VOZ , ROSTO, ROSTO, CASA, CAMINHO CASA, Acolhamos, em atitude orante, a mensagem do Sínodo sobre a Palavra de Deus. Partindo do nosso coração vamos realizar uma viagem espiritual que tem quatro etapas e que nos conduzirá até nossas casas e pelas ruas de nossas cidades. Saudação ________________________________________________________________________________ A todos “paz, amor e fé da parte de Deus Pai e nosso Senhor Jesus Cristo. A graça de Deus esteja com todos os que amam nosso Senhor Jesus Cristo, em fidelidade”. Com esta oração calorosa e apaixonada São Paulo concluía sua Epístola aos cristãos de Éfeso. Com estas mesmas palavras nós nos sentimos chamadas a partilhar este tempo de oração. A VOZ E A LUZ DA Palavra de Deus nos convocam novamente, repetindo o antigo chamado: “A palavra está perto de ti, em tua boca e em teu coração, para que a ponhas em prática”. E, Deus mesmo nos diz a cada uma: “todas as palavras que eu te disser, guarda-as em teu coração, escuta-as atentamente”. Canto: Tua Palavra é lâmpada para os meus pés, Senhor /: Lâmpada para os meus pés, Senhor /Luz para o meu caminho:/. I - A VOZ DA PALAVRA _____________________________________________________________________ A VOZ da Palavra nos conduz nesta primeira etapa de nossa viagem. Abramos os olhos da fé. A VOZ nos guia: __________________________________________________________________________ “O Senhor lhes falou de dentro do fogo e vós ouvíeis o som de suas palavras, porem não percebíeis nenhuma pessoa: somente se ouvia a voz”. É Moisés quem fala evocando a experiência 1 vivida por Israel na dura solidão do deserto do Sinai. O Senhor se havia apresentado não como uma imagem ou um personagem, mas com “rumor de palavras”. Foi uma voz também que entrou em cena no exato momento do início da criação, quando havia quebrado o silêncio do nada. “No princípio, Deus disse: ’Faça-se a luz’ e houve luz... No princípio existia a Palavra... e a Palavra era Deus... Tudo se fez por ela e sem ela nada se fez”. Canta o Salmista: “Pela Palavra de Deus foram feitos os céus, pelo sopro de sua boca todos os seus exércitos... pois ele falou e assim aconteceu, Ele mandou e assim se fez”. Temos uma imensa página aberta diante de toda a humanidade na qual se pode ler uma mensagem do Criador: “Os céus cantam a glória de Deus, o firmamento anuncia a obra de suas mãos; o dia comunica a mensagem à noite e a noite passa a notícia. Sem falar, sem palavras e sem voz que se possa ouvir, por toda a terra ressoa sua proclamação, por todos os confins do mundo”. Há outra etapa, posterior, que a voz divina recorre: é a da Palavra escrita. Já Moisés havia descido do cimo do Monte Sinai trazendo consigo “as duas tábuas escritas dos dois lados, dos dois lados estavam escritas. As tábuas eram obra de Deus e a escrita era escrita de Deus”. Mas, além do mais, nossa fé não tem no centro um único livro, mas uma história da salvação e uma pessoa: Jesus Cristo, Palavra de Deus feita carne, homem, história. Precisamente porque o horizonte da Palavra divina abraça e se estende além da Escritura, é necessária a presença constante do Espírito Santo que “guia até à verdade completa” a quem escuta Sua voz lendo a Bíblia. Em silêncio, deixemos ressoar a voz da Palavra em nosso interior. Canto: /:A vossa Palavra, /Senhor / É sinal de interesse por nós:/ 1. Como um Pai ao redor de sua mesa/ Revelando seus planos de amor. 2. É feliz quem escuta a Palavra/ E a guarda em seu coração. II – O ROSTO DA PALAVRA: JESUS CRISTO ___________________________________________________________________________ Pouco a pouco, atraídas pela voz, guiando-nos por ela, descobrimos seu rosto: “E a Palavra se fez carne e habitou entre nós”. A Palavra tem rosto, presença visível, imagem, é Jesus... Ele nos conduz... ____________________________________________________________________ Cristo é “a Palavra que está junto de Deus e é Deus”, é “imagem do Deus invisível, primogênito de toda a criação”; porém, é também Jesus de Nazaré, que caminha pelas ruas de uma província marginalizada do império romano, que tem uma língua local, que apresenta os traços de um povo – o judeu, e de sua cultura. E Jesus Cristo real é, portanto, carne frágil e morta, é história e humanidade, porém também é glória, divindade, mistério: “Aquele que nos revelou o Deus que ninguém jamais viu”. O Filho de Deus continua sendo o mesmo embora esse cadáver depositado no sepulcro e a ressurreição são seu testemunho vivo e eficaz. 2 Ele é o selo, “o Alfa e o Ômega” de um diálogo entre Deus e suas criaturas, distribuído no tempo e testemunhado na Bíblia. É à luz deste selo final que adquirem seu “pleno sentido”, as palavras de Moisés e dos profetas, como havia indicado o mesmo Jesus naquela tarde de primavera, enquanto ia de Jerusalém até o povoado de Emaús, dialogando com Cléofas e seu amigo, quando “lhes explicou o que as Escrituras haviam dito sobre Ele”. No centro da Revelação está a Palavra divina transformada em rosto. O fim último do conhecimento da Bíblia está no encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com ele, uma orientação decisiva. Fechemos os olhos e contemplemos em nosso interior o rosto amado de Jesus, saboreando sua presença. Canto: /:Só Tu tens palavras de vida,/ palavras de vida eterna:/ 1. A quem nós iremos, Senhor! / Só em Ti se encontra a verdade 2. A quem nós iremos, Senhor / Só Tu és caminho seguro. 3. A quem nós iremos, Senhor! / Só Tu és a vida que salva. III - A CASA DA PALAVRA: A IGREJA ________________________________________________________________________ Encontramo-nos com Jesus: “Mestre, onde moras? Vinde e vede”. Nesta etapa da viagem Jesus nos conduz à sua casa, a casa da Palavra. ____________________________________________________________________ Como no Antigo Testamento a sabedoria divina havia edificado sua casa na cidade dos homens e das mulheres, sustentando-a sobre suas sete colunas, também a Palavra de Deus tem uma casa no Novo Testamento: é a Igreja que tem seu modelo na comunidade-mãe de Jerusalém, a Igreja, fundada sobre Pedro e os Apóstolos e que, hoje, através dos Bispos, em comunhão com o sucessor de Pedro, segue sendo responsável, animadora e intérprete da Palavra. Lucas, nos Atos dos Apóstolos, esboça a arquitetura com base em quatro colunas ideais que ainda hoje dão testemunho das diferentes formas de comunidade eclesial: “Todos se reuniam assiduamente para ouvir o ensinamento dos Apóstolos e participar da vida comum, da fração do pão e das orações”. A primeira coluna que sustenta a casa é a pregação da Palavra de Deus. O apóstolo Paulo, com efeito, nos exorta dizendo que “a fé nasce da pregação e a pregação se realiza em virtude da Palavra de Cristo”. Da Igreja sai a voz do mensageiro que propõe a todos o Kerigma, ou seja, o anúncio que o mesmo Jesus havia proclamado: “cumpriu-se o tempo, o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos! Crede no Evangelho”. 3 A segunda coluna que sustenta a Igreja, casa da Palavra divina, é a fração do pão. A cena de Emaús, uma vez mais, é exemplar e reproduz o que acontece, cada dia, em nossas igrejas. Na homilia de Jesus sobre Moisés e os profetas aparece, na mesa, a fração do pão eucarístico. Este é o momento do diálogo íntimo de Deus com seu povo, é o ato da nova aliança selada com o sangue de Cristo, é a obra suprema do Verbo que se oferece como alimento em seu corpo imolado, é a fonte e o cume da vida e da missão da Igreja. A terceira coluna do edifício espiritual da Igreja, a casa da Palavra, é constituída pela oração. Orações entrelaçadas – como recordava São Paulo – por “salmos, hinos, louvores espontâneos”. Um lugar privilegiado, o ocupa naturalmente a Liturgia das Horas, a oração da Igreja por excelência, destinada a marcar a passagem dos dias e dos tempos do ano cristão. Juntamente com esta e as celebrações comunitárias da Palavra, a prática da Lectio Divina, é uma leitura orante e no Espírito Santo, capaz de abrir aos fiéis, o tesouro da Palavra de Deus e de criar o encontro com Cristo, Palavra viva e divina. Diante do leitor orante da Palavra de Deus se levanta idealmente o perfil de Maria, a Mãe do Senhor, que “conservava estas coisas e as meditava em seu coração”. Finalmente a última coluna que sustenta a Igreja, casa da Palavra é a koinonia, a comunhão fraterna, quer dizer, o amor cristão. Como recordava Jesus, para converter-se em seus irmãos ou irmãs se necessita ser “os irmãos que ouvem a Palavra de Deus e a cumprem”. A escuta autêntica consiste em obedecer e agir, em fazer florescer na vida a justiça e o amor, em oferecer, tanto na existência pessoal como na sociedade, um testemunho na linha da chamada dos profetas que, constantemente, unia a Palavra de Deus e a vida, a fé e a retidão, o culto e o compromisso social. Isto é o que repetia continuamente Jesus: “Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus”. Reavivemos em nosso coração o sentimento profundo de que somos Igreja, lugar em que habita a Palavra. Canto: Agora é tempo de ser Igreja, caminhar juntos, participar 1. Somos povo escolhido e na fronte assinalados com o nome do Senhor, que caminha ao nosso lado. 2. Somos povo em missão, já é tempo de partir. É o Senhor que nos envia em seu nome a servir. IV – OS CAMINHOS DA PALAVRA: A MISSÃO ________________________________________________________________________ Na última etapa da nossa viagem, Cristo ressuscitado nos pede, como aos apóstolos, para sair das fronteiras de nosso horizonte protegido: “ Ide a todas as nações, fazei discípulos (...) e ensinai-os a fazer tudo o que vos tenho mandado”. Com o coração alegre, saímos de nossa casa para os diferentes caminhos. ____________________________________________________________________ 4 “Porque de Sião sairá a Lei e de Jerusalém a palavra do Senhor”. A Palavra de Deus personificada “sai” de sua casa, do tempo e se encaminha ao longo dos caminhos do mundo para encontrar a grande peregrinação que os povos da terra têm empreendido na busca da verdade, da justiça e da paz. Na cidade moderna secularizada, em suas praças e em suas ruas – onde parece reinar a incredulidade e a indiferença – existe um desejo escondido como expressava o profeta Amós: “virão dias – Diz Deus, o Senhor – nos quais enviarei fome sobre a terra. Não de pão, nem sede de água, mas de ouvir a Palavra de Deus”. A esta fome quer responder a missão evangelizadora da Igreja. A Bíblia está cheia de chamadas para “não calar”, para “gritar com força”, para “anunciar a Palavra no momento oportuno e inoportuno” a ser guardiães que rompem o silêncio da indiferença. Cristo caminha pelas ruas de nossas cidades e se detém ante o umbral de nossas casas: “Olha que estou à porta e chamo; se alguém ouve a minha voz e me abre a porta, entrarei em sua casa, comerei com ele e ele comigo”. A família, fechada em sua casa, com suas alegrias e seus dramas, é um espaço fundamental no qual deve entrar a Palavra de Deus. A Bíblia que propõe, precisamente, uma fé histórica e encarnada, representa incessantemente este imenso grito de dor que sobe da terra ao céu. Porém, sobretudo nas Escrituras, domina principalmente a figura de Cristo, que começa seu ministério público precisamente com um anúncio de esperança para os últimos da terra: “O Espírito do Senhor está sobre mim; porque me ungiu para anunciar aos pobres a Boa Nova, me enviou a proclamar a libertação dos cativos e a vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar um ano de graça do Senhor”. Deixemos que nosso coração se encha de entusiasmo diante da missão encomendada de evangelizar as crianças e os jovens. Canto: O Espírito do Senhor repousa sobre mim, o Espírito do Senhor me escolheu, me enviou. 1. Para dilatar o seu Reino entre as nações, para anunciar a Boa-Nova a seus pobres. Para proclamar a alegria e a paz: exulto de alegria em Deus meu Salvador. 2. Para dilatar o seu Reino entre as nações, para anunciar libertação e salvação, para anunciar seu amor e seu perdão, para celebrar sua glória entre os povos. Ecos da Viagem _________________________________________________________________ CONCLUSÃO _____________________________________________________________________ “A voz do céu que eu havia ouvido me falou outra vez e me disse: ‘Toma o livro que está aberto na mão do anjo... ’ E o anjo me disse: ‘Toma, devora-o, te amargurará as entranhas, porém, em 5 tua boca, será doce como o mel’. Tomei o livro da mão do anjo e o devorei; e, foi para minha boca, doce como o mel; porém quando o comi, amargurou minhas entranhas.” Acolhamos também nós este convite; acerquemo-nos da mesa da Palavra de Deus para alimentarnos e viver “não somente de pão, mas de toda a palavra que sai da boca do Senhor”. Façamos agora silêncio para escutar com eficácia a Palavra do Senhor e mantenhamos o silêncio, lugar de escuta, porque seguirá habitando, vivendo em nós e falando-nos. Façamo-la ressoar no início do nosso dia, para que Deus tenha a primeira palavra e deixemos que ela ressoe dentro de nós pela noite para que a última palavra seja de Deus. Queridas Irmãs, “Saúdam-vos todos os que estão comigo. Saúdem aos que nos amam na fé. A graça de Deus esteja com todas vós!”. Canto Final: Pedimos a Maria que nos ajude, nos acompanhe e interceda por nós. /: Ó Maria, rogai por nós/ intercedei a Deus por nós:/. 1. Mãe de Cristo e Mãe da Igreja – Intercedei! Pela paz, pela unidade – intercedei! Para amar-nos mutuamente – Intercedei! E vivermos fielmente – Intercedei! 2. Para sermos servidores – Intercedei! Aos irmãos necessitados – Intercedei! Para amarmos a justiça – Intercedei! E vivermos o Evangelho – Intercedei! (Tomado da Mensagem ao Povo de Deus do Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus). Assunción Pérez Sch.P. (Irmãs Escolápias) (Tradução do espanhol: Ir. Teresinha Pegoraro - exceção: cantos) 6