- Associação Brasileira de Horticultura

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Caracterização de isolados de Colletotrichum lagenarium através de
padrões eletroforéticos de isoenzimas
Patrícia R. P. Rios1; Edson B. Silva Neto 2; Elineide B. Silveira1; Luíza S. S. Martins3 ;
Andréa M. A. Gomes2
1
2
3
UFRPE - Depto.Biologia/Microbiologia; Depto.Agronomia/Fitossanidade; Depto. Biologia/Genética; CEP
52171-900, Recife, PE; E-mail:[email protected]
RESUMO
Colletotrichum lagenarium , agente causal da antracnose, é um dos mais severos
patógenos do pepino no Estado de Pernambuco. Um total de dezenove isolados foram
avaliados através de análise eletroforética de isoenzimas, utilizando os sistemas:
esterase, malato desidrogenase, fosfatase ácida e fosfatase alcalina. Na atividade
esterásica e fosfatase ácida os isolados mostraram comportamento polimórfico em
relação aos sistemas malato desidrogenase e fosfatase alcalina, onde revelaram
comportamento monomórfico. As isoenzimas analisadas permitiram a separação dos
isolados em cinco grupos distintos. Os isolados de C. lagenarium , mostraram uma
pequena variabilidade genética, mas, com possível existência de raças fisiológicas.
Palavras-chave: Antracnose, Cucumis sativus, isoenzimas.
ABSTRACT
Caracterization of Colletotrichum lagenarium isolateds by electrophoresis of
isoenzymes.
Colletotrichum lagenarium, causal agent of cucumber’s anthracnose, is one of the
most severe pathogens of cucumber in Pernambuco State. A total of nineteen strains were
evaluated from the electrophoresis of isoenzymes, using the systems: esterase, malatodehydrodrogenase, acid and alkaline phosphatase. In the activities of esterase and acid
phosphatase
the
strains
showed
polymorphism
whereas
the
systems
malato-
dehydrogenase and alkaline-phosphatase indicated a monomorphic behavior. The
analyzed isoenzymes allowed the separation of the strains into five different groups. The
strains of C. lagenarium showed low genetic variation but probable existence of
physiological races in the population
Keywords: Anthracnose, Cucumis sativus, isoenzyme.
A antracnose, causada pelo fungo Colletotrichum lagenarium é uma das principais
doenças do pepino, afetando todas as partes da planta, em função da desfolha precoce,
redução no número de colheitas e qualidade dos frutos. Nas estratégias de controle de
doenças de plantas, é imprescindível o conhecimento da biologia do patógeno,
considerando a extensão da diversidade genética dentro da população (Brown, 1998).
A análise de isoenzimas tem sido empregada para estimar a variação genética em
populações, resolver controvérsias taxonômicas e identificar taxa desconhecidos (Alfenas,
1998). O estudo isoenzimático tem contribuído para distinguir várias espécies de
Colletotrichum ou mesmo isolados de uma mesma espécie (Rego et al., 1994). Este
trabalho teve como objetivo, caracterizar isolados de C. lagenarium obtidos de plantas de
pepino oriundos de diferentes localidades do Estado de Pernambuco, através de análise
isoenzimática.
MATERIAL E MÉTODOS
Dezenove isolados de C. lagenarium, obtidos de diferentes localidades do Estado
de Pernambuco, foram cultivados em 50 mL de meio líquido batata-dextrose (BD) durante
oito dias, sob o regime de luz contínua, a 28 °C. Após o período de incubação, o
crescimento fúngico foi filtrado. Para a obtenção dos extratos protéicos, 1 g de micélio de
cada um dos isolados foi macerado. Para as análises eletroforéticas foi utilizada a
metodologia de Alfenas (1998). Placas de gel de poliacrilamida a 7% foram preparadas
pela mistura de bis-acrilamida - 0,28 g; acrilamida - 5,32 g; temed (tetrametildiamina) 0,08 mL; persulfato de amônia 10% -0,8 mL; tampão tris-glicina - 80mL. Após a
polimerização do gel, 10 µL do extrato proteíco foram colocados em cada cavidade do gel.
A corrida foi realizada a 4 º C, mantendo-se a corrente constante a 10 mA, em cuba
horizontal, conte ndo tampão tris-glicina 0,125 M, pH 8.2. Como marcador da corrida foi
utilizado o azul de bromofenol.
Para detecção de bandas formadas nos géis, foram utilizados métodos de
coloração,
para os sistemas esterase, fosfatase alcalina, fosfatase ácida e malato
desidrogenase, seguindo a metodologia de Alfenas (1998).
A avaliação foi realizada através do número e posição das bandas formadas nos
géis. O cálculo da mobilidade relativa (Rf) das bandas foi feito pela fórmula descrita por
Alfenas (1998). Os isolados foram agrupados a partir de fenótipos encontrados, utilizandose o software NTSYS.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os sistemas esterase, fosfatase alcalina, fosfatase ácida e malato desidrogenase
agruparam os 19 genótipos em 3, 4, 5 e 2 grupos fenótipicos respectivamente (Figura 1).
As isoenzimas analisadas permitiram a separação dos isolados em cinco grupos distintos
(Figura 2). A maioria dos isolados apresentou proximidade genética, sendo observado em
alguns genótipos 100% de similaridade. Em
geral, os isolados de C. lagenarium
mostraram uma pequena variação genética, porém guardando certa afinidade entre eles.
De modo semelhante, Couto et al. (2002) e Lima e Menezes (2002) observaram pequena
variação fenótipica quando estudaram isolados de espécies do gênero Colletotrichum. O
nível de variação intraespecífica observado nos sistemas, sugere que a separação dos
isolados em cinco grupos, seja explicada pelo somatório de outras características, tais
como características patogênicas, fisiológicas, morfológicas ou possivelmente da
existência de raças diferentes de C. lagenarium.
LITERATURA CITADA
ALFENAS, A. C. Eletroforese de isoenzimas e proteínas afins -fundamentos e aplicações
em plantas e microrganismos. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 1998. 574 p.
BROWN, J. K. M. Surveys of variation in pathogen population and their application to
disease control. In: JONES, G. (Ed.). The epidemiology of plant diseases. Dordrecht:
Kluwer, 1998. p. 73-102.
COUTO, E. F.; MENEZES, M.; COELHO, R.S.B. Avaliação da patogenicidade e
diferenciação enzimática em meio sólido específico de isolados de Colletotrichum musae.
Summa Phytopatologica, Botucatu, v.28, n.3, p. 260-266, 2002.
LIMA, M. L. F.; MENEZES, M. Estudos comparativo e de padrões protéicos e
isoenzimáticos. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v. 27, p.12-16, 2002.
REGO, A. M.; MAFFIA, L. A.; ALFENAS, A. C. Virulência e análise de isoenzimas de
Colletotrichum orbiculare. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v. 19, p. 552-559, 1994.
A
C
B
D
Figura 1 - Zimograma da variação isoenzimática de esterase (A), fosfotase alcalina (B), fosfatase ácida (C)
e malato desidrogenase (D) em 19 genótipos de Colletotrichum lagenarium.
Figura 2 - Análise de agrupamento de 19 genótipos de Colletotrichum lagenarium, obtida
através do software NTSYS.
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