artigo folha de são paulo 24 de março 2016 surto h1n1 acelera

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FOLHA DE SÃO PAULO
QUINTA-FEIRA, 24 DE MARÇO DE 2016
Surto acelera vacinação em SP e leva hospital
a criar 'ala da gripe'
Rede particular de saúde registra neste ano disparada de casos de influenza dois meses antes do
que era esperado...
Estado antecipa imunização ‘antiga’ em região crítica e negocia adiantar a compra de novo
imunizante...
CLÁUDIA COLLUCCI - São Paulo
O aumento inesperado de casos de gripe influenza levou hospitais privados de São
Paulo a criar alas especiais para atender os infectados e a uma tentativa do governo
paulista de acelerar a vacinação de combate ao vírus A (H1N1).
Prevista a partir de 30 de abril, quando começa a campanha nacional, a vacina já
foi antecipada, com lotes do ano passado, na região noroeste do Estado – assim como
ocorrerá com profissionais de saúde da capital. O governo também negocia adiantar a
compra da nova vacina, da fabricante francesa Sanofi Pasteur, diante do surto de gripe
H1N1 dois meses antes do previsto.
Na rede particular, hospitais como Albert Einstein, Nove de Julho e Samaritano
passaram a reservar nas últimas semanas áreas específicas aos pacientes gripados para
evitar a transmissão do vírus na espera por atendimento.
Eles recebem máscaras assim que chegam ao pronto-socorro. "É uma forma de
proteger quem está do lado", afirma Antonio Carlos Pignatari, infectologista do Nove de
Julho, onde foram confirmados (por exames) neste ano 15 casos de H1N1 –14 em março.
Em 2014 e 2015, foram quatro casos confirmados, ao todo.
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O "kit gripe" do Einstein inclui, além da máscara, lenços de papel e álcool gel. Os
atendimentos por influenza (com diagnóstico clínico) no hospital tinham, até dia 19,
subido quase 150% em relação ao mesmo período do ano passado –de 850 para 2.108.
No Samaritano, a ala criada para atender pacientes com dengue e zika acabou
usada para vítimas de gripe.
Segundo Bianca de Miranda, infectologista do hospital, foram 109 casos positivos
de H1N1 até 19 de março, contra nenhum na mesma época de 2015. Duas pessoas
morreram. Só a forma mais grave da gripe, a SRAG (Síndrome Respiratória Aguda
Grave), é de notificação compulsória.
Na capital, havia nos últimos dias 35 casos da síndrome associados ao H1N1, com
quatro mortes – em igual período de 2015, doze casos e nenhum óbito. No Estado, havia
191 casos de SRAG atribuídos ao vírus influenza em geral (157 ao H1N1), com 27 mortes –
em dois meses, mais de metade do ano passado inteiro.
A região de São José do Rio Preto é epicentro do surto de H1N1 no Estado, com 82
casos e dez mortes. Por isso, a vacinação começou nesta quarta (23) para a população de
maior risco (como idosos, gestantes e crianças).
Essa vacina vem do estoque do ano passado e tem composição diferente da que
será aplicada no fim de abril. É provável que essas pessoas tenham que ser revacinadas
porque só estarão imunizadas para o H1N1 que circulou em 2015, não contra outros vírus
influenza.
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VÍRUS ATINGE MÉDICOS E ENFERMEIROS DO HC
Ao menos 50 funcionários foram infectados pelo H1N1 nas últimas semanas, após alta da
demanda de pacientes...
Profissionais chegaram a ser internados na UTI; secretaria negocia doses de vacina para a
equipe do hospital...
O surto de gripe A (H1N1) na capital paulista também atinge médicos, enfermeiros
e outros profissionais de saúde do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Ao menos 50 funcionários foram afetados nas últimas semanas, após o hospital
registrar aumento do número de pacientes com o vírus, de acordo com Marcos Boulos,
coordenador de controle de doenças da Secretaria de Estado da Saúde do governo
Geraldo Alckmin (PSDB).
Alguns profissionais tiveram insuficiência respiratória e precisaram ser até mesmo
internados na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
Segundo Boulos, a secretaria está negociando com a Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária) o envio de 20 mil doses da vacina para imunizar os funcionários do
hospital.
O Estado também analisa estender a imunização extra a outros grupos de risco.
"O surto de gripe está na cidade toda, e o Hospital das Clínicas reflete isso. Dos dez
pacientes que eu atendi hoje, seis estavam com influenza. Tem paciente que ficou uma
semana de cama", afirma o clínico-geral Gustavo Gusso, professor da Faculdade de
Medicina da USP.
Boulos afirma que o aumento de casos de gripe H1N1, dois meses antes do
esperado, "é totalmente atípico para essa época do ano".
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HIPÓTESE
Para o infectologista Artur Timerman, uma hipóteses para explicar a situação é que
o vírus tenha sido "importado" do hemisfério Norte e encontrado condições favoráveis
para se proliferar.
"Está tendo um surto de gripe A (H1N1) na Flórida, especialmente em Orlando. E
muitos brasileiros viajam para lá", afirma.
De acordo com o infectologista Celso Granato, professor da Unifesp (Universidade
Federal de São Paulo) e diretor clínico do grupo de diagnóstico Fleury, a antecipação dos
casos de gripe pegou "todo mundo de surpresa".
Nem a rede privada dispõe ainda da vacina preconizada para este ano, que contém
o influenza A, dois tipos de influenza B distintos e o H1N1. Ela deve chegar ao Brasil em 11
de abril.
O medicamento Tamiflu, usado para combater a gripe, também está em falta nas
farmácias.
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