Ricardo Serrão Santos, IMAR - Instituto do Mar e Departamento de

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Ciência
Sábado, 17 Outubro 2009 00:00
Ricardo Serrão Santos, IMAR - Instituto do Mar e Departamento de Oceanografia e Pescas
da Universidade dos Açores.
Introdução
Os mares e oceanos têm um papel vital para a vida do planeta Terra. Para além de fonte
importante de recursos vivos, minerais e energéticos têm assegurado a reciclagem e o
depósito de numerosos contaminantes com que as sociedades modernas, após a revolução
industrial, vêm poluindo os ecossistemas do planeta que habitamos. Deste modo têm vindo a
adiar, mas não a eliminar, cenários de catástrofe ambientais. Os estudos actuais em ciências
do mar são assim importantes, não só em termos estritamente científicos, mas também dadas
as relevância e urgência social, económica, política e de gestão. Portugal está particularmente
be
m posicionado para o desenvolvimento e aplicação da investigação naquele domínio científico.
Portugal, que detém uma das maiores Zonas Económicas Exclusivas da Europa , na qual
grande parte é oceano aberto e mar profundo, tem assim condições especiais, mas também
obrigações para desenvolver a investigação em ciências do mar. A investigação científica
nacional em ciências do mar, apesar de tardia no âmbito do sistema científico mundial e
nacional, tem vindo a fazer progressos acentuados em comparação com outros domínios
disciplinares. Na última década o ranking de publicações científicas indexadas
internacionalmente em domínios das ciências marinhas e afins passou para o 13ª lugar,
quando na década passada ocupava o 30ª lugar entre os diferentes tópicos identificados pelo
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Ciência
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portal Web of Knowledge. Neste artigo são analisados alguns dos progressos alcançados e
encarado com optimismo o progresso científico nacional para o século XXI, agora que o país
está dotado de uma estratégica nacional para os Oceanos, de uma estratégia nacional para o
Mar e que dispõe de dois navios oceanográficos de alto mar e um ROV que pode explorar os
oceanos até à profundidade de 6000 metros, e uma comunidade científica relevante distribuída
por Laboratórios de Estado, Laboratórios Associados, Universidades e Centros de
Investigação.
O Quadro Europeu
Dado a reconhecida importância dos oceanos em processos vitais para as sociedades
humanas, o seu estudo, sob os diversos pontos de vista, biológico e físico, tem vindo a ganhar
particular relevância no âmbito das estratégias de financiamento internacionais e europeias.
Desde há já vários anos que na Europa se organiza a conferência EurOcean. Na reunião de
2004, realizada em Galway, foram definidos os principais desafios para o futuro na área das
Ciências e Tecnologias do Mar, assim como o papel essencial que devem desempenhar o
Espaço Europeu de Investigação e a proposta da comissão, 7º Programa-Quadro de
Investigação (2007-2013), no apoio à excelência, a nível mundial, na ciência e tecnologia
marinhas.
A Declaração de Galway define os objectivos e as problemáticas prioritárias da investigação
científica em Ciências do Mar para uma Europa de competitividade. Algumas das prioridades
ali assinaladas apontam para: 1) a implementação de uma perspectiva baseada no
ecossistema tendo em vista o desenvolvimento sustentável; 2) a integração das novas e
excitantes descobertas em
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Ciência
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micro-organismos
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3/5
Ciência
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