PQ mede 6m, RQ mede, aproximadamente: a) 5,22m b) 4,18m c) 4,07m d) 3,72m e) 3,23m Categoria de conhecimento profissional docente necessário CONTEÚDO ESPECÍFICO para a resolução da tarefa (Shulman) - Conhecimento do Conteúdo Específico. O professor deve ser possuidor de uma série de conhecimentos necessários à resolução desta tarefa, entre eles, podemos citar: _ Propriedades dos triângulos isósceles. _ Propriedades dos triângulos retângulos. _ Transformações geométricas (em especial, a reflexão). _ Relações métricas e trigonométricas em um triângulo retângulo. _ Utilização de porcentagem. _ Aplicação do teorema de Pitágoras. FONTE: A pesquisa 49 Tabela 2 - Tipo de Conhecimento - Shulman TIPO DE CONHECIMENTO CURRICULAR EXEMPLO O professor deve conhecer plenamente o currículo de forma a definir metodologias e estratégias para a aprendizagem dos alunos, realizar análises, revisar conteúdos preliminares que de alguma forma sejam necessários para que o ensino seja realizado com eficácia. Como exemplo, temos: Na descrição dos conteúdos propostos pelo Cúrrículo do Estado de São Paulo para o 9° ano é proposto que o professor apresente aos alunos uma sequência de trabalho, de modo a levar o aluno a Identificar e compreender as particularidades que determinam a semelhança de triângulos e a partir dessa definição: identificar, compreender e resolver problemas que envolvam razões trigonométricas fundamentais. FONTE: A pesquisa 50 Tabela 3 - Tipo de Conhecimento - Shulman TIPO DE CONHECIMENTO EXEMPLO Não foram encontradas nas provas questões que avaliassem o conhecimento pedagógico do conteúdo. A questão abaixo foi a que mais se aproximou porque utiliza-se de uma situação cujo modelo é uma função periódica e essa é uma indicação dada pelos autores do caderno para a introdução do tema. TAREFA 14 - SIMPLIFICADO 2012 - QUESTÃO 31 Em uma cidade, a altura máxima da maré em seu porto ocorreu exatamente às 12 horas. A altura da água do mar nessa cidade é uma função periódica, pois oscila regularmente entre maré alta e maré baixa, ou seja, a altura da maré aumenta até atingir um valor máximo (maré alta) e vai diminuindo até atingir um valor mínimo (maré baixa), para depois aumentar de novo até a maré alta, e assim por diante. A altura h, em metros, da maré, nesse dia, no porto PEDAGÓGICO DO da cidade, pode ser obtida, aproximadamente, pela CONTEÚDO sentença: h(t) = 2,5 + 1,5 cos ( ), sendo t o tempo decorrido, em horas, após as 12 horas. Assim, a altura h da maré às 16 horas, ou seja, quando t = 4 horas é: a) 4,0 m d) 2,0 m b) 3,6 m e) 1,0 m c) 2,5 m Categoria de conhecimento profissional docente necessário para a resolução da tarefa (Shulman, 1987) - Conhecimento do Conteúdo Específico. Esta questão avalia os conhecimentos específicos do candidato, necessários ao cálculo do valor numérico de expressões algébricas. No que respeita à Trigonometria, o conhecimento exigido para a resolução desta questão se restringe ao valor do cosseno de π. FONTE: A pesquisa 51 2.3.2. Robert Para o estudo do funcionamento do conhecimento matemático nas diferentes etapas escolares, o trabalho de Robert (1998) é ressaltado, pois ele questiona a aprendizagem quando se trabalha com estudantes que já possuem alguns conhecimentos e para os quais a matemática se aproxima da dos especialistas. A partir dessa reflexão, a autora explicita os saberes a serem considerados, que são identificados por meio dos programas oficiais e, na sequência, se refere às atividades esperadas dos estudantes, as práticas dos especialistas, a alguns trabalhos sobre as dificuldades encontradas para, finalmente, propor as ferramentas de análise das noções a ensinar, a saber: as abordagens teóricas em termos de quadros e mudanças de quadros de Douady12 (1992), de registro de representação semiótica de Duval13 (1995), as diferentes naturezas das noções a ensinar, os níveis de conceituação e os níveis de conhecimento esperado para o desempenho dos estudantes. Em face dessa última categoria, esse artigo foi importante na fundamentação teórica desse trabalho devido à tipologia que permite identificar o nível de conhecimento necessário para o professor sobre determinada noção para a solução de uma tarefa. 2.4 Funcionamento do Conhecimento Matemático sob a perspectiva de Aline Robert Robert (1998), no resumo do artigo "Outils d´analyse des contenus mathématiques à enseigner au lycée à l´université", esclarece que no trabalho serão propostas ferramentas para análise de noções matemáticas que são ensinadas aos estudantes na faixa dos 15-16 anos de idade e na universidade cujo objetivo é considerar a complexidade e especificidade 12 Régine Douady (1992), caracteriza a noção de quadro da seguinte maneira : “Um quadro é constituído de objetos de um campo da matemática, de relações entre esses objetos, de suas formulações eventualmente diferentes e das imagens mentais associadas a esses objetos e a essas relações”. Temos como exemplos quadros algébricos, geométricos, numéricos, etc... 13 A Teoria dos Registros de Representações Semióticas foi introduzida por Raymond Duval ao longo de diversos artigos e livros (DUVAL (1995), e tem sido cada vez mais utilizada, seja como suporte teórico ou como suporte metodológico, nas pesquisas relativas à aquisição de conhecimento e de organização de situações de aprendizagem. 52 dessas noções dentro do contexto do programa do ensino secundário francês e das exigências em relação às mesmas introduzidas no ensino superior. Além disso, a autora enfatiza que esse estudo tem como objetivo a construção de cenários de aprendizagem para estudantes que se encontram na fase de transição entre o ensino secundário e superior. Ela divide o estudo em duas etapas: na primeira, ela descreve práticas profissionais dos matemáticos e as compara com resultados esperados dos estudantes propostos nos programas, em especial, do ensino secundário e com trabalhos de pesquisa já existentes. Nessa fase, Robert (1998) enfatiza a importância do trabalho pessoal, que segundo ela, se torna cada vez mais importante no decorrer do ensino secundário e da universidade, visto que os estudantes não podem se contentar em escutar e trabalhar em aula, uma vez que existem muitos elementos a reter e uma quantidade mínima da utilização das noções que é possível trabalhar em classe. Entretanto, segundo a autora, existe uma grande dificuldade, já que não se pode esperar que os alunos se deparem com todos os problemas possíveis, já que tal situação seria “explosiva”. Robert (1998) ressalta ainda que a organização e a eficácia do trabalho pessoal pode se tornar uma questão importante para o estudante, uma vez que existe uma demanda implícita nesse sentido, podendo ser uma necessidade para o domínio dos conhecimentos exigidos. Isso a conduz a identificar as contradições entre a lógica da aprendizagem e a lógica do sucesso, por exemplo, para os estudantes dos primeiros anos da universidade que privilegiam as aprendizagens superficiais, sem questionamentos, para as quais a identificação de conhecimentos externos é negligenciada. Portanto, as aprendizagens mais autênticas que, segundo a autora, necessitam de questionamentos, são difíceis a instalar uma vez que elas precisam de mudanças do modo de trabalho, pois exigem um longo tempo para se tornarem eficazes. Deste modo, algumas escolhas de tópicos para os exames que avaliam apenas as aprendizagens superficiais 53 confortam os estudantes que escolhem a lógica do sucesso até o dia em que eles se encontram em uma situação que representa uma catástrofe. Na segunda etapa, Robert (1998) apresenta as quatro dimensões de análise dos conteúdos a ensinar. As três primeiras dimensões estão diretamente relacionadas às noções e aos seus domínios de aplicação: como eles são introduzidos nos programas, nos livros didáticos e nos cursos. A quarta dimensão direciona-se ao funcionamento dessas noções aos problemas. Segundo a autora, a primeira dimensão corresponde ao caráter ferramenta-objeto das noções, assim como aos quadros e registros de intervenção; a segunda corresponde ao status das noções a ensinar quanto a sua inserção na paisagem matemática dos estudantes, isto é, ao grau de generalização em relação às noções anteriores, ao grau de formalização dado à noção, ao caráter unificador da noção em relação às anteriores; nos conteúdos matemáticos dispostos pelos alunos; noções que podem ser apresentadas diretamente aos alunos como extensões de noções abordadas anteriormente; noções apresentadas como respostas a novos problemas para que haja compreensão por parte dos alunos, embora não possam ser resolvidos completamente; noções que correspondam à introdução de um formalismo adaptado. Já na terceira dimensão, nota-se a presença de níveis variados de conceituação. Tais níveis de conceituação são definidos por Robert (1997) como uma forma de etiquetar prateleiras em um campo conceitual de conhecimentos matemáticos, na qual cada etiqueta corresponde a uma organização coerente de uma parte do campo, caracterizada pelos objetos matemáticos apresentados de uma determinada maneira, dos teoremas sobre esses objetos, dos métodos associados a esses teoremas e dos problemas que os alunos podem resolver com os teoremas do nível considerado e utilizando esses métodos. Muitas noções matemáticas podem ser abordadas em vários níveis de conceituação, sempre parcialmente encaixados: os objetos iniciais mudam, eles se tornam mais gerais. 54 Isto permite introduzir novas estruturas, mais ricas, e para isso necessitam de um novo formalismo adaptado. Analogicamente, muitos problemas podem ser colocados e resolvidos em vários níveis sempre em exercícios considerados teóricos (i.e. gerais), passando, dessa forma, aos teoremas do nível seguinte. (ROBERT, 1997a, 149-157). Dessa forma, a quarta dimensão, que corresponde às características de funcionamento das noções e que utilizaremos nas análises deste trabalho, denominada níveis de funcionamento dos conhecimentos pelos estudantes, é introduzida por Robert (1998) após explicitação que esses níveis são necessariamente relativos a um determinado nível de escolaridade. Robert (1998) identifica assim os três níveis de conhecimento esperados dos estudantes: técnico, mobilizável e disponível. O nível técnico corresponde a um funcionamento indicado, isolado, que coloca em jogo as aplicações imediatas de propriedades, teoremas, definições, fórmulas, etc. Trata-se de contextualizações simples, locais, sem etapas, sem trabalho de reconhecimento preliminar, sem adaptações. Isso concerne preferencialmente o funcionamento das ferramentas (incluindo as definições) (ROBERT, 1998, p.165). A tarefa a seguir pode ilustrar esse nível: Entre os valores abaixo, qual corresponde ao valor exato de cos 45°? a) 0 b) 1 c) 1 2 d) 3 2 e) 2 2 O nível mobilizável corresponde ao funcionamento mais amplo, ainda indicado, mas ultrapassando a simples aplicação de uma propriedade. Pode por exemplo, ser necessário adaptar esses conhecimentos para aplicar um teorema adequado, mudar um ponto de vista, ou de quadro (com indicações), pode ainda corresponder à necessidade de aplicar varias vezes em sequência a mesma coisa ou utilizar várias coisas diferentes em etapas sucessivas, 55 ou ainda, pode corresponder à necessidade de articular duas informações de naturezas diferentes. Em todos os casos, esse nível testa um funcionamento, no qual existe um início de justaposição de saberes em um dado domínio, chegando a uma organização. Não existe somente aplicação simples, o caráter ferramenta-objeto pode ser utilizado, mas o que está em jogo é explícito. Em outras palavras, o saber é dito mobilizável quando ele é bem identificado Ele será bem utilizado pelo aluno, mesmo se a adaptação a um contexto particular ocorrer. (ROBERT, 1998, p.166). Nesse nível, pode-se notar que o conhecimento necessário para resolver a tarefa proposta é indicado explicitamente no enunciado da questão 6 do concurso de professores de 2013. Questão 06 (Concurso Público de Ingresso, tipo 1, branca, 2013, p.3) Certo satélite científico percorre uma órbita em que sua distância (d), em quilômetros, até a superfície da Terra é dada por: d 12000 6400 , 1 0,2 cos Com θ variando, em cada órbita, de 0° a 360°. A maior distância do satélite até a superfície da Terra é de: (A) 3600 km (B) 4800 km (C) 5600 km (D) 7200 km (E) 8600 km Para efetuar a resolução dessa questão, o candidato deve saber que o cos θ pode variar de -1 até 1. Sabe-se, também, que quanto menor o denominador da fração, maior será o resultado encontrado. Logo, o único valor que nos interessa é o de cos θ = -1. 56 Classificamos esta questão como mobilizável, pois o candidato precisará considerar os valores máximo e mínimo do cos θ para solucionar o problema. O nível disponível, por sua vez, corresponde ao fato de saber resolver o que é proposto. É possível, nesse nível utilizar contraexemplos (encontrar ou inventar), realizar mudanças de quadros sem sugestão (fazer relações), aplicar métodos não previstos. Esse nível de funcionamento está associado a uma familiaridade importante, ao conhecimento de situações de referências variadas, que o estudante sabe que as conhece e que podem servir de terreno de experimentação, além da possibilidade do aluno problematizar e fazer resumos. Como exemplo, a tarefa a seguir corresponde a um caso onde o nível esperado para a solução é o disponível. QUESTÃO 161 (ENEM - 2010) - Um satélite de telecomunicações, t minutos após ter atingido sua órbita, está a r quilômetros de distância do centro da Terra. Quando r assume seus valores máximo e mínimo, diz-se que o satélite atingiu o apogeu e o perigeu, respectivamente. Suponha que, para esse satélite, o valor de r em função de t seja dado por r (t) = 5865 1 0,15 * cos(0,06t ) Um cientista monitora o movimento desse satélite para controlar o seu afastamento do centro da Terra. Para isso ele precisa calcular a soma dos valores de r, no apogeu e no perigeu, representada por S. O cientista deveria concluir que, periodicamente, S atinge o valor de a) 12 765 km. b) 12 000 km c) 11 730 km. d) 10 965 km e) 5 865 km. Para efetuar a resolução dessa questão, o candidato deve saber que o cos θ pode variar de -1 até 1. 57 Pode-se afirmar que essa questão é disponível, visto que o candidato precisará saber relacionar apogeu e perigeu ao conhecimento matemático necessário para resolver a tarefa. A forma como o cosseno é dado com r em função de t exige que o candidato associe cós (0,06t) a 1 e -1. Não sendo necessário determinar o valor de t. No próximo capítulo, os documentos oficiais pesquisados serão apresentados, tendo papel importante à análise das questões de concursos públicos. 58 CAPÍTULO 3 – A Trigonometria nas Propostas Institucionais Nacionais e no Currículo do Estado de São Paulo Esse capítulo tem o objetivo principal de apresentar resultados da pesquisa documental que consideramos de fundamental importância na identificação das indicações curriculares para o ensino da Trigonometria. Esse estudo possibilitou reconhecer conhecimentos específicos, didáticos e curriculares sobre esse assunto matemático esperados dos professores que lecionam matemática nas escolas estaduais. Procurou-se dar ênfase à Trigonometria nos Currículos aqui abordados, sobretudo, o atual Currículo Oficial do Estado de São Paulo implementado a partir de 2008, com apresentação de pressupostos gerais de indicações curriculares anteriores, por se tratarem de orientações federais que, certamente, influenciaram o currículo atual. É importante ressaltar que analisamos provas de concursos de professores de Matemática em ingresso, mérito e processo simplificado sob a ótica de documentos oficias. Desse modo, esse estudo concentra-se nas questões que abordam o conteúdo específico da Trigonometria. 3.1. Os Parâmetros Curriculares Nacionais Para O Ensino Médio (PCNEM, 2000) - Legislação Ao realizar a leitura da apresentação do PCNEM (2000), constatam-se mudanças significativas no documento: integração dos alunos no mundo contemporâneo nas dimensões da cidadania e do trabalho, currículo baseado em competências básicas, ensino contextualizado, busca de significados ao conhecimento escolar, evitando a compartimentalização, presença da interdisciplinaridade e incentivo ao raciocínio e capacidade de aprender. 59 Os PCNEM (2000) também propõem que "A formação do aluno deve ter como alvo principal a aquisição de conhecimentos básicos, a preparação científica e a capacidade de utilizar as diferentes tecnologias relativas às áreas de atuação” 14 . (BRASIL, 2000, p.5) Esse novo currículo leva em conta, segundo seus elaboradores, além das demandas decorrentes da "revolução do conhecimento", as relações sociais, a expansão da rede pública e a garantia dos padrões de qualidade do ensino, exigência desta sociedade. Nesse contexto, o Ensino Médio passa a fazer parte da Educação Básica: Isso significa que o Ensino Médio passa a integrar a etapa do processo educacional que a nação considera básica para o exercício da cidadania, base para o acesso às atividades produtivas, para o prosseguimento nos níveis mais elevados e complexos de educação e para o desenvolvimento pessoal, referido à sua interação com a sociedade e sua plena inserção nela, ou seja, que "tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. (Lei de diretrizes e bases da educação n° 9.394/96 apud BRASIL, 2000, p.9) Os PCNEM estabelecem uma nova perspectiva para este nível de ensino: a. Desenvolver valores e competências necessárias à integração do indivíduo na sociedade; b. Formação ética, desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; c. Preparação e orientação básica para a integração ao mundo do trabalho; d. Desenvolvimento de competências para o aprendizado continuado, autônomo e crítico. Quatro premissas apontadas pela UNESCO foram incorporadas nas diretrizes constantes desse documento como eixos estruturais da educação da sociedade contemporânea: aprender a conhecer: constitui a base para a educação permanente; aprender a fazer: privilegia a aplicação da teoria na prática e enriquece a vivência da ciência na tecnologia com significação especial para o desenvolvimento da sociedade contemporânea; aprender a viver: permite o desenvolvimento do conhecimento e a 14 Citação negritada no documento original 60 percepção das interdependências; aprender a ser : implica na formulação de seus próprios juízos de valor, além de tomar decisões por si mesmo. (BRASIL, 2000, p. 15-16) Os PCNEM também estabelecem quais são as competências que o aluno, ao final do Ensino Médio, deve demonstrar: Art. 36, § 1°. Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão organizados de tal forma que ao final do ensino médio o educando demonstre: I - Domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna; II - Conhecimento das formas contemporâneas de linguagem; Domínio dos conhecimentos de Filosofia e Sociologia necessários ao exercício da cidadania. (BRASIL, 2000, p. 17-18) Os PCNEM estabelecem um currículo dividido por áreas de conhecimento: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias e Ciências Humanas e suas Tecnologias. Cabe aqui reconhecer a historicidade do processo de produção do conhecimento. Enfim, preconiza-se que a concepção curricular seja transdisciplinar e matricial, de forma que as marcas das linguagens, das ciências, das tecnologias e, ainda, dos conhecimentos históricos, sociológicos e filosóficos, como conhecimentos que permitem uma leitura crítica do mundo estejam presentes em todos os momentos da prática escolar. (BRASIL, 2000, p.19) A interdisciplinaridade e a contextualização fazem parte dessa nova organização curricular uma tendência atual em todos os níveis de ensino, criando condições para uma aprendizagem motivadora, na qual professores e alunos possuam maior liberdade para a seleção de conteúdos relacionados aos problemas que dizem respeito à vida em comunidade. Nesse sentido, os autores afirmam que: Ao propor uma nova forma de organizar o currículo, trabalhado na perspectiva interdisciplinar e contextualizada, parte-se do pressuposto de que toda aprendizagem significativa implica uma relação sujeito-objeto e que, para que esta se concretize, é necessário oferecer as condições para que os dois polos do processo interajam. (BRASIL, 2000, p.22) A leitura dos documentos oficiais proporciona o entendimento das diferenças existentes entre si, a busca de referências e sugestões que cada um pode oferecer no que diz respeito ao enriquecimento das análises que compõem esse trabalho. 61 É importante salientar que não houve a preocupação de hierarquizar documentos,visto que cada texto foi de suma importância para feitura dessa dissertação. 3.2 Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio Parecer CEB N° 15/98 (DCNEM, 1998) É importante enfatizar que o documento PCNEM, parte I, Bases Legais, possui um capítulo destinado às Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM), e, pelo fato de os PCNEM serem um documento oficial federal, este foi utilizado em nossas análises, inclusive no que diz respeito às DCNEM. Para iniciar a análise desse documento vale citar uma passagem do texto do parecer CEB n° 15/98: O momento que vive a educação brasileira nunca foi tão propício para pensar a situação de nossa juventude numa perspectiva mais ampla do que a de um destino dual. A nação anseia por superar privilégios, entre eles os educacionais, a economia demanda recursos humanos mais qualificados. Esta é a oportunidade histórica para mobilizar recursos, inventividade e compromisso na criação de formas de organização institucional, curricular e pedagógica que superem o status de privilégio que o ensino médio ainda tem no Brasil, para atender, com qualidade, clientelas de origens, destinos sociais e aspirações muito diferenciadas. (Brasil, 2000, p.55) Ao refletir sobre o assunto entende-se que o parecer CEB n° 15/98 requer que o profissional da educação dispense um tratamento diferenciado aos alunos. O professor deve ser capaz de contemplar as desigualdades existentes para garantir a todos um patamar comum nos pontos de chegada. A escola pública de qualidade é uma necessidade, e para tanto, foram desenvolvidos mecanismos que servem para aferir o desempenho dos alunos ("pontos de chegada comuns") e, a partir de tais resultados, as unidades escolares possuam parâmetros de comparação para tomadas de decisão e correção dos pontos que merecem ser revisados para reduzir as desigualdades educacionais. Será indispensável, portanto, que existam mecanismos de avaliação dos resultados para aferir se os pontos de chegada estão sendo comuns. E para que tais mecanismos funcionem como sinalizadores eficazes, deverão ter como referência as competências de caráter geral que se quer constituir em todos os alunos e um corpo básico de conteúdos, cujo ensino e aprendizagem, se bem sucedidos, propiciam a constituição de tais competências. O Sistema de 62 Avaliação da Educação Básica (SAEB) e, mais recentemente, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), operados pelo MEC; os sistemas de avaliação já existentes em alguns Estados e que tendem a ser criados nas demais unidades da federação; e os sistemas de estatísticas e indicadores educacionais constituem importantes mecanismos para promover a eficiência e a igualdade. A análise dos resultados das avaliações e dos indicadores de desempenho deverá permitir às escolas, com o apoio das demais instâncias do sistema de ensino, avaliar seus processos, verificar suas debilidades e qualidades e planejar a melhoria do processo educativo. Da mesma forma, deverá permitir aos organismos responsáveis pela política educacional desenvolver mecanismos de compensação que superem gradativamente as desigualdades educacionais. (BRASIL, 2000, p.69) Esse documento oficial destaca que são muitos os desafios para que se alcance uma educação baseada mais na constituição de competências, habilidades e disposições de condutas do que na quantidade de informação, e uma organização curricular que seja capaz de responder a tais questionamentos requer: Priorizar conhecimentos e competências de tipo geral; "(Re) significar os conteúdos curriculares como meios para a constituição de competências e valores, e não como objetivos do ensino em si mesmos"; (ibid, p.74) Trabalhar as linguagens como constituidoras de significados, conhecimentos e valores; Adotar estratégias de ensino diversificadas e potencializar a interação aluno-professor e aluno-aluno; Estimular o aluno a realizar todos os procedimentos e atividades; Organizar conteúdos de ensino por áreas interdisciplinares e projetos de forma a manter um diálogo permanente entre as diferentes áreas do saber; Contextualizar as atividades de ensino com o objetivo de estimular o protagonismo juvenil e estimular o aluno a ter autonomia intelectual; "Lidar com os sentimentos associados às situações de aprendizagem para facilitar a relação do aluno com o conhecimento". (ibid, p.75) A Matemática, na concepção das DCNEM ,está presente na área das Ciências da Natureza e Matemática. A presença da Matemática nessa área se justifica pelo que de ciência tem a Matemática, por sua afinidade com as Ciências da Natureza, na medida em que é um dos principais recursos de constituição e expressão dos conhecimentos destas 63 últimas, e finalmente pela importância de integrar a Matemática com os conhecimentos que lhe são mais afins. Esta última justificativa é, sem dúvida, mais pedagógica do que epistemológica, e pretende retirar a Matemática do isolamento didático em que tradicionalmente se confina no contexto escolar. (BRASIL, 2000, p.93) Percebe-se, na citação acima, a preocupação dos autores em transformar a Matemática, de um contexto isolado, em um componente que deve ser integrado aos demais componentes curriculares utilizando-se para isso da contextualização e da interdisciplinaridade. Porém, no Currículo do Estado de São Paulo, que será estudado posteriormente, a Matemática retoma seu "status" de unicidade, ao ser considerada como área curricular, com as mesmas ideias indicadas pelos autores das DCNEM no tocante à contextualização e interdisciplinaridade. Esse documento oficial inclui a preparação dos professores como um fator dificultador para a implementação das DCNEM: A preparação de professores, pela qual o Ensino Superior mantém articulação decisiva com a Educação Básica, foi insistente e reiteradamente apontada como a maior dificuldade para a implementação destas DCNEM, por todos os participantes, em todos os encontros mantidos durante a preparação deste parecer. Maior mesmo que os condicionantes financeiros. Uma unanimidade de tal ordem possui peso tão expressivo que dispensa maiores comentários ou análises. Um peso que deve ser transferido às instituições de Ensino Superior, para que considerem quando, no exercício de sua autonomia, assumirem as responsabilidades com o País e com a Educação Básica que considerem procedentes. É preciso lembrar, no entanto, que a deficiência quantitativa e qualitativa de recursos docentes para o Ensino Fundamental e Médio há muito se converteu num problema crônico. Essa deficiência afetará qualquer medida de melhoria ou reforma da educação que o País se proponha a adotar. Resolver esse problema, portanto, não é condição para a implementação destas DCNEM. É questão de sobrevivência educacional, cuja dimensão vai muito além dos limites deste parecer, embora se inclua entre os desafios, felizmente não exclusivos, do Conselho Nacional de Educação. Das instituições de Ensino Superior, espera-se que sejam parceiras no enfrentamento do desafio e na solução, não apenas na denúncia do problema. (BRASIL, 2000, p.99). Nesse sentido, é importante frisar o papel da articulação entre as reformas curriculares e a formação inicial e continuada, pois é preciso ir além da denúncia da má formação dos professores. 64 A afirmação de Pietropaolo (2002) é bastante pertinente, quando diz que a formação de professores precisa considerar a necessidade de discutir e refletir as orientações curriculares propostas para a Educação Básica. Para o autor: Embora esses dois temas [referindo-se à formação de professores e aos currículos propostos] mantenham estreitas relações entre si, nem sempre eles têm sido discutidos de forma articulada, o que, em certo sentido, ajuda a explicar a dificuldade de implementação de propostas curriculares quando não se leva em conta que tipo de formação, que tipo de experiência têm os professores que vão colocá-las em prática. Por outro lado, a falta de clareza do tipo de profissional que se deseja formar para atender às novas demandas pode explicar as dificuldades encontradas para desenvolver projetos mais consistentes de formação de professores. (PIETROPAOLO, 2002, p. 34). A valorização de iniciativas e estudos que considerem a relação entre o que estabelecem os currículos e a formação de professores (inicial e/ou continuada) deve ser levada em conta para que haja um ensino que vislumbre a excelência em todos os seus aspectos. Segundo esse documento, as disciplinas escolares afins foram organizadas em áreas. É destacado neste trabalho,a área de: Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias (CNMT) que engloba: a Matemática, a Biologia, a Física e a Química. 3.3 Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio (PCNEM, 2000) - Conteúdo Específico Esse documento oficial explicita as habilidades básicas, as competências específicas as quais se espera que sejam desenvolvidas pelos alunos do Ensino Médio nas disciplinas de Biologia, Física, Química e Matemática. Além disso, apresenta objetivos educacionais da área, indicando proposições correspondentes aos aprendizados dessas disciplinas, além de aprofundar a descrição das competências específicas que devem ser desenvolvidas e, como as tecnologias a estas associadas, podem ou devem ser tratadas. Indica também uma interface entre a Matemática e as demais áreas de conhecimento, sem esquecer a discussão 65 a respeito do processo de ensino-aprendizagem de diversas temáticas, metodologias, estratégias e procedimentos educacionais para a área. Para este trabalho, apenas o material referente à Matemática será usado, assim como os aspectos, considerados pelo documento como “didáticas específicas”, os desafios para superar as deficiências, carências e equívocos para qualificar e promover todos os alunos. Os PCNEM (2000) indicam que a Matemática, como linguagem, ocupa uma posição singular, pois, possivelmente, não deve existir atividade na vida contemporânea em que esse componente curricular não compareça de forma insubstituível. A respeito da interdisciplinaridade, os autores observam que: O desenvolvimento dos instrumentos matemáticos de expressão e raciocínio, contudo, não deve ser preocupação exclusiva do professor de Matemática, mas dos das quatro disciplinas científico-tecnológicas, preferencialmente de forma coordenada, permitindo-se que o aluno construa efetivamente as abstrações matemáticas, evitando-se a memorização indiscriminada de algoritmos, de forma prejudicial ao aprendizado. A pertinente presença da Matemática no desenvolvimento de competências essenciais, envolvendo habilidades de caráter gráfico, geométrico, algébrico, estatístico, probabilístico, é claramente expressa nos objetivos educacionais da Resolução CNE/98. (BRASIL, 2000, p.9) Esse documento indica também as competências e habilidades gerais para todas as disciplinas dessa área de ensino. Neste estudo, são analisadas apenas algumas das habilidades necessárias trabalhadas pelos professores para que as competências requeridas sejam plenamente desenvolvidas pelos alunos durante todo o processo de ensinoaprendizagem. Sendo assim, parte das habilidades indicadas no documento é empregado como forma de exemplificação: Representação e comunicação: a) Desenvolver a capacidade de comunicação. Ler e interpretar textos de interesse científico e tecnológico; Interpretar e utilizar diferentes formas de representação (tabelas, gráficos, expressões, ícones...); Exprimir-se oralmente com correção e clareza, usando a terminologia correta, etc. (BRASIL, 2000, p.12) Investigação e compreensão: b) Desenvolver a capacidade de questionar processos naturais e tecnológicos, identificando regularidades, apresentando interpretações e prevendo evoluções. Desenvolver o raciocínio e a capacidade de aprender; 66 Formular questões a partir de situações reais e compreender aquelas já enunciadas; Desenvolver modelos explicativos para sistemas tecnológicos e naturais; Utilizar instrumentos de medição e de cálculo, etc. (BRASIL, 2000, p.12) Contextualização sociocultural15: c) Compreender e utilizar a ciência, como elemento de interpretação e intervenção, e a tecnologia como conhecimento sistemático de sentido prático; Utilizar elementos e conhecimentos científicos e tecnológicos para diagnosticar e equacionar questões sociais e ambientais; Associar conhecimentos e métodos científicos com a tecnologia do sistema produtivo e dos serviços; Reconhecer o sentido histórico da ciência e da tecnologia, percebendo seu papel na vida humana em diferentes épocas e na capacidade humana de transformar o meio, etc. (BRASIL, 2000, p.13). Sobre os conhecimentos de Matemática, o documento salienta: Em um mundo onde as necessidades sociais, culturais e profissionais ganham novos contornos, todas as áreas requerem alguma competência em Matemática e a possibilidade de compreender conceitos e procedimentos matemáticos é necessária tanto para tirar conclusões e fazer argumentações, quanto para o cidadão agir como consumidor prudente ou tomar decisões em sua vida pessoal e profissional. (BRASIL, 2000, p.40). Os conhecimentos matemáticos mostram-se interligados à estrutura de competências e habilidades. Embora, no trecho anterior, algumas competências e habilidades gerais da área tenham sido citadas, neste momento, alguns objetivos indicados pelos autores como essenciais para que o aluno aprenda Matemática no Ensino Médio serão elencados. É importante ressaltar que, para esse estudo, recortes do documento foram efetuados: Compreender os conceitos, procedimentos e estratégias matemáticas que permitam a ele desenvolver estudos posteriores e adquirir uma formação científica geral; Aplicar seus conhecimentos matemáticos a situações diversas, utilizando-as na interpretação da ciência, na atividade tecnológica e nas atividades cotidianas; Analisar e valorizar informações provenientes de diferentes fontes, utilizando ferramentas matemáticas para formar uma opinião própria que lhe permita expressar-se criticamente sobre problemas da Matemática, das outras áreas do conhecimento e da atualidade, etc. (BRASIL, 2000, p.42) 15 Apesar de estarmos fazendo uma citação de um documento oficial, utilizamos a regra ortográfica vigente, corrigindo: sócio-cultural, para sóciocultural. 67 Os PCNEM deixam claro que habilidades, competências e interdisciplinaridade devem ser trabalhados com os alunos do Ensino Médio. Essas mesmas competências e habilidades, além da interdisciplinaridade e da contextualização tornam o currículo mais rico de possibilidades, fazendo com que os conteúdos básicos sejam ensinados de forma que os estudantes consigam enxergá-los, além de expressões e fórmulas e possam ser significativos. Além do aprendizado de conteúdo, os PCNEM também focam no desenvolvimento de valores e atitudes fundamentais para que o aluno aprenda a aprender. Como exemplo desses valores ressalta-se que é fundamental “ter iniciativa na busca de informações, confiança em suas formas de pensar, possa estar melhor preparado para sua inserção no mundo do conhecimento e do trabalho, etc.” (BRASIL, 2000, p. 45) A seguir, o documento discute os rumos e desafios da área, relacionando a formação docente, estrutura escolar, elaboração de materiais e avaliação : Entre os maiores desafios para a atualização pretendida no aprendizado de Ciências e Tecnologia, no Ensino Médio, está a formação adequada de professores, a elaboração de materiais instrucionais apropriados e até mesmo a modificação do posicionamento e da estrutura da própria escola, relativamente ao aprendizado individual e coletivo e a sua avaliação. (BRASIL, 2000, p.49) Este documento descreve os pressupostos gerais e não apresenta discussões específicas sobre os processos de ensino e aprendizagem de Trigonometria. 3.4 Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio + - PCN+ (2002) Nas orientações contidas nos PCN+, há indicações para que os professores observem as novas formas de trabalho, a fim de atingir o objetivo principal que é a formação geral do estudante sem deixar de prepará-lo para a universidade e a vida profissional. 68 As disciplinas da área das Ciências da Natureza e Matemática são indicadas como componentes da cultura científica e tecnológica, cujo resultado se dá em virtude da evolução social e econômica da atualidade e do desenvolvimento ao longo da história. Essa definição da área das Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias também facilita a apresentação dos objetivos educacionais que organizam o aprendizado nas escolas do ensino médio em termos de conjuntos de competências. São eles: representação e comunicação; investigação e compreensão; e contextualização sociocultural16, objetivos que convergem com a área de Linguagens e Códigos - sobretudo no que se refere ao desenvolvimento da representação, da informação e da comunicação de fenômenos e processos - e com a área de Ciências Humanas - especialmente ao apresentar as ciências e técnicas como construções históricas, com a participação permanente no desenvolvimento econômico e cultural. (BRASIL, 2002, p.23) A figura, a seguir, contém um diagrama que expressa a articulação entre as áreas das Ciências da Natureza e Linguagens e Códigos através do desenvolvimento das competências de representação e comunicação com a área de Ciências Humanas, pelo desenvolvimento das competências de contextualização sociocultural. Ciências da Natureza e Matemática Biologia Física Química Matemática investigação e compreensão re e ção nta e s pre Linguagens e Códigos co o aç ã ni c u m rep res ent a çã oe c om uni caç ão Ciências Humanas Figura 4 - Desenvolvimento de competências entre áreas FONTE: (BRASIL, 2002, p.25) 16 Correção de sócio-cultural para sóciocultural, conforme nova legislação ortográfica e destaques em negrito são expressões dos autores.. 69 Os PCN+ também caracterizam o desenvolvimento das competências nas disciplinas das áreas, de acordo com as seguintes tabelas: Representação e comunicação Símbolos, códigos e nomenclaturas Reconhecer e utilizar adequadamente na forma oral e escrita símbolos, códigos e nomenclatura da linguagem científica Articulação dos símbolos e códigos Ler, articular e interpretar símbolos e códigos em diferentes linguagens e representações: sentenças, equações, esquemas, diagramas, tabelas, gráficos e representações geométricas Análise e interpretação de textos e outras comunicações Consultar, analisar e interpretar textos e comunicações de ciência e tecnologia veiculados por diferentes meios. Elaboração de comunicações Elaborar comunicações orais ou escritas para relatar, analisar e sistematizar eventos, fenômenos, experimentos, questões, entrevistas, visitas, correspondências. Discussão e argumentação de temas de interesse Analisar, argumentar e posicionar-se criticamente em relação a temas de ciência e tecnologia. Figura 5 - Representação e comunicação FONTE: (BRASIL, 2002, p.27) 70 Investigação e compreensão Estratégias para enfrentamento de situações-problema Identificar em dada situação-problema as informações ou variáveis relevantes e possíveis estratégias para resolvê-la Interações, relações e funções; Invariantes e transformações Identificar fenômenos naturais ou grandezas em dado domínio do conhecimento científico, estabelecer relações; identificar regularidades, invariantes e transformações. Medidas, quantificações, grandezas e escalas Selecionar e utilizar instrumentos de medição e de cálculo, representar dados e utilizar escalas, fazer estimativas, elaborar hipóteses e interpretar resultados. Modelos explicativos e representativos Reconhecer, utilizar, interpretar e propor modelos explicativos para fenômenos ou sistemas naturais ou tecnológicos. Relações entre conhecimentos disciplinares, interdisciplinares e interáreas Articular, integrar e sistematizar fenômenos e teorias dentro de uma ciência, entre as várias ciências e áreas de conhecimento. Figura 6 - Investigação e compreensão FONTE: (BRASIL, 2002, p.30) O professor pode identificar relações e elaborar estratégias para a resolução de uma situação-problema. Exemplo: para obter uma dada distância, optar por medi-la diretamente, utilizar uma planta em escala, usar semelhança de figuras, fazer uso de propriedades trigonométricas, utilizar um sistema de eixos cartesianos ou a geometria analítica. 71 Contextualização sociocultural Ciência e tecnologia na história Compreender o conhecimento científico e o tecnológico como resultados de uma construção humana, inseridos em um processo histórico e social. Ciência e tecnologia na cultura contemporânea Compreender a ciência e a tecnologia como partes integrantes da cultura humana contemporânea. Ciência e tecnologia na atualidade Reconhecer e avaliar o desenvolvimento tecnológico contemporâneo, suas relações com as ciências, seu papel na vida humana, sua presença no mundo cotidiano e seus impactos na vida social. Ciência e tecnologia, ética e cidadania Reconhecer e avaliar o caráter ético do conhecimento científico e tecnológico e utilizar esses conhecimentos no exercício da cidadania. Figura 7 - Contextualização sociocultural FONTE: (BRASIL, 2002, p.32) Incluem-se, nessas competências, o reconhecimento e a compreensão do desenvolvimento histórico da tecnologia associada a campos diversos da Matemática. Exemplo: ao se perceber a origem do uso dos logaritmos ou razões trigonométricas, como resultado do avanço tecnológico, iniciado no século 16 e que ganhou uma nova dimensão, além daquelas que lhes deram origem. Os autores dos PCN+ completam que parte dos contextos utilizados no documento oficial tem sentido e alcance praticamente universais e afirmam que tais contextos podem subsidiar os professores no ensino de cada uma das disciplinas da área de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias, assim como auxiliar na organização de projetos pedagógicos. 72 Na Matemática, os documentos retomam as habilidades e competências. Inicialmente, chamam a atenção para o fato de que os exercícios do tipo "calcule...", "resolva..." não devem ser eliminados, pois existe a necessidade da aprendizagem das técnicas e propriedades matemáticas, mas são insuficientes para que os alunos possam continuar aprendendo ou que construam visões mais abrangentes ou que se realizem no mundo social ou do trabalho: Não se trata de separar o ensino de conteúdos específicos das competências, pelo contrário, essas são duas dimensões da aprendizagem que devem ocorrer conjuntamente. Nessa perspectiva, não só a seleção de temas e conteúdos, como a forma de tratálos no ensino são decisivas. A maneira como se organizam as atividades e a sala de aula, a escolha de materiais didáticos apropriados e a metodologia de ensino é que poderão permitir o trabalho simultâneo dos conteúdos e competências. Se o professor insistir em cumprir programas extensos, com conteúdos sem significados e fragmentados, transmitindo-os de uma única maneira a alunos que apenas ouvem e repetem, sem dúvida as competências estarão fora de alcance. (BRASIL, 2002, p. 113) Quanto aos temas estruturadores da Matemática, as orientações contidas nos PCN+ remetem à necessidade dos professores fazerem escolhas dos conteúdos a serem ensinados. Como exemplo: Se o único caso de funções inversas que os alunos verão no ensino médio forem as funções exponencial e logaritmo, não há necessidade de todo o estudo sobre funções injetoras, sobrejetoras e inversíveis, assim como se o foco do estudo estiver na análise de gráficos e nas aplicações da função logarítmica, podemos questionar por que estudar cologaritmos, característica e mantissa. (BRASIL, 2002, p. 120) Analisando tais orientações e considerando assim como Shulman (1987) sabe-se que essa não é uma tarefa fácil. Afinal para o docente enfrentar a tarefa de auxiliar o aluno na construção de conceitos ligados à trigonometria e atender às orientações descritas nos documentos, é indispensável que o professor tenha compreensão das noções matemáticas relacionadas a esse conceito, dos objetivos que deverão ser alcançados, em cada etapa da construção desse conhecimento, do papel que esse conhecimento desempenha na construção de outras ideias; precisa compreender como se dá a aprendizagem e sobre a relação dos alunos com o conceito. 73 Os PCN+ dividem os conteúdos em três eixos estruturadores, que são: Álgebra: números e funções, Geometria e medidas e Análise de dados. Ao abordar o tema Álgebra: números e funções, os autores dos PCN+ propõem duas unidades temáticas: variação de grandezas: noção de função; funções analíticas e não analíticas; representação e análise gráfica; sequências numéricas: progressões e noção de infinito; variações exponenciais ou logarítmicas; função seno, cosseno e tangente; taxa de variação de grandezas e Trigonometria: do triângulo retângulo, do triângulo qualquer, da primeira volta. No que se refere, especificamente, à Trigonometria, os autores acrescentam que: Apesar de sua importância, tradicionalmente a trigonometria é apresentada desconectada das aplicações, investindo-se muito tempo no cálculo algébrico das identidades e equações em detrimento dos aspectos importantes das funções trigonométricas e das análises de seus gráficos. O que deve ser assegurado são as aplicações da trigonometria na resolução de problemas que envolvem medições, em especial o cálculo de distâncias inacessíveis e para construir modelos que correspondem a fenômenos periódicos. Dessa forma, o estudo deve se ater as funções seno, cosseno e tangente com ênfase ao seu estudo na primeira volta do círculo trigonométrico e à perspectiva histórica das aplicações das relações trigonométricas. Outro aspecto importante do estudo deste tema é o fato desse conhecimento ter sido responsável pelo avanço tecnológico em diferentes épocas, como é o caso do período das navegações ou, atualmente, na agrimensura, o que permite aos alunos perceberem o conhecimento matemático como forma de resolver problemas que os homens se propuseram e continuam se propondo. (BRASIL, 2002, p. 121) No tema Geometria e medidas, os PCN+ propõem quatro unidades temáticas: geometria plana: semelhança e congruência, representação de figuras: espacial: elementos dos poliedros, sua classificação e representação, sólidos redondos, propriedades relativas à posição: intersecção, paralelismo e perpendicularismo, inscrição e circunscrição de sólidos; métrica: áreas e volumes, estimativa, valor exato e aproximado e analítica: representações no plano cartesiano e equações; intersecção e posições relativas de figuras. Sendo assim, eles indicam algumas razões que abordam a necessidade da formação continuada dos profissionais docentes. Em primeiro lugar, esse documento oficial afirma que são crônicos os problemas na formação inicial dos professores e tal problemática constitui obstáculos para o desempenho do professor; em segundo lugar, novas orientações 74 para a formação inicial dos professores demandam ajustes para serem efetivadas; em terceiro lugar, a formação permanente do professor deve se dar enquanto esse profissional exerce a sua função no processo de ensino-aprendizagem. Os PCN+ citam uma passagem das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica (8/5/2001): As questões a serem enfrentadas na formação são históricas. No caso da formação nos cursos de licenciatura, em seus moldes tradicionais, a ênfase está contida na formação nos conteúdos da área, onde o bacharelado surge como a opção natural [...], sendo que a atuação como "licenciados" é vista [...] como "inferior", passando muito mais como atividade "vocacional" ou que permitiria grande dose de improviso [...] (BRASIL, 2002, p.139) No capítulo final dos PCN+, o perfil do professor desejado é traçado: O que se deseja, afinal, são professores reflexivos e críticos, ou seja, professores com um conhecimento satisfatório das questões relacionadas ao ensinoaprendizagem e em contínuo processo de autoformação, além de autônomos e competentes para desenvolver o trabalho interdisciplinar. Um dos instrumentos úteis a essa reflexão baseia-se em procedimentos de auto-observação e análise, em que se destaca a importância de o professor saber o que faz em sala de aula e de saber por que faz dessa forma e não de outra. [...] Os professores com essas novas atitudes são promotores e partícipes de escolas que se reconhecem como espaços de formação profissional ininterrupta. Essas escolas estão reinventando o ensino médio e a educação básica no Brasil. (BRASIL, 2002, p. 144) Percebe-se que os autores do documento em questão, assim como Shulman (1987), enfatizam as características principais necessárias para um professor competente, como: Conhecimento do Conteúdo, Conhecimento Pedagógico do Conteúdo e Conhecimento Curricular. As Orientações Curriculares Nacionais no item a seguir abordam a base curricular comum, necessária para a determinação de cada etapa de ensino. 75 3.5. Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM, 2006) As OCEM (2006) apresentam dois aspectos que merecem destaque: as finalidades atribuídas ao Ensino Médio e a proposta da organização curricular com os seguintes componentes: base nacional comum, planejamento e desenvolvimento do currículo, integração e articulação dos conhecimentos em processo de interdisciplinaridade e contextualização, proposta pedagógica elaborada e executada pelos estabelecimentos de ensino, participação dos docentes na elaboração da proposta pedagógica. Esse documento aborda três aspectos do conhecimento de Matemática: escolha de conteúdos, projeto pedagógico e organização curricular. Quanto ao conteúdo, as OCEM indicam a necessidade da priorização da qualidade e não da quantidade de conteúdos a serem trabalhados e afirmam que a escolha dos conteúdos deve ser cuidadosa e criteriosa para auxiliar na apropriação de conhecimento. Os conteúdos foram organizados em quatro blocos: Números e operações; Funções; Geometria; Análise de dados e probabilidade, e deve-se buscar constantemente a articulação entre esses blocos. Da mesma forma que os demais documentos aqui analisados, as OCEM afirmam também ser este o momento para que conceitos e ideias que exigem uma maior maturidade dos alunos e descartam "exigências de memorizações e apresentações de "regras" desprovidas de explicações, assim como resolução de exercícios repetitivos "de fixação" ou aplicação direta de fórmulas.” (BRASIL, 2006, p. 70). Além do caráter genérico, esse documento oficial também apresenta exemplos das possibilidades de atividades para cada um dos quatro blocos de conteúdos. São discutidas 76 também estratégias de ensino da Matemática no Ensino Médio, como, por exemplo: resolução de problemas, modelagem matemática, trabalho com projetos. Como o objeto de estudo permeia-se na abordagem de elementos da Trigonometria, a apreciação do documento se pautará a esse assunto no que tange à forma de apresentar esse conteúdo aos alunos. 3.5.1. As funções trigonométricas A abordagem da Trigonometria e das funções trigonométricas pelos documentos oficiais se dá de forma mais específica, já que eles determinam qual currículo mínimo necessário deve ser ensinado aos estudantes brasileiros. Além disso, essas orientações hierarquizam os conteúdos, indicando quais devem ser ensinados e aqueles que, a critério da análise que o professor, se fizeram fundamentais em relação a tempo, aos níveis de aprendizagem dos alunos, e a outros fatores. Esse estudo busca enxergar quais são os principais pontos requeridos por esse documento para posterior análise das provas dos concursos dos professores do Estado de São Paulo. Segundo as indicações contidas nas OCEM (2006), as relações métricas no triângulo retângulo e as leis do seno e do cosseno são ferramentas importantes e devem anteceder o trabalho realizado envolvendo esse conteúdo. Ademais, esse documento aborda a necessidade de introduzir as razões trigonométricas, ressaltando as propriedades da semelhança de triângulos: No que se refere ao estudo das funções trigonométricas, destaca-se um trabalho com a trigonometria, o qual deve anteceder a abordagem das funções seno, cosseno e tangente, priorizando as relações métricas no triângulo retângulo e as leis do seno e do cosseno como ferramentas essenciais a serem adquiridas pelos alunos no ensino médio. Na introdução das razões trigonométricas seno e cosseno, inicialmente para ângulos com medida entre 0° e 90°, deve-se ressaltar que são as propriedades de semelhança de triângulos que dão sentido a essas definições; segue-se, então, com a definição das razões para ângulos de medida entre 90° e 180°. A partir das definições e de propriedades básicas de triângulos, devem ser justificados os valores de seno e cosseno relativos aos ângulos de medida 30°, 45° e 60°. (BRASIL, 2006, p.74) 77 Esse documento oficial ainda fornece um exemplo para que o professor possa trabalhar esse conteúdo: um triângulo, a medida de dois lados e a de um ângulo formado por esses mesmos lados e argumenta que é possível calcular a medida dos demais elementos do triângulo. Ressalta que é recomendável o estudo da razão trigonométrica tangente pela importância na resolução de problemas diversos, como em cálculos de distâncias inacessíveis e que esse conteúdo deve ser priorizado na escola, inclusive se questionando quais referências devem ser necessárias para a realização de tal cálculo: Alguns tópicos usualmente presentes no estudo da trigonometria podem ser dispensados, como por exemplo, as outras três razões trigonométricas, as fórmulas para sen (a + b) e cos (a + b), que tanto exigem dos alunos para serem memorizadas. É preciso atenção à transição do seno e do cosseno no triângulo retângulo (em que a medida do ângulo é dada em graus), para o seno e cosseno, definido como as coordenadas de um ponto que percorre um arco do círculo de raio unitário com medida em radianos. As funções trigonométricas devem ser entendidas como extensões das razões trigonométricas então definidas para ângulos com medida entre 0° e 180°. Os alunos devem ter a oportunidade de traçar gráficos referentes às funções trigonométricas, aqui se entendendo que, quando se escreve f(x) = sen (x), usualmente a variável x corresponde à medida de arco de círculo tomada em radianos. As funções trigonométricas seno e cosseno também devem ser associadas aos fenômenos que apresentam comportamento periódico. O estudo das demais funções trigonométricas pode e deve ser colocado em segundo plano. (BRASIL, 2006, p.74, grifos nossos) Logo, compreende-se que esse documento oficial indica conteúdos que "devem" fazer parte do aprendizado dos alunos, assim como outros que podem ser "colocados em segundo plano". A Trigonometria também se faz presente no bloco da Geometria e as OCEM (2006) indicam que alguns conceitos, anteriormente estudados no Ensino Fundamental, devem ser consolidados, como por exemplo, “ideias de congruência, semelhança e proporcionalidade, o Teorema de Tales e suas aplicações, as relações métricas e trigonométricas nos triângulos (retângulos e quaisquer) e o Teorema de Pitágoras.” (BRASIL, 2006, p. 75-76) Esse documento deixa claro que suas orientações devem funcionar como subsídio para as discussões curriculares relativas ao Ensino Médio e que cada professor, em conjunto 78 com seus pares e alunos, deve definir o currículo de Matemática, sempre buscando uma formação matemática que privilegie o essencial e o significativo. As recomendações e orientações contidas nos documentos curriculares oficiais no âmbito federal serviram como base para a elaboração da Proposta Curricular do Estado de São Paulo (2008), a qual será exposta e interpretada a seguir. 3.6 Currículo do Estado de São Paulo - Matemática e Suas Tecnologias - 2010, e os Concursos Este trabalho procura contribuir para a discussão sobre os conhecimentos necessários aos professores que ministram aulas nas escolas públicas do Estado de São Paulo. Para atender essa necessidade, a análise dos pressupostos e diretrizes que alicerçam o atual Currículo do Estado de São Paulo podem fornecer indícios sobre os conhecimentos imprescindíveis para o ensino da trigonometria ratificados no documento. O novo currículo intitulado inicialmente por Proposta Curricular do Estado de São Paulo (2008), e desde o ano de 2009 como Currículo do Estado de São Paulo foi implementado pela Secretaria de Estado da Educação (SEE) em sua rede de ensino como uma das ações do projeto São Paulo Faz Escola, que integrou a agenda do plano de gestão 2006-2010 do governo estadual para a Educação Básica paulista e continuou na gestão 2011-2014. O Currículo traz como principais pressupostos: [...] a escola que aprende; o currículo como espaço de cultura; as competências como eixo de aprendizagem; a prioridade da competência de leitura e de escrita; a articulação das competências para aprender; e a contextualização no mundo do trabalho. (SÃO PAULO, 2010, p.10) O Currículo do Estado de São Paulo (2010), em sua apresentação, também aborda, assim como os demais documentos analisados previamente, os seguintes elementos: qualidade do ensino, universalização da aprendizagem, democratização do acesso à 79 educação, autonomia do estudante para gerenciar a sua própria aprendizagem (aprender a aprender), a transposição da aprendizagem em intervenções solidárias (aprender a fazer e a conviver), responsabilidade da equipe gestora como formadora de professores e dos docentes na problematização e significação dos conhecimentos sobre sua prática, construção coletiva da Proposta Pedagógica, conhecimento como instrumento mobilizado de competências e habilidades e a contextualização dos conhecimentos acumulados. 3.6.1 Prioridade para Competências O Currículo do Estado de São Paulo adota como competências a serem construídas, as formuladas no referencial teórico do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem, 1998). Dentre elas destacam-se: Constituir a competência leitora-escritora - Essa competência é fundamental para qualquer profissão, pois a leitura é a atribuição de sentido às coisas e escrever é assumir a autoria por ações e consequências; Desenvolver o raciocínio hipotético-dedutivo - Essa competência é fundamental para a compreensão de fenômenos, a leitura é a compreensão, é a assimilação de experiências e conteúdos disciplinares e a escrita é a expressão dessa construção; Decidir e enfrentar situações-problema. Essa competência é fundamental para antecipar de forma comprometida a ação de fenômenos e resolver problemas decorrentes deles e dominar os inúmeros formatos que a solução do problema comporta; Sintetizar a capacidade de escutar, supor, informar-se, relacionar, comparar, etc., além de dominar códigos que expressem defesa ou reconstrução de argumentos. Essa competência é fundamental para relacionar as diversas informações; Para propiciar que o aluno desenvolva essas competências, o professor deve possuí-las, o que corresponde aos conhecimentos necessários ao professor segundo Shulman. 80 3.6.2. Currículo de Matemática - Ensino Fundamental (Ciclo II) e Ensino Médio Este documento destaca a valorização da capacidade de extrapolação de contextos, possíveis de vislumbrar em um rol de competências básicas, incluindo três pares de eixos complementares: o eixo expressão/compreensão o eixo argumentação/decisão e o eixo contextualização/abstração17. No decorrer do estudo, os pares de eixos complementares que fazem parte do Currículo do Estado de São Paulo são comparados pelo que dispõe o Currículo Federal e pela utilização das indicações contidas nos PCN+ (BRASIL, 2002): No que diz respeito ao eixo Contextualização/abstração, os elaboradores do Currículo Oficial do Estado de São Paulo o consideram como: A capacidade de contextualização dos conteúdos estudados na escola, de enraizamentos na realidade imediata, nos universos de significações - sobretudo no mundo do trabalho - e a capacidade de abstração, de imaginação, de consideração de novas perspectivas, de virtualidades, de potencialidades para se conceber o que ainda não existe. (SÃO PAULO, 2010, p. 31) Tais indicações, possivelmente, consideram alguns dos pressupostos apresentados nas Bases Legais dos PCN como uma garantia da qualidade de ensino. Dentre eles, os que indicam como aspectos necessários são: Abertura e sensibilidade para identificar as relações que existem entre os conteúdos do ensino e as situações de aprendizagem e os muitos contextos de vida social e pessoal, de modo a estabelecer uma relação ativa entre o aluno e o objeto de conhecimento e a desenvolver a capacidade de relacionar o aprendido com o observado, a teoria com suas consequências e aplicações práticas. (BRASIL, 2000, p. 74) Nota-se, nos trechos provenientes do Currículo do Estado de São Paulo e PCN Bases Legais, que embora os textos sejam distintos, eles se aproximam ao identificar algumas necessidades para o Ensino Médio, tais como: enquanto o Currículo do Estado de São 17 negrito da autora 81 Paulo indica a contextualização e abstração, as bases legais dos PCN indicam as situações de aprendizagem e contextos de vida social e pessoal, relaciona o aprendido com o observado, a teoria e as consequências e aplicações práticas. Ao comparar os dois documentos verifica-se que ambos enfatizam a linguagem como maior fundamento, quer exemplificado como no texto do Currículo do Estado de São Paulo na forma da leitura de textos, tabelas e gráficos, quer nos PCN quando eles indicam que a linguagem é o elemento-chave para a constituição de significados, conceitos, relações, condutas e valores que a escola deseja transmitir. 3.6.3. A Organização dos Conteúdos Básicos: Números, Geometria, Relações Como tratado anteriormente, os conteúdos disciplinares da Matemática foram divididos em três blocos temáticos: NÚMEROS, GEOMETRIA E RELAÇÕES18: os Números envolvem noções de contagem, medidas, códigos; a Geometria diz respeito a formas e relações entre elementos de figuras planas e espaciais, formas geométricas e concepções de espaço; as Relações incluem noções de medidas e aproximações, relações de interdependência e ideia de função. RELAÇÕES NÚMEROS GEOMETRIA Figura 8 - Relações, Números e Geometria FONTE: (SÃO PAULO, 2010, p. 39) 18 negrito do autor 82 NÚMEROS equivalência/ordem simbolização/operações GEOMETRIA percepção/concepção construção/representação RELAÇÕES medidas/aproximações proporcionalidade/interdependência Figura 9 - Números, Geometria e Relações FONTE: (SÃO PAULO, 2010, p. 39) Como visto acima, os conteúdos dos três blocos estão interligados permanentemente, existindo uma grande dificuldade na abordagem de um dos blocos sem a participação dos demais. 3.6.4. Sobre o Processo de Ensino da Trigonometria - Aprendizagem dos Conteúdos Básicos Neste estudo, o foco de análise está voltado a elementos que abrangem a Trigonometria, inserido nas relações de interdependências, conforme explicita o currículo do Estado de São Paulo: Também se enquadra nas relações de interdependência todo o estudo da Trigonometria, desde as relações métricas no triângulo retângulo até a caracterização das funções trigonométricas, com sua notável potencialidade para representar fenômenos periódicos. As chamadas funções trigonométricas nada mais são do que relações de interdependência que generalizam a ideia de proporcionalidade, fundadora das noções de seno, cosseno e tangente, entre outras. (SÃO PAULO, 2010, p.44) O Currículo do Estado de São Paulo ainda argumenta sobre a necessidade da criação de significados para os alunos, indicando que as narrativas são importantes e podem ser decisivas na arquitetura de cada aula. Além disso, os professores devem trabalhar o conteúdo fazendo um mapeamento do que será apresentado ao aluno, e em qual escala (profundidade), se o assunto será praticamente esgotado ou se a abordagem desse assunto será apenas superficial. 83 Considera-se fundamental que a opção do professor seja apresentar o que for possível dos conteúdos de cada um dos bimestres, mas que todos eles sejam tratados, mesmo que de uma maneira incipiente. (SÃO PAULO, 2010, p. 52) Finalmente, é apresentado um quadro de conteúdos (série/ano por bimestre), tanto para o Ensino Fundamental quanto para o Ensino Médio cuja ênfase se dá aos conteúdos relativos à Trigonometria e suas articulações, no decorrer dos anos escolares: Figura 10 - Conteúdo e habilidades 8° Ano do Ensino Fundamental FONTE: (SÃO PAULO, 2010, p. 62) 84 Figura 11 - Conteúdo e habilidades 9° Ano do Ensino Fundamental FONTE: (SÃO PAULO, 2010, p. 64) 85 1a série do Ensino Médio Conteúdos Geometria/Relações Geometria - Trigonometria 4° Bimestre * Razões trigonométricas nos triângulos retângulos * Polígonos regulares: inscrição, circunscrição e pavimentação de superfícies * Resolução de triângulos não retângulos Lei dos Senos e Lei dos Cossenos Habilidades * Saber usar de modo sistemático relações métricas fundamentais entre os elementos de triângulos retângulos, em diferentes contextos * Conhecer algumas relações métricas fundamentais em triângulos não retângulos, especialmente a Lei dos Senos e a Lei dos Cossenos * Saber construir polígonos regulares e reconhecer suas propriedades fundamentais * Saber aplicar as propriedades dos polígonos regulares no problema da pavimentação de superfícies * Saber inscrever polígonos regulares em circunferências dadas a Figura 12 - Conteúdos e habilidades 1 Série do Ensino Médio FONTE: (SÃO PAULO, 2010, p. 66) 86 2a série do Ensino Médio Conteúdos Relações * Reconhecer a periodicidade presente em alguns fenômenos naturais, associando-a às funções trigonométricas básicas Trigonometria * Fenômenos periódicos * Funções trigonométricas 1° Bimestre * Equações e inequações * Adição de arcos Habilidades * Conhecer as principais características das funções trigonométricas básicas (especialmente o seno, o cosseno e a tangente), sabendo construir seus gráficos e aplicá-las em diversos contextos * Saber construir o gráfico de funções trigonométricas como f(x) = asen(bx) + c a partir do gráfico de y = senx, compreendendo o significado das transformações associadas aos coeficientes a, b e c * Saber resolver equações e inequações trigonométricas simples, compreendendo o significado das soluções obtidas, em diferentes contextos a a Figura 13 - Conteúdos e habilidades 2 Série do Ensino Médio FONTE: (SÃO PAULO, 2010, p. 67) 87 a Figura 14 - Conteúdos e habilidades 3 Série do Ensino Médio FONTE: (SÃO PAULO, 2010, p. 70) 88 3.6.5. Cadernos do Professor e do Aluno No Estado de São Paulo, o Caderno do Aluno é parte integrante do material didático distribuído aos alunos dos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, sendo que os professores recebem um Kit com os exemplares do Caderno do Professor. O Caderno do Professor, por sua vez, contém orientações sobre o uso dos cadernos, conteúdos básicos do bimestre, situações de aprendizagem e seus respectivos roteiros de aplicação, além disso, tece considerações sobre a avaliação, oferece orientações para a recuperação e indica recursos para que o professor e o aluno possam ampliar o conhecimento em relação ao tema. O Caderno do Professor aborda o conteúdo disciplinar; afirmando que ele não se afasta do que é usualmente ensinado nas escolas e livros didáticos. A abordagem dos conteúdos busca evidenciar os princípios norteadores do Currículo do Estado de São Paulo, destacando a contextualização, as competências e as habilidades envolvidas, especialmente as relacionadas à leitura e escrita. As Orientações Gerais sobre os Cadernos também informam que os conteúdos foram organizados em oito unidades que podem corresponder a oito semanas de trabalho letivo. Ainda esclarecem que o material contido no caderno é disponibilizado aos professores, mas os docentes devem explorar cada conteúdo de forma mais adequada, simplificando ou incrementando o material apresentado, utilizando-se de outras fontes de saber, sempre visando à adequação dos conteúdos que devem ser aprendidos e o interesse dos alunos pelo tema apresentado. Nos Cadernos também são apresentadas situações de aprendizagem e, sempre que possível, textos, softwares, sites, vídeos entre outros que podem auxiliar no enriquecimento das aulas, sempre que o professor julgar conveniente. 89 O conteúdo de Trigonometria é abordado nos cadernos de apoio da SEE/SP: no 4° bimestre do 8° ano do EF, nos 3° e 4° bimestres do 9° ano do EF, no 4° bimestre da 1a série do EM, no 1° bimestre da 2a série do EM e no 3° bimestre da 3a série do EM. A abordagem desse material está pautada no Caderno do Professor para todas as séries, visto que esse documento disponibiliza um maior número de informações que podem auxiliar o professor no processo de ensino de trigonometria aos alunos. No 4° bimestre do 8° ano do EF, a Trigonometria é abordada apenas na Situação de Aprendizagem 3 - O Teorema de Pitágoras: padrões numéricos e geométricos. Nesse caderno, o Teorema de Pitágoras é apresentado e são utilizadas comparações entre a matemática aplicada pelos egípcios e a matemática abstrata dos gregos, fortalecendo tanto o papel da história quanto o da modelagem. Os cadernos relativos a esse ano propõem, inicialmente, um debate entre os alunos, para que estes exponham seus conhecimentos sobre Pitágoras e Tales para depois disponibilizar atividades que combinem combine o resgate da história da Matemática, com a resolução de problemas em uma única abordagem de ensino. O uso das malhas quadriculadas é predominante nas atividades desse módulo, como por exemplo, a duplicação da área de um quadrado, padrões de sequências numéricas, o triângulo 3, 4, 519, propriedades do triângulo 3, 4, 5, aplicações de conceitos aprendidos anteriormente, ternos pitagóricos, paradoxo das demonstrações apoiadas unicamente em figuras construídas sobre malhas, o uso dos termos algébricos nas demonstrações, demonstração algébrica do Teorema de Pitágoras, aplicações do Teorema de Pitágoras, cálculo do perímetro de uma figura plana, além da história da Matemática. No que tange à avaliação, cabe ao professor aplicar atividades em que sejam possíveis aos alunos analisarem uma situação e argumentarem em uma demonstração, assim como o 19 Triângulo 3, 4, 5 - 3, 4 e 5 é a terna pitagórica que representa o menor triângulo retângulo com dimensões inteiras. 90 reconhecimento de situações-problema que são resolvidas pela aplicação do Teorema de Pitágoras. Há recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão do tema: Os autores indicam algumas obras, como: Descobrindo padrões pitagóricos, Vivendo a Matemática, Descobrindo o Teorema de Pitágoras, Temas e problemas elementares, O último Teorema de Fermat, 20.000 léguas Matemáticas. No 3° bimestre do 9° ano do EF, são introduzidos os conteúdos: semelhança de triângulos, relações métricas no triângulo retângulo, Teorema de Pitágoras e razões trigonométricas de um ângulo agudo. Na Situação de Aprendizagem 1 - Semelhança entre figuras planas o conceito de que a semelhança entre figuras pode ser obtida é introduzido, utilizando-se a ampliação ou redução de suas medidas. Também afirma que conceitos já abordados anteriormente devem ser revisitados como a ideia de escala e a razão entre duas medidas de mesma natureza. O caderno de apoio também afirma que "para que duas figuras planas sejam semelhantes, é preciso que sejam obedecidas duas condições: as medidas angulares de uma ou outra ser correspondentemente iguais e as medidas lineares correspondentes guardarem uma proporcionalidade." (SÃO PAULO, 2009b, p.11) A situação de aprendizagem 1 - Semelhança entre figuras planas, atividade 1 (Ampliação/redução: o que se altera e o que não se altera) em seus diversos problemas, explora a semelhança entre figuras planas quando obtidas por ampliação/redução, além de mostrar que tais semelhanças podem ser melhor visualizadas quando a malha quadriculada é utilizada. A atividade 2 Razão de semelhança, em um de seus problemas, utiliza 2 figuras semelhantes em um feixe de retas paralelas, mostrando que os ângulos das figuras são congruentes e as dimensões lineares são proporcionais. 91 A atividade 3 - Ampliações e reduções: perímetros e áreas, inicia um trabalho com perímetros e áreas a partir de ampliações e reduções, utilizando também as malhas quadriculadas. A atividade 4 - Semelhança entre prismas representados na malha quadriculada, retoma os conceitos utilizados na atividade 2, porém ampliando os conhecimentos de figuras planas para prismas. A atividade 5 - Semelhança entre figuras planas: contexto e aplicações, aqui o material de apoio, começa a abordar os conceitos do Teorema de Tales. Os autores ainda sugerem o que deve ser utilizado nas avaliações da aprendizagem dos conteúdos desse módulo do caderno de apoio: proporcionalidade (dimensões lineares) e congruência (ângulos). E argumentam: Ao elaborar as etapas de avaliação, o professor deve, portanto, balizar-se em um percurso semelhante, isto é, criar situações em que os alunos possam, de fato, desenhar sobre malhas quadriculadas, enfrentando também problemas que extrapolam o contexto matemático. (SÃO PAULO, 2009b, p. 20) Na Situação de aprendizagem 2 Triângulos: um caso especial de semelhança, os autores destacam a ideia de "rigidez" (não é possível alterar a medida dos ângulos internos sem alterar as medidas lineares) do triângulo. Dessa forma, a única condição para existir semelhança entre dois triângulos é a congruência entre seus ângulos internos correspondentes; a proporcionalidade entre as dimensões dos lados, é mera consequência, e não exigência como nos outros polígonos. Os autores desta unidade de apoio enfatizam a importância dos alunos reconhecerem as propriedades e justificarem-nas com sua correta nomenclatura: ângulos correspondentes, alternos, opostos pelo vértice etc. Na atividade 1 - Triângulos semelhantes: reconhecimento, problema 1 - nesse problema é solicitado que os alunos desenhem dois triângulos semelhantes, sabendo que um dos 92 triângulos possui dois ângulos internos de 45° e o outro triângulo possui um lado medindo 4 unidades e o outro lado medindo 6 unidades. Nos demais problemas, é solicitado: que os alunos indiquem os valores dos ângulos, dadas duas retas paralelas e uma transversal; que seja dada uma justificativa para a congruência entre os ângulos (opostos pelo vértice, alternos internos, alternos externos, correspondentes) e finalmente é pedido que os alunos indiquem os valores de alguns ângulos, dados dois triângulos semelhantes: ABC e ADE. Atividade 2 - Triângulos semelhantes: contexto e aplicações. Os problemas relativos a esta atividade estão ligados à importância da congruência entre os ângulos internos dos triângulos semelhantes. Como por exemplo: indicar os ângulos internos dos triângulos e as medidas dos lados de ambos os triângulos, reconhecer a proporcionalidade entre as dimensões de uma figura que possui algumas ruas formando triângulos e quando necessário encontrar alguma distância relativa ao tamanho de uma das ruas. Utilizar instrumentos: régua e transferidor e indicar os valores das medidas de alguns segmentos, além de um problema em que é solicitado que o aluno obtenha o valor numérico da dimensão de uma viga recém-posicionada em um telhado. Atividade 3 - Semelhanças: cordas , arcos e ângulos. Neste bloco de problemas, são utilizadas circunferências, arcos e cordas. Em um dos problemas, é solicitado que os alunos identifiquem os ângulos correspondentes da figura, utilizando-se da proporcionalidade entre os lados e que validem uma relação dada. Em outro problema, é solicitado que seja indicado o valor da distância entre o ponto de intersecção de duas cordas e um ponto que pertence à circunferência. Em outros problemas, são usadas as considerações sobre cordas e circunferências e são solicitados que sejam encontrados os seguintes dados: ângulos internos, proporção entre medidas e validação de uma relação, e valor numérico de uma distância. Nas considerações sobre as avaliações, os autores ressaltam que o caderno de apoio é apenas um percurso de trabalho, porém caberá ao professor definir a escala que julgar apropriada para a avaliação de seus alunos. 93 Na situação de aprendizagem 3 - Relações métricas nos triângulos retângulos; Teorema de Pitágoras é indicada uma retomada desse aprendizado, já que esse conteúdo foi visitado no 4° bimestre do 8° ano do EF. Os autores indicam as "trilhas" que devem ser utilizadas pelos alunos: observação e aplicação de regularidades, além de generalizações de propriedades a partir do raciocínio indutivo, evitando fórmulas prontas. Na atividade 1 - Triângulos retângulos: métrica e semelhança, os problemas são utilizados para que sejam reconhecidas as principais dimensões (lados do triângulo: catetos e hipotenusa), e seus respectivos ângulos. Neste bloco de problemas, a malha quadriculada é utilizada como suporte ao aprendizado dos alunos, sendo solicitado que estes: escrevam as proporções entre as medidas dos lados correspondentes e ainda que verifiquem que o quadrado da altura é igual ao produto das medidas das projeções dos catetos sobre a hipotenusa. Além disso, os autores começam a introduzir conceitos para que os alunos possam se apropriar, como: h² = m * n, a² = c * n e b² = c * m, visto isso, os autores chamam a atenção para o fato de que quando adicionamos (membro a membro) as igualdades: a² = c * n e b² = c * m, obtemos a Relação de Pitágoras: a² + b² = c². No problema 7, verifica-se que existe apenas o enunciado do problema, cabendo ao aluno transformar as informações que se apresentam em linguagem materna em um desenho, cujas análises possam ser efetuadas com maior facilidade e as distâncias solicitadas encontradas. E no problema 8, os estudantes precisam reconhecer na figura dada (um triângulo), os conceitos aprendidos nos problemas anteriores. Na atividade 2 - Pitágoras: significado, contextos, os autores indicam que: O Teorema de Pitágoras relaciona as medidas de triângulos retângulos à área do quadrado construído, tendo como lado a hipotenusa a, é igual à soma das áreas dos quadrados construídos, tendo como lados os catetos b e c: a² = b² + c² (SÃO PAULO, 2009b, p. 36) 94 Figura 15 - Relação entre as medidas dos lados de um triângulo retângulo FONTE: (SÃO PAULO, 2009b, p. 36) Na sequência, são apresentados diversos problemas para que os alunos utilizem os conceitos aprendidos do Teorema de Pitágoras, como exemplo, um triângulo retângulo isósceles que está inscrito em uma circunferência. Deve-se encontrar a medida dos lados desse triângulo (catetos). Narrativas também fazem parte do módulo, para solicitar o cálculo da distância entre duas pessoas (deve-se utilizar o Teorema de Pitágoras). Problemas do cotidiano também são utilizados: na narrativa que informa a necessidade de fixar duas barras rígidas à estrutura de um portão para que esse tenha maior firmeza, o enunciado do problema informa o comprimento da barra a ser fixada e questiona, se o material existente será suficiente para a conclusão do serviço. Além dos exemplos de problemas citados, outros problemas são apresentados aos alunos, utilizando exemplos do cotidiano e narrativas para responder às questões que envolvem Teorema de Pitágoras. Atividade 3 - Relações métricas em triângulos retângulos: composição e decomposição. Nessa atividade, o foco principal está na composição e decomposição de triângulos retângulos de forma a obter relações métricas e utilizá-las para resolver questões como calcular áreas, comparar áreas de figuras diferentes, calcular alturas. As considerações sobre a avaliação indicam a importância do assunto e a necessidade do professor propor novas situações de aprendizagem, para que os alunos se apropriem das relações anteriormente exploradas. 95 Situação de aprendizagem 4 - Razões trigonométricas dos ângulos agudos, os autores sugerem alternativas para o trabalho de apresentação das razões trigonométricas nos triângulos retângulos. A Atividade 1 - Ângulo de elevação: contexto e estimativas. Nesta atividade, é sugerida uma sensibilização dos alunos para que eles consigam estimar com uma maior precisão medidas de ângulos de elevação, além de introduzir noções de razões trigonométricas de um ângulo agudo. Num primeiro momento de sensibilização são utilizadas narrativas que incluem dados sobre estradas brasileiras e valores máximos para a inclinação delas sempre de acordo com o volume de tráfego. O caderno de apoio ainda propõe uma atividade de levantamento de dados a respeito dos ângulos de inclinação de ruas, cabendo ao professor reunir as informações e discutir com os alunos a questão, e sabendo que o resultado da experiência realizada por eles também pode ser obtido, utilizando-se as razões trigonométricas, aprofundando ainda as razões seno e tangente. Os problemas dessa unidade abordam inclinação percentual de ruas, telhados. A atividade 2 - Medindo ângulos e calculando distâncias inacessíveis. É proposto que o professor auxilie os alunos na construção de um teodolito e indica os materiais necessários e a forma como o teodolito deve ser construído. Nos problemas apresentados no módulo em questão, o teodolito é utilizado para encontrar o ângulo de elevação e conhecida uma dimensão, por exemplo, a altura de uma árvore é pedido que o aluno encontre a distância entre o aluno e a árvore. Em outro problema, é solicitado que o aluno encontre a altura de um objeto quando não se tem acesso à medida da base. Outro problema, da mesma forma pede que seja calculada: a largura de uma rua e ainda um outro, as distâncias entre dois pontos inacessíveis. Atividade 3 - Uma tabela de cordas, ou de senos. Nesta atividade, os autores utilizaram-se da História da Matemática para contar que a primeira tabela trigonométrica foi construída na Grécia antiga. Esta atividade não se faz presente no Caderno do Aluno e o professor decide se deve apresentar a atividade aos seus alunos. O caderno de apoio do 96 professor, ainda propõe que os alunos construam uma tabela de senos de forma similar à de Hiparco. Para essa atividade foi proposto um problema que também mostra a forma de calcular distâncias inacessíveis. As considerações sobre a avaliação indicam: Nessa medida, as avaliações previstas para o período de estudo devem levar em consideração as diversas atividades práticas realizadas pelos alunos, de modo que o quadro da avaliação final seja composto, em boa parte, por esse tipo de atividade.. (SÃO PAULO, 2009b, p. 51) Nas orientações para recuperação, os autores propõem que, durante o período de recuperação, sejam contempladas as atividades que envolvam as malhas quadriculadas (situação de aprendizagem 1), identificação de ângulos congruentes em triângulos semelhantes e aplicando outros problemas representados em malhas quadriculadas (situação de aprendizagem 2), retomada de conceitos (situação de aprendizagem 3), e,finalmente a tomada de medidas de comprimento e de ângulos em situações do cotidiano (situação de aprendizagem 4). Além de todas as orientações já comentadas, o Caderno do professor inclui um rol de recursos que pode ser utilizado para ampliar a compreensão do conteúdo por parte do professor e do aluno, além de outras considerações finais, como a recomendação da atenção redobrada que o professor deve ter ao destacar as diversas relações entre os significados conceituais. No Caderno do Professor, 4° bimestre, 9° ano, EF, a Trigonometria é retomada na Atividade 7 - Problemas envolvendo o cálculo de áreas e o teorema de Pitágoras. Os autores indicam a possibilidade da exploração da relação a² = b² + c² em outras figuras além do quadrado. Tais possibilidades são demonstradas com a utilização de círculos, setores circulares, inscritos nos quadrados que remetem ao Teorema de Pitágoras. Ademais, apresentam "As lúnulas de Hipócrates", contando um pouco dessa história e, posteriormente, apresentam a construção e a demonstração do fato de que a soma das áreas de duas "lúnulas" era igual à área do triângulo retângulo. 97 No 4° bimestre da 1a série do EM, é retomado o ensino da trigonometria associado ao estudo da Geometria, por meio das razões trigonométricas. É um momento de consolidação de conteúdos, utilizando-se da contextualização em situações práticas diferenciadas. Situação de aprendizagem 1 - Rampas, cordas, parsecs - razões para estudar triângulos retângulos. É o momento da consolidação de noções de tangente, seno e secante de um ângulo agudo. Para explicitar tal conteúdo são utilizadas: a ideia de inclinação para a tangente e a razão entre cordas e raios de um arco de circunferência para o seno e a secante. No Caderno do Professor, antes de serem iniciadas as primeiras atividades, é abordado o tema A inclinação da rampa e a tangente. É um primeiro passo na direção ao entendimento dos significado de tangente. O exemplo ilustrativo indica as distâncias percorridas por uma pessoa em uma rampa, quando comparadas com as distâncias existentes no eixo horizontal. É introduzido também o ângulo de inclinação da rampa, e esta é comparada a um triângulo retângulo. Além disso, o material de apoio tece algumas considerações sobre inclinações de ruas e estradas conforme política do DNIT20. Após esse primeiro momento de retomada de conteúdos, são apresentadas aos alunos as primeiras atividades que abordam os temas previamente discutidos, como rampas, distâncias e ângulos. O segundo tema abordado é: Triângulos nas estrelas: as tabelas de cordas e senos. Nesse momento, é retomado o conteúdo da 9° ano do EF, quando foram construídos os conceitos de seno, cosseno e tangente abordados no capítulo, prevalecendo uma visão histórica dos cálculos astronômicos relacionados à posição e ao movimento das estrelas, e complementa com a tabela de cordas de Hiparco de Niceia que viria a dar origem à noção de seno. As tabelas fornecem os valores das razões C entre o comprimento c de cordas R traçadas em uma circunferência e o raio R da circunferência, conteúdo anteriormente 20 Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes 98 abordado no 3° bimestre do 9° ano do EF. Nas atividades seguintes, é solicitado que o aluno: calcule o comprimento de cordas, a razão entre a semicorda e o raio, determine os ângulos centrais correspondentes a cada corda e os ângulos dos quais tais razões são senos, e calcule o raio de uma circunferência. Na terceira abordagem: A secante de um ângulo, inicia-se com uma explicação do que é uma secante, que significa: cortar e exemplifica quando uma reta é secante a uma circunferência, ainda retoma os conceitos das razões trigonométricas seno, cosseno e tangente. Nas atividades seguintes, é solicitado que o aluno com base na reflexão proposta pelos autores chegue a algumas conclusões, como por exemplo: sen cos , 1 tg ² sec ² etc. A quarta abordagem: Distâncias astronômicas: das cordas ao parsec é explicado o que é paralaxe, o que são unidades para distâncias interestelares (é a distância que corresponde a um ângulo de paralaxe de 1", que também é conhecida como parsec). Após várias abordagens e um exemplo ilustrativo são retomadas as atividades, nas quais os alunos são questionados: ângulo de paralaxe é maior ou menor do que 1 para uma distância dada? Quantos parsec correspondem 1 UA21? Quantos anos-luz correspondem a 1 parsec? Considerações sobre a avaliação, para os autores, foi um momento de retomada das razões trigonométricas fundamentais e, para eles, cabe ao professor, aprofundar as explicações quando se fizerem necessárias a fim de preencher lacunas existentes no aprendizado dos estudantes. Situação de Aprendizagem 2 - Dos triângulos à circunferência - Vamos dar uma volta? Nesta situação de aprendizagem, os autores introduzem características aplicáveis às razões trigonométricas como ângulos maiores do que 90°, de forma a obter seno, cosseno, tangente etc., para ângulos de qualquer medida. O caderno de apoio mostra, utilizando-se 21 UA - Unidade Astronômica 99 de ilustrações, em qual intervalo encontram-se os senos e os cossenos de ângulos localizados nos: I, II, III e IV quadrantes, além de utilizar um exemplo ilustrativo que disponibiliza um círculo trigonométrico com os ângulos: 45°, 135°, 225° e 315° e uma tabela que associa esses ângulos e os valores numéricos do seno de seus respectivos ângulos. Os senos e cossenos dos ângulos que limitam os quadrantes também são tratados neste documento, indicando os valores numéricos de senos e cossenos dos ângulos: 0°, 90°, 180°, 270°, 360°. A abordagem das atividades introduzidas solicita que o aluno calcule o seno de alguns ângulos dados, construa uma tabela com os valores numéricos das seis razões trigonométricas (sen, cos, tg, cotg, sec, cossec), identifique os segmentos que representam a tangente e a secante, calcule o seno e cosseno de diversos ângulos, calcule o comprimento da circunferência, complete uma tabela que associa: ângulo, arco e corda. Considerações sobre a avaliação, para os autores: É imprescindível, no entanto, que os alunos tenham assimilado com naturalidade o fato de que as razões trigonométricas podem ser calculadas de modo significativo para ângulos de 0° a 360°. Para tanto, é preciso que sejam conhecidos os valores das razões para ângulos notáveis, como 30°, 45°, 60° 90°, 180°, 270° e 360°, e que saiba reduzir o cálculo das razões para um ângulo α qualquer ao cálculo das razões para um ângulo agudo, por meio de relações simples como, por exemplo, sen (180° - α) = sen α. (SÃO PAULO, 2009d, p.30) Na Situação de aprendizagem 3 - Polígonos e circunferências - Regularidades na inscrição e na circunscrição, o caderno de apoio inicia-se com a abordagem do assunto Ângulos Notáveis em Polígonos Regulares inscritos. Os autores afirmam que todos os polígonos regulares podem ser inscritos em uma circunferência, portanto todos os vértices desse polígono podem pertencer a uma mesma circunferência, que é chamada de circunferência circunscrita ao polígono. Utilizando-se de figuras, os autores indicam os valores em graus dos ângulos centrais de três polígonos: triângulo, quadrado e hexágono, e amplia esse estudo para qualquer polígono afirmando que a medida do ângulo central correspondente ao lado é igual a 360 . n 100 Figura 16 - Ângulos notáveis em polígonos regulares inscritos FONTE: (SÃO PAULO, 2009d, p.31) A partir deste raciocínio, os autores observam que: "a soma de duas metades do ângulo interno com o ângulo central deve ser igual a 180°", conforme a tabela a seguir: Figura 17 - Polígono x Valor em graus dos ângulos central e interno FONTE: (SÃO PAULO, 2009d, p.32) Os autores se utilizam de analogia em relação ao assunto abordado anteriormente e, por meio de figuras, exploram as disposições dos polígonos inscritos em uma mesma circunferência, como o triângulo, quadrado e o hexágono, e ainda afirmam que o valor 101 numérico do ângulo externo de um polígono regular é igual ao valor numérico do ângulo central. A partir de tais informações, uma nova bateria de atividades é apresentada, como por exemplo: descobrir se em um polígono regular existe um ângulo externo igual a um ângulo interno, se um ângulo interno é igual ao dobro do externo, e se ângulo central é igual ao ângulo interno. Inscrevendo polígonos na circunferência: Os autores retomam a relação entre cordas e x raios, utilizando uma figura e a seguinte relação: sen( ) , e concluem que o valor 2 2 numérico do lado de um polígono regular inscrito em uma circunferência é igual a: L 2 Rsen( ) . Apresentam também uma tabela com exemplos ilustrativos e de forma 2 análoga, mostram novamente utilizando figuras qual o valor do lado de um polígono circunscrito L 2 Rtg ( ) . Novas atividades são lançadas para que os alunos respondam, 2 como por exemplo: calcular o valor numérico dos lados de um polígono de n lados (valores dos lados definidos na atividade) inscritos e circunscritos na circunferência, pergunta-se qual a diferença percentual entre o perímetro de um dado polígono e o comprimento de sua circunferência, em quantos por cento a área de um polígono circunscrito supera a área do círculo correspondente? Considerações sobre a avaliação - os autores argumentam que a inscrição e circunscrição de polígonos em circunferências servem como pretexto para consolidar as relações entre a Geometria e Trigonometria e indicam quais os conteúdos fundamentais dos quais os alunos devem ter se apropriado: calcular elementos básicos dos polígonos inscritos e circunscritos em uma circunferência, ou seja: ângulo central, ângulos interno e externo, perímetro e área. Situação de aprendizagem 4 - A hora e a vez dos triângulos não retângulos - Nessa situação de aprendizagem são abordadas a Lei dos senos e a Lei dos cossenos. 102 Dos triângulos retângulos a qualquer triângulo - Os autores iniciam esse tópico, relembrando algumas relações já abordadas anteriormente, como o teorema de Pitágoras e a relação seno de um ângulo. Empregando a figura a seguir, os autores afirmam por exemplo que c² > a² + b², e que o maior lado de um triângulo qualquer sempre se opõe ao maior ângulo e vice-versa, mas, não é verdade que, se a medida de um ângulo dobrar, a medida do lado também dobrará. Figura 18 - Triângulo qualquer FONTE: (SÃO PAULO, 2009d, p.38) Entretanto, existe uma proporcionalidade entre os lados e os ângulos opostos a esses lados, indicada por a b c . Essa relação é conhecida como Lei dos Senos. sen sen sen As atividades seguintes justificam essa relação, ao solicitarem que os alunos: mostrem que um ângulo inscrito em uma circunferência é igual à metade da medida do ângulo central, e que mostrem que as proporções: a b c são válidas, indiquem se um sen sen sen triângulo de dimensões 5m, 6m e 10m é retângulo, se ao dobrarmos as dimensões dos três lados os ângulos são alterados, se é possível dividir o lado de 6m ao meio e construir um triângulo de lados 5m, 3m e 10m, e perguntando a razão entre o seno do ângulo oposto ao lado de 5m e o seno do ângulo oposto ao lado de 10m, calcular a medida de um ângulo em graus dada uma figura que contém: a corda e o diâmetro da circunferência. Ampliando o teorema de Pitágoras: Lei dos Cossenos - Partindo do teorema de Pitágoras, ampliando os conhecimentos e identificando os lados de um triângulo com o uso dos senos e cossenos, os autores deduzem uma relação conhecida como Lei dos Cossenos: c² a² b² 2ab * cos . Após a dedução são fornecidos exemplos ilustrativos e novamente são propostas atividades aos alunos como: fornecidos alguns dados, é 103 questionado se o triângulo é retângulo, calcular o seno e o cosseno de um ângulo, demonstrar uma relação dada, calcular a resultante de duas forças. Considerações sobre a avaliação - É esperado que o aluno tenha compreendido: Lei dos Senos e dos Cossenos. Orientações para recuperação - explorar as relações métricas no triângulo retângulo, concentra-se nas razões fundamentais (sen, cos, tg), na redução de ângulos ao primeiro quadrante, explorar as significações da razão seno em todos os quadrantes antes do aprofundamento de outras razões trigonométricas, utilizar polígonos mais simples (quadrado por exemplo), explorar elementos estéticos associados à inscrição e à circunscrição, demonstrar que a razão entre os catetos e os senos correspondentes é constante, explorar um triângulo qualquer observando que o maior lado sempre se opõe ao maior ângulo, destacar que grandezas inter-relacionadas nem sempre são diretamente proporcionais. Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão do tema - Os autores sugerem sites como o Cepa e Wikipedia, além de artigos para auxiliar a compreensão do assunto por parte dos professores e alunos. No 1° bimestre da 2a série do EM, os autores observam que a Trigonometria estudada nessa série é a que estabelece ligação entre o eixo Geometria e Medidas (proporcionalidade) e o eixo Números e Funções (periodicidade de determinados fenômenos). A ideia de proporcionalidade é apresentada no estudo das relações métricas em um triângulo retângulo e noções de semelhança entre triângulos que são a base para a aplicação das razões trigonométricas seno, cosseno e tangente. Para o estudo da periodicidade, foi criado um modelo matemático que amplia e dá movimento à ideia de regularidade, da representação de um padrão. Dessa forma, as funções trigonométricas podem ser 104 apresentadas a partir de experimentos reais ou de pensamentos, para que os alunos percebam a necessidade do estudo de tais conteúdos. Na situação de aprendizagem 1 - O reconhecimento da periodicidade, os autores afirmam que as funções mantêm as características de dependência entre as grandezas envolvidas e complementam que apesar de existir a possibilidade das funções trigonométricas nos auxiliarem na modelagem de uma gama imensa de fenômenos periódicos , é com baixa frequência que estes se apresentam, contextualizados nos materiais didáticos, ficando as razões senos, cossenos e tangentes restritas aos cálculos de valores numéricos dos arcos notáveis e seus côngruos. E concluem: "a maior motivação pelo estudo das funções trigonométricas deve ser o reconhecimento de que são necessárias para a modelagem de fenômenos periódicos". (SÃO PAULO, 2009e, p.13). Os autores descrevem o movimento do nascer ao por do sol, explicando que no verão a inclinação do percurso do sol em relação à linha zenital22 é menor do que no inverno, e que o comprimento das sombras também sofre variações durante o horário do dia, inclusive a sombra máxima ocorre no solstício23 de inverno. Na atividade 1, os autores sugerem que os alunos imaginem o acompanhamento do comprimento da sombra de uma estaca por dois anos, sendo que os valores relativos ao comprimento da sombra foram registrados em uma tabela. A tarefa para os alunos seria refletir sobre o formato desse gráfico e desenhá-lo. Após esse primeiro momento, o professor deveria promover uma discussão, na qual os alunos pudessem reconhecer que a periodicidade pode ser traduzida por um gráfico no formato aproximado de uma onda. Os autores lançam o seguinte questionamento: “Como podemos traduzir este tipo de gráfico por uma equação matemática?” (SÃO PAULO, 2009e, p.15) 22 zenite - o ponto em que a vertical de um lugar encontra a esfera celeste acima do horizonte 23 solstício de inverno - início do inverno (21 de junho) 105 A partir da questão proposta anteriormente, os autores sugerem que os professores comentem com seus alunos que as "ondas" visualizadas nos gráficos podem estar associadas às funções seno e cosseno, e que estas estão relacionadas com as razões trigonométricas seno ou cosseno. Abrindo um pouco mais o "leque" de possibilidades, o professor pode inserir alguns conceitos importantes, como: período (comprimento de onda), e amplitude (distância entre as posições extremas de um objeto ou de um fenômeno), solicitando aos alunos que identifiquem no gráfico o período e a amplitude. Os autores ainda destacam a importância do trabalho de reconhecimento de que é possível a utilização de parâmetros matemáticos na descrição da periodicidade presente nos fenômenos. Ainda nesta mesma situação de aprendizagem, é abordada a questão das sombras longas. Os alunos podem imaginar a sombra de uma estaca vertical por alguns dias e podem realizar o registro dos comprimentos verificados em função das horas do dia. O aluno deve perceber que ao nascer do sol, o comprimento da sombra é maior e esta vai se reduzindo até um valor mínimo que deve ser encontrado por volta do meio-dia, e após o professor explicar esse fenômeno, o caderno de apoio orienta que este solicite aos alunos que construam um gráfico cartesiano que mostre a evolução do comprimento da sombra da estaca durante a passagem de um determinado tempo. Caberá ao professor, então, explicar o que motivou a diversidade da representação gráfica, inclusive comentando a descontinuidade que pode estar presente em algumas atividades e que ocorre em alguns fenômenos periódicos. Na presente atividade, a função periódica representada é a tangente, ou a cotangente. Considerações sobre a avaliação, os autores sugerem que os professores considerem a construção dos gráficos e o reconhecimento de períodos e amplitudes. Situação de aprendizagem 2 - A periodicidade e o modelo da circunferência trigonométrica - Os autores abordam a temática associando o fenômeno a um ponto, girando sobre uma circunferência, e as medidas das projeções desse ponto são os valores das funções trigonométricas associadas a arcos percorridos pelo ponto, portanto, é proposta 106 para esta situação de aprendizagem a construção do modelo da circunferência trigonométrica. Valendo-se da atividade anterior (movimento do sol), esse é comparado com o movimento de um ponto sobre uma circunferência centrada no sistema de eixos cartesianos. O caderno de apoio reproduz uma sequência de figuras ilustrativas que auxiliam o aluno nessa comparação. Na atividade seguinte, é solicitado que o aluno preencha uma tabela associando o ângulo de elevação do sol em relação ao eixo horizontal com a medida aproximada da projeção no eixo vertical. Os autores deixam claro que a apropriação desse conteúdo, por parte do aluno, será referente aos seguintes aspectos: medidas das projeções verticais escritas em frações de raio, aproximações em décimos das medidas das projeções, medida do ângulo não proporcional à medida da projeção etc. Em uma atividade seguinte, é solicitado que o aluno desenhe um gráfico que contenha os dados da tabela construída anteriormente (ângulos - eixo horizontal e medidas de projeção - eixo vertical), de forma que estes possam reconhecer o formato de onda; em outra atividade é pedido que o aluno complete uma tabela e posteriormente desenhe o gráfico que representa a relação entre a medida do ângulo de elevação do sol e a medida da projeção sobre o eixo horizontal e caberá ao professor chamar a atenção dos alunos para alguns fatos, como por exemplo, projeção vertical do ângulo de 60° = projeção horizontal do ângulo de 30°. Além disso, caberá ao professor relacionar o modelo apresentado nas citadas atividades com o conhecimento anterior sobre as razões trigonométricas. Na atividade 4, é solicitado que o aluno construa uma circunferência trigonométrica que contenha os ângulos notáveis e seus simétricos, desenhe uma tabela que estabeleça as relações entre os ângulos, senos e cossenos, além do desenho em um sistema de eixos cartesianos das funções: y = senx e y = cosx. Apresentando os radianos. É o momento para que as medidas de arcos em radianos, assim como as transformações de radianos em graus e vice-versa, sejam apresentadas aos 107 alunos. Os autores discutem a relação C , e abordam a temática afirmando que o D radiano é a medida de um arco de comprimento igual ao do raio da circunferência. A partir desse aprendizado, os alunos podem resolver as atividades 5, 6, 7, 8 e 9, que abordam medidas de arcos em graus e em radianos, comparações entre arcos, conversão de graus em radianos, e, para complementar o percurso do aluno nesse aprendizado trigonométrico, os autores ainda sugerem a resolução de equações trigonométricas como: senx = k, definidas em R e em intervalos definidos, utilizando-se da forma algébrica, assim como da forma gráfica para resolver o problema. Importante ressaltar que nesse caderno de apoio, os autores não apresentam os arcos com extremidades finais negativas (giro no sentido horário), porém destacam a importância da abordagem desse conteúdo para que ao menos os estudantes saibam da existência desse tipo de arco. Considerações sobre a avaliação: Para os autores, o professor deve avaliar a capacidade dos alunos no que se refere a: Identificar a posição da extremidade final de um arco medido em graus; Identificar a posição da extremidade final de um arco medido em radianos; Converter para radianos uma medida de arco expressa em graus; Obter a menor determinação positiva de um arco qualquer; reconhecer as diferenças e as semelhanças entre os gráficos das funções y = senx e y = cosx; Resolver funções trigonométricas simples. (SÃO PAULO, 2009e, p.34) Os autores ainda destacam a priorização de questões de caráter conceitual, em detrimento daquelas com passagens algébricas além do necessário. Situação de aprendizagem 3 - Gráficos de funções periódicas envolvendo senos e cossenos - Os autores afirmam que vários fenômenos periódicos podem sem modelados utilizando-se funções trigonométricas. Dessa forma, é necessário que os alunos saibam desenhar gráficos de funções a partir de uma equação e vice-versa. No módulo, os autores 108 apresentam apenas as funções seno e cosseno, deixando para segundo plano os gráficos das demais funções. Nesta situação de aprendizagem são sugeridos vários tipos de percurso: Percurso 1 - Construção do gráfico a partir de tabela de valores, nesse percurso, os autores sugerem que os gráficos sejam construídos, introduzindo-se uma constante por vez e que inicialmente seja utilizado o papel quadriculado para o desenhar dos gráficos, como exemplo, os alunos podem desenhar os gráficos: y = senx e y = 2senx, no mesmo plano cartesiano. A partir desse aprendizado, os autores introduzem algumas atividades para os alunos responderem, tais como completar tabelas e construir gráficos, por exemplo: y = senx e y = 1,5senx, y = cosx e y = 3cosx. Além disso é solicitado que o estudante reflita sobre a relação observada no gráfico e indique a diferença entre os gráficos: y = senx e y=Asenx. Em outro exemplo, os autores apresentam outra formação da função trigonométrica: y = AsenBx e y = AcosBx, e sugerem que o professor construa os gráficos de y = senx e y = 2sen2x no mesmo plano cartesiano para uma melhor compreensão dos alunos. Percurso 2 - Construção de gráficos com o auxílio de um software - Neste momento, o professor pode disponibilizar para seus alunos um software para a construção dos gráficos de funções trigonométricas, caso exista essa possibilidade: recursos materiais e técnicos. Para esse percurso, são utilizadas funções similares as apresentadas anteriormente. Percurso 3 - Gráficos trigonométricos em função do tempo, neste percurso, os autores afirmam: Fenômenos periódicos são aqueles que se repetem a cada intervalo determinado de tempo, mantendo suas características básicas. Se quisermos analisar os fenômenos periódicos e, se possível modelá-los, não podemos deixar de considerar as funções nas quais uma grandeza varia periodicamente em função do tempo. (SÃO PAULO, 2009e, p. 47) 109 Em um exemplo, dada a função y = senBx, é solicitado: o Domínio, a Imagem e o Período. Em outra atividade é pedido que os alunos desenhem um gráfico cartesiano representativo de uma equação. Considerações sobre a avaliação: os autores sugerem que as atividades deste módulo sejam utilizadas em avaliações, assim como caso o professor utilize algum software na construção de gráficos, que este utilize as fichas de acompanhamento. Situação de aprendizagem 4 - Equações trigonométricas: para essa situação de aprendizagem, os autores selecionaram quatro fenômenos periódicos que podem ser modelados. São eles: período de claridade de uma cidade, pressão sanguínea, temperatura e o fenômeno das marés. Atividade 1 - Cálculo do período de claridade de uma cidade - os autores afirmam que a inclinação do eixo de rotação da Terra é a responsável pela quantidade de sol recebida por uma cidade no período de um ano e que em cidades mais próximas da linha do Equador esse fenômeno quase não é percebido, pois a claridade das cidades quase não é alterada durante o ano, e que em regiões mais afastadas da linha do Equador, o verão é claro e os dias são longos, enquanto que nos invernos, a situação é invertida. A partir dessa apresentação, são seguidas algumas atividades que os alunos devem responder. Atividade 2 - A periodicidade da pressão sanguínea - nesta atividade, os autores informam que o gráfico constante no caderno de apoio representa a variação da pressão sanguínea em mmHg nas paredes dos vasos sanguíneos em função do instante t (em segundos), momento em que a medida da pressão foi efetuada. A partir da contextualização, os estudantes devem responder a algumas questões efetuando a leitura de dados constantes no gráfico apresentado na atividade. 110 Atividade 3 - A temperatura pode ser periódica? Os autores fornecem uma equação trigonométrica que permite modelar as variações de temperatura. Um exemplo é fornecido aos estudantes, além de uma contextualização de dados. Atividade 4 - O fenômeno das marés - A ocorrência do fenômeno das marés está ligada à conjugação da atração gravitacional entre Terra-Lua-Sol e a rotação da Terra em torno do seu eixo, de forma que as águas do mar atinjam alturas máximas e mínimas. Os autores ainda afirmam que quando Lua e Sol estão alinhados (Luas cheia ou Nova), as atrações são somadas, ocorrendo as marés mais altas. Novamente os autores utilizam uma contextualização que implicou em uma tabela de marés ocorridas em Recife entre os meses de agosto/setembro de 2014. Considerações sobre a avaliação: os autores, neste módulo, propõem que os professores reflitam a respeito das habilidades necessárias aos alunos e que devem ser avaliadas, além do questionamento a respeito de quais instrumentos podem avaliar as habilidades selecionadas. Para os autores, os alunos devem mobilizar as seguintes habilidades: Identificar a posição da extremidade final dos arcos notáveis na circunferência, associando-os aos correspondentes valores de senos, cossenos, tangentes e cotangentes. Obter a menor determinação positiva de arcos medidos em radianos ou em graus. Representar os gráficos das funções trigonométricas e reconhecer suas propriedades. Determinar o conjunto solução de equações ou de inequações trigonométricas, mesmo daquelas envolvidas por contextos não apenas matemáticos. .(SÃO PAULO, 2009e, p. 55) Os autores sugerem que o processo de avaliação dos estudantes seja efetuado de modo a retratar as características desenvolvidas durante o processo de ensino. Orientações para recuperação - Nesse momento, os autores sugerem uma rotina que pode ser seguida pelos professores para atingir o desempenho esperado como, por exemplo, construir novamente os gráficos das funções y = senx e y = cosx, discussão com os alunos a respeito do modo de efetuar a conversão de graus em radianos e vice-versa etc. 111 Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão do tema: Nesse momento, os autores sugerem alguns materiais para que professores e alunos se aprofundem um pouco mais no tema abordado neste caderno de apoio, como por exemplo: Sobre a evolução de algumas ideias matemáticas, de Elon Lages Lima, RPM, n°6 etc. O Caderno de apoio do 3° bimestre da 3a série de EM, possui como conteúdo básico a ideia de função. O objetivo do caderno de apoio é abordar as seguintes funções: funções de 1° grau, de 2° grau, exponencial, logarítmica, além das funções trigonométricas, destacando as qualidades essenciais destas, de modo a favorecer a compreensão por parte dos alunos, a respeito dos fenômenos da realidade. Apesar da importância de todas as funções no contexto da Matemática, neste trabalho abordamos apenas o que foi enfatizado neste caderno no que diz respeito às funções trigonométricas. No caso das funções trigonométricas, vale destacar as funções y = senx, y = cosx e y = tgx, que o cosseno de um arco x é o arco do seno complementar de x, e que todas as propriedades da função seno podem ser deduzidas partindo-se da função seno. Apresentação dos conteúdos e temas - O Caderno de apoio introduz as características de uma função como variáveis dependentes e independentes e, a seguir, inclui alguns exemplos, no caso das funções trigonométricas: o exemplo 7, onde uma bola oscila em torno de uma mola e a distância x da bola até o ponto de equilíbrio depende do instante t considerado, o exemplo ainda apresenta o gráfico dessa função trigonométrica. A atividade 5 deste módulo é uma variação do exemplo citado anteriormente e solicita que os alunos determinem: o valor da constante k da mola, o valor de x para t = 1s, t = 2s, t = 3s e t = 10 s , além de construir o gráfico de k em função de t. 3 112 Considerações sobre a avaliação - Para os autores, tais situações apresentadas são utilizadas como estratégia para a exploração de atividades consideradas exemplares. Situação de aprendizagem 2 - Construção de gráficos: Um olhar "funcional" - Nesse módulo, os autores abordam o tema funções utilizando-se de transformações como a translação por exemplo. No exemplo 2 desse módulo, há a representação gráfica da função trigonométrica f(x) = 2 + senx, descrita como a função y = senx, duas unidades para cima na direção do eixo y e no exemplo 9, há a função f(x) = 3senx cujos valores de f(x) oscilam entre +3 e -3. No exemplo 10, existe o gráfico da função f(x) = 3xsenx, em que os autores explicam o que se deve imaginar no gráfico y = Asenx, e indica que ele oscilará entre as retas y = 3x e y = 3x. A partir dos mencionados exemplos, os autores sugerem um rol de atividades para serem executadas pelos alunos, no caso das funções trigonométricas, temos as atividades: 2 e 5 (parcial). Considerações sobre a avaliação - Para os autores, espera-se que os alunos tenham aprendido a traduzir situações de interdependência de forma a praticar a decomposição de funções mais complexas em outras mais simples, assim como vislumbrar essas mesmas funções utilizando-se de gráficos mais simples. Os autores ainda enfatizam que para que os alunos obtenham tais habilidades são necessários que eles achem natural as transformações como deslocamentos verticais e horizontais, assim como as inversões de sentido. Situação de aprendizagem 3 - As três formas básicas de crescimento ou decrescimento: a variação e a variação da variação. Nessa situação de aprendizagem são aprofundados os seguintes conteúdos: visualização das variações de grandezas, reconhecimento de pontos de máximo e mínimo, quando esses existirem. Tais abordagens já ocorreram quando da introdução das funções de 1° e 2° graus, 113 e neste momento, as demais são analisadas introduzindo-se fatores de crescimento, decrescimento e taxas de variação. Após uma abordagem das funções crescentes e decrescentes utilizando-se como formapadrão as funções de 1° grau, os autores inserem no módulo alguns exercícios exemplares, como, por exemplo: atividade 6, em que é pedido que sejam construídos os seguintes gráficos: f(x) = senx e g(x) = cosx entre x = 0 e x = 2π no mesmo sistema de coordenadas. Além disso, pede-se que sejam identificados os intervalos em que f(x) e g(x) são crescentes e aqueles em que são decrescentes, comparando os gráficos das funções f(x) e g(x) e observando que os valores máximos de uma das funções ocorrem nos pontos em que a outra função se anula e vice-versa. Em seguida, devem fazer a comparação entre as concavidades dos gráficos das funções. Considerações sobre a avaliação - Para os autores, é importante que os alunos consigam visualizar em uma função, além do crescimento ou decrescimento, a rapidez com que a função cresce ou decresce, e ainda indicam que é de fundamental importância o reconhecimento das três formas básicas de crescimento ou decrescimento de uma função: as taxas constantes, as taxas crescentes e as taxas decrescentes, observando que esses são conteúdos mínimos que devem ser aprendidos pelos alunos. A situação de aprendizagem 4 - Os fenômenos naturais e o crescimento ou decrescimento exponencial: o número ℮, não se aplica à dissertação, visto que tal conteúdo foge do escopo traçado anteriormente. Orientações para recuperação: para os autores esse é o momento de retomar o estudo das funções apresentadas anteriormente em outros anos e bimestres, seguindo de atividades simples. Além disso, pode-se retomar a exploração de conteúdos, partindo de exercícios representativos, ou apresentando conceitos e propriedades apenas por meio de atividades, estudar todos os tipos de transformações em cada uma das funções conhecidas. 114 Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão do tema. Nesse espaço, os autores sugerem softwares como o Graphmatica, livros como o Construindo gráficos e Aprendendo e ensinando. Pela maior complexidade do Caderno do Professor, a avaliação anterior foi realizada apenas no Caderno do Professor e, para os subitens a seguir, apenas a disposição dos importantes elementos no Caderno do Professor (Trigonometria presente na 1ª série do Ensino Médio) e no Caderno do aluno (Trigonometria presente na 2 ªsérie do Ensino Médio) serão elencadas. 3.6.5.1. Situações de Aprendizagem O objetivo primordial é entender quanto os Cadernos do Professor e do Aluno se aproximam ou se distanciam do Currículo do Estado de São Paulo e demais documentos oficiais aqui citados e reunir subsídios para as futuras análises das provas de concursos de professores de Matemática do Estado de São Paulo (ingresso, processo simplificado e promoção). 3.6.5.2. Análise do Caderno do Professor O Currículo do Estado de São Paulo propõe o uso dos Cadernos do Professor e Aluno com o seguinte texto: Desejamos que estes materiais sejam preciosos também para cada uma das escolas, tanto para a construção de suas propostas pedagógicas como para o apoio aos professores, gestores, especialistas e famílias para reafirmar publicamente o compromisso do Governo do Estado de São Paulo com a busca de mais qualidade na educação de nossas crianças e nossos jovens. (SÃO PAULO, 2010, p.4) A proposta pedagógica de uma instituição educacional é o documento que auxilia no direcionamento de ações administrativas, financeiras e pedagógicas. No plano estritamente 115 pedagógico, os Cadernos do Professor e do Aluno e o Currículo do Estado de São Paulo, vão ao encontro dos ensinamentos de Shulman (1987), quando este manifesta a importância dos seguintes conhecimentos: específico, curricular e pedagógico do conteúdo por parte dos profissionais da educação. O Caderno do professor desenvolve as situações-problema passo a passo, indicando "um caminho" que o professor pode utilizar para resolver os problemas. Ademais, o material de apoio ainda disponibiliza exemplos simples de atividades propostas aos alunos, e cabendo ao professor ser possuidor de conhecimentos necessários para desenvolver o conteúdo, conforme exemplo a seguir: Figura 19 - Atividade 2 Caderno do Professor - 4° Bimestre, 1 a série do Ensino Médio FONTE: (SÃO PAULO, 2009d, p. 13-14) 116 As considerações pertinentes a este material serão apresentadas oportunamente quando das análises das questões de concurso e considerações finais deste Trabalho. 3.6.5.3. Caderno do Aluno O Caderno do Aluno 2a série, 1° bimestre propõe situações de aprendizagens que são incluídas neste trabalho. Os comentários a respeito desse material estão presentes em análises das provas dos concursos quando comparadas ao material utilizado em sala de aula e também no capítulo das considerações finais. O próximo item aborda o assunto Concursos, de forma a permitir que os leitores entendam os fundamentos necessários para a participação de tal certame. 3.6.6. - Dos Concursos Neste item procura-se informar a constituição dos diversos concursos de provimento de cargos (ingresso) de professores, assim como os de processo simplificado e promoção para professores da rede estadual de ensino do estado de São Paulo. 3.6.6.1. Das Provas Um concurso público é constituído por várias etapas: publicação do edital, inscrição do candidato para a vaga desejada, prestação da prova específica ao cargo, julgamento da prova, avaliação de títulos, classificação, homologação, além da perícia médica e do curso de formação específica que é parte integrante do estágio probatório para o cargo de professor PEBII de Matemática do Estado de São Paulo. Porém, apesar de indicar tais etapas que se fazem constantes no edital do concurso de 2013 para professores de Matemática. O foco desse trabalho está voltado para a prova em si e mais especificamente 117 para as questões que versaram sobre o tópico de Trigonometria constante nas provas analisadas. Além disso, houve a preocupação de verificar os pontos específicos nas questões que se aproximem ou se distanciem das orientações contidas nos documentos oficiais para o ensino de Trigonometria para os alunos do Ensino Médio de forma a obter uma análise mais aprofundada das questões propostas nestes certames. 3.6.6.2. Das Resoluções SE 80 de 09/06/2009 e SE 52 de 14/08/2013 A resolução SE 80 de 09/06/2009 foi publicada pelo Sr. Secretário da Educação considerando a necessidade de explicitar os perfis de competências e habilidades desejáveis aos professores da rede pública estadual e orientar os processos de concursos públicos e formação continuada. Ao abordar esse documento, pode-se compará-lo aos conhecimentos necessários ao professor conforme prescrito por Shulman (1987). A resolução requer que o professor possua conhecimentos relativos aos aspectos físicos, cognitivos, afetivos e emocionais do desenvolvimento individual das crianças, jovens e adultos, incluindo as peculiaridades dos alunos que possuem necessidades especiais. Prescreve também a necessidade do conhecimento específico do conteúdo, além de ultrapassar limites disciplinares e desenvolver propostas de trabalho interdisciplinar. Ademais, deve ser possuidor do conhecimento pedagógico: currículo, transposição didática, contrato didático, planejamento, organização de tempo e espaço e da própria prática em sala de aula que nada mais é do que a experiência profissional do professor. Na resolução SE 52 de 14/08/2013 é indicado que o candidato deve ser possuidor de conhecimentos específicos do conteúdo pedagógico, além do currículo do Estado de São Paulo de modo a desenvolver as habilidades e competências pessoais do aluno sabendo que, para favorecer esse desenvolvimento, deve relacionar os conteúdos específicos e as competências gerais. 118 Shulman (1987) indica em seu trabalho que a base do conhecimento se encontra na intersecção de conteúdo e pedagogia e que o professor deve ser capaz de transformar o conhecimento específico do conteúdo em formas que sejam pedagogicamente fortes e possam ser adaptadas às habilidades e experiências apresentadas pelos alunos. Nesse trabalho, assim como prescrito nas resoluções SE-80/2009 e SE-52/2013, apoiamo-nos em Shulman (1987), visto que as necessidades profissionais de um professor destacadas nas resoluções citadas, são partes fundamentais da teoria do autor quando ele identifica os três tipos de conhecimentos necessários ao professor: curricular, específico do conteúdo e pedagógico. As resoluções são parte integrante desse documento, podendo ser encontradas nos Anexos 2 e 3. 119 Capítulo 4 - Análise das Questões das Provas e dos Cadernos dos Alunos Neste capítulo, apresenta-se a análise das questões das provas dos concursos de professores (ingresso, processo simplificado e promoção) e para as provas, a partir de 2010, foram comparados os itens do concurso com as atividades propostas nos Cadernos do Aluno do Estado de São Paulo. TAREFA 1 - SIMPLIFICADO 2009 - QUESTÃO 35 Em certo dia do ano, em uma cidade, a maré alta ocorreu à meia-noite. A altura da água no porto dessa cidade é uma função periódica, pois oscila regularmente entre maré alta e maré baixa, ou seja, a altura da maré aumenta até atingir um valor máximo (maré alta), e vai diminuindo até atingir um valor mínimo (maré baixa), para depois aumentar de novo até a maré alta, e assim por diante. A altura y, em metros, da maré, nesse dia, no porto da cidade, pode ser obtida, aproximadamente, pela fórmula: y = 2 + 1,9 . cos ( t), sendo t o tempo decorrido em horas, após a meia noite. 6 Analise as afirmações a respeito dessa situação: I. No instante t = 3h a altura da maré é de 2m. II. No instante t = 6h ocorreu a maré baixa, cuja altura é de 0,1m. III. No instante t = 12h ocorre maré alta, cuja altura é de 3,9m. É correto o que se afirma em: a) I, II e III. b) II e III, apenas. c) I e III, apenas. d) I e II, apenas. e) I, apenas. 120 Grade de Análise Expectativas institucionais: Embora a solução dessa questão não requeira, necessariamente, o reconhecimento da periodicidade do fenômeno em questão, nem a resolução de uma equação ou inequação trigonométrica, trata-se de item que se aproxima das Orientações Curriculares do Ensino Médio porque envolve a função trigonométrica cosseno na representação da oscilação desse fenômeno. (BRASIL, 2006, p.74) A esse respeito, os documentos estaduais, (como o Currículo do Estado de São Paulo) indicam como habilidades a serem desenvolvidas pelos professores, em seus alunos: - Reconhecer a periodicidade presente em alguns fenômenos naturais, associando-a às funções trigonométricas básicas; - Saber resolver equações e inequações trigonométricas simples, compreendendo o significado das soluções obtidas, em diferentes contextos (SÃO PAULO, 2010, p.37); Descrição da tarefa: Identificar quais são as afirmações corretas, após o cálculo do valor numérico da expressão que representa a função dada no enunciado da questão. Eventualmente, um candidato poderia substituir y pela altura indicada em cada uma das alternativas, para, em seguida, determinar o valor de t, resolvendo a equação obtida. Nível de conhecimento esperado para a solução da tarefa (Robert, 1998): técnico. O candidato precisa apenas substituir os valores fornecidos para o tempo em cada um dos itens na fórmula dada, e após essa etapa precisa saber o valor dos cossenos dos ângulos de 0°, 90° e 180°. 121 Contexto: Artificial para uma situação extramatemática; Conhecimento profissional docente necessário para a resolução da tarefa (Shulman, 1987): Conhecimento do Conteúdo Específico. Exige que o professor identifique os conceitos que permitam a resolução da questão: cálculo do valor numérico de uma expressão algébrica, noções relativas às funções trigonométricas e, dependendo da estratégia escolhida pelo professor, resolução de equações. 122 TAREFA 2 - SIMPLIFICADO 2009 - QUESTÃO 50 A figura indica uma mesa de tampo AB (paralelo ao solo), pernas AE e BD , e pivô de fixação em C, que é deslizante ao longo de BD . Se AE = BD = 1m, e o ângulo, em graus, mede α, então, a altura da mesa em relação ao solo, em metros, será: a) sen 2 b) cos 2 c) 1 sen 2 d) 1 cos 2 e) 1 tg 2 Grade de Análise Expectativas institucionais: Esta questão está de acordo com as Orientações Curriculares do Ensino Médio porque envolve as relações trigonométricas no triângulo retângulo em contexto classificado por SPINELLI (2011, p.87) como cotidiano. Aproxima-se das orientações contidas nos materiais de apoio - Caderno do Professor - uma vez que para obter a solução, o candidato precisa saber resolver a equação trigonométrica, compreendendo o significado das soluções obtidas, em diferentes contextos (SÃO PAULO, 2010, p.37) 123 Descrição da tarefa: Nesta questão, o candidato precisa entender que a altura da mesa é variável em relação ao ângulo α. É necessário também que o candidato estabeleça relações entre BC - CD e AC - CE, utilizando a distância AE = BD = 1 m e por fim, utilizando as relações trigonométricas em um triângulo retângulo. Nível de conhecimento esperado para a solução da tarefa (Robert, 1998): disponível. O conhecimento necessário para a resolução da questão é o disponível, uma vez que não são oferecidas "pistas" para a identificação dos conceitos que poderiam conduzir à solução. Além disso, o texto traz um elemento complicador que diz respeito ao "pivô de fixação" que desliza ao longo de BD, pois essa ideia pode dificultar a percepção de que AC BC e DC CE . O que poderia, eventualmente, sugerir a utilização da trigonometria como um caminho possível, é a observação das relações trigonométricas indicadas nas alternativas. Contexto: Artificial para uma situação extramatemática. Conhecimento profissional docente necessário para a resolução da tarefa (Shulman, 1987): Conhecimento do conteúdo específico. O conhecimento necessário para resolver esta questão segundo Shulman (1987) envolve os seguintes conteúdos: semelhança de triângulos, propriedades do triângulo isósceles e relações trigonométricas no triângulo retângulo. 124 TAREFA 3 - FORMAÇÃO 2010 - QUESTÃO 23 No módulo referente à Trigonometria, explorou-se a origem histórica da razão seno, que estava diretamente ligada às tabelas de cordas de circunferências, construídas por Hiparco de Nicéia no século II a.C. A figura abaixo mostra uma corda de medida 6,43 correspondente a um ângulo central de 80°, determinada a partir de uma circunferência de raio 5. Com base na relação estabelecida entre cordas e senos, podemos afirmar que o valor do seno de: a) 80° corresponde ao resultado da razão entre 6,43 e 5. b) 40° corresponde ao resultado da razão entre a metade de 6,43 e 5. c) 80° corresponde ao resultado da razão entre 5 e 6,43. d) 40° corresponde ao resultado da razão entre a metade de 5 e 6,43. Grade de Análise Expectativas institucionais: As sugestões contidas nos documentos oficiais analisados ao longo deste estudo indicam que a história da Matemática pode ser explorada como um contexto para o desenvolvimento de noções da Trigonometria. A relação entre cordas de uma circunferência e as relações trigonométricas no triângulo retângulo são conteúdos prescritos 125 para o Ensino Fundamental, e de acordo com as OCEM (2006, p.73), devem ser consolidados ao longo do Ensino Médio. Esse mesmo documento também aponta a História da Matemática como fonte importante de contextualização e atribuição de significados: A utilização da História da Matemática em sala de aula também pode ser vista como um elemento importante no processo de atribuição de significados aos conceitos matemáticos (...). A recuperação do processo histórico de construção do conhecimento matemático pode se tornar um importante elemento de contextualização dos objetos de conhecimento que vão entrar na relação didática. (BRASIL, 2006, p.86) A Atividade "Uma tabela de cordas, ou de senos" está disponível apenas no caderno do professor (3° bimestre, 9° ano, EF), cabendo identificar o momento oportuno de aplicá-la e/ou discuti-la. No entanto, embora o professor possa, eventualmente, julgar melhor deixar sua exploração para outro momento, trata-se de conteúdo que deve fazer parte do repertório de conhecimentos desse professor. 1 corda sen 2 2 raio Figura 20 - Cordas e senos FONTE: (SÃO PAULO, 2009b, p.49) E no Caderno da 1a série do EM, 4° bimestre, encontra-se também: 126 Figura 21 - Cordas e senos FONTE: (SÃO PAULO, 2009d, p.14) Descrição da tarefa: Estabelecer relações entre o seno de um ângulo central, a corda correspondente a esse ângulo e o raio da circunferência que contém essa corda. Nível de conhecimento esperado para a solução da tarefa (Robert, 1998): mobilizável. O conhecimento necessário para a solução desse item foi avaliado como mobilizável, uma vez que o enunciado traz indicações de relações que podem ser utilizadas no processo de resolução, havendo, no entanto, necessidade de modificação na figura e aplicação de outras relações e teoremas para a obtenção da resposta. Contexto: Real para uma situação Intramatemática. Categoria de conhecimento profissional docente necessário para a resolução da tarefa (Shulman, 1987): O que está sendo avaliado por meio deste item é o conhecimento do conteúdo específico. Nesse caso, o professor deve dominar noções relacionadas: 127 1. Às relações trigonométricas no triângulo retângulo; 2. Às noções relativas à circunferência (por exemplo: corda, diâmetro, ângulos inscritos, circunscritos, central e propriedades do triângulo isósceles); 3. Ao Teorema do triângulo inscrito em uma semicircunferência; Embora não se trate de questão que avalia o conhecimento pedagógico do conteúdo, esse conhecimento foi utilizado como contexto para a elaboração do item. 128 TAREFA 4 - FORMAÇÃO 2010 - QUESTÃO 24 As funções trigonométricas também servem para modelar fenômenos periódicos. No módulo 16, são discutidas duas situações que envolvem ciclos periódicos. Em uma delas, analisa-se a variação no comprimento da sombra de uma estaca ao longo de um dia, conforme figura abaixo. A função trigonométrica mais apropriada para modelar tal situação é: a) Seno. b) Cosseno. c) Tangente. d) Secante. Grade de Análise Expectativas institucionais: As Orientações Curriculares para o Ensino Médio não priorizam o ensino da função tangente. O documento oficial aborda o tema da seguinte forma: As funções trigonométricas seno e co-seno também devem ser associadas aos fenômenos que apresentam comportamento periódico. O estudo das demais funções trigonométricas pode e deve ser colocado em segundo plano. (BRASIL, 2006, p. 74). Todavia, é importante ressaltar que o professor precisa dominar esse conhecimento, de acordo com SHULMAN (1987), a fim de fundamentar suas explicações e convencer os alunos de fatos matemáticos apresentados em sala de aula. 129 O caderno do professor e do aluno, no 1° bimestre do 2° ano do Ensino Médio, contempla tal tema na situação de aprendizagem 1. Portanto, pode-se notar que embora as Orientações Curriculares afirmem que as demais funções trigonométricas possam ser colocadas em segundo plano, cabe ao professor identificar as possibilidades de introduzir tais temas junto aos seus alunos. Descrição da tarefa: Associar os fenômenos periódicos às funções trigonométricas. Nível de conhecimento esperado para a solução da tarefa (Robert, 1998): mobilizável. Nesta questão, o candidato precisa reconhecer a função trigonométrica tangente como a função mais adequada. Contexto: Real para uma situação extramatemática. Categoria de conhecimento profissional docente necessário para a resolução da tarefa (Shulman, 1987): Nesta questão, o professor deve possuir o conhecimento do conteúdo específico, para relacionar as funções trigonométricas com a figura apresentada. Além disso, o professor também deve possuir o conhecimento pedagógico do conteúdo, pois a questão aborda uma situação de modelagem e ele deve estar preparado para elaborar estratégias de forma a facilitar a compreensão do conteúdo pelos alunos. 130 TAREFA 5 - MÉRITO CESGRANRIO 2010 - QUESTÃO 35 A figura abaixo mostra um retângulo OABC, tal que seus vértices O e B repousam, respectivamente, sobre o centro do círculo dado e sobre a circunferência. Se AC = 5 cm e CD = 2 cm, então a área do retângulo OABC é igual a: a) 5 2 cm² b) 12 cm² c) 16 2 cm² d) 25 cm² e) (2 + π)² cm² Grade de Análise Expectativas institucionais: Tanto as Orientações Curriculares para o Ensino Médio como os documentos oficiais da SEE/SP indicam a necessidade do aprofundamento do ensino do Teorema de Pitágoras durante o Ensino Médio. As OCEM abordam o tema da seguinte forma: Alguns conceitos estudados no ensino fundamental devem ser consolidados, como, por exemplo, as ideias de congruência, semelhança e proporcionalidade, o Teorema de Tales e suas aplicações, as relações métricas e trigonométricas nos 131 triângulos (retângulos e quaisquer) e o Teorema de Pitágoras. (BRASIL, 2006, p. 75 e 76). Descrição da tarefa Nesta questão, o candidato precisa reconhecer que o lado do retângulo sobre o eixo de x possui valor numérico igual a 3, calcular o lado do retângulo que se encontra sobre o eixo de y utilizando o Teorema de Pitágoras e conhecidos os dois lados do retângulo, o candidato deve ainda calcular sua área. Nível de conhecimento esperado para a solução da tarefa (Robert, 1998): mobilizável. Para efetuar o cálculo da área do retângulo o candidato não possui a indicação dos valores numéricos nem de sua base e nem de sua altura. O professor precisa reconhecer que a diagonal do retângulo inscrito no 1º quadrante da circunferência, também é o raio da circunferência. De posse dessa informação, o candidato deve realizar procedimentos que o auxiliem a encontrar os valores numéricos necessários para o cálculo da área solicitada (base e altura do retângulo). Contexto: Real para uma situação intramatemática. Categoria de conhecimento profissional docente necessário para a resolução da tarefa (Shulman, 1987) Nesta questão, o professor precisa ter o conhecimento específico do conteúdo sobre as propriedades características do retângulo, os elementos da circunferência, o Teorema de Pitágoras e a fórmula para o cálculo da área do retângulo. 132 TAREFA - 6 MÉRITO CESGRANRIO 2010 - QUESTÃO 51 Considere o ponto C(1,0) e um ângulo θ representado no círculo trigonométrico tal que CÔA k. , k . Seja r a reta tangente à circunferência no ponto A(cosθ, senθ) e 2 considere B o ponto de interseção da reta r com o eixo das abscissas. A figura abaixo ilustra um caso particular em que o ângulo θ foi dado no primeiro quadrante. Como cada ângulo θ no domínio considerado determina unicamente o comprimento OB , dizemos que este comprimento é uma função de θ . Chamando tal função de f (θ) , pode-se explicitamente representá-la por (A) f (θ) = sec (B) f (θ) = cot g (C) f (θ) = cos ec (D) f (θ) = tgθ (E) f ( ) 1 sen 2 133 Grade de Análise Expectativas institucionais: Embora os documentos que apoiam o currículo do estado de São Paulo – Caderno do Professor - fundamentados nas OCEM (2006) prescrevam apenas o trabalho com as funções seno e cosseno e além disso, as OCEM indicam que o conteúdo relativo às demais funções trigonométricas "pode e deve ser colocado em segundo plano", (p.74) cabe ao professor decidir se existe adequação para introduzir tal conteúdo durante suas aulas. Essas mesmas Orientações Curriculares para o Ensino Médio, indicam a necessidade do aprofundamento do ensino do Teorema de Pitágoras durante o Ensino Médio (BRASIL, 2006, p. 75-76). Descrição da tarefa: Identificar a função que melhor representa, algebricamente, o gráfico contido no enunciado. Nível de conhecimento esperado para a solução da tarefa (Robert, 1998): mobilizável. O conhecimento é mobilizável, pois o candidato necessita analisar a figura e assim, definir qual a função é compatível com a figura. Contexto: Real para uma situação intramatemática. 134 Categoria de conhecimento profissional docente necessário para a resolução da tarefa (Shulman, 1987) - Conhecimento do Conteúdo Específico. Apesar da questão considerar apenas a função trigonométrica secante, sabe-se que para preparar um aluno para essa abordagem, é necessário que o professor tenha conhecimento das relações métricas válidas em um triângulo retângulo, das leis do seno e do cosseno, de noções relativas à semelhança de triângulos, das razões trigonométricas, e finalmente das funções trigonométricas. 135 TAREFA 7 - SIMPLIFICADO 2010 - QUESTÃO 24 Aplicando o Teorema de Pitágoras é possível determinar a: a) Medida do volume de um cubo conhecendo – se a medida de sua aresta. b) Medida da área de um retângulo conhecendo-se as medidas de seus lados. c) Distância entre dois pontos quaisquer de uma circunferência conhecendo-se suas coordenadas. d) Constante de proporcionalidade entre duas figuras semelhantes. e) Medida da diagonal de um quadrado conhecendo-se a medida de seu lado e viceversa. Grade de Análise Expectativas institucionais: A questão nos remete à questão 35 (Mérito 2010), pois da mesma forma que aborda a necessidade de aprofundamento do ensino do Teorema de Pitágoras durante o Ensino Médio. Descrição da tarefa: Reconhecer que a aplicação do Teorema de Pitágoras permite realizar o cálculo da medida da diagonal de um quadrado em função do lado. Nível de conhecimento esperado para a solução da tarefa (Robert, 1998): mobilizável. Nesta questão, o candidato precisa reconhecer que a diagonal de um quadrado é a hipotenusa e os lados do quadrado são os catetos de um triângulo retângulo cujas medidas serão utilizadas na aplicação do Teorema de Pitágoras. 136 Contexto: Real para uma situação intramatemática. Categoria de conhecimento profissional docente necessário para a resolução da tarefa (Shulman, 1987) - Conhecimento do Conteúdo Específico. Os conhecimentos necessários para o professor resolver a questão envolvem: figuras geométricas planas e espaciais, área do triângulo retângulo, volume do cubo, noções relativas à proporcionalidade, cálculo da distância entre dois pontos e Teorema de Pitágoras. 137 TAREFA 8 - SIMPLIFICADO 2010 - QUESTÃO 25 Qual das representações abaixo refere-se à função f(x) = 2senx + 3? Grade de Análise Expectativas institucionais: A função seno é contemplada nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio abordando o tema da seguinte forma: 138 Os alunos devem ter a oportunidade de traçar gráficos referentes às funções trigonométricas, aqui se entendendo que, quando se escrever f (x) = sen (x), usualmente a variável x corresponde à medida de arco de círculo tomada em radianos. As funções seno e cosseno também devem ser associadas aos fenômenos que apresentam comportamento periódico. (BRASIL, 2006, p. 74). O Caderno do Professor (SÃO PAULO, 2009f, p.22), exemplo 2 apresenta o gráfico: f(x) = 2 + senx, para essa função, é apresentada a translação, que é a movimentação de um objeto/figura, e as dimensões da figura original é mantida inalterada. No exemplo 9 do Caderno do Professor (SÃO PAULO, 2009f, p. 24), reconhece-se o gráfico f(x) = 3senx, onde os valores de f(x) oscilarão entre +3 e -3. Descrição da tarefa: Associar os valores de seno no ciclo trigonométrico, substituir na função dada e identificar qual alternativa representa o resultado correto. Outra forma de especificar essa tarefa seria identificar as transformações que o gráfico sofre quando a imagem é duplicada e depois quando essa imagem é acrescida de 3 unidades. Nível de conhecimento esperado para a solução da tarefa (Robert, 1998): mobilizável. Nesta questão, o candidato pode reconhecer a transformação, no caso da função dada (translação) ou pode atribuir valores aos ângulos indicados por x encontrando então os valores de f(x). Contexto: Real para uma situação intramatemática. Categoria de conhecimento profissional docente necessário para a resolução da tarefa (Shulman, 1987) - Conhecimento do Conteúdo Específico. 139 Esse item avalia os conhecimentos específicos do candidato relativos às representações gráficas de funções trigonométricas e suas transformações geométricas. 140 TAREFA 9 - SIMPLIFICADO 2010 - QUESTÃO 75 No estudo do Teorema de Pitágoras, chama a atenção dos alunos o fato do triângulo de lados 3, 4 e 5 satisfazer a relação a² = b² + c² e, portanto, ser retângulo. Mobilizado pela curiosidade despertada pelo grupo de alunos um professor propôs o estudo de padrões numérico-geométricos investigando os ternos designados pitagóricos, que correspondem àqueles na forma (a, b, c) em que a, b e c são números que satisfazem a relação a² = b² + c². Inicialmente deu particular ênfase ao estudo dos ternos formados por números inteiros positivos cuja diferença entre c e b, nessa ordem, fosse de uma unidade. Nessa investigação, os alunos encontraram uma série de ternos com essa característica, entre os quais (a, b e c) apresentados abaixo: Terno A (3, 4, 5) Terno B (5, 12, 13) Terno C (7, 24, 25) Seguindo as mesmas instruções do professor, encontrando os valores de b e c no terno pitagórico (11, b, c) é correto dizer que b + c é igual a: a) 121 b) 131 c) 141 d) 151 e) 189 Grade de Análise Expectativas institucionais: As relações métricas no triângulo retângulo são indicações do Currículo do Estado de São Paulo. (SÃO PAULO, 2010, p. 44). Apontando possibilidades de articulação entre blocos distintos de conteúdos. Os documentos de apoio a esse currículo também sugerem atividades que podem favorecer diferentes formas de exploração desse conteúdo. Por exemplo, o Caderno do Professor discute o mesmo tema abordado na questão aqui analisada, destacando o padrão que está presente nesses ternos pitagóricos: 141 Figura 22 - Padrão geométrico - numérico FONTE: (SÃO PAULO, 2009a, p.52) Descrição da tarefa: Uma possível estratégia seria substituir um cateto na relação de Pitágoras pelo valor dado (11), lembrando que a diferença entre a hipotenusa e o outro cateto (desconhecido) é de uma unidade. Nesse caso, o candidato obteria as igualdades: 11² = b² + c² e c = b + 1 e, finalmente, poderia calcular o valor do outro cateto e da hipotenusa, cuja soma é solicitada na questão. Por outro lado, como o enunciado diz "... um professor propôs o estudo de padrões numérico-geométricos...", pode-se também considerar a possibilidade de que talvez houvesse uma expectativa no sentido de que os candidatos reconhecessem nos ternos pitagóricos (a, b,c) indicados no enunciado, uma outra regularidade: em (3, 4, 5), temos b + c = 9 = 3² (quadrado do termo a) em (5, 12, 13), temos b + c = 25 = 5² (quadrado do termo a) em (7, 24, 25), temos b + c = 49 = 7² (quadrado do termo a) Assim, em (11, b, c), teríamos: b + c = 11² = 121. Nível de conhecimento esperado para a solução da tarefa (Robert, 1998): mobilizável. 142 O candidato deve reconhecer que para a resolução da questão não basta utilizar o teorema de Pitágoras, pois nesse caso existe a condição de que um dos lados do triângulo seja menor do que a hipotenusa em uma unidade. Contexto: Artificial para uma situação intramatemática Categoria de conhecimento profissional docente necessário para a resolução da tarefa (Shulman, 1987) - Conhecimento do conteúdo específico. Embora a questão tenha sido elaborada num contexto que trata da prática de um professor, escolhida para abordar o assunto, foi considerado que este item tem a finalidade de examinar, no candidato, o conhecimento do conteúdo específico. 143 TAREFA 10 - SIMPLIFICADO 2011 - QUESTÃO 38 Indique, dentre as alternativas, aquela cujo número é mais próximo do valor de sen1º, ou seja, do seno de 1 grau. (A) – 0,9. (B) – 0,6. (C) 0. (D) 0,6. (E) 0,9. Grade de Análise Expectativas institucionais: Essa questão se aproxima das Orientações Curriculares do Ensino Médio porque envolve a função trigonométrica seno, no que diz respeito ao seu valor numérico para um ângulo dado. A partir das definições e de propriedades básicas de triângulos, devem ser justificados os valores de seno e cosseno relativos aos ângulos de medida 30°, 45° e 60° (BRASIL, 2006, p.74). Descrição da tarefa: Identificar qual alternativa indica o valor numérico mais próximo ao seno de 1°. Nível de conhecimento esperado para a solução da tarefa (Robert, 1998): mobilizável. Nesta questão, o candidato precisa considerar que o ângulo de 1° se apresenta no primeiro quadrante. Portanto, o valor numérico do seno desse ângulo deve ser positivo. O valor 0,9 é próximo de 1, que corresponde ao seno de um ângulo pouco menor do que 90°, e, finalmente, o valor de 0,6, corresponde ao seno de um ângulo entre 30° e 45°, portanto o valor que mais se aproxima do seno de 1° é zero. Contexto: Real para uma situação intramatemática. 144 Categoria de conhecimento profissional docente necessário para a resolução da tarefa (Shulman, 1987) - Conhecimento do Conteúdo Específico. Esta questão avalia os conhecimentos específicos do candidato, no que se refere à função seno no círculo trigonométrico e à relação entre medidas de ângulos (dadas em graus) e números reais. 145 TAREFA 11 - SIMPLIFICADO 2011 - QUESTÃO 56 O gráfico da função f : R → R, dada por f (x) = cos(x), em que R representa o conjunto dos números reais, possui –1 como valor mínimo e 1 como valor máximo. Já o gráfico da função g : R → R, dada por g(x) = 1 + 2cos(x), possui, como valores mínimo e máximo, respectivamente, (A) 0 e 4. (B) 0 e 2. (C) –1 e 3. (D) –1 e 2. (E) –2 e 2. Grade de Análise Expectativas institucionais: Esta questão, assim como a anterior (questão 38 - simplificado 2011), também se aproxima das Orientações Curriculares do Ensino Médio (BRASIL, 2006, p.74) porque envolve a função trigonométrica cosseno, no que diz respeito ao seu valor numérico para um ângulo dado, além disso, está de acordo também com o Currículo do Estado de São Paulo (SÃO PAULO, 2009f, p.22), visto que trata de transformações geométricas (no caso a translação na direção do eixo das ordenadas, no sentido positivo) sofridas pela função cosseno. Descrição da tarefa: O candidato, ao ler o enunciado da questão, reconhece que cos(x) pode ter seus valores numéricos variando entre -1 e 1. A partir dessa informação, o candidato pode substituir cos(x) pelos valores numéricos dados e obter o resultado de f(x). Uma forma do candidato analisar a questão seria considerar os efeitos das transformações sobre funções trigonométricas - no caso, pode analisar o comportamento da função cos(x) quando sua imagem é duplicada e, em seguida, quando essa imagem é acrescida de uma unidade. 146 -1 ≤ cos(x) ≤ +1 (multiplicando por 2): -2 ≤ 2cos(x) ≤ +2 (adicionando 1): -2 + 1 ≤ 1+2 cos(x) ≤ +2 +1, para verificar que a função g(x) varia entre -1 e+3. Nível de conhecimento esperado para a solução da tarefa: mobilizável. Apesar dos valores numéricos: -1 e 1 serem dados do problema, não está explícito que tais valores devam ser substituídos no lugar de cos(x), para posteriormente o candidato calcular os valores mínimo e máximo de g(x). Contexto: Real para uma situação intramatemática. Categoria de conhecimento profissional docente necessário para a resolução da tarefa (Shulman, 1987) - Conhecimento do Conteúdo Específico. O candidato, conforme questão 25, simplificado 2010, deve reconhecer as transformações geométricas como translação e ampliação, além disso poderia associar os valores numéricos (mínimo e máximo) indicados no enunciado da questão aos valores (mínimo e máximo) da função indicada por g(x) = 1+2cos (x). 147 TAREFA 12 - MÉRITO 2012 - QUESTÃO 46 Na figura a seguir, A, B e C são os vértices de um triângulo isósceles, com base medindo 10 cm e os demais lados medindo 9 cm, e D é o ponto médio do lado AB. Pode-se afirmar que a razão entre as medidas dos segmentos CD e AD, nessa ordem, e o que ela trigonometricamente representa são, respectivamente: a) 14 e tangente do ângulo Â. 10 b) 19 e cosseno do ângulo Â. 10 c) 14 e tangente da metade do ângulo C. 5 d) 19 e cosseno da metade do ângulo C. 5 e) 2 14 e tangente do ângulo Â. 5 Grade de Análise Expectativas institucionais: As Orientações Curriculares para o Ensino Médio indicam a necessidade de priorizar as relações métricas no triângulo retângulo antes da abordagem das funções seno, cosseno e tangente. (BRASIL, 2006, p.73) Porém, esses mesmos documentos prescrevem a associação das funções seno e cosseno aos fenômenos periódicos e argumentam que o 148 estudo das demais funções pode e deve ser colocado em segundo plano. (BRASIL, 2006, p.74) No currículo oficial de São Paulo, tal conhecimento é necessário uma vez que há indicações para o trabalho da tangente como razão entre os catetos e "uma constante característica do ângulo" (SÃO PAULO, 2009d, p.12) por meio da caracterização de uma rampa. Descrição da tarefa: O candidato deve calcular a altura do triângulo ABC utilizando o Teorema de Pitágoras. Além disso, também deve reconhecer que os segmentos CD e AD são, respectivamente, o cateto oposto e o adjacente do ângulo Â, portanto, essa relação nada mais é do que a tangente do ângulo Â. Nível de conhecimento esperado para a solução da tarefa (Robert, 1998): mobilizável. Embora seja solicitada a identificação e o cálculo da relação trigonométrica entre dois segmentos dados, para responder a essa questão, o candidato precisa lembrar que CD é o cateto oposto ao ângulo  e AD é o cateto adjacente ao ângulo Â, portanto, essa razão é a tangente. Ademais, para efetuar o cálculo da tangente é necessário que o candidato calcule o valor da altura do triângulo, utilizando o teorema de Pitágoras. Contexto: Real para uma situação intramatemática. Categoria de conhecimento profissional docente necessário para a resolução da tarefa (Shulman, 1987)) - Conhecimento do Conteúdo Específico. 149 O candidato precisa conhecer as propriedades dos triângulos isósceles e retângulo, o teorema de Pitágoras e as relações trigonométricas em um triângulo retângulo. 150 TAREFA 13 - MÉRITO 2012 - QUESTÃO 53 O gráfico a seguir representa a função seno. A função f: , dada por f(x) = 1 + sen(x) é representada pelo gráfico contido no item: [alternativa correta (A)] 151 Grade de Análise Expectativas institucionais: Essa questão, assim como as questões anteriores (questão 25 - simplificado 2010, questões 38 e 56 - simplificado 2011), também está de acordo com as Orientações Curriculares do Ensino Médio: É preciso atenção à transição do seno e do cosseno no triângulo retângulo (em que a medida do ângulo é dada em graus), para o seno e o cosseno, definido como coordenadas de um ponto que percorre um arco do círculo de raio unitário com medida em radianos. As funções trigonométricas devem ser entendidas como extensões das razões trigonométricas então definidas para ângulos com medida entre 0° e 180°. Os alunos devem ter a oportunidade de traçar gráficos referentes às funções trigonométricas, aqui se entendendo que, quando se escreve f (x) = seno (x), usualmente a variável x corresponde à medida de arco de círculo tomada em radianos. (BRASIL, 2006, p.74). A questão está de acordo com o Currículo do Estado de São Paulo, pois aborda transformações geométricas de funções trigonométricas. No caso, a translação da função seno, segundo o eixo das ordenadas (SÃO PAULO, 2009f, p. 22), parte integrante desta questão de concurso. Descrição da tarefa: Da mesma forma que a questão 25, simplificado 2010, dados os valores numéricos do seno no gráfico da função, o candidato pode utilizar os dados constantes no gráfico dado e acrescentar uma unidade, encontrando então o ponto referente à nova função. Poderia também identificar as transformações que o gráfico da função seno sofre, quando a sua imagem é acrescida de 1 unidade. 152 Nível de conhecimento esperado para a solução da tarefa (Robert, 1998): mobilizável. Nesta questão, o candidato precisa fazer a leitura do gráfico do seno dado. Substituir o valor encontrado no gráfico na função dada e comparar com as alternativas propostas pela questão. Contexto: Real para uma situação intramatemática. Categoria de conhecimento profissional docente necessário para a resolução da tarefa (Shulman, 1987) - Conhecimento do Conteúdo Específico. Esta questão avalia o conhecimento específico do candidato, no que se refere às transformações geométricas aplicadas a funções trigonométricas 153 TAREFA 14 - SIMPLIFICADO 2012 - QUESTÃO 31 Em uma cidade, a altura máxima da maré em seu porto ocorreu exatamente às 12 horas. A altura da água do mar nessa cidade é uma função periódica, pois oscila regularmente entre maré alta e maré baixa, ou seja, a altura da maré aumenta até atingir um valor máximo (maré alta) e vai diminuindo até atingir um valor mínimo (maré baixa), para depois aumentar de novo até a maré alta, e assim por diante. A altura h, em metros, da maré, nesse dia, no porto da cidade, pode ser obtida, aproximadamente, pela sentença: h(t) = 2,5 + 1,5 cos ( t ), sendo t o tempo decorrido, em horas, após as 12 horas. Assim, a altura h da maré 4 às 16 horas, ou seja, quando t = 4 horas é: a) 4,0 m b) 3,6 m c) 2,5 m d) 2,0 m e) 1,0 m Grade de Análise Expectativas Institucionais: A função cosseno é contemplada tanto nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio do Governo Federal (BRASIL, 2006, p.74) como no currículo oficial do estado de São Paulo (SÃO PAULO, 2009e, p. 38). O documento oficial federal aborda o tema indicando que as funções seno e cosseno devem ser associadas aos fenômenos que possuem comportamento periódico. Descrição da tarefa: A resolução desta questão requer o cálculo do valor numérico da expressão algébrica que indica a altura da água do mar, em função do tempo. O tempo é dado: t = 4 horas. Finalmente, a altura da maré pode ser determinada considerando-se que cos π = -1. 154 Nível de conhecimento esperado para a solução da tarefa (Robert, 1998): mobilizável. Apesar de ser claro o enunciado da questão, indicando que o candidato deve substituir o t da função pelo valor numérico 4 (número de horas decorridas), é necessário que o professor ao efetuar a substituição de valores na função obtenha como parte da resolução: cos π, e reconheça que cos π = -1, e finalize a questão obtendo como resultado altura h = 1m. Contexto: Artificial para uma situação extramatemática. Categoria de conhecimento profissional docente necessário para a resolução da tarefa (Shulman, 1987) - Conhecimento do Conteúdo Específico. Esta questão avalia os conhecimentos específicos do candidato, necessários ao cálculo do valor numérico de expressões algébricas. No que diz respeito à Trigonometria, o conhecimento exigido para a resolução desta questão se restringe ao valor do cosseno de π. 155 TAREFA 15 - SIMPLIFICADO 2012 - QUESTÃO 34 Dependendo do tamanho da casa e das telhas utilizadas para cobri-la, muitas vezes constrói-se uma armação em madeira, no formato de triângulo isósceles, como mostra a figura a seguir. Na figura, a medida de RS é igual a 20% da medida de PQ. Assim, se PQ mede 6m, RQ mede, aproximadamente: a) 5,22 m b) 4,18 m c) 4,07 m d) 3,72 m e) 3,23 m Grade de Análise Expectativas institucionais Esta questão se aproxima das indicações contidas no documento intitulado Orientações Curriculares para o Ensino Médio uma vez que sua resolução requer a aplicação de uma das relações métricas no triângulo retângulo. O trabalho de representar as diferentes figuras planas e espaciais, presentes na natureza ou imaginadas, deve ser aprofundado e sistematizado nesta etapa de escolarização. Alguns conceitos estudados no ensino fundamental devem ser consolidados, como por exemplo, as ideias de congruência, semelhança e proporcionalidade, o Teorema de Tales e suas aplicações, as relações métricas e trigonométricas nos triângulos (retângulos e quaisquer) e o Teorema de Pitágoras. (BRASIL, 2006, p.76) Tais indicações também são observadas no material de apoio ao currículo oficial de São Paulo relativo ao oitavo ano do Ensino Fundamental (SÃO PAULO, 2009a, p. 54). 156 Descrição da tarefa: Conhecidos os catetos do triângulo retângulo RSQ: RS = 20% de PQ e SQ = 50% de PQ, Calcular a hipotenusa RQ, utilizando o Teorema de Pitágoras. Nível de conhecimento esperado para a solução da tarefa (Robert, 1998): mobilizável. O candidato precisa levar em conta que se o triângulo PQR é isósceles (dado no enunciado). Então, a altura relativa à base PQ coincide com a mediana relativa a essa mesma base. Assim, se RS é a altura (indicada pelo sinal gráfico de ângulo reto em S), então, PS = SQ = 3 m. O cálculo da medida de RS, exige conhecimentos sobre porcentagem e, finalmente, é necessária a aplicação do Teorema de Pitágoras para o cálculo da medida do segmento RQ. Contexto: Artificial para uma situação extramatemática Categoria de conhecimento profissional docente necessário para a resolução da tarefa (Shulman, 1987) - Conhecimento do Conteúdo Específico. Para resolver a questão, o professor deve ser possuidor de uma série de conhecimentos do conteúdo entre elas, pode-se citar: Propriedades dos triângulos isósceles; Propriedades dos triângulos retângulos; Transformações geométricas (em especial, a reflexão); Relações métricas e trigonométricas em um triângulo retângul;. Utilização de porcentagem; Aplicação do teorema de Pitágoras. 157 TAREFA 16 - SIMPLIFICADO 2012 - QUESTÃO 51 Houve um incêndio em um prédio na cidade de São Paulo. Para atingir a janela do quinto andar, um bombeiro subiu por uma escada de 15 m de comprimento e que formava um ângulo de 60° com o solo. Observe a figura. Assim, é correto afirmar que a altura aproximada da janela, em relação ao solo, era: a) 7,5 m b) 11 m c) 13 m d) 15 m e) 18,5 m Grade de Análise Expectativas Institucionais: Esta questão atende às indicações contidas no documento intitulado Orientações Curriculares para o Ensino Médio (BRASIL, 2006, p. 75-76) e no Caderno do Professor da SEE/SP (SÃO PAULO, 2009a, p. 53) uma vez que envolve as relações trigonométricas no triângulo retângulo. Descrição da tarefa: Calcular a altura da janela em relação ao chão pela aplicação das relações trigonométricas no triângulo retângulo, conhecendo o valor numérico do seno de 60° e a hipotenusa do triângulo. 158 Nível de conhecimento esperado para a solução da tarefa (Robert, 1998): mobilizável. O enunciado não explicita qual conteúdo ou estratégia deve ser usado pelo candidato para que a questão seja resolvida, porém a ilustração indica que o solo, a parede e a escada formam um triângulo retângulo de hipotenusa igual a 15 metros e ângulo formado entre o piso e a escada igual a 60°. Desta forma, o candidato deve reconhecer o triângulo retângulo, deve também saber o valor numérico do seno de 60° e, finalmente, identificar e aplicar a fórmula que será usada: seno. Contexto: Artificial para uma situação extramatemática. Categoria de conhecimento profissional docente necessário para a resolução da tarefa (Shulman, 1987) - Conhecimento do Conteúdo Específico. A ilustração da questão evidencia a formação de um triângulo retângulo para encontrar a altura da janela em relação ao chão, o professor precisa conhecer: Propriedades dos triângulos retângulos; Relações métricas e trigonométricas no triângulo retângulo; 159 TAREFA 17 - SIMPLIFICADO 2012 - QUESTÃO 71 Em um instrumento de avaliação, solicitou-se que os alunos indicassem o conjunto imagem I da função f: , dada por f(x) = A + cos (x), com A inteiro e R representando o conjunto dos números reais. Uma possível resposta que o professor poderá considerar correta é: a) I = [-1; 1] b) I = ]-∞; ∞[ c) I = [-π + A; π + A] d) I = {y / -2π ≤ y ≤ π + A} e) I = {y / -1 + A ≤ y ≤ 1 + A} Grade de Análise Expectativas institucionais: Esta questão, assim como a questão 25 Simplificado 2010 é contemplada nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio (BRASIL, 2006, p. 74) no que se refere a funções trigonométricas. O Caderno do Professor (2009f, p.22) também aborda esse tipo de questão, exemplo 2 apresenta o gráfico: f(x) = 2 + senx. Apesar do enunciado da questão abordar o cosseno de x, e o Caderno do Professor utilizar senx, sabemos que a construção do gráfico é obtida de maneira análoga, inclusive após os exemplos dados, os autores do Caderno do Professor, atividade 2 letra b, solicitam que o aluno esboce o gráfico da função: g(x) = 5 + cosx 160 Descrição da tarefa: Reconhecer os valores mínimo e máximo de uma função trigonométrica derivada da função cos (x). Nível de conhecimento esperado para a solução da tarefa (Robert, 1998): mobilizável. O candidato deve reconhecer que para encontrar a imagem da função dada é necessário que este utilize os valores mínimo e máximo do cosseno. Contexto: Real para uma situação intramatemática Categoria de conhecimento profissional docente necessário para a resolução da tarefa (Shulman, 1987) - Conhecimento do Conteúdo Específico. Esta questão avalia os conhecimentos específicos do professor, relativos ao conceito de função, tais como : domínio e imagem e também noções relativas a funções derivadas de uma função trigonométrica conhecida (no caso, imagem de uma função derivada da função cosseno de x). 161 TAREFA 18 - SIMPLIFICADO 2012 - QUESTÃO 77 Os triângulos de vértices ABC e EDC da figura a seguir são retângulos. A hipotenusa do triângulo de vértices EDC mede, em unidades de comprimento, exatamente: a) 3 74 7 b) 3 2 c) 4 74 7 d) 5 74 7 e) 5 74 Grade de Análise Expectativas institucionais: A semelhança de triângulos é contemplada nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Esse documento oficial aborda o tema da seguinte forma: Na introdução das razões trigonométricas seno e cosseno, inicialmente para ângulos com medida entre 0° e 90°, deve-se ressaltar que são as propriedades de semelhança de triângulos que dão sentido a essas definições; segue-se, então, com a definição das razões para ângulos de medida entre 90° e 180°. (BRASIL, 2006, p.73) O Currículo do Estado de São Paulo (2009) também sugere a exploração dessa temática, em nossa interpretação, quando apresenta aos alunos do Ensino Médio um Exemplo ilustrativo (São Paulo, 2009d, p. 12). 162 Descrição da tarefa: Calcular a hipotenusa de um triângulo EDC retângulo, em situação que envolve a semelhança de triângulos.. Nível de conhecimento esperado para a solução da tarefa: mobilizável. Se o candidato concluir (com base na percepção) que a altura do triângulo EDC mede três unidades e aplicar o teorema de Pitágoras, obterá a medida de 5 unidades para a dimensão da hipotenusa e não encontrará a resposta dentre as alternativas. O candidato deve reconhecer que para resolver a questão é necessário utilizar as regras de semelhança entre dois triângulos: ABC e EDC, encontrar a altura ED, e calcular a hipotenusa EC (utilizando o teorema de Pitágoras) conhecidos os catetos ED e DC. Contexto: Real para uma situação intramatemática Categoria de conhecimento profissional docente necessário para a resolução da tarefa (Shulman, 1987) - Conhecimento do Conteúdo Específico. Para resolver esta questão o professor precisa dos seguintes conhecimentos específicos: Propriedades dos triângulos retângulos; Semelhança de triângulos; Teorema de Pitágoras; 163 TAREFA 19 - Questão 06 (Concurso Público de Ingresso, tipo 1, branca, 2013, p.3) Certo satélite científico percorre uma órbita em que sua distância (d), em quilômetros, até a superfície da Terra é dada por: d 12000 6400 , 1 0,2 cos Com θ variando, em cada órbita, de 0° a 360°. A maior distância do satélite até a superfície da Terra é de: (A) 3600 km (B) 4800 km (C) 5600 km (D) 7200 km (E) 8600 km Grade de Análise Expectativas institucionais - Nas Orientações Curriculares do Ensino Médio há indicações para que o professor utilize funções para modelar fenômenos periódicos: "[...] As funções trigonométricas seno e cosseno também devem ser associadas aos fenômenos que apresentam comportamento periódico." (BRASIL, 2006, p.74). Nesse sentido, avaliar se o candidato a professor calcula o valor de uma função que serve como modelo para uma situação parece ir ao encontro do que se propõe nesse documento. 164 O material de apoio ao currículo Caderno do Professor (SÃO PAULO, 2009e, p. (13) propõe como um estudo importante, a modelagem de situações que envolvem ideias relacionadas à periodicidade, uma vez que, segundo seus autores, as funções trigonométricas têm uma “notável potencialidade para representar fenômenos periódicos” (SÃO PAULO, 2010, p.44) Observa-se que nesse mesmo material seus autores apresentam a trigonometria como um conteúdo a ser desenvolvido pelo professor no 1º- bimestre da 2ª- série. (SÃO PAULO, 2009, p. 10). Afirmam ainda que as atividades desenvolvidas nesse material de apoio procuram relacionar os eixos Números e Funções por meio da periodicidade e que é essa a ideia fundamental que possibilita modelar determinados fenômenos por meio de uma equação matemática. Nesse sentido, uma habilidade necessária ao candidato a professor seria analisar e resolver com correção uma função que modela uma determinada situação que envolve um fenômeno periódico. Descrição da tarefa: O candidato precisa reconhecer que quanto menor o número que se encontra no denominador da fração, maior será a resultante da operação da divisão, e que o menor valor de cosseno é -1 (180° e seus côngruos). Partindo dessas premissas basta efetuar a operação. Nível de conhecimento esperado para a solução da tarefa (Robert, 1998): mobilizável. Assim como na questão 71, Simplificado 2012 a questão dada apresenta uma fórmula que deve ser utilizada pelo candidato, mas o valor de não é um dos dados do problema, então é necessário que o candidato saiba qual é o valor de que satisfaz a pergunta (no caso é o ângulo cujo cosseno é o menor possível), para então determinar a distância solicitada. 165 Contexto: Artificial para uma situação extramatemática Categoria de conhecimento profissional docente necessário para a resolução da tarefa (Shulman, 1987) - Conhecimento do Conteúdo Específico. O docente precisa conhecer funções, cálculo do valor numérico de uma expressão, valores numéricos de seno e cosseno no círculo trigonométrico. 166 TAREFA 20 - Questão 18 (Concurso Público de Ingresso, tipo 1, branca, 2013, p.5) A figura a seguir mostra o perfil de um muro de uma represa. A primeira parte da rampa tem inclinação de 20° com a horizontal e a segunda parte tem inclinação de 50°. Considerando, sen 20° = 0,34 e cos 20° = 0,94, o valor aproximado da altura total do muro (h) é de: (A) 9,4 m (B) 10,2 m (C) 11,1 m (D) 12,3 m (E) 13,0 m A análise dessa questão foi apresentada nas páginas (26 - 28), como exemplo de nossa grade de análise. 167 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nas considerações finais, apresentam-se análises referentes ao trabalho realizado: Trigonometria: Expectativas Institucionais Para A Prática Docente. Todavia, é conveniente retomar, sucintamente, alguns aspectos dessa pesquisa. Como qualquer outro trabalho científico, há um período de indecisões em que o conteúdo "Trigonometria" era extremamente vasto para uma Dissertação de Mestrado. Nossas diversas discussões levaram a várias reflexões e à decisão de abordar as provas de concursos referentes à SEE/SP, a partir do ano de 2008. A partir da decisão do tema, e de várias pesquisas realizadas que demonstraram que poucos trabalhos foram publicados em relação à temática da Trigonometria. O propósito desta pesquisa foi analisar as questões que envolvam noções relativas à Trigonometria propostas em concursos públicos da SEE/SP e relacioná-las com as orientações contidas no Currículo do Estado de São Paulo para o desenvolvimento desse conteúdo na Educação Básica. A pesquisa bibliográfica foi o ponto de partida e encontramos fontes de conhecimento que muito auxiliaram neste trabalho. Pode-se citar Shulman (1987) que forneceu informações relativas ao conhecimento necessário a um professor (Conhecimento específico do conteúdo, Conhecimento pedagógico do conteúdo e Conhecimento curricular do conteúdo); Nacarato et al (2005) que forneceram importantes análises referentes ao Concurso de Ingresso de Professores de Matemática realizado pela SEE/2003; Robert (1998) que apresentou os níveis de conhecimento: Técnico, Mobilizável e Disponível cuja leitura foi fundamental e necessária às análises das provas de concursos SEE/SP, a partir de 2008 quando o conteúdo de trigonometria foi abordado e, finalmente, mas não menos importante Spinelli, (2011) com sua tese de doutorado: A Construção do Conhecimento entre o Abstrair e o Contextualizar: O Caso do Ensino da Matemática, que faz enxergar outro modelo de aulas, em que a contextualização e a abstração são fatores importantes 168 para que os alunos se sintam atraídos pelas aulas. Além disso, Spinelli, em sua tese, se aproxima dos documentos oficiais (PCN+, OCEM), quando indica a necessidade de ampliar o trabalho relativo às competências leitora-escritora dos alunos. A partir desse ponto, houve a análise das provas de concursos da SEE/SP com a separação de questões que diziam respeito à temática de Trigonometria, com a criação de uma grade de análise que fosse compatível com os documentos oficiais e pesquisas relacionadas à Trigonometria, quanto ao conhecimento profissional do professor de Matemática. Na grade, foram contemplados: Expectativas Institucionais, Descrição da tarefa, Nível de conhecimento esperado para a solução da tarefa (Robert), Contexto, Categoria de conhecimento profissional docente necessário para a resolução da tarefa (Shulman). A questão de pesquisa foi: Quais são os conhecimentos necessários ao professor de Matemática da rede pública estadual para ensinar noções relativas à Trigonometria na Educação Básica, na perspectiva do currículo oficial e dos concursos públicos destinados à seleção de profissionais para atuar na área? Para responder a essa pergunta, iniciamos nossa pesquisa em 2012. A fim de obter uma análise mais aprofundada sobre o assunto, participei do Concurso de Ingresso no cargo de Professor de Matemática (PEBII), realizado pela SEE/SP no ano de 2013, em que os candidatos classificados ingressaram em 2014. A partir das análises referentes à Prova de Ingresso 2013 da SEE/SP, houve a análise das questões de trigonometria propostas nos certames a partir de 2008. Nossa primeira análise, refere-se ao número de questões de Trigonometria por prova e à porcentagem de questões referentes ao assunto em relação à totalidade das questões. Segue tabela que contém esses números. 169 Tabela 4 - Questões de trigonometria x concurso realizado QUESTÕES ESPECÍFICAS QUESTÕES DE TRIGONOMETRIA % FORMAÇÃO 2010 30 2 7% MÉRITO 2010 40 2 5% MÉRITO 2012 40 2 5% SIMPLIFICADO 2009 60 2 3% SIMPLIFICADO 2010 60 3 5% SIMPLIFICADO 2011 60 2 3% SIMPLIFICADO 2012 60 5 8% INGRESSO 2013 30 2 7% CONCURSO FONTE: A pesquisa Como verificado anteriormente, o número de questões da prova específica variou em relação à especificidade da prova (formação, ingresso, mérito e processo simplificado). Sendo assim, preferiu-se analisar o quesito porcentagem de questões de Trigonometria em relação ao número total de questões. A porcentagem de questões sobre esse assunto presentes nas provas para professores de Matemática da SEE/SP variou de 3% a 8%. Entendemos que a abordagem da Trigonometria é muito vasta. Sendo assim, houve a necessidade de detalhar os conteúdos trigonométricos mais abordados nas provas de Concursos da SEE/SP. Os dados referentes aos tipos de questões por ano estão inseridos em tabela a seguir: 170 Tabela 5 - Questões por tipo de conteúdo trigonométrico CONCURSO QUESTÕES POR TIPO QUANTIDADE DE QUESTÕES RELAÇÕES ENTRE CORDA E RAIO 1 FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS 1 TEOREMA DE PITÁGORAS 1 CÍRCULO TRIGONOMÉTRICO 1 RELAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS 1 FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS 1 FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS 1 RELAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS 1 TEOREMA DE PITÁGORAS 2 FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS 1 FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS 1 CÍRCULO TRIGONOMÉTRICO 1 FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS 2 TEOREMA DE PITÁGORAS 1 RELAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS 1 SEMELHANÇA ENTRE TRIÂNGULOS 1 FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS 1 SEN (a - b) 1 FORMAÇÃO 2010 MÉRITO 2010 MÉRITO 2012 SIMPLIFICADO 2009 SIMPLIFICADO 2010 SIMPLIFICADO 2011 SIMPLIFICADO 2012 INGRESSO 2013 FONTE: A pesquisa Pode-se perceber que, aproximadamente, 76% das questões de Trigonometria referemse a: Funções Trigonométricas, Teorema de Pitágoras e Relações Trigonométricas, que fazem parte da temática que o professor de Matemática deve ensinar aos alunos do Ensino Médio. Duas questões se afastam das Orientações Curriculares porque abordam o seno da soma de dois arcos e a função trigonométrica secante. 171 Segue também tabela que quantifica as questões por tipo de conteúdo trigonométrico: Tabela 6 - Quantidade de questões por tipo de conteúdo trigonométrico QUESTÕES POR TIPO QUANTIDADE DE QUESTÕES % FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS 8 40% TEOREMA DE PITÁGORAS 4 20% RELAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS 3 15% CÍRCULO TRIGONOMÉTRICO 2 10% RELAÇÕES ENTRE CORDA E RAIO 1 5% SEMELHANÇA ENTRE TRIÂNGULOS 1 5% SEN (a - b) 1 5% FONTE: A pesquisa A tabela 6 - Quantidade de questões por tipo de conteúdo trigonométrico demonstra a representatividade das funções trigonométricas que "aparecem" em aproximadamente 40% das questões de provas que abordam o tema trigonometria. Durante o processo de configuração desse trabalho, foi criada uma grade de análise para as provas e é em relação a esses critérios que aprofundamos o nosso trabalho. 172 Tabela 7 - Expectativas institucionais CONCURSO TAREFA EXPECTATIVA INSTITUCIONAL OBSERVAÇÃO 3 ATENDE OS DOCUMENTOS OFICIAIS CADERNO 4 ATENDE OS DOCUMENTOS OFICIAIS CADERNO 5 ATENDE OS DOCUMENTOS OFICIAIS CADERNO 6 EXTRAPOLA OS DOCUMENTOS OFICIAIS 12 ATENDE OS DOCUMENTOS OFICIAIS CADERNO 13 ATENDE OS DOCUMENTOS OFICIAIS CADERNO 1 ATENDE OS DOCUMENTOS OFICIAIS CADERNO 2 ATENDE OS DOCUMENTOS OFICIAIS 7 ATENDE OS DOCUMENTOS OFICIAIS CADERNO 8 ATENDE OS DOCUMENTOS OFICIAIS CADERNO 9 ATENDE OS DOCUMENTOS OFICIAIS CADERNO 10 ATENDE OS DOCUMENTOS OFICIAIS CADERNO 11 ATENDE OS DOCUMENTOS OFICIAIS CADERNO 14 ATENDE OS DOCUMENTOS OFICIAIS CADERNO 15 ATENDE OS DOCUMENTOS OFICIAIS CADERNO 16 ATENDE OS DOCUMENTOS OFICIAIS CADERNO 17 ATENDE OS DOCUMENTOS OFICIAIS CADERNO 18 ATENDE OS DOCUMENTOS OFICIAIS CADERNO 19 ATENDE OS DOCUMENTOS OFICIAIS CADERNO 20 EXTRAPOLA OS DOCUMENTOS OFICIAIS FORMAÇÃO 2010 MÉRITO 2010 MÉRITO 2012 SIMPLIFICADO 2009 SIMPLIFICADO 2010 SIMPLIFICADO 2011 SIMPLIFICADO 2012 INGRESSO 2013 FONTE: A pesquisa 173 Ao criar a tabela acima, a intenção foi compilar os dados constantes no Capítulo 5 Análise das questões das provas realizadas pela SEE/SP, a fim de facilitar a conclusão. O primeiro critério de análise se baseia nas expectativas institucionais. Elas indicam os conteúdos prescritos para a formação adequada dos alunos, tanto nas esferas federais quanto nas estaduais (SEE/SP) e em relação ao que foi solicitado aos professores nas provas de concurso, apenas duas questões "fogem" aos conteúdos prescritos aos alunos. A questão 51 da prova de Mérito do ano de 2010 mostra uma figura que representa a função secante, porém, os documentos oficiais prescrevem aos alunos apenas o trabalho com as funções seno e cosseno. Entretanto, cabe ao professor definir o aprofundamento de determinados conteúdos. Outra questão que "fugiu" às expectativas institucionais foi a de número 18 da prova de ingresso de 2013, pois para a resolução desta questão, o professor deve reconhecer como uma possível forma de resolução da questão a aplicação da fórmula do seno da soma de dois arcos, conteúdo esse que não é priorizado nos documentos oficiais. Porém, essa questão também pode ser resolvida com aproximações dos senos de 45° e 60°, conteúdo prescrito para os alunos do Ensino Médio. A coluna "Observação" da tabela 7 refere-se ao conteúdo que foi abordado nos cadernos dos alunos. Por conseguinte, nota-se que dos conteúdos prescritos pelos documentos oficiais, apenas a questão 50 do processo de seleção simplificado do ano de 2009, não possui atividade igual ou similar no Caderno dos Alunos. Com relação à descrição da tarefa, item constante na grade de análise, não houve a preocupação de discorrer a respeito desse tema, já que as considerações são únicas e referentes apenas a cada uma das questões analisadas. Tabulou-se também as questões de Trigonometria em relação ao nível de conhecimento esperado (Robert,1998) e Categorias de conhecimentos necessários ao ensino (Shulman, 1987). Os dados encontram-se na tabela a seguir: 174 Tabela 8 - Questões por nível e categoria de conhecimento CONCURSO TAREFA NÍVEL DE CONHECIMENTO ESPERADO (ROBERT) 3 MOBILIZÁVEL 4 MOBILIZÁVEL 5 MOBILIZÁVEL 6 MOBILIZÁVEL 12 MOBILIZÁVEL 13 MOBILIZÁVEL 1 TÉCNICO 2 DISPONÍVEL 7 MOBILIZÁVEL 8 MOBILIZÁVEL 9 MOBILIZÁVEL 10 MOBILIZÁVEL 11 MOBILIZÁVEL 14 MOBILIZÁVEL 15 MOBILIZÁVEL 16 MOBILIZÁVEL 17 MOBILIZÁVEL 18 MOBILIZÁVEL 19 MOBILIZÁVEL 20 MOBILIZÁVEL FORMAÇÃO 2010 MÉRITO 2010 MÉRITO 2012 SIMPLIFICADO 2009 SIMPLIFICADO 2010 SIMPLIFICADO 2011 SIMPLIFICADO 2012 INGRESSO 2013 CATEGORIA DE CONHECIMENTO (SHULMAN) CONTEXTO CONHECIMENTO ESPECÍFICO DO CONTEÚDO CONHECIMENTO ESPECÍFICO E PEDAGÓGICO DO CONTEÚDO CONHECIMENTO ESPECÍFICO DO CONTEÚDO CONHECIMENTO ESPECÍFICO DO CONTEÚDO CONHECIMENTO ESPECÍFICO DO CONTEÚDO CONHECIMENTO ESPECÍFICO DO CONTEÚDO CONHECIMENTO ESPECÍFICO DO CONTEÚDO CONHECIMENTO ESPECÍFICO DO CONTEÚDO CONHECIMENTO ESPECÍFICO DO CONTEÚDO CONHECIMENTO ESPECÍFICO DO CONTEÚDO CONHECIMENTO ESPECÍFICO DO CONTEÚDO CONHECIMENTO ESPECÍFICO DO CONTEÚDO CONHECIMENTO ESPECÍFICO DO CONTEÚDO CONHECIMENTO ESPECÍFICO DO CONTEÚDO CONHECIMENTO ESPECÍFICO DO CONTEÚDO CONHECIMENTO ESPECÍFICO DO CONTEÚDO CONHECIMENTO ESPECÍFICO DO CONTEÚDO CONHECIMENTO ESPECÍFICO DO CONTEÚDO CONHECIMENTO ESPECÍFICO DO CONTEÚDO CONHECIMENTO ESPECÍFICO DO CONTEÚDO REAL INTRAMATEMÁTICA REAL EXTRAMATEMÁTICA REAL INTRAMATEMÁTICA REAL INTRAMATEMÁTICA REAL INTRAMATEMÁTICA REAL INTRAMATEMÁTICA ARTIFICIAL EXTRAMATEMÁTICA ARTIFICIAL EXTRAMATEMÁTICA REAL INTRAMATEMÁTICA REAL INTRAMATEMÁTICA ARTIFICIAL INTRAMATEMÁTICA REAL INTRAMATEMÁTICA REAL INTRAMATEMÁTICA ARTIFICIAL EXTRAMATEMÁTICA ARTIFICIAL EXTRAMATEMÁTICA ARTIFICIAL EXTRAMATEMÁTICA REAL INTRAMATEMÁTICA REAL INTRAMATEMÁTICA ARTIFICIAL EXTRAMATEMÁTICA ARTIFICIAL EXTRAMATEMÁTICA FONTE: A pesquisa A tabela 8 - Questões por nível e categoria de conhecimento, apresenta um dado interessante: 90% das questões requerem do candidato um procedimento além de uma mera aplicação de fórmula. Consequentemente, é necessária reflexão que resulte em uma solução 175 adequada à questão. Em relação às categorias de conhecimento (Shulman), percebe-se que todas as questões envolvem o conhecimento específico do conteúdo e o candidato é avaliado por esse conhecimento. Todavia, apesar das questões serem voltadas para o conhecimento específico do conteúdo, o professor, em sala de aula, também deve ser possuidor do conhecimento pedagógico do conteúdo, uma vez que esse conhecimento será um diferencial na introdução e abordagem de temas necessários para abranger o conhecimento dos alunos. Tabulamos então, os dados relativos aos contextos em que as questões foram elaboradas: Tabela 9 - Contexto ARTIFICIAL REAL INTRAMATEMÁTICA 1 11 EXTRAMATEMÁTICA 7 1 FONTE: A pesquisa Em relação ao contexto, as questões foram analisadas da seguinte forma: Artificial, quando o autor da questão usa elementos de contexto que são desnecessários para a resolução da tarefa. Real, quando o contexto envolve situações reais. Além disso, também se levou em consideração se o contexto é intra ou extramatemática, ou seja, se a abordagem é exclusiva da Matemática, ou se a abordagem está voltada a um conteúdo não matemático. A análise das questões indicou como conhecimentos necessários ao professor, para ensinar trigonometria, conteúdos como: funções, relações e círculo trigonométrico e teorema de Pitágoras que totalizam 85% das questões de Trigonometria que constam nas provas analisadas. Além disso, quanto ao conhecimento pedagógico do conteúdo foi, em nosso ponto de vista, avaliado por essas questões que envolvem situações que envolvem situações de modelagem cuja solução requer a elaboração de estratégias que facilitassem o entendimento do conteúdo abordado. 176 Da mesma forma no que se refere aos conhecimentos necessários ao professor, para ensinar Trigonometria, é importante ressaltar que pela análise de orientações curriculares para a abordagem desse conteúdo tanto em documentos oficiais federais como estaduais, especialmente o Caderno do Professor, encontramos, por exemplo, a introdução por meio do estudo da periodicidade envolvida no fenômeno das marés. Nesse sentido, parece que houve uma preocupação com contextos significativos estabelecendo relações interdisciplinares, especialmente entre física e matemática, pois exige que o professor disponha além dos conhecimentos de Matemática também o conhecimento específico de Física. No entanto, não notamos haver nas provas questões que avaliassem conhecimentos referentes à organização curricular. Embora alguns itens tenham sido elaborados num contexto que era tratado no currículo, observa-se que os itens tinham quase que exclusivamente o propósito de examinar o conhecimento do conteúdo específico do candidato. Sob a luz da análise de diferentes aspectos, pode-se concluir que a Trigonometria continua sendo um conteúdo pouco discutido e estudado e esperamos ter contribuído para aumentar o número dessas discussões. Sabe-se, ainda, que muitos dos questionamentos aqui presentes permanecem sem respostas, mas isso não nos impede de sonhar que muito em breve eles sejam plenamente resolvidos. 177 Referências Bibliográficas ALMEIDA, M. E. B. A tecnologia precisa estar presente na sala de aula, São Paulo, Revista Educar para Crescer Digital, 2014. Disponível em: http://educarparacrescer.abril.com.br/gestao-escolar/tecnologia-na-escola-618016.shtml. Acesso em: 05/04/2014 = 11h12. BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília, 2006. ______ Secretaria de Educação Média e Tecnológicas Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio. Parte I - Bases Legais. Brasília. 2000. ______ Secretaria de Educação Média e Tecnológicas. Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio. Parte III - Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília. 2000. ______ Secretaria de Educação Média e Tecnológicas. PCN+. Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília. 2002. http://fgvprojetos.fgv.br/sites/fgvprojetos.fgv.br/files/concursos/padrao_-_prova__parte_dissertativa.pdf. Acesso em 18/05/2013 - 13h40. JAPIASSU, H. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago. 1976. HUEB, M. C. Geometria, Um Balanço Dos Trabalhos Publicados No Ano de 2010 No Brasil. In: ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 11, 2013, Curitiba. Anais do XI Encontro Nacional de Educação Matemática. Curitiba: PUC, 2013a. ______ Da Geometria a Trigonometria, , uma reflexão sobre os trabalhos publicados no ano de 2010. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE ENSINO DE MATEMÁTICA, 4, 2013.Canoas. Anais do IV Congresso Internacional de Ensino de Matemática. Canoas: ULBRA, 2013b. 178 NACARATO, A. M. ET AL; Saberes Docentes em Matemática: Uma Análise da Prova do Concurso Paulista de 2003, Revista de Educação Matemática, Volume 9, ns. 9 e 10, p. 61 - 70, SBEM - SP, 2005 PIETROPAOLO, R.C. . Parâmetros Curriculares de Matemática para o Ensino Fundamental. Educação Matemática em Revista, São Paulo: SBEM, SP, edição especial, ano 9, n. 11A, p. 34-8, abr. 2002. ROBERT, A. Outils D'Analyse des Contenus Mathématiques à Enseigner au Lycée à L'Université, RDM, Vol 18, n. 2, p 139-190, 1998 ______ (1997) in: L’enseignement de l’algèbre lineaire en question Dorier, J.L. et al. Grenoble: La Pensée Sauvage,149-157 SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. Currículo do Estado de São Paulo - Matemática e suas Tecnologias Ensino Fundamental - Ciclo II e Ensino Médio, São Paulo: SE/CENP, 2010. ______. Secretaria da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. Caderno do Professor - Matemática - 7a série - EF - volume 4, São Paulo: SE/CENP, 2009a. ______. Secretaria da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. Caderno do Professor - Matemática - 8a série - EF - volume 3, São Paulo: SE/CENP, 2009b. ______. Secretaria da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. Caderno do Professor - Matemática - 8a série - EF - volume 4, São Paulo: SE/CENP, 2009c. ______. Secretaria da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. Caderno do Professor - Matemática - 1a série - EM - volume 4, São Paulo: SE/CENP, 2009d. ______. Secretaria da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. Caderno do Professor - Matemática - 2a série - EM - volume 1, São Paulo: SE/CENP, 2009e. 179 ______. Secretaria da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. Caderno do Professor - Matemática - 3a série - EM - volume 3, São Paulo: SE/CENP, 2009f. ______ Câmara. Deputados Estaduais. Resolução n. 80 de 2009g. Dispõe sobre à definição de perfis de competências e habilidades requeridas para professores da rede pública estadual e bibliografia para exames e concursos, e dá providências correlatas. ______ Câmara. Deputados Estaduais. Resolução n. 52 de 2013. Dispõe sobre à definição de perfis, competências e habilidades requeridas para professores da rede estadual de ensino, os referenciais bibliográficos e de legislação, que fundamentam e orientam a organização de exames, concursos e processos seletivos, e dá providências correlatas. ______ Câmara. Deputados Estaduais. Instruções Especiais n. 02 de 2013. SHULMAN, L. S. Knowledge and Teaching: Foundations of the New Reform. Harvard Educational Review, Vol. 57, n. 1, p.1-21, 1987. SPINELLI, WALTER. A Construção do Conhecimento entre o Abstrair e o Contextualizar: O Caso do Ensino da Matemática. Tese de Doutorado, USP/SP, 2011. VIEIRA MELO, MARISOL. Relação de Teses e Dissertações. Revista Zetetiké, Vol. 19, n. 36, p. 95-148, 2011. <HTTP://WWW.VUNESP.COM.BR/ENCERRADOS/CENCERRADOS.HTML> Acesso em 15/10/2012. 180 ANEXOS Caderno do Professor O Caderno do professor foi um documento imprescindível para a nossa compreensão dos objetivos, das abordagens e sugestões que dizem respeito ao conteúdo de trigonometria. À seguir, apresentamos o Caderno do Professor da 2a série do EM que foi utilizado para embasar a nossa pesquisa. Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.1 181 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.2 182 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.3 183 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.4 184 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.5 185 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.6 186 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.7 187 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.8 188 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.9 189 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.10 190 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.11 191 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.12 192 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.13 193 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.14 194 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.15 195 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.16 196 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.17 197 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.18 198 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.19 199 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.20 200 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.21 201 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.22 202 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.23 203 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.24 204 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.25 205 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.26 206 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.27 207 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.28 208 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.29 209 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.30 1 210 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.31 211 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.32 212 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.33 213 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.34 214 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.35 215 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.36 216 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.37 217 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.38 218 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.39 219 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.40 220 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.41 221 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.42 222 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.43 223 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.44 224 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.45 225 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.46 226 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.47 227 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.48 228 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.49 229 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.50 230 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.51 231 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.52 232 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.53 233 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.54 234 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.55 235 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.56 236 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.57 237 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.58 238 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.59 239 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.60 240 Anexo 1 - 1° bimestre - 2a série - EM p.61 Anexo 2 - Resolução SE - 80, de 3-11-2009 Dispõe sobre a definição de perfis de competências e habilidades requeridos para professores da rede pública estadual e bibliografia para exames e concursos, e dá providências correlatas O Secretário da Educação, à vista do que lhe representou o Comitê Gestor de elaboração de provas, de que trata a Resolução SE 69/2000, e considerando a necessidade: de explicitação dos perfis de competências e habilidades desejáveis aos professores da rede pública estadual; 241 de orientação dos processos de concursos públicos e de ações de formação continuada segundo tais perfis, resolve: Artigo 1º - Aprova-se o Anexo que integra esta resolução com a indicação dos perfis de habilidades e competências requeridos de Professores PEB-I, PEB-II e de Educação Especial, bem como da bibliografia básica. Artigo 2º - Os perfis de habilidades e competências, bem como a bibliografia básica indicada, serão requeridos na primeira etapa do concurso público para provimento de cargos de Professor Educação Básica II, para seleção de docentes temporários e para progressão na carreira. Parágrafo único - Para as ações de formação continuada desenvolvidas no âmbito da Secretaria da Educação serão observados os mesmos perfis e bibliografia constantes do Anexo que integra esta resolução. Artigo 3º - Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação. Nota: Res. SE nº 69/09; Onde se lê: ..., de que trata a Resolução SE 69/2000, ...; leia-se: ..., de que trata a Resolução SE 69/2009,... (retificação do DOE de 12/11/09); Alterada pela Res. SE nº 02/10; Revogada pela Res. SE nº 70/10. GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO Exames e Concursos de Professores PEB I / PEB II / Educação Especial - Perfis Profissionais - Outubro 242 2009 243 SUMÁRIO SUMÁRIO ........................................................................................................................................ 243 1.4 2 MATEMÁTICA ..................................................................................................................... 243 PERFIL DOS PROFESSORES PEB-II ................................................................................ 246 2.1 PARTE GERAL COMUM A TODAS AS ÁREAS........................................................................ 246 2.1.1 Cultura geral e profissional ......................................................................................... 246 2.1.2 Conhecimentos sobre crianças, jovens e adultos ........................................................ 246 2.1.3 Conhecimentos sobre a dimensão cultural, social, política e econômica da educação ......................................................................................................................................................... 247 2.1.4 Conteúdos das áreas de conhecimento que são objeto de ensino ............................... 248 2.1.5 Conhecimento pedagógico ........................................................................................... 250 2.1.6 Conhecimento advindo da experiência ....................................................................... 250 2.1.7 Conhecimentos para o desenvolvimento profissional ................................................. 251 2.1.8 Competências do Professor - Parte Geral ................................................................... 251 2.1.9 Bibliografia para Parte Geral ...................................................................................... 255 2.1.10 Documentos para Parte Geral ....................................................................................... 256 2.6 PERFIL DESEJADO PARA O PROFESSOR DE MATEMÁTICA................................................. 257 2.6.1 O professor de Matemática deve apresentar o seguinte perfil: ................................... 257 2.6.2 Habilidades do professor de Matemática .................................................................... 259 2.6.3 Bibliografia para Matemática ..................................................................................... 263 2.6.4 Documentos para Matemática ..................................................................................... 263 1.4.Matemática Dominar os conteúdos relacionados às áreas de conhecimento (Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia e Ciências Naturais) objetos da atividade docente. Conteúdos A construção do Conhecimento Matemático Competências Compreender os processos de construção do conhecimento matemático, valorizando suas aplicações práticas e também seu caráter abstrato. Usar a resolução de problemas e a investigação como eixos metodológicos para a exploração dos diferentes temas matemáticos, valorizando as estratégias Habilidades Propor situações de aprendizagem por meio das quais os estudantes compreendam que a construção de conhecimentos matemáticos, não se dá como imposição de regras e de procedimentos, mas como fruto de experimentações, levantamento de hipóteses, validações. Identificar estratégias dos estudantes; Relacionar estratégias utilizadas pelos alunos na resolução de problemas à intervenções adequadas do professor. 244 pessoais de seus estudantes e sabendo fazer intervenções que conduzam à análise de estratégias mais eficientes. Conteúdos matemáticos e didáticos: Números Naturais e Sistema de Numeração Decimal, Números Racionais nas suas representações fracionária, decimal e percentual, Operações com Números Naturais e Racionais, Espaço, formas tridimensionais e bidimensionais, Grandezas e Medidas e Tratamento da Informação Conhecer e utilizar os conteúdos matemáticos previstos na Orientações Curriculares do Estado de S Paulo para o Ciclo I. Selecionar atividades a serem realizadas por estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental que evidenciem aplicações práticas do conhecimento matemático, ligadas ao seu cotidiano, mas também as que busquem especulações de caráter mais abstrato. Procurar regularidades, fazer conjecturas, formular generalizações e organizar logicamente o pensamento para a resolução de problemas matemáticos. Buscar a ampliação de conhecimentos didáticos relacionados ao ensino e à aprendizagem, atualizando-se em relação aos resultados de pesquisas na área de Educação Matemática. Utilizar para o preparo de seus planos de ensino os resultados de pesquisa ligados especialmente à construção dos números naturais e racionais, aos campos aditivo e multiplicativo, à resolução de problemas, a obstáculos epistemológicos e didáticos, à construção de conhecimentos geométricos, métricos e estatísticos. Utilizar resultados de pesquisas, na área da educação matemática, ligados à construção dos números naturais e racionais, aos campos aditivo e multiplicativo, à resolução de problemas, aos obstáculos epistemológicos e didáticos, à construção de conhecimentos geométricos, métricos e estatísticos para a elaboração de situações de ensino. Analisar a coerência de atividades didáticas com as indicações produzidas em pesquisas na área de Educação Matemática. Selecionar e utilizar diferentes recursos didáticos, ajustando-os às necessidades de aprendizagem dos estudantes. 245 Conteúdos Competências O uso de recursos didáticos Apropriar-se de recursos tecnológicos (calculadora, softwares, objetos de aprendizagem etc.) que possam contribuir para seu desenvolvimento profissional e para sua atuação em sala de aula, explorando-os em prol da aprendizagem dos estudantes. Habilidades Apropriar-se de recursos tecnológicos (calculadora, softwares, objetos de aprendizagem etc.) que possam contribuir para seu desenvolvimento profissional e para sua atuação em sala de aula, explorando-os em prol da aprendizagem dos estudantes. Gerenciar a classe, organizando o tempo, o espaço e o agrupamento dos estudantes, de modo a potencializar as aprendizagens. Conteúdos Competências Gestão da sala de aula de matemática Comunicar-se matematicamente por meio de diferentes linguagens (natural, gráfica, figural) explorando diferentes registros de representação e sabendo realizar conversões entre eles. Utilizar as hipóteses que os estudantes formulam sobre ideias e procedimentos matemáticos para fazer intervenções que façam os alunos avançarem em seu processo de aprendizagem. Habilidades Reconhecer a importância incentivar os estudantes a comunicarem nas aulas Matemática, fazendo uso leitura e da escrita, desenhos, de gráficos, tabelas e outros recursos comunicação. de se de da de de de Identificar boas situações em os alunos possam expor as hipóteses que formulam sobre ideias e procedimentos matemáticos. Avaliar a aprendizagem dos estudantes através de estratégias diversificadas e utilizar a análise dos resultados para reorganizar as propostas de trabalho. Conteúdos Avaliação em Matemática Competências Analisar estratégias pessoais crianças Habilidades Utilizar análise dos erros e acertos das crianças para verificar sua compreensão dos conteúdos matemáticos. das Eleger estratégias de ensino a partir de resultados de avaliação. Avaliar a eficiência de situações didáticas para a aprendizagem dos estudantes, envolvendo diferentes conhecimentos presentes no currículo escolar. 246 Conteúdos Competências Utilizar critérios para selecionar e organizar Didática da atividades matemáticas a serem realizadas pelos Matemática estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental. Habilidades Identificar critérios para elaborar ou utilizar situações didáticas adequadas aos objetivos de aprendizagem que pretende atingir, articulando os diferentes conteúdos matemáticos em variadas modalidades organizativas. 2. PERFIL DOS PROFESSORES PEB-II 2.1. Parte Geral comum a todas as áreas 2.1.1. Cultura geral e profissional Uma cultura geral ampla favorece o desenvolvimento da sensibilidade, da imaginação, a possibilidade de produzir significados e interpretações do que se vive e de fazer conexões – o que, por sua vez, potencializa a qualidade da intervenção educativa. Do modo como é entendida aqui, cultura geral inclui um amplo espectro de temáticas: familiaridade com as diferentes produções da cultura popular e erudita e da cultura de massas e atualização em relação às tendências de transformação do mundo contemporâneo. A cultura profissional, por sua vez, refere-se àquilo que é próprio da atuação do professor no exercício da docência. Fazem parte desse âmbito temas relativos às tendências da educação e do papel do professor no mundo atual. É necessário, também, que os cursos de formação ofereçam condições para que os futuros professores aprendam a usar tecnologias de informação e comunicação, cujo domínio é importante para a docência e para as demais dimensões da vida moderna. 2.1.2. Conhecimentos sobre crianças, jovens e adultos A formação de professores deve assegurar o conhecimento dos aspectos físicos, cognitivos, afetivos e emocionais do desenvolvimento individual tanto de uma 247 perspectiva científica quanto à relativa às representações culturais e às práticas sociais de diferentes grupos e classes sociais. Igualmente relevante é a compreensão das formas diversas pelas quais as diferentes culturas atribuem papéis sociais e características psíquicas a faixas etárias diversas. A formação de professores deve assegurar a aquisição de conhecimentos sobre o desenvolvimento humano e sobre a forma como diferentes culturas caracterizam as diferentes faixas etárias e sobre as representações sociais e culturais dos diferentes períodos: infância, adolescência, juventude e vida adulta. Igualmente importante é o conhecimento sobre as peculiaridades dos alunos que apresentam necessidades educacionais especiais. Para que possa compreender quem são seus alunos e identificar as necessidades de atenção, sejam relativas aos afetos e emoções, aos cuidados corporais, de nutrição e saúde, sejam relativas às aprendizagens escolares e de socialização, o professor precisa conhecer aspectos psicológicos que lhe permitam atuar nos processos de aprendizagem e socialização; ter conhecimento do desenvolvimento físico e dos processos de crescimento, assim como dos processos de aprendizagem dos diferentes conteúdos escolares em diferentes momentos do desenvolvimento cognitivo, das experiências institucionais e do universo cultural e social em que seus alunos se inserem. São esses conhecimentos que o ajudarão a lidar com a diversidade dos alunos e a trabalhar na perspectiva da escola inclusiva. É importante que, independentemente da etapa da escolaridade em que o futuro professor vai atuar, ele tenha uma visão global sobre esta temática, aprofundando seus conhecimentos sobre as especificidades da faixa etária e das práticas dos diferentes grupos sociais com a qual vai trabalhar. 2.1.3. Conhecimentos sobre a dimensão cultural, social, política e econômica da educação Este âmbito, bastante amplo, refere-se a conhecimentos relativos à realidade social e política brasileira e a sua repercussão na educação, ao papel social do professor, à discussão das leis relacionadas à infância, adolescência, educação e profissão, às 248 questões da ética e da cidadania, às múltiplas expressões culturais e às questões de poder associadas a todos esses temas. Diz respeito, portanto, à necessária contextualização dos conteúdos, assim como o tratamento dos Temas Transversais – questões sociais atuais que permeiam a prática educativa como ética, meio ambiente, saúde, pluralidade cultural, trabalho, consumo e outras – seguem o mesmo princípio: o compromisso da educação básica com a formação para a cidadania e buscam a mesma finalidade: possibilitar aos alunos a construção de significados e a necessária aprendizagem de participação social. Igualmente, políticas públicas da educação, dados estatísticos, quadro geral da situação da educação no país, relações da educação com o trabalho, relações entre escola e sociedade são informações essenciais para o conhecimento do sistema educativo e, ainda, a análise da escola como instituição – sua organização, relações internas e externas – concepção de comunidade escolar, gestão escolar democrática, Conselho Escolar e projeto pedagógico da escola, entre outros. 2.1.4. Conteúdos das áreas de conhecimento que são objeto de ensino Incluem-se aqui os conhecimentos das áreas que são objeto de ensino em cada uma das diferentes etapas da educação básica. O domínio desses conhecimentos é condição essencial para a construção das competências profissionais apresentadas nestas diretrizes. Nos cursos de formação para a educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental é preciso incluir uma visão inovadora em relação ao tratamento dos conteúdos das áreas de conhecimento, dando a eles o destaque que merecem e superando abordagens infantilizadas de sua apropriação pelo professor. Nos cursos de formação para as séries finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio, a inovação exigida para as licenciaturas é a identificação de procedimentos de seleção, organização e tratamento dos conteúdos, de forma diferenciada daquelas utilizadas em cursos de bacharelado; nas licenciaturas, os conteúdos disciplinares específicos da área são eixos articuladores do currículo, que devem relacionar grande parte do saber 249 pedagógico necessário ao exercício profissional e estar constantemente referidos ao ensino da disciplina para as faixas etárias e as etapas correspondentes da Educação Básica. Em ambas situações é importante ultrapassar os estritos limites disciplinares, oferecendo uma formação mais ampla na área de conhecimento, favorecendo o desenvolvimento de propostas de trabalho interdisciplinar, na Educação Básica. São critérios de seleção de conteúdos, na formação de professores para a Educação Básica, as potencialidades que eles têm no sentido de ampliar: a) a visão da própria área de conhecimento que o professor em formação deve construir; b) o domínio de conceitos e de procedimentos que o professor em formação trabalhará com seus alunos da educação básica; c) as conexões que ele deverá ser capaz de estabelecer entre conteúdos de sua área com as de outras áreas, possibilitando uma abordagem de contextos significativos. São critérios de organização de conteúdos, as formas que possibilitam: a) ver cada objeto de estudo em articulação com outros objetos da mesma área ou da área afim; b) romper com a concepção linear de organização dos temas, que impede o estabelecimento de relações, de analogias etc. Dado que a formação de base, no contexto atual da educação brasileira, é muitas vezes insuficiente, será muitas vezes necessária a oferta de unidades curriculares de complementação e consolidação desses conhecimentos básicos. Isso não deve ser feito por meio de simples "aulas de revisão", de modo simplificado e sem o devido aprofundamento. Essa intervenção poderá ser concretizada por programas ou ações especiais, em módulos ou etapas a serem oferecidos aos professores em formação. As Diretrizes e os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio devem ser usados como balizadores de um diagnóstico a ser, necessariamente, realizado logo no início da formação. 250 Convém destacar a necessidade de contemplar na formação de professores conteúdos que permitam analisar valores e atitudes. Ou seja, não basta tratar conteúdos de natureza conceitual e/ou procedimental. É imprescindível que o futuro professor desenvolva a compreensão da natureza de questões sociais, dos debates atuais sobre elas, alcance clareza sobre seu posicionamento pessoal e conhecimento de como trabalhar com os alunos. 2.1.5. Conhecimento pedagógico Este âmbito refere-se ao conhecimento de diferentes concepções sobre temas próprios da docência, tais como, currículo e desenvolvimento curricular, transposição didática, contrato didático, planejamento, organização de tempo e espaço, gestão de classe, interação grupal, criação, realização e avaliação das situações didáticas, avaliação de aprendizagens dos alunos, consideração de suas especificidades, trabalho diversificado, relação professor-aluno, análises de situações educativas e de ensino complexas, entre outros. São deste âmbito, também, as pesquisas dos processos de aprendizagem dos alunos e os procedimentos para produção de conhecimento pedagógico pelo professor. 2.1.6. Conhecimento advindo da experiência O que está designado aqui como conhecimento advindo da experiência é, como o nome já diz, o conhecimento construído “na” e “pela” experiência. Na verdade, o que se pretende com este âmbito é dar destaque à natureza e à forma com que esse conhecimento é constituído pelo sujeito. É um tipo de conhecimento que não pode ser construído de outra forma senão na prática profissional e de modo algum pode ser substituído pelo conhecimento “sobre” esta prática. Saber – e aprender – um conceito ou uma teoria é muito diferente de saber – e aprender – a exercer um trabalho. Trata-se, portanto, de aprender a “ser” professor. Perceber as diferentes dimensões do contexto, analisar como as situações se constituem e compreender como a atuação pode interferir nelas é um aprendizado permanente, na medida em que as questões são sempre singulares e novas respostas precisam ser construídas. A competência profissional do professor é, justamente, sua capacidade de 251 criar soluções apropriadas a cada uma das diferentes situações complexas e singulares que enfrenta. Assim, este âmbito de conhecimento está relacionado às práticas próprias da atividade de professor e às múltiplas competências que as compõem e deve ser valorizado em si mesmo. Entretanto, é preciso deixar claro que o conhecimento experiencial pode ser enriquecido quando articulado a uma reflexão sistemática. Constrói-se, assim, em conexão com o conhecimento teórico, na medida em que é preciso usá-lo para refletir sobre a experiência, interpretá-la, atribuir-lhe significado. 2.1.7. Conhecimentos para o desenvolvimento profissional A definição dos conhecimentos exigidos para o desenvolvimento profissional origina-se na identificação dos requisitos impostos para a constituição das competências. Desse modo, além da formação específica relacionada às diferentes etapas da Educação Básica, requer a sua inserção no debate contemporâneo mais amplo, que envolve tanto questões culturais, sociais, econômicas, como conhecimentos sobre o desenvolvimento humano e sobre a própria docência. 2.1.8. Competências do Professor - Parte Geral 2.1.8.1. Competências educativo. relativas aos fundamentos do processo C.I - Compreender o processo de sociabilidade e de ensino e aprendizagem na escola e nas suas relações com o contexto no qual se inserem as instituições de ensino e atuar sobre ele. H1 - Identificar as novas demandas que a sociedade do conhecimento está colocando para a educação escolar. H2 - Identificar formas de atuação docente, possíveis de serem implementadas, considerando o contexto das políticas de currículo da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, nas dimensões sala de aula, escola e diretoria. 252 C.II - Situar a escola pública no seu ambiente institucional e explicar as relações (hierarquias, articulações, obrigatoriedade, autonomia) que ela mantém com as diferentes instâncias da gestão pública, utilizando conceitos tais como: sistema de ensino; sistema de ensino estadual e municipal; âmbitos da gestão das políticas educacionais - nacional, estadual e municipal, MEC, Secretarias Estaduais e Municipais, Conselho Nacional de Educação; legislação básica da educação: LDB, diretrizes curriculares nacionais, atos normativos da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo e papel do Conselho Estadual de Educação de SP; carreira do magistério – legislação e mudanças recentes. H3 - Identificar a composição, os papéis e funções da equipe de uma escola e as normas que devem reger as relações entre os profissionais que nela trabalham. H4 - Reconhecer principais leis e normas que regulamentam a profissão de professor, sendo capaz de identificar as incumbências do professor, tal como prescritas pelo Art. 13 da LDB, em situações concretas que lhe são apresentadas. Art. 13 Os docentes incumbir-se-ão de: I. participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II. elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; III. zelar pela aprendizagem dos alunos; IV. estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; V. ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente os períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; VI. colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade. C.III - Reconhecer a importância de participação coletiva e cooperativa na elaboração, gestão, desenvolvimento e avaliação do projeto educativo e curricular da escola, 253 identificando formas positivas de atuação em diferentes contextos da prática profissional, além da sala de aula. H5 - Diante de um problema de uma escola caracterizada, indicar os aspectos que merecem ser discutidos e trabalhados coletivamente pela equipe escolar. H6 - Identificar os diferentes componentes do Projeto Pedagógico. H7 - Escolher entre as justificativas apresentadas as que mais se adequam ao papel do professor na elaboração e/ou execução desse Projeto. C.IV - Promover uma prática educativa que leve em conta as características dos alunos e de seu meio social, seus temas e necessidades do mundo contemporâneo e os princípios, prioridades e objetivos do projeto educativo e curricular. H8 - Analisar os fatores socioeconômicos que afetam o desempenho do aluno na escola e identificar ações para trabalhar com esses impactos externos, seja no sentido de aproveitá-los como enriquecimento dos conteúdos curriculares seja no sentido de atenuar eventuais efeitos negativos. C.V - Compreender o significado e a importância do currículo para garantir que todos os alunos façam um percurso básico comum e aprendam as competências e habilidades que têm o direito de aprender, sabendo identificar as diferenças entre o Currículo que é praticado (colocado em ação) na escola e as Diretrizes e Parâmetros Curriculares Nacionais. H9 - Compreender as fases de desenvolvimento da criança e do jovem e associar e explicar como a escola e o professor devem agir para adequar o ensino e promover a aprendizagem em cada uma dessas etapas. H10 - Caracterizar, explicar e exemplificar o que pode ser uma parceria colaborativa dos pais com a escola, tendo em vista melhorar a qualidade das aprendizagens dos alunos. 254 2.1.8.2. Competências referentes ao domínio do conhecimento pedagógico C.VI - Diante de informações gerais sobre a escola, a idade da turma, a etapa (Fundamental ou Médio) e o ano (série), bem como sobre os recursos pedagógicos existentes e outras condições pertinentes da escola, propor situações de aprendizagem de sua disciplina, nas quais sejam explicitadas e explicadas: 1. o que o aluno deverá aprender com a situação proposta; 2. o conteúdo a ser ensinado; 3. o tempo de duração e sua distribuição; 4. as formas de agrupamento dos alunos nas atividades previstas; 5. a forma de apresentar e comunicar aos alunos os objetivos da situação; as atividades de professor e aluno distribuídas no tempo, de modo a ficar claro o percurso a ser realizado para que a aprendizagem aconteça; 6. o tipo de acompanhamento que o professor deve fazer ao longo do percurso; 7. as estratégias de avaliação e as possíveis estratégias de recuperação na hipótese de problemas de aprendizagem. H11 - Identificar e justificar a importância dos organizadores de situações de aprendizagem (competências e habilidades que os alunos deverão constituir; conteúdos curriculares selecionados; atividades do aluno e do professor; avaliação e recuperação). H12 - Reconhecer estratégias para gerenciar o tempo em sala de aula, nas seguintes situações, considerando a diversidade dos alunos, os objetivos das atividades propostas e as características dos próprios conteúdos: Existência de alunos que aprendem mais depressa e alunos mais lentos; Tempo insuficiente para dar conta do conteúdo previsto no plano de trabalho (anual, bimestral, semanal); Sugerir e explicar formas de agrupamento dos alunos, indicando as situações para as quais são adequadas. H13 - Utilizar estratégias diversificadas de avaliação da aprendizagem e, a partir de seus resultados, reconhecer propostas de intervenção pedagógica, considerando o desenvolvimento de diferentes capacidades dos alunos; 255 H14 - Compreender o significado das avaliações externas – nacionais e internacionais – que vêm sendo aplicadas no Brasil e reconhecer alcances e limites do uso dos resultados que o país vem apresentando nessas avaliações na última década. H15 - Identificar as principais características do SARESP após suas modificações de 2007. H16 - Interpretar adequadamente o IDEB – como se constrói, para que serve, o que significa para a educação escolar brasileira. 2.1.8.3. Competências referentes ao conhecimento de processos de investigação que possibilitem o aperfeiçoamento da prática pedagógica C.VII - Demonstrar domínio de processos de ação e investigação que possibilitem o aperfeiçoamento da prática pedagógica. H17 - Diante de situações-problema relativas às relações interpessoais que ocorrem na escola, identificar a origem do problema e as possíveis soluções. H18 - Dada uma situação de sala de aula, identificar os aspectos relevantes a serem observados e o registro mais adequado dessas observações. H19 - Identificar e/ou selecionar dados de investigações ou estudos relevantes para a prática em sala de aula. 2.1.8.4. Competências referentes ao gerenciamento do próprio desenvolvimento profissional H20 - Identificar dados e informações sobre a organização, gestão e financiamento dos sistemas de ensino, sobre a legislação e as políticas públicas referentes à educação para uma inserção profissional crítica. 2.1.9. Bibliografia para Parte Geral 1. OLIVEIRA, Marta K. de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento; um processo sócio-histórico. 4. ed. São Paulo: Scipione,1997. 2. ASSMANN, Hugo. Metáforas novas para reencantar a educação – epistemologia e didática. Piracicaba: Unimep, 2001. 3. COLL, César e outros. O construtivismo na sala de aula. São Paulo: Ática, 2006. 4. COLL, César; MARTÍN, Elena e colaboradores. Aprender conteúdos & desenvolver capacidades. Porto Alegre: Artmed, 2004. 256 5. CONTRERAS, José. A autonomia dos professores. São Paulo: Cortez, 2002. 6. DELORS, Jacques e EUFRAZIO, José Carlos. Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez, 1998. 7. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática docente. São Paulo: Paz e Terra, 2008. 8. GARDNER, Howard; PERKINS, David; PERRONE, Vito e colaboradores. Ensino para a compreensão. A pesquisa na prática. Porto Alegre: Artmed, 2007. 9. HARGREAVES, Andy. O ensino na sociedade do conhecimento: educação na era da insegurança. Porto Alegre: Artmed, 2003. 10. HOFFMANN, Jussara. Avaliar para promover: as setas do caminho. Porto Alegre: Mediação, 2001. 11. LERNER, Délia. Ler e escrever na escola: o real, o possível, o necessário. Porto Alegre: Artmed, 2002. 12. MARZANO, Robert J.; PICKERING, Debra J.; POLLOCK, Jane E. Ensino que funciona: estratégias baseadas em evidências para melhorar o desempenho dos alunos. Porto Alegre: Artmed, 2008. 13. MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2006. 14. PERRENOUD, Philippe. 10 novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000. 15. PIAGET, Jean. Para onde vai a educação?. Rio de Janeiro: José Olimpio, 2007. 16. PIAGET, Jean. Psicologia e pedagogia: a resposta do grande psicólogo aos problemas do ensino. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1998. 17. TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002. 18. TEDESCO, Juan Carlos. O novo pacto educativo. São Paulo: Ática, 2001. 19. VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Avaliação da Aprendizagem - Práticas de Mudança: por uma praxis transformadora. São Paulo: Libertad, 2003. 20. ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998. 2.1.10. Documentos para Parte Geral 1. BRASIL. MEC. DCNs do Ensino Fundamental. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/1998/pceb004_98.pdf 2. BRASIL. MEC. DCNs do Ensino Médio - Parecer 15/98. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/1998/pceb015_98.pdf 3. BRASIL. MEC/INEP. Fundamentos teórico-metodológicos do ENEM. Disponível em: http://www.publicacoes.inep.gov.br/detalhes.asp?pub=4005 4. BRASIL. MEC/INEP. IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Disponível em: http://portalideb.inep.gov.br/ 5. BRASIL. MEC/INEP. Prova Brasil e o SAEB. Disponível em: http://provabrasil.inep.gov.br/ 6. BRASIL. MEC/SEF. Parâmetros Curriculares Nacionais. Introdução. Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEF,1997. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/introducao.pdf 7. BRASIL. MEC/SEMTEC. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: MEGSEMTEC, 2002. 257 8. SÃO PAULO (Estado) Secretaria da Educação. Proposta Curricular do Estado de São Paulo para o ensino Fundamental Ciclo II e Ensino Médio: Documento de Apresentação. São Paulo: SE, 2008. Disponível em: http://www.rededosaber.sp.gov.br/portais/Portals/18/arquivos/PropostaCurricularGeral_ Internet_md.pdf 2.6. Perfil desejado para o professor de Matemática Duas são as dimensões fundamentais na formação profissional do professor de Matemática: a competência técnica, no sentido do conhecimento dos conteúdos matemáticos a serem ensinados, bem como dos recursos metodológicos para apresentá-los aos alunos, com a compreensão do significado dos mesmos em contextos adequados, referentes aos universos da cultura, do trabalho, da arte, da ciência ou da tecnologia; o compromisso público com a Educação, decorrente de uma compreensão dos aspectos históricos, filosóficos, sociológicos, psicológicos, antropológicos, políticos e econômicos da educação e do ensino, o que viabilizará uma participação efetiva do professor como agente formador, tanto na conservação quanto na transformação da realidade. As duas dimensões citadas – a competência técnica e o compromisso público – são complementares e interdependentes, devendo ser avaliadas em provas gerais e de conteúdos específicos. Para a caracterização da competência específica do professor de Matemática, explicitaremos a seguir um elenco de dez formas mais usuais de manifestação das mesmas: 2.6.1. O professor de Matemática deve apresentar o seguinte perfil: 1. Gostar de Matemática, compreendendo o papel de sua disciplina como uma linguagem que complementa a língua materna, enriquecendo as formas de expressão para todos os cidadãos, e munindo a ciência de instrumentos fundamentais para seu desenvolvimento; 258 2. Conhecer os conteúdos matemáticos com uma profundidade e um discernimento que lhe possibilite apresentá-los como meios para a realização dos projetos dos alunos, não tratando os conteúdos como um fim em si mesmo, nem vendo os alunos como futuros matemáticos, ou professores de matemática, mas sim como cidadãos que aspiram a uma boa formação pessoal; 3. Saber criar centros de interesse para os alunos, explorando situações de aprendizagem em torno das quais organizará os conteúdos a serem ensinados, a partir dos universos da arte, da cultura, da ciência, da tecnologia ou do trabalho, levando em consideração o contexto social da escola; 4. Saber mediar conflitos de interesse, dando a palavra aos alunos e buscando aproximar seus interesses, às vezes difusos, daqueles que estão presentes no planejamento escolar; 5. Ser capaz de identificar as ideias fundamentais presentes em cada conteúdo que ensina, uma vez que tais ideias ajudam a articular internamente os diversos temas da matemática, e a aproximar a matemática das outras disciplinas; 6. Ser capaz de mapear os diversos conteúdos relevantes, sabendo articulá-los de modo a oferecer aos alunos uma visão panorâmica dos mesmos, plena de significações tanto para a vida cotidiana quanto para uma formação cultural mais rica; 7. Saber escolher uma escala adequada em cada turma, em cada situação concreta, para apresentar os conteúdos que considera relevantes, não subestimando a capacidade de os alunos aprenderem, nem tratando os temas com excesso de pormenores, de interesse apenas de especialistas; 8. Ser capaz de construir relações significativas entre os conteúdos apresentados aos alunos e os temas presentes em múltiplos contextos, incluindo-se os conteúdos de outras disciplinas, favorecendo, assim, a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade; 259 9. Saber construir narrativas que articulem os diversos elementos presentes nos conteúdos ensinados, inspirando-se na História da Matemática para articular ideias e enredos por meio dos quais ascendemos da efemeridade das informações isoladas à estabilidade do conhecimento organizado; 10. Ser capaz de alimentar permanentemente os interesses dos alunos, estimulando a investigação e a capacidade de pesquisar, de fazer perguntas, bem como de orientar e depurar interesses menos relevantes, assumindo, com tolerância, a responsabilidade inerente à função que exerce. 2.6.2. Habilidades do professor de Matemática Um professor de Matemática deve ser capaz de mobilizar os conteúdos específicos de sua disciplina, tendo em vista o desenvolvimento das competências pessoais dos alunos. De acordo com a Proposta Curricular, as competências gerais a serem visadas são a capacidade de expressão em diferentes linguagens, de compreensão de fenômenos nas diversas áreas da vida social, de construção de argumentações consistentes, de enfrentamento de situações-problema em múltiplos contextos, incluindo-se situações imaginadas, não diretamente relacionadas com o prático-utilitário, e de formulação de propostas de intervenção solidária na realidade. Para construir uma ponte entre os conteúdos específicos e tais competências gerais, é necessário identificar, em cada conteúdo, as ideias fundamentais a serem estudadas: proporcionalidade, equivalência, ordem, medida, aproximação, problematização, otimização são alguns exemplos de tais ideias. Para isso, o professor deve apresentar certas habilidades específicas, associadas aos conteúdos da área, tendo sempre o discernimento suficiente para reconhecer que tais conteúdos constituem meios para a formação pessoal dos alunos. São apresentadas, a seguir, vinte de tais habilidades específicas a serem demonstradas pelo professor de Matemática: 260 1. Tendo por base as ideias de equivalência, ordem, construir o significado dos números (naturais, inteiros, racionais, irracionais, reais, complexos), bem como das operações realizadas com eles em diferentes contextos; 2. Enfrentar situações-problema em diferentes contextos, sabendo traduzir as perguntas por meio de equações, inequações ou sistemas de equações, e mobilizar os instrumentos matemáticos para resolver tais equações, inequações ou sistemas; 3. Tendo por base a dimensão simbólica do conceito de número, desenvolver de modo significativo a notação e as técnicas para representar algebricamente números e operações com eles, incluindo-se a ideia de matriz para representar tabelas de números (contagem de pixels em uma tela, coeficientes de um sistema de equações lineares, etc.). 4. Reconhecer equações e inequações como perguntas, saber resolver sistematicamente equações e inequações polinomiais de grau 1, 2, e conhecer propriedades das equações polinomiais de grau superior a 2, que possibilitem a solução das mesmas, em alguns casos (relações entre coeficientes e raízes, redução de grau, fatoração, etc.); 5. Tendo como referência as situações de contagem direta, construir estratégias e recursos de contagem indireta em situações contextualizadas (cálculo combinatório, binômio de Newton, arranjos, combinações, permutações); 6. Conhecer a ideia de medida de grandezas de variados tipos (comprimento, área, volume, massa, tempo, temperatura, ângulo etc.), sabendo expressar ou estimar tais medidas por meio da comparação direta da grandeza com o padrão escolhido, utilizando tanto unidades padronizadas quanto unidades não-padronizadas, e valorizando as ideias de estimativa e de aproximações; 7. Explorar de modo significativo a ideia de proporcionalidade (razões, proporções, grandezas direta e inversamente proporcionais) em diferentes situações, equacionando e resolvendo problemas contextualizados de regra de três simples e composta, direta e inversa; 261 8. Explorar regularidades e relações de interdependência de diversos tipos, inclusive as sucessões aritméticas e geométricas, representando relações de interdependência por meio de gráficos de variadas formas, e construindo significativamente o conceito de função; 9. Conhecer as principais características das funções polinomiais de grau 1, grau 2, ... grau n, sabendo esboçar seu gráfico e relacioná-lo com as raízes das equações polinomiais correspondentes, e explorar intuitivamente as taxas de crescimento e decrescimento das funções correspondentes; 10. Conhecer as propriedades fundamentais de potências e logaritmos, sabendo utilizálas em diferentes contextos, bem como sistematizá-las no estudo das funções exponenciais e logarítmicas; 11. Compreender e aplicar as relações de proporcionalidade que caracterizam as razões trigonométricas (seno, cosseno, tangente, entre outras) em situações práticas, bem como ampliar o significado de tais razões por meio do estudo das funções trigonométricas, associando as mesmas aos fenômenos periódicos em diferentes contextos; 12. A partir da percepção do espaço e das formas, construir uma linguagem adequada para a representação de tais percepções, reconhecendo e classificando formas planas (ângulos, triângulos, quadriláteros, polígonos, circunferências, entre outras) e espaciais (cubos, paralelepípedos, prismas, pirâmides, cilindros, cones, esferas, entre outras); 13. Com base nas propriedades características de objetos planos ou espaciais, desenvolver estratégias para construções geométricas dos mesmos, especialmente com instrumentos como régua e compasso, tendo em vista uma compreensão mais ampla do espaço em que vivemos, de suas representações e de suas propriedades; 14. Explorar a linguagem e as ideias geométricas para desenvolver a capacidade de observação, de percepção de relações como as de simetria e de semelhança, de 262 conceituação, de demonstração, ou seja, de extração de consequências lógicas a partir de fatos fundamentais diretamente intuídos ou já demonstrados anteriormente; 15. Explorar algumas relações geométricas especialmente significativas, como as relativas às somas de ângulos de polígonos, aos Teoremas de Tales e de Pitágoras, e muito especialmente as relações métricas relativas ao cálculo de comprimentos, áreas e volumes de objetos planos e espaciais; 16. Explorar uma abordagem algébrica da geometria – ou seja, a geometria analítica, representando retas e curvas, como as circunferências e as cônicas, por meio de expressões analíticas e sabendo resolver problemas geométricos simples por meio do recurso a tais recursos algébricos; 17. Explorar de modo significativo as relações métricas e geométricas na esfera terrestre, especialmente no que tange a latitudes, longitudes, fusos horários; 18. Resolver problemas de escolhas que envolvem a ideia de otimização (máximos ou mínimos) em diferentes contextos, recorrendo aos instrumentos matemáticos já conhecidos, que incluem, entre outros temas, a função polinomial do 2º grau e algumas noções de geometria analítica; 19. Compreender a ideia de aleatoriedade, reconhecendo-a em diferentes contextos, incluindo-se jogos e outras classes de fenômenos, e sabendo quantificar a incerteza por meio do cálculo de probabilidades em situações que envolvem as noções de independência de eventos e de probabilidade condicional; 20. Saber organizar e/ou interpretar conjuntos de dados expressos em diferentes linguagens, recorrendo a noções básicas de estatística descritiva e de inferência estatística (média, mediana, desvios, população, amostra, distribuição binomial, distribuição normal, entre outras noções) para tomar decisões em situações que envolvem incerteza. 263 2.6.3 Bibliografia para Matemática 1.LOJKINE, Jean – A Revolução Informacional. São Paulo: Cortez Editora, 1995. 2.BESSON, Jean-Louis (Org.). A ilusão das estatísticas. São Paulo: Editora da UNESP, 1995. 3.BOYER, Carl B. História da Matemática. São Paulo: Edgard Blucher, 1996. 4.CARAÇA, Bento de Jesus. Conceitos Fundamentais da Matemática. Lisboa: Gradiva, 1998. 5.DAVIS, Philip J., HERSH, Reuben – O Sonho de Descartes. O mundo de acordo com a Matemática. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988. 6.COURANT, Richard, ROBBINS, Herbert. O que é Matemática? Uma abordagem elementar de métodos e conceitos. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna, 2000. 7.DERTOUZOS, Michael. O que será? Como o novo mundo da informação transformará nossas vidas. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. 8.DEVLIN, Keith. O Gene da Matemática. O talento para lidar com números e a evolução do pensamento matemático. Rio de Janeiro/São Paulo: Editora Record, 2004. 9.EGAN, Kieran. A mente educada. Os males da Educação e a ineficiência educacional das escolas. Rio de Janeiro: Editora Bertand Brasil, 2002. 10.GARBI, Gilberto G. A Rainha das Ciências – Um passeio histórico pelo maravilhoso mundo da Matemática. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2007. 11.LIMA, Elon Lajes et alii. A Matemática do Ensino Médio (3 volumes). Coleção do Professor de Matemática/Sociedade Brasileira de Matemática. Rio de Janeiro: SBM, 1999. 12.MLODINOW, Leonard. A janela de Euclides. A História da Geometria, das linhas paralelas ao hiperespaço. São Paulo: Geração Editorial, 2004. 13.MOLES, Abraham. A criação científica. São Paulo: Editora Perspectiva, 1998 14.SATOY, Marcus Du. A música dos números primos. A história de um problema não resolvido na matemática. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2007. 15.SBM - Sociedade Brasileira de Matemática. Revista do Professor de Matemática (RPM). São Paulo: IMEUSP (Publicação quadrimestral, números de 56 a 70). 2.6.4. Documentos para Matemática 1.SÃO PAULO (Estado) Secretaria da Educação. Proposta Curricular do Estado de São Paulo para o ensino de Matemática para o Ensino Fundamental Ciclo II e Ensino Médio. São Paulo: SE, 2008. Disponível em: http://www.rededosaber.sp.gov.br/portais/Portals/18/arquivos/Prop_MAT_COMP_red_ md_20_03.pdf 264 Anexo 3 - Resolução SE - 52, de 14-8-2013 Dispõe sobre os perfis, competências e habilidades requeridos dos Profissionais da Educação da rede estadual de ensino, os referenciais bibliográficos e de legislação, que fundamentam e orientam a organização de exames, concursos e processos seletivos, e dá providências correlatas O Secretário da Educação, à vista do que lhe representou a Coordenadoria de Gestão da Educação Básica – CGEB, e considerando a importância da: - sistematização dos requisitos mínimos que embasam os processos seletivos e os concursos públicos dos Profissionais da Educação na consolidação de um ensino público democrático e de qualidade; - adoção de procedimentos operacionais de competitividade que concretizem princípios de igualdade e eficiência devidamente sintonizados com a natureza das atividades do cargo ou função dos Profissionais da Educação da rede estadual de ensino, Resolve: Artigo 1º - Ficam aprovados os ANEXOS A, B, C, D e E, integrantes desta resolução, que dispõem sobre os perfis, as competências, as habilidades dos Profissionais da Educação, os respectivos referenciais bibliográficos e a legislação, a serem requeridos de Professores, Diretores de Escola e Supervisores de Ensino, da rede estadual de ensino, nos exames, concursos e processos seletivos promovidos por esta Pasta. Artigo 2º - Os requisitos acadêmicos e os atributos requeridos para o exercício de todo profissional da educação implicam, obrigatoriamente, o domínio: I - das competências, das habilidades, dos referencias bibliográficos e de legislação de Educador e de Docente (ANEXO A); e II - das competências, das habilidades, dos referencias bibliográficos e de legislação das respectivas especificidades do cargo ou função objeto do exame, concurso ou processo seletivo (ANEXOS B, C, D e E). Parágrafo único – Para o atendimento ao contido neste artigo, os perfis, as competências, as habilidades, os referenciais bibliográficos e de legislação se 265 apresentam organizados na conformidade dos anexos A a E, que integram a presente resolução. Artigo 3º - Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário e, em especial, as Resoluções SE nº 69, de 1º.10.2009, nº 70, de 26.10.2010, nº 13, de 3.3.2011, e nº 37, de 7.6.2013, produzindo seus efeitos a partir de 2 de setembro de 2013. ANEXO A I. EDUCADOR 1. PERFIL 2 O exercício profissional de educador requer formação geral humanista/crítica, comprometida com a construção e ampliação de uma sociedade mais justa, posicionada contra as desigualdades sociais e a qualquer forma de opressão que garanta a todos as mesmas oportunidades de desenvolvimento de suas potencialidades. Exige, também, formação específica referenciada nas diversas áreas de conhecimento e no seu papel político em contribuir na apropriação e transformação da cultura. Pressupõe Uma formação que habilite o educador a interpretar e fazer conexões com vivências de cunho ambiental, econômico, político, social, cultural e educacional; a dialogar sobre tais vivências e a realizar ações que promovam a qualidade da escola, em especial, que propiciem ensino e aprendizagem relevantes para uma formação integral, que prepare o aluno para a atuação ética, sustentável e transformadora na vida pessoal, social, política e no mundo do trabalho. Exercício profissional dessa natureza implica ação/reflexão/ação, ou seja, exige uma atitude reflexiva, fundada na realidade educacional e na pesquisa, para a constituição de uma prática pedagógica emancipatória, referenciada e pertinente à formação do aluno, à pratica educativa, ao meio em que atua e à finalidade da educação. Em síntese, implica conhecimento dos elementos sócio-históricos, políticos e culturais que interferem na construção da escola que temos e desenvolvimento de processos políticos e educativos direcionados à construção da escola que queremos: centrada no ensino contextualizado, na transversalidade dos conteúdos escolares referenciados no conhecimento da realidade, do projeto de educação nacional, do sistema educativo, da escola como instituição, das 266 diferentes tendências pedagógicas, de ensino e de aprendizagem, de desenvolvimento humano, em seus aspectos físicos, cognitivos, afetivos e socioculturais. Nessa perspectiva, espera-se que o educador se expresse por meio de práticas que atendam às demandas da sociedade brasileira, do sistema de ensino e do diálogo entre educadores nos diferentes níveis do sistema (entre educador e aluno no âmbito da escola e entre educador e comunidade). A construção desse profissional exige providências do sistema de ensino e atitude do educador para assegurar o direito e o dever em relação à formação continuada em serviço centrada na análise, reflexão e efetivação de ações que respondam às demandas educacionais direcionadas à luta pela educação como direito de todos. Pressupõe o desenvolvimento de competências e habilidades que expressem a compreensão do educador a respeito da relação entre a escola e a sociedade em geral, a comunidade local, a sua função social e os espaços de atuação nos diferentes níveis do sistema de ensino, federal, estadual, escola e sala de aula. 2. COMPETÊNCIAS 2.1 Educação Nacional 2.1.1 Relação Educação /Sociedade a) Conhecer o Projeto Educacional da sociedade brasileira, que se depreende dos princípios constitucionais e da legislação educacional. b) Conhecer a função social da educação escolar e ser proficiente no uso da língua portuguesa, oral e escrita, em todas as situações sociais e atividades relevantes para o exercício profissional. c) Compreender que à educação formal cabe promover o desenvolvimento integral do educando, respondendo às demandas que a sociedade atual coloca para a educação escolar. d) Compreender criticamente a inclusão no projeto educacional brasileiro, especialmente sua abertura às dimensões da diferença, da diversidade e do multiculturalismo. e) Conhecer os problemas e conflitos que afetam o convívio social (saúde, segurança, dependência química, educação para o trânsito, pluralidade cultural, ética, sustentabilidade ambiental, orientação sexual, trabalho e consumo) e compreender como eles podem provocar preconceitos, manifestações de violência e impactos sociais, 267 políticos, econômicos, ambientais e educacionais, reconhecendo a si mesmo como protagonista e agente transformador no âmbito de sua atuação profissional. f) Aprimorar a capacidade de: transformação, iniciativa, criatividade, vontade de aprender e abertura às mudanças, e ter a consciência da necessidade de uma educação de qualidade e das implicações éticas e políticas do seu trabalho. g) Compreender que vivemos em uma sociedade heterogênica e plural, onde se deve respeitar e valorizar as diferenças. 2.1.2 Sistema de Ensino Público de São Paulo: Educação Básica a) Compreender a escola pública como ambiente institucional e de relações que profissionais e alunos mantém com as diferentes instâncias da gestão pública b) Compreender os processos de implementação da política educacional da Secretaria de Estada da Educação de São Paulo (SEE/SP), seus programas e projetos. c) Compreender a composição, os papéis e funções da equipe de uma escola e do sistema de ensino e as normas que regem as relações entre os profissionais que nela trabalham. d) Conhecer e compreender os mecanismos institucionais de organização, desenvolvimento e avaliação do sistema de ensino. e) Compreender os significados dos processos de avaliação educacional, reconhecer alcances e limites do uso de seus resultados, para análise e reflexão do desempenho escolar nas avaliações internas e externas, a fim de organizar e reorganizar as propostas de trabalho. f) Conhecer e interpretar adequadamente o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB e o Índice de Desenvolvimento Educacional de São Paulo-IDESP, como se constroem, para que servem e o que significam para a educação escolar brasileira e paulista. g) Desenvolver processo de ação e de investigação que possibilitem o aperfeiçoamento profissional e da prática pedagógica. h) Compreender a importância da autoavaliação e do autodesenvolvimento para o aprimoramento profissional. 2.1.3 Escola 2.1.3.1 Currículo escolar, planejamento e avaliação 268 a) Compreender a importância da escola pública para a democratização do acesso ao conhecimento sistematizado e colocar em prática metodologias que facilitem o acesso a esse conhecimento por parte dos alunos. b) Fazer escolhas pedagógicas orientadas por princípios éticos e democráticos, de modo a promover a inclusão e evitar a reprodução de discriminações e injustiças. c) Compreender e dispor-se à participação coletiva e colaborativa na elaboração, desenvolvimento e avaliação da proposta pedagógica, cooperando em diferentes contextos escolares. d) Compreender os processos de desenvolvimento da criança e do adolescente, da aprendizagem e sociabilidade dos alunos, considerando as dimensões cognitivas, afetivas e sociais e as relações com o contexto no qual se inserem as instituições de ensino para atuar sobre tal contexto. e) Compreender a natureza dos processos de ensino e de aprendizagem que se articulam na relação professor/ aluno, relação de comunicação entre sujeitos que constroem conhecimento, sendo capaz de reconhecer fatores socioeconômicos, pedagógicos, do ambiente escolar que podem causar impactos externos e internos que afetam o aproveitamento do aluno na escola. f) Desenvolver um ensino com foco na aprendizagem do aluno com vistas a sua inserção como sujeito na sua comunidade e na sociedade. g) Compreender a abrangência e a importância das orientações curriculares deste sistema de ensino, tendo em vista a construção do currículo escolar contextualizado e centralizado na aprendizagem do aluno. h) Conhecer e compreender princípios, métodos e recursos educacionais como elementos de apoio das ações educativas. i) Participar nos espaços coletivos, visando à reflexão e análise sobre as práticas educativas, para o planejamento, acompanhamento, avaliação e replanejamento do trabalho escolar. 2.1.3.2 Relação Escola e Comunidade a) Compreender a escola como parte da comunidade escolar, uma vez que a mesma é constituída pelos professores, pela equipe gestora, pelos alunos, pelos funcionários e pelos pais e/ou responsáveis pelos alunos. 269 b) Desenvolver parcerias com a comunidade escolar, ou seja, a do entorno da escola e demais organizações e instituições. c) Construir espaços coletivos de participação entre escola, família e comunidade 3. BIBLIOGRAFIA A) Livros e Artigos 1. CARVALHO, Rosita Edler. Educação Inclusiva com os Pingos nos Is. 2. ed. Porto Alegre: Mediação, 2005. 2. CORTELLA, Mário Sérgio. A escola e o conhecimento: fundamentos epistemológicos e políticos. 14. ed., São Paulo, Cortez, 2011. 3. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 43. ed., São Paulo: Paz e Terra, 2011. 4. FREITAS, Luiz Carlos de. Eliminação Adiada: o ocaso das classes populares no interior da escola e a ocultação da (má) qualidade do ensino. Educação e Sociedade, Campinas, vol. 28. n.100 – Especial, p.965-987, out. 2007. Disponível em: \<http://www.scielo.br/pdf/es/v28n100/a1628100.pdf \>. Acesso em: 2 jul.2013. 5. GATTI, Bernadete Angelina; BARRETO, Elba de Sá; ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo de Afonso. Políticas docentes no Brasil: um estado da arte. Brasília: UNESCO, 2001. Disponível em:\< http://unesdoc.unesco.org/images/0021/002121/212183por.pdf\> Acesso em: 05 jul. 2013 6. LA TAILLE, Yves.DANTAS, Heloisa e OLIVEIRA, Marta Kohl de, Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. 24. ed. São Paulo: Summus, 1992. 7. MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro, UNESCO/Cortez Editora, cap. III e IV, p. 47-78, e cp. VI, 93-104, 2000. Disponível em: \<https://www.google.com.br/#output=search&sclient=psyab&q=www.sistemas.ufrn.br%2Fshared%2FverArquivo%3FidArquivo%3D1035842&o q=www.sistemas.ufrn.br%2Fshared%2FverArquivo%3FidArquivo%3D1035842&gs_l= hp.12...2330.2330.0.4025.1.1.0.0.0.0.169.169. 0j1.1.0....0...1c..21.psyab.saDFff2tqN4&pbx=1&bav=on.2,or.r_cp.r_qf.&bvm=bv.4947 8099,d.dmg&fp=9f8639b5091b4696&biw=1366&bih=673\>Acesso em: 2 jul.2013. 8. RIOS, Terezinha Azerêdo. Ética e competência. 20. ed., São Paulo: Cortez, 2011. 9. SACRISTÀN, J. Gimeno; PÉREZ GOMES, A. I. Compreender e transformar o ensino. 4. ed. Porto Alegre: ARTMED, 2000. 10. SAVIANI, Dermeval. Histórias das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas; Autores Associados, 2010. 11. TEIXEIRA, Anísio. A escola pública universal e gratuita. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. Rio de Janeiro, v.26, n.64, out./dez. 1956. p.3-27. Disponível em: \< http://www.bvanisioteixeira.ufba.br/artigos/gratuita.html\> Acesso em 03 jul.2013. B) Publicações Institucionais 1. BRASIL. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília, MEC/SEESP, 2008. Disponível em: \<http: //portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf\>. Acesso em: 18 jul. 2013. 270 2. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: temas transversais. Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em: \<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ttransversais.pdf\>. Acesso em: 18 jul. 2013. 3. SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Proposta Curricular do Estado de São Paulo para o Ensino Fundamental Ciclo II e Ensino Médio: documento de apresentação. São Paulo: SE, 2012, p. 7-20. Disponível em: \<http://www.rededosaber.sp.gov.br/portais/EnsinoFundCicloII/Materiais/tabid/1044/D efault.aspx \> Acesso em: 18 jul.2013. 4. LEGISLAÇÃO 1. BRASIL CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL – 1988. (Artigos 5º, 6º; 205 a 214) 2. BRASIL LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança do Adolescente – ECA(Artigos 1º a 6º; 15 a 18; 60 a 69) 3. BRASIL. LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB 4. BRASIL. RESOLUÇÃO CNE/CP Nº 1, DE 17 DE JUNHO DE 2004. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (anexo o Parecer CNE/CP nº 3/2004) 5. BRASIL. RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 4, DE 13 DE JULHO DE 2010. Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (anexo o Parecer CNE/CEB nº 7/2010) 6. BRASIL. RESOLUÇÃO CNE/CP Nº 1, DE 30 DE MAIO DE 2012. Estabelece Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos (anexo o Parecer CNE/CP nº 8/2012) 7. SÃO PAULO. DECRETO Nº 55.588, DE 17 DE MARÇO DE 2010. Dispõe sobre o tratamento nominal das pessoas transexuais e travestis nos órgãos públicos do Estado de São Paulo e dá providências correlatas 8. SÃO PAULO. DELIBERAÇÃO CEE Nº 9/97. Institui, no sistema de ensino do Estado de São Paulo, o regime de progressão continuada no ensino fundamental.(Indicação CEE nº 8/97 anexa) II. DOCENTE 1. PERFIL Ao Professor de Educação Básica compete, como mediador nos processos de apreensão, compreensão e produção de conhecimento, organizar condições didáticas que permitam ao aluno a apropriação de bens culturais historicamente acumulados, fundamentais à educação escolar de qualidade, direito do aluno. Prática docente, apoiada no diálogo, com vistas ao desenvolvimento de ensino com foco nas relações entre conhecimento e cultura, currículo e poder, exige do profissional a 271 promoção de aprendizagem referenciada na curiosidade, na cooperação, na pesquisa, na experimentação, na criatividade, que instaure processos de concepção e de realização de projetos significativos aos alunos e à comunidade em que vivem. Promover aprendizagem dessa natureza viabiliza a efetivação do princípio da escola para todos, e para cada um em particular. Caberá ao profissional aprender, ensinar e trabalhar com a heterogeneidade, a diversidade e a diferença; compreender que a relação dialógica/interação entre os sujeitos é inerente à comunicação, à linguagem e às relações que estabelecem cultural e socialmente e conhecer a relação entre a teoria e a prática e estar atento à dinâmica entre ambas, para atuar, permanentemente, como protagonista de suas ações e tomar, com autonomia e responsabilidade, as decisões pedagógicas que concorrem para a realização de seu trabalho e a consecução dos objetivos traçados. Para isso é preciso articular as duas dimensões formativas complementares e interdependentes: a) a dimensão técnica, que se caracteriza pelo conhecimento dos conteúdos a serem ensinados e os recursos metodológicos para desenvolvê-los com rigor e compreensão dos seus significados em contextos diversos, referentes aos universos da cultura, do trabalho, do meio ambiente, da arte, da ciência e da tecnologia, e b) a dimensão política que se caracteriza pelo compromisso público com a educação escolar, decorrente da compreensão dos aspectos históricos, filosóficos, sociológicos, psicológicos e econômicos que envolvem a educação e o ensino. Também é necessário compreender como essas duas dimensões se integram com os conteúdos próprios da docência: currículo; planejamento, organização de tempo e espaço escolar; gestão de classe, interação grupal, relação entre professor e aluno; elaboração, desenvolvimento e avaliação de situações didáticas; trabalho diversificado; avaliação de aprendizagem em suas especificidades; pesquisa sobre sua prática e investimento na autoformação, fundamentais à participação efetiva do professor na constituição da identidade do educando como sujeito de uma sociedade em constante transformação, com a finalidade de torná-lo capaz de atuar na preservação da herança cultural e na transformação da realidade por ele vivida e, de forma indireta, da sociedade em que está inserido. 272 2. COMPETÊNCIAS 2.1 Educação Nacional a) Conhecer os atos legais que regulamentam a profissão de professor e ser capaz aplicá-la em situações que se apresentam no cotidiano do seu trabalho pedagógico. b) Conhecer os direitos e deveres do docente e atuar em consonância com eles, regulamentado em lei. 2.1.1 Sistema de Ensino Público de São Paulo: Educação Básica a) Conhecer formas de atuação docente, situações didáticas e seus elementos constitutivos para adequá-los à aprendizagem do aluno no que se refere aos conteúdos conceituais, atitudinais e procedimentais, conforme os contextos locais, das políticas e do currículo da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, nas dimensões sala de aula e escola. b) Compreender a importância da educação escolar para a formação da identidade de novos sujeitos sociais, para que eles possam integrar a sociedade brasileira, dela participando de forma ativa e democrática em busca do bem comum. 2.1.2 Escola a) Reconhecer e valorizar, em situações do cotidiano escolar e em diferentes situações de aprendizagem, os elementos que podem contribuir para o desenvolvimento de relações de autonomia e cooperação, entre alunos e aluno/profissional da educação. b) Conhecer e compreender o Projeto Político Pedagógico da escola na qual atua, a fim de posicionar-se diante dele, analisar o seu próprio trabalho e propor elementos para seu aperfeiçoamento. c) Reconhecer e utilizar os espaços de trabalho coletivo, como espaços de reflexão sobre a proposta pedagógica da escola e a prática docente e de participação em ações de formação continuada. d) Compreender as diferentes etapas de planejamento como uma ação recursiva, flexível e dinâmica. e) Refletir sobre o processo de ensino e de aprendizagem, as ações didáticas e o processo avaliativo, identificando pontos que necessitam mudanças e/ou reformulações. f) Implementar práticas educativas que levem em conta as necessidades pessoais e sociais dos alunos, os temas e demandas do mundo contemporâneo e os objetivos da Proposta Pedagógica. 273 fases de desenvolvimento cognitivo, social e afetivo da criança, do jovem para a) Organizar processos de ensino e aprendizagem apropriados a cada fase de desenvolvimento do educando. b) Propiciar aprendizagem significativa para os alunos, levando em conta suas experiências, valores e conhecimentos prévios e tomando-os como ponto de partida para a introdução de novos conteúdos. c) Explicitar as concepções teóricas, que fundamentam as atividades educativas, para evitar a dicotomia entre teoria e prática. d) Apropriar-se dos diferentes componentes que organizam os planos de ensino dos professores nas disciplinas nas diferentes etapas para sua elaboração, execução e avaliação. e) Compreender os princípios da organização curricular das diferentes áreas como norteadores da organização de ensino centrado na progressão continuada da aprendizagem. f) Compreender o ensino da linguagem, associado a todos os conteúdos disciplinares em todas as séries, exercitando a competência de leitura/compreensão de textos e expressão escrita. g) Estabelecer critérios pertinentes e relevantes para a progressão da aprendizagem, tais como: a natureza, as especificidades e o grau de complexidade dos conteúdos; as possibilidades de aprendizagem dos alunos; o tratamento didático, metodologia e procedimentos de ensino e avaliação, os mecanismos de apoio, nas diferentes modalidades em acordo com seus objetivos, tendo em vista as finalidades do projeto educativo. h) Desenvolver competências lógico-discursivas que instrumentalizem o estudante com vistas à autonomia intelectual, de modo que possa, gradualmente, desenvolver a consciência crítica e aprender a pensar por conta própria. i) Empregar diferentes recursos e procedimentos didáticos, ajustando-os às possibilidades e dificuldades de aprendizagem dos alunos, sempre levando em conta a natureza, as especificidades e o grau de complexidade dos conteúdos. j) Conhecer e utilizar recursos tecnológicos relacionados às diferentes mídias e meios de comunicação, valorizando-os como indispensáveis à socialização de informações e à prática de diálogo com o aluno. 274 k) Saber planejar e desenvolver os trabalhos em sala de aula, privilegiando rotinas que atendam às necessidades dos alunos, tendo em vista a diversidade, adequação, periodicidade das atividades, organização do tempo/espaço e o agrupamento dos alunos de modo a potencializar as aprendizagens dos diferentes conteúdos/áreas, garantindo, sempre que possível, a abordagem dos temas transversais pertinentes. l) Compreender os diferentes contextos que interferem na construção das subjetividades e identidades do aluno, de modo a lidar adequadamente com os diferentes modos de ser e estar no mundo deste aluno. m) Saber mediar situações de conflito e indisciplina em sala de aula. n) Conhecer e adotar diversas formas de avaliação da aprendizagem dos alunos por meio de estratégias e instrumentos diversificados e utilizar a análise dos resultados para reorganizar as propostas de trabalho na escola e na sala de aula. 3. BIBLIOGRAFIA A) Livros e Artigos 1. ABRAMOVAY, Miriam; CASTRO, Mary Garcia; SILVA, Lorena Bernadete. Juventudes e sexualidade. Brasília: UNESCO Brasil, 2004. Disponível em: \<http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001339/133977por.pdf\> Acesso em: 05 jul. 2013. 2. FREURI, Reinaldo Matias. Educação intercultural: mediações necessárias. Rio de Janeiro: Editora DPA, 2003. 3. LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar, 22. ed., São Paulo: Cortez Editora, 2011. 4. MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa. Currículo, diferença cultural e diálogo. Revista Educação & Sociedade, ano XXIII, n. 79. Agosto/2002, p. 15-38. Disponível em \< http://www.scielo.br/pdf/es/v23n79/10847.pdf\>. Acesso em: 2 jul.2013. 5. TARDIF, Maurice; LESSARD, Claude. O trabalho docente: elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas. Rio de Janeiro, Petrópolis: Vozes, 2005. 6. SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 2. ed. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2004. 7. ZABALA, Antoni; ARNAU, Laia. Como aprender e ensinar competências. Porto Alegre: Artmed, 2010. ANEXO C MATEMÁTICA 2. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES COMPETÊNCIAS 275 a) Compreender os processos de construção do conhecimento matemático, valorizando suas aplicações práticas e também seu caráter abstrato. HABILIDADES a.1) Propor situações de aprendizagem por meio das quais os estudantes compreendam que a construção de conhecimentos matemáticos, não se dá como imposição de regras e de procedimentos, mas como fruto de experimentações, levantamento de hipóteses, validações e a socialização das ideias de resolução. COMPETÊNCIAS b) Compreender a resolução de problemas e a investigação como eixos metodológicos para a exploração dos diferentes temas matemáticos, valorizando as estratégias pessoais dos estudantes. HABILIDADES b.1) Reconhecer intervenções pedagógicas que conduzam à análise de estratégias mais eficientes. b.2) Identificar e relacionar estratégias utilizadas pelos alunos na resolução de problemas a intervenções adequadas do professor. COMPETÊNCIAS c) Dominar os conceitos de Números Naturais e Sistema de Numeração Decimal, Números Racionais nas suas representações fracionária, decimal e percentual, Operações com Números Naturais e Racionais, Espaço, formas tridimensionais e bidimensionais, Grandezas e Medidas e Tratamento da Informação. HABILIDADES c.1) Selecionar atividades a serem realizadas pelos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental que evidenciem aplicações práticas do conhecimento matemático, ligadas ao seu cotidiano, mas também as que busquem especulações de caráter mais abstrato. c.2) Construir situações de aprendizagem que permitam aos alunos procurar regularidades, fazer conjecturas, formular generalizações e organizar logicamente o pensamento para a resolução de problemas matemáticos. 276 COMPETÊNCIAS d) Conhecer e utilizar os conteúdos matemáticos previstos nas Orientações Curriculares do Estado de S. Paulo para os Anos Iniciais. HABILIDADES d.1) Buscar a ampliação de conhecimentos didáticos relacionados ao ensino e à aprendizagem, atualizando-se em relação aos resultados de pesquisas na área de Educação Matemática. COMPETÊNCIAS e) Conhecer os avanços na área da educação matemática, ligados à construção dos números naturais e racionais, aos campos: aditivo e multiplicativo; à resolução de problemas; aos obstáculos epistemológicos e didáticos; à construção de conhecimentos geométricos, métricos e estatísticos para a elaboração de situações de ensino com foco na aprendizagem dos alunos. HABILIDADES e.1) Utilizar o conhecimento dos avanços na área da didática da Matemática para desenvolver situações de aprendizagem especialmente ligadas especialmente à construção dos números naturais e racionais, aos campos aditivo e multiplicativo, à resolução de problemas, a obstáculos epistemológicos e didáticos, à construção de conhecimentos geométricos, métricos e estatísticos. e.2) Analisar a coerência de atividades didáticas com as indicações produzidas em pesquisas na área de Educação Matemática. COMPETÊNCIAS f) Apropriar-se de recursos tecnológicos (calculadora, softwares, objetos de aprendizagem etc.) que possam contribuir para seu desenvolvimento profissional e para sua atuação em sala de aula, explorando-os em prol da aprendizagem dos alunos. 277 HABILIDADES f.1) Selecionar recursos didáticos e tecnológicos que potencializem a construção de conhecimentos matemáticos pelos alunos e propiciem aprendizagens significativas nas aulas de Matemática. COMPETÊNCIAS g) Comunicar-se matematicamente por meio de diferentes linguagens (natural, gráfica, figural) explorando diferentes registros de representação e sabendo realizar conversões entre eles. HABILIDADES g.1) Reconhecer a importância de incentivar os estudantes a se comunicarem nas aulas de Matemática, fazendo uso da leitura e da escrita, de desenhos, de gráficos, de tabelas e outros recursos de comunicação. COMPETÊNCIAS h) Identificar boas situações em que os alunos possam expor as hipóteses que formulam sobre ideias e procedimentos matemáticos. HABILIDADES h.1) Utilizar as hipóteses que os estudantes formulam sobre ideias e procedimentos matemáticos para fazer intervenções que façam os alunos avançarem em seu processo de aprendizagem. COMPETÊNCIAS i) Analisar estratégias pessoais dos alunos no desenvolvimento das atividades propostas. HABILIDADES i.1) Verificar a compreensão dos conteúdos matemáticos pelos alunos a partir da análise dos erros e acertos apresentados nas atividades no dia a dia e nos momentos de diagnóstico. i.2) Eleger estratégias de ensino a partir de resultados de avaliação. 278 COMPETÊNCIAS j) Identificar critérios para elaborar ou utilizar situações didáticas adequadas aos objetivos de aprendizagem que pretende atingir, articulando os diferentes conteúdos matemáticos em variadas modalidades organizativas. HABILIDADES j.1) Utilizar critérios para selecionar e organizar atividades matemáticas a serem realizadas pelos estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental. 4. LEGISLAÇÃO 1. SÃO PAULO. DECRETO Nº 51.627, DE 1º DE MARÇO DE 2007. Institui o Programa “Bolsa Formação – Escola Pública e Universidade” 2. SÃO PAULO. RESOLUÇÃO SE Nº 86, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2007. Institui, para o ano de 2008, o Programa “Ler e Escrever”, no Ciclo I das Escolas Estaduais de Ensino Fundamental das Diretorias de Ensino da Coordenadoria de Ensino da Região Metropolitana da Grande São Paulo. 3. SÃO PAULO. RESOLUÇÃO SE Nº 91, DE 8 DE DEZEMBRO DE 2008. Dispõe sobre a constituição de equipe de gestão institucional para ampliação e aperfeiçoamento do Projeto Bolsa Escola Pública e Universidade na Alfabetização, no âmbito do Programa Bolsa Formação – Escola Pública e Universidade. 4. SÃO PAULO. RESOLUÇÃO SE Nº 96, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2008. Estende o Programa “Ler e Escrever” para as Escolas Estaduais de Ensino Fundamental do Interior ANEXO D V. PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁSICA II – MATEMÁTICA 1. PERFIL O professor de Matemática deve ter uma base de conhecimentos necessários para o ensino de conceitos e procedimentos concernentes a essa área com vistas ao desenvolvimento das competências pessoais dos alunos. Para isso, ele deverá dominar não apenas os conteúdos específicos que vai ensinar, mas também construir conhecimentos curriculares e pedagógicos desses conteúdos, ou seja, aqueles que dizem respeito à capacidade de seleção, organização e gestão dos componentes e materiais que deverão favorecer a aprendizagem dos alunos. Desse modo, o professor deverá ser capaz de identificar os conceitos mais relevantes e articulá-los de modo a favorecer a construção de significados pelos estudantes. Para tanto, o docente deverá dispor de um 279 acervo variado de situações exemplares e formas distintas de abordagens para os diferentes conceitos e procedimentos a serem ensinados. Assim, a prática do professor de Matemática deverá ter como finalidade o desenvolvimento das competências e habilidades dos alunos de acordo com o Currículo, caracterizadas pela capacidade de expressão em diferentes linguagens, de compreensão de fenômenos nas diversas áreas da vida social, de construção de argumentações consistentes, de enfrentamento de situações-problema em múltiplos contextos, incluindo-se situações imaginadas, não diretamente relacionadas com o práticoutilitário, e de formulação de propostas de intervenção solidária na realidade, visando à construção de uma ponte entre os conteúdos específicos e tais competências gerais, com identificação, em cada conteúdo, das ideias fundamentais a serem estudadas: proporcionalidade, equivalência, ordem, medida, aproximação, problematização, etc. Para isso, o professor deve apresentar certas habilidades específicas, associadas aos conteúdos da área, tendo sempre o discernimento suficiente para reconhecer que tais conteúdos constituem meios para a formação pessoal dos alunos. 2. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES COMPETÊNCIAS a) Saber criar centros de interesse para os alunos, explorando situações de aprendizagem em torno das quais organizará os conteúdos a serem ensinados, a partir dos universos da arte, da cultura, da ciência, da tecnologia, da economia ou do trabalho, levando em consideração o contexto social da escola. b) Ser capaz de identificar as ideias fundamentais presentes em cada conteúdo que ensina, uma vez que tais ideias ajudam a articular internamente os diversos temas da matemática, e a aproximar a matemática das outras disciplinas. c) Ser capaz de mapear os diversos conteúdos relevantes, sabendo articulá-los de modo a oferecer aos alunos uma visão panorâmica dos mesmos, plena de significações tanto para a vida cotidiana quanto para uma formação cultural mais rica. d) Saber escolher uma escala adequada em cada turma para apresentar os conteúdos que identifica como relevantes não subestimando a capacidade de os alunos aprenderem, nem tratando os temas com excesso de pormenores, de interesse apenas de especialistas. 280 e) Ser capaz de construir relações significativas entre os conteúdos apresentados aos alunos e os temas presentes em múltiplos contextos, incluindo-se os conteúdos de outras disciplinas, de modo a favorecer a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade. f) Saber construir narrativas que conectem os diversos elementos presentes nos conteúdos a serem ensinados, valendo-se, na medida do possível, da História da Matemática para articular ideias e enredos de modo que os conceitos assim abordados possam se constituir em veículos de informação cultural e sociológica de grande valor formativo. g) Ser capaz de alimentar permanentemente os interesses dos alunos, estimulando a investigação e a capacidade de pesquisar, de fazer perguntas, bem como de orientar e depurar interesses menos relevantes, assumindo, com tolerância, a responsabilidade inerente à função que exerce. h) Compreender que o uso de tecnologias – as digitais e calculadoras, por exemplo – são fundamentais para o desenvolvimento de competências/habilidades dos estudantes relativas aos conhecimentos matemáticos como o aspecto dinâmico da geometria, a construção de gráficos de funções, a representação dos dados e obtenção de medidas estatísticas de pesquisas com vistas à compreensão e intervenção na realidade, etc. HABILIDADES Construir, tendo por base as ideias de equivalência e ordem, o significado dos números (naturais, inteiros, racionais, irracionais, reais, complexos), bem como das operações realizadas com eles em diferentes contextos; Enfrentar situações-problema em diferentes contextos, sabendo traduzir as perguntas por meio de equações, inequações ou sistemas de equações, e mobilizar os instrumentos matemáticos para resolver tais equações, inequações ou sistemas; Desenvolver de modo significativo, tendo por base a dimensão simbólica do conceito de número, a notação e as técnicas para representar algebricamente números e operações com eles, incluindo-se a ideia de matriz para representar tabelas de números (contagem de pixels em uma tela, coeficientes de um sistema de equações lineares etc.); Reconhecer equações e inequações como perguntas, saber resolver sistematicamente equações e inequações de grau 1 e 2, e conhecer propriedades das equações polinomiais 281 de grau superior a 2, que possibilitem ,em alguns casos, a solução das mesmas, (relações entre coeficientes e raízes, redução de grau, fatoração etc.); Construir estratégias e recursos de contagem indireta em situações contextualizadas (cálculo combinatório, binômio de Newton, arranjos, combinações, permutações, tendo como referência as situações de contagem direta); Conhecer a ideia de medida de grandezas de variados tipos (comprimento, área, volume, massa, tempo, temperatura, ângulo etc.), sabendo expressar ou estimar tais medidas por meio da comparação direta da grandeza com o padrão escolhido, utilizando tanto unidades padronizadas quanto unidades não padronizadas, e considerando as ideias de estimativa e de aproximações; Explorar de modo significativo a ideia de proporcionalidade (razões, proporções, grandezas direta e inversamente proporcionais) em diferentes situações, equacionando e resolvendo problemas contextualizados de regra de três simples e composta, direta e inversa; Explorar regularidades e relações de interdependência de diversos tipos, inclusive as sucessões aritméticas e geométricas, representando relações de interdependência por meio de gráficos de variadas formas, e construindo significativamente o conceito de função; Conhecer as principais características das funções polinomiais de grau 1, grau 2, ... grau n, sabendo esboçar seu gráfico e relacioná-lo com as raízes das equações polinomiais correspondentes, e explorar intuitivamente as taxas de crescimento e decrescimento das funções correspondentes; Conhecer as propriedades fundamentais de potências e logaritmos, sabendo utilizá-las em diferentes contextos, bem como sistematizá-las no estudo das funções exponenciais e logarítmicas; Compreender e aplicar as relações de proporcionalidade que caracterizam as razões trigonométricas (seno, cosseno, tangente, entre outras) em situações práticas, bem como 282 ampliar o significado de tais razões por meio do estudo das funções trigonométricas, associando as mesmas aos fenômenos periódicos em diferentes contextos; Utilizar uma linguagem adequada para a representação de formas geométricas a partir da percepção do espaço e das formas, reconhecendo e classificando formas planas (ângulos, triângulos, quadriláteros, polígonos, circunferências, entre outras) e espaciais (cubos, paralelepípedos, prismas, pirâmides, cilindros, cones, esferas, entre outras); Explorar a linguagem e as ideias geométricas para desenvolver a capacidade de observação, de percepção de relações como as de simetria e de semelhança, de conceituação, de demonstração, ou seja, de extração de consequências lógicas a partir de fatos fundamentais diretamente intuídos ou já demonstrados anteriormente; Explorar relações geométricas especialmente significativas, como as relativas às somas de ângulos de polígonos, aos Teoremas de Tales e de Pitágoras, e muito especialmente as relações métricas relativas ao cálculo de comprimentos, áreas e volumes de objetos planos e espaciais; Explorar uma abordagem algébrica da geometria – ou seja, a geometria analítica, representando retas e curvas, como as circunferências e as cônicas, por meio de expressões analíticas e sabendo resolver problemas geométricos simples por meio de mobilização de recursos algébricos; Explorar de modo significativo as relações métricas e geométricas na esfera terrestre, especialmente no que tange a latitudes, longitudes, fusos horários; Resolver problemas de escolhas que envolvem a ideia de otimização (máximos ou mínimos) em diferentes contextos, recorrendo aos instrumentos matemáticos já conhecidos, que incluem, entre outros temas, a função polinomial do 2º grau e algumas noções de geometria analítica; Compreender a ideia de aleatoriedade, reconhecendo-a em diferentes contextos, incluindo-se jogos e outras classes de fenômenos, e sabendo quantificar a incerteza por meio do cálculo de probabilidades em situações que envolvem as noções de independência de eventos e de probabilidade condicional; 283 Saber organizar e/ou interpretar conjuntos de dados expressos em diferentes linguagens, recorrendo a noções básicas de estatística descritiva e de inferência estatística (média, mediana,desvios, população, amostra, distribuição binomial, distribuição normal, entre outras noções) para tomar decisões em situações que envolvem incerteza. Saber reconhecer problemas relacionados à sistemas lineares, e compreender as diversas formas e estratégias de resolução desses sistemas, seja graficamente ou com uso de matrizes e de determinantes 3. BIBLIOGRAFIA A) Livros e Artigos 1. BICUDO, Maria Aparecida Viggiani (Org.). Educação Matemática. 2. ed., São Paulo: Centauro, 2005. 2. BOYER, Carl B. História da matemática. 3. ed., São Paulo: Edgard Blucher, 2010. 3. D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Educação Matemática: da teoria à prática. 13. ed., Campinas, SP: Papirus, 2006. 4. DEVLIN, Keith. O gene da matemática: o talento para lidar com números e a evolução do pensamento matemático. Rio de Janeiro: Record, 2004. 5. FIORENTINI, Dario; Lorenzato, Sergio. Investigação em educação matemática: percursos teóricos e metodológicos. Campinas: Autores associados, 3. ed., 2009. 6. LIMA, Elon Lages et al. A matemática do Ensino Médio. Rio de Janeiro: SBM, 1999. v. 1, 2 e 3 (Coleção do Professor de Matemática). 7. MACHADO, Nilson José. Matemática e língua materna: análise de uma impregnação mútua. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2011. 8. PARRA, Cecília; SAIZ, Irma (Org.). Didática da Matemática: reflexões psicopedagógicas. Tradução de Juan Acunã Llorens. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. 9. PIRES, Célia Maria Carolino. Currículos de Matemática: da organização linear à ideia de rede. São Paulo: FTD, 2000. B) Publicações Institucionais 1. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Matemática. Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em: \<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/matematica.pdf\> Acesso em: 02 ago. 2013. 2. SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Caderno do professor: matemática; ensino fundamental. São Paulo: SE, 2009. 3. SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Caderno do professor: matemática; ensino médio. São Paulo: SE, 2009. 4. SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Currículo do Estado de São Paulo: matemática e suas tecnologias. São Paulo: SE, 2012. Disponível em: \<http://www.educacao.sp.gov.br/a2sitebox/arquivos/documentos/238.pdf\>. Acesso em: 18 jul. 2013.