Artigo Original Fatores associados ao câncer de mama em mulheres de uma cidade do Sul do Brasil: estudo caso-controle Factors associated with breast cancer in women from southern Brazilian city: case-control study Juliana Cristine dos Anjos1, Arlene Alayala2, Doroteia Aparecida Höfelmann3 Resumo Objetivou-se analisar a associação de fatores sociodemográficos, reprodutivos, hábitos de saúde e histórico da doença com o câncer de mama em mulheres de Joinville (SC). Foram entrevistadas pacientes com câncer de mama de um serviço de referência para tratamento da doença e selecionados um controle da vizinhança e um controle da unidade de saúde, pareados por idade. Razões de chances brutas e ajustadas foram calculadas por meio da regressão logística. Foram avaliados 170 casos e 340 controles e não houve diferença na média de idade entre os grupos. Comparados aos controles vizinhos, os casos apresentaram maiores chances de: não desempenharem atividade remunerada, estado de miséria, menor tempo de amamentação, maior realização de abortos e menopausa. Entre os controles da unidade de saúde, a ocorrência de aborto, o uso de pílula e/ou injeção, o consumo alcoólico, o consumo muito elevado de alimentos gordurosos e o câncer de mama na família diferiram em relação aos casos. Observaram-se diferenças importantes quanto ao tipo de controle analisado e as variáveis associadas ao câncer de mama. Palavras-chave: neoplasias da mama; fatores de risco; saúde da mulher; estudos de casos e controles. Abstract The objective was to analyze the association of factors socio-demographic, reproductive, health habits and disease history with breast cancer in women of Joinville (SC), Brazil. Patients with breast cancer in a reference center for treatment of the disease and selected a control of the neighborhood and a control of the health care, age-matched, were interviewed. Crude and adjusted Odds Ratio were performed by logistic regression. One hundred seventy cases and 340 controls were evaluated, and there was no difference in mean age between groups. When compared to controls neighbors, cases were more likely to: do not perform paid activity, situation of misery, shorter duration of breastfeeding, more abortions and menopause. Among controls of the health care, the incident of abortion, the use of pill and/or injection, alcoholic consumption, high consumption of fatty foods and breast cancer in the family differed in relation to cases. Important differences were observed as for the type of analyzed control and the variables associated with breast cancer. Keywords: breast neoplasms; risk factors; women’s health; case-control studies. Trabalho realizado na Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), Itajaí (SC), Brasil. 1 Nutricionista pela UNIVALI – Itajaí (SC), Brasil; Mestranda em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – Florianópolis (SC), Brasil. 2 Enfermeira Chefe do Posto de Atendimento Médico do Boa Vista – Joinville (SC), Brasil. 3 Mestre e Doutoranda em Saúde Pública pela UFSC – Florianópolis (SC), Brasil; Professora do curso de Nutrição da UNIVALI – Itajaí (SC), Brasil. Endereço para correspondência: Doroteia Aparecida Höfelmann – Rua Uruguai, 458 – Centro – Caixa Postal 360 – CEP: 88302-202 – Itajaí (SC), Brasil – E-mail: [email protected] Fonte de financiamento: nenhuma. Conflito de interesse: nada a declarar. Cad. Saúde Colet., 2012, Rio de Janeiro, 20 (3): 341-50 341 Juliana Cristine dos Anjos, Arlene Alayala, Doroteia Aparecida Höfelmann INTRODUÇÃO O câncer de mama é o segundo mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres. No Brasil, a cada ano, cerca de 22% dos novos casos de câncer em mulheres são de mama1. Na região Sul, o câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres com um risco estimado de 38 casos novos a cada 100 mil. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, este tipo de câncer também é o mais frequente nas mulheres das regiões Sudeste, Centro-oeste e Nordeste2. Dentre as enfermidades ginecológicas, o câncer de mama apresenta grande importância, não só pela incidência elevada, mas também pelos fatores emocionais, sociais, psicológicos e estéticos envolvidos3. A etiologia do câncer de mama é multifatorial. Pesquisas epidemiológicas indicam que a incidência e a sobrevida de câncer de mama são influenciadas por fatores socioeconômicos e demográficos4, devido aos distintos padrões culturais entre diferentes classes sociais, e às contínuas mudanças no tempo e espaço de estilos de vida e exposições de risco para câncer entre classes sociais5. Uma série de fatores de risco relacionados com a história reprodutiva tem sido identificada, como nuliparidade, idade tardia ao primeiro parto (após os 30 anos), menarca precoce (antes dos 11 anos), menopausa tardia (após os 50 anos), terapia de reposição hormonal e uso prolongado de contraceptivos orais6. Entretanto, o fator idade continua sendo um dos mais importantes, sendo que a incidência do câncer de mama aumenta rapidamente até os 50 anos e, posteriormente, o mesmo ocorre de forma mais lenta. Outros fatores de risco têm sido associados à causalidade da doença, como história familiar de primeiro grau e pessoal de câncer de mama; obesidade pós-menopausa e exposição a altas doses de radiação ionizante2,7. A dieta tem sido postulada como um fator de risco significativo para o desenvolvimento do câncer, destacando-se uma dieta rica em açúcares, produtos industrializados, colesterol, ácidos graxos trans e saturados, pobre em fibras e alimentos fontes de compostos antioxidantes e fitoestrógenos. Porém, outros fatores como o consumo excessivo de bebidas alcoólicas e a obesidade (principalmente abdominal) também aumentam o risco de desenvolvimento do câncer8. No Brasil, alguns estudos sobre variáveis associadas com o câncer de mama foram desenvolvidos, contudo, a maioria deles foi realizada com base em registros de instituições de tratamento ou de diagnóstico, sendo pesquisas de associação nas quais nem sempre é possível estimar a prevalência de um fator de risco de modo não viesado9. Além disso, os fatores associados à etiologia do câncer de mama ainda são bastante complexos e contraditórios, por isso, a identificação dos 342 Cad. Saúde Colet., 2012, Rio de Janeiro, 20 (3): 341-50 mesmos é necessária, visto que aumentaria as chances da detecção precoce da doença e consequentemente, possibilitaria maiores oportunidades de tratamento e sobrevida. Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo analisar a associação de fatores sociodemográficos, reprodutivos, hábitos de saúde e histórico da doença com o câncer de mama em mulheres de Joinville (SC). MATERIAL E MÉTODOS Estudo observacional do tipo caso-controle realizado entre os meses de janeiro e julho de 2008, na cidade de Joinville, que está situada na região norte de Santa Catarina, é a mais rica e populosa do estado e a terceira mais populosa da região Sul, com uma população que ultrapassou pouco mais de 515 mil habitantes em 201010. A cidade de Joinville apresenta uma Unidade de Saúde — Posto de Atendimento Médico Boa Vista (PAM Boa Vista) — que presta serviços ambulatoriais em várias especialidades e, é considerada referência para portadores de doenças de mama dos municípios da região Nordeste de Santa Catarina. Para definição da amostra foi considerado um nível de confiança de 95% e um poder de estudo de 80% para identificar uma razão de chances (RC) de 2,10 dos fatores de risco entre casos e controles, o que indicou 143 casos. Ao resultado foi acrescido um percentual de 20% para compensar eventuais perdas e/ou recusas e garantir maior poder ao estudo, o que totalizou 173 casos. Para cada um dos casos, foram selecionados dois controles pareados por idade (cinco anos para mais ou para menos), sem faixa etária pré-definida: uma paciente que tivesse procurado o serviço por outro motivo, e uma vizinha da paciente caso, o que permitiu estimar uma amostra de aproximadamente 519 mulheres. Em relação aos casos, foram consideradas elegíveis para o estudo mulheres que residiam na cidade de Joinville e que haviam descoberto a doença entre os anos de 2000 a 2007. Os controles vizinhos foram selecionados partindo da primeira residência à esquerda do caso visitado, quando não aceitavam participar da pesquisa e/ou quando não estavam dentro do pareamento por idade, logo, seguia-se ao próximo domicílio à esquerda. Os controles do posto foram selecionados no PAM, enquanto aguardavam o atendimento por outro motivo que não o câncer de mama ou outros tipos de cânceres, de acordo com o pareamento por idade (cinco anos para mais ou para menos) e residência em Joinville. Foi realizado um levantamento nos bancos de dados do PAM para identificar os casos de câncer de mama diagnosticados no período de 2000 a 2007. Foram identificados 609 casos, perfazendo uma média anual de cerca de 76 casos Fatores associados ao câncer de mama novos. Ao subtrair as mulheres que não residiam em Joinville (n=152) e os óbitos (n=38) — identificados por meio da consulta direta aos dados da Vigilância Epidemiológica da cidade —, restaram 419 casos, sendo que desses, após o contato telefônico inicial foram identificados 15 (3,6%) óbitos adicionais. Além disso, 183 casos (43,7%) não foram encontrados. Todos os 221 casos restantes foram contatados. O contato para marcar a entrevista com as mulheres com câncer de mama foi realizado por telefone e a visita agendada. Foram realizadas três tentativas por telefone para encontrar as mulheres selecionadas, aquelas não encontradas, mas que residiam nas proximidades de algum caso que havia aceitado participar da pesquisa tiveram suas residências localizadas e foram convidadas a participar da mesma. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário que considerou a condição atual das participantes no momento da entrevista para a maior parte das questões e avaliou: características sociodemográficas: faixa etária (até 49 anos; acima de 49 anos); cor (branca; outras: preta/ amarela/parda); estado civil (casada; não casada: solteira/ separada/viúva); escolaridade (até 8 anos; acima de 8 anos); atividade remunerada (sim; não); e miséria (renda familiar per capita inferior a 0,25 salários-mínimos, sim ou não)11. Características reprodutivas: idade da menarca (até 11 anos; acima de 11 anos); nulípara (sim; não); número de filhos (até 3 filhos; acima de 3 filhos); tempo de amamentação (menos de 1 ano; acima de 1 ano); aborto (sim; não); uso de pílula/ injeção em alguma fase da vida (sim; não); menopausa (sim; não); idade do início da menopausa (até 49 anos; acima de 49 anos) e uso de terapia de reposição hormonal em alguma fase da vida (sim; não). Questões relacionadas à saúde também foram incluídas: peso e estatura referidos para avaliação do estado nutricional: sobrepeso (sim: índice de massa corporal — IMC — de 25,00 a 29,9 kg/m2; não: IMC abaixo de 25,00 kg/m2); obesidade (sim: IMC de 30,00 kg/m2 ou mais; não: IMC abaixo de 30,00 kg/m2)12; tabagismo atual (sim; não); tabagismo pregresso (sim: fumo/ex-fumante; não); consumo alcoólico semanal (bebo: uma dose ou mais; não bebo); e prática de atividade física (sim: 3 a 5 vezes na semana por mais de 40 minutos; não: menos de 3 vezes na semana por menos de 40 minutos). Características referentes ao histórico da doença: história familiar de câncer de mama (sim; não), no caso de resposta afirmativa investigou-se o grau de parentesco: mãe com câncer de mama (sim; não) ou parente de primeiro grau com câncer de mama (sim; não). Também foi observada a frequência de consumo de alguns alimentos ricos em gordura, segundo proposta de Chiara e Sichiere13. A listagem de alimentos incluiu: batata frita, carne vermelha, biscoitos, bolos/tortas, leite integral, hambúrguer, queijo, manteiga ou margarina, e salsicha; todos classificados em: consumo adequado: soma da frequência de consumo até 100 pontos; consumo elevado: soma da frequência de consumo de 101 a 119 pontos; e consumo muito elevado: soma da frequência de consumo igual ou superior a 120 pontos13. As entrevistas foram realizadas nas residências das mulheres pertencentes aos grupos dos casos e controles da vizinhança. Os controles da unidade de saúde foram entrevistados no próprio PAM. A digitação dos questionários foi efetuada no aplicativo Microsoft Excel® (Microsoft Corporation, EUA). Os questionários foram revisados e codificados pelos pesquisadores. Para garantir a qualidade da digitação, os questionários foram duplamente digitados e conferidos no programa Epi-Info (Center for Disease Control and Prevention, EUA). A análise descritiva das variáveis permitiu a verificação de valores extremos e/ou aberrantes. Foram calculadas as frequências dos fatores estudados e os respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%), entre casos e controles. Inicialmente, a associação entre as variáveis foi testada por meio da análise bivariada. As frequências foram comparadas entre os grupos por meio dos testes do χ2 de Pearson ou tendência linear, conforme apropriado. As diferenças dos valores médios entre os casos e os controles foram testadas por meio do teste t de Student. As RC brutas e ajustadas e os respectivos IC95% foram calculados por meio da regressão logística não condicional14. Adotou-se o modelo hierárquico para entrada das variáveis na análise ajustada. Primeiramente foram incluídas as características socioeconômicas/demográficas, posteriormente, incluídas as variáveis reprodutivas, hábitos de saúde e histórico da doença. Variáveis com valor de p≤0,25 foram incluídas na análise multivariável, para permanência no modelo adotou-se o nível de significância de 5%. As análises foram realizadas por meio dos aplicativos Microsoft Excel® e Stata SE 9.0 (Stata Corp. College Station, EUA). Preliminarmente à coleta de dados, o projeto de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Vale do Itajaí, Protocolo nº 646/07. As mulheres que fizeram parte dessa pesquisa assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, a identidade das mesmas foi protegida durante e após o processo de coleta dos dados e divulgação dos resultados. RESULTADOS Dentre os 221 casos elegíveis para participar do estudo houve 25 recusas (11,3%), 26 casos (11,8%) não foram Cad. Saúde Colet., 2012, Rio de Janeiro, 20 (3): 341-50 343 Juliana Cristine dos Anjos, Arlene Alayala, Doroteia Aparecida Höfelmann encontrados, restando 170 que foram entrevistados. O mesmo número de cada um dos tipos de controle (vizinhança e posto) participou da pesquisa. Observou-se que a média de idade dos casos e controles avaliados foi de 56,2 anos (desvio padrão de 10,7 anos) e variou de 31 a 84 anos. A maior parte das entrevistadas referiu cor da pele branca (casos, 91,2%; controles vizinhos, 87,6%; e controles da unidade de saúde, 89,4%) e possuía escolaridade superior a 8 anos (Tabelas 1 e 2). Não foram observadas diferenças estaticamente significativas nas médias de idade entre os casos, e os dois tipos de controles selecionados (casos, 55,9 anos, p=1,000; controles vizinhança, 55,9 anos, p=0,409; controles do posto, 57,2 anos, p=0,388). Os casos apresentaram quase duas vezes mais chances de não desempenharem atividade remunerada e de estarem em situação de miséria (renda familiar per capita inferior a 0,25 salários-mínimos), do que os controles vizinhos. A chance de amamentar por tempo inferior a um ano foi maior entre os casos, que também apresentaram maior realização de abortos e chance de estar na menopausa do que suas vizinhas. Após análise ajustada, as diferenças na proporção da idade da menopausa, sobrepeso, consumo alcoólico e na presença de história materna de câncer de mama perderam sua significância estatística entre os dois grupos (Tabela 1). Variáveis como: idade da menarca, idade da menopausa, tabagismo atual e prática de atividade física não apresentaram resultados significativos quando comparados casos, controles vizinhos e controles da unidade de saúde (Tabelas 1 e 2). Em relação aos controles da Unidade de Saúde, os casos apresentaram menor proporção de miséria. A nuliparidade não diferiu entre casos e controles (p=0,586). Observouse maior chance dos controles amamentarem por período maior do que um ano. A ocorrência de abortos entre os casos aumentou em quase duas vezes as chances de câncer de mama (RC=1,83; IC95% 1,15–2,91). O uso de contraceptivos hormonais, pílula e/ou injeção em alguma fase da vida, foi duas vezes maior entre os casos quando comparados aos controles da Unidade de Saúde. Além disso, os casos apresentaram maior chance de referir consumo alcoólico e de alimentos gordurosos. Após a análise ajustada, a história familiar de câncer de mama foi aproximadamente três vezes maior entre os casos; enquanto o uso da terapia de reposição hormonal perdeu sua significância estatística (Tabela 2). A comparação do estado civil entre os grupos também foi testada. Além de outras formas de categorização de variáveis apresentadas, como: número de filhos, obesidade, tabagismo pregresso e parente de primeiro grau com câncer de mama, contudo, não atingiram o nível de significância de 5% (dados não apresentados). 344 Cad. Saúde Colet., 2012, Rio de Janeiro, 20 (3): 341-50 DISCUSSÃO Estudos de caso-controle têm sido amplamente utilizados na pesquisa epidemiológica e são considerados particularmente eficientes na investigação de doenças que têm um longo período de latência, nas quais as exposições estudadas apresentem frequência comum na população15. O câncer de mama, desfecho estudado na presente pesquisa, e as exposições avaliadas atendem aos dois requisitos supracitados. Os casos avaliados no presente estudo são prevalentes, isto é, incluem pacientes que podem estar doentes a longo tempo e excluem casos que já morreram, ou se recuperam, e podem ser diferentes em termos da exposição quando comparados com casos incidentes. Três pontos importantes limitam este tipo de estudo com casos prevalentes: casos prevalentes ainda estão vivos, ainda estão doentes; portanto, inclui uma proporção maior de casos com duração longa da doença, e podem ter modificado seus hábitos por causa da doença. Quando casos prevalentes são utilizados, os primeiros dois pontos levam à identificação de fatores de risco para a doença e também de fatores, que, embora não relacionados à etiologia, têm associação com o tempo de duração da doença. O último ponto pode levar a erro na avaliação da informação sobre o verdadeiro nível de exposição ao qual o caso estava submetido antes de desenvolver a doença16. Além disso, o viés de ruminação que é considerado clássico em estudos caso-controle pode ter sido acentuado, já que os casos em virtude da doença podem ter mais precisão no momento de informar as exposições ocorridas. Contudo, a maior parte das exposições avaliadas neste estudo, se constitui em fatos marcantes no ciclo de vida, cujo acontecimento pode ser lembrado com alguma precisão pelas entrevistadas, como: idade da menarca, ocorrência de abortos, utilização de contraceptivos orais, tempo de amamentação, entre outras. Entretanto, a utilização de dois tipos de controles é um ponto forte desse estudo, uma vez que este tipo de estratégia permite reduzir o viés de seleção. A inexistência de diferença nas idades entre casos e controles vizinhos ou da unidade de saúde, indica que o pareamento por idade foi bem sucedido. O perfil das avaliadas em relação à cor da pele e escolaridade foi similar àquele observado em um estudo realizado com mulheres residentes em Pelotas, que objetivou avaliar a prevalência de condutas na prevenção secundária do câncer de mama e fatores associados, no qual a maior parte das avaliadas era de cor branca e apresentava média de escolaridade próxima a seis anos de estudo17. Não foram observadas diferenças entre as duas variáveis citadas acima, entre casos e os dois tipos de controle estudados na presente pesquisa. Contudo, observou-se uma ligeira vantagem em Fatores associados ao câncer de mama Tabela 1. Razões de chances e intervalos de confiança de 95% de variáveis coletadas entre mulheres com e sem câncer de mama de Joinville (SC), 2008 (n=510) Variáveis/categorias Sociodemográficas Faixa etária (anos) Até 49 Acima de 49 Cor Branca Preta/parda Escolaridade (anos) Acima de 8 Até 8 Atividade remunerada Sim Não Renda (miséria) Não Sim Reprodutivas Idade da menarca Até 11 anos Acima de 11 anos Nulípara Não Sim Tempo de amamentação Acima de 1 ano Menos de 1 ano Aborto Não Sim Uso pílula e/ou injeção Não Sim Menopausa Sim Não Idade da menopausa Até 49 anos Acima de 49 anos Reposição hormonal Não Sim Hábitos de saúde Sobrepeso Não Sim Fumo atual Não Sim Consumo alcoólico Não bebo Bebo Casos Controles vizinhos n % RC (IC95%) n % 122 48 71,8 28,2 115 55 67,6 32,4 1,00 0,82 (0,52–1,31) 155 15 91,2 8,8 149 21 87,6 12,4 1,00 0,69 (0,34–1,38) 129 41 75,9 24,1 123 47 72,4 27,6 1,00 1,20 (0,74–1,95) 44 126 25,9 74,1 69 101 40,6 59,4 1,00 1,96 (1,23–3,10) 133 37 78,2 21,8 148 22 87,1 12,9 1,00 1,86 (1,04–3,31) 34 136 20,0 80,0 36 134 21,2 78,8 1,00 0,93 (0,55–1,57) 162 8 95,3 4,7 158 12 92,9 7,1 1,00 0,65 (0,26–1,63) Valor p Análise ajustadaa RC (IC95%) Valor p 0,409 a 0,292 a 0,458 a 0,004 a 0,035 0,086 1,00 1,70 (0,93‒3,12) 0,789 a 0,360 a 0,021 13 157 7,6 92,4 27 143 15,9 84,1 1,00 1,44 (0,93–2,23) 0,055 1,00 2,05 (0,98–4,27) 0,008 105 65 61,8 38,2 128 42 75,3 24,7 1,00 1,89 (1,18–3,01) 61 109 35,9 64,1 66 104 38,8 61,2 1,00 1,13 (0,73–1,76) 145 25 (n=145) 92 53 85,3 14,7 65,3 34,7 1,00 0,32 (0,19–0,55) 63,5 36,5 111 59 (n=111) 58 53 52,3 47,7 1,00 1,59 (0,96–2,62) 143 27 84,1 15,9 137 33 80,6 19,4 1,00 0,78 (0,45–1,37) 48 122 28,2 71,8 65 105 38,2 61,8 1,00 1,57 (1,00–2,48) 153 17 90,0 10,0 146 24 85,9 14,1 1,00 0,67 (0,35–1,31) 0,055 1,00 1,61 (0,99–2,63) 0,575 a 0,000 0,000 1,00 0,37 (0,22–0,65) 0,072 a 0,394 a 0,051 a 0,246 a 0,081 148 22 87,1 12,9 136 34 80,0 20,0 1,00 0,59 (0,33–1,07) a Cad. Saúde Colet., 2012, Rio de Janeiro, 20 (3): 341-50 345 Juliana Cristine dos Anjos, Arlene Alayala, Doroteia Aparecida Höfelmann Tabela 1. Continuação Casos Variáveis/categorias Hábitos de saúde Consumo de gorduras Adequado Elevado Muito elevado Atividade física 3‒5 vezes por mais de 40 minutos Outros Histórico da doença Câncer de mama na família Não Sim Mãe com câncer Não Sim Controles vizinhos n % RC (IC95%) Valor p n % 109 21 40 64,1 12,4 23,5 113 19 38 66,5 11,2 22,3 1,00 1,14 (0,58–2,25) 1,09 (0,65–1,83) 20 11,8 20 11,8 1,00 150 88,2 150 88,2 1,00 (0,52–1,93) 126 44 74,1 25,9 130 40 76,5 23,5 1,00 1,13 (0,69–1,86) 166 4 97,6 2,4 157 13 92,4 7,6 1,00 0,29 (0,09–0,91) Análise ajustadaa RC (IC95%) Valor p 0,907* a 1,000 a 0,615 a 0,034 a *Teste de Wald; a: Os espaços em branco referem-se às variáveis que não foram inseridas na análise ajustada (p≤0,25) ou, então, não atingiram ou perderam sua associação com o desfecho ao nível de 5% (p<0,05) após análise ajustada. RC: razões de chances; IC95%: intervalos de confiança de 95% Tabela 2. Razões de chances e intervalos de confiança de 95% de variáveis coletadas entre mulheres com e sem câncer de mama de Joinville (SC), 2008 (n=510) Variáveis/categorias Sociodemográficas Faixa etária (anos) Até 49 Acima de 49 Cor Branca Preta/parda Escolaridade (anos) Acima de 8 Até 8 Atividade remunerada Sim Não Renda (miséria) Não Sim Reprodutivas Idade da menarca Até 11 anos Acima de 11 anos Nulípara Não Sim Tempo de amamentação Acima de 1 ano Menos de 1 ano Aborto Não Sim Casos Controles da Unidade de Saúde n % RC (IC95%) n % 122 48 71,8 28,2 129 41 75,9 24,1 1,00 1,24 (0,76–2,01) 155 15 91,2 8,8 152 18 89,4 10,6 1,00 0,82 (0,40–1,68) 129 41 75,9 24,1 140 30 82,4 17,6 1,00 0,67 (0,40–1,14) 44 126 25,9 74,1 27 143 15,9 84,1 1,00 0,54 (0,32–0,92) 133 37 78,2 21,8 115 55 67,6 32,4 1,00 0,58 (0,36–0,94) 34 136 20,0 80,0 34 136 20,0 80,0 1,00 1,00 (0,59–1,70) 162 8 95,3 4,7 164 6 96,5 3,5 1,00 1,35 (0,46–3,98) 13 157 7,6 92,4 5 165 2,9 97,1 1,00 0,36 (0,13–1,05) 105 65 61,8 38,2 127 43 74,7 25,3 1,00 1,83 (1,15–2,91) Valor p* Análise ajustadaa RC (IC95%) Valor p* 0,388 a 0,583 a 0,144 a 0,024 0,040 1,00 0,56 (0,32–0,97) 0,029 0,037 1,00 0,59 (0,36–0,97) 1,000 a 0,586 a 0,062 0,040 1,00 0,27 (0,08–0,94) 0,011 346 Cad. Saúde Colet., 2012, Rio de Janeiro, 20 (3): 341-50 0,028 1,00 1,84 (1,07–3,17) Fatores associados ao câncer de mama Tabela 2. Continuação Variáveis/categorias Reprodutivas Uso pílula e/ou injeção Não Sim Menopausa Sim Não Idade da menopausa Até 49 anos Acima de 49 anos Reposição hormonal Não Sim Hábitos de saúde Sobrepeso Não Sim Fumo atual Não Sim Consumo alcoólico Não bebo Bebo Consumo de gorduras Adequado Elevado Muito elevado Atividade física 3‒5 vezes por mais de 40 minutos Outros Histórico da doença Câncer de mama na família Não Sim Mãe com câncer Não Sim Casos Controles da Unidade de Saúde n % RC (IC95%) n % 61 109 35,9 64,1 91 79 53,5 46,5 1,00 2,06 (1,33–3,18) 145 25 (n=145) 92 53 85,3 14,7 82,4 17,6 1,00 0,80 (0,45–1,44) 63,5 36,5 140 30 (n=140) 83 57 59,3 40,7 1,00 1,19 (0,74–1,92) 143 27 84,1 15,9 128 42 75,3 24,7 1,00 0,57 (0,33–0,99) 48 122 28,2 71,8 43 127 25,3 74,7 1,00 0,86 (0,53–1,39) Valor p* Análise ajustadaa RC (IC95%) 0,001 Valor p* 0,007 1,00 1,93 (1,20–3,12) 0,462 a 0,471 a 0,045 a 0,540 a 0,855 153 17 90,0 10,0 154 16 90,6 9,4 1,00 1,07 (0,52–2,19) a 0,006 148 22 87,1 12,9 163 7 95,9 4,1 1,00 3,46 (1,44–8,34) 0,029 1,00 2,88 (1,12–7,44) <0,001** 109 21 40 64,1 12,4 23,5 148 9 13 87,1 5,3 7,6 1,00 3,17 (1,40–7,19) 4,18 (2,13–8,19) 20 11,8 16 9,4 1,00 150 88,2 154 90,6 0,78 (0,39–1,56) 1,00 3,07 (1,30–7,24) 4,05 (1,98–8,28) 0,010 0,000 0,482 a 0,003 126 44 74,1 25,9 148 22 87,1 12,9 1,00 2,35 (1,34–4,13) 166 4 97,6 2,4 166 4 97,6 2,4 1,00 1,00 (0,24–4,06) 0,001 1,00 2,77 (1,48–5,19) 1,000 a *Teste de Wald; **Teste para tendência linear; a: Os espaços em branco referem-se às variáveis que não foram inseridas na análise ajustada (p≤0,25) ou, então, não atingiram ou perderam sua associação com o desfecho ao nível de 5% (p<0,05) após análise ajustada. RC: razões de chances; IC95%: intervalos de confiança de 95% relação ao maior tempo de escolaridade, entre os controles da unidade de saúde quando comparados aos casos. Exercer atividade remunerada e a situação de miséria demonstraram associação significativa com o câncer de mama, entre casos, controles vizinhos e do posto. Comparados aos controles da vizinhança, os casos apresentaram situação socioeconômica desprivilegiada, contudo, em relação aos controles da unidade de saúde, observou-se o contrário. Não é possível precisar se a doença tornou os casos mais pobres ou se por serem provenientes de grupos menos privilegiados, suas chances de desenvolver a doença aumentaram. Em um estudo com casos e controles de duas unidades públicas de saúde observou-se associação significativa para renda familiar, apenas entre os controles hospitalares8. Cad. Saúde Colet., 2012, Rio de Janeiro, 20 (3): 341-50 347 Juliana Cristine dos Anjos, Arlene Alayala, Doroteia Aparecida Höfelmann A idade da menarca, a nuliparidade e o uso da terapia de reposição hormonal não diferiram significativamente entre os grupos. Um estudo realizado no México com casos e controles que frequentavam uma das nove unidades hospitalares participantes da pesquisa, por outro motivo que não o câncer, também não demonstrou associação significativa para o câncer de mama ao analisar a idade da menarca entre casos e controles18. Outras variáveis associadas ao ciclo reprodutivo feminino, como a menopausa e o uso de contraceptivos hormonais pílula e/ou injeção, apresentaram associação positiva para o câncer de mama quando comparados casos, controles vizinhos e controles do posto, respectivamente. Lima et al.19 ao realizarem um estudo na cidade de João Pessoa com casos e controles provenientes dos diversos ambulatórios do hospital selecionado, identificaram diferenças estatisticamente significantes em relação à idade da menopausa, com mais casos (43,8%) do que controles (31,9%) atingindo a menopausa antes dos 50 anos de idade. Em relação ao uso dos contraceptivos, os autores não observaram associação. O tempo de amamentação demonstrou associação significativa com o câncer de mama em relação aos casos, controles vizinhos e controles da unidade de saúde. Camayo20 em uma pesquisa com casos e controles de um Serviço de Oncologia de uma cidade do Peru encontrou uma significativa redução no risco (RC ajustado 0,24; IC95% 0,06‒0,92) de desenvolver câncer de mama em pacientes que tinham uma história de amamentação por três meses ou mais, sugerindo que quanto maior o tempo de amamentação maior é a redução do risco para o câncer de mama. A associação entre a lactação e a redução na incidência do câncer de mama é limitada e inconsistente. Entretanto, pesquisas sugerem que durante a amamentação ocorrem períodos de baixa exposição ao estrógeno, o que poderia ser um mecanismo para explicar a redução do câncer de mama, visto que os estrogênios estão intimamente envolvidos na carcinogênese da doença21. A história de abortos apresentou associação com a chance de câncer de mama entre as avaliadas. Segundo Mahon22, a interrupção da gestação em sua fase inicial, quando o tecido mamário contém altas concentrações de estrogênios, pode favorecer a proliferação de células malignas. O discreto aumento observado no risco para a doença parece estar relacionado a alguns subgrupos de mulheres, como as nulíparas e aquelas que tiveram filhos, mas foram expostas ao fator antes da primeira gestação a termo. O consumo alcoólico apresentou importante magnitude de associação significativa para o câncer de mama em relação aos casos e controles do posto. Segundo Dumitrescu e Cotarla23, o alcoolismo é um fator de risco confirmado para 348 Cad. Saúde Colet., 2012, Rio de Janeiro, 20 (3): 341-50 câncer de mama. Esse risco é dependente da dose em consumos acima de 60 g por dia e para cada 10 g de incremento de dose por dia, o risco pode aumentar em 9%. Entre os mecanismos possíveis, o álcool teria ação indireta por meio de seu primeiro metabólito, o acetaldeído, conhecido carcinogênico e mutagênico. Além disso, o álcool pode levar à deterioração do sistema imune e depleção de certos nutrientes que estariam na linha de frente do combate a carcinogênese. A variável presença de câncer de mama na família demonstrou forte associação com o câncer de mama quando comparados casos e controles da unidade de saúde. Pinho e Coutinho24 encontraram prevalência de 3,7% em relação ao antecedente familiar em primeiro grau. Sclowitz et al.17 encontraram histórico familiar de câncer de mama mais frequente em casos do que em controles, relacionado principalmente a parente de primeiro grau, o que foi referido por 19,0% dos casos e 8,1% de controles. O antecedente familiar é de fácil investigação em anamneses e inquéritos, por isso, é um dos principais indicadores para o desenvolvimento de um rastreamento diferenciado nas mulheres que o apresentam. Entretanto, como é um fator de risco de baixa prevalência e nem todas as mulheres que o apresentam desenvolverão o câncer de mama, pouquíssimos casos serão detectados em sua fase inicial, se este for o único critério utilizado24. Entre as mulheres avaliadas no presente estudo, constatou-se que o fato de ter mãe com câncer foi observado com menor frequência, entre casos do que controles da vizinhança. A relativa maior escolaridade e renda dos casos e controles vizinhos pode ser um possível indicativo da adoção de medidas preventivas ao câncer de mama entre os controles. Estudo realizado em Pelotas verificou que a história familiar de câncer de mama e o fato de pertencer a classes sociais mais altas foram fatores associados à maior prevalência de condutas na prevenção secundária do câncer de mama17. O consumo excessivo de alimentos gordurosos apresentou associação com o câncer de mama quando comparados casos e controles do posto. Cottet et al.25 examinaram a associação entre hábitos alimentares e o risco de câncer de mama em um estudo de coorte francês, que acompanhou 2.381 mulheres na pós-menopausa diagnosticadas com câncer de mama invasivo. O padrão alimentar identificado como: “álcool/Ocidental” (essencialmente produtos de carne, batata frita, aperitivos, arroz/massas, batatas, legumes, pizza e tortas, conservas de peixe, ovos, bebidas alcoólicas, bolos, maionese e manteiga/ creme) foi positivamente associado com o risco de câncer de mama (RC=1,20). Diferenças no consumo excessivo de alimentos gordurosos foram observadas apenas na comparação de casos com os controles do posto, o que pode indicar diferenças Fatores associados ao câncer de mama socioeconômicas. A gordura, dentre os fatores da dieta, certamente é um dos principais nutrientes que podem estar associados à carcinogênese. Evidências epidemiológicas indicam que a maior disponibilidade per capita de lipídios está associada à maior incidência de câncer de mama26. O instrumento utilizado neste estudo para avaliar o consumo de gorduras, questionou as entrevistadas quanto à frequência de consumo de alimentos ricos em gorduras, principalmente saturadas13. Ácidos graxos que poderiam apresentar potencial benéfico, como ômega-3 e monoinsaturados não foram considerados na avaliação do consumo. O sobrepeso esteve associado ao câncer de mama entre casos e controles da vizinhança. Ortiz-Rodríguez et al.18 encontraram associação entre sobrepeso e obesidade e câncer. Montazeri et al.27, em um estudo retrospectivo de caso-controle realizado no Irã, afirmaram que a obesidade foi um fator de risco para desenvolver câncer da mama em mulheres pós-menopausa. As mulheres obesas mostraram cerca de três vezes maior risco de câncer de mama em comparação para as mulheres com um IMC normal. Entre as mulheres avaliadas, o excesso de peso esteve associado ao câncer de mama, entre os controles da vizinhança quando comparados aos casos. Entre os controles do posto, as proporções de sobrepeso foram similares, desta forma, dentre os três grupos avaliados, o sobrepeso foi maior entre os dois grupos menos privilegiados do ponto de vista socioeconômico (casos e controles da unidade de saúde). Tal achado corrobora os dados observados no Brasil, que indicam associação inversa entre excesso de peso e nível de escolaridade, o que pode aumentar o impacto da obesidade na potencialização das desigualdades sociais em saúde, ao aumentar a carga de doenças na população mais pobre ao longo dos anos28. Algumas variáveis descritas na literatura como fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de mama não demonstraram associação com a prevalência da doença, como a nuliparidade, idade da menarca e o sedentarismo. Possuir mãe com histórico de câncer de mama foi um fator protetor para o câncer entre as mulheres avaliadas. Atividade remunerada, miséria e aborto foram as variáveis de mais forte associação com o câncer de mama, além do uso de contraceptivos (pílula e injeção), menopausa, câncer na família, consumo alcoólico e consumo muito elevado de gordura. Diante da complexidade de quantificar os fatores de risco para o câncer de mama, os resultados deste estudo podem contribuir para o esclarecimento das possíveis causas da doença. Entretanto, sugere-se a realização de novas pesquisas nesta área, visto que este estudo fez uso de casos prevalentes. AGRADECIMENTOS Às mulheres avaliadas que permitiram a realização do estudo, aos funcionários do PAM, à Cateline Machado, acadêmica do curso de Nutrição, pelo auxílio na coleta de dados. REFERÊNCIAS 1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Instituto Nacional de Câncer. Detecção precoce do câncer de mama. Rio de Janeiro: INCA; 2009. 2. Brasil. 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