ENG06632-Metalurgia Extrativa dos Metais Não-Ferrosos II-A Nestor Cezar Heck - DEMET / UFRGS 40 12. REFINO PELO TRANSPORTE POR FASE VAPOR 12.1 INTRODUÇÃO É o tratamento de refino em que o metal de valor, Me, pré-purificado, reage preferencialmente com um constituinte da fase gasosa, formando um composto também no estado gasoso. Pela sua decomposição, em um outro sítio, o metal retorna ao estado original – uma fase condensada – sob uma forma ‘pura’. As impurezas, neste caso, permanecem como resíduo no local original. A passagem do metal à fase gasosa é feita através da reação seletiva com um constituinte Y, segundo uma equação genérica do tipo: xMe(s) + yY(g) = MexYy(g). O produto gasoso MexYy(g) é transportado – por convecção ou difusão – até outro ponto do reator (ou mesmo até outro reator), onde é submetido à condições termodinâmicas tais – normalmente pelo controle da temperatura – que revertem a reação provocando a sua decomposição. Enquanto o metal Me se deposita sob uma forma ‘pura’, a substância Y(g), liberada pela decomposição (pode-se dizer, ‘reciclada’) está apta para ser usada mais uma vez na reação; o ciclo se repete até que ‘toda’ a massa de metal ‘impuro’ tenha sido purificada. Essa é a base do método ‘Van Arkel-de Boer’ para a produção de Ti, Zr, Cr, etc. de elevado grau de pureza. O método de purificação do alumínio por meio de sub-haleto, segundo a reação: 2Al(l) + AlCl3(g) = 3AlCl(g), também se enquadra nessa categoria. Nesse caso, o equilíbrio se ‘desloca para a direita’ em temperaturas elevadas. Assim, passando-se AlCl3 sobre alumínio líquido ‘impuro’, mantido à 1200oC, forma-se o sub-cloreto. Resfriando-se o sub-cloreto até aproximadamente 700oC a reação se inverte, o alumínio ‘puro’ se condensa, enquanto que o AlCl3 ‘nascente’ é reconduzido ao sítio inicial. O refino pelo transporte por fase vapor, RTFV, é um processo de pequena escala, onde a qualidade é um fator mais relevante que o custo do produto. 12.2 TERMODINÂMICA DO RTFV O controle do processo RTFV é feito fundamentalmente com base no conhecimento da temperatura para a qual a função ∆G° = f (T) da reação estequiométrica de formação do composto gasoso apresenta o valor zero. Enquanto que no local (ou reator) onde se encontra o metal ‘impuro’ o equilíbrio se desloca para a direita e a temperatura é tipicamente a menor, no outro sítio (ou reator) o oposto disso é o verdadeiro. O volume de gás em cada uma das correntes gasosas, entre os dois sítios, pode variar, pois o número de mols de cada substância gasosa é diferente; além disso, como a reação se processa em temperaturas diferentes, o volume de gás também acaba sendo influenciado em parte por este fator. C.B. Alcock e J.H.E. Jeffes, estudando este processo, concluíram que as condições ótimas de operação dependem: (i) da ‘multiplicidade da reação’, isto é, do número de átomos de cada uma das espécies, nas moléculas gasosas que são transferidas; (ii) da pressão total do sistema; e (iii) da temperatura de operação. Essas condições, com base na termodinâmica, devem ser tomadas apenas como um guia útil, uma vez que o equilíbrio não provê informações a respeito da taxa de transferência de massa entre os dois sítios onde se processam as reações.