PREVENÇÃO DO CÂNCER E FATORES DE RISCO Prof.ª Renata

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PREVENÇÃO DO CÂNCER E FATORES DE RISCO
Prof.ª Renata Andreia Cenciareli
Prof. º Dr. Wagner J. Martins Paiva
Resumo: Este artigo apresenta os procedimentos e resultados obtidos na implementação
da Proposta Pedagógica “Prevenção do Câncer e Fatores de Risco”, realizada no Colégio
Estadual Professora Eudice Ravagnani de Oliveira situada no município de Florestópolis,
Paraná. Destaca a importância de o professor considerar os conhecimentos prévios dos
alunos a fim de favorecer uma aprendizagem significativa dos conteúdos abordados,
valorizando o ensino das Ciências, a experimentação, a investigação científica, o trabalho
em equipe e o envolvimento de todo o grupo neste diálogo, possibilitando a construção de
conhecimentos científicos mais significativos para os alunos.
Palavras chave: Aprendizagem significativa. Prevenção. Câncer. Fatores de Risco.
Abstract: This paper presents the procedures and results in implementing the proposal
Pedagogic "Cancer Prevention and Risk Factors," held in State College Teacher Eudice
Ravagnani de Oliveira located in the municipality of Florestópolis, Paraná. Stresses the
importance of the teacher to consider the prior knowledge of students to promote a
meaningful learning of the content discussed, valuing the teaching of science,
experimentation, scientific research, teamwork and involvement of the whole group in this
dialogue, allowing the construction of scientific knowledge more meaningful for students.
Key words: Meaningful learning. Prevention. Cancer. Risk Factors.
1. Introdução
A proposta de utilizar novas situações de ensino a partir do tema “Prevenção do
Câncer e fatores de Risco”, justifica-se pelo fato deste assunto atualmente, ser de grande
relevância social, pois envolve a saúde coletiva e a qualidade de vida de todos,
independente de idade, sexo ou condição econômica.
As atividades realizadas no contexto escolar levaram em consideração a
investigação, a pesquisa e o desenvolvimento de uma concepção de ensino que valorizou
os saberes dos alunos envolvidos, no caso, uma turma de 8ª Série do período vespertino.
A proposta de planejamento e execução do projeto teve como objetivo organizar os
conteúdos escolares a serem trabalhados a partir de situações de vivência dos alunos
que permitissem a construção de significados mais complexos, possibilitando a interação
entre os mesmos em sala de aula a partir de atividades que promovessem uma
participação efetiva se não de todos, da maioria.
Aos educadores a intenção é a de propor uma reflexão sobre as nossas práticas
pedagógicas enquanto professores da Rede Pública Estadual e o que podemos fazer
para melhorar a qualidade de ensino que é o nosso objetivo maior.
2. Fundamentação Teórica
O corpo humano é constituído por células que desempenham funções específicas
no organismo. A transformação de uma célula saudável em cancerosa se dá lentamente e
por alteração do seu DNA, pode ocorrer devido a fatores genéticos, ação de vírus,
substâncias químicas do ambiente, da alimentação, ou por agentes físicos como certos
tipos
de
radiação
que
causam
falhas
nessas
células
que
se
multiplicam
desordenadamente formando tumores.
Câncer é o conjunto de mais de 100 doenças que têm em
comum o crescimento desordenado (maligno) de células que
invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase)
para outras regiões do corpo. Dividindo-se rapidamente, estas
células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis,
determinando a formação de tumores (acúmulo de células
cancerosas) ou neoplasias malignas (INCA, 14/07/2008).
A detecção precoce e a mudança no estilo de vida, evitando o consumo de álcool,
o sedentarismo, o tabagismo e mantendo o peso corporal recomendado, contribuem para
a sua prevenção. “O câncer atinge todos os segmentos da sociedade em todos os países.
A boa notícia é que o câncer pode ser evitado na maioria dos casos”, diz Isabel Mortara,
diretora executiva da UICC. “Os primeiros passos rumo à prevenção são a educação e a
ação. Eles precisam começar pelas crianças”. Segundo dados da própria UICC, 43% dos
casos de câncer podem ser evitados com estilos de vida saudáveis desde a infância.
(ADITAL – Notícias da América latina e Caribe).
Cerca de 80% dos casos de câncer está relacionada ao meio ambiente, no qual
encontramos um grande número de fatores de risco.
São raros os casos de cânceres que se devem exclusivamente
a fatores hereditários, familiares e étnicos, apesar de o fator
genético exercer um importante papel na oncogênese. Alguns
tipos de câncer de mama, estômago e intestino parecem ter
um forte componente familiar, embora não se possa afastar a
hipótese de exposição dos membros da família a uma causa
comum e determinados grupos étnicos parecem estar
protegidos de certos tipos de câncer (INCA, 14/07/2008).
O tabaco, por exemplo, é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS),
a maior causa isolada de adoecimento no mundo. Estima-se que 90% dos casos de
câncer de pulmão e 30% de todos os cânceres estejam relacionados a ele. Atualmente
cinco milhões de pessoas morrem vítimas de doenças relacionadas ao tabagismo e a
estimativa da OMS é que esse número dobre em 2020, causando 10 milhões de mortes
(Goldfarb, 1998).
Para agravar esse quadro, o álcool potencializa o efeito carcinogênico do tabaco e
na maioria das vezes o consumo de ambos ocorre pela primeira vez na infância e ou
adolescência; 50 a 70% de todas as mortes devido ao câncer de língua, cavidade oral,
faringe e esôfago, estão relacionados ao seu consumo (Goldfarb, 1998).
Uma pesquisa realizada em 10 capitais brasileiras confirmou que 60% dos
estudantes de ensino fundamental e médio fizeram uso pelo menos uma vez na vida de
bebidas alcoólicas e que quase 24% dos jovens de até 18 anos de idade o fazem
regularmente (Galduróz et al., 1993).
Segundo o CEBRID - Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas,
77,6% dos adolescentes paranaenses já fizeram uso na vida de bebida alcoólica e as
maiores porcentagens de dependentes de álcool, cerca de 14,8%, é na população jovem
de 18 a 24 anos de idade.
O álcool, por ser uma droga lícita, acaba tendo na sociedade e na família, uma
aceitação natural. Nossa cultura tolera o uso de bebidas alcoólicas em comemorações
familiares, festas e em diversos lugares onde seu consumo é aceito com naturalidade
entre jovens e o fato de ser uma droga atrativa, de fácil acesso e legalizada, aumentam os
riscos de abusos que podem gerar graves conseqüências, desde acidentes de trânsito,
violência, atos de vandalismo e principalmente, danos à saúde.
Já o câncer de pele está relacionado à exposição excessiva ao sol e é o mais
freqüente no país em ambos os sexos. Apesar de não levar à morte na maioria das vezes,
causa sérios danos estéticos. O fato se agrava pelo fato de vivermos num país tropical,
em uma cultura que associa a beleza ao bronzeamento do corpo e do grande número de
pessoas trabalhando na agricultura ou em outras atividades ao ar livre, o que favorece
seu surgimento. Os danos causados à pele se acumulam no decorrer da vida e quanto
mais clara for a pele, maior o risco. Outro fator de risco é a redução da camada de ozônio,
que diminui a filtragem de raios ultravioleta e aumenta seus efeitos cancerígenos.
“Hábitos alimentares incorretos estão relacionados a 35% de todos os tipos de
câncer, principalmente os de cólon, reto e mama” (Koiffman, 1995) e isso se deve
principalmente ao consumo de alimentos salgados, com altos teores de gordura ou mal
conservados.
Por outro lado, alguns fatores reduzem as probabilidades do indivíduo ter câncer,
são os chamados fatores de proteção. “Eles podem ser genéticos e externos, tais como
atividades físicas, lazer, visando redução de stress e alimentação rica em fibras, com
verduras e frutas em abundância” (Higginson, 1993).
Para proteger, parar ou reverter os processos de carcinogênese recomenda-se
uma alimentação rica em fibras, vitamina C, beta caroteno, vitamina E, e outros
compostos de origem vegetal. Infelizmente, o consumo cada vez menor de alimentos
como frutas, verduras, legumes e cereais, os chamados fatores de proteção, estão sendo
substituídos por alimentos do tipo “fast food”, preferências do mundo moderno. Por isso,
ressalta-se a necessidade de mudanças de hábitos, atitudes e comportamentos,
principalmente entre crianças e adolescentes; pois, estes se encontram ainda em fase de
formação de consciência crítica, de construção da auto-estima e de formação de crenças.
Destaca-se neste sentido, a produção do conhecimento que desmistifique crenças, que
permita aos alunos acesso a um conhecimento que os tornem capazes de entender a
saúde como algo insubstituível e que a responsabilidade sobre o seu próprio corpo e do
meio ambiente depende de cada uma delas.
Mais de sete milhões de pessoas morrem de câncer e cerca de
onze milhões de casos são diagnosticados a cada ano. Os que
mais contribuem para aumentar os índices de mortalidade são
os cânceres de pulmão, estômago, fígado, colo do útero e
mama respectivamente. Em 2006, o câncer matou mais
pessoas que a AIDS, a malária e a tuberculose juntas (ADITAL,
17/07/2008).
3.
Desenvolvimento
3.1 Levantamento de questões da vivência dos alunos
Para iniciar o Projeto de Intervenção Pedagógica com a 8.ª série do Ensino
Fundamental, foram realizadas cinco perguntas sobre a "Prevenção do Câncer e Fatores
de Risco” com o objetivo de analisar os conhecimentos prévios que os alunos possuem
em relação a este assunto. São elas:
•
O que a palavra “Câncer” significa para você?
•
Você conhece alguma pessoa que convive ou já conviveu com esta doença?
•
Descreva o que você sabe sobre as dificuldades encontradas por estas pessoas
em relação ao câncer:
•
Como se “pega” câncer?
•
Como é possível prevenir esta doença?
Foram registradas trinta e três opiniões de alunos com idade entre 13 e 16 anos,
sendo quinze do sexo feminino e dezoito do sexo masculino da oitava série do Ensino
Fundamental, período vespertino, do Colégio Estadual Professora Eudice Ravagnani de
Oliveira, município de Florestópolis, Paraná.
Para que o conhecimento passe a ser construído pelo aluno, tornando-o sujeito de
sua aprendizagem e, tendo o professor como mediador desse processo, devemos buscar
estratégias eficientes e aulas mais atraentes. Este tipo de atividade de investigação da
realidade criou oportunidades para que o aluno, ao dar a sua opinião, deixe de ser apenas
um ouvinte e um repetidor de informações fornecidas pelo professor ou pelo livro didático,
o que favorece a aprendizagem significativa, desenvolve a autonomia e o senso crítico.
Ao refletir as respostas dadas pelos alunos, que ocorreu sem a interferência do
professor, percebemos que eles não encontraram dificuldades em responder às questões
e que também possuem algum conhecimento a respeito do assunto, mesmo que de
senso comum.
Em relação à primeira questão (Anexo 1 - “O que a palavra “Câncer” significa
para você?”), eles deram a entender, mesmo que usando termos diferentes, que se trata
de uma doença grave, que deve ser cuidada, causa sofrimento e pode levar a morte.
Alguns até se referiram à doença como ‘um tumor maligno em alguma parte do corpo’,
‘doença que pode destruir a vida de um ser humano silenciosamente’ ou ‘tumor que se
desenvolve com o tempo e que se não for reconhecido e tratado a tempo pode causar a
morte’, respostas que demonstram certo entendimento sobre o assunto.
Na segunda pergunta (Anexo 2 - “Você conhece alguma pessoa que convive
ou já conviveu com esta doença?”), doze alunos responderam sim e vinte e um
responderam não. A impressão que se tem, é a de que os que dizem não conhecer, não
se importam tanto com a saúde das outras pessoas que não são de seu convívio. Os que
afirmam conhecer é porque possuem alguém da família ou muito próximo a ele que têm,
já teve ou está com a doença.
Sobre a terceira questão (Anexo 3 - “Descreva o que você sabe sobre as
dificuldades encontradas por estas pessoas em relação ao câncer:”), a maioria
demonstrou ter noção do que é quimioterapia, associando o tratamento do câncer à
queda do cabelo, apesar de muitos não entenderem esta relação, como foi constatado
posteriormente ao receberem esclarecimentos a respeito deste assunto. Alguns
mencionaram ainda o sofrimento da família, do doente, as limitações e o preconceito que
estas pessoas enfrentam.
Quanto aos resultados da quarta pergunta (Anexo 4 - Como se “pega” câncer?),
somente dois dos trinta e três alunos não souberam associar o câncer aos fatores de risco
respondendo sem nexo à questão. Os demais citaram as drogas, o álcool, o cigarro, o sol,
a alimentação, a falta de exercícios físicos e de cuidados com a saúde como os
responsáveis pela doença.
A quinta e última questão (Anexo 5 – Como é possível prevenir esta doença?),
passou a impressão que eles possuem um bom entendimento quanto aos cuidados que
devemos ter com a saúde, evitando o uso de bebidas alcoólicas e cigarro, a importância
de ir ao médico, de realizar exames, praticar esportes e possuir uma boa alimentação.
A intenção a partir desses resultados é a de melhorar a aprendizagem dos alunos
sobre os saberes científicos relacionados ao tema Câncer, discutindo e valorizando o que
eles já sabem e o que responderam. Estimulando a participação oral dos mesmos através
do questionamento e da problematização, para que sejam capazes de investigar e
questionar sua realidade e, assim, reconstruírem seus conhecimentos, valores e atitudes,
para que se tornem sujeitos conscientes de suas ações.
3.2 O questionário como instrumento de investigação
O objetivo do questionário “Prevenção do Câncer e Fatores de Risco” (Anexo 6) foi
o de traçar um perfil do estilo de vida do aluno para, a partir de suas respostas, fazer um
levantamento das ações que deverão ser tomadas no decorrer da implementação do
projeto na escola. Os alunos se identificaram apenas pela idade e sexo, o que facilitou a
idoneidade das respostas.
Antes de iniciar esta atividade os alunos receberam algumas orientações quanto ao
preenchimento do questionário: como responder, da importância de serem sinceros, da
seriedade de uma pesquisa para que os resultados coletados sejam os mais próximos da
realidade. Que a finalidade desta pesquisa é conhecer seus estilos de vida para, a partir
dos resultados obtidos, discutirmos o que é certo ou errado em relação à alimentação, à
exposição solar e aos demais fatores de risco.
Enquanto os alunos respondiam às questões, o momento foi registrado com a
câmera fotográfica e podemos perceber que eles se sentiram importantes, demonstrando
seriedade, como se eles tivessem realmente entendido o objetivo do que lhes foi
proposto.
Após a aplicação do questionário, os dados foram tabulados e analisados, como
mostramos a seguir:
•
Alimentação: observando as respostas referentes aos hábitos alimentares
mencionados pelos alunos, percebemos que estes precisam ser melhorados.
Podemos notar nas questões que citam o consumo de produtos embutidos e
defumados que 51,5% o fazem semanalmente, de enlatados 48,5% e de frituras
66,7%. Quanto à freqüência com que comem alimentos saudáveis, 57,6%
raramente ou nunca consomem produtos integrais e, apesar de 63,6% deles
comerem frutas diariamente, 48,5% não gostam de verduras e legumes.
•
Quanto à freqüência de atividades físicas em seu cotidiano, a maioria dá valor a
esta prática e, de acordo com a professora de educação física da escola, tratase de uma turma muito ativa nas aulas desta disciplina, o que pode ser
constatado também nas respostas que deram no questionário. Vale lembrar que
muitos alunos desta turma (8.ª D) participam também do grupo de escoteiros da
cidade, ou de projetos envolvendo futebol, handebol, enfim, de outras atividades
que a prefeitura de nosso município oferece à comunidade, que procuram
estimular o seu bem estar físico e social.
•
Em relação aos cuidados que devem ter com a exposição aos raios solares, foi
constatada a necessidade de eles receberem mais informações e orientações a
respeito do uso de protetores e filtros solares quando estiverem em ambientes
ensolarados, devido ao alto índice de respostas de que nunca ou raramente se
preocupam em se proteger dos raios solares e da falta de relação destes atos
com o câncer de pele;
•
Quanto ao uso do tabaco, a maioria afirma nunca ter fumado (63,6%) e, os 9%
que admite fumar atualmente diz que pretende parar de fumar. Sobre o fato de
estarem em algum local público e fechado e alguém está fumando, 30,4%
afirma que não se incomodaria, 33,4% se incomodaria, mas não reagiriam,
outros 27,2% daria sinais de estar incomodado e apenas 9% pediria que o
fumante apagasse o cigarro. Em áreas onde as pessoas trabalham juntas,
somente 3% respondeu que fumar deveria ser permitido, 30,3% concorda que
deveriam existir os “fumódromos”, 21,2% que deveriam instituir áreas para
fumantes e não fumantes e 45,5% afirmam que fumar não deveria ser permitido
em nenhum local;
•
Quanto ao consumo de bebidas alcoólicas, dos 33 alunos que responderam ao
questionário, 25 afirmam já ter experimentado o álcool (75,8%) e, destes, 24,2%
dizem que bebem atualmente. A freqüência é de 18,2% que diz beber aos finais
de semana, 33,3% raramente bebe e 48,5% afirmam não beber de jeito
nenhum.
3.3 Campanha Antitabagismo
Considerando o 8 de abril como o Dia Mundial de Combate ao Câncer,
percorremos as dependências da escola com os alunos da 8.ª Série do Ensino
Fundamental, colando adesivos da Campanha Antitabagismo que recebemos do Instituto
Nacional do Câncer (INCA). Escolhemos pontos estratégicos como: as portas e interiores
dos banheiros femininos e masculinos, corredores, portas das salas de aula, quadra de
esportes, portões e atrás da biblioteca, local considerado por eles, como o “fumódromo”
dos alunos, principalmente dos que estudam no período noturno. Apesar de esta atividade
ter sido um ato simples de sensibilização sobre os efeitos nocivos do tabaco, os alunos
gostaram bastante da iniciativa, o que ficou evidenciado através de seus gestos e
disposição em contribuir de alguma forma na execução do trabalho, o que acabou
refletindo também na receptividade dos demais alunos da escola.
A proposta de passar uma lição positiva, uma motivação para que tenham hábitos
saudáveis, que evitem o uso de cigarros, que “fumar é careta”, ficou claro à medida que
íamos registrando a campanha com a câmera fotográfica. Eles realmente demonstraram
satisfação de estarem participando de algo importante para a saúde coletiva e até os
alunos fumantes da escola acabaram sendo advertidos de maneira educativa pelos
demais colegas e aceitando a repreensão.
O fato de sair da rotina, mesmo que para dar uma simples volta pelas
dependências da escola na companhia do professor, despertou neles uma participação
mais ativa no retorno à sala de aula. Eles ficaram mais soltos para opinar e aumentaramse os laços afetivos, pois, ao envolvê-los em atividades extraclasse, eles acabam
percebendo que a escola não se resume somente à sua sala de aula, mas ao ambiente
escolar como um todo.
3.4 Utilização de recursos audiovisuais e a importância da leitura
Com o objetivo de estimular nos alunos o hábito da leitura e, principalmente, os de
pensar, refletir e agir com consciência crítica, utilizamos alguns textos retirados de fontes
confiáveis da internet, revistas (Superinteressante, Isto é, Ciência Hoje, etc.), contendo
estatísticas recentes em relação à incidência do Câncer no Brasil e no mundo e outros
textos abordando os fatores de risco e medidas de prevenção. Usamos também, os
livretos informativos produzidos e distribuídos pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA),
“O Câncer e seus Fatores de Risco – Doenças que a Educação pode Evitar”.
Os alunos se reuniram em grupos para ler, discutir e trocar opiniões sobre o
assunto e, em seguida, as equipes elegeram um representante para expor o resultado de
suas leituras e as conclusões a que chegaram.
Num segundo momento, diversos vídeos abordando as conseqüências do
tabagismo, alcoolismo, hábitos alimentares incorretos, sedentarismo e outros fatores de
risco do Câncer foram exibidos na TV Pendrive, no intuito de despertar nos alunos o
interesse em repensar suas práticas e estilos de vida. Foram vistas também, várias
propagandas de Campanhas audiovisuais, inclusive de outros países, envolvendo
situações de risco ou cenas que chamam a atenção para a importância da qualidade e
valorização da vida. Com a proposta de refletir os assuntos trabalhados, os alunos
produziram um texto onde relacionaram, ou pelo menos tentaram retratar os assuntos
trabalhados com a realidade do seu cotidiano.
3.5 Discutindo nossos hábitos
Iniciamos a conversa com os alunos relembrando nossos comportamentos diários,
perguntando o que eles fazem no seu dia a dia, da hora que acordam até a hora que vão
dormir, destacando a importância de respeitarmos os horários de repouso, da
alimentação, dos hábitos de estudar e brincar.
Comentamos o que são hábitos saudáveis, o papel dos alimentos para o corpo, a
função dos nutrientes e a sua importância para uma vida saudável, anotando no quadro
de giz, o que eles foram falando a respeito de seus hábitos diários, separando suas
opiniões a respeito do que eles gostam e não gostam de fazer, como mostramos a seguir:
GOSTO
NÃO GOSTO
Em seguida, realizamos uma nova arrumação dos grupos gosto/não gosto em
saudáveis/não saudáveis:
SAUDÁVEIS
NÃO SAUDAVEIS
A discussão em torno do que é saudável ou não saudável reforçou a importância
de saber diferenciá-los a fim de evitar doenças e ter mais qualidade de vida e, ao ressaltar
os pontos positivos e criticá-los construtivamente quanto aos comportamentos prejudiciais
à saúde, verificamos que a tendência do grupo como um todo, é mais para
comportamentos desregrados e de uma alimentação desequilibrada. O resultado desta
atividade foi muito interessante, pois, eles reconheceram que muitos comportamentos
adotados são prejudiciais à saúde e a proposta de repensá-los foi aceita com disposição
pela turma. Só nos resta saber se colocarão estes conhecimentos em prática.
3.6 Pesquisa em jornais, revistas e embalagens de cigarro
FUMAR CAUSA DIVERSOS MALES À SAÚDE. Foi com esta frase de advertência
que iniciamos esta atividade de implementação. Comentando seu significado e o motivo
de sua divulgação nos diversos meios de propaganda, os alunos foram orientados a
coletarem para a próxima aula, o maior número possível de advertências presentes em
maços de cigarro, revistas e outros meios de comunicação, no intuito de realizarmos um
trabalho de conscientização para ser divulgado na escola. Foi sugerida uma pequena
competição, dividindo a turma em dois grupos para ver quem conseguiria o maior número
de advertências. Interessante como uma simples atividade mexe com os alunos o que foi
constatado pela incrível capacidade de organização que eles têm quando uma
competição está em jogo. Na aula seguinte, os alunos se dividiram em grupos menores,
recortaram as advertências presentes nos maços de cigarro e as colaram em cartolina.
Aproveitamos o momento e acrescentamos outros temas para a confecção dos cartazes,
abordando assuntos como o uso de bebidas alcoólicas e hábitos alimentares, dando
seqüência ao objetivo maior do projeto que é o de evitar os fatores de risco do câncer e
cuidar da saúde. Assim, podemos observar como os alunos gostam deste tipo de
atividade, pois tivemos a participação de todos da sala na realização do trabalho que foi
finalizado colando os cartazes em pontos estratégicos da nossa escola.
3.7 Entrevista
Em sala de aula os alunos foram orientados a entrevistarem três pessoas: um
fumante, um ex-fumante e um não fumante, dando preferência para pessoas próximas a
eles, como familiares, vizinhos ou amigos. As seguintes questões foram abordadas com
os entrevistados:
Perguntas para não fumantes:
a) Alguém já lhe ofereceu cigarros?
b) O que você fez?
c) Quais são os seus motivos para não fumar?
d) Alguém na sua casa fuma?
e) A fumaça do cigarro te incomoda?
f) Você já pediu a um fumante para apagar o cigarro? Por quê?
Perguntas para fumantes:
a) Com quantos anos você começou a fumar?
b) Quanto tempo faz que você fuma?
c) Você pretende parar de fumar?
d) Você acha que o cigarro prejudica sua saúde?
e) Quando você esta fumando, você se preocupa se a fumaça está
incomodando outras pessoas que não fumam?
Perguntas para ex-fumantes:
a) Com quantos anos você começou a fumar?
b) Por que começou?
c) Quanto tempo você fumou?
d) Por que parou de fumar?
e) Como você conseguiu parar de fumar?
f) Como você se sente agora?
g) Você sente vontade de fumar?
Os alunos gostaram muito de realizar esta atividade extraclasse, demonstrando
muito entusiasmo ao entregarem o resultado de suas entrevistas, ao compartilharem as
informações colhidas e pela expectativa de comentarem suas experiências enquanto
entrevistadores. Durante a análise e comparação das respostas dadas, podemos
perceber as dificuldades e os méritos dos entrevistados que conseguiram parar de fumar,
a capacidade de resistir dos que nunca fumaram e o fato de uma parcela significativa dos
fumantes terem conhecimento dos efeitos prejudiciais do cigarro ao organismo e mesmo
assim não conseguirem abandonar o seu consumo. A partir desta atividade tivemos a
oportunidade de debater a respeito da dependência da nicotina, das dificuldades
encontradas por aqueles que pretendem largar este vício e não conseguem, da influência
dos amigos e familiares no ato de fumar ou não, das razões mais freqüentes que levam a
começar ou deixar de fumar, propiciando a reflexão a fim de que eles tenham clareza nas
opções que vierem a fazer, procurando sensibilizá-los para que ajam conscientemente
frente aos apelos publicitários ou sociais que induzem ao cigarro.
4. Considerações Finais
Valorizando a Ciência como uma área de conhecimento e na busca de melhores
condições de saúde, higiene e alimentação, procuramos estimular nos alunos, hábitos de
pensar, refletir e agir com consciência crítica frente às questões apresentadas durante a
implementação do projeto. Considerando que hábitos se modificam em longo prazo,
buscamos ações que ampliaram o acesso à informação sobre os principais fatores de
risco e procuramos despertar no aluno, o interesse em interpretar o mundo que o cerca e
a resolver problemas cuja solução implica em repensar suas práticas e hábitos diários.
Analisando as atividades desenvolvidas, podemos perceber que estimulamos o
diálogo, a autonomia e a criatividade dos alunos, valorizando o trabalho coletivo como
instrumentos de construção de conhecimentos e despertando neles um maior interesse
pela escola como espaço de socialização do conhecimento.
Acreditamos que assim podemos contribuir para a formação de cidadãos mais
responsáveis e críticos, capazes de decidir sobre a adoção de estilos de vida saudáveis,
com responsabilidade social e sobre o meio ambiente, dentro de uma concepção mais
ampla do que é saúde.
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Anexo 1
O que a palavra "câncer" significa pra você?
6
5
5
4
4
3
3
3
3
2
1
1
0
Doença que deve
ser tratada
Sofrimento
Doença que pode
matar
É um tumor
maligno
Doença que pode
ser curada
Doença silenciosa
Anexo 2
Você conhece alguma pessoa que convive ou já conviveu com esta doença?
Sim
36%
Não
64%
Anexo 3
Descreva o que você sabe sobre as dificuldades encontradas por estas pessoas em relação ao
câncer:
10
9
9
8
7
7
6
5
5
4
4
4
4
Não pode fazer
tudo que deseja
Preconceito
Sofrimento
(inclusive dos
familiares)
3
2
1
0
Mal estar causado Depressão, falta de
pela quimioterapia esperança, tristeza
Queda do cabelo
Anexo 4
Como se "pega" câncer?
7
6
5
6
5
5
5
5
4
3
3
2
2
2
Falta de
exercícios
físicos
Não
entenderam a
pergunta (sem
nexo)
1
0
Tomar sol,
Fumar, beber Fumar, beber,
fumar, beber e usar drogas usar drogas,
ou usar drogas
falta de
exercícios e
alimentação
Hábitos
alimentares
Não se cuidar
Fumar
Anexo 5
Como é possível prevenir esta doença?
12
10
10
8
8
6
6
4
3
3
2
2
1
0
Cuidando da
saúde
I ndo ao médico Não fumar e não
e fazendo
beber
exames
Parando de
fumar
Se alimentando Não fumar, não
bem
beber e não
ficar muito
tempo no sol
Não há nada a
fazer
Anexo 6
“Prevenção do Câncer e Fatores de Risco”
IDENTIFICAÇÃO
Idade
Série
Sexo
Feminino
Masculino
Aproximadamente seu Peso?
Aproximadamente sua Altura?
Marque a resposta das questões 1 a 9 de acordo com o modelo:
a) Mais de uma vez por dia
b) Mais de uma vez por semana
c) Mais de uma vez por mês
d) Raramente
e) Nunca
1.
Com que freqüência você consome produtos como: pão integral, macarrão
integral, biscoito integral ou outros produtos integrais?
a) (
2.
)
d) (
)
e) (
)
)
b) (
)
c) (
)
d) (
)
e) (
)
)
b) (
)
c) (
)
d) (
)
e) (
)
)
b) (
)
c) (
)
d) (
)
e) (
)
Quantas vezes você costuma comer carne de vaca ou de porco?
a) (
6.
c) (
Com que freqüência você consome produtos embutidos e defumados
como: mortadela, salsicha, lingüiça, presunto, salame, etc.?
a) (
5.
)
Fora a batata, com que freqüência você come vegetais como: alface,
repolho, vagem, beterraba, cenoura, chuchu, pepino, berinjela, abobrinha,
etc.?
a) (
4.
b) (
Com que freqüência você come frutas frescas como: laranja, banana,
abacaxi, mamão, melancia, limão, manga, melão, etc.?
a) (
3.
)
)
b) (
)
c) (
)
d) (
)
e) (
)
e) (
)
Com que freqüência você come alimentos fritos (frituras)?
a) (
)
b) (
)
c) (
)
d) (
)
7.
Você come alimentos enlatados como: milho, ervilha, palmito, azeitona,
extrato de tomate, sardinha, etc.?
a) (
8.
)
c) (
)
d) (
)
e) (
)
)
b) (
)
c) (
)
d) (
)
e) (
)
Você realiza atividades físicas como correr, caminhar, fazer ginástica,
jogar, andar de bicicleta ou qualquer outra atividade que o faça suar
bastante ou que aumentem sua respiração ou batimentos do coração?
a) (
10
.
b) (
Com que freqüência você come a pele da galinha ou a gordura da carne?
a) (
9.
)
)
b) (
)
c) (
)
d) (
)
e) (
)
Escolha somente uma frase que esteja de acordo com o que você pensa
em relação a fazer exercício:
a) (
b) (
c) (
d) (
e) (
) Eu não penso em me dedicar a fazer exercício porque não gosto;
) Eu gostaria de me dedicar a fazer exercício, mas não tenho
vontade;
) Eu estou seriamente pensando em me dedicar mais aos
exercícios físicos;
) Eu fiz exercício regular, parei, mas gostaria de voltar a fazer logo;
) Eu já faço exercícios e pretendo manter minha forma.
Marque a resposta das questões 11 a 15 de acordo com o modelo:
a) Sempre
b) Várias vezes
c) Algumas vezes
d) Raramente
e) Nunca
11
.
Quando você está num ambiente ensolarado, com que freqüência usa
protetor ou filtro solar?
a) (
12
.
b) (
)
c) (
)
d) (
)
e) (
)
Quando você está num ambiente ensolarado, por mais de uma hora, com
que freqüência você usa chapéu ou qualquer tipo de proteção para o rosto,
orelhas e pescoço?
a) (
13
.
)
)
b) (
)
c) (
)
d) (
)
e) (
)
Quando você vai à piscina, praia ou rio, com que freqüência usa protetor
ou filtro solar?
a) (
)
b) (
)
c) (
)
d) (
)
e) (
)
14
.
Quando você fica muito tempo sem se expor ao sol, e então toma sol por
mais de uma hora, na praia, no rio, na rua ou no trabalho, sem proteção,
você:
a)
b)
c)
d)
15
.
(
(
(
(
(
(
(
(
) Sim
b) (
) Não
) Sim
b) (
) Não
) Não me incomodaria;
) Se incomodaria, mas não reagiria;
) Daria sinais de estar incomodado;
) Pediria que o fumante apagasse o cigarro.
O que você prefere em áreas onde as pessoas trabalham juntas:
a) (
b) (
c) (
d) (
21
) Não
Qual seria sua atitude diante de alguém que esta fumando, caso você
estivesse em um local público e fechado?
a)
b)
c)
d)
20
.
b) (
Você pretende parar de fumar? (Pule essa questão se você não fuma)
a) (
19
.
) Sim
Atualmente, você fuma?
a) (
18
.
) Vermelha, com bolhas;
) Vermelha, sem bolhas;
) Vermelha, descascando em poucos dias;
) Vermelha, sem descascar.
Você alguma vez na vida fumou cigarros, charutos ou coisa parecida?
a) (
17
.
) Fica vermelho e não bronzeia;
) Eu Fica vermelho e bronzeia com moderação;
) Fica pouco vermelho e bronzeia bastante;
) Raramente fica vermelho e bronzeia muito.
Quando você fica muito tempo sem tomar sol e então se expõe por mais
de uma hora, sem proteção, sua pele fica:
a)
b)
c)
d)
16
.
(
(
(
(
) Fumar deve ser permitido;
) Deve haver áreas delimitadas onde fumar é permitido
(fumódromos);
) Devem-se instituir áreas para fumantes e áreas para não
fumantes;
) Fumar não deve ser permitido em nenhum local.
Você já consumiu bebidas alcoólicas?
a) (
22
.
b) (
) Não
Atualmente, você consome bebidas alcoólicas?
a) (
23
.
) Sim
) Sim
b) (
) Não
Com que freqüência você consome bebidas alcoólicas?
a)
b)
c)
d)
(
(
(
(
) Diariamente;
) Nos finais de semana;
) Raramente bebo;
) Não bebo.
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