Via Láctea: a nossa galáxia

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Introdução à Astronomia
AGA210
Via Láctea: a nossa galáxia
Fonte:
Astronomia e Astrofísica
Kepler de Souza Oliveira Filho e Maria de Fátima Oliveira Saraiva
http://astro.if.ufrgs.br/index.html
Enos Picazzio
IAGUSP/2006
Nossa galáxia
Primeiros mapeamentos da Galáxia
Via Láctea: faixa nebulosa que atravessa o hemisfério celeste
de um horizonte a outro. Em grego significa “caminho leitoso”.
Esse foi o nome adotado para a nosssa galáxia.
Parte mais brilhante: direção da constelação de Sagitário, sendo
melhor observável no Hemisfério Sul durante as noites de
inverno.
Galileo Galilei (1564-1642): com seu telescópio descobriu que
ela consistia de uma multitude de estrelas.
William Herschel (1738-1822): descobridor de Urano, mapeou
a Via Láctea e descobriu tratar-se de um sistema achatado.
• seu modelo: Sol ocupava posição central na galáxia,
Enos Picazzio, IAGUSP/2006
Nossa galáxia
Primeiros mapeamentos da Galáxia
SOL
Primeira tentativa de desvendar a estrutura da nossa galáxia, foi feita por
William Herschel (1785), baseado em observações ópticas.
Acreditava-se que tinha a forma de um rebolo, com o Sol no centro.
Jacobus Kapteyn (1851-1922): início do séc. 20, primeira estimativa
do tamanho da Via Láctea
Enos Picazzio, IAGUSP/2006
Nossa galáxia
Harlow Shapley (1885-1972): nos anos de 1920, estudando a
distribuição dos aglomerados globulares, determinou o
verdadeiro tamanho da Via Láctea e a posição periférica do Sol
Como concluiu que o Sol não ocupava o centro?
Percebeu que os aglomerados globulares, que formam um halo
em torno da Galáxia, estavam concentrados em uma direção
específica; não eram vistos na direção oposta.
Conclusão: o Sol não está no centro de nossa galáxia.
Como determinou a distância?
Admitindo que o centro do halo coincide com o centro de nossa
galáxia, ele deduziu que estamos a 30 mil anos luz, na direção
da constelação do Sagitário.
Enos Picazzio, IAGUSP/2006
Morfologia
Forma da Via Láctea: determinada através de observações em
comprimentos de onda longos (rádio e infravermelho) que
podem penetrar a poeira presente no plano galáctico:
• disco circular
• diâmetro = 30.600 pc = 100.000 anos-luz
• espessura = 1500 pc
Enos Picazzio, IAGUSP/2006
Visão artística da Via Láctea
Baseada nas observações do telescópio espacial Spitzer (NASA)
Image credit: NASA/JPL-Caltech/R
Enos Picazzio, IAGUSP/2006
A reciclagem da matéria
Enos Picazzio, IAGUSP/2006
Galáxia vista em diferentes
comprimentos de onda
Emissão do hidrogênio
atômico em 21 cm
Emissão em rádio pelo
monóxido de carbono
Luz infravermelha
(60-100 microns)
emitida pela poeira
Luz infravermelha
(1-4 micr) das estrelas
Luz visível emitida pelas
estrelas e absorvida pelos
grãos
Emissão em raio X por
gás aquecido (difusa) e
binárias (pontuais)
Raios gama emitidos da
colisão de raios cósmicos
com nuvens interestelares
Enos Picazzio, IAGUSP/2006
Morfologia
• O disco está embebido em um halo esférico
• é formado por aglomerados globulares e
aparentemente grande quantidade de matéria
não luminosa.
• o halo está centrado no
núcleo da Galáxia, estendese por no mínimo 100.000
pc, bem além dos limites do
disco galáctico.
Galáxia NGC2997 como uma representação da Via Láctea.
• o bojo é uma região
esférica de 2.000 pc
de raio, envolvendo o
núcleo.
Enos Picazzio, IAGUSP/2006
Morfologia
• O Sol orbita o centro da galáxia a uma distância aproximada de
8500 pc.
• Da posição do Sol a Galáxia é vista de perfil,
daí a forma de faixa.
• As estrelas próximas do Sol apresentam deslocamento Doppler nos seus
espectros → então, há movimento relativo entre as estrelas → logo, o disco
da Galáxia não gira como corpo rígido e sim com movimento kepleriano
(como os dos planetas em torno do Sol): estrelas mais próximas do
centro galáctico movem-se mais rápido que as mais distantes.
Deslocamento para o vermelho
Morfologia
• Matéria do disco: estrelas, gás e poeira do meio interestelar (MI)
• Gás interestelar: constituído na maior parte por hidrogênio neutro, que não é
luminoso.
• perto de estrelas muito quentes e
massivas, o hidrogênio é ionizado pela
radiação ultravioleta das estrelas, e brilha
por fluorescência (Processo de absorção e reemissão
de energia por um elétron: a energia absorvida aumenta a
quantidade de energia do elétron. Ao retornar ao estado
anterior esse elétron emite o excesso de energia em
forma de luz).
• existindo muito hidrogênio ao
redor destas estrelas, ele será
visível como uma nebulosa gasosa
de emissão, muito brrilhante,
chamada Região HII.
Nebulosa de Órion.
Enos Picazzio, IAGUSP/2006
Morfologia
Hidrogênio neutro (HI):
emite uma linha espectral no comprimento de onda de 21 cm, usada
para mapear a distribuição desse gás. A emissão nessa linha teve um
papel chave na determinação da estrutura espiral da Galáxia.
Por causa da alta abundância de hidrogênio, ela é observada em
todas as direções.
Messier 83, em Centauro
no visível
em rádio, 21 cm
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Morfologia
Origem da linha em 21 cm do átomos de hidrogênio:
• elétrons e prótons têm rotação (spins).
• os sentidos podem ser iguais ou opostos.
• em cada caso os níveis de energias são
diferentes
• diferença de energia entre estes dois
níveis corresponde a uma frequência
de 1420,4 MHz, ou comprimento de
onda de 21,049 cm
• a transição entre estes dois níveis é que dá origem à linha
• a previsão foi feita em 1944 pelo dinamarquês Hendrick
Christoffel van de Hulst, mas a observação só ocorreu em 1951,
pelos americanos Harold Ewen e Edward Mills Purcell.
Enos Picazzio, IAGUSP/2006
Estrutura Espiral
Estrutura espiral é
comum em galáxias.
Nossa Galáxia também
tem estrutura espiral,
mas não é simples
visualizá-la pois
estamos dentro do
próprio disco galáctico,
e cercados de poeira
interestelar que
bloqueia a luz.
M31 (Andrômeda)
NGC4314
Enos Picazzio, IAGUSP/2006
Estrutura Espiral
Podemos mapear os braços
espirais usando objetos
peculiares da estrutura espiral.
Há dois tipos básicos:
• mapeadores óticos: objetos
brilhantes como estrelas OB,
regiões HII e cefeidas variáveis;
• mapeadores em rádio: a linha
de 21cm do hidrogênio neutro
(que é abundante e presente em
todas as direções).
Enos Picazzio, IAGUSP/2006
Estrutura Espiral
Esboço do perfil
Enos Picazzio, IAGUSP/2006
Estrutura Espiral
• observações no visível e
no rádio indicam quatro
braços espirais principais:
• o Sol está na borda interna de um braço
pequeno , "braço de Órion", que contém,
entre outros aspectos marcantes, a
Nebulosa de Órion.
ilustração
• internamente ao braço de Órion, encontra-se o
braço de Sagitário,
• externamente encontra-se o braço de Perseu.
• o quarto braço (Norma) parece estar entre o
braço de Sagitário e o centro galáctico, mas é
muito difícil de detectar por ter sua emissão
misturada à emissão do centro da Galáxia.
imagem sintetizada
Enos Picazzio, IAGUSP/2006
Estrutura Espiral
A causa da estrutura espiral ainda não está bem definida.
Idéia inicial: os braços espirais são formados pela rotação
diferencial. Como o material mais
distante do centro tem menor velocidade
de rotação do que o mais próximo do
centro (movimento kepleriano), uma
pequena
perturbação
no
disco
naturalmente se espalharia em forma
espiral.
A falha do modelo: observações de estrelas velhas indicam
que a Via Láctea deve ter no mínimo 10 bilhões de anos.
Nesse tempo, o material nas vizinhanças do Sol já teria
executado cerca de 20 rotações em torno do centro galáctico, e
isto implicaria em braços espirais mais enrolados que o
observado.
Enos Picazzio, IAGUSP/2006
Estrutura Espiral
Ondas de densidade: teoria desenvolvida por Chia Chiao Lin e Frank H.
Shu nos anos 1960:
• a estrutura espiral é causada pela variação da
densidade do disco em forma de onda de
compressão.
• o padrão espiral gira como um corpo sólido,
• com velocidade angular igual a metade da
velocidade de rotação galáctica;
• as estrelas e o gás giram mais rápido e passam pela onda.
• o início da onda pode ser causado pela presença de uma perturbação
gravitacional externa (interação com outra galáxia) ou interna (presença de uma
barra).
Enos Picazzio, IAGUSP/2006
Estrutura Espiral
A teoria da onda de densidade explica de maneira natural porque
estrelas jovens, nuvens moleculares e regiões HII são
encontradas nos braços espirais:
• quando o gás passa pela onda, ele é comprimido
fortemente até que a gravitação interna cause o colapso e a
formação de estrelas.
• durante os 107 anos que
leva para o material passar
pelo braço espiral, as estrelas
mais quentes e massivas
(O e B) já terminaram sua
evolução, e as regiões HII
já desapareceram.
Enos Picazzio, IAGUSP/2006
Movimento das estrelas
Edmund Halley (1718): percebe mudança de posição de estrelas
• Arcturus mudou 1 grau em relação à posição medida por
Ptolomeu.; Sírius mudou 0,5 grau.
Movimento próprio: movimento aparente perpendicular à linha
de visada. Chega a 30 e 40 km/s.
• Estrela de Barnard (descoberta em 1916 por Edward
Emerson Barnard), 1,8 pc de distância, é a estrela com maior
movimento próprio conhecida: 10 segundos de arco por ano.
Velocidade radial: pelo deslocamento Doppler de linhas
espectrais determina- se a na linha de visada.
Velocidade verdadeira: Combinação dos dois movimentos
Enos Picazzio, IAGUSP/2006
Movimento das estrelas
Jan Heindrik Oort:
• os movimentos podem ser interpretados em termos do
movimento geral das estrelas em torno da galáxia, de acordo com
as leis de movimento de Kepler.
• os estrelas mais próximas do centro da galáxia movem-se mais
rápido do que o Sol.
• Oort deduziu que o Sol orbitava o centro galáctico com
velocidade de 220 km/s, completando uma volta a cada 250
milhões de anos.
Enos Picazzio, IAGUSP/2006
Movimento das estrelas
Componentes dos movimentos estelares
Velocidade radial [vr (km/s)]: velocidade de aproximação, ou
afastamento, na direção da linha de visada. É obtida a partir do
deslocamento Doppler das linhas espectrais.
Movimento próprio [µ
µ (["/ano])]: movimento da estrela no
plano da esfera celeste, perpendicular à linha de visada, medido
em ["/ano].
Velocidade tangencial [ vt (km/s)]: componente da velocidade
verdadeira (V) perpendicular à linha de visada; obtida a partir do
movimento próprio e da distância da estrela (obtida a partir da
paralaxe)
Enos Picazzio, IAGUSP/2006
Movimento das estrelas
Formulação matemática
Como d (pc) = [1/(p")]
Como µ é pequeno ( < 5×10-5rad/ano), sen µ = µ
Transformando “parsec” em “km” e “ano” em
“segundos”
Deslocamento Doppler
vr
velocidade espacial (km/s):
V2 = vt2 + vr2
Enos Picazzio, IAGUSP/2006
Distâncias dentro da Galáxia
Paralaxe heliocêntrica: usada
para distâncias relativamente
pequenas, como de estrelas
próximas.
Atinge até 500 pc.
Paralaxe espectroscópica:
Determinando o tipo espectral da
estrela por observação, o
diagrama HR fornece a
magnitude absoluta. Com as
magnitudes absoluta e observada
obtém-se a distância.
Enos Picazzio, IAGUSP/2006
Distâncias dentro da Galáxia
Estrelas variáveis: atingem
distâncias de até 15 Mpc
(15.000.000 pc)
4,6 milh.a.L
3100 a.L
31 a.L
Enos Picazzio, IAGUSP/2006
O sistema local de repouso (SLR)
Sistema de referência instantaneamente centrado no Sol, que se move em órbita
circular em torno do centro galático, com velocidade igual à média das
velocidades estelares nas vizinhanças do Sol, de maneira que as estrelas, nas
proximidades do Sol, em média, estão em repouso em relação ao SLR.
Como os movimentos das estrelas individuais são diferentes do movimento médio,
as estrelas, consideradas individualmente, apresentam movimentos em relação ao
SLR, que são detectados como
movimentos peculiares.
O movimento do Sol em relação ao
SLR é de 19,7 km/s, numa direção
chamada ápex, que fica na constelação
de Hércules e tem coordenadas:
AR=18h, DEC=+30° (época 1900).
Veloc. orbital do Sol na Galáxia 220 km/s
Enos Picazzio, IAGUSP/2006
Massa da Galáxia
Tudo o que faz parte da Galáxia (Sol, planetas, estrelas, nebulosas
gasosas, etc.) gira em torno do centro galáctico movido pela
atração gravitacional da grande quantidade de estrelas ali
concentradas, da mesma forma que os planetas giram em torno do
Sol.
rotação
Enos Picazzio, IAGUSP/2006
Sol.
Massa da Galáxia
Sendo a rotação diferencial, as
velocidades das estrelas mais internas
são maiores do que as das estrelas
mais externas (movimento kepleriano).
Então: VSol (Vo) < VA < VB < VC.
Enos Picazzio, IAGUSP/2006
Massa da Galáxia
Observando o movimento de rotação de uma estrela na periferia
da galáxia, podemos determinar aproximadamente a massa da
Galáxia, “MG” , desde que saibamos a distância dessa estrela
ao centro galáctico.
Exemplo: o próprio Sol. Admitamos que sua órbita seja circular
em torno do centro galático, e sua velocidade “v” .
A força centrípeta do Sol é:
;
que é produzida pela atração gravitacional entre o Sol e Galáxia,
dada por:
Enos Picazzio, IAGUSP/2006
Obtenção da curva de rotação
Suponhamos que 4 estrelas girem em
torno do centro galáctico, em órbitas
circulares concêntricas.
Sendo a rotação diferencial, as
velocidades das estrelas mais internas
são maiores do que as das estrelas
mais
externas
(movimento
kepleriano).
Então: velocidade do Sol (Vo) <
velocidade da estrela A < que a
velocidade da estrela B < que a
velocidade da estrela C.
Enos Picazzio, IAGUSP/2006
Obtenção da curva de rotação
Os estudos da rotação galáctica mostram que nas proximidades do
Sol a velocidade de rotação é de v = 220 km/s.
Sabemos que a distância do Sol ao centro galáctico é de 8500 pc =
2,6 × 1020 m.
A massa da galáxia, MG , pode então ser calculada igualando as
equações:
e isolando MG :
Obtenção da curva de rotação
• A massa da Galáxia, 1011 M , é apenas aquela
contida dentro da órbita do Sol.
• É preciso conhecer a massa existente além da
órbita solar. Como? Medindo o movimento
de estrelas e gás localizados a distâncias maiores
do centro galáctico.
• Observações em rádio do movimento
do gás no disco, até distâncias além do
limite visível da Galáxia, mostram que
sua curva de rotação é função da
distância ao centro.
• Essa curva mostra que a massa
contida dentro do raio de 15 kpc ( ~ o
dobro da distância do Sol ao centro
galáctico) é de 2 ×1011 Msol; a 40 kpc, a
massa é de 6 ×1011 MSol
Essa matéria é escura
Populações Estelares
Walter Baade (observatório de Monte Wilson): estudando
Andrômeda, conseguiu distinguir claramente as estrelas azuis nos
braços espirais das estrelas vermelhas visíveis no núcleo da galáxia
Chamou: População I – as estrelas azuis dos braços,
População II – as estrelas vermelhas do núcleo.
Essa classificação foi extendida para a a Via Láctea
Sabemos que: População I são estrelas jovens, como o Sol, com
menos de 5 bilhões de anos, ricas em metais, isto é,
com conteúdo metálico (qualquer elemento acima do
He) de cerca de 3%,
População II corresponde a estrelas velhas, com cerca
de 10 bilhões de anos, e pobres em metais, isto é, com
menos de 1% em metais.
Populações Estelares
Populações Estelares
População III: por definição, as primeiras estrelas formadas na galáxia.
gigante
gigante do halo, com 0,8 MSolar
IDADE
Quanto mais antiga for a estrela, menor é a proporção de Fe relativamente ao H:
Populações Estelares
Movimento das Estrelas:
• disco: movimento circular
ordenado, em torno do centro
• halo: órbitas excêntricas com
orientação aleatória
• bojo: movimento
intermediário entre disco e halo
Propriedades Genéricas da Galáxia
Disco
Halo
Bojo
Altamente achatado
Quase esférico
Parecido com bola de futebol
americano
Contém estrelas jovens e antigas
Contém apenas estrelas antigas
Contém estrelas jovens e
antigas, as antigas estão mais
distantes do centro
Contém gás e poeira
Isento de gás e poeira
Contém gás e poeira,
especialmente nas regiões
internas
Local de formação estelar
Sem formação estelar nos
últimos 10 bilhões de anos
A formação estelar ocorre nas
regiões internas
Gás e estrelas movem-se em
órbitas circulares no plano
galáctico
Estrelas possuem órbitas
aleatórias em 3 dimeensões
Estrelas com órbitas altamente
aleatórias, porém girando em
torno do centro galático
Braços espirais
Sem estrutura óbiva
Anel de gás e poeira próximo ao
centro
Coloração esbranquiçada com
braços espirais azuis
Avermelhado
Branco amarelado
O Centro da Nossa Galáxia
O centro da Galáxia fica na direção da
constelação de Sagitário, numa região
com alta concentração de material
interestelar que impede sua visualização
a olho nu ou usando detectores óticos.
Visível
Infravermelho
[2 Micron All Sky Survey e
Midcourse Space Experiment)
O Centro da Nossa Galáxia
.
O bojo central pode ser estudado em comprimentos de onda mais
longos, como infravermelho e rádio, que atravessam mais livremente
a poeira e o gás do disco.
Observações em rádio indicam que no centro da Galáxia existe um
um anel molecular de 3 kpc (~32.000 A.L.) de diâmetro, envolvendo
uma fonte brilhante de rádio, Sagitário A (que tornou-se a referência
do centro).
Estudos no infravermelho indicam a existência de um grande
aglomerado estelar, com uma densidade de estrelas de 1 milhão de
MSol/pc3 (nas proximidades do Sol é 1 MSol/pc3).
O movimento do gás e das estrelas no núcleo indica que ali existe um
objeto compacto, provavelmente um buraco negro com massa de 2
milhões de massas solares.
O Centro da Nossa Galáxia
.
Centro da Galáxia no infravermelho
(Rainer Schödel, telescópio de 8,2 m do
European Southern Observatory, Chile).
Setas: centro da Via Láctea, onde uma
estrela passou a 17 horas-luz do buraco
negro central, que tem cerca de 2 milhões
de massas solares.
Observações muito
recentes em raio-X
confirmam que o núcleo
da Galáxia é um lugar
violento onde, além do
buraco negro central
supermassivo, existe
grande quantidade de gás
ionizado, e centenas de
anãs brancas, estrelas de
nêutrons e buracos
negros.
O Meio Interestelar
A maior parte da massa da nossa
galáxia está concentrada em
estrelas, mas o meio interestelar
não é completamente vazio.
^
Composição:
• gás e poeira, na forma de nuvens
individuais, em um meio difuso.
• gás composto principalmente de
hidrogênio,
• poeira é composta principalmente
de grafite, silicatos e gelo de água,
em grãos de vários tamanhos, mas
muito pequenos (~ 1 micrômetro)
Densidade típica: 1 átomo H / cm3
e ~ 100 grãos de poeira por km3
O Meio Interestelar
• ~10% da massa da Via Láctea está na forma de gás interestelar
• menos de 1% está na forma poeira.
• Raios cósmicos, partículas (principalmente prótons) altamente
energéticas, estão misturados com o gás e a poeira.
• Existe também um campo magnético galático, fraco (10 µG, menor
que 20 milionésimos do terrestre).
Nebulosa escura da Cabeça de Cavalo
Telescópio Espacial Hubble
O Meio Interestelar
Detalhes da Nebulosa de Órion. Região
de formação estelar, a 1500 A.L., com
25 A.L. de diâmetro, densidade de 600
átomos/cm3 e temperatura de 70K.
Nebulosa da Trifid.
O Meio Interestelar
Nebulosa do Caranguejo: restos de supernova
cuja explosão foi observada no ano 1054 e está
a 7000 anos-luz, na constelação do Touro. No
seu centro está o pulsar, girando 30 vezes por
segundo.
O Meio Interestelar
A quantidade de gás
do meio interestelar
diminui
continuamente com
o tempo pois novas
gerações de estrelas
se formam a partir
do colapso de
nuvens moleculares
gigantes.
Uma nebulosa de reflexão no Órion.
O Meio Interestelar
Visível
ESO, Chile
Infravermelho
Nuvem molecular Barnard 68 (está colapsando)
Distância: 500 A.L. da Terra,
Direção: constelação de Ofiúco,
Tamanho: cerca de meio A.L. de diâmetro
Temperatura: -263oC.
O Meio Interestelar
Nebulosa de Órion: a região HII mais
famosa. Imagem cobre 2,5 A.L. da nebulosa
(Telescópio Espacial Hubble).
• Regiões HII : nuvens de gás
hidrogênio ionizado, ocorrem
principalmente em volta de
estrelas O e B.
• Fótons
ultravioletas
com
energia acima de 13,6 eV
(comprimento de onda menor
que 912Å). Quando os átomos de
hidrogênio a absorvem, os
elétrons se desprendem do núcleo
e o hidrogênio torna-se ionizado.
• Estas regiões portanto têm
muitos íons de hidrogênio
(prótons) e elétrons livres.
• HI – neutro
HII - ionizado
O Meio Interestelar
visível
infravermelho
Região do Trapézio na Nebulosa de Órion (Telescópio Espacial
Hubble), mostrando pelo menos 300 estrelas e 50 anãs marrons*
em formação e recém formadas. A imagem cobre um ano-luz.
* Estrela com até 0,08 Msolar, insuficiente para promover fusão nuclear. Temperatura superficial da
ordem de 1000K. Brilha por conversão de energia gravitacional (contração) em térmica.
O Meio Interestelar
Moléculas interestelares: descobertas em 1937-1938, na forma de metilidina
(CH, CH+) e cianogênio (CN).
Hidrogênio molecular (H2) e monóxido de carbono (CO) foram descobertos no
início dos anos 1970.
Como o H2 não emite ondas de rádio, o CO é usado para mapeá-lo.
Várias moléculas têm sido encontradas , de amônia (NH3) às mais complexas
como etanol (C2H5OH).
Observações de CO, mostram moléculas concentradas em nuvens moleculares,
com até um milhão de massas solares, extendendo-se até cerca de 600 anos-luz.
As estrelas formam-se nas partes mais densas destas nuvens.
O gás e a poeira das nuvens moleculares torna a extinção ultravioleta muito
grande, dificultando a medida do H2.
O Meio Interestelar
Raios
Cósmicos
Descobertos pelo
físico austríaco
Victor Franz Hess
em 1911.
• Partículas
(principalmente
prótons)
carregadas altamente energéticas espaciais
que atingem a Terra.
• São produzidos de alguma forma pelos
processos mais energéticos no Universo,
(trilhões de vezes maiores que as obtidas em
laboratórios, e muito maiores que as estrelas
podem gerar).
• As partículas do vento solar que
produzem as auroras têm energia muito
menor.
• A origem dos raios cósmicos ainda não é
bem conhecida.
• Ao atingirem a atmosfera estas partículas
muitas vezes se desintegram em dezenas de
outras partículas, causando os chuveiros de
partículas.
• Hess, que fez medidas em balões que
alcançaram 5000 metros de altura, recebeu o
prêmio Nobel de 1936 por sua descoberta.
A Formação da Galáxia
(a) Processo exato ainda é desconhecido. Possivelmente foi formada pela
aglomeração de sistemas menores
(b) No início era irregular com gás distribuido por todo o volume.
As estrelas se formaram sem um
movimento preferencial ou local
específico.
(c) A rotação crescente fez com que
gás e poeira se dirigissem para o plano,
formando o disco.
As estrelas que já estavam formadas
ficaram para trás, contituindo o halo.
(d) Novas estrelas formaram-se no
disco, já girando ao redor do centro
com órbitas circulares
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