UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS USO DE FÁRMACOS AGONISTAS DOS RECEPTORES α-2 ADRENÉRGICOS EM MEDICINA VETERINÁRIA Sandro de Melo Braga Orientador: Juan Carlos Duque Moreno GOIÂNIA 2012 ii SANDRO DE MELO BRAGA USO DE FÁRMACOS AGONISTAS DOS RECEPTORES α-2 ADRENÉRGICOS EM MEDICINA VETERINÁRIA Seminário apresentado junto à disciplina de Seminários Aplicados do Curso de Pós-graduação em Ciência Animal da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás. Nível: Mestrado Área de Concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal Linha de Pesquisa Técnicas cirúrgicas e anestésicas, patologia clínica cirúrgica e cirurgia experimental. Orientador: Prof. Dr. Juan Carlo Duque Moreno-EVZ/UFG Comitê de Orientação Prof. Dr. Ricardo Miyasaka de Almeida - FAV/UnB Prof. Dr. Luiz Antônio Franco da Silva - EVZ/UFG GOIÂNIA 2012 iii SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1 2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 3 2.1 Sistema nervoso autônomo e receptores adrenérgicos do tipo alfa ................. 3 2.2 Efeitos dos agonistas de receptores alfa-2 adrenégicos .................................. 7 2.1.1 Sedação ........................................................................................................ 7 2.2.2 Analgesia....................................................................................................... 7 2.2.3 Efeitos no sistema cardiovascular ................................................................. 8 2.2.4 Efeitos no sistema respiratório ...................................................................... 9 2.2.5 Efeitos no sistema urinário ............................................................................ 9 2.2.6 Efeitos no sistema reprodutor...................................................................... 10 2.2.7 Efeitos no sistema digestório....................................................................... 10 2.2.8 Efeitos na glicemia ...................................................................................... 11 2.2.10 Efeitos no sistema imunológico ................................................................. 11 2.3 Fármacos agonistas de receptores α-2 .......................................................... 11 2.3.1 Xilazina ........................................................................................................ 11 2.3.2 Detomidina .................................................................................................. 13 2.3.3 Medetomidina .............................................................................................. 14 2.3.4 Dexmedetomidina ....................................................................................... 15 2.3.5 Clonidina ..................................................................................................... 16 2.3.6 Romifidina ................................................................................................... 17 2.4 Uso clínico e vias de administração nas espécies ......................................... 18 2.5 Antagonistas dos receptores α-2 .................................................................... 19 2.5.1 Ioimbina ....................................................................................................... 19 2.5.2 Atipamezole ................................................................................................. 20 2.5.3 Tolazolina .................................................................................................... 20 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 21 4 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 22 1 1 INTRODUÇÃO Os fármacos agonistas de receptores α-2 adrenérgicos são amplamente utilizados em medicina veterinária na medicação pré-anestésica, como coadjuvantes no tratamento da dor e, eventualmente, na anestesia epidural, para fornecer sedação, miorrelaxamento e analgesia para procedimentos médicos e cirúrgicos. Os fármacos pertencentes a este grupo apresentam efeitos analgésicos induzidos por sua ação em estruturas presentes na medula espinhal e no tronco cerebral. A sedação é outra importante característica dos agonistas α2 adrenérgicos e é produzida por sua ação em receptores adrenérgicos centrais, impedindo a liberação de noradrenalina na fenda sináptica. O conhecimento sobre a segurança e a eficiência farmacológica é importante para o médico veterinário escolher o protocolo mais adequado para o paciente e, assim como com a maioria dos fármacos, algumas alterações sistêmicas são observadas com o uso dos agonistas de receptores α-2 adrenérgicos. No sistema cardiovascular observa-se bradicardia, bloqueio atrioventricular e hipertensão seguida de hipotensão. Também é possível observar depressão respiratória, alterações da motilidade intestinal, aumento na diurese e hiperglicemia transitória. São do grupo dos agonistas de receptores α-2 adrenérgicos fármacos como xilazina, detomidina, medetomidina, dexmedetomidina, clonidina e romifidina, sendo os dois primeiros os mais utilizados na rotina da medicina veterinária no Brasil. No entanto, a busca por novos fármacos mais seletivos, mais seguros e com melhor relação custo-benefício é constante. As vias de administração para os agonistas de receptores α-2 adrenérgicos são variadas e estes fármacos são passíveis de uso em quase todas as espécies domésticas e selvagens, o que os torna muito úteis e versáteis. A presença de antagonistas farmacológicos como a ioimbina, atipamezole e telazolina proporciona um diferencial dos agonistas α-2 adrenérgicos em relação aos outros fármacos analgésicos e sedativos. A possibilidade de reversão das alterações que possam levar a complicações 2 anestésicas é essencial, proporcionando ao grupo uma vantagem sobre outros sedativos e tranquilizantes. Nesta revisão foram abordados os principais aspectos sobre os efeitos sedativos, analgésicos, miorrelaxantes e cardiorrespiratórios dos agonistas de receptores α-2 adrenérgicos, abordando as principais diferenças entre espécies e apresentando as particularidades dos fármacos do grupo disponíveis para uso no Brasil. 3 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Sistema nervoso autônomo e receptores adrenérgicos do tipo alfa O sistema nervoso divide-se em central e periférico e este último, por sua vez, divide-se em sistema nervoso somático e sistema nervoso autônomo (FANTONI & CORTOPASSI, 2002). O sistema nervoso somático é responsável pela inervação da musculatura esquelética, enquanto as funções involuntárias e viscerais são controladas pelo sistema nervoso autônomo (SANTOS et al., 2012). O sistema nervoso autônomo apresenta gânglios, plexos nervosos e redes de fibras aferentes e eferentes que são responsáveis pelo controle das funções dos sistemas respiratório, circulatório, termorregulador, digestório e metabólico. Este sistema apresenta duas subdivisões, sistema simpático e sistema parassimpático, que exercem efeitos opostos e complementares sobre as funções que regulam (ROLIN et al. 2010). No sistema nervoso autônomo parassimpático as fibras nervosas eferentes emergem do tronco cerebral e dos segmentos S2, S3 e S4 na medula sacral, recebendo o nome de fibras pré-ganglionares. Essas fibras préganglionares fazem sinapse como outras fibras chamadas pós-ganglionares, cujo corpo se localiza nos gânglios autônomos presentes em locais próximos aos órgãos ou estruturas viscerais ou até mesmo dentro deles (Figura 1). Neste sistema a acetilcolina é o neurotransmissor responsável pela transmissão do impulso nervoso tanto entre as fibras pré e pós ganglionares, como entre as fibras pós-ganglionares e o órgão efetor (PIMENTEL et al., 2009; ROLIN et al., 2010). No sistema nervoso autônomo simpático as fibras nervosas préganglionares emergem da medula espinhal, a partir dos segmentos T-2 a L1, e fazem sinapse com as fibras pós-ganglionares em gânglios localizados longe dos órgãos e estruturas efetoras, mas próximos do neuroeixo (Figura 1). No sistema nervoso autônomo simpático o neurotransmissor entre as fibras pré e pósganglionar é a acetilcolina, enquanto que a neurotransmissão entre as fibras nervosas pós-ganglionares e os órgãos efetores é adrenérgica (Figura 2). Isso significa que esse processo é mediado por neurotransmissores endógenos 4 originados da tirosina, como adrenalina, dopamina ou noradrenalina, conhecidos também como catecolaminas (GILSBACH et al., 2011). FIGURA 1 - Representação das fibras pré e pós ganglionar do sistema nervoso autônomo simpático e parassimpático. Fonte: http://www.mypersonaltrainer.it/fisiologia/sistema-simpatico.html Os receptores adrenérgicos são glicoproteínas localizadas na superfície das células efetoras, possuem estruturas moleculares específicas e são responsáveis pela atividade adrenérgica do sistema nervoso autônomo simpático, sendo divididos em três grupos principais: receptores α, receptores e receptores dopaminérgicos (BOSCO, 2001). 5 FIGURA 2 - Receptores noradrenérgicos nos neurônios pré e pós-sináptico do sistema nervoso autônomo simpático. Fonte: GILSBACH, et. al, (2011) Os receptores α-adrenérgicos são classificados em dois grupos, α-1 e α-2 de acordo com a posição anatômica e função fisiológica. Os receptores α-1 são pós-sinápticos, estão no músculo liso vascular e promovem vasoconstrição e efeitos simpatomiméticos. Já os receptores α-2 são inibitórios, estão localizados na membrana pré-sináptica de neurônios nos centros superiores e quando ativados induzem efeitos ansiolíticos, sedativos, simpatolíticos e anti-hipertensivos (SCHMITZ & HOLZGRADE, 2011). Em humanos foi demonstrada a existência de quatro subtipos de receptores α-adrenérgicos, denominados α2A, α2b, α2c e α2D, porém os efeitos de cada subtipo ainda não foram bem elucidados (SOUZA, 6 2006). O quadro 1 apresenta a localização dos receptores α e a função desempenhada de acordo com a estrutura em que se encontram. QUADRO 1 - Ações fisiológicas decorrentes da estimulação adrenérgica em receptores alfa. Receptor Localização Ações primárias Receptor α-2 Neurônio pré-sináptico Inibição da liberação de noradrenalina Receptor α-2 Neurônio pós-sináptico Vasoconstrição Receptor α-1 e α-2 Vasos sanguíneos Vasoconstrição Receptor α-1 Pulmão Inibição da secreção Receptor α-1 e α-2 Estômago Reduz motilidade e tônus muscular Receptor α-1 e α-2 Intestino Reduz motilidade e tônus muscular Receptor α-1 Rim – Secreção de renina Diminuição da liberação Receptor α-1 Bexiga Contração Receptor α-1 Útero Contração Receptor α-1 Olho – Musculatura da íris Contração – midríase Receptor α-1 Glândulas lacrimais Aumento da secreção Receptor α-1 SNC Atividade simpática Receptor α-2 SNC Sedação, analgesia Fonte: Adaptado de FANTONI & CORTOPASSI, 2002; SCHMITZ &HOLZGRADE, 2011 Os receptores β-adrenérgicos são associados a efeitos inibitórios, como vasodilatação, relaxamento da musculatura uterina e dos brônquios. São divididos em receptores β1, encontrados em maior densidade no miocárdio e nó sinoatrial e receptores β2 localizados em maior número no músculo liso dos brônquios, vasos, útero, bexiga e intestino, sendo responsáveis por vasodilatação, broncodilatação e relaxamento da bexiga( BOSCO, 2001) A estimulação por fármacos agonistas de receptores α-2 adrenérgicos promoverá a inibição e liberação de noradrenalina na fenda sináptica, modulando 7 a atividade do sistema nervoso autônomo simpático, proporcionando características como miorrelaxamento, sedação e analgesia, características inerentes ao grupo farmacológico (MURRELL & HELLEBREKERS, 2005). 2.2 Efeitos dos agonistas de receptores alfa-2 adrenégicos 2.1.1 Sedação A ativação do receptor α-2 pré-sináptico inibe a liberação de noradrenalina na fenda sináptica, modulando assim a atividade das células efetoras do sistema nervoso autônomo simpático. O tronco cerebral é a região com maior presença de células noradrenérgicas, localizadas bilateralmente em um pequeno núcleo neural conhecido como Locus coeruleus. Esta estrutura é um importante modulador do estado de alerta, sendo o principal local de ação dos agonistas adrenérgicos α-2 (MURRELL & HELLEBREKERS, 2005; ELFENBEIN et al., 2009). Como resultado da interação desses fármacos com os receptores adrenérgicos α-2 observam-se analgesia, sedação e alterações cardiovasculares, todos dependentes da dose (SOUZA et al., 2011). 2.2.2 Analgesia Os fármacos agonistas dos receptores α-2 adrenérgicos produzem analgesia pela ação em estruturas espinhais e supra-espinhais. As terminações aferentes centrais estão presentes no corno dorsal da medula espinhal e no tronco cerebral. A administração de doses reduzidas de agonistas α-2 em qualquer um destes locais induz analgesia com mínimos efeitos adversos (GUIRRO et. al., 2009; VALVERDE, 2010). Em cães submetidos a cirurgias ortopédicas a dexmedetomidina administrada em bolus, na dose de 5μg/kg com posterior infusão contínua na dose de 15μg/kg/h, proporciona terapia analgésica complementar, reduzindo o 8 consumo de anestésico geral e favorecendo a qualidade da recuperação da anestesia (UILENREEF et al., 2008). Outro estudo em cães demonstrou que a utilização de dexmedetomidina na dose de 5μg/kg proporcionou analgesia eficiente para avaliação da pressão intraocular em cães (ARTIGAS et al., 2012). Segundo ELFENBEIN et al., (2009), equinos tratados com detomidina na dose de 10 a 20μg/kg pela via intravenosa apresentam analgesia visceral dose-dependente, no entanto, por meio da utilização do teste de limiar térmico, não apresentam analgesia somática eficiente. 2.2.3 Efeitos no sistema cardiovascular As alterações cardiovasculares decorrem da inibição do tônus simpático ocasionada pela redução da liberação pré-sináptica de noradrenalina, o que favorece a atividade do sistema nervoso parassimpático, via acetilcolina. As alterações observadas incluem diminuição na frequência cardíaca, bloqueios atrioventriculares de primeiro e segundo grau e redução no débito cardíaco (MURRELL & HELLEBREKERS, 2005). A bradicardia observada em pacientes após administração do fármaco agonista α-2 ocorre pelo aumento do tônus vagal e resposta reflexa de barorreceptores à vasoconstrição periférica. Esta resposta ocorre a partir da hipertensão transitória observada por estimulação inicial de receptores α-1 adrenérgicos (VALADÃO et. al., 2000; MURRELL & HELLEBREKERS, 2005). Segundo CULLEM (1999) cães e gatos tratados com xilazina e medetomidina apresentam bradicardia, com redução na frequência cardíaca em até 60%, iniciando 10 minutos após administração e podendo durar até 60 minutos. ILBACK et al. (2003) se referem à diminuição da frequência cardíaca por até quatro horas, quando comparada com a observada antes da administração de xilazina em cães. Em equinos a xilazina apresentou menor redução na frequência cardíaca, quando comparada com detomidina e romifidina em doses equipotentes (ENGLAND & CLARKE, 1996). A pressão arterial aumenta após administração de xilazina em cães, com pico de cinco a 10 minutos, em seguida diminui até valores menores que os 9 observados no basal e se normaliza 50 minutos após administração (ILBACK et. al., 2003). Entretanto, a duração da fase hipertensiva está relacionada com a dose do fármaco agonista α-2, enquanto a duração da fase hipotensiva não apresenta a mesma relação, sendo que, mesmo com a utilização de pequenas doses observa-se hipotensão (ENGLAND & CLARKE, 1996). 2.2.4 Efeitos no sistema respiratório Os agonistas de receptores α-2 adrenérgicos promovem depressão respiratória de forma variável entre as espécies, modificando sua função de acordo com a dose e o fármaco empregado. A ocorrência de depressão respiratória é principalmente observada pela redução dos movimentos respiratórios, diminuição na pressão parcial arterial de oxigênio e aumento das pressões de gás carbônico sanguíneo, induzidas pela ação do fármaco nos centros respiratórios superiores (JONES & YOUNG, 1991; KASTNER et al., 2001). Em equinos NYNAM et al. (2009) demonstraram redução na frequência respiratória com a utilização de detomidina, enquanto com doses equipotentes de xilazina os animais apresentaram um padrão respiratório lento e profundo, caracterizado por alterações nos gases sanguíneos. Nessa avaliação, verificou-se redução na pressão de oxigênio no sangue arterial e aumento do dióxido de carbono, sendo que os valores de oxigênio no sangue arterial retornaram ao normal após 30 minutos de administração da xilazina (ENGLAND & CLARKE, 1996). 2.2.5 Efeitos no sistema urinário No sistema urinário ocorrem alterações de ph, osmolaridade e concentração na urina, assim como alterações nas concentrações de cloro e fósforo. A diurese observada ocorre pela inibição da liberação de arginina- 10 vasopressina no sangue, ocasionada pela ação do fármaco em receptores adrenérgicos (TALUKDER & HIKASA, 2009). TALUKDER et al. (2009) observaram que a xilazina proporcionou um maior efeito diurético em cães quando comparado a medetomidina. Este efeito foi descrito até quatro horas após administração do fármaco, demonstrando relação dose dependentes. No mesmo estudo, ambos os fármacos aumentaram a osmolaridade, concentração de sódio, potássio e cloreto na urina. 2.2.6 Efeitos no sistema reprodutor No sistema reprodutor de fêmeas observa-se elevação na pressão intrauterina 30 minutos após a administração do fármaco, aumento nas contrações da musculatura uterina e aumento da atividade elétrica de células miométricas (VALVERDE, 2010). De acordo com ENGLAND & CLARKE (1996), as concentrações uterinas são similares com xilazina, detomidina e romifidina em equinos. 2.2.7 Efeitos no sistema digestório No sistema digestório os mecanismos analgésicos são centrais e periféricos, envolvendo vias neurais compostas pelo sistema nervoso entérico, responsável pela motilidade intestinal através de uma via complexa de interação com o sistema nervoso autônomo (KOENING & COTE, 2006). A redução da motilidade é observada devido à ativação de fibras pré-sinápticas assim como a diminuição no fluxo sanguíneo arterial via artéria cecal, devido à redução no débito cardíaco sistêmico (KOENING & COTE, 2006; VALVERDE, 2010). ELFENBEIN et. al (2009) observaram que equinos tratados com detomidina, na dose de 20μg/kg, analgesia visceral de 165 minutos, sendo que a redução na motilidade intestinal e a distensão abdominal observadas sugeriram dose-dependência. Em ovinos a administração de xilazina reduziu a motilidade 11 ruminal, podendo apresentar quadros de timpanismo após aplicação pela via intravenosa (KASTER, 2006). 2.2.8 Efeitos na glicemia Os agonistas de receptores α-2 adrenérgicos estimulam adrenorreceptores pancreáticos responsáveis pela inibição da liberação de insulina, reduzindo assim sua concentração no plasma sanguíneo e provocando aumento transitório da glicemia (SAHA, et. al, 2005). KANDA & HIKASA (2008) descrevem relação dose-resposta no aumento da glicemia em gatos sedados com xilazina ou medetomidina, porém este aumento não é observado com medetomidina nas primeiras três horas após a administração. 2.2.10 Efeitos no sistema imunológico No sistema imunológico os agonistas de receptores α-2 foram associados com mecanismos apoptóticos e, dependendo da dose e do fármaco empregado, pode haver estímulo ou depressão de timócitos, os quais são as células precursoras de linfócitos T (COPIC et al., 2003). 2.3 Fármacos agonistas de receptores α-2 2.3.1 Xilazina A xilazina, C12H16N2S foi sintetizada em 1962 pela Bayer, sendo primeiramente usada como droga anti-hipertensiva em humanos, porém devido ao grande poder sedativo, sua utilização foi reduzida. O fármaco apresenta relação de seletividade entre receptores α-2/α-1 de 160 e é comercializada na 12 forma de cloridrato, em solução estéril e concentrações de 20 ou 100mg/mL (GUIRRO et al., 2009). Ao ser administrada pela via intravenosa em equinos induz efeitos sedativos e analgésicos após quatro a oito minutos e, pela via intramuscular, os efeitos iniciomam-se em 10-15 minutos. Depois de sua absorção, o fármaco é biotransformado pela via hepática e eliminado via renal em processo relativamente rápido (SPYRIDAKI et al., 2004). Em felinos, MORAIS et al. (2005) ao associarem a xilazina na dose de 1,0 mg/kg, cetamina na dose de 10mg/kg e atropina 0,044 mg/kg, observaram anestesia de 20 minutos e analgesia de 44 minutos. Entretanto, os animais permaneceram 134 minutos em decúbito lateral em média, contra 78 minutos de decúbito registrados no grupo em que o midazolam foi usado como relaxante muscular ao invés da xilazina. Em pequenos animais as doses recomendadas para sedação, miorrelaxamento e analgesia são de 0,1–1,0 mg/kg, administradas pela via intravenosa, intramuscular ou subcutânea. Em equinos, a dose de xilazina recomendada é de 0,5-1,0 mg/kg administrada via intramuscular ou intravenosa (FANTONI & CORTOPASSI, 2002). No entanto, DORIA et al. (2008) utilizaram 0,2 mg/kg de xilazina pela via epidural e observaram analgesia de 120 minutos com mínimas alterações cardiorrespiratórias. Em ruminantes a xilazina apresenta potencia 10 a 20 vezes maior do que em outras espécies, sendo que em ovinos, a dose de 0,05 à 0,1 mg/kg induz a sedação, analgesia e decúbito de 55 minutos. Em bovinos, as doses de xilazina recomendadas são de 0,05 a 0,1 mg/kg pela via intravenosa ou intramuscular (FANTONI & CORTOPASSI, 2002). RIZC et al. (2012) demonstraram em seus trabalhos redução no estresse e efeitos analgésicos em animais que receberam 0,05mg/kg de xilazina pela via intramuscular e foram submetidos a decúbito lateral. Nestes animais, as concentrações de cortisol foram menores que as dos animais que não receberam o fármaco. DÓRIA et al. (2009) refere-se em seus estudos à infusão contínua de xilazina na dose de 0,35mg/kg/hr como terapia complementar à anestesia geral por isoflurano. Neste estudo se observou redução no requerimento do anestésico geral e auxílio na sedação de equinos submetidos a anestesia geral. No entanto, 13 também houve depressão cardiovascular, respiratória e térmica, porém sem grande interferência na segurança da anestesia geral com isoflurano em equinos. 2.3.2 Detomidina A detomidina {4-[(2,3-dimethylphenyl) methyl]-1H-imidazole} é um derivado imidazólico alcaloide disponível sobre a fórmula de cloridrato, com relação seletividade entre receptor α-2/α-1 de 260. O fármaco apresenta características lipofílicas, responsáveis pela rápida absorção, ampla distribuição e alta afinidade pelo sistema nervoso. A detomidina é um agonista de receptores α-2 adrenérgico utilizado comumente em equinos para promover sedação, analgesia e relaxamento muscular, porém pode induzir o desenvolvimento de alterações cardiovasculares (GUEDES & NATALINI, 2002; FISCHER et al., 2009). A detomidina apresenta ação similar à xilazina, entretanto com potencia dez vezes maior e efeitos mais prolongados devendo, desta maneira, ser utilizada com cautela em pacientes debilitados (HODGSON & DUNLOP, 1990; GUEDES & NATALINI, 2002). A inibição de neurotransmissores excitatórios observada com a administração da detomidina promove relaxamento muscular profundo, ataxia, diminuição da altura de cabeça, da motilidade intestinal e redução dos movimentos respiratórios. Os modelos analgésicos citados por ELFENBEIN et al. (2009) e OWENS et al. (1996) demonstraram sua eficiência para o tratamento de dor em laminites crônicas e lesões crônicas de tendão em equinos. Outro modelo demonstrou que o fármaco é uma boa opção para o tratamento da dor no abdômen agudo em equinos, quadro bastante comum para espécie (ELFENBEIN et al., 2009). FEITOSA et. al (1990) descreveram a utilização de detomidina em equinos para procedimentos em posição quadrupedal, apresentado sedação e relaxamento muscular eficiente. A detomidina, quando comparada à xilazina, apresenta efeitos analgésicos, sedativos e hipnóticos mais pronunciados e com maior durabilidade, tornando-se segura diagnósticos e terapêuticos na espécie equina. para procedimentos cirúrgicos, 14 2.3.3 Medetomidina A medetomidina é uma mistura racêmica de dois enantiômeros, a dexmedetomidina e a levomedetomidina, sendo esta última geralmente considerada farmacologicamente inativa, enquanto a primeira é a forma ativa (SAVOLA et al., 1991). O fármaco apresenta relação de seletividade entre α2/α1 1620, é dez vezes mais potente que a xilazina e, de acordo com MOENS et.al. (2003), é o fármaco agonista de receptores α-2 adrenérgicos que apresenta as melhores característica e eficácia do grupo, seguida pela romifidina, detomidina, clonidina e xilazina. O fármaco apresenta ação em receptores α-2 adrenérgicos no sistema nervoso central e inibe a liberação de norepinefrina dentro das vesículas présinápticas, produzindo sedação e analgesia dose-dependente. O relaxamento muscular promovido decorre da inibição da transmissão interneuronal na medula espinhal (MOENS et al., 2003). MURRELL & HELLEBREKERS (2005) descrevem em seus estudos os efeitos da medetomidina em cães nas doses de 10-40μg/kg administradas pelas vias intramuscular, intravenosa ou subcutânea, sendo um excelente sedativo utilizado na medicação pré-anestésica para induções com tiopental, propofol, cetamina, halotano e isoflurano. A aplicação intravenosa de medetomidina na dose de 7μg/kg em pôneis induziu sedação entre dois e sete minutos, permanecendo os efeitos durante 20 a 30 minutos, sendo observado BAV de primeiro e segundo grau (BETTSCHART-WOLFENSBERGER et al., 1999). Segundo JONES (2001), a administração de medetomidina na dose de 15μg/kg pela via epidural confere analgesia em cães e gatos durante quatro a oito horas, reduzindo os efeitos adversos observados na administração sistêmica (OTERO, 2005). Alterações relativas à eletrocardiografia obtidas em cães submetidos à medetomidina via epidural foram investigadas por VESAL et al. (1996). Esses autores demonstraram haver retardo na transmissão do impulso elétrico no nodo atrioventricular, associada com arritmia sinusal por breve período de 20 minutos após a administração, como relatado para outros fármacos do grupo (LIMA et al., 2011). 15 2.3.4 Dexmedetomidina A dexmedetomidina é o enantiômero dextrógiro da medetomidina, apresenta relação de seletividade entre receptor α2/α1 de 1600, sendo um fármaco agonista de receptores α-2 adrenérgicos super seletivo. A dexmedetomidina promove analgesia, relaxamento muscular e sedação com menos sinais de depressão respiratória que os outros fármacos representantes do grupo. A meia-vida de eliminação é de duas horas, sendo biotransformada pelo fígado e eliminada principalmente pela urina (95%) e o restante pelas fezes (VILELA & NASCIMENTO, 2003; BACCHIEGA & SIMAS, 2008). Em humanos, o fármaco foi liberado para uso nos Estados Unidos em 1999, indicado na medicação pré-anestésica, durante a anestesia ou para bloqueios loco-regionais como a epidural (VILELA & NASCIMENTO, 2003). Os efeitos sedativos da dexmedetomidina são mediados centralmente no lócus coeruleus onde concentra-se grande quantidade de receptores do tipo α2 adrenérgicos. A sedação proporcionada pela dexmedetomidina raramente utiliza medicação complementar para sua manutenção (HALL, 2000). Segundo BHANA (2000) pacientes tratados com dexmedetomidina apresentaram redução de 50% na dose da morfina para produzir analgesia, comparada com pacientes que utilizam apenas o opioide. Em cães a doses recomendada é de 1-10μg/kg de dexmedetomidina, administrada pela via intravenosa, observa-se redução no ritmo cardíaco com duração de duas horas. BARBOSA et al. (2007) observaram os efeitos da dexmedetomidina sobre o ritmo cardíaco em cães anestesiados com sevoflurano e submetidos à infusão contínua de adrenalina e concluíram que o fármaco agonista α-2 interfere na condução do impulso atrioventricular e reduz o número de complexos ventriculares prematuros provocados pela adrenalina na dose de 3μg/kg. Em felinos tratados com 4μg/kg de dexmedetomidina, pela via intramuscular, foi observada redução na frequência cardíaca, pressão arterial sistólica, frequência respiratória e êmese em 38% dos pacientes tratados. A êmese observada nos animais ocorre em decorrência da ativação de receptores α-2 e consequente relaxamento do esfíncter gastresofágico. Além disso, a 16 dexmedetomidina mostrou potencializar a depressão do reflexo laringotraqueal e aumentou o relaxamento muscular da mandíbula de gatos (SOUZA, 2006). 2.3.5 Clonidina A clonidina é um composto imidazólico, lipossolúvel, pertencente ao grupo dos agonistas de receptores α-2 adrenérgicos. Apresenta relação de seletividade entre receptores α2/α1 de 220, proporcionando características como sedação e analgesia por atuar em sítios espinhais, com menores efeitos indesejáveis como vômito e depressão respiratória (EISENACH et al., 1993; BRANDONI et al., 2004). Em procedimentos anestésicos a clonidina é indicada para reduzir a resposta ao estresse cirúrgico, auxiliar na intubação endotraqueal, promover estabilidade hemodinâmica, reduzir o consumo de analgésicos e halogenados e fornecer efeitos ansiolítico e antissialogogo (BRANDONI et al., 2004). Após a administração de clonidina pela via intravenosa em ovinos se observa rápida absorção, distribuição e meia-vida de 95 minutos. A biotransformação do fármaco não produz metabólitos tóxicos e apresenta baixa incidência de efeitos indesejáveis (CALLEGARI, et al. 2009). Com a aplicação de clonidina na dose de 6μg/kg em ovinos se observou analgesia de 95 minutos. A administração de clonidina pela via epidural em cães submetidos a cirurgia da articulação coxofemoral induz analgesia de aproximadamente quatro horas, tempo similar ao observado em humanos que é de três a cinco horas (BRANDANI et al., 2004). Entretanto, CASSU et al. (2010) ao utilizar a associação de lidocaína e clonidina pela via epidural em cães, não observaram aumento na duração do bloqueio e sim uma dispersão mais cranial do bloqueio, quando comparado à técnica com utilização de anestésico local. Em equinos GUIRRO et. al (2011) observaram analgesia de 360 minutos com a utilização de clonidina pela via epidural, avaliada por meio de modelo incisional e dos filamentos de Von Frey. 17 2.3.6 Romifidina A romifidina (2-[(2-bromo-6-fluorofenil) imino] monoidrocloridrato de imidazolidina) é um agonista de receptores α-2 adrenérgicos potente desenvolvida a partir da clonidina e apresenta seletividade para receptores α2/α1 de 200 (MUIR, 2000). A romifidina tem sido estudada para uso em pequenos animais, pelas vias intravenosa e intramuscular (PYPENDOP & VERSTEGEN , 2001). ENGLAND et al., 1996 observaram em seus estudos os efeitos proporcionados pela administração de romifidina nas doses de 20, 40, 80 e 120 µg/kg, pela via intramuscular em cães da raça Beagle. Após administração, verificou-se ataxia, relaxamento muscular e sedação, porém com o incremento da dose observou redução na frequência cardíaca dos animais. Segundo FIGUEREDO et al. (2005) a romifidina em equinos apresenta características similares à administração em outras espécies, observando relaxamento muscular, sedação, analgesia, relutância em mover-se, pouca resposta ao ambiente e a estímulos externos. Entretanto, no sistema cardiorrespiratório verifica-se bradicardia, redução no débito cardíaco e diminuição dos movimentos respiratórios. Em muares, ALVES et. al, 1999 se referem à utilização de romifidina pela via intramuscular e intravenosa para sedação dos animais para procedimentos de orquiectomia. Segundo os autores, a administração do fármaco pela via intravenosa induz melhor sedação. Entretanto, pela dificuldade de manejo e temperamento dos animais, a dose de 0,12mg/kg pela via intramuscular produziu melhores resultados. A romifidina, assim como a clonidina, apresenta propriedades analgésicas com aproximadamente quatro horas de duração, quando empregada pela via epidural, mas induzindo bradicardia nos primeiros 15 minutos após administração (BRONDANI et al., 2004). 18 2.4 Uso clínico e vias de administração nas espécies Os agonistas de receptores α-2 adrenérgicos são fármacos sedativos utilizados na rotina anestésica da medicina veterinária. Em equinos e bovinos, estes fármacos fazem parte da maioria dos protocolos anestésicos da rotina médico veterinária em trabalhos a campo, tendo uma enorme participação nas indústrias de produtos de origem veterinária. Estes fármacos são usados na medicina veterinária para diversos procedimentos na rotina anestésica, sendo sedação, terapia complementar no tratamento da dor, bloqueios analgésicos loco-regionais, contenção física, dentre outros (ALMEIDA et al., 2004; MURRELL et al., 2005; CRUZ et al., 2011; SOUZA et al., 2011; LIMA et al., 2011). Dentre as vias de administração do fármaco destaca-se a via intramuscular, bastante utilizada para sedação em pequenos animais (MORAIS et. al, 2005; ALMEIDA et al., 2004). Já a via intravenosa, por meio de bolus ou infusão contínua, é utilizada para terapia analgésica complementar em procedimentos de anestesia geral (SCHAUVLIEGE et al., 2011, SOUZA et al., 2011). GRANT & UPTON, 2004 observaram que a dose de 2,5 miligramas de xilazina pela via intravenosa em ovinos apresentou 20 minutos de analgesia, enquanto pelas vias intramuscular e subcutânea o período analgésico foi superior a 40 minutos. Outra via importante é a epidural, utilizada em terapias analgésicas complementares em cães, equinos e bovinos (DORIA et al., 2008; FISCHER et al., 2011; SOUZA et al., 2011). Neste caso, são utilizadas pequenas doses do fármaco para produzir um excelente efeito analgésico com mínimos efeitos sistêmicos. CONDINO et. al (2010) compararam o efeito da administração de lidocaína e xilazina pela via epidural e raquidiana em vacas e observaram excelente analgesia com poucas alterações sistêmicas, porém os efeitos analgésicos foram superiores com a aplicação pela via raquidiana. A utilização de agonistas de receptores α-2 adrenérgicos pela via epidural foi descrita por VESAL et al. (1998), sendo que, quando comparados aos anestésicos locais, os agonistas α-2 provocam menor ataxia e induzem analgesia 19 mais potente e duradoura (ALMEIDA et al., 2004). Em cães, CARDOSO et al. (2008) descreveram excelente analgesia com a utilização de xilazina pela via epidural lombossacra para procedimentos cirúrgicos pré-retroumbilicais. 2.5 Antagonistas dos receptores α-2 2.5.1 Ioimbina A ioimbina (17a-hidroxiioimban-16a- acido carboxílico metilester) é um antagonista adrenérgico de receptores α-2, encontrada na casca da árvore Pausinystalia. Este fármaco atua como antagonista competitivo, irreversível, apresentando dissociação lenta do receptor α-2 (HOFFMAN et al., 1996). Na medicina veterinária a ioimbina tem sido utilizada como antagonista competitivo dos agonistas α-2 adrenérgicos em cães, gatos, bovinos, ovelhas, animais silvestres e pequenos roedores. Nesses animais, a ioimbina tem sido utilizada em intoxicações causadas por xilazina, detomidina, romifidina e amitraz, revertendo de forma parcial ou total a ação desses fármacos, antagonizando seus efeitos sedativos e outros efeitos indesejáveis (ANDRADE, 2004). O antagonismo nos receptores α-2 adrenérgicos aumenta a liberação de noradrenalina nas terminações nervosas do sistema nervoso autônomo simpático, proporcionando o incremento na atividade deste sistema. Portanto, as ações da ioimbina otimizam o sistema cardiovascular devido à estimulação dos receptores α no coração e nos vasos periféricos, com consequente aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial (ADAMS, 1992; ANDRADE, 2004). A dose de ioimbina indicada para cães é 0,4mg/kg, apresentando período médio de ação de 163 minutos. Em equinos a dose é de 0,075-0,15mg/kg e tempo médio de ação de 106 minutos. Em bovinos a dose de 0,25mg/kg e tempo médio de ação de 86 minutos. As alterações observadas com a utilização deste fármaco incluem midríase, taquicardia, agitação, tremores musculares, aumento da ansiedade e salivação (VOLMER et al., 1994). 20 2.5.2 Atipamezole O atipamezole, [4-(2-etil-2,3-diidro-1H-inden-2-yl)-1H-imidazole hidroclorídrico] é um potente e seletivo antagonista α-2 adrenérgico usado para reverter os efeitos sedativos e simpatolíticos dos agonistas de receptores α-2 adrenérgicos (ANDRADE, 2004). O atipamezole é considerado uma nova geração de antagonistas de receptores α-2 adrenérgicos, devido à maior seletividade e por não apresentar interação importante em outros tipos de receptores. Em modelo farmacológico, demonstrou ser mais potente e seletivo antagonista α-2 adrenérgico do que a ioimbina (VIRTANEN et al.,1989). 2.5.3 Tolazolina A tolazolina é um antagonista não competitivo dos agonistas de receptores α-2 adrenérgicos utilizado na reversão dos efeitos indesejáveis destes fármacos. Em cães, HSU et al. (1989) descreveram a utilização de 5mg/kg de tolazolina, pela via intravenosa, para reversão da hipotensão provocada pela administração de 1,0 mg/kg de xilazina. Os autores tiveram sucesso e não observaram aumento da frequência cardíaca. BALSAN et al. (1990) descreveram a importância da tolazolina no sistema vascular pulmonar, promovendo vasodilatação arterial e venosa, reduzindo a vasoconstrição pulmonar hipóxica e diminuindo a pressão da artéria pulmonar. Em aves GUIMARÃES & ANDRADE (2000) utilizaram, com sucesso, 15 mg/kg de tolazolina para a reversão dos efeitos sedativos da xilazina. No entanto, recomenda-se acompanhar 60 minutos após administração de tolazolina, período este que os animais ainda continuam sedados. 21 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os fármacos agonistas de receptores α-2 adrenérgicos apresentam muitos benefícios na utilização da rotina anestésica em medicina veterinária em procedimentos que incluem sedação, anestesia, diagnóstico e terapêutica. Estes fármacos atuam em receptores encontrados no sistema nervoso periférico autônomo simpático, promovendo diversos efeitos. As características farmacológicas colocam o grupo em destaque devido à importância alcançada na veterinária. Os efeitos cardiovascular, adversos respiratório, encontrados digestório, principalmente endócrino, dentre no sistema outros, são contrabalanceados com a utilização de doses corretas e a existência de fármacos antagonistas proporciona maior segurança na utilização dos agonistas de receptores α-2 adrenérgicos. Estudos sobre estes fármacos aparecem continuamente, sendo a criação de novas medicações do grupo ou novas vias e associações, uma forma de se obter benefícios antes não descritos na anestesiologia. A diferença entre espécies é muito importante para ampliação demonstrando novas perspectivas de trabalho. do mercado veterinário, 22 4 REFERÊNCIAS 1. ADAMS, H. R. Drogas adrenérgicas e antiadrenérgicas. In: BOOTH, N. H.; MCDONALD, L. E. 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