UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE AGRONOMIA DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS Monografia de graduação lta su on aC ar ap r Ob CURSO DE GEOLOGIA Título: Estudos geológico-geotécnicos do AHE Simplício Discente: Célia Aparecida Silva Marinho Orientador: Prof. Dr. Euzébio José Gil Co-orientador: Geólogo Gilmar da Silva Nunes Abril 2007 1 - MARINHO, CÉLIA APARECIDA SILVA Estudos geológico-geotécnicos do AHE Simplício r Ob Curso de Geologia / Departamento de Geociências Instituto de Agronomia / Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ [Seropédica] Ano 2007 ap Trabalho de Graduação Monografia Área de Concentração: Geologia de Engenharia lta su on aC ar I Dedicatória Dedico este trabalho a minha família, principalmente aos meus pais Manoel e Laurentina pela educação recebida na formação de meu caráter pessoal e profissional, e mesmo distante sempre estiveram me ajudando, apoiando e incentivando; a minha avó Antônia (in memorium); ao meu namorado Alessandro por me apoiar e estar sempre do meu lado nos momentos mais difíceis; as moradoras do F5 – 508. lta su on aC ar ap r Ob II Agradecimentos Agradeço primeiramente a Deus por tudo que tens feito em minha vida, permitindo a realização desse momento tão importante, e por ter colocado em meu caminho pessoas tão boas e amigas que muito contribuíram comigo. Este trabalho somente foi possível graças à colaboração dessas pessoas e entidades às quais registro aqui a r Ob minha mais profunda gratidão. À empresa FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS S.A. especialmente ao engenheiro e amigo Celso José Pires Filho, Chefe da Divisão de Geotecnia e Segurança de Barragens pelo permanente apoio na orientação e confiança na conclusão desta ap monografia. Ao Chefe de Departamento de Engenharia Civil de Furnas Centrais Elétricas S.A., engenheiro Cláudio Motta que permitiu a utilização e divulgação dos resultados obtidos nos estudos do Aproveitamento Hidrelétrico de Simplício - Queda Única. Ao geólogo aC ar Gilmar da Silva Nunes pelo seu apoio e orientação em campo e escritório. Aos amigos de Furnas, engenheiro Carlos Henrique, Gabriel, Francisco, Sr. Hélio e todos os colegas de trabalho. Ao não só professor, mas também amigo Euzébio José Gil, um dos maiores responsáveis pela inteira realização deste trabalho e pelas inúmeras vezes que, com paciência e sabedoria me ensinou a entender o que representam exatamente as on características geológico-geotécnicas dos solos e rochas, os ensaios de campo e de laboratório e suas implicações com o projeto, minha inteira gratidão. Aos professores da Geologia, especialmente ao prof. Aléxis pela ajuda ao longo desses su anos de graduação ao prof. Sérgio Valente pelo incentivo à pesquisa e por toda ajuda recebida, ao prof. José Miguel na Geologia de Engenharia, à profa. Soraya Gardel por lta ter contribuído para minha formação acadêmica e profissional. Aos funcionários da Rural, especialmente ao José Carlos, Liliane, Sr. Ely pela confecção das lâminas delgadas. Aos colegas e amigos da Rural que, solidários, sempre manifestaram apoio incondicional aos meus pedidos quando solicitados, especialmente Aline, Carla, Rodrigo e a todos meus colegas de turma. Enfim aos demais colegas e a todos os que direta ou indiretamente colaboraram para que este trabalho se tornasse possível. III Índice de Figuras Figuras Página 01- Mapa de localização e acesso...................................................................................4 02 - Arranjo geral das estruturas hidráulicas....................................................................6 03 - Planos de fraturas principais (S1)............................................................................22 r Ob 04 - Mapa geológico do local das obras.........................................................................25 05 - Ortognaisse milonítico.............................................................................................28 06 - Ortognaisse milonítico com hornblenda..................................................................28 07 - Ortognaisse milonítico com porfiroclasto de plagioclásio........................................29 08 – Principais sistemas de diáclases............................................................................30 ap 09 - Mapa geológico com arranjo das estruturas...........................................................37 10 - Vista da área da Barragem de Anta........................................................................38 11 - Seção geológico-geotécnica da Barragem de Anta vista de jusante......................41 aC ar 12 - Início do Canal 1......................................................................................................43 13 - Seção geológico-geotécnica do Túnel 1.................................................................44 14 - Vista do Canal 5......................................................................................................51 15 - Vista do Canal 6......................................................................................................54 16 - Emboque do Túnel 3...............................................................................................56 17 - Desemboque do Túnel 3.........................................................................................57 on 18 - Seções geológico-geotécnica do emboque de montante do Túnel 3 ....................59 19 - Seção geológico-geotécnica do emboque de jusante do Túnel 3..........................60 20 - Afloramento de ortognaisse milonítico N65ºE localizado na área do Dique Sul.....66 su 21 – Área dos Condutos Forçados da Usina de Simplício.............................................71 22 - Área da Casa de Força de Simplício.......................................................................72 23 - Seção geológico-geotécnica da Casa de Força de Simplício.................................73 lta 24 - Medidor de nível d’Água na área do Canal 5..........................................................75 25 - Sondagens em andamento no Canal 1...................................................................76 26 - Caixa de testemunhos do Canal 1..........................................................................76 27 - Descrição de Log de sondagem..............................................................................77 28 - Ocorrência de solo argilo-arenoso próximo a Barragem de Anta...........................79 IV Índice de Quadros Quadro Página 01 – Quantitativo de sondagens.....................................................................................75 lta su on aC ar ap r Ob V Sumário Índice Página 1. Introdução.................................................................................................................01 2. Objetivos do estudo.................................................................................................02 r Ob 3. Metodologia adotada ...............................................................................................03 4. Localização e acessos.............................................................................................04 5. Arranjo geral das estruturas hidráulicas................................................................05 6. Principais características do empreendimento AHE-Simplício Queda Única....07 6.1 Barragem de Anta..........................................................................................07 ap 6.2 AHE-Simplício................................................................................................08 7. Revisão bibliográfica................................................................................................09 8. Geomorfologia regional...........................................................................................10 aC ar 8.1 Serra dos Órgãos...........................................................................................10 8.2 Depressão escalonada rio Pomba-Muriaé.....................................................11 8.3 Alinhamento de cristas do Paraíba do Sul.....................................................12 9. Geomorgologia da área do aproveitamento..........................................................13 10. Geologia regional ..................................................................................................14 10.1 Unidades litológicas......;..............................................................................15 on 10.1.1 Complexo Juiz de Fora..................................................................15 10.1.2 Complexo Paraíba do Sul..............................................................16 10.1.3 Complexo Rio Negro......................................................................18 su 10.1.4 Unidade Italva................................................................................18 10.1.5 Granitóides Serra dos Órgãos........................................................19 10.1.6 Corpo granito – sienodiorítico de Anta...........................................19 lta 10.1.7 Depósitos aluvionares....................................................................20 10.2 Aspectos estruturais gerais..........................................................................20 10.2.1 Fotolineamentos/juntas..................................................................22 10.2.2 Foliação, lineação e dobras...........................................................23 10.2.3 Feições relacionadas com alívio de tensões..................................23 11. Geologia local.........................................................................................................24 11.1 Unidades litológicas.....................................................................................24 11.1.2 Complexo Juiz de Fora..................................................................26 VI 11.1.3 Complexo Paraíba do Sul..............................................................26 11.1.4 Granitóide Serra da Boa Vista........................................................26 11.1.5 Granitóide Sapucaia.......................................................................27 11.2 Coleta de amostras e descrição de lâminas petrográficas .........................27 12. Geologia estrutural da área do aproveitamento..................................................29 12.1 Estruturas de origem dúctil..........................................................................31 12.2 Estruturas de origem rúptil...........................................................................31 r Ob 12.3 Falha de Areia..............................................................................................31 12.4 Principais conclusões do modelo geológico-estrutural da área...................31 12.4.1 Âmbito geral...................................................................................32 12.4.2 Âmbito da Casa de Força de Simplício..........................................32 ap 13. Características dos solos transportados, residuais e transição solo-rocha nos 25 km entre a Barragem de Anta e a Casa de Força de Simplício....................33 13.1 Depósitos aluvionares..................................................................................33 13.2 Depósitos de tálus........................................................................................33 aC ar 13.3 Solo coluvionar.............................................................................................33 13.4 Solo residual maduro...................................................................................34 13.5 Solo residual jovem......................................................................................34 13.6 Transição solo-rocha....................................................................................35 14. Características geológica-geotécnicas das fundações, escavações e tratamentos................................................................................................................36 on 14.1 Barragem de Anta........................................................................................38 14.2 Canal 1 ........................................................................................................42 14.3 Túnel 1.........................................................................................................43 su 14.4 Canal 2.........................................................................................................45 14.5 Dique de Tocaia...........................................................................................45 14.6 Canal 3.........................................................................................................47 lta 14.7 Túnel 2.........................................................................................................47 14.8 Canal 4 ........................................................................................................48 14.9 Túnel 2A.......................................................................................................48 14.10 Canal 4 Parte 2..........................................................................................49 14.11 Dique de Louriçal 2....................................................................................49 14.12 Dique de Louriçal 1 ...................................................................................49 14.13 Área 5 (canal).............................................................................................50 14.14 Canal 5.......................................................................................................51 VII 14.15 Dique Estaca 1 e Estaca 2.........................................................................52 14.16 Canal 6 ......................................................................................................54 14.17 Túnel 3.......................................................................................................55 14.18 Canal 7.......................................................................................................61 14.19 Dique Antonina...........................................................................................61 14.20 Canal 8.......................................................................................................63 14.21 Dique Norte................................................................................................64 r Ob 14.22 Dique Sul....................................................................................................65 14.23 Canal de Adução .......................................................................................67 14.24 Tomada d’Água..........................................................................................69 14.25 Túneis Forçados........................................................................................69 ap 14.26 Casa de Força............................................................................................71 14.27 Canal de Fuga............................................................................................74 15. Quantitativo das investigações realizadas..........................................................75 16. Materiais naturais de construção..........................................................................78 aC ar 16.1 Materiais terrosos.........................................................................................78 16.2 Areia.............................................................................................................79 16.3 Materiais rochosos.......................................................................................79 17. Estanqueidade, estabilidade e sismicidade.........................................................80 17.1 Estanqueidade dos reservatórios ................................................................80 17.2 Estabilidade natural dos taludes e erosão das encostas.............................80 on 17.3 Sismicidade..................................................................................................81 17.3.1 Sismicidade natural .......................................................................81 17.3.2 Intensidade sísmica do terremoto de projeto.................................82 su 17.3.3 Sismicidade induzida......................................................................82 18. Conclusões.............................................................................................................83 19. Referências bibliográficas...................................................................................86 lta VIII 1. Introdução Os primeiros estudos para o AHE Simplício previam dois aproveitamentos sendo o primeiro o AHE Sapucaia, com barramento implantado próximo à cidade de Anta, com remanso até a cidade de Três Rios e conjunto Tomada d’Água e Casa de Força nas proximidades da cidade de Sapucaia e o segundo o AHE Simplício, com barragem e r Ob estruturas de concreto implantadas no rio Paraíba do Sul, 9 km a montante da cidade de Além Paraíba e remanso até o Canal de Fuga do AHE Sapucaia. No período de 1995 a 1996 foram realizados estudos de viabilidade para este arranjo atraente. ap com aproveitamento único, denominado AHE Simplício - Queda Única, que se mostrou O presente trabalho se propõe a apresentar uma monografia contemplando estudos aC ar geológicos-geotécnicos para implantação da Usina Hidrelétrica de Simplício - Queda Única. As obras do empreendimento abrangem 25km desde o barramento de Anta até a Usina de Simplício, ocorrendo na região das obras civis dois tipos litológicos: Ortognaisses Granitóide Serra da Boa Vista e Complexo Juiz de Fora - e Paragnaisses - Complexo on Paraíba do Sul (Valeriano, 2006). A Barragem de Anta localiza-se cerca de 3 km a montante da cidade de Anta, com su reservatório na elevação 251,50m, com obras de Interligação constituída por uma série de canais, túneis, diques e reservatórios, localizados ao longo da margem esquerda do lta rio Paraíba do Sul. Prevê-se uma casa de força com geração de 28 MW no pé da barragem e a Usina de Simplício, localizada cerca de 9 km a montante da cidade de Além Paraíba, com potência instalada de 305,7 MW, totalizando 333,7 MW. 1 2. Objetivos do estudo Os objeitvos do presente trabalho são: Apresentar o contexto geológico onde serão implantadas as estruturas hidráulicas desde a Barragem de Anta até a geração, próxima ao município de Além Paraíba; r Ob Caracterizar a litologia e as estruturas planares, bem como a topografia associando as mesmas as estruturas hidráulicas de cada região no arranjo apresentado; ap Mostrar os resultados das investigações geológico-geotécnicas compatibilizando estas características com as fundações, escavações e tratamentos dos maciços. aC ar Adicionalmente esse trabalho tem a pretensão de mostrar os estudos geológicogeotécnicos de todas as estruturas hidráulicas do AHE Simplício prevendo que outros alunos venham desenvolver monografias de maior detalhe em áreas específicas durante a construção desta obra. lta su on 2 3. Metodologia adotada Para a realização deste trabalho inicialmente foi feita consulta bibliográfica das publicações de geologia com ênfase nos aspectos estruturais, litoestratigráficos e geotécnicos. Adicionalmente foi consultado o relatório de viabilidade (Engevix, 2000) e o relatório do projeto básico (Engevix 2006) nos quais consolida todos os estudos anteriores. Nestes relatórios constam volumes de texto e desenhos de onde foram r Ob extraídas partes substanciais desta monografia como por exemplo o mapa geológico, o arranjo das estruturas hidráulicas e as seções geológico-geotécnicas. O mapa geológico entre a Usina de Simplício e a cidade de Sapucaia feito por ap Valeriano (2006), foi complementado até a Barragem de Anta pelo autor com base em inspeção de campo e em cartas geológicas 1:50.000 do Departamento de Recursos Minerais – DRM (1982). Sobre esta geologia foram lançadas as estruturas hidráulicas sendo no decorrer deste trabalho descritas todas características geológico-geotécnicas aC ar das fundações, cortes, aterros e tratamentos das obras civis. Para reconhecimento das condicionantes geológicas fez-se uma inspeção de campo percorrendo-se desde a Barragem de Anta até o Canal de Restituição fotografando-se todas as áreas de interesse, identificando as unidades geológico-geotécnicas e coletando-se amostras para laminação. on Foram examinados testemunhos das sondagens em andamento no Canal 1. Na inspeção de toda a obra foram percorridos 120km. A análise desses dados juntamente su com a inspeção de campo permitiram a elaboração desta monografia . lta Os conceitos e simbologias internacionais sugeridos pela ISRM (International Society for Rock) foram associados e ajustados aos da Associação Brasileira de Geologia de Engenharia (ABGE) para caracterização geológico-geotécnica do maciço rochoso. 3 4. Localização e acessos O Aproveitamento Hidrelétrico de Simplício - Queda Única está localizado entre os paralelos 22º 02’ de latitude sul e 43° 00’ de longitude, abrangendo os municípios de Três Rios e Sapucaia, no estado do Rio de Janeiro e Chiador e Além Paraíba, no estado de Minas Gerais. A área está coberta pelas cartas topográficas do IBGE em escala 1:50.000: Folhas Três Rios, Anta, Sapucaia e Rio de Janeiro, Juiz de Fora e Mar r Ob de Espanha (Figura 01). 0 10 N su on aC ar 7562 710 ap 7564 708 20 30km lta Figura 01 - Mapa de localização e acessos A partir da cidade do Rio de Janeiro, o acesso ao local do empreendimento é feito inicialmente pela BR-040 até o entroncamento com a BR-393, próximo da cidade de Três Rios e distante cerca de 140km do Rio de Janeiro. A rodovia BR-393, se desenvolve ao longo da margem do rio Paraíba do Sul, ligando as cidades de Anta, Sapucaia e Além Paraíba. O acesso também pode ser feito pela RJ-116 até o seu entroncamento com a BR-393, próximo à cidade de Além Paraíba. 4 5. Arranjo geral das estruturas hidráulicas As obras de interligação compostas de túneis, canais, diques e reservatórios têm a finalidade de conduzir, pela margem esquerda do rio Paraíba do Sul, as vazões que alimentarão a UHE Simplício. Este conjunto de obras se estende desde o barramento de Anta até a UHE Simplício, situada a aproximadamente 25km a jusante (Figura 02). A seguir serão descritas as diversas estruturas componentes das obras de interligação. r Ob Ligação 1 (Canal 1/Túnel 1/Canal 2) - A Ligação 1 faz a interligação entre os reservatórios de Anta e de Tocaia. É constituída pelo Canal 1, Túnel 1 e Canal 2. O Canal 1, com extensão de 1.800m, faz a ligação do reservatório de Anta ao emboque ap do Túnel 1. O Túnel 1 faz a ligação entre os Canais 1 e 2 e tem extensão de 1.400m. O Canal 2 faz a ligação do Túnel 1 com o reservatório de Tocaia, com 750m de extensão. Ligação 2 (Canal 3/Túnel 2/Canal 4) - A Ligação 2 faz a interligação entre os aC ar reservatórios de Tocaia e de Louriçal. É constituída pelo Canal 3, Túnel 2 e Canal 4. O Canal 3 apresenta extensão total de cerca de 550m e faz a ligação do reservatório de Tocaia e Túnel 2. O Túnel 2 faz a ligação entre os Canais 3 e 4 e possui extensão de 1.700m. O Canal 4 faz a interligação do Túnel 2 com o reservatório de Louriçal e possui uma extensão de 750m. on Ligação 3 (Área 5/Canal 5) - A Ligação 3 faz a interligação entre os reservatórios de Louriçal e Calçado. A Área 5 localiza-se entre os Canais 4 e 5, com extensão de 400m e faz a interligação entre os mesmos. O Canal 5 faz a interligação entre a Área 5 e o su reservatório de Calçado, com extensão de 1.150m. lta Ligação 4 (Canal 6, Túnel 3, Canal 7) - A Ligação 4 faz a interligação entre os reservatórios de Calçado e Antonina. O Canal 6 faz a interligação do reservatório de Calçado com o emboque do Túnel 3 e tem 100m de comprimento. O Túnel 3 conduz as águas entre esses reservatórios e possui um comprimento de 6.100m. O Canal 7 faz a ligação entre o desemboque do Túnel 3 e o reservatório de Antonina e possui 160m. Ligação 5 (Canal 8) - A Ligação 5 faz a interligação entre os reservatórios de Antonina e o de Peixe. O Canal 8, estrutura única de interligação, possui 580m de comprimento. 5 Figura 02 - Arranjo geral das estruturas hidráulicas lta su on aC ar ap r Ob 6 Principais características do AHE Simplício – Queda Única 6.1. Barragem de Anta Coordenadas geográficas..............................................Latitude 22º02’ Longitude 43º00’ Localização....................................................................Sapucaia – RJ (Margem Direita) Chiador – MG (Margem Esquerda) Rio...............................................................................................................Paraíba do Sul r Ob Tipo.....................................................................................Concreto Compactado a Rolo Fundações...........................................................................................................Gnaisses Comprimento da crista.............................................................................................275 m Altura máxima........................................................................................................29,50 m ap Área de drenagem............................................................................................29.815 km2 Nível d´água do reservatório ..............................................................................251,50 m Área inundada....................................................................................................12,29 km2 Volume do reservatório......................................................................................126,5 hm3 aC ar Tempo de residência................................................................................................5 dias Potência instalada...................................................................................................28 MW Número de unidades........................................................................................................2 Propósito............................................................................................Geração de Energia Ano de conclusão previsto..........................................................................................2010 Descarga máxima do Vertedouro.........................................................................8.500 m3 on Proprietário...........................................................................Furnas Centrais Elétricas SA Projetista................................................................................................................Engevix Construtora........................................................................................................Odebrecht lta su 7 6.2. AHE Simplício – Queda Única Canais...............................................................................................................................8 Diques...............................................................................................................................7 Túneis...............................................................................................................................3 Potência instalada..............................................................................................305,7 MW Número de unidades........................................................................................................3 r Ob Altura de queda .......................................................................................................111 m Nível d´água de jusante.......................................................................................139,80 m Escavações em solo.....................................................................................8.531.651 m3 Escavações em rocha a céu aberto..............................................................1.267.125 m3 ap Escavações em rocha subterrânea...............................................................1.664.880 m3 Enrocamento compactado............................................................................1.846.168 m3 Aterro compactado........................................................................................3.343.065 m3 Concreto convencional.....................................................................................230.350 m3 aC ar Concreto projetado............................................................................................13.249 m 3 Enrocamento.................................................................................................1.846.168 m3 lta su on 8 7. Revisão bibliográfica Almeida et al., (1975) estudaram um trecho de 150km de extensão do Vale do Rio Paraíba do Sul, no limite dos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais entre as cidades de Andrade Pinto (RJ) e Itaocara (RJ), definindo o Lineamento de Além Paraíba. Esta estrutura representaria enorme falha transcorrente dextrógira, marcada pela presença de milonitos e blastomilonitos. O movimento foi inferido pela deflexão r Ob das foliações regionais, mas o rejeito permaneceu desconhecido devido a inexistência de marcadores, inferindo-se apenas como sendo da ordem de dezenas de quilômetros. Estudos de Dehler et al., (2006) propõem que a geometria das zonas de cisalhamento ap no Cinturão Paraíba do Sul no Rio de Janeiro, sudeste do Brasil, delineia uma estrutura-em-leque com direção NE. Estas zonas de cisalhamento mergulham para SE no flanco norte, e para NW no flanco sul da estrutura. aC ar Durante a evolução do conhecimento geológico da Faixa Ribeira foram elaboradas diversas propostas de compartimentação tectônica (Heilbron, 1993, 1995; Heilbron et al., 1995, 1999b; Machado & Demange, 1995; Campos Neto & Figueiredo, 1995), sendo reconhecidos, particularmente na porção do médio vale do Rio Paraíba do Sul, os domínios Juiz de Fora, Paraíba do Sul e Embu. on Outros trabalhos foram consultados e estão contemplados no capítulo de geologia regional. lta su 9 8. Geomorfologia regional Segundo Engevix relatório do projeto básico (2006) a área de influência do empreendimento situa-se em região de relevo bastante movimentado, no médio curso do rio Paraíba do Sul. Sob condições de clima úmido, com precipitação anual acima de 1.200mm, o relevo dessa região foi esculpido em rochas predominantemente gnáissicas e migmatíticas. Apesar da intensidade dos processos erosivos alterando as r Ob rochas, a estruturação do relevo está ligada a processos tectônicos e fraturas, responsáveis, em grande parte, pela configuração geral. A área inclui grandes variações altimétricas em que setores topográficos mais baixos ap contrapõem-se a grandes maciços serranos. Regionalmente pode-se distinguir três importantes compartimentos morfológicos: a Serra dos Órgãos, a Depressão Escalonada dos Rios Pomba e Muriaé e o Alinhamento aC ar de Cristas do Paraíba do Sul. Todas as unidades são marcadas por forte controle estrutural que se reflete principalmente na rede de drenagem. A origem desses compartimentos está relacionada a tectônica, que atuou desde o Cretáceo até o Terciário, deformando e escalonando em blocos os terrenos afetados. Pelo menos três fases de atividade on tectônica ocorreram, sendo a última delas responsável por uma série de deslocamentos verticais, dando origem ao vale do rio Paraíba do Sul e ao relevo acidentado da Serra dos Órgãos. su No final do Terciário os agentes climáticos prevaleceram na elaboração do relevo, lta sendo o modelo complementado por processos erosivos. A atuação desses processos resultou na formação de morros arredondados, rebaixamento de algumas superfícies, alteração das rochas e surgimento de alvéolos com depósitos colúvio-aluvionares. 8.1 Serra dos Órgãos Segundo relatório da ssa unidade, formada predominantemente por gnaisses e migmatitos, ocupa a porção sul-sudeste da área, sendo representada pelo reverso do conjunto topográfico da Serra dos Órgãos, voltado para o vale do rio Paraíba do Sul. 10 Esse conjunto é caracterizado por extensas lineações de vales estruturais e cristas serranas, maciços graníticos e granitóides de topos aguçados, morros com desníveis altimétricos acentuados e alvéolos intermontanos, onde se acumulam os depósitos colúvio-aluvionares. Essas feições refletem áreas com forte influência estrutural, onde os trechos retilíneos dos principais cursos d'água evidenciam o controle exercido por falhas e fraturas. r Ob Em toda a zona serrana, especialmente nas encostas dos escarpamentos principais, a erosão é promovida por escoamentos concentrados que dão origem a vertentes sulcadas por ravinamentos intensos. Essas ravinas são modeladas, via de regra, em ap formações superficiais quando submetidas aos efeitos das pluviosidades elevadas, preferencialmente em áreas de desmatamentos generalizados. Os escarpamentos, com altitudes entre 500 e 700m e direção nordeste-sudeste, têm uma linha de cumeada que apesar de intensamente dissecada apresenta-se, em geral, contínua. também, aC ar Ocorrem nessa unidade, relevos dissecados de topos aguçados, apresentando aprofundamentos de drenagem fracos sob a dinâmica de instabilidade, onde predominam os processos morfogenéticos. Os desníveis altimétricos ocorrem geralmente entre 200 e 260m, com depósitos aluviais e de tálus no sopé das encostas. As encostas apresentam formas em geral convexas. on 8.2 Depressão escalonada dos rios Pomba – Muriaé Os morros dessa unidade possuem vertentes convexas e o ponto culminante fica na su serra Alto Douro, com 896m, à margem esquerda do córrego Louriçal. Há trechos de planícies e terraços fluviais que se desenvolvem ao longo dos córregos e dos rios existentes. lta Os traços estruturais são menos realçados nessa unidade do que nas outras. A dissecação chega a um grau que situa essa unidade em nível altimétrico inferior a uma parte do Alinhamento de Cristas do Paraíba do Sul. O principal traço estrutural dessa unidade é o trecho retilíneo do vale do rio do Aventureiro, adaptado a uma falha ou grande diáclase. 11 8.3 Alinhamento de Cristas do Paraíba do Sul O vale do rio Paraíba do Sul é um vale tectônico, um "gráben" limitado pelas escarpas elevadas da Serra da Mantiqueira a noroeste e da Serra do Mar a sul-sudeste. O sistema de falhas que compõe essa estruturação (Lineamento Além Paraíba) tem direção geral nordeste e condiciona praticamente todo o relevo e a rede de drenagem com padrão retilíneo e sub-paralela. Na confluência de alguns rios, podem ocorrer planícies aluviais que são utilizadas para agropecuária. r Ob O vale médio do rio apresenta morros nivelados entre os quais sobressaem-se alguns alinhados e de grande expressão. A área imediatamente próxima ao rio Paraíba do Sul apresenta relevo com dissecação homogênea, fina, com morros alongados paralelos ap ao rio e com aprofundamento de drenagem entre 40 e 70m. O relevo tem como substrato rochoso gnaisses, migmatitos, quartzitos, granulitos, rochas intrusivas, rochas calcissilicáticas. Ocorrem ainda depósitos aluvionares nas margens do rio. aC ar A unidade possui também vertentes convexo-côncavas acentuadas e dinâmica instável (aprofundamentos variáveis de 75 a 90m), constituída muitas vezes por formações superficiais argilosas e areno-argilosas. Sob os efeitos da alta pluviosidade (1.300 a 1.700mm anuais), desmatamentos e atividades agropecuárias, essas vertentes apresentam condições de instabilidade devidas ao escoamento interno e erodibilidade devida aos escoamentos de água superficial concentrados. Ocorrem, por vezes, nas on vertentes mais íngremes, paredões rochosos quase retilíneos com grande número de matacões na base. su As formações superficiais compreendem, em geral, seqüência de manto coluvial no topo, seguido de linhas de pedras e blocos de rocha alterados "in situ". lta As principais formas de acumulação, ao longo do rio Paraíba do Sul, são as planícies fluviais em cotas altimétricas em torno de 200m. As áreas com dissecação mais acentuada apresentam aprofundamento de drenagem da ordem de 150 a 200m. O ponto culminante situa-se na Serra do Monjolinho, com cerca de 940m de altitude. 12 9. Geomorfologia da área do aproveitamento A área a ser inundada insere-se no contexto morfo-estrutural da unidade Alinhamento de Cristas do Paraíba do Sul. Esse compartimento se distribui entre as escarpas da Serra do Mar (a Sudeste) e da Serra da Mantiqueira (a Noroeste), sendo constituído principalmente por rochas gnáissicas com forte tendência ao desgaste físico, uma vez que foi submetida a intensos processos tectônicos responsáveis por inúmeras falhas, r Ob diáclases e foliação acentuada com mergulhos verticalizados. A elevada umidade da área propicia intensa alteração nas rochas a partir das fraturas e fissuras, formando mantos de intemperismo bastante desenvolvidos, onde observam- ap se muitas vezes marcas de ravinamentos e escorregamentos ao longo dos trechos estudados. Observa-se também registro de fenômenos de rastejo nas encostas, através da formação de terracetes que servem de trilha para o gado. A rede de drenagem instalou-se segundo as linhas estruturais existentes, sendo comum aC ar encontrar vales adaptados a falhas e fraturas. Os trechos que serão transformados em reservatórios encontram-se ao longo dos córregos Estaca, Louriçal, Areias, Tocaia e Antonina e do próprio rio Paraíba do Sul a montante da cidade de Anta. Todos os trechos são influenciados por linhas de falhas e/ou fraturas. on O relevo apresenta-se movimentado, com cristas retilíneas seguindo a orientação geral sudoeste-nordeste ou morros isolados arredondados com vertentes convexo-côncavas. declividade, afloramentos do embasamento cristalino. lta su Os desníveis altimétricos chegam a 200m, ocorrendo, nas vertentes de maior Nos sopés das encostas ocorrem depósitos de material coluvionar grosseiro, onde a vegetação natural é, em geral, mantida devido à dificuldade de aproveitamento dos solos com alto índice de pedregosidade. Os ravinamentos, muitas vezes profundos, ocorrem em áreas de formações superficiais silto-areno argilosas submetidas a desmatamentos e cortes de estrada, decorrendo de ações antrópicas e desequilíbrios naturais entre processos pedogenéticos e morfogenéticos. 13 10. Geologia regional A geologia da área da AHE Simplício teve seu desenvolvimento durante os processos tectônicos relacionados à orogênese brasiliana ao longo da Faixa Ribeira, ocorrida desde o Neoproterozóico ao Ordoviciano. A Faixa Ribeira (vide síntese recente em Heilbron et al., 2004) se estende na direção r Ob ENE ao longo da porçao atlântica dos estados do Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. Foi resultado de sucessivas colisões de terrenos acrescionários contra a margem sul do paleocontinente São Francisco, no contexto da aglutinação do supercontinente Gondwana. Tiveram destaque na conformação da Faixa Ribeira no estado do Rio de ap Janeiro, a colisão do Arco Rio Negro em cerca 580 Ma, e a colisão do Terreno Cabo Frio em cerca 520 Ma, durante o Cambriano. Cada um destes episódios colisionais acarretou intensa deformação e metamorfismo regional de alto grau associado à expressiva granitogênese. aC ar No que diz respeito ao conhecimento geológico foi adotato o Mapa Geológico do Estado do Rio de Janeiro, MME – DNPM – 3º dist. – 1998, escala 1:400.000. Nesta publicação são encontradas as diversas denominações que tem sido usadas pelos diversos pesquisadores para as unidades geológicas dessa região e encontra-se também uma proposta para sua sintetização. on O conjunto litológico da área de interesse insere-se numa província polimetamórfica e politectônica, configurando uma faixa móvel onde foram individualizadas as séries Juiz charnockíticos e gnaisses, respectivamente. lta su de Fora e Além Paraíba (Ebert - 1955, 1956), constituídas basicamente por gnaisses Em 1976, a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais - CPRM, realizou um trabalho na região onde foram individualizados o Complexo Charnockítico e a Associação Paraíba do Sul, na tentativa de diferenciar as rochas infra das supracrustais, paralelizadas tectonicamente. Após estes trabalhos pioneiros, surgiram as contribuições de Campanha (1981), Oliveira (1983) e Barbosa e Saad (1983), sempre na tentativa de obter-se uma melhor 14 compreensão dos processos tectônicos que afetaram a área e do posicionamento litoestratigráfico dos conjuntos litológicos constituintes da faixa móvel. Diante das incertezas ainda reinantes sobre uma definição mais clara da complexa geologia da região, conclui-se que, para os objetivos deste trabalho, é preferível enquadrar a província rochosa do aproveitamento no termo genérico de Complexo Paraíba do Sul (Ebert 1967), de idade mais nova que o Complexo Charnockítico r Ob arqueano (Série Juiz de Fora, de Ebert 1955,1956), que pode ocorrer como “ilhas” na ambiência daquela entidade geológica. 10.1 Unidades litológicas ap 10.1.1 Complexo Juiz de Fora Trata-se de uma sequência de rochas charnockíticas com faixas kinzigíticas intercaladas, de idade Arqueana, e que foram retrabalhadas durante o Ciclo aC ar Transamazônico e parcialmente no Ciclo Brasiliano. Ocorre na parte leste da área em estudo, entre as cidades de Carmo e Além Paraíba, na porção norte, (a leste de Juiz de Fora) e em faixas alongadas, na direção NE-SW, próximas à cidade de Paraíba do Sul. São rochas pertencentes a fácies granulito, onde predominam os enderbitos, charnockitos e kinzigitos, com estruturas migmatíticas, gnáissicas e cataclásticas. É on constituído de um vastíssimo conjunto de rochas ortoderivadas e por gnaisses e migmatitos produzidos a partir dos tipos anteriores pelos processos de migmatização, cataclase e retrometamorfismo, que se deram posteriormente à formação das rochas su charnockíticas. Os metassedimentos, quartzitos, kinzigitos, rochas calcissilicáticas e lentes de lta mármore, sempre muito restritos, devem pertencer a uma unidade superior do Complexo. O fato dos metassedimentos estarem entremeados aos charnockitos – pinçados pela tectônica – é um dos indicativos de que as rochas charnockíticas do Complexo Juiz de Fora tenham se formado em mais de um evento magmático-termotectônico, de idade Arqueana/Paleoproterozóica. As rochas charnockíticas apresentam grande variedade textural. Os mais comuns são os tipos maciços, homogêneos, grossos, sem bandamento ou orientação aparentes, de 15 tonalidades verde escura, cinza esverdeada ou acaramelada. Os tipos migmatizados não são raros, embora o leucossoma quartzo-feldspático ou as segregações feldspáticas sejam pouco volumosas. Associadas a essas rochas encontram-se tipos granulíticos, leptinitos e gnaisses localmente migmatizados. Alguns contatos se dão por falhamento. Nas proximidades das zonas de cisalhamento, as rochas da suíte charnockítica tornam-se gnaissificadas e cataclasadas e transformam-se em gnaisses com anfibólio e biotita e em blastomilonitos. r Ob As rochas com estruturas migmatíticas ou gnáissicas apresentam, via de regra, paleossomas de metanoritos, metadioritos ou metagabros, e os neossomas de enderbitos. As rochas cataclásticas mostram comumente minerais de quartzo ap fraturados e estirados, acompanhando a lineação da rocha. O feldspato geralmente apresenta formas irregulares. Estas rochas estão geralmente dispostas como faixas estreitas e muito compridas, condicionadas às grandes zonas de cisalhamento do norte fluminense. aC ar Os quartzitos são impuros, contendo feldspatos, mica e em alguns casos boudins de anfibolito. 10.1.2 Complexo Paraíba do Sul O Complexo Paraíba do Sul é representado por rochas de diversas origens e graus on metamórficos, tais como milonito gnaisses, augen milonitos, blastomilonitos, migmatitos estromáticos, rochas calco-silicáticas, anfibolitos, quartzitos, mármores, gnaisses granitóides e facoidais. Sua ocorrência predomina na área em estudo. Essa grande su variedade litológica provém do fato de sua ocorrência estender-se ao longo de uma zona de cisalhamento dúctil, onde foram submetidas à compressão e estiramento, estando essas diversas litologias limitadas por faixas cataclásticas. lta Esse fator dificulta a determinação dos limites de ocorrência e das idades das rochas. As rochas metassedimentares perfazem aproximadamente 75% das ocorrências do volume dessa sequência. Elas são caracterizadas por gnaisses granatíferos, quartzitos, mármores, dolomitos e rochas calcissilicáticas. As rochas ortoderivadas, comumente encontradas na área em estudo, são compostas por granitóides, tonalitos, anfibolitos, migmatitos máficos e, de modo mais escasso, granulitos. 16 Devido à migmatização e a cataclase de rochas intermediárias, os gnaisses derivados podem ser erroneamente identificados como rochas metassedimentares. Em Além Paraíba por exemplo, há no encontro das rodovias BR-116 e RJ-393, ocorrência de um gnaisse derivado de um corpo tonalítico que não se diferencia dos metassedimentos do Complexo Paraíba do Sul. Ainda dentro do Complexo podem ser encontrados gnaisses subfacoidais, derivados em parte da gnaissificação de rochas ortoderivadas intermediárias. r Ob As rochas carbonáticas estão representadas por intercalações de lentes e boudins de rochas calcissilicáticas e mármores dolomíticos e calcíticos. Essas lentes são concordantes com a foliação dos gnaisses encaixantes e com vários corpos ap anfibolíticos. Os mármores, geralmente dolomíticos, ocorrem bem cristalizados, em tons brancos. As rochas calcissilicáticas são esverdeadas a esbranquiçadas, de granulometria fina, aC ar estrutura maciça, bem foliada a bandada. Apresentam por vezes contatos transicionais com o mármore e o gnaisse encaixante. Os migmatitos apresentam fácies quartzo-feldspáticas com diversas estruturas. O paleossoma é normalmente um biotita-gnaisse por vezes rico em granada e o neossoma é quartzo-feldspático grosseiro. Porfiroblastos alongados de feldspato são on indicativos da presença de falhamentos, que se destacam na topografia regional. Muitas vezes são cortados por pegmatitos e diques básicos. su Os quartzitos, de cor bege a branca apresentam-se sob a forma de corpos lenticulares contínuos intercalados com gnaisses de forma geral, e subordinadamente com micaxistos granatíferos e sillimaníticos. De granulometria grosseira, são compostos lta principalmente por quartzo, podendo apresentar feldspato, biotita, sillimanita e muscovita. As rochas de composição granítica e granodiorítica são muito comuns no Complexo Paraíba do Sul. Possuem orientação bem definida, podem ser ricos em granada e as relações de campo não permitem identificá-los como sendo contemporâneos ou posteriores ao Complexo. Há uma ocorrência de granulito, muito restrita, próximo à localidade de Córrego da Prata, na estrada para Além Paraíba. 17 10.1.3 Complexo Rio Negro O Complexo Rio Negro (Matos et al., 1980), designa um vasto e heterogêneo conjunto de gnaisses, migmatitos homogêneos e heterogêneos e rochas granitóides, acompanhando parte do curso do Rio Negro, a nordeste da cidade de Duas Barras. Nas folhas de Anta e Duas Barras descreve-se um conjunto de rochas extensamente migmatizadas, cujo paleossoma é um biotita-gnaisse bandado e cujo neossoma é um r Ob material quartzo-feldspático fanerítico, de granulação fina a média, além de granitos associados à fase de migmatização que podem passar para um granito sem foliação perceptível, de composição granodiorítica a quartzodiorítica. ap Os gnaisses do Complexo Rio Negro são leuco a mesocráticos, de granulação média a grosseira, exibindo estruturas migmatíticas variadas (metatexitos e diatexitos associados) e passando a núcleos mais evoluídos, cujo grau de homogeneidade caracteriza-os como zonas granitóides, passando a tipos de caráter nitidamente aC ar granítico. Mineralogicamente os migmatitos são constituídos de quartzo, microclina, plagioclásio, biotita e hornblenda com ou sem granada subordinada. As estruturas presentes mais comuns são a estromática e a flebítica, sendo o paleossoma constituído de biotitagnaisse ou biotita-hornblenda-gnaisse, de coloração cinza escura e granulação fina a on média. 10.1.4 Unidade Italva su As rochas do Grupo Italva, de idade Proterozóica Média, ocorrem nas proximidades da cidade de Mar de Espanha, e numa faixa de direção NE-SW da cidade de Três Rios. São constituídas por hornblenda gnaisses, anfibolitos e sillimanita-granada-biotita- lta gnaisses, bandados ou não. Quartzitos, rochas calcissilicáticas e lentes de anfibolitos são encontrados intercalados a essas rochas. Os gnaisses são geralmente acinzentados com bandamento bem delimitado e granulação média, ocorrendo também com granulação fina a grosseira, com alguns porfiroblastos de feldspato. O bandamento pode ser ocasionalmente muito regular e fino, com bandas escuras, biotíticas bem definidas, alternando-se com bandas claras, quartzo-feldspáticas. São constituídos de plagioclásio, biotita, anfibólio (hornblenda) e 18 quartzo, aparecendo com menor frequência microclina e granada. Possuem composicão média tonalítica. Os anfibolitos e rochas calcissilicáticas restringem-se a lentes pouco potentes, que se dispõem próximas, no contato ou mesmo dentro dos corpos de mármore. São formados por diopsídio, plagioclásio, escapolita, hornblenda e microclina, e possuem cor verde escura, granulação média a grossa e estrutura bandada. r Ob Os quartzitos são raros, possuem granulação fina a média, cor clara, com intercalações de micaxistos e granada-biotita-sillimanita-xisto, variando até quartzitos micáceos. ap 10.1.5 Granitóide Serra dos Órgãos São descritos como um (granada)-hornblenda-biotita-gnaisse granítico a granodiorítico (Barbosa e Sad 1980), com foliação dada pelo alinhamento de aglomerados discoidais centimétricos de máficos. São freqüentes as ocorrências de diques metamórficos migmatizados. Possui caráter aC ar deformados. Os contatos com as unidades adjacentes são bruscos e às vezes intrusivo sin-orogênico com base em sua homogeneidade composicional, no caráter irregular de seus bordos em relação aos gnaisses adjacentes, indicando discordância regional e nas evidências de intrusão em on afloramentos e na presença de textura granular hipidiomórfica preservada. Constata-se também a presença de contatos transgressivos com camadas não migmatizadas de gnaisse encaixante. su 10.1.6 Corpo granito-sienodiorítico de Anta Este corpo intrusivo, de idade neoproterozóica situa-se a 3km a leste da localidade de lta Anta, a noroeste da folha homônima. Ocorre dentro da zona de cisalhamento do rio Paraíba do Sul, está bastante gnaissificado e orientado segundo ENE-WSW, com diâmetro maior de 5,6km e menor de 1,6km. É constituído por granodiorito, sienodiorito, quartzo-sienito e granito (Grossi et al.,1980). As rochas mostram diversas tonalidades acinzentadas e são de granulação média a grosseira. Plagioclásio, oligoclásio, quartzo, biotita e anfibólio são minerais comuns nos quatro tipos litológicos. A microclina ocorre no granito e no granodiorito, enquanto o 19 ortoclásio ocorre no quartzo-sienito e no sieno-diorito. Neste último tipo litológico aparece piroxênio, da mesma forma que simultaneamente o ortoclásio e a microclina. 10.1.7 Depósitos aluvionares Ao longo do rio Paraíba do Sul, e em seus tributários, são encontrados depósitos aluvionares, decorrentes da implantação da rede de drenagem durante o Quartenário. Em geral esses depósitos possuem pequenas dimensões e são constituídos de areias r Ob e/ou argilas, depositadas em planícies de inundação, formando pequenos bancos ou pontões arenosos nos leitos do rio Paraíba do Sul e de seus afluentes. 10.2 Aspectos estruturais gerais ap A Zona de Cisalhamento Dúctil do Rio Paraíba do Sul (curso médio-inferior) é uma megaestrutura das mais importantes do sudeste brasileiro. Ela faz parte do sistema maior de zonas de cisalhamento, que se estendem do centro-norte do Espírito Santo e sudeste de Minas Gerais para o sul deste estado, e para o Rio de Janeiro, São Paulo e aC ar Paraná, onde são cobertas por sedimentos fanerozóicos da sinéclise do último estado. Também denominada Lineamento de Além Paraíba, ela é a estrutura mais importante da área em estudo. Essa zona exibe ao seu longo rochas cataclásticas e localmente miloníticas intensamente deformadas, com orientação geral N60º - 70ºE, e espessuras alcançando on cerca de 2,5km predominantemente com textura blastomilonítica, formadas em condições de deformação dúctil, com recristalização sintectônica. A parte central da estrutura exibe sempre uma foliação vertical a subvertical e lineação de estiramento su subvertical. Exibe também dobramento fechado a isoclinal, de plano axial vertical e eixo paralelo às lineações de estiramento, indicando um forte achatamento perpendicular à zona de deformação. lta Essa faixa milonítica é dividida em uma zona principal de deformação, que na região de Três Rios teria uma largura aproximada de 3km formada basicamente por blastomilonitos. Esta zona é ladeada por duas zonas de transição aos blocos adjacentes, onde blastomilonitos e outras rochas cataclásticas coexistem com estruturas anteriores. 20 Estudos anteriores demonstram que a deformação intensa nessa zona foi propiciada mais por recristalização dinâmica em condições de alta temperatura do que pelo fenômeno de cataclase. Como consequência formaram-se as rochas blastomiloníticas de aspecto gnáissico, de granulação média e por vezes grosseira. A Zona de Cisalhamento do Rio Paraíba do Sul apresenta-se muito mais larga e importante na região de Três Rios/Além Paraíba, onde exibe níveis mais profundos da r Ob crosta, perdendo gradualmente sua largura e importância para sudoeste. Possíveis reativações ocorreram durante os ciclos Uruaçuano e Brasiliano. Durante o Proterozóico Superior (Ciclo Brasiliano) essas litologias foram intensamente ap deformadas por esforços compressivos de direção SE-NW e por movimentos tangenciais resultantes. Intrusões graníticas e potassificação também contribuíram para as transformações das características anteriores das rochas. aC ar Dobramentos, planos axiais horizontalizados, eixos paralelos à direção do esforço, estiramento, bandeamento antigo preservado em “boudins” de supracrustais ou parcialmente transpostas em rochas gnáissicas e migmatização intensa podem ser considerados como testemunhos observáveis da evolução metamórfica e estrutural sofrida por essas rochas. Os “boudins” que ocorrem, sobretudo na zona de deformação principal, são constituídos geralmente de anfibolitos, mármores ou rochas on calcissilicáticas em meio a rochas blastomiloníticas. Outra característica essencial da área é o fraturamento intenso das rochas. Além das su falhas transcorrentes relacionadas ao Lineamento de Além Paraíba, outras falhas normais são reconhecidas. A maior parte delas está ligada à tectônica do Mesozóico e início do Terciário, de caráter compressivo (direção SE-NW), com movimentos em lta bloco reativando antigos traços de falha, principalmente àqueles de direção NE. Feições como milonitos, cataclasitos finos, esmagamento de feldspato, ausência de brechas e dobras apertadas com vergência definida evidenciam essas estruturas no campo, além das estruturas com direção N60º - 70ºE. Na porção N-NE encontra-se mapeada uma extensa falha de empurrão de direção SW-NE, formando contato entre as litologias do Complexo Juiz de Fora e o Complexo Paraíba do Sul. 21 10.2.1 Fotolineamentos/juntas A área do aproveitamento apresenta notável estruturação linear (Sistema 1) direcionada para nordeste, representando a zona de cisalhamento gerada sob regime dúctil. Três sistemas principais de fotolineamentos evidenciam-se nas análises fotogeológicas, a saber (Figura 03): on aC ar ap r Ob Sistema 2: Subhorizontal; Sistema 3: N30º-45ºW. lta Sistema 1: N60º - 65Eº (paralelo à foliação da rocha); su Figura 03 – Planos de fraturas principais (S1) Estes três lineamentos exercem forte controle sobre a morfologia da área, refletindo o alinhamento de cristas e a retilinearidade de diversos cursos d’água. O Sistema 1 é o fotolineamento mais notável, pela sua extensão decaquilométrica representa feições superficiais de desplacamento devido ao alívio de tensões e à maior 22 facilidade de ação erosiva segundo este plano estrutural paralelo à foliação da rocha. Paralelamente aos sistemas 2 e 3 ocorrem pequenas falhas e intrusões. 10.2.2 Foliação, lineação e dobras O maciço rochoso apresenta uma notável foliação de cisalhamento vertical e subvertical, de direção N40º - 60ºE, provavelmente resultante de uma compressão lateral seguida de estiramento sob condições dúcteis. r Ob As principais lineações ocorrem nos milonitos provenientes da ruptura por estiramento de camadas mais competentes que a matriz. Ocorrem dobras intrafoliais impostas sobre camadas quartzo-feldspáticas micáceas e dobras reliquiares exibidas por leitos ap micáceos. 10.2 Feições relacionadas com alívio de tensões Nos vales e posições inferiores das encostas encontram-se juntas atectônicas sub- aC ar horizontais, que tendem a acompanhar o perfil topográfico. Geralmente, são preenchidas por quartzo e material de alteração de carbonatos intrínsecos à própria rocha. Provavelmente, se formaram a partir de descontinuidades colmatadas por sílica e carbonato pré-existentes no maciço. O desplacamento do testemunho de uma sondagem feita na área do aproveitamento, on em forma de discos delgados, sugere que pode ter havido coincidência entre uma das direções de tensões residuais do maciço com a inclinação do furo, ou que as tensões residuais superficiais assumiram posicionamentos espaciais diferentes daqueles em lta su maior profundidade. 23 11. Geologia local Este tópico está fundamentado nos trabalhos Valeriano (2006). A geologia do entorno do AHE Simplício é constituída por um substrato cristalino de gnaisses, migmatitos e rochas granitóides de idades pressiluriana, intrudidos por diques de diabásio do Cretáceo Superior, recobertos parcialmente por depósitos superficiais. Esta cobertura cenozóica é representada por sedimentos aluvionares, colúvios e solos residuais. r Ob A estruturação do cristalino é dominada pela Zona de Cisalhamento de Além Paraíba (ZCAP), uma expressiva faixa milonítica subvertical de alguns quilômetros de largura e dezenas de quilômetros de extensão (Campanha et. al., 1984). A movimentação desta ap zona de cisalhamento dúctil teve caráter notadamente transcorrente destrógira, com desenvolvimento de foliação milonítica subvertical e lineação mineral subhorizontal. Esta zona de cisalhamento tem forte expressão geomorfológica, na forma de um longo lineamento facilmente observável em cartas topográficas, fotografias aéreas e imagens aC ar de satélite. A importância da ZCAP para o projeto em questão reside no fato de que grande extensão da calha do Rio Paraíba do Sul encontra-se encaixada nesta zona de cisalhamento formando um longo trecho retilíneo desde Vassouras, a SW, até Muriaé, a NE, aproximadamente. Dado que cursos afluentes, tais como os córregos Estaca e on Simplício, e outros menores da margem norte do Rio Paraíba do Sul, também seguem a mesma estruturação, resulta que a seqüência de canais e túneis previstos no projeto seguem a mesma direção preferencial N60°E. su 11.1 Unidades litológicas lta A geologia do substrato da AHE Simplício é parte integrante da zona periférica da ZCAP, tendo, por conseguinte um padrão de afloramento caracterizado por rochas miloníticas que fazem contatos subverticais retilíneos e paralelos, orientados na direção N60°E (Figura 04). 24 Figura 04 - Mapa geológico do local das obras. lta su on aC ar ap r Ob 25 11.1.2 Complexo Juiz de Fora É representado na área por ortognaisses granulíticos bandados predominantemente com forte textura milonítica. Predomina um ortognaisse félsico milonítico, comercialmente referidos como “pedra madeira”, contendo proporções variáveis de anfibolito, na forma de camadas centimétricas, lentes e boudins, conferindo ao conjunto um aspecto listrado preto-branco. r Ob Segundo Heilbron et al. (2004), os protólitos do Complexo Juiz de Fora são granitóides calcio-alcalinos de arco magmático com idades entre 2.0 e 2.15 Ga. Esta unidade aflora formando uma faixa que se estende desde a área da Barragem de Anta até o entorno da Casa de Força de Simplício, geralmente formando maciços resistentes à ap erosão. 11.1.3 Complexo Paraíba do Sul É representado na área do projeto por dois tipos de paragnaisses: um hornblenda aC ar biotita gnaisse porfiroblástico bandado, que contém finas camadas, lentes e boudins de anfibolito, e um (sillimanita) granada biotita gnaisse que contém camadas e lentes de rochas calciossilicáticas. Os precursores sedimentares destas duas litofácies compreendem psamitos feldspáticos com provável contribuição vulcanogênica e metapelitos aluminosos, respectivamente. on Esta unidade forma relativamente raros afloramentos, frequentemente encoberta por espesso manto de intemperismo, o que ocasiona a formação de expressivos depósitos coluvionares. A maior parte dos canais previstos no projeto está implantados em canais su de drenagem escavados naturalmente em rochas intemperizadas desta unidade. 11.1.4 Granitóide Serra da Boa Vista lta Esta unidade granitóide, aqui denominada informalmente, forma uma faixa na parte setentrional do projeto formando cristas e maciços resistentes à erosão, no qual está prevista a implantação do Túnel 3. A litologia mais típica desta unidade é um granito leuco a mesocrático homogêneo, de granulação fina a média, que apresenta forte foliação dada pela biotita, mas que não apresenta textura milonítica. Algumas variedades contêm veios aplíticos conferindo à rocha um aspecto levemente bandado. Provavelmente trata-se de um granito sin-tectônico gerado e colocado durante o cisalhamento dúctil da ZCAP. 26 11.1.5 Granitóide Sapucaia Esta unidade, referida aqui informalmente, foi observada em afloramentos na parte sul da área, próximo à Fazenda Retiro. Trata-se de um biotita gnaisse de granulação média a grossa, fortemente foliado, porém não milonítico. É aqui interpretado como um representante do magmatismo granítico sin-tectônico contemporâneo ao desenvolvimento da ZCAP, a exemplo do Granitóide Serra da Boa r Ob Vista, ao qual pode estar aparentado magmaticamente. 11.2 Coleta de amostras e descrição lâminas petrográficas Durante a inspeção técnica de campo, foram descritos testemunhos de dois furos de ap sondagem em andamento no Canal 1 (Figura 25) e coletou-se amostras de rocha na região do Dique Sul, próximo a Casa de Força de Simplício. Foram selecionadas duas destas amostras para confecção de lâmina delgada. No campo estas rochas apresentam foliação com direção N60ºE, tem cor cinza aspecto maciço, compacto, aC ar textura imposta pela orientação preferencial e estiramento dos minerais caracterizando foliação milonítica, com porfiroclastos de feldspato. Na descrição microscópica a rocha apresenta granulometria fina com diâmetros dos grãos variando de 0,2 a 0,5 mm e grãos de feldspatos potássicos orientados, bem desenvolvidos medindo até 1,5 cm caracterizando textura porfiroclástica a constituição mineralógica de cerca de 30% de quartzo granulares e alongados, orientados segundo uma direção preferencial e com on forte extinção ondulante, feldspato potássico (microclina) 25% também orientados, feldspatos calco-sódicos (plagioclásios) com forma tabular, estando presente em torno de 24% da rocha, e biotita com granulometria muito fina presente em cerca de 12 a su 15%. Em uma das amostras tem-se a presença de hornblenda em pequena proporção em torno de 3%. Como minerais acessórios aparecem titanita, rutilo, zircão, apatita e opacos constituindo 3% da amostra. Todos os grãos encontram-se orientados segundo lta uma direção preferencial. Estas amostras foram classificadas como ortognaisse milonítico. Estas características indicam que este material se formou em condições dúcteis e foi submetido a esforços em condições rúpteis (extinção ondulante do quartzo), direcionados (minerais orientados), presença de porfiroclastos (minerais maiores) e estiramento dos minerais com foliação milonítica (Figuras 05, 06 e 07). 27 ap r Ob Figura 5 – Ortognaisse milonítico aC ar Kf Pl Hb Bt 0 1 lta su on Qt 2cm Figura 6 – Ortognaisse milonítico com horblenda Qt: Quartzo; Pl: Plagioclásio; Kf: K-feldspato; Bt: Biotita; Hb: hornblenda. 28 r Ob Pl aC ar ap Bt Qt Mc 0 1 2cm Figura 7 - Ortognaisse milonítico com porfiroclasto de plagioclásio lta su on Qt: Quartzo; Pl: Plagioclásio; Mc: Microclina; Bt: Biotita. 29 12. Geologia estrutural da área do aproveitamento Segundo Valeriano (2006), foi constatada, nos afloramentos, a existência de três sistemas de diáclases principais (Figura 08). on aC ar ap r Ob Figura 08 – Principais sistemas de diáclases su O sistema mais freqüente orienta-se segundo N60º-65ºE com mergulhos subverticais predominante NW ocorrendo também SE. Tal sistema coincide com a atitude de lta foliação cataclástica das rochas. Essas fraturas predominam em superfície e tendem a inexistir em profundidade, ocorrendo em espaçamento médio de 1,5m. O segundo sistema, com mergulho em torno de 10º, é formado por diáclases subhorizontais próximas à superfície. É confundido com fraturas de alívio de carga, no entanto, as informações decorrentes de sondagens indicam provável origem tectônica. O espaçamento médio dessas fraturas é da ordem de 0,5m. 30 O terceiro sistema, menos freqüente, orienta-se segundo N30º-45ºW, subvertical, aproximadamente perpendicular à foliação. Esse sistema persiste em subsuperfície. Localmente tem-se fraturas com direção N-S. Notadamente no vale do córrego Areia, área do dique de Louriçal 1, ocorre uma falha NS que produziu rejeito significativo nas faixas litógicas. Os sistemas de fraturas (diáclases e falhas) reconhecidos condicionam sistematicamente os cursos dos rios e os alinhamentos de vales e cristas. r Ob 12.1 Estruturas de origem dúctil O intenso cisalhamento dúctil transcorrente da ZCAP conferiu às rochas locais uma forte anisotropia de simetria simples, dominada por uma foliação milonítica subvertical ap de direção N60°E, ora com mergulhos altos para NW, ora para SE. Corroborando a movimentação de caráter transcorrente, a foliação contém uma forte lineação mineral subhorizontal de direção também N60ºE, com predominência de leves aC ar caimentos para o quadrante SW. 12.2 Estruturas de origem rúptil As estruturas de origem rúptil são representadas na área por fraturamentos com direção preferencial N60°E. on A direção preferencial de fraturamento é subparalela à foliação. Intenso fraturamento acompanha os planos de foliação milonítica, podendo localmente exibir densidades superiores a 1 fratura/cm em corte transversal. su 12.3 Falha do córrego Areia lta Embora o fraturamento seja observável praticamente em todos os afloramentos e face ao grande número de lineamentos fotogeológicos observados, apenas uma falha foi detectada, ao longo do córrego Areia, com orientação aproximada norte-sul (Figura 09). 12.4 Principais conclusões do modelo geológico-estrutural da área As seguintes conclusões podem ser estabelecidas, com base no reconhecimento geológico-estrutural : 31 12.4.1 De âmbito geral A orientação geral ENE, do traçado do projeto AHE-Simplício, deve-se à orientação da Zona de Cisalhamento Além Paraíba, expressiva zona milonítica que condiciona todo o traçado local do Rio Paraíba do Sul e de seus afluentes mais expressivos: Intenso fraturamento NW-SE, de provável idade Mesozóica-Terciária, transecta a estruturação ENE regional e propicia condutos de erosibilidade para cursos r Ob d´água secundários e sua captura rumo à calha do Paraíba do Sul. A maior parte do trajeto dos reservatórios e escavações de canais previstos está implantada no domínio de afloramento de rochas supracrustais pertencentes ao ap Complexo Paraíba do Sul. Este domínio apresenta alta susceptibilidade ao intemperismo, resultando em espessas (> 20 m) coberturas de solos residuais e coluvionares, com associados fenômenos de movimentos de massas, como por exemplo observados na Área 5 e Canal 5. aC ar 12.4.2 No âmbito da Casa de Força de Simplício Desde o Dique Sul até o Canal de Fuga, as instalações previstas serão edificadas em rochas granulíticas do Complexo Juiz de Fora que, na faixa em questão, apresenta-se impressa por forte foliação milonítica. on Dois sistemas de fraturamento foram observados neste maciço: um que originase do alívio erosivo a partir da foliação milonítica, com atitude subvertical de su direção ENE, e outro transversal, de direção NW, que provavelmente tem sua origem em regime tracional relacionado à implantação do Sistema de Rifte Continental do Sudeste, no Cretáceo Superior-Terciário. lta expressiva camada com alta (>50%) proporção de anfibolitos foi observada, passando pela seção inicial dos Túneis Forçados, podendo ocasionar zonas de fraturamento e intemperismo preferencial, devendo ser objeto de levantamento detalhados a fim de se avaliar sua influência no desenvolvimento das obras. 32 13. Características dos solos transportados, residuais e da transição solorocha nos 25km entre a Barragem de Anta e Casa de Força de Simplício 13.1 Depósitos aluvionares São pouco desenvolvidos. Suas espessuras atingem no máximo 5m e ocorrem principalmente nos vales do rio Paraíba do Sul e dos córregos Areia, Estaca e do Peixe. Aparecem também, em pequenas dimensões, no fundo dos vales onde serão r Ob implantados os canais de interligação. Apresentam características granulométricas variáveis e são constituídos, em alguns locais, por areia e, em outros, por areia argilosa ou argilo-arenosa. Em diversos locais ap este horizonte se apresenta recoberto ou intercalado com material coluvionar, sendo que nestes casos foi denominado solo colúvio-aluvionar. São materiais normalmente saturados e com resistência variável à penetração – Nspt (Números de golpes para penetração de 30cm finais do amostrador padrão), entre 3 e 20, porém, aC ar predominantemente baixa. A permeabilidade também é muito variável, foram obtidos resultados de 10-4 a 10-7 cm/s nos ensaios efetuados neste horizonte. 13.2 Depósitos de tálus Esses depósitos aparecem em alguns locais e são pouco significativos na escala do empreendimento. São constituídos por blocos de rochas de tamanhos variados com on matriz argilo-arenosa a silto arenosa avermelhada e situam-se nas meia-encostas e sopé destas, sempre nas proximidades de grandes afloramentos rochosos, que são as áreas fonte dos blocos. su 13.3 Solo coluvionar lta É encontrado generalizadamente na região, recobrindo praticamente toda a superfície, com exceção das zonas de baixada e alguns topos de morros. Possui características muito semelhantes às do solo residual maduro, sendo que freqüentemente a diferenciação entre estes dois tipos é difícil. Tem-se a presença de linhas de seixos entre o solo coluvionar e residual. É predominantemente de granulação fina, geralmente argilo-arenosa (areia fina), com plasticidade média a alta, homogêneo, poroso e com coloração geralmente marrom 33 amarelada. Em alguns locais são heterogêneos, apresentando blocos e fragmentos rochosos imersos na matriz terrosa. Este horizonte normalmente é pouco espesso, geralmente inferior a 3m. As maiores espessuras se situam nas partes altas e médias das encostas, aonde em alguns casos, chegam a atingir 8m. r Ob 13.4 Solo residual maduro Ocorre em praticamente toda a área, abaixo do solo coluvionar. É predominantemente argilo-arenoso (areia fina), com plasticidade média a alta, homogêneo, sem estruturas reliquiares, colorações marrom, marrom avermelhada e marrom amarelada. Como no ap caso dos outros solos, sua espessura é variável, mas normalmente inferior a 5m. Os valores Nspt obtidos situam-se predominantemente na faixa de 9 a 15 golpes/30cm finais. aC ar As permeabilidades predominantes neste horizonte se situam na faixa de 10 -5 a 10-4 cm/s. Este horizonte deverá fornecer uma grande parcela dos solos de empréstimo a serem utilizados nas obras de terra. Ao contrário do solo residual jovem e transição solo-rocha, este horizonte é relativamente pouco susceptível à erosão. A resistência Nspt neste horizonte é muito variável, não se observando faixas com on valores predominantes. Os valores maiores, 16 a 30 golpes, provavelmente são causados pelo alto ressecamento do solo nos pontos onde os ensaios foram efetuados. su 13.5 Solo residual jovem Tem coloração heterogênea, ocorre subjacente ao horizonte superficial de solo coluvionar / solo residual maduro e raramente aflora, a não ser em cortes de estradas lta ou paredes de voçorocas. É predominantemente areno-siltoso (areia fina), micáceo, com bolsões caulínicos, plasticidade média à baixa e evidencia as estruturas reliquiares (foliação e fraturas) do maciço rochoso original. As espessuras deste horizonte também são variáveis em função da topografia do local, variando desde a sua inexistência até mais de 20m. Sua resistência média é alta, com valores Nspt na faixa de 20-25 golpes. Valores inferiores a 10 golpes, entretanto, são freqüentes e ocorrem em bolsões caulínicos ou 34 muito micáceos, assim como em alguns trechos mais superficiais deste horizonte. A permeabilidade média se enquadra na faixa de 10-5 a 10-4 cm/s. Este solo é pouco coesivo e altamente susceptível à erosão. Isto é verificado em muitos locais da região, onde este horizonte e ou o horizonte de transição solo-rocha foram expostos, como no caso de estradas onde os taludes de corte se apresentam muito erodidos, principalmente aqueles menos íngremes, com maiores superfícies r Ob expostas à ação das águas das chuvas. 13.6 Transição solo-rocha Os materiais neste horizonte apresentam propriedades e comportamento geológico- ap geotécnico heterogêneos, que refletem a sua condição de transição entre os solos residuais sobrejacentes e o maciço rochoso subjacente. Constituem-se de massas predominantemente terrosas que em profundidade transicionam para núcleos rochosos, com grau de alteração variável, envoltos por massa terrosa. Também foram decomposta. aC ar considerados pertencentes a este horizonte, os níveis de rocha extremamente A porção terrosa é constituída predominantemente por areia com granulometria variável, micácea, pouco siltosa, coloração heterogênea. As espessuras desse horizonte variam de acordo com seu posicionamento na encosta, desde poucos on centímetros até cerca de 25m. Tendem a ser maiores nas partes altas e menores nas partes baixas. su A resistência à penetração é alta, com valores médios Nspt em torno de 40. No entanto, valores inferiores a 10 golpes ocorrem, principalmente, quando são atravessados bolsões caulínicos. Sob perfuração rotativa, nos trechos de rocha lta extremamente decomposta, as recuperações obtidas são baixas, normalmente entre 20 e 30%. A permeabilidade deste horizonte de transição situa-se predominantemente na faixa de 10-4 a 10-5 cm/s com a ocorrência de trechos mais permeáveis (maiores que 10 -3 cm/s) em alguns locais. As porções terrosas deste horizonte são, predominantemente, pouco coesivas e muito suscetíveis à erosão. 35 14. Características geológico-geotécnicas das fundações, escavações e tratamentos A Barragem de Anta, os Diques, os Túneis 1 e 2, a Tomada d’Água, os Túneis Forçados e a Casa de Força de Simplício serão construídos e ou escavados em rochas gnáissicas (granulitos) do Complexo Juiz de Fora. r Ob Os Canais serão escavados majoritariamente em paragnáisses do Complexo Paraíba do Sul, cujas rochas apresentam como uma de suas particularidades o desenvolvimento de significativos mantos de alteração. Porém, uma parte dos canais se apoiará nos granulitos do Complexo Juiz de Fora. ap O Túnel 3 (adução) será escavado em ortognaisse (granitóide Serra da Boa Vista). A descrição das condições geológico-geotécnicas, no local de cada estrutura, é apresentada na ordem geográfica seqüencial de montante para jusante (Figura 09) lta su on aC ar 36 Figura 09 - Mapa geológico com arranjo das estruturas. lta su on aC ar ap r Ob 37 14.1 Barragem de Anta No local da barragem, o vale do rio Paraíba do Sul tem a forma aproximada de “U” com ombreiras relativamente íngremes – em torno de 30º, e um fundo de vale aplainado com aproximadamente 250m de largura (Figura 10). r Ob Eixo da Barragem on aC ar ap Figura 10 – Vista da área da Barragem de Anta su Em ambas as margens do rio ocorrem depósitos aluvionares restritos e no fundo do vale destaca-se um patamar rochoso que aflora durante a estiagem. As ombreiras são capeadas por solos coluvionares e que apresentam pequenos lta voçorocamentos localizados. residuais A espessura dos horizontes de solo e transição solo-rocha, na ombreira direita, pode atingir até 30m em alguns pontos. Na ombreira esquerda a espessura dos solos atinge no máximo 15m, mas em geral é pequena, em torno de 3 a 5m. O maciço rochoso na área corresponde às rochas granulíticas do Complexo Juiz de Fora. No sítio estudado a posição do topo da rocha relaciona-se à topografia e aflora 38 no leito do rio, tornando-se mais profunda na ombreira direita que na esquerda. A espessura média do horizonte de rocha medianamente e/ou muito decomposta é pequena. Situa-se em torno de 3m nas ombreiras e praticamente inexiste no leito do rio. Espessuras maiores ocorrem em áreas localizadas nas ombreiras, podem atingir até 10m e são condicionadas por estruturas geológicas e variações composicionais da rocha (Figura 11). r Ob Cerca de 50-100m a montante do eixo do barramento, no leito do rio, ocorre um dique de diabásio com espessura média de 5m. Possui um segmento concordante com a foliação subvertical dos gnaisses encaixantes e outro segmento com direção “NW”, que desaparece para montante sob uma ilha constituída superficialmente por solo ap aluvionar. O segmento paralelo à foliação desaparece encoberto pelas águas do canal mais profundo do rio. O grau de fraturamento, de modo geral, é mais acentuado nos cinco primeiros metros aC ar do maciço rochoso, com exceção das proximidades do dique de diabásio, onde o maciço encaixante se apresenta com mais efeitos estruturais, causados ou acentuados pela intrusão do referido dique. As porções do maciço com condutividade hidráulica média a alta estão restritas aos primeiros 5m, com exceção da região influenciada pela intrusão do dique de diabásio, on onde a densidade de descontinuidades abertas é maior. Mesmo assim, a quantidade de trechos com alta condutividade nesta área perturbada é pouco significativa e, aparentemente, a continuidade dos planos condutores é limitada. su Quanto as condições e tratamentos de fundação, as estruturas do barramento serão assentadas em rocha sã ou pouco alterada, na qual não foram observadas feições lta geológico-geotécnicas que possam ser consideradas inadequadas. O projeto prevê execução de injeções de calda de cimento na fundação da barragem, sendo que a disposição dos furos, as profundidades de injeção, o adensamento da linha e ou malha e os métodos de injeção e controle estão definidos nos desenhos específicos e nas especificações técnicas. Em função das características locais do maciço, a área do canal principal do rio e a margem esquerda poderão absorver maiores quantidades de tratamentos. 39 Os taludes em rocha terão inclinação 10V:1H em maciço são a pouco alterado e 1V:1,5H em maciço alterado. A largura das bermas construtivas deve ser de 0,5 a 3m e a altura máxima prevista para as bancadas é 10m. Tratamentos eventuais utilizando concreto projetado com ou sem fibras, tela metálica, ancoragens e drenagens rasas e ou profundas podem ser necessárias em zonas mais alteradas, mais fraturadas e para fixação de blocos instáveis. r Ob Os taludes em solo e rochas nas ombreiras, foram projetados com inclinação de 1V:1,5H com bermas de 4m de largura a cada 7m de altura, resultando num talude com declividade média de aproximadamente 1V:2H. ap Os taludes em rocha, nas ombreiras, serão constituídos principalmente pela rocha que ficará exposta após a remoção da camada superficial de solo e de transição solo-rocha. Esses taludes terão inclinação 1V:1H. lta su on aC ar 40 Figura 11 - Seção geológico-geotécnica da Barragem de Anta vista de jusante. lta su on aC ar ap r Ob 41 14.2 Canal 1 O Canal 1 se desenvolve sobre rochas granulíticas e solos derivados. O vale, neste trecho, tem largura variável com pontos em que se apresenta estrangulado. Na porção montante do lado direito a encosta é íngreme e apresenta indícios de rastejamento, enquanto a encosta esquerda, embora semelhante na declividade, não r Ob evidencia o mesmo movimento, mas sim uma cicatriz de escorregamento antigo aparentemente já estabilizado (Figura 12). A espessura média estimada para o solo nas encostas é cerca de 10m e nelas ocorrem ap indícios de processos erosivos resultantes da abertura de estradas. No fundo do vale ocorrem afloramentos rochosos, sendo que um deles situado no lado esquerdo e com maiores dimensões poderá, se necessário, ser utilizado como pedreira. A jusante deste afloramento, após a mudança na direção do talvegue, outros estrangulamentos aC ar reduzem a seção do vale. Na seção intermediária, caracteriza-se por encostas íngremes em ambos os lados do vale e afloramentos rochosos, em forma de lajes, no fundo. A espessura média de solo e transição solo-rocha no lado direito é aproximadamente 30m e no lado esquerdo 20m. As espessuras de solo são maiores no topo das encostas e diminuem em direção ao fundo do vale. on No lado esquerdo, tanto no solo coluvionar quanto no solo residual maduro e nos dois primeiros metros do solo residual jovem, é comum a ocorrência de valores Nspt inferiores a cinco golpes. No lado direito, o topo da rocha se aprofunda para o interior su do maciço, onde se situa em elevações inferiores às do fundo do vale. No final do trecho, o lado esquerdo é bem íngreme, em contraposição à encosta do lado direito que é relativamente suave. No lado esquerdo a espessura média do solo é estimada lta em cerca de 8m e no lado direito em cerca de 20m. No lado esquerdo os valores Nspt inferiores a 5 golpes só ocorrem nos primeiros 5m, onde se encontram solo coluvionar e solo residual maduro. No lado direito é comum a ocorrência de valores Nspt inferiores a 5 golpes, principalmente no horizonte de solo residual jovem que é rico em bolsões caulínicos e micáceos, aos quais, provavelmente se relacionam os baixos valores Nspt. No entanto, estes pontos são esparsos e não têm continuidade. Nas proximidades do fundo do vale, no lado esquerdo, ocorrem 42 afloramentos rochosos esparsos. Além disso, na linha do talvegue ocorrem solos aluvionares e coluvionares saturados, cuja espessura média situa-se entre 2 e 3m. aC ar ap r Ob Figura 12 – Início do Canal 1 14.3 Túnel 1 on A diretriz do Túnel 1 se desenvolve sobre rochas granulíticas e o emboque montante do túnel se faz diretamente na rocha sã, onde extensos afloramentos rochosos são observados na superfície. Na área do emboque jusante ocorrem, também, grandes su afloramentos rochosos. Na superfície, ao longo do eixo do túnel, ocorrem duas selas topográficas onde, na segunda sela (sentido do fluxo), aflora rocha sã em meio a solo lta colúvio-aluvionar saturado. As sondagens efetuadas, nas áreas dos emboques e selas topográficas, mostraram que o maciço a ser escavado é de boa qualidade geomecânica. A integração dos dados geológicos e geomorfológicos conduzem à interpretação que a maior parte da escavação do túnel será feita em rocha sã e pouco fraturada, que propiciará cobertura adequada ao longo de todo o túnel e nunca inferior a um diâmetro de 14m (Figura 13). 43 Figura 13 - Seção geológico-geotécnica do Túnel 1. lta su on aC ar ap r Ob 44 14.4 Canal 2 O Canal 2 será apoiados em rochas granulíticas e solos derivados. Junto ao desemboque do Túnel 1 o canal com aproximadamente 300m de comprimento será escavado em rocha com cobertura de tálus, incluindo blocos de até 3m de diâmetro. Neste local, o maciço rochoso no lado direito é subaflorante e de boa qualidade, sendo constituído por rocha sã pouco fraturada. No lado esquerdo existem solo e transição solo rocha com aproximadamente 10m de espessura total, capeando rocha de boa r Ob qualidade e no lado direito são observados afloramentos rochosos em meio à pequena cobertura de solo. No lado esquerdo ocorre um grande escorregamento com cerca de 200m de extensão ap e, aproximadamente, 45m de altura da base ao topo. O grande volume de material escorregado é constituído por massa heterogênea de solo e blocos com diâmetros variáveis até 0,5m. O fundo do vale, na região do escorregamento, teve a seção estrangulada pela massa movimentada. aC ar Na parte final mantém as mesmas características geomecânicas do maciço no trecho anterior. Ocorrem afloramentos rochosos imersos em pequena cobertura de solo no lado direito e escorregamento no capeamento de solo da margem esquerda. Em decorrência do movimento da massa de solo, o fundo do vale teve a seção estrangulada. on 14.5 Dique de Tocaia O Dique Tocaia será construído num vale bastante encaixado, com ombreiras muito su íngremes, onde afloram rochas granulíticas. Na ombreira direita a espessura da camada terrosa (colúvio/solo residual) tem em média 3m e a permeabilidade situa-se entre baixa e média. Em vários pontos ocorrem lta afloramentos rochosos de pequeno porte, indicando a proximidade do substrato rochoso. Os dados de sondagem indicaram que o maciço rochoso é constituído por rocha sã e pouco alterada e, quanto ao fraturamento, os primeiros 16m apresentam intercalações métricas que variam entre muito pouco e muito fraturada. Abaixo de 16m a rocha tornase pouco fraturada. 45 A condutividade hidráulica do maciço é geralmente baixa, com exceção dos horizontes em torno de 5m e 16m de profundidade, onde é média a alta. Os horizontes com permeabilidades elevadas estão claramente relacionados às zonas com fraturamento intenso e podem estar associados às juntas de alívio abertas, que ocorrem com freqüência na porção superior do maciço. A ombreira esquerda apresenta espessura média de solo e transição solo-rocha com r Ob aproximadamente 9m. Nos primeiros 5m os valores Nspt são inferiores a 10 golpes, mas tornam-se maiores a partir daí e atingem o impenetrável a percussão próximo de 7m de profundidade. A permeabilidade desses solos é relativamente baixa, inferior a 10-4 cm/s. ap O maciço rochoso constitui-se de rocha medianamente alterada e medianamente a extremamente fraturada até 16m de profundidade. A partir daí a rocha é sã ou pouco alterada pouco fraturada. aC ar Até 16m de profundidade o maciço apresenta perdas d’água unitárias elevadas, sendo pouco permeável a partir daí. A alta condutividade está, normalmente, associada de modo claro aos trechos com fraturamento elevado e estaria associada às juntas de alívio abertas, que ocorrem com frequência na porção superior do maciço rochoso local. on A fundação caracteriza-se pela presença de afloramentos rochosos contínuos no leito do riacho, formando degraus e paredões subverticais onde foi constatada a presença su de extensas juntas de alívio, subhorizontais e abertas. Os dados de sondagem mostram que estas juntas aparecem até cerca de 7m de profundidade e são penetrativas em direção as ombreiras, sendo as causadoras das altas perdas d’água lta observadas nos ensaios. A sondagem executada no leito do riacho mostrou que o maciço rochoso abaixo do primeiro metro é constituído por rocha sã ou pouco alterada e, predominantemente, pouco fraturada e pouco permeável. Nos primeiros 7m a rocha apresenta passagens muito fraturadas, sendo as fraturas abertas causadoras de perdas d’água elevadas. 46 14.6 Canal 3 No local do Canal 3 afloram rochas granulíticas e o vale tem forma assimétrica. A encosta direita é mais íngreme que a esquerda e a espessura média do solo mais a transição solo-rocha chega, aproximadamente, a 8m. Os valores Nspt são superiores a 10 mesmo nos horizontes superiores. Na encosta esquerda a espessura média do solo mais transição solo-rocha é da ordem r Ob de 20m. Além disso, os valores Nspt são geralmente superiores a 14, inclusive no horizonte mais superficial. Esporadicamente os ensaios SPT podem resultar em valores iguais a cinco. ap No fundo do vale o solo colúvio-aluvionar saturado tem espessura média em torno de 5m. O trecho do vale, na região adjacente ao emboque do Túnel 2, tem solo e transição solo-rocha com espessura aproximada entre 5 e 10m. Sotoposto a este horizonte ocorre um estrato de rocha medianamente a muito alterada, com espessura de fraturada. 14.7 Túnel 2 aC ar aproximadamente 10m. Abaixo deste estrato a rocha é sã e pouco a medianamente A diretriz do túnel 2 está inserida no domínio das rochas granulíticas e o emboque montante, posicionado em maciço rochoso de boa qualidade. A cobertura do túnel, em on rocha pouco alterada a sã e pouco a medianamente fraturada tem aproximadamente 15m na área dos emboques. A cobertura adotada como critério de projeto para o túnel é equivalente a um diâmetro igual a 14,4m, a exceção de pequeno trecho de sela su topográfica onde a cobertura poderá ficar reduzida a 10m. No local do emboque jusante ocorrem diversos afloramentos rochosos e depósitos de lta tálus no lado direito, cujos blocos alcançam até 3m de diâmetro. O maciço rochoso, de boa qualidade, é constituído por rocha sã a pouco alterada e pouco a medianamente fraturada. O horizonte de solo mais a transição solo-rocha têm, aproximadamente, 7m de espessura nas adjacências deste emboque. A escavação do túnel se desenvolverá em maciço rochoso predominantemente de boa qualidade. Atravessará, no entanto, dois trechos onde ocorrem selas topográficas e, localmente, a rocha poderá apresentar qualidade relativamente inferior. O primeiro 47 trecho com aproximadamente 60m de extensão se localiza cerca de 280m do emboque montante e a cobertura mínima prevista em rocha é de aproximadamente 20m. O segundo trecho com aproximadamente 80m de extensão se localiza cerca de 400m do emboque montante e a cobertura mínima prevista em rocha é da ordem de 10m. 14.8 Canal 4 O Canal 4 será escavado em rocha granulítica. O maciço rochoso é de boa qualidade, r Ob sendo constituído por rocha sã, pouco a medianamente fraturada. O solo superficial juntamente com a transição solo-rocha tem entre 5 e 10m de espessura total e nele ocorrem diversos afloramentos rochosos. Os valores Nspt obtidos situam-se entre 5 e 50, independentemente do tipo de solo. ap Quanto à permeabilidade dos solos os resultados dos ensaios nas sondagens variaram entre muito baixa e muito alta. aC ar 14.9 Túnel 2A A diretriz do túnel 2A foi implantada no domínio das rochas granulíticas e o emboque montante do túnel está posicionado em maciço rochoso de boa qualidade, sendo que a cobertura de rocha pouco alterada a sã e pouco a medianamente fraturada tem, aproximadamente, 15m de espessura. on No local do emboque jusante há diversos afloramentos rochosos e cobertura de solo até 6m. O maciço rochoso é constituído por rocha muito alterada e muito fraturada nos primeiros 3m, seguidos por 7m de rocha pouco a medianamente alterada e popuco a su medianamente fraturada. Porém, a rocha encontra-se milonitizada e tem RQD (Índice de qualidade da rocha) baixo. A condição da rocha, no local, está de acordo com a lta condição estrutural do maciço, pois o túnel desemboca junto à falha geológica no vale do rio Areia . A escavação do túnel se desenvolverá em maciço rochoso predominantemente de boa qualidade. Atravessará, no entanto, trecho onde a rocha apresentará qualidade relativamente inferior devido à proximidade com a falha geológica no vale do rio Areia. 48 14.10 Canal 4 - Parte 2 O Canal 4 foi dividido em duas partes distintas. A Parte 2 situa-se no desemboque do Túnel 2A, será escavada em rocha granulítica cuja cobertura de solo tem aproximadamente 6m. O maciço rochoso é constituído por rocha muito alterada e muito fraturada nos primeiros 3m, seguidos por 7m de rocha pouco a medianamente alterada e pouco a medianamente fraturada. Porém, a rocha encontra-se milonitizada e tem RQD baixo. r Ob A condição da rocha, no local, está de acordo com a condição estrutural do maciço, pois o túnel desemboca junto à falha geológica no vale do rio Areia. No fundo do vale ocorre solo colúvio-aluvionar saturado, com espessura aproximada entre 2 e 3m. ap 14.11 Dique de Louriçal 2 O Dique de Louriçal 2 está localizado num talvegue aproximadamente perpendicular à direção do rio Paraíba do Sul, a direita do Canal 4 – Parte 1. No local do Dique a aC ar espessura total dos solos e da transição solo-rocha varia de 6 a 16m e os solos superficiais apresentam indícios de rastejamento, fato considerado corriqueiro nas encostas locais. Os horizontes de solo constituem-se de transição solo-rocha, solos residuais jovem/maduro e colúvio. Os valores Nspt variam de 5 a 10 golpes, independentemente on do tipo de solo e profundidade. As permeabilidades obtidas se situam na faixa de 10 -2 a 10-6 cm/s. su O substrato rochoso, no local da implantação do dique, é constituído por rocha granulítica pouco a medianamente decomposta e pouco a muito fraturada. lta 14.12 Dique de Louriçal 1 A ombreira direita tem espessura média de solo e transição solo-rocha entre 1 e 2m. Trata-se de encosta bastante inclinada, onde a rocha granulítica apresenta-se pouco a medianamente alterada. O fraturamento é intenso porém a permeabilidade geral situase entre baixa e média . Nesta ombreira, devido aos efeitos do falhamento a rocha tem RQD baixo e características acentuadas de milonitização e cataclasamento. 49 A ombreira esquerda tem espessura média de solo e transição solo-rocha com aproximadamente 1,5m. Trata-se de encosta bastante inclinada, onde a rocha granulítica apresenta-se pouco alterada a sã . O fraturamento é intenso nos primeiros 4 a 5m e diminui com a profundidade, da mesma forma que a permeabilidade identificada em nível baixo a médio. Esta ombreira encontra-se na zona da falha do rio Areia e, portanto, a rocha exibe r Ob características de milonitização e cataclasamento. O vale tem largura aproximada de 50m no local do dique, onde aflora rocha granulítica com características de milonitização e cataclasamento devidos à falha geológica ap mapeada no local. No leito rochoso há pequena cachoeira na área do eixo do dique e, tanto a montante quanto a jusante do eixo, há presença de depósitos aluvionares que podem chegar a 3m de espessura. aC ar O maciço rochoso é constituído por rocha pouco a medianamente decomposta, até aproximadamente 10m de profundidade e, de maneira geral, a rocha é pouco a muito fraturada. O fraturamento elevado na área deve-se à falha geológica que propiciou a formação do vale do rio Areia, mas apesar do fraturamento elevado os ensaios efetuados nas sondagens resultaram em permeabilidades médias, indicando que as fraturas encontram-se relativamente fechadas. on 14.13 Área 5 (Canal) O eixo do canal na Área 5 foi implantado em um vale desenvolvido sobre paragnaisses su do Complexo Paraíba do Sul, cuja seção encontra-se estrangulada. Há dois escorregamentos na encosta esquerda, sendo que num deles a massa envolvida é de escorregamento. A espessura dessa massa aproximadamente 8m. instável lta aproximadamente 40.000m3 e parte dela ainda se encontra no corpo do remanescente é de No restante da encosta esquerda, a espessura média do solo e transição solo-rocha é aproximadamente 20m, podendo atingir até 30m nas elevações maiores. Valores Nspt baixos, inferiores a 10 golpes/30cm finais, são encontrados até aproximadamente 13m de profundidade, principalmente nas proximidades das massas escorregadas. 50 No solo residual jovem são comuns as ocorrências de bolsões caulínicos e ou micáceos, descontínuos e com baixa resistência Nspt. A base dos escorregamentos situa-se na porção superior desse solo. A encosta direita apresenta três grandes voçorocas e vários outros locais com processos erosivos incipientes, além de rastejamento dos horizontes superficiais. Toda a massa de solo tem características de escorregamento semelhantes àquelas descritas r Ob para a encosta esquerda. A espessura média estimada para o horizonte de solo e transição solo-rocha no lado direito é 15m, atingindo até 30m nos pontos mais altos. Valores Nspt baixos, inferiores a 10, ocorrem até 8m de profundidade, inclusive no solo residual jovem. Este solo, como na encosta esquerda, é muito caulínico e micáceo. ap 15.14 Canal 5 O eixo do Canal 5 foi implantado em um vale desenvolvido sobre paragnáisses do Complexo Paraíba do Sul, nos quais são comuns grandes espessuras de solo (Figura lta su on aC ar 14). Figura 14 – Vista do Canal 5 51 O trecho com cerca de 700 m apresenta espessuras de solo e transição solo-rocha até 40m e valores Nspt normalmente superiores a 10. Nesses solos ocorrem grandes voçorocamentos e no lado direito do maciço, adjacente a uma das voçorocas, aparece uma porção de solo em processo de escorregamento. O volume instável tem cerca de 10.000m3 e integra as escavações obrigatórias do canal. Sotoposta aos horizontes de solo ocorre rocha alterada, cuja espessura r Ob observada tem cerca de 15m. Este horizonte é contínuo em toda a área do canal e suportará parte dos taludes escavados em rocha. O fundo do vale, nas porções inicial e final do canal, apresenta acúmulo de solo ap colúvio-aluvionar argiloso, saturado, com espessura média de 6m. Na parte intermediária e final deste canal tem-se passagens de cerca de 200m com intervenções aC ar anterior. mais amplas do taludes, com as mesmas características do trecho 14.15 Diques Estaca 1 e Estaca 2 Os sítios dos diques Estaca 1 e Estaca 2 estão situados em rochas granulíticas do Complexo Juiz de Fora. O Dique Estaca 1 se destina a fechar uma pequena sela on topográfica situada abaixo da cota 260, posicionada a oeste do dique Estaca 2. As investigações de subsuperfície revelaram capeamento de solo com cerca de 6m no ponto mais baixo da sela e 12m no topo do morro. su O córrego Ouro Fino, afluente do rio Paraíba do Sul pela margem esquerda, mantém com este uma condição de paralelismo, excetuando-se os últimos 500 m, quando o lta curso do córrego inflete bruscamente rumo a sudeste, desaguando no referido rio. O sítio do dique Estaca 2 situa-se no trecho terminal do vale do córrego Ouro Fino. No local previsto para o dique, a calha do córrego cruza uma série de soleiras rochosas, configurando uma sequência de pequenos degraus. Estas soleiras estão alinhadas com a foliação do substrato rochoso gnáissico local, cuja direção geral é N70°E e o mergulho das camadas varia entre 60° e 80° no rumo noroeste. Desta maneira, o eixo do dique Estaca 2 fica posicionado praticamente paralelo à foliação, o que constitui 52 aspecto favorável no que diz respeito às condições de percolação d’água pela fundação do dique. A ombreira direita é retilínea e possui declividade acentuada, em torno de 35º para todo o intervalo de cotas de interesse. Ao longo dela, o extenso e alto corte acima do piso da estrada evidencia inúmeros sinais de instabilidade, como cicatrizes de escorregamento, sulcos de ravinamento e ressurgências localizadas de água. r Ob Pequenos cones aluviais, no piso da estrada e em patamares mais baixos, próximos ao fundo do vale, atestam o efeito de arraste pelas águas pluviais durante a ocorrência de enxurradas. ap A ombreira esquerda não é retilínea e apresenta um ponto de estrangulamento do córrego, onde foi implantado o eixo do dique. Possui forte declividade em sua porção inferior, com cerca de 55º nos primeiros 20m de desnível, a seguir, a ombreira se torna mais suave, com inclinação em torno de 20º. Blocos de rocha, configurando pequenas aC ar massas de tálus, se acumulam junto ao sopé da encosta. As investigações feitas confirmaram a presença de um horizonte de solo colúvioresidual maduro, com espessura que alcança e supera a dezena de metros, seguido por outro horizonte de solo residual jovem, com espessura semelhante. Os dois horizontes se espessam a medidas que a topografia se eleva. on Os valores de resistência Nspt no horizonte colúvio-residual maduro, não são coerentes entre uma sondagem e outra. Na sondagem SP-02, no alto da ombreira su direita, os valores Nspt oscilam entre 3 e 10; na sondagem SP-09, na meia encosta esquerda, os valores Nspt variam entre 7 e 23; e na sondagem SP-11, aberta na meia encosta direita, atingem valores Nspt entre 15 e 33. Esta discrepância de resultados lta atesta a heterogeneidade desse horizonte que, numa avaliação táctil-visual, aparenta ser homogêneo. A explicação parece residir nas diferenças litológicas existentes entre camadas rochosas contíguas, de atitude subvertical, ora mais ricas em quartzo, ora em micas ou feldspatos que, ao final do processo de intemperização, resultam em solos diferenciados. Os resultados dos ensaios de perda d’água sob pressão, feitos no interior do maciço rochoso (SR-09 e SR-11), revelaram valores de permeabilidade baixos, na casa de 10 -4 53 a 10-5 cm/s. Nessas duas sondagens, o nível do lençol freático era bastante profundo, situando-se pouco acima do topo da rocha, no interior do horizonte de solo residual jovem. 14.16 Canal 6 O canal de aproximação ao Túnel 3 está projetado em uma encosta com declividade acentuada, onde ocorrem esparsos afloramentos rochosos, entremeados a acúmulos r Ob de blocos e massas de solo colúvio-residuais contendo blocos. O canal tem 20m de largura basal e se estende por cerca de 100m com piso na El. 235m, aproximadamente. Este canal apoia-se sobre rochas paragnáissicas e seus solos residuais, junto à transição para as rochas ortognáissicas (Figura15). lta su on aC ar ap Figura 15 – Vista do Canal 6 As sondagens revelaram a presença de horizonte superficial de solo colúvio-residual maduro, com 3 a 4m de espessura, com valores de resistência Nspt entre 10 e 25, passando para solo residual jovem e com valores Nspt muito variáveis, devido à presença de intercalações com fragmentos rochosos e matacões. O horizonte de solo residual jovem avança até cerca de 10m de profundidade, onde ocorre o substrato 54 rochoso. Inicialmente muito alterado e fraturado, o maciço grada para rocha sã. O substrato rochoso é constituído por biotita-gnaisse, com foliação vertical a subvertical. Fraturas subhorizontais aparecem mais intensamente nos primeiros metros, no horizonte de rocha intemperizada. As sondagens detectaram, também, passagens friáveis, com recuperação ausente ou muito baixa. Em coincidência com estas passagens, os ensaios de perda d’água sob r Ob pressão mostraram características de condutividade hidráulica elevada, até mesmo perdas totais de água. Entretanto, no interior do maciço são, as perdas d’água inexistem e o maciço se apresenta com boas características geomecânicas. ap As sondagens mistas não detectaram a presença do lençol freático, embora tenham alcançado profundidade de 26m e as sondagens a percussão, mais rasas que as mistas, também não encontraram o lençol freático. aC ar 14.17 Túnel 3 O Túnel 3 será escavado em uma dorsal topográfica que recebe o nome de Serra da Boa Vista e segue o alinhamento dominante em todo o vale do rio Paraíba do Sul, onde as principais formas de relevo, sejam talvegues de rios e córregos ou saliências topográficas, obedecem a condição de paralelismo imposta pela estruturação geológica regional. A Serra da Boa Vista constitui-se de rochas incluídas no domínio dos on ortognaisses. A extensão total do túnel é, aproximadamente, 6.040m e seu emboque montante su (Figura16) ocorre no rumo aproximado N10°E, perpendicularmente às curvas de nível. O eixo do túnel forma um ângulo de 60º entre o eixo do túnel e a direção da foliação (N70°E). Logo após o emboque o eixo do túnel se curva rumo ao leste, buscando uma lta situação de paralelismo com a extensa dorsal topográfica que deverá servir de cobertura em toda sua extensão. 55 r Ob Emboque Emboque aC ar ap Figura 16 - Emboque do Túnel 3 Cerca de 500m após o emboque esta condição de paralelismo é alcançada, no rumo N70°E, que coincide com o alinhamento da foliação gnáissica. Cerca de 1.000m antes do desemboque o eixo do túnel inflete e assume o rumo sudeste. on Ao longo do traçado do túnel, a cobertura é, em termos gerais, espessa, pois o túnel se desenvolve com piso entre as elevações 235m (emboque) e 232m (desemboque), freqüentemente, superam os 400m de altitude. lta su enquanto as cumeadas ocorrem quase sempre acima da elevação 350m e, Ocorrem, entretanto, algumas selas topográficas. A primeira situada entre 600 e 700m após o emboque, na elevação 285m. Duas outras selas de menor expressão se encontram mais próximas ao desemboque (Figura 17), nas elevações 327m e 333m. Estas selas coincidem com lineações geológicas de desenvolvimento aproximado Norte-Sul. No local da primeira sela, a que apresenta o menor recobrimento do túnel (35m), foi executada a sondagem rotativa SR-13, inclinada 30º rumo ao sul, que 56 alcançou a profundidade de 21m. De início, a sondagem atravessou um depósito de solo aluvionar, com espessura de 1,2m, coincidente com um pequeno reservatório natural, para em seguida entrar no maciço rochoso são, até a profundidade final de 21m. Assegura-se, assim, a boa qualidade do material de cobertura neste ponto (Figuras 18 e 19). O padrão predominante de descontinuidades, paralelo à foliação subvertical e paralelo r Ob ao eixo do túnel na maior parte de sua extensão, deverá propiciar condições satisfatórias de estabilidade. Por outro lado, este mesmo padrão poderá favorecer o alongamento da seção no sentido vertical. aC ar ap Desemboque lta su on Figura 17 - Desemboque do Túnel 3 Os dados disponíveis indicam que o maciço é de boa qualidade, com exceção do trecho superficial de amplitude métrica, portanto, é possível prever que as condições de escavação serão favoráveis para a seção em arco-retângulo. Dadas as dimensões do túnel, a escavação deverá ser executada em seções 57 parcializadas, com calota e bancadas. Deverá ser utilizado fogo cuidadoso nos contornos e avanços iniciais da ordem de 1,5m nos emboques e 3 a 4m no desenvolvimento, estimando-se uma sobrescavação pequena, em virtude do referido paralelismo do eixo do túnel com a foliação. Embora o recobrimento vertical em rocha seja freqüentemente acima de 100m e o túnel se desenvolva acompanhando o eixo de uma extensa e alta dorsal topográfica, o fato r Ob desta dorsal estar desconfinada em suas faces norte e sul reduz a probabilidade de aparecimento de fenômenos de descompressão brusca, ainda que não elimine a possibilidade de sua ocorrência. lta su on aC ar ap 58 Figura 18 - Seções geológico-geotécnica do emboque de montante do Túnel 3. lta su on aC ar ap r Ob 59 Figura 19 - Seção geológico-geotécnica do emboque de jusante do Túnel 3. lta su on aC ar ap r Ob 60 14.18 Canal 7 O canal de desemboque do Túnel 3 está projetado na extremidade oeste de um pequeno vale onde se encontra o córrego do Simplício. O vale se desenvolve sobre rochas paragnáissicas, segundo o já referido alinhamento regional N70°E. No local do desemboque encontra-se uma extensa laje gnáissica com foliação subvertical. A superfície da rocha se eleva gradativamente rumo a um alto topográfico, r Ob cujo cume encontra-se na elevação 428m. A cobertura de solo é descontínua e irregular. Devido à baixa declividade da encosta, o canal que se seguirá ao desemboque é bastante extenso, cerca de 160m. ap As sondagens executadas confirmaram as observações visuais a respeito da cobertura de solo e revelaram que o capeamento de solo coluvionar, somado ao residual maduro, varia a espessura entre 2,5 e 7m. A seguir, encontra-se o horizonte de solo residual jovem, com espessura variável entre 1 e 6m, que transiciona para rocha alterada. Após aC ar o horizonte de rocha alterada com espessura entre 1 e 4,5m, encontra-se o maciço são. O maciço rochoso é constituído por gnaisse são, com foliação mergulhando 70º a 75º para norte, com poucas descontinuidades. Ensaios de perda d’água sob pressão feitos no trecho em rocha resultaram em valores baixos de permeabilidade, freqüentemente em valores nulos. on 14.19 Dique Antonina O eixo do dique, com extensão pouco inferior a 400m, se dispõe paralelamente à já referida direção regional predominante e liga duas ombreiras também alinhadas no su mesmo sentido. O Dique será apoiado em rochas do domínio granulítico. No leito do córrego são visíveis afloramentos de rocha gnáissica pouco alterada, com o lta mesmo alinhamento do eixo e mergulho em torno de 70º a 75º norte, o que constitui um aspecto favorável para o barramento. Em seu ponto de inflexão para sudeste, o córrego apresenta uma soleira rochosa que configura uma seção de controle e que ocasionou a formação de uma pequena planície a montante, com largura de algumas dezenas de metros e extensão de algumas centenas. Nesta planície foram observados solos colúvio-aluvionares. Nessa área há possibilidade de ocorrência de solos aluvionares típicos, encobertos por colúvios. 61 Nas encostas as observações de superfície, consubstanciadas por uma série de investigações, confirmam a existência de solos colúvio-residuais configurando espesso manto de intemperismo. Na ombreira direita o solo colúvio-residual maduro alcança 5m de espessura, enquanto na ombreira esquerda alcança o dobro desta espessura para o mesmo horizonte. Mais r Ob significativa ainda é a discrepância entre valores de resistência Nspt, enquanto na ombreira direita os valores oscilam sistematicamente entre 15 e 25, na ombreira esquerda caem para o intervalo de 5 a 15. ap Já no horizonte de solo residual jovem, os valores Nspt são semelhantes nas duas ombreiras, embora todos se situem acima de 15. Estas discrepâncias devem ser atribuídas à herança que os solos receberam a partir da constituição petrográfica e mineralógica do substrato rochoso. Isso mostra que a homogeneidade exibida pela aC ar análise visual-táctil dos solos em amostras, e mesmo em paredes de poços, não encontra contrapartida nos resultados do ensaio SPT. Essa constatação atesta a importância dos ensaios para fins de definição das características dos materiais que constituem o manto de intemperismo local. Sondagem rotativa executada no local da seção de controle, a partir do afloramento de on rocha que lá ocorre, inclinada 30º no azimute 140º revelou em toda a extensão (15m) maciço gnáissico são (A1/C1), coloração clara, com predominância de quartzo e feldspato e juntas esparsas e fechadas (F1). A 0,8m de profundidade ocorreu perda su d’água de circulação, correspondendo a uma junta aberta e oxidada. A sondagem vertical feita no alto da elevação menor referida, revelou manto lta intemperizado até 18m de profundidade sendo que, destes, os últimos 7m definiram o horizonte de transição solo-rocha. O restante da sondagem (até 39m) perfurou o maciço rochoso: gnaisse bandado pouco alterado (A2) e consistente (C2), com trechos esparsos oxidados e fragmentados. Nos 5m finais, a rocha se apresenta sã (A1) e muito consistente (C1). Em sua maioria, as descontinuidades se apresentam abertas e oxidadas, embora parte ponderável dos ensaios de perda d’água sob pressão tenha acusado vazões baixas ou 62 nulas. Uma perda total d’água de circulação foi detectada no horizonte de transição solorocha, a 11,55m, e outra no interior da rocha, a 27,05m, entre trechos de ensaios de absorção nula. Pode-se atribuir o nível significativo de alteração/fraturamento do maciço desta elevação ao fato da mesma ocorrer isolada e desconfinada em quase todos os flancos, exposta à atuação livre dos agentes de intemperismo. Neste contexto, a elevação r Ob constitui um meio que pode ser considerado drenante, para fins do projeto de barramento. 14.20 Canal 8 ap O Canal 8 será escavado em uma sela topográfica que atinge a altitude 275m. Considerando a cota de fundo do canal em torno de 234,5m e considerando, ainda, a declividade das encostas naturais em que o canal deve ser aberto, deduz-se que os taludes de escavação poderão atingir cerca de 60m de altura. O espesso manto de aC ar alteração, desenvolvido sobre paragnaisses foi investigado por meios diretos de investigação em subsuperfície. A possibilidade de aproveitamento dos materiais, tanto dos escavados quanto dos remanescentes nas encostas adjacentes ao canal, para a construção dos diversos diques, leva a redução na altura dos taludes finais, pois a área em torno do canal passa on a ser encarada como empréstimo. Desta forma, prevê-se que o arrasamento do terreno lateral aos cortes limitará a altura dos mesmos. su As sondagens mista mostraram que o perfil de intemperismo é extremamente espesso, chegando a 47m. O topo rochoso foi alcançado nas altitudes 243,5m, 248,2m, e 250,2m. Observa-se, assim, que o topo rochoso acompanha as mudanças na lta topografia, embora de forma muito atenuada. No perfil de intemperismo preponderá material residual jovem, silto-arenoso, acastanhado, por vezes avermelhado e variegado. Algumas estruturas da rocha de origem podem estar preservadas. A partir de 5 ou 6m de profundidade, superado o horizonte de solo colúvio-residual maduro, os valores Nspt se situam sistematicamente acima de 20, freqüentemente maiores que 30. 63 O horizonte superficial colúvio-residual foi investigado por meio de poços de inspeção, os quais mostraram perfil de solo colúvio-residual padrão com solo residual maduro, argilo-siltoso, marrom-avermelhado, alcançando 4m de profundidade, seguido por solo residual jovem, silto-argiloso, com foliação incipiente. Os ensaios de permeabilidade, somente feitos nos trechos em rocha dos furos de sondagem, mostram valores baixos de condutividade hidráulica intercalados a valores r Ob elevados, estes coincidindo com a presença de juntas oxidadas, na porção superficial e mais intemperizada do maciço gnáissico/migmatítico. Em maior profundidade, no maciço são, os ensaios resultaram em valores nulos. Apenas uma sondagem (SM-5) acusou presença do nível d’água, a 45,3m de profundidade, coincidindo praticamente ap com o topo da rocha. A escavação do canal deve ocorrer, na porção mais profunda, em rocha sã ou parcialmente intemperizada. A largura de base do canal será 20m e os cortes em aC ar rocha, com altura da ordem de 8m, terão taludes subverticais. Junto ao topo da rocha a seção do canal sofre alargamento, com bermas de ambos os lados. A seguir, as paredes de escavação sobem com inclinação 1V:1,5H, já em solo residual jovem, devendo ser protegidas contra o arraste de partículas. Embora o nível estático da água no canal (sem fluxo) ocorra na elevação 260m, as paredes deverão ser protegidas até a elevação 263m. on 14.21 Dique Norte O Dique Norte impedirá que as águas do aproveitamento sejam vertidas para o vale do su rio do Peixe. Seu eixo está alinhado na direção NW-SE e o comprimento da crista se aproxima de 300m. Esse dique será apoiado em rochas granulíticas e possivelmente em paragnaisses. lta Na ombreira direita pode ser observada nos cortes da estrada, a espessa cobertura de solos coluvionares e residuais. Em alguns pontos percebe-se a presença de rocha “in situ” fortemente intemperizada, com atitude subvertical da foliação. O ribeirão exibe afloramentos rochosos em seu leito, ladeados por delgados depósitos de solo arenoso. As investigações revelaram dois aspectos de particular interesse, relacionados com a natureza do perfil de intemperismo: a passagem entre o solo coluvionar e o residual maduro é de difícil identificação, uma vez que os dois tipos de solo apresentam 64 características visuais semelhantes e inexiste discordância na transição entre um e outro; o processo de rastejo afeta intensamente a faixa superficial do maciço intemperizado, e as medidas de mergulho das camadas, originariamente sub-verticais, sofrem desvios acentuados, sempre rumo ao lado livre da encosta. A foliação local medida no solo residual jovem, no interior de um dos poços tem mergulho de aproximadamente 350 para o interior da ombreira esquerda e os solos r Ob coluvionar e residual maduro com espessura em torno de 8,5m, passam em seguida para solo residual jovem, silto-argilo-arenoso, marrom escuro e amarelado, com valores crescentes de resistência Nspt no sentido da profundidade. ap A maioria das sondagens executadas não encontrou o nível d’água, mesmo tendo chegado ao impenetrável. Somente uma sondagem mista (SM-2) acusou nível d’água já no trecho em rocha, aos 27m de profundidade. aC ar A trincheira aberta na parte baixa da ombreira direita, no corte da estrada de acesso, evidencia a presença de cicatrizes de escorregamentos remontantes, de encadeados pela própria abertura da estrada. Digna de registro é a presença de uma voçoroca na vertente norte da ombreira esquerda do dique, já em processo adiantado de evolução. Esta feição é merecedora de cuidados porque, após o enchimento do canal- on reservatório, deverá representar a área de convergência das linhas de fluxo da rede subterrânea que se estabelecerá no espesso pacote de solos colúvio-residuais identificados nesta ombreira. Estes cuidados deverão se materializar na forma de su proteções contra fenômenos de arraste provocados pela inssurgência das águas. 14.22 Dique Sul lta O Dique Sul conterá as águas que fluirão em direção ao Canal de Adução, impedindo que vertam para o vale do rio Paraíba do Sul. Essa estrutura será apoiada em rochas Granulítica (Figura 20). 65 aC ar ap r Ob Figura 20 – Afloramento de ortognaisse milonítico N65ºE localizado na área do Dique Sul As investigações para desenvolvimento do projeto constaram de sondagem rotativa, sondagem a percussão e poço de investigação. Na área de fundação ocorre solo on colúvio-residual maduro seguido por solo residual jovem. Nesse local a foliação, visível a partir do horizonte de solo residual jovem, mergulha cerca de 40º para o interior da encosta. su Na base da ombreira esquerda a foliação, também medida em solo residual jovem, lta mergulha 60º para o interior da encosta, isto é, rumo a sudeste. Nas sondagens chama novamente a atenção a ausência de nível d’água no interior dos furos. Observa-se, também, um nítido contraste em termos de resistência Nspt entre os horizontes do colúvio-residual maduro e do solo residual jovem, que apresenta valores Nspt duas a três vezes maiores. Uma sondagem rotativa (SR-7, com 20m) foi feita no talvegue do pequeno vale e encontrou o substrato rochoso a pouco mais de 4m de profundidade, após atravessar solos colúvio-residuais. Inclinada 30º no 66 azimute 150º (rumo a sudeste), perpendicularmente à direção da foliação, a sondagem mostrou que a rocha apresenta boas condições geomecânicas em toda a extensão. Os quatro ensaios de perda d’água sob pressão revelaram vazões nulas e também não foi registrada a presença de nível d’água no interior do furo. O mapeamento geológico de superfície realizado na região do Dique Sul mostrou que o topo da rocha sã aflora com frequência e se situa a pequena profundidade em boa r Ob parte da área. Colocou também em evidência a presença de um acúmulo de tálus na meia encosta, do lado jusante da ombreira direita, além da existência de fenômenos de instabilização (ravinas), associados ao espesso capeamento de solos e, em geral, decorrentes da abertura da estrada que corre em declive acentuado ao longo da ap ombreira esquerda do dique. Comprovou-se, também que o alinhamento do vale, coincidente com a direção regional N70°E, tem origem tectônica. Os afloramentos rochosos ao longo do talvegue, mesmo aC ar quando sãos, exibem resquícios de estrutura cataclástica, seguida por recristalização. 14.23 Canal de Adução O Canal de Adução possuirá direção leste-oeste, comprimento aproximado de 400m e será apoiado em rochas granulíticas. Seu início se acha definido e contido entre os pontos de engaste dos diques Norte e Sul. on O canal será aberto escavando uma extensa vala ao longo de uma dorsal topográfica onde, por observações de superfície e pelos resultados de sondagens, haverá su presença de espesso capeamento de solos intemperizados. Não ocorrem afloramentos de rocha em toda a área do canal. lta Considerando que o piso do canal se dá na elevação 234,5m, percebe-se que, excetuando o trecho inicial, o piso se assentará em rocha por toda a extensão. A altura total máxima dos cortes supera os 50m, visto que a topografia alcança a elevação 295m no topo da dorsal. Dos 50m, cerca de 25m deverão ser escavados em rocha. A possibilidade de utilização dos materiais de capeamento na construção dos diques adjacentes converte o topo da dorsal em área de empréstimo, cujo fundo de caixa se situaria em torno da elevação 275m. Nestas condições, reduz-se sensivelmente a altura dos cortes, que passam para 40m no máximo. 67 As investigações de sub-superfície se concentraram na área de emboque do canal, junto ao Dique Sul e na extremidade oposta, junto à Tomada d’Água. Foram executadas sondagem a percussão, sondagem rotativa e poços de inspeção. No poço aberto no lado esquerdo do eixo do canal (6m de profundidade), após o horizonte de material coluvionado, foi observado um horizonte de material fortemente intemperizado, constituído por blocos de rocha com distribuição aparentemente r Ob desordenada, mas obedecendo a um alinhamento em faixas inclinadas, com mergulhos variáveis entre 30º e 64º para noroeste, isto é, para o interior da encosta. Os blocos estão imersos em uma massa de solo coluvionar, avermelhado e exibem níveis de intemperização diversos, mais acentuados nos blocos de posição superior. Essa ap estrutura revela origem associada à movimentação dos blocos, a partir de sua posição “in situ”, sob efeito gravitacional. Entende-se que o horizonte de blocos de rocha sofreu ação de rastejo que atingiu, aC ar generalizadamente, as camadas superficiais de todas as encostas da região. Sob efeito dos deslocamentos, os blocos abriram espaço para a deposição do material coluvionar. No poço aberto no lado direito do eixo do canal (7m de profundidade), foi detectada a presença de solo colúvio/residual maduro até 4m de profundidade, consistindo em argila siltosa homogênea, marrom avermelhada, seguido por silte argiloso, marrom on claro a amarelado do horizonte de solo residual jovem. As sondagens a percussão mostram que o horizonte de intemperismo prossegue até su profundidades entre 12,4 e 26,16m e a sondagem SR-5 registrou o lençol freático na profundidade aproximada do substrato rochoso. O eixo do canal se desenvolve quase paralelamente à direção da foliação da rocha gnáissica local, que possui mergulho lta subvertical. Esta condição de paralelismo é favorável aos aspectos do projeto relacionados com a permeabilidade, pois, tende a dificultar o fluxo d’água subterrâneo transversal pelas encostas que ladeiam o canal e, também no caso da escavação a fogo. 68 14.24 Tomada d’Água A posição da Tomada d’Água resulta de um compromisso entre o encurtamento máximo dos Túneis Forçados e o comprimento do Canal de Adução, resguardados os critérios de submergência da entrada da Tomada d’Água e de cobertura mínima de rocha para os túneis. Esta condição foi perseguida através do adequado conhecimento das condições geológicas locais. r Ob A área foi investigada por várias sondagens feitas ao longo da dorsal, que revelou espessura de solos (coluvionar e residuais maduro e jovem) com cerca de 14m, quando atingiu o topo de rocha fortemente intemperizada e, aos 16m, rocha pouco alterada a sã. ap O topo da rocha compatível com a fundação das estruturas se situa próximo à elevação 258m, pouco abaixo do nível d’água do canal-reservatório. A estrutura será apoiada em rochas granulíticas. aC ar As sondagens revelaram, ainda, que o nível freático se situa próximo ao topo da rocha sã, mas ocorrem pontos de perda d’água de circulação durante a perfuração e, também, no ensaio de perda d’água sob pressão. A Tomada d’Água se encaixa no corte em rocha, ao final do Canal de Adução, junto on aos emboques dos Túneis Forçados. 14.25 Túneis Forçados su A adução d’água à Casa de Força será feita por três túneis em rocha granulítica, de seção circular, com diâmetro interno de 6m. O comprimento de cada túnel é de, aproximadamente, 340m (Figura 21). O primeiro trecho junto à tomada d’água, com lta cerca de 45m de extensão, é vertical e será escavado em rocha sã. O segundo trecho com cerca de 294m será subhorizontal e terá 50 a 80m de cobertura em rocha predominantemente sã. Em planta, o eixo do túnel se posiciona ao longo de uma pequena dorsal que percorre a encosta. Ao longo desta dorsal foram realizadas sondagens rotativas com o propósito de investigar as condições de implantação do túnel e subsidiar o projeto das escavações para a Casa de Força. 69 As informações trazidas pelas sondagens mostram um maciço rochoso com características geomecânicas variáveis, desde rocha sã a extremamente alterada, o que revela a atuação intensa do intemperismo, favorecida provavelmente pelo desconfinamento da dorsal em três vertentes. Não foi registrada presença do nível d’água em toda a extensão dos furos. Parte dos ensaios de perda d’água acusou vazões médias a altas com registro de casos de r Ob vazões totais, já outros ensaios resultaram estanques, o que mostra que o maciço tem elevada capacidade de drenagem em alguns pontos. O mapeamento geológico de superfície não registrou presença de afloramentos ap rochosos ao longo da dorsal que abriga os Túneis Forçados, embora afloramentos localizados possam estar presentes, encobertos pela vegetação arbustiva. Na extremidade leste da pequena dorsal, junto ao vale do ribeirão do Peixe, um caminho de meia encosta que se desenvolve acompanhando o rio exibe contínuos afloramentos aC ar de gnáisse migmatítico, cuja foliação, via de regra, apresenta-se subvertical, mergulhando às vezes para o quadrante noroeste e às vezes para sudeste. A direção predominante é N70°E, embora ocorram freqüentes variações localizadas. Esta área que margeia o ribeirão do Peixe constitui uma região de convergência da rede de fluxo d’água subterrânea, que se instala ao longo da dorsal que abriga os on Túneis de Adução. Da mesma forma que em outros locais (diques Estaca e Antonina), registra-se a presença de processos localizados de instabilidade na vertente, provocados tanto pela abertura de caminhos quanto pela contribuição do lençol su freático. A escavação dos Túneis Forçados deverá ser feita em duas frentes. O trecho vertical a lta partir da área da Tomada d’Água e o trecho inclinado a partir da Casa de Força, uma vez que a escavação desta tenha sido completada. 70 aC ar ap r Ob Área dos Condutos Forçados Figura 21 – Área dos Condutos Forçados da Usina de Simplício 14.26 Casa de Força Situada no pé da encosta, à margem direita do ribeirão do Peixe, a Casa de Força teve sua localização ajustada à configuração topográfica do terreno em função das on exigências de espaço para ensecamento de um lado e de escavação ao longo da encosta, pelo outro lado (Figuras 22 e 23). su A Casa de Força está situada no limite norte de uma área topográfica em forma de anfiteatro, onde se observam acúmulos de materiais detríticos provenientes das lta encostas, configurando massas de tálus. A área da Casa de Força, entretanto, está isenta de ocorrências deste tipo. As investigações para as fundações desta estrutura foram desenvolvidas com sondagem rotativa. Após cerca de 6m de solo coluvionar e residual, ocorre gnaisse facoidal com alternância de faixas sãs e muito alteradas, com características geomecânicas pobres, até 10,4m de profundidade. Em seguida, aparece o maciço são e com poucas fraturas esparsas e fechadas. O nível d’água foi encontrado a 8m de profundidade, em correspondência ao horizonte intemperizado de rocha. Os ensaios de 71 perda d’água sob pressão constataram que o maciço intemperizado no trecho superficial apresenta-se muito permeável. Na cota de fundação para a Casa de Força as condições do maciço são satisfatórias. A altura do corte posterior à Casa de Força, na encosta que abriga os Túneis Forçados, está prevista para cerca de 40m em rocha somados a cerca de 10m em solo. A altura dos cortes laterais diminui acentuadamente em função da topografia. Devido à altura r Ob dos cortes para a Casa de Força e às características do maciço rochoso, os taludes deverão ser providos de dispositivos de revestimento, contenção e drenagem. De modo geral, as três paredes de escavação que delimitam a área da casa de força, ap interceptam diagonalmente a atitude da foliação (N70°E, 85°NW), fato que, em princípio, poderá favorecer a estabilidade das mesmas. lta su on aC ar Figura 22 – Área da Casa de Força de Simplício 72 Figura 23 - Seção geológico-geotécnica da Casa de Força de Simplício. lta su on aC ar ap r Ob 73 14.27 Canal de Fuga O Canal de Fuga, com extensão próxima de 700m, acompanha o vale do ribeirão do Peixe até as vizinhanças da forte inflexão que o vale sofre para oeste, quando este rio passa a correr paralelamente ao rio Paraíba do Sul, embora em sentido contrário. A inflexão é motivada pela presença de uma pequena dorsal alinhada no sentido lesteoeste. O Canal de Fuga rompe esta dorsal e deságua diretamente no rio Paraíba do Sul, em frente à ilha do Hildefonso. r Ob O Canal de Fuga da UHE Simplício possui largura de base igual a 40m, necessária para dar vazão a cerca de 400 m3/s, quando a espessura do tirante pode atingir mais de 16m. ap Para execução do canal, serão necessários extensos cortes em rocha e solo que poderão alcançar 20m de altura. lta su on aC ar 74 15. Quantitativo das investigações realizadas O quadro 1 abaixo mostra a quantidade de sondagens executadas até a final dos estudos de viabilidade. QUANTIDADE SOND. MISTA ROTATIVA INSPEÇÃO PERCUSSÃO r Ob 43 Metros Perfurados Geofísica SOND. 15 708,5 714,2 Rocha 418,6 1635,7 1127,1 2357,6 ap Sondagem 84 Solo Total POÇO MEDIDOR SOND. 111 103,8 1551,3 103,8 1551,3 DE NIVEL D’ÁGUA 134 2.280m aC ar Foram instalados 134 medidores de nível d’água localizados nos emboques dos túneis e nos taludes marginais dos canais visando monitorar o nível d’água durante, no mínimo, um ciclo hidrológico completo. Esses dados deverão otimizar as necessidades de proteção dos taludes remanescentes das escavações (Figura 24). lta su on Figura 24 - Medidor de nível d’água na área do Canal 5 As investigações com sondagens mecâncas e ensaios de campo continuam sendo executadas durante o projeto básico (Figura 25). 75 r Ob ap Figura 25 – Sondagens em andamento no Canal 1 Durante a viagem de campo foram descritos os testemunhos da sondagem SM-009 localizada no Canal 1 (Figura 26). lta su on aC ar Figura 26 – Caixa de testemunhosde sondagem do Canal 1 O padrão adotado para as descrições dos testemunhos de solos e rochas obtidos nas sondagens mecânicas e a análise dos resultados dos ensaios de campo encontram-se na (Figura 27). 76 Figura 27 - Descrição de Log de sondagem. lta su on aC ar ap r Ob 77 16. Materiais naturais de construção 16.1 Materiais terrosos Os estudos referentes aos materiais terrosos foram desenvolvidos no sentido de prover cada uma das obras de barramento do empreendimento de áreas propícias, nas menores distâncias de transporte possíveis. O levantamento das possíveis áreas de empréstimo de solo para os barramentos foi realizado procurando-se definir locais de r Ob topografia favorável e prioritariamente a montante, dentro da área do reservatório, para diminuir os efeitos do impacto ambiental. Ressalta-se que as escavações exigidas para implantação das diversas estruturas do empreendimento irão gerar volumes significativos de materiais adequados, que devem ser aproveitados nos aterros das ap estruturas de barramento correspondentes (inclusive ensecadeiras). De maneira geral, foram objeto de estudo, nas diversas áreas de empréstimo, três horizontes de materiais terrosos, a saber: solo coluvionar, solo residual maduro e solo aC ar residual jovem. A distinção entre solo coluvionar e solo residual maduro é geralmente dificil, não somente em amostras de sondagens a percussão e/ou furos a trado, como também em cortes de estradas e em poços de inspeção. Isto reflete a semelhança entre os dois solos quanto às características físicas e geotécnicas. Assim sendo, frequentemente os dois solos foram englobados em um único horizonte, para fins de definição das quantidades de materiais disponíveis. on Em princípio, definiu-se apenas a exploração nos empréstimos das camadas de solo coluvionar e residual maduro para o núcleo dos diques, considerando a utilização de su solo residual jovem de gnaisse nos espaldares, principalmente quanto ao seu aproveitamento a partir das escavações obrigatórias (Figura 28). As principais lta propriedades dos solos nas diversas áreas foram obtidas a partir dos ensaios de caracterização (plasticidade, liquidez e granulometria), Proctor, Densidade Natural e Umidade Natural. Os volumes de solo disponíveis nas áreas de empréstimo pesquisadas, para a construção dos maciços compactados deverão ser provenientes de escavações obrigatórias, não só para evitar a abertura de novas áreas exclusivas de empréstimo, como também para minimizar os volumes de bota-foras. 78 ap r Ob Figura 28 – Ocorrência de solo argilo-arenoso próximo a Barragem de Anta 16.2 Areia aC ar A areia prevista para ser utilizada como filtro/dreno nos diques e como agregado para concreto nas diversas obras do empreendimento, deverá ser obtida em jazidas naturais localizadas no leito do rio Paraíba do Sul. Este material pode ser classificado como uniforme e de granulometria média a grossa. Os ensaios de caracterização tecnológica indicam que o material é adequado para emprego em construção e é inócuo em presença dos álcalis do cimento. on 16.3 Materiais rochosos A disponibilidade de materiais rochosos na região é ampla. O agregado graúdo será su obtido da britagem de migmatíto (gnaisse) proveniente das escavações obrigatórias, eventualmente complementado por rocha extraída de pedreiras, estas frequentes na região. Ensaios de qualificação realizados em amostras extraídas de pedreira em lta afloramentos indicam ser ele adequado à produção de agregados para concreto de cimento Portland. Estes ensaios consistiram em: ensaios de reatividade pelo método químico, ensaios de barra; Em nenhum caso foram observadas expansões acima dos limites estabelecidos. De forma análoga, material rochoso de maiores dimensões, para enrocamento ou "riprap", será obtido das escavações obrigatórias, eventualmente complementado por pedreiras, devendo-se neste caso adequar o plano de fogo à obtenção das dimensões necessárias. 79 17. Estanqueidade, estabilidade e sismicidade 17.1 Estanqueidade dos reservatórios Na área dos reservatórios não existem rochas solúveis, como as dos tipos carbonáticos, que possam afetar a estanqueidade dos mesmos. As feições estruturais locais não deverão apresentar condições de permeabilidade r Ob críticas, nem estarão sujeitas a gradientes elevados, suficientes para comprometer a estanqueidade dos reservatórios. A avaliação da estanqueidade dos reservatórios foi baseada em interpretação de ap aerofotos e imagens de satélite, objetivando selecionar locais que evidenciassem feições geológico-estruturais que pudessem permitir fuga d’água. Os locais de maiores cuidados são as selas topográficas, encostas dos morros limítrofes e a jusante dos reservatórios, possíveis pontos de instabilidade em função de sua proximidade com a aC ar linha d’água. 17.2 Estabilidade natural dos taludes e erosão das encostas Através dos estudos empreendidos à base de fotointerpretação, de sobrevôo e apoio de campo, foram detectadas algumas áreas onde já se encontram instalados processos erosivos. Na área de interesse direto os locais onde esses processos on aparecem estão situados próximos às intervenções humanas como estradas e áreas desmatadas. su Parte das áreas de implantação dos reservatórios constituem áreas de encostas que exibem acentuados desníveis e declividades, configurando uma certa potencialidade lta morfológica a escorregamentos das formações de cobertura. A eventual combinação de tais fatores morfológicos regionais com fatores geológicogeotécnicos que ocorrem em alguns locais, como a presença de espessos horizontes de solos de alteração, acentuam a potencialidade a escorregamentos localizados. Outros fatores que poderão diminuir a estabilidade de encostas localizadas são decorrentes da saturação dos pés dos corpos de tálus e colúvios pelo enchimento dos 80 reservatórios, das flutuações dos níveis d’água, do embate das ondas, de abalos provocados por sismos naturais ou induzidos e, finalmente, de intensas precipitações pluviométricas que podem se abater sobre a área. Quanto aos processos erosivos, a região do médio Paraíba apresenta aspectos peculiares de clima, relevo, constituição geológica e ocupação humana que, em conjunto os influenciam. A região está sujeita a condições de clima úmido com alta r Ob pluviosidade, sobretudo nas áreas de planalto das serras do Mar e Mantiqueira, que fornece um escoamento de águas abudantes e torrenciais. Finalmente, sobressai-se nesse contexto a morfologia da área, onde o relevo regional ap constituído na sua maior parte por extensas encostas de planalto, implica predominância de vertentes com forte declividade e de rios com grande capacidade erosiva e energia de transporte. aC ar 17.3 Sismicidade A região onde será implantado o aproveitamento corresponde a uma das áreas onde ocorre uma das maiores concentrações de registros de abalos em território nacional. Esta região está compreendida na província tectônica da Mantiqueira e apresenta feições estruturais marcantes, das quais a mais importante é o Lineamento Além on Paraíba. Essa faixa de rocha foi submetida a processos deformacionais e rupturais em diversas su 17.3.1 Sismicidade natural Os estudos de sismicidade regional foram baseados na revisão das informações existentes no relatório “Estudo Preliminar da Sismicidade da Região de Interesse PBI- lta 000-GG-1-006-RE”, 1985, e atualizados com dados obtidos junto à FUB - Fundação Universidade de Brasília. A análise de cerca de 412 sismos registrados desde 1767, dentro do raio de 320km a partir do empreendimento, não permite caracterizar com precisão suas possíveis tendências, em face da sua dispersão. Por outro lado, a densidade de falhas e/ou lineamentos estruturais aí existentes é tal que a correlação entre epicentro e estruturas geológicas dá-se quase de forma imediata. 81 Embora a coincidência com a presença das estruturas por si só não seja suficiente para configurar a correlação estrutura x epicentro do abalo, não deixa de constituir um aspecto relevante o fato de alguns destes epicentros se situarem nas bordas de compartimentos geomorfológicos, balizados por falhas geológicas e gerados tectonicamente no Terciário, e que originaram as bacias de Taubaté e de Resende. O sismo instrumentado de maior valor ocorrido na região, corresponde à magnitude 4,8 r Ob e intensidade máxima entre V e VI (MM). 17.3.2 Intensidade sísmica do terremoto de projeto Considerando-se que a região do aproveitamento está compreendida entre linhas de ap intensidade V e VI (Mercalli Modificada), adotou-se esse último valor como correspondente à intensidade do sismo de projeto, o que levou a adotar uma aceleração gravitacional de projeto de 0,06 g, para a fundação das estruturas de barramento em rocha, e de 0,08 g, para fundações em solo firme. aC ar 17.3.3 Sismicidade induzida Atualmente, sabe-se que as cargas hidrostáticas impostas pelos reservatórios, mesmo os de pequeno porte, podem propiciar o aparecimento de valores elevados de pressões neutras nos planos de descontinuidade existentes, com a consequente redução das resistências ao cisalhamento destas superfícies de fraqueza estrutural. on Tal condição, dependendo do estado de equilíbrio de tensões em que se encontrava o maciço antes do enchimento do reservatório, pode levar a súbitas movimentações ao su longo dos planos de fraqueza, gerando os abalos. Portanto, considerando-se que a área do aproveitamento se encontra em um zona lta estruturalmente muito complexa, onde pode ser constatada a presença de numerosos lineamentos estruturais, não se deve desconsiderar a possibilidade de que venham ocorrer sismos induzidos nas suas proximidades. 82 18. Conclusões O conhecimento dos estudos desenvolvidos e do projeto do AHE Simplício – Queda Única, sua adaptação ao formato desta monografia, apreciação das seções geológicogeotécnicas e dos logs de sondagens, a visita técnica ao local das obras, exames de testemunhos de sondagem, descrição de lâminas delgadas e outras atividades permitem concluir que: r Ob A inspeção de campo foi muito importante para avaliação da dimensão da obra, muitas vezes não avaliada adequadamente quando examinada apenas nos documentos impressos e ilustrações fotográficas. O rio Paraíba sul, a barragem ap de Anta, os cortes, túneis, diques, todas as obras que compõem este arranjo, formam um complexo harmônico que somente ao longo de décadas de estudos poderia, realmente, consolidar-se no projeto final apresentado. aC ar A topografia e a geologia da região constituíram fatores determinantes na definição do arranjo das estruturas hidráulicas deste aproveitamento hidrelétrico. A geologia do local das obras é constituída predominantemente por paragnaisses do Complexo Paraíba do Sul e ortognaisses do Complexo Juiz de Fora, correspondendo, via de regra, na região dos canais e nas áreas dos on túneis, respectivamente. Nos canais, pela maior facilidade da erosão nos paragnaisses, onde a rocha é mais milonitizada e a cobertura de solo mais desenvolvida; e, nos ortognaisses representados, por relevo mais elevado, onde su se prevê a construção de túneis. lta Os perfis elaborados a partir dos logs das sondagens indicam solos espessos e transição solo-rocha gradual. Os maiores cuidados apontados foram nas áreas dos canais onde a vertente é mais extensa e nas áreas de emboques. Da mesma forma foram mais detalhadas as investigações onde havia menor cobertura de rocha dos túneis e a faixa de rocha alterada poderia estar mais próxima do teto do mesmo. 83 As investigações através de sondagens mecânicas e ensaios de campo caracterizaram adequadamente os maciços de solo e rocha, permitindo seguras definições das estruturas hidráulicas quanto à linha de fundação, adoção de inclinação dos taludes de escavação e tratamentos adequados. Está sempre presente no projeto a preocupação com a estabilidade, estanqueidade e aproveitamento do material das escavações obrigatórias dos r Ob canais e emboques de túneis, para construção dos corpos dos maciços de solo dos diques. A instalação de grande número de medidores de nível d´água mostra os ap cuidados tomados na região da variação do nível d´água nas áreas de escavação dos canais e dos emboques dos túneis, para se ter, evidentemente, os tratamentos adequados. aC ar Nota-se a importância que tiveram as investigações no dimensionamento dos taludes, previsão de escavação e tratamentos e expectativas de comportamento frente as novas solicitações impostas pelo lago a ser criado. Ocorrências de materiais naturais de construção em abundância e de boa qualidade, próximo as obras, como por exemplo, as areias do próprio rio Paraíba on do Sul e no caso dos solos e rochas, os materiais das escavações obrigatórias constituem elementos bastante favoráveis da obra. su A sismicidade teve seu estudo bastante desenvolvido, tendo sido adotado para o projeto valores de aceleração superiores à média das barragens brasileiras. lta Mesmo com todos estes estudos e o projeto consolidado, constitui um grande desafio a implantação desta obra pelas suas dimensões em frentes de trabalho, quantidades de escavação de solo e rocha e construção dos maciços da barragem e dos diques. E, finalmente, há uma grande expectativa de que muitas visitas técnicas de alunos desta Universidade visitem as escavações desta obra em andamento, 84 quando se deverá ter os cortes em solo e rocha expostos, facilitando grandemente entender o contexto geológico-geotécnico com maior profundidade. A pretensão de apresentar os estudos e projetos das obras de todo o arranjo hidráulico do AHE Simplício – Queda Única se prende ao fato da expectativa de que outros alunos desenvolvam monografias da geologia de áreas de estruturas lta su on aC ar ap r Ob hidráulicas específicas com maior aprofundamento dos detalhes 85 19. Referências bibliográficas ALMEIDA, F.F.M. de; HASUI, Y. & CARNEIRO, C.D.R., 1975. O Lineamento de Além Paraíba. Na. Acad. Bras. Ciênc., 47(3/4). BARBOSA, A.L.M. & GROSSI SAD, J.H., 1980. Folhas Anta, Duas Barras, Teresópolis e Nova Friburgo, Relatório Final, GEOSOL/DRM. r Ob BARBOSA, A.L.M. & GROSSI SAD, J.H., 1981. Reinterpretação das “séries” Juiz de Fora e Paraíba, em Minas Gerais e Rio de Janeir. Simpósio de Geologia de Minas Gerais, ll, In: Anais do ..., SBG/MG, boletim nº3:1-15. ap CAMPANHA, G.A C. 1981. O Lineamento de Além Paraíba na área de Três Rios (RJ). Revista Brasieira de Geociências 11(3): 159-171. aC ar CAMPANHA, G.A C. & FERRARI, A.L. 1984. 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