Daninhas, INIMIGAS DA CITRICULTURA?

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CITRICULTURA
Daninhas,
INIMIGAS DA CITRICULTURA?
N
os últimos anos a citricultura paulista sofreu intensa migração das
regiões produtoras (regiões Norte e Noroeste do Estado de São Paulo) para novas áreas ao sudoeste do estado. Esse
deslocamento foi motivado não só pelas condições climáticas favoráveis, que
dispensam a irrigação, como também
pelo baixo valor das terras e menor incidência de doenças que interferem na
citricultura. Entretanto, as chuvas periódicas, associadas à alta umidade relativa do ar que se estende durante a
florada da cultura na região Sudoeste,
favorecem a ocorrência da podridão floral dos citros (PFC). “Causada pelo fungo Colletotrichum acutatum, a PFC tem
como sintoma típico lesões de coloração alaranjada nas pétalas das flores.
Quando não controlada, pode ocasionar
queda de até 100% de frutos jovens,
tornando seu controle obrigatório nos
locais em que ocorre com frequência”,
revela o biólogo Guilherme Fernando
Frare, aluno do programa de pós-graduação em Fitopatologia, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
(USP/ESALQ).
Frare explica que o controle tem sido
feito com pulverizações preventivas de
fungicidas no momento da florada e que,
para melhorar o manejo da doença e reduzir os custos de pulverização, é fundamental o conhecimento da epidemiologia
da podridão floral, com caracterização
clara do patossistema na região sudoeste paulista. “No entanto, há pouquíssima
informação disponível sobre a doença e,
em sua maioria, produzida na América
Central e na Flórida, EUA. São desconhe-
cidos, por exemplo, o
tempo e a forma de
sobrevivência
do
inóculo entre as
floradas”. Orientado
pela professora Dra.
Lilian Amorim, do Departamento de Fitopatologia e Nematologia
(LFN), o biólogo levantou a hipótese de que
as plantas daninhas
possam atuar como
hospedeiras alternativas do patógeno, servindo assim como fontes de inóculo primário,
ou seja, responsável
pela chegada da doença no pomar.
Daninhas
semeadas
O projeto teve
apoio da Fundação de
Flores de citros com sintoma de podridão floral após dois meses da inoculação
Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo
planta daninha nos quais foram depo(Fapesp) e, com foco em daninhas cositados 70 µL da suspensão de conídios
mumente encontradas em pomares de
de C. acutatum, proveniente de plancitros no estado de São Paulo, o pestas de citros com sintoma de PFC.
quisador plantou sementes de capimApós a inoculação, as plantas foram
amargoso, picão-preto, capim marmemantidas em câmara úmida por 36 holada, trapoeraba, capim carrapicho,
ras para permitir a germinação. Ao térbraquiária e capim colonião em vasos
mino da câmara úmida amostras de tode cinco litros, contendo uma mistura
das as plantas foram coletadas e obserde terra argilosa, matéria orgânica e
vadas em microscopia óptica para se
areia. Trinta dias após a germinação
confirmar a germinação dos conídios. Na
das sementes, as plantas foram transsequência, as plantas foram transferidas
plantadas individualmente para vasos
para casa de vegetação, onde foram
de cinco litros e mantidas a céu abermantidas até a sua senescência.
to até o momento da
inoculação. Em seguiSobrevivência
da, foram feitos de
No Laboratório de Epidemiologia, a
quatro a seis círculos
sobrevivência do patógeno nas folhas
de aproximadamente
das plantas daninhas foi avaliada menum centímetro de disalmente. Também foi realizado teste
âmetro em 24 folhas
de patogenicidade, para saber se o funde cada espécie de
go além de sobreviver nas plantas daninhas, também pode causar sintomas
de PFC quando inoculado em flores.
“Observou-se a germinação de conídios
Plantas daninhas
e formação de apressórios de C.
selecionadas para os
testes de inoculação
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CITRICULTURA
Limão é o destaque das
vendas para o exterior
GUILHERME FERNANDO FRARE
A
s meses da inoculação
acutatum na superfície de todas as folhas inoculadas, após 36 horas de câmara úmida. Além disso, o fungo sobreviveu por dois meses em todas as plantas daninhas avaliadas e por até três
meses nas plantas de trapoeraba, braquiária e capim colonião. Todos os isolados obtidos, independentemente da
espécie de planta daninha e do tempo
da inoculação, apresentaram sintomas
típicos de PFC em todas as flores de
citros inoculadas”, relata o autor do trabalho.
Uma das hipóteses que justifica a
ocorrência generalizada da podridão floral em um pomar seria a presença de
inóculo viável, seja em plantas de laranja assintomáticas ou em plantas daninhas. “Os resultados obtidos demonstram que plantas daninhas, comumente
encontradas em pomares de citros no
estado de São Paulo, podem servir como
hospedeiras alternativas de Colletotrichum acutatum, resultando em fonte de
inóculo primário para a cultura dos
citros”, conclui.
CAIO RODRIGO ALBUQUERQUE – ESALQ/USP
s exportações mineiras de frutas
frescas e secas somaram US$ 6,2 milhões em 2011. O valor é o maior já registrado por Minas Gerais, com crescimento de 76,3% em relação ao ano anterior.
As informações são da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) com base nos dados do
Ministério de Desenvolvimento, Indústria
e Comercio Exterior (MDIC).
O volume de frutas embarcado também registrou crescimento expressivo.
Foram exportadas 5,1 mil toneladas, um
aumento de 71,2% na comparação com
os embarques de 2010. O limão se destacou entre as frutas comercializadas.
Segundo Márcia Aparecida de Paiva Silva, assessora técnica da Seapa, a comercialização de limão movimentou US$
4,2 milhões e representou 68,6% da receita de exportação de frutas por Minas Gerais em 2011.
Em relação a 2010, o valor das exportações de limão aumentou 507,3% e atingiu o maior montante histórico. O volume encaminhado ao exterior chegou a
3,7 mil toneladas, expansão de 510% em
relação a 2010 e também foi recorde.
Minas Gerais é o terceiro maior exportador de limão do Brasil. Em 2011,
as vendas externas mineiras da fruta
corresponderam a 6,4% do valor exportado nacional, parcela superior à registrada no ano anterior (1,4%).
Mercados
“O principal destino das exportações mineiras de limão foi o mercado
europeu, que incrementou as compras
e contribuiu para o bom desempenho
do comércio internacional da fruta”,
explica Márcia Paiva. A Holanda, líder no
ranking dos compradores, aumentou as
importações em 594,3%, atingindo a
cifra de US$ 3,5 milhões.
Em seguida, estão Reino Unido, Dinamarca e Portugal. As importações do
Reino Unido aumentaram 963,7% e atingiram US$ 313,1 mil. Dinamarca e Portugal não compraram limão de Minas
Gerais em 2010 e, no ano passado, so-
SECRETARIA DE AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO DE MINAS GERAIS
Exportações mineiras de frutas
batem recorde em 2011
O volume de limão exportado cresceu
mais de 500%, movimentando US$ 4,2
milhões, quase 70% da receita com as
frutas embarcadas por MG
maram importação de US$ 250,6 mil e US$
204,1 mil, respectivamente.
Segundo Márcia Silva, um ponto importante a ser trabalhado é a diversificação
de mercados. “Embora os problemas econômicos de países da União Europeia não
tenham prejudicado as vendas mineiras,
a forte dependência diante dos países
consumidores do bloco europeu podem
gerar transtornos para exportadores brasileiros e mineiros”, analisa.
Principal região produtora
O norte de Minas Gerais é a principal região produtora de limão, e responde por 58,9% da produção estadual. “A
região é beneficiada pelo sistema de produção irrigada, aliada às condições de
clima e solo favoráveis à cultura da fruta”, explica.
Na avaliação da assessora da Seapa,
a exportação do limão proveniente do
norte de Minas e de outras regiões do
estado é impulsionada pela divulgação
dos produtos, ampliada por meio da
participação dos produtores em feiras
temáticas nacionais internacionais. O
estabelecimento de parceiras entre produtores também pode beneficiar a comercialização, pois contribuiu para a
ampliação da escala de vendas.
MÁRCIA FRANÇA – SECRETARIA DE AGRICULTURA,
PECUÁRIA E ABASTECIMENTO DE MINAS GERAIS
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