Palestina pode ter livre comércio com Mercosul

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Agência de Notícias Brasil-Árabe - SP
16/03/2010 - 17:15
Palestina pode ter livre comércio com Mercosul
O Brasil e a Argentina já concordaram em negociar um tratado, segundo o presidente
Luia Inácio Lula da Silva e o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, que estão
em Belém, na Cisjordânia.
Alexandre Rocha, enviado especial
Belém – O Brasil e a Argentina já concordaram em negociar um acordo de livre comércio entre
o Mercosul e a Autoridade Nacional Palestina (ANP) e não deve haver restrições por parte do
Uruguai e do Paraguai. A informação foi dada hoje (16) pelo presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, em
seminário empresarial realizado em Belém, na Cisjordânia, segunda etapa da viagem de Lula
ao Oriente Médio, iniciada em Israel.
Ricardo Stuckert/PR
“A conclusão de um acordo de associação com o
Mercosul pode contribuir muito para tornar a América do
Sul uma nova fronteira para os produtos palestinos”,
disse Lula. “Já foi encaminhada uma proposta de
acordo entre o Mercosul e a Palestina. A Argentina
aceitou e a informação que eu tenho é que o Uruguai e
o Paraguai estão prestes a aceitar”, acrescentou Jorge.
Presidente Lula discursou durante o
encerramento do encontro
O bloco sul-americano já assinou um tratado do gênero
com Israel e, do ponto de vista econômico, a
confirmação de que ele entre em vigor em abril foi um dos pontos altos da visita do presidente
brasileiro ao país. Já há algum tempo os palestinos queriam negociar um acordo semelhante.
O ministro da Economia Nacional da Palestina, Assim Abu Libere, que participou do encontro,
disse à ANBA que o tratado é “uma excelente maneira de traduzir o apoio político [do Brasil] em
apoio direto à economia palestina. Nossos produtos competem em muitos mercados e devem
poder competir no Brasil”, declarou.
O CEO da Palestina Trade Center (Paltrade), Maher Hamdam, disse que a ANP tem tratados
comerciais com os Estados Unidos, Canadá, União Européia, Turquia, Rússia e países árabes.
“Há espaço para trabalhar em um acordo de livre comércio [com o Mercosul]”, afirmou.
Não existem muitos dados disponíveis sobre o comércio do Brasil com a Palestina, até porque
muito do comércio exterior do país é feito via Israel. Hamdam citou dados de 2007, quando o
Brasil exportou o equivalente a US$ 10 milhões aos territórios palestinos. “Mas não temos
dados das exportações da Palestina ao Brasil”, ressaltou.
Os palestinos querem promover os negócios diretamente com os empresários brasileiros, sem
intermediários. Hoje, porém, a Palestina sequer consta do Siscomex, sistema brasileiro que
reúne as operações de comércio exterior.
Questionado sobre o tema, o chanceler Celso Amorim disse não ter a menor dúvida que a
inclusão do país no sistema, o que depende apenas de uma decisão governamental, seria uma
boa idéia, assim como a realização de um acordo de associação com o Mercosul.
Com ou sem acordo, o ministro Libere destacou que “a Palestina está aberta aos negócios”. O
seminário em Belém reuniu cerca de 120 empresários e representantes de entidades setoriais,
sendo 20 brasileiros. Os setores com maior representação foram os de infraestrutura, rochas
ornamentais e de tecnologias da informação.
Entre as empresas brasileiras, estavam presentes as construtoras Camargo Correa, OAS,
Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, o grupo Rosset, dono da marca de lingeries Valisère, a
Suzano, de papel e celulose, a Mineração Guidoni, o Sindirochas, além das estatais Eletrobrás,
Instituto Nacional de Tecnologia da Informação e Serpro, as duas últimas da área de
informática.
“Talvez haja muito o que a Palestina possa exportar para o Brasil”, disse o presidente da
Federação de Associações Empresariais da Palestina, Mohammad Massroji.
O primeiro-ministro da ANP, Salam Fayyad, disse que a Palestina quer ampliar suas relações
com o Brasil e uma das maneiras de fazer isso é por meio dos negócios. Lula acrescentou:
“Não podemos ficar esperando o comprador ou o vendedor passar na nossa porta, temos que
correr atrás”.
Entre os setores da economia palestina com vocação exportadora estão os de mármores,
têxteis, agrícola, farmacêutico, couro e calçados, alimentos industrializados, móveis, azeite e
artesanato. Todos eles, porém, precisam de investimentos.
Um ramo de grande potencial a ser explorado é o de turismo. O presidente da Câmara de
Comércio Árabe Brasileira, Salim Taufic Schahin, disse que “o turismo é o caminho ideal para
trazer prosperidade e oferecer um futuro melhor para a juventude desta região”. “O turismo cria
empregos, exige organização, boa logística, segurança e gera riqueza”, afirmou.
“A Câmara Árabe quer atuar como catalisadora desse setor, oferecendo nossa estrutura ao
setor privado e ao governo palestinos para servir de ligação com o setor turístico brasileiro”,
acrescentou Schahin. Ele recomendou também a formação de um conselho empresarial
bilateral para identificar oportunidades de negócios e fazer a interface do setor privado com os
governos.
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