SEMENTE Estrutura de propagação das plantas superiores origina-se do óvulo fecundado. Presente em Gimnospermas e Angiospermas, a semente é a unidade reprodutiva que dá início a uma nova geração. Contém o novo esporófito sob forma de embrião e protege-o contra a dessecação, danos mecânicos e ataques de organismos diversos (microorganismos, insetos etc.). Assim, seu surgimento de importância vital para o sucesso evolutivo das plantas terrestres. Dependem das características morfológicas, fisiológicas e bioquímicas da semente, o tempo e o local de estabelecimento do novo indivíduo, além do vigor da plântula jovem. Basicamente, a semente é constituída das seguintes partes: O embrião; O endosperma (à vezes ausente); A casca (tegumento seminal). Formação da semente Após a fecundação, dentro do óvulo, o zigoto sofre divisões sucessivas, dando origem ao embrião e cotilédone, ou cotilédones. Em alguns casos, como houve uma dupla fecundação, formou-se no interior do óvulo uma célula triplóide, denominada "célula-mãe-do endosperma" que, ao se multiplicar, origina um tecido de reserva denominado albúmem ou endosperma (3n), que pode aparecer em algumas dicotiledôneas e é freqüênte nas monocotiledôneas. Enquanto isto, as duas camadas de células externas do óvulo, a primina e a secundina, originam a casca ou tegumento da semente. Tegumento Professor Regis Romero O tegumento ou casca, reveste a amêndoa e geralmente se divide em testa e tégmen, que procedem, respectivamente, da primina e da secundina do óvulo. Constituem os envoltórios da semente, sendo a testa o externo e o tégmen o interno. Nos frutos de pericarpo indeiscente, geralmente os tegumentos da semente são delgados e menos lignificados do que os das sementes dos frutos carnosos ou de pericarpo deiscente. As sementes estão ligadas a parede do fruto pelo funículo, e ao se destacarem, fica uma cicatriz na testa, denominada hilo, que corresponde ao hilo do óvulo. Na testa distingue-se, ainda, a micrópila, que também corresponde a do óvulo, identificada por pequeno orifício próximo ou não do hilo. A testa pode apresentar os seguintes aspectos: liso no feijão; rugoso no mamão; piloso no algodão; gelificado na romã; estriado no tabaco; pregueado na esporinha; reticulado no agrião (Nasturtium officinale); alveolado na papoula; colorido no olho-de-pombo (Abrus precatorius) e no feijão; manchado na mamona. Há ainda, sementes com expansões aliformes (sementes aladas ou samaróides) como as dos ipês, da flor-de-são-joão (Pyrostegia venusta) do jequitibá e da merindiba-rosa (Lafoensia glyptocarpa). A consistência da testa varia com os diferentes tipos de sementes, sendo as mais comuns as seguintes: lenhosa, carnosa e membranosa. Amêndoa A amêndoa é a parte mais importante da semente, constituída de albúmem ou endosperma, formando, por divisão, da célula resultante da fusão do núcleo espermático com dois núcleos polares, e do embrião, oriundo do zigoto. O albúmem é um tecido de reserva e, quando falta, a semente denomina-se exalbuminada, como no feijão, ervilha, orquídea e cacau. Nesse caso, o embrião ocupa todo o interior da semente e as reservas nutritivas localizam-se no cotilédone ou cotilédones, conforme se trata de planta Monocotiledônea, Dicotiledônea ou Gimnosperma. Quando a amêndoa tem albúmem, a semente é denominada de, semente albuminada. Ex. pinhão, algodão, mamão, café, milho, trigo, centeio, cevada e demais Gramíneas. O embrião ocupa posição variável no albúmem central na mamona e lateral no milho. Nas Ginospermas, o albúmem ou endospermas já se encontra formado antes de dar-se a fecundação do óvulo. ALBÚMEM (Endosperma) Segundo a natureza químicas das reservas e a consistência, o albúmem pode classificar-se nas seguintes categorias: 1. Oleaginoso - quando contém substância oleaginosas e protídeos. Ex. mamona, coco-da-bahia, noz-européia, algodão e girassol. 2. Córneo - paredes das células muito espessas e endurecidas, devido ao acúmulo de reservas representadas pela celulose. Ex. café, tâmara, marfim-vegetal ou jarina (Phytelephas macrocarpa e P. microcarpa). 3. Gelatinoso - as reservas são constituídas pela celulose que impregna as paredes celulares, porém, com a absorção da água, elas amolecem e se gelificam, como em certas gramíneas. 4. Amiláceo - o amido é a principal reserva, havendo contudo, pequena porcentagem de albuminóides. No milho, no arroz, no trigo e no fruto de outras Gramíneas, a camada periférica do albúmem não tem amido, mas substância albuminóides, a conhecida camada aleurônica. EMBRIÃO O embrião ou planta embrionária, mostra-se com aspectos distintos nas diversas espécies de semente e isso devido ao relativo desenvolvimento de suas Professor Regis Romero partes, contudo, salvo algumas exceções, o embrião é formado dos mesmos órgãos, as quais, na maioria das sementes, são: Plúmula, caule embrionário. Cotilédones, folhas seminais, às vezes uma apenas. Hipocótilo, parte do embrião entre a inserção dos cotilédones e a extremidade superior da radícula, muito curta em algumas sementes. Radícula, raiz embrionária Em reduzido número de plantas, entre elas a maioria das orquídeas, o embrião é extremamente rudimentar e consiste, no mais das vezes, de uma pequena massa de células indiferenciadas. A reunião da plúmula hipocótilo e radícula, forma o eixo do embrião. Durante a germinação da semente, a plúmula desenvolve-se a dá o caule, a radícula dá origem á raiz primária. Os cotilédones são folhas inseridas lateralmente no eixo do embrião e são de duração limitada. Diferem das folhas normais ou típicas da planta, em virtude de sua adaptação às funções de reserva dos alimentos ou da função de absorção dos alimentos do endosperma. Em algumas plantas, os cotilédones podem fotossintetizar por certo tempo, depois da saída do embrião dos tegumentos da semente. A porção do eixo principal do embrião, abaixo dos cotilédones e acima da radícula, denomina-se hipocótilo. Dificilmente se pode determinar, sem o estudo anatômico do embrião, onde a radícula e o hipocótilo se unem, uma vez que é no hipocótilo que se dá a transição na posição do floema e do xilema, os quais, na radícula se alternam radialmente e no hipocótilo estão unidos num feixe, com o floema externo ao xilema. Na extremidade da radícula há um meristema apical, geralmente seguido pela coifa como acontece nas raízes típicas. Às vezes a plúmula é muito pequena e pouco desenvolvida, consistindo unicamente o ápice vegetativo do caule embrionário. Em muitos embriões, todavia, a plúmula é rodeada por primórdios foliares e, com o meristema apical, forma a gema terminal. Professor Regis Romero