Biologia Fascículo 01 Maria Lúcia Pereira Soares Índice Fisiologia Animal I ....................................................................................................................... 1 Digestão ............................................................................................................................................. 1 Respiração .......................................................................................................................................... 8 Circulação ......................................................................................................................................... 14 Exercícios ..................................................................................................................................... 21 Gabarito ........................................................................................................................................ 24 Fisiologia Animal I Digestão Conceito Digestão é o conjunto de transformações fisioquímicas ou físico-químicas que os alimentos orgânicos sofrem para se transformarem em moléculas menores, hidrossolúveis e absorvíveis. Alimentos A matéria orgânica que constitui o alimento de um animal deve conter diversos tipos de substâncias nutrientes: carboidratos, lipídios, proteínas, sais minerais, vitaminas e água. Carboidratos e lipídios: alimentos energéticos Carboidratos e lipídios são nutrientes orgânicos cuja função principal é fornecer energia às células. Alimentos ricos desses nutrientes costumam ser chamados de alimentos energéticos. Proteínas: alimentos plásticos Proteínas são nutrientes orgânicos cuja função principal é fornecer aminoácidos às células. A maior parte dos aminoácidos absorvidos é empregada na fabricação das proteínas específicas do animal. Uma vez que as proteínas são os principais constituintes estruturais (plásticos) das células animais, costuma-se dizer que alimentos ricos desse tipo de nutriente são alimentos plásticos. Sais Minerais Sais minerais são nutrientes inorgânicos que fornecem ao animal elementos químicos como o cálcio, o fósforo, o ferro ou o enxofre, entre outros. Exemplos de sais minerais são os cloretos (de sódio, de cálcio, de magnésio, férrico etc.), os fosfatos (de cálcio, de magnésio etc.) e diversos outros tipos de sais. O cálcio, por exemplo, é um elemento químico de fundamental importância na estrutura dos ossos de animais vertebrados e das conchas de moluscos. O ferro, presente na hemoglobina do sangue de diversos animais, é fundamental para o transporte de oxigênio para as células. Elementos químicos como o fósforo, por sua vez, fazem parte das moléculas de ATP, que são as responsáveis pelo fornecimento de energia a todas as reações químicas fundamentais à vida. Água A água não é propriamente um nutriente, embora seja fundamental à vida. Todas as reações vitais ocorrem no meio aquoso presente no interior das células. Além de ser ingerida na forma líquida, a água geralmente faz parte da composição de todos os alimentos. Vitaminas Vitaminas são substâncias orgânicas essenciais à vida, mas que determinada espécie animal não consegue fabricar. Conseqüentemente, as vitaminas precisam ser obtidas no alimento ingerido. A maioria das vitaminas atua como co-fatores enzimáticos, isto é, como fatores acessórios de reações catalisadas por enzimas. Na ausência de certas vitaminas, determinadas enzimas não funcionam, com prejuízo para as células. 1 Principais vitaminas humanas Vitaminas Uso no corpo Deficiência Principais fontes A (vitamina da visão) Necessária para o crescimento normal e para o funcionamento normal dos olhos, do nariz da boca, dos ouvidos e dos pulmões. Previne resfriados e várias infecções. Evita a cegueira noturna. Cegueira noturna, xeroftalmia, olhos secos em crianças, cegueira total. Pele áspera e seca facilidade para infecções. Vegetais amarelos (cenoura, abóbora, batata-doce, milho), pêssego, nectarina, abricó, gema de ovo, manteiga, fígado. B2 (riboflavina) Auxilia a oxidação dos alimentos. Essencial à respiração celular. Mantém a tonalidade saudável da pele. Atua na coordenação motora. Ruptura da mucosa da boca, dos lábios, da língua e das bochechas. Vegetais de folhas (couve, repolho, espinafre etc.), carnes magras, ovos, fermento de padaria, fígado, leite. B1 (tiamina) Auxilia na oxidação dos carboidratos. estimula o apetite. Mantém o tônus muscular e o bom funcionamento do sistema nervoso. Previne o beribéri. Perda de apetite, fadiga muscular, nervosismo, beribéri. Cereais na forma integral e pães, feijão, fígado, carne de porco, ovos, fermento de padaria, leite. B Mantém o tônus nervoso e muscular e o (PP) (niacina) bom funcionamento do aparelho digestivo. Previne a pelagra. Inércia e falta de energia, nervosismo extremo, distúrbios digestivos, pelagra. Levedo de cerveja, carnes magras, ovos, fígado, leite. B6 (piridoxina) Auxilia a oxidação dos alimentos. Mantém a pele saudável. Doenças da pele, distúrbios nervosos, inércia e extrema apatia. Levedo de cerveja, cereais integrais, fígado, carnes magras, peixe, leite. C Previne infecções. Mantém a integridade dos vasos sanguíneos e a saúde dos dentes. Previne o escorbuto. Inércia e fadiga em adultos, insônia e nervosismo em crianças, sangramentos das gengivas, dores nas juntas, dentes alterados, escorbuto. Frutas cítricas (limão, lima, laranja) tomate, couve, repolho e outros vegetais de folha, pimentão. D* Atua no metabolismo do cálcio e do fósforo. Mantém os ossos e os dentes em bom estado. Previne o raquitismo. Problemas nos dentes, ossos fracos, contribui para os sintomas de artrite, raquitismo. Óleo de fígado de bacalhau, fígado, gema de ovo. E Promove a fertilidade. Previne o aborto. Atua no sistema nervoso involuntário, no sistema muscular e nos músculos involuntários. Esterilidade do macho, aborto. Óleo de germe de trigo, carnes magras, laticínios, alface, óleo de amendoim. K Atua na coagulação do sangue. Previne hemorragias. Hemorragias. Vegetais verdes, tomate, castanha. * A vitamina D não é encontrada pronta na maioria dos alimentos; estes contêm, em geral, um precursor que se transforma na vitamina quando exposto aos raios ultravioleta da luz solar. 2 Alguns Tipos de Sistemas Digestivos Animais Sistema Digestivo dos Anelídeos (minhoca) Ceco intestinal Faringe Papo Moela Intestino anterior Musculatura circular Tiflosole Musculatura longitudinal Boca Intestino posterior Corações laterais Septos Vaso dorsal Esquema de um corte transversal do intestino posterior da minhoca Vista interna da minhoca Sistema Digestivo dos Peixes (cartilaginosos) Prega espiral, de tubarões Parede Intestinal Prega No intestino dos peixes cartilaginosos, como os tubarões, há uma prega espiral que lhes aumenta muito a superfície interna. O alimento, para percorrer um intestino relativamente curto, desce ao longo das alças dessa prega, o que garante maior eficiência para digestão e absorção. Nos demais vertebrados, que não têm essa prega ou válvula espiral, a superfície intestinal pode estar extremamente aumentada pela existência de um grande número de vilosidades, além das microvilosidades das membranas celulares. O intestino terminal, que pode se apresentar como intestino grosso nos mamíferos, é a região onde se formam as matérias fecais. A porção inicial do intestino grosso pode ser um grande cecum, como nos herbívoros, funcionando como câmara fermentadora dos alimentos vegetais. 3 Sistema Digestivo das Aves faringe língua esôfago reto ceco cloaca intestino papo pâncreas alimento proventrículo moela suco gástrico fígado Nas aves o esôfago tem uma grande dilatação, o papo, que funciona como armazenador de alimentos, além de amolecê-los. Há um estômago químico (proventrículo) que secreta o suco gástrico, e em seqüência o estômago mecânico (moela). Neste último, os alimentos são triturados por vigorosas contrações musculares e pelo atrito com pedrinhas e materiais duros que a ave engole. A mucosa da moela é protegida por uma espessa camada córnea que, sendo rompida, é eliminada, refazendo-se uma nova. 4 Sistema Digestivo dos Ruminantes (exemplos: boi, cabra, carneiro, veado, girafa) O sistema digestivo tem adaptações para o bom aproveitamento dos alimentos vegetais. Além de um complexo estômago, com 4 câmaras, há um longo intestino, para garantir uma boa absorção dos alimentos, pois a digestão é demorada. Enquanto que o intestino delgado do boi pode ter mais de 30 metros, nos carnívoros ele tem apenas umas cinco ou seis vezes o comprimento corporal. É no abômaso que atua o suco gástrico, digerindo os alimentos e ainda uma boa quantidade das bactérias simbiônticas. Além de garantirem a digestão da celulose pela enzima celulase que produzem, essas bactérias, quando digeridas, fornecem ainda substâncias que sintetizaram, especialmente aminoácidos, proteínas e vitamina B12. Estômago de ruminantes esôfago O percurso do alimento no tubo digestivo dos ruminantes pança barrete folhoso coagulador intestino As três primeiras câmaras do estômago são dilatações do esôfago e apenas a quarta é o verdadeiro estômago, secretor de enzimas. 1.a - Rumen (pança) 2.a - Retículo (barrete) 3.a - Ômaso (folhoso) 4.a - Abômaso (coagulador) 5 Sistema Digestivo Humano cavidade bucal boca língua faringe esôfago diafragama V.B. fígado estômago pâncreas colo ascendente colo transverso jejuno colo descende nte duodeno fleo apêndice ânus Sucos Digestivos Humanos As principais enzimas digestivas Suco digestivo Enzima pH ótimo Substrato Saliva Ptialina Neutro Polissacarídios Maltose Boca Suco gástrico Pepsina Ácido Proteínas Estômago Quimotripsina Tripsina Amilopsina RNase DNase Lipase Alcalino Alcalino Alcalino Alcalino Alcalino Alcalino Proteínas Peptídios Proteínas Peptídios Polissacarídios Maltose Duodeno RNA Ribonucleotídios DNA Desoxirribonucleotídios Lipídios Glicerol e ácidos graxos Carboxipeptidase Aminopeptidase Dipeptidase Maltase Saracase Lactase Alcalino Alcalino Alcalino Alcalino Alcalino Alcalino Peptídios Peptídios Dipeptídios Maltose Sacarose Lactose Suco Pancreático Suco intestinal 6 Produtos Peptídios Aminoácidos Aminoácidos Aminoácidos Glicose Glicose e frutose Glicose e galactose Local de ação Intestino delgado Substâncias Auxiliares da Digestão Tecido Secretor Secreção Substância Ação glândula salivar saliva mucina Lubrificação e proteção das mucosas. glândulas gástricas suco gástrico mucina Lubrificação e proteção das mucosas. ácido clorídrico Ativação do pepsinogênio. gastrina* Estimula a secreção gástrica. sais biliares Emulsificação das gorduras. mucina Lubrificação e proteção da mucosa. mucosa gástrica fígado bile mucosa intestinal enteroquinase (enzima) Ativação do tripsinogênio. secretina* Secreção e liberação do suco pancreático. colecistoquinina* Estimula contração da vesícula biliar. enterogastrona* Inibine a secreção do suco gástrico. * Gastrina, secretina, colecistoquinina e enterogastrona são hormônios não-glandulares, ao contrário dos hormônios mais conhecidos, que são produzidos nas glândulas endócrinas. Ação dos Hormônios que atuam na Digestão Hormônio Local de produção Órgão-alvo Função Gastrina Estômago Estômago Estimula a produção de suco gástrico. Secretina Intestino Pâncreas Estimula a liberação de bicarbonato. Colecistoquinina Intestino Pâncreas e vesícula biliar Estimula a liberação de bile pela vesícula e a liberação de enzimas pelo pâncreas. Enterogastrona Intestino Estômago Inibe o peristaltismo estomacal. 7 A B C D E - Chegada do alimento Estimulação da mucosa gástrica Gastrina na corrente sangüínea Estimulação das glândulas gástricas Liberação das enzimas. Cárdia A B Piloro E C D Mucosa A formação da gastrina A entrada do alimento no estômago induz a secreção do hormônio gastrina pela parede estomacal. A gastrina atua sobre o próprio estômago estimulando a produção de suco gástrico. A entrada de alimento no duodeno induz células da parede intestinal a secretar os hormônios secretina e colecistoquinina (CCK). A secretina induz o pâncreas a liberar bicarbonato de sódio, que neutraliza a acidez do quimo estomacal, enquanto a colecistoquinina estimula a liberação de enzimas pancreáticas e de bile pela vesícula biliar. A formação da secretina e da colecistoquinina na mucosa do duodeno. 8 Respiração Conceito Respiração é o processo através do qual as células obtêm a energia necessária à manutenção do metabolismo. Nesse processo, moléculas orgânicas de alimento reagem com moléculas do gás oxigênio (O2), produzindo moléculas de água e de gás carbônico (CO2), além de energia. Alguns tipos de Sistema Respiratório Sistema Respiratório dos Insetos Traquéia longitudinal Estigma Esquema do sistema de traquéias de um inseto (lado ventral) espiráculo A respiração dos insetos é feita através de estruturas típicas do grupo, denominadas traquéias. São invaginações da parede do corpo, que se ramificam muito até entrar em contato direto com as células do interior do corpo do animal. As traquéias comunicam-se com o ar atmosférico através de orifícios denominados espiráculos ou estigmas. O ar penetra nas traquéias pelos estigmas é levado diretamente às células, sem entrar em contato com o sangue. Assim o sangue dos insetos não transporta gases respiratórios. revestimento do corpo O2 O2 traquéia traquéias músculo O2 9 Sistema Respiratório de Moluscos - Gastrópodes pulmão concha cavidade do manto massa visceral tentáculo cabeça boca Os gastrópodes aquáticos respiram através de brânquias, enquanto os terrestres, através de um pulmão. Este corresponde simplesmente a uma área do epitélio da cavidade do manto densamente irrigada, onde ocorrem as trocas gasosas. Em alguns gastrópodes a respiração é cutânea, não havendo nesses animais nem brânquias nem pulmões. ânus glândula salivar Esquema de um gastrópode terrestre pulmonado Sistema Respiratório dos Peixes Cação lâminas branquiais boca narinas faringe esôfago parede do corpo Sistema Respiratório das Aves traquéia mesobrônquio canais pulmonares pulmão pulmão sacos aéreos 10 fendas branquiais brânquias Esquema do trajeto da água utilizada na respiração dos peixes cartilaginosos, que não possuem opérculo. Peixe ósseo com opérculo retirado mostrando as lâminas brânquiais osso pneumático cavidade do corpo espiráculo Sistema Respiratório Humano região das fossas nasais narina faringe esôfago epiglote traquéia bronquíolo pulmão esquerdo brônquio diafragma grupos de alvéolos vaso sangüíneo alvéolo Anotações: 11 Trocas Gasosas núcleo pressão parcial elevada parede do alvéolo O2 CO2 HbO2 HCO3HCO- + HHb → 3 H CO + 2 Hb 3 O + Hb 2 → HbO H CO 2 hemácia 2 2 + CO 2 → H2 O ma plas í n e o u g n sa capilar Trocas gasosas nos alvéolos células do tecido núcleo pressão parcial elevada CO2 O2 anidrase carbônica HCO3- CO3 + H2O → H2CO3 → H+ + HCO3- HHb HbO2 → HHb + O2 plasma sangüíneo hemácia Trocas gasosas nos tecidos 12 capilar Esquema que resume as reações das Trocas Gasosas sangue arterial TECIDOS O2 HbO 2 H+ CO2 ALVÉOLOS O2 HHb HHb H 2CO 3 H+ CO2 H2 CO 3 H2CO3- H 2O HbO 2 sangue venoso H2CO3- H 2O Ao penetrar na hemácia, o gás carbônico reage com a água produzindo ácido carbônico. Esta reação é acelerada por uma enzima, a anidrase carbônica. O ácido carbônico se dissocia em íons H+ e íons bicarbonato. O íon bicarbonato sai da hemácia por difusão e é transportado dissolvido no plasma. No pulmão ocorre o processo inverso, havendo produção de gás carbônico, que passa do sangue ao alvéolo. O monóxido de carbono (CO), encontrado em pequena proporção no gás de cozinha e produzido pelas descargas dos automóveis, é um composto altamente tóxico, em virtude de sua grande afinidade com a hemoglobina. Ao se combinar com a hemoglobina, esse gás impede o transporte de oxigênio, podendo causar a morte do indivíduo. Movimentos Respiratórios Inspiração ar costelas se expandem diafragama abaixa O ar entra e sai dos pulmões graças à contração do diafragma - um músculo que separa a caixa torácica da cavidade abdominal - e dos músculos intercostais. Ao se contrair, o diafragma se abaixa. Esse movimento, somado ao dos músculos intercostais, aumenta o volume da caixa torácica, fazendo com que a pressão interna nessa cavidade diminua e se torne menor que a pressão do ar atmosférico. Isso faz com que o ar penetre nos pulmões. Na expiração, os músculos se relaxam, reduzindo o volume torácico e empurrando para fora o ar usado. ar expiração ar inspiração: o diafragama abaixa, o volume torácico aumenta, a pressão interna torna-se menor que a pressão atmosférica, e o ar entra. ar O inverso ocorre na expiração costelas se retraem o diafragma se eleva O mecanismo que explica a entrada e a saída de ar dos pulmões 13 Circulação Funções Transporte de substâncias alimentares da região de absorção (intestino) para as demais partes do corpo (células). Transporte de excretas para os órgãos excretores (rins) a partir das demais partes do corpo. Transporte dos gases respiratórios (oxigênio e dióxido de carbono) entre os pulmões e as demais partes do corpo. Transporte de hormônios (substâncias controladoras de atividade de certos órgãos). Estas funções são desempenhadas pelo sistema circulatório (ou sistema de transporte) com eficiência e precisão nos animais vertebrados. Dois tipos básicos de circulação líquido intercelular rede capilar na circulação fechada sangue lacuna sanguínea sangue tecido Circulação lacunosa Nos Moluscos e Artrópodos o sistema circulatório está presente e é do tipo aberto. Neste tipo de sistema circulatório, os vasos sangüíneos saem de um ou mais espaços irregulares nos tecidos (sinus, lacunas ou hemocelas) nos quais o sangue se move lentamente (coração pouco musculoso, desenvolve pressão sangüínea baixa) e realiza troca de substâncias com as células dos tecidos adjacentes. O sangue não circula sempre dentro de vasos . Há lacunas. 14 Rede capilar na circulação fechada Ocorre nos vertebrados e nos anelídeos.Não há lacunas. Pressão arterial relativamente alta e sustentada é característica dos vertebrados superiores. Depende da contração poderosa dos ventrículos, da elasticidade das paredes das artérias principais e da resistência periférica dos vasos de menor calibre (arteríolas). Alguns tipos de Sistemas Circulatórios nos Animais Sistema Circulatório dos Anelídeos (minhoca) vaso dorsal corações vaso sub-intestinal boca faringe papo moela esôfago Nos anelídeos, o sistema fechado é representado por alguns vasos longitudinais (dorsal, sub-intestinal e sub-neural) interligados por vasos transversais com disposição circular, ao redor do sistema digestivo. Nas minhocas, por exemplo, há quatro ou cinco pares desses vasos, com capacidade contráctil e que são portanto os corações. Sob a epiderme há uma extensa rede de capilares e o sangue é vermelho, pois tem hemoglobina dissolvida no plasma Sistema circulatório nos vertebrados brânquias brânquias artéria pulmonar pulmão artéria branquial ulo tríc ven átrio átrio seio venoso artéria pulmão pulmonar pulmão veia cava artéria aorta artéria aorta corpo pulmão veia pulmonar peixe ventrículo artéria aorta veia cava corpo anfíbio artéria aorta aorta dorsal única artéria pulmonar corpo artéria pulmão aorta artéria pulmonar pulmão réptil pulmão veia pulmonar átrio pulmão veia pulmonar átrio ventrículo veia cava ventrículo veia cava corpo corpo ave mamífero artéria aorta O sistema circulatório dos vertebrados é fechado, isto é, o sangue circula sempre no interior de vasos sangüíneos. Distingue-se, nesses animais, o coração como órgão central da circulação. É um órgão muscular que impulsiona o sangue para vasos denominados artérias que, por sua vez, conduzem o sangue às várias partes do corpo. O sangue proveniente das várias partes do corpo é conduzido ao coração através das veias. Portanto, as artérias são vasos que saem do coração, enquanto as veias são vasos que chegam ao coração. Unindo veias e artérias de menor calibre, existem os capilares, vasos de diâmetro microscópico, através dos quais ocorrem as trocas de substâncias entre o sangue e as células dos tecidos. 15 Comparação entre os Sistemas Circulatórios dos Vertebrados Cavidades Circulação N.o de aortas Peixes 2→ 1 aurícula e 1 ventrículo simples completa 2 Anfíbios 3→ 2 aurículas e 1 ventrículo dupla incompleta 2 Répteis nãocrocodilianos 3→ 2 aurículas e 1 ventrículo dupla incompleta 2 Répteis crocodilianos 4→ 2 aurículas e 2 ventrículos dupla quase completa 2 Aves 4→ 2 aurículas e 2 ventrículos dupla completa 1 Mamíferos 4→ 2 aurículas e 2 ventrículos dupla completa 1 O Coração Humano Anatomia externa do coração visto de frente (1) e visto de trás (2) artéria aorta artéria pulmonar veia cava superior ramo direito da artéria pulmonar veias pulmonares esquerdos veias pulmonares direitas átrio esquerdo artéria coronária esquerda átrio direito veia cava inferior artéria coronária direita ventriculo direito (1) (2) ventrículo esquerdo 16 Coração aberto em plano frontal e modo de ação aorta veia cava superior artéria pulmonar veias pulmonares átrio esquerdo átrio direito septo válvula bicúspide veia cava inferior válvula tricúspide ventrículo esquerdo ventrículo direito As setas indicam o percurso do sangue (A - D), os átrios enchem-se de sangue das veias cavas e pulmonares; B, o sangue passa para os ventrículos relaxados; C, os átrios contraem-se; D, os ventrículos contraem-se fechando as válvulas, o sangue é lançado nas artérias aorta e pulmonares; Em E localização dos nódulos sino-atrial (s.a.) e atrio-ventricular (a.v.), as setas indicam a propagação do estímulo nervoso. Anotações: 17 Circulação do Sangue no Corpo Humano 18 Sangue Nos vertebrados superiores, como os mamíferos, o sangue é constituído por células (hemácias, plaquetas e leucócitos) suspensos num líquido denominado plasma. Os leucócitos ou glóbulos brancos desempenham um papel importante na remoção de partículas estranhas ao sangue. As hemácias (glóbulos vermelhos ou eritrócitos) contêm no seu interior uma proteína chamada hemoglobina muito importante no transporte do oxigênio e do gás carbônico pelo sangue. As proteínas componentes do plasma exercem importante ação na coagulação sangüínea, na passagem de líquido através das paredes dos capilares e nas reações antígeno-anticorpo. A coagulação do sangue resulta de uma rede de fibras de uma proteína denominada fibrina. A rede de fibrina resulta como conseqüência de uma série de reações químicas iniciadas pela liberação de uma proteína enzimática, a tromboplastina, de tecidos lesados ou de plaquetas sangüíneas. TECIDOS COM LESÕES PLAQUETAS AGLOMERADAS FÍGADO PROTROMBINA enzima tromboplastina Ca++ FIBRINOGÊNIO TROMBINA FIBRINA FORMAÇÃO DO COÁGULO Obs: O soro, líquido amarelo que se separa do coágulo, é o plasma sem fibrinogênio Anotações: 19 Tabela Comparada - Fisiologia Animal (invertebrados) Características Filos Digestão Respiração Circulação Porífera Intracelular realizada por coanócitos (filtradores). Difusão Difusão de substâncias através dos espaços entre as células. Difusão Alimento distribuído pela cavidade gastrovascular. Celenterados ou cnidários Extra e Intracelular. Sistema digestivo incompleto (só possuem boca). Cavidade gastrovascular. Platelmintos Extra e Intracelular Sistema digestivo incompleto ou ausente. Difusão Asquelmintos Extracelular. Sistema digestivo completo (com boca e ânus). Difusão Anelídeos Extracelular. Sistema digestivo completo. Cutânea, branquial Artrópodes Moluscos Equinodermas 20 Extracelular. Sistema digestivo completo (com glândulas anexas). Extra e Intracecular. Sistema digestivo completo (com glândulas anexas). Extracelular. Sistema digestivo completo (com glândulas anexas). Obs:. em algumas espécies não há ânus. Alimento distribuído pelo intestino ramificado. Alimento distribuído pelo fluído da cavidade pseudocelômica. Pela primeira vez na escala evolutiva aparece sistema circulatório do tipo fechado. Tranqueal, filotraqueal, branquial Lacunosa (sistema) circulatório do tipo aberto). Pulmonar, branquial Lacunosa ou fechada, como nos cefalópodos. Difusão ou branquial. (trocas gasosas auxiliadas pelo Lacunosa ou ausente. sistema (substâncias distribuídas hidrovascular). pelo fluído celômico). Exercícios 01. (PUC-SP) Alguns mamíferos, para um maior aproveitamento de alimentos de origem vegetal, têm adaptações no tubo digestivo. Além de um complexo estômago com quatro câmaras, têm um longo intestino que garante boa absorção. O enunciado acima refere-se a um: a. b. c. d. e. roedor. ruminante. primata. carnívoro. cetáceo. 02. (UF-GO) Nesta questão assinale: a. b. c. d. e. Se forem verdadeiras somente as afirmativas III e IV. Se forem verdadeiras somente as afirmativas I e II Se forem verdadeiras somente as afirmativas II e IV Se forem verdadeiras somente as afirmativas I e III Se for verdadeira somente a afirmativa I Com relação à digestão humana podemos afirmar que: I. a bile é produzida no fígado e degrada enzimaticamente as gorduras. II. o produto final da digestão das proteínas é o glicerol. III.o produto final da digestão do amido é a glicose. IV. o pâncreas produz tripsina e lipase. 03. (PUC-SP) O gráfico abaixo mostra três curvas, cada uma correspondente à velocidade de reação de uma enzima digestiva, em função do pH do meio. Assinale a alternativa compatível com a análise do gráfico: a. b. c. d. e. A enzima I poderia ser a pepsina e a III, a tripsina. A enzima I poderia ser a ptialina e a II, a pepsina. A enzima I tem atuação no duodeno. A enzima II tem atuação no estômago. A enzima III pode exibir atividade máxima no estômago e no duodeno. 21 04. (Osec-SP) Considerando o sinal + como presença e o sinal como ausência, assinale a alternativa errada a respeito do sistema respiratório: Cutâneo a. Planária b. Minhoca c. Gafanhoto d. Rã adulta e. Golfinho + + + Branquial Traqueal Pulmonar + + + + 05. (PUC-SP) Considere as seguintes etapas do processo respiratório no homem: I. Produção de ATP nas mitocôndrias. II. Ocorrência de hematose ao nível dos alvéolos. III.Transporte de oxigênio aos tecidos pelas hemácias. A ordem em que essas etapas se realizam, a partir do momento em que um indivíduo inspira ar do ambiente é: a. b. c. d. e. I - II - III II - I - III II - III - I III - I - II III - II - I 06. (UF-RS) A velocidade dos movimentos respiratórios aumenta quando, no sangue, a concentração: a. b. c. d. e. da uréia aumenta. da carboemoglobina diminui de CO2 é alta. da oxiemoglobina é elevada. da carboemoglobina permanece constante. 07. (FUVEST) Jogadores de futebol que vivem em altitudes próximas à do nível do mar sofrem adaptações quando jogam em cidades de grande altitude. Algumas adaptações são imediatas, outras só ocorrem após uma permanência de pelo menos três semanas. Qual alternativa inclui as reações imediatas e as que podem ocorrer a longo prazo? Imediatas a. aumentam a freqüência respiratória, os batimentos cardíacos e a pressão arterial. b. diminuem a freqüência respiratória e os batimentos cardíacos; aumenta a pressão arterial. c. aumentam a freqüência respiratória e os batimentos cardíacos; diminui a pressão arterial. d. aumentam a freqüência respiratória, os batimentos cardíacos e a pressão arterial. e. diminuem a freqüência respiratória, os batimentos cardíacos e a pressão arterial. 22 A longo prazo diminui o número de hemácias. aumenta o número de hemácias. diminui o número de hemácias. aumenta o número de hemácias. aumenta o número de hemácias. 08. (PUC-SP) Observando o esquema abaixo poderíamos afirmar que: a. a artéria aorta transporta sangue venoso e a circulação I é sistêmica. b. a artéria pulmonar transporta sangue arterial e a circulação II é pulmonar c. o fluxo do sangue segue em um único sentido e o sentido e o sistema formado é aberto. d. na circulação pulmonar, a artéria pulmonar transporta sangue venoso e as veias pulmonares, sangue arterial. e. na circulação sistêmica, ocorre o fenômeno da hematose. 09. (PUC-SP) As veias cavas, a artéria aorta e a artéria pulmonar estão indicadas, respectivamente, pelas setas: a. 1, 2 e 3. b. 1, 4 e 2. c. 2, 3 e 1. d. 4, 1 e 2. e. 4, 2 e 1. 10. (PUC-SP) Assinale o esquema abaixo: Ca++ Sabendo-se que na hemofilia não ocorre produção de tromboplastina, espera-se que os indivíduos hemofílicos não produzam: a. apenas a substância 4 b. apenas a substância 3 c. as substâncias 2 e 4 d. as substâncias 3 e 4 e. as substâncias 1, 2, 3 e 4 23 Gabarito 01. Alternativa b. O estômago dos animais ditos ruminantes (como a vaca, cabra, carneiro, veado, girafa) apresenta-se dividido em 4 câmaras para melhor aproveitamento dos alimentos vegetais: 1.a - Rumen (pança), 2.a - Retículo (barrete), 3.a - Ômaso (folhoso), 4.a - Abômaso (coagulador). 02. Alternativa a. Os ítens corretos são apenas III e IV uma vez que, no ítem I, a bile não possui enzimas para degradar as gorduras quimicamente. Este suco digestivo emulsifica as gorduras, transformando-as fisicamente em gotículas. O ítem II está incorreto porque as proteínas são digeridas até se tornarem aminoácidos. 03. Alternativa a. gástrico. A enzima I atua em pH ácido (=3) podendo ser a pepsina que está presente no suco A enzima II pode ser a amilase salivar ou ptialiva por atuar em pH neutro ou ligeiramente ácido (entre 6,5 e 7,0). A enzima III atua em pH alcalino (=8) podendo ser uma enzima do suco pancreático como a tripsina. 04. Alternativa a. A planária apresenta apenas a respiração cutânea. 05. Alternativa c. O oxigênio é assimilado pelo sangue a partir da hematose, sendo transportado pelas hemácias (através da hemoglobina em seu interior) até os tecidos, onde as células o utilizarão no processo da respiração celular. Nesse processo, as mitocôndrias tem importante participação, sediando duas etapas da respiração celular (ciclo de Krebs e cadeia respiratória onde há produção de ATP). 06. Alternativa c. Com o aumento da taxa de CO2 no sangue, cansado pela intensificação da respiração celular, ocorre uma alteração no pH sanguíneo que passa a ficar ligeiramente ácido. Essa alteração de pH é percebida pelo bulbo, que faz parte do sistema nervoso central, e esta envia estímulos nervosos até o diafragma, intensificando a velocidade dos movimentos respiratórios. 24 07. Alternativa d. Nas elevadas altitudes, o ar é rarefeito havendo uma baixa concentração de oxigênio, comparada à concentração de O2 próxima ao nível do mar. Como reações imediatas a essa primeira condição, temos o aumento da freqüência cardíaca e da pressão arterial para que o sangue circule mais rápido, passando mais vezes pelos pulmões, num menor intervalo de tempo, para que ocorra a sua oxigenação. A longo prazo o n.o de hemácias aumenta e a freqüência respiratória volta ao normal. 08. Alternativa d. A artéria aorta transporta sangue arterial na circulação I (sistêmica). A artéria pulmonar transporta sangue venoso. O fluxo sangüíneo segue dois trajetos (pequena e grande circulação) e o sistema é fechado. Na circulação pulmonar ocorre a hematose ao nível dos alvéolos pulmonares. 09. Alternativa b. 1. veias cavas 2. artéria pulmonar 3. veias pulmonares 4. artéria aorta 10. Alternativa c. A hemofilia é uma doença genética onde o indivíduo é incapaz de produzir a enzima tromboplastina ou tromboquinase. Na ausência desta, a protrombina não se transforma em trombina e sem esta última o fibrinogênio não se transforma em fibrina. 25