III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006. A IMPORTÂNCIA DA CARACTERIZAÇÃO DA SUPERFÍCIE OCEÂNICA NOS ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA) PARA A INDÚSTRIA DO PETRÓLEO. Lázaro Avelino Gonçalves (UFF) - [email protected] Sérgio Luiz Costa Bonecker (UFRJ) - [email protected] Herika Furtado Medeiros (UFF) - [email protected] RESUMO A comunidade neustônica, presente na camada superficial do oceano, é sabidamente a primeira afetada no caso de um derrame de óleo e este ambiente funciona como berçário para muitos organismos como os ovos e larvas de peixe e crustáceos, mas esta comunidade não têm sido contemplada nos Estudos de Impacto Ambiental (EIA) da indústria do petróleo. Assim este trabalho tem em sua proposta principal demonstrar a importância da caracterização da comunidade neustônica nos Estudos de Impacto Ambiental (EIA) para a indústria do petróleo. São apresentados impactos por derramamento de óleo em organismos presentes no neustôn e métodos necessários para mitigar o impacto por óleo. Estudos que possam delinear melhor as áreas ecologicamente sensíveis, como os locais de desova e alta densidade larvar, correntes e ventos predominantes, são imprescindíveis para uma melhor elaboração dos planos de contingência nos casos de derrame, para que se possa avaliar com rapidez as medidas cabíveis para minimização e controle dos impactos pelo óleo sobre a biota, através dos mecanismos de resposta disponíveis. Palavras-Chave: Nêuston, Óleo, Impacto, Plâncton. ABSTRACT The neuston community that lives on the ocean surface is the first one affected in case of an oil spill. This environment functions like a birthplace for most organisms like fish eggs, fish larva and crustaceous, but this community has not been contemplated in Environmental Impact Studies executed by the oil industry. Thus this paper has the main purpose of showing the neuston community’s importance in Environmental Impact Studies executed by the oil III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006. industry. It shows impacts of oil spills in organisms in neuston and necessary methods to temper the oil impact. Studies that could design better the ecologically sensitive areas such as the spawn place and high density grubbing, and the predominant winds and currents, are crucial for a better preparation of the contingency plan in case of a spill for a faster evaluation of the measures to minimize and control the oil impacts over the biological community through the available answer mechanisms. Key-Words: Neuston, Oil, Impact Plankton. INTRODUÇÃO O oceano apresenta dois grandes domínios, o pelágico e o bentônico. O domínio pelágico compreende toda coluna d’água, da superfície ao fundo; já o domínio bentônico está associado ao assoalho marinho, incluindo a fauna e flora que constitui a comunidade bentônica. A comunidade neustônica está inserida no domínio pelágico, associada à lâmina d’água superficial, apresentando indivíduos com locomoção insuficiente para vencer as correntes (comunidade planctônica), sendo esta a mais representativa e indivíduos cuja capacidade de deslocamento vence o movimento das correntes (comunidade nectônica). A camada superficial que pode ser subdividida em vários compartimentos, partindo da camada mais superficial de apenas alguns nanômetros até aproximadamente 100 cm de profundidade. Estes organismos não dependem de substratos fixos, do solo oceânico e da costa, vivendo do que coletam no fino filme entre a água salgada e o ar. As características, físicas e químicas, únicas encontradas na superfície do oceano têm contribuído para a alta diversidade e abundância da comunidade neustônica, incluindo muitas espécies de grande importância comercial e ecológica (Zaitsev, 1971 apud GESAMP, 1995) Atualmente o Brasil possui uma indústria petrolífera bastante atuante, mas que somente a poucos anos vêem executando estudos e relatórios de impactos ambientais condizentes com sua atividade. Com o aumento da demanda mundial, a introdução de óleo no ambiente marinho também aumenta. A produção, transporte, beneficiamento e distribuição, têm levado à contaminação de vários ecossistemas marinhos, em níveis crônicos e/ ou críticos (Júnior et al., 2002). O petróleo se mantém na superfície devido ao seu peso específico ser menor do que o da água e não sendo miscível em água, forma-se uma película de tensão superficial devido ao contato óleo-água. O óleo sofre um espalhamento lateral na superfície devido à força gravitacional, formando uma película fina e uniforme (Araújo & Paranhos, 2002). De acordo III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006. com o autor, uma tonelada de petróleo derramada pode ocupar uma área de mais de cem quilômetros quadrados sobre o oceano e prejudica a assimilação de oxigênio pelas águas, podendo matar diversos seres marinhos e acarreta em uma queda na taxa fotossintética. Apesar da camada superficial do oceano ser sabidamente o primeiro ambiente a ser afetado e que neste ambiente existe uma comunidade própria, funcionando ainda como berçário para organismos como os ovos e as larvas de peixe (West, 1997), comunidades neustônicas não têm sido contempladas nos estudos de impacto ambiental (EIA), da indústria do petróleo. A não caracterização da comunidade neustônica pode acarretar em uma subestimação da riqueza, dificultando a análise dos danos ecológicos em todo o sistema, gerando uma ignorância parcial dos impactos causados a curto, médio e longo prazo, causados por vazamentos crônicos e derrames de óleo no mar. Apesar de sua grande importância ainda é escassa a literatura, em todo o mundo, sobre neustôn e sua comunidade. No Brasil em especial a situação é ainda mais alarmante, existindo poucos trabalhos que contemplem o neustôn. OBJETIVO Objetivo Geral Demonstrar a importância da caracterização da comunidade neustônica nos Estudos de Impacto Ambiental (EIA) para a indústria do petróleo. Objetivos específicos - Descrever o impacto de derramamento de óleo em organismos que compõem o neustôn. - Apresentar alguns métodos para mitigar o impacto por óleo. MATERIAL E MÉTODO O trabalho foi baseado em pesquisas bibliográficas, consulta com pesquisadores da área, e a própria experiência profissional, com trabalhos pretéritos em embarques para coleta de organismos neustônicos e análises laboratoriais. A literatura utilizada para a elaboração do trabalho, foi adquirida através de laboratórios e através de sites de busca da Internet como o google e também em sites de pesquisa de referências como o periódico capes, science direct. ECOLOGIA DO NEUSTÔN III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006. Estudos dos organismos presentes na camada superficial dos oceanos mostraram uma intensa atividade biológica, onde a camada superficial serve como incubadora de estádios larvais de muitos vertebrados e invertebrados (West, 1997; Zaitsev, 1992 apud Frédéric, 1999; Hempel & Weikert, 1972 apud Lessa et al. 1999), entretanto a estrutura e a dinâmica da teia alimentar do neustôn ainda são pouco conhecidas, (Frédéric, 1999). Muitos estudos sugerem que a superfície apresenta alta produtividade, atividade metabólica na interface ar-água, representando um habitat biológico vital. Patin (1985) apud McAlliste (2000) descreve o neuston como ponto de alimentação e reprodução para muitos organismos marinhos, tanto quanto as interfaces entre colunas d’água de densidades diferentes formam um ponto nodal entre as duas colunas d’água. Existem basicamente três tipos de organismos neustônicos, os quais foram definidos por Hempel & Weikert (1972) apud Katsuragawa (1985), como: o “Euneuston” – organismos que se mantém na camada superficial tanto no período diurno quanto no noturno; o “Nêuston facultativo” – organismos que se concentram na camada superficial apenas certas horas do dia, principalmente ao escurecer; o Pseudoneuston – são os organismos que se concentram principalmente nas camadas inferiores, mas a amplitude de sua variação atinge a camada superficial, pelo menos em certas horas o dia. Exemplo de rede neustônica de coleta é apresentada na figura 1. Figura 1: (a) Vista do catamarã com as redes neustônicas acopladas. (b) Detalhe da boca das redes, superior e inferior durante o arrasto. Modificado de Bonecker et al. (2003). IMPORTÂNCIA DO ICTIOPLÂNCTON III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006. O presente trabalho tem o foco um pouco mais direcionado para o ictioplâncton, devido a maior facilidade de entendimento das pessoas na relação direta desta comunidade com o homem. O ictioplâncton é constituído pelos ovos e estádios larvares planctônicos dos peixes. Através do estudo do ictioplâncton é possível delimitar as épocas de desova, locais de recrutamento, estudos filogenéticos, definir posições sistemáticas, além de avaliar os estoques pesqueiros, tendo este último seu potencial diretamente relacionado com o que ocorre na fase planctônica dos organismos (Hempel, 1973; Bertelsen, 1951). Uma das vantagens do estudo dos primeiros estádios é que todas as larvas de peixe são planctônicas. A grande dificuldade se encontra na carência de literatura e especialistas para identificação de ovos e larvas de peixe. SENSIBILIDADE DOS OVOS E LARVAS DE PEIXE A CONTAMINANTES QUÍMICOS Muitas toxinas encontradas na camada superficial podem estar de 100 a 10.000 vezes mais concentradas do que a camada de água abaixo, isso devido a processos meteorológicos e oceanográficos que resultam em convergências na superfície. Os compostos podem ter origem natural ou antrópica, podendo causar significativo impacto nos organismos presentes nesta região, incluindo ovos e larvas de peixe de importância econômica (Hardy and Cleary, 1992 apud GESAMP 1995; Moore, 2000; Greenpeace International, 1994). Mcalliste (2000) em seus comentários sobre os impactos do óleo sobre os ovos e larvas de peixe relata que Bjorken (1994) reportou que baixas concentrações de substâncias químicas no mar prejudicavam os ovos, larvas e pós-larvas de peixe, mais do que ela supunha, incluindo óleo e os dispersantes utilizados nos caso de derrame de óleo. Um trabalho apresentado pelo Greenpeace International (1994), mostra uma combinação de fatores que apresentaram efeitos relevantes para o colapso da pesca no Mar Negro, entre eles a poluição da superfície do oceano, onde segundo seus dados são encontrados ovos e larvas de peixe de 80% das espécies que estão em colapso, como por exemplo o bacalhau e a sardinha na costa da Califórnia em 1940. Algumas espécies de osteichthyes precisam engolir uma quantidade muito pequena de ar para colocar em funcionamento sua bexiga natatória. Entretanto para esta “primeira captação de ar” a larva precisa nadar até a superfície para apanhar o ar. Essa subida é chamada de estágio de natação de subida (swim-up stage). O mau funcionamento da bexiga natatória irá levar a larva para a superfície ou para o fundo dificultando a busca por uma III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006. profundidade ideal. Assim a morte da larva é a possibilidade mais provável (Mcalliste 2000). Uma fina camada de petróleo na superfície do oceano priva a larva de peixe de pegar este ar na superfície, para colocar a bexiga natatória em funcionamento (Patin 1985 apud Mcalliste, op cit. 2000). ASPECTOS TOXICOLÓGICOS DO ÓLEO O óleo pode vir a causar impactos basicamente de duas maneiras nos organismos marinhos podendo ser por efeito físico resultante do recobrimento e por efeitos químicos, associados à toxicidade dos compostos presentes. Todos os impactos observados são resultantes de um e/ou de outro efeito. Os efeitos podem ocorrer simultaneamente em um vazamento de óleo, não sendo excludentes. A diferença está centrada na combinação entre densidade e toxicidade do óleo vazado e sua variação com o tempo. Nos óleos de alta densidade, o efeito físico de recobrimento é predominante, enquanto que nos óleos de baixa densidade o efeito químico é o mais representativo. As características químicas do produto definem a principal via de impacto (físico ou químico). Aspectos como a duração da exposição dos organismos ao poluente e a condição do mesmo durante o contato (intemperizado, emulsificado, pelotas, etc) também são importantes (CETESB/2005). O impacto químico costuma ser maior nos primeiros dias após o derramamento, em virtude dos compostos mais tóxicos serem os componentes mais solúveis e voláteis. Santelices et al (1977) apud CETESB (2005), relata que os hidrocarbonetos saturados possuem efeitos anestésicos e necrosantes. Os alcanos, popularmente conhecidos como as parafinas, os quais representam grande parte do óleo cru, podem causar efeitos anestésicos e narcotizantes. O contato dos organismos com frações tóxicas do óleo pode levar à morte por intoxicação, especialmente associada às frações de compostos aromáticos. Entre os componentes mais tóxicos estão o benzeno, tolueno e xileno. Estas substâncias apresentam considerável solubilidade em água (especialmente o benzeno), o que torna os organismos marinhos mais vulneráveis uma vez que absorvem estes contaminantes pelos tecidos, brânquias, por ingestão direta da água ou de alimento contaminado. Os hidrocarbonetos de baixo peso molecular (C12 a C24) apresentam intenso efeito tóxico agudo, principalmente devido à sua elevada solubilidade e conseqüente biodisponibilidade (GESAMP, 1993). III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006. A toxicidade aguda (exposição em curto período de tempo, mas em elevadas concentrações) e a toxicidade crônica (exposição longa, e com baixas concentrações) geram respostas diferentes nos organismos e na comunidade como um todo. A tendência de se classificar uma situação como menos estressante que a outra deve ser considerada com muita cautela, pois as conseqüências destes impactos são resultantes de uma complexa variedade de interações e características do ambiente, dos organismos atingidos, e do próprio óleo. Da mesma forma as respostas do ecossistema ao estresse são complexas e difíceis de serem interpretadas. Um grupo especial dentro dos aromáticos agrupa os Hidrocarbonetos Policiclicos Aromáticos, conhecidos como HPA's ou PAHs. Estes compostos, formados por múltiplos anéis de benzeno, são mais resistentes a biodegradação microbiológica, e bastante persistentes no ambiente. São fortemente adsorvidos nos sedimentos, persistindo por muitos anos no ambiente. Alguns exemplos mais comuns de HPA's presentes no petróleo e derivados são o Naftaleno, Antraceno, Fenantreno e Benzopireno e seus vários isômeros. Segundo dados coletados pela CETESB (2005), os HPA's são especialmente tóxicos e potencialmente carcinogênicos ao homem e aos organismos marinhos existindo fortes evidências que são capazes de causar câncer em peixes e moluscos. Sua atividade mutagênica está fortemente relacionada com o formato e estrutura molecular. A forma molecular dos isômeros dos PAHs portanto, está diretamente relacionada com a atividade biológica e conseqüentemente com sua toxicidade PAHs são solúveis em solventes orgânicos, mas apresentam baixa solubilidade em água. De modo geral, quanto maior o peso molecular, mais baixa a solubilidade. Tumores em organismos marinhos como moluscos, briozoários e algas estão associados a contaminação por aromáticos / poliaromáticos. Os aromáticos têm potencial capacidade de causar danos nas células sangüíneas, nos tecidos ósseos (medula óssea), no sistema nervoso, irritações dermatite na pele, mucosas e olhos. A tendência destes compostos serem incorporados nos tecidos adiposos (gordurosos) e de causarem danos em órgãos como fígado e rins de seres humanos é comprovada (Cole, 1994 apud CETESB 2005), podendo também afetar de forma análoga os tecidos de vertebrados marinhos após um derrame de óleo. Já existe considerável conhecimento sobre os efeitos dos hidrocarbonetos do petróleo no ser humano. No entanto, apesar dos estudos crescentes, pouca informação está disponível sobre os efeitos específicos destas substâncias nos organismos marinhos, especialmente após acidentes envolvendo vazamento de óleo no oceano. III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006. Além da toxicidade, a temperatura do óleo sob o sol pode atingir 60°C matando os organismos planctônicos. IMPACTOS GERAIS DO ÓLEO O impacto do óleo nos ecossistemas marinhos não é uniforme, mas é maior nos organismos que vivem próximos ou na superfície do oceano, bem como nos que dependem do neuston, como pássaros marinhos e os que vivem no fundo oceânico (Boesch et al. 1974). Devido ao íntimo contato dos organismos neustônicos com o óleo espalhado pela superfície, é difícil imaginar que tais organismos não sofram nenhum efeito tóxico ou mecânico devido ao contato com o óleo. Segundo Boesch et al. (1974) muitos estudos mostram que altas concentrações de óleo inibem o crescimento de culturas de diatomáceas em laboratório e tanto o óleo quanto alguns dispersantes inibem a taxa de crescimento e de fotossíntese. Mudanças fitoplanctônicas que acarretem a depleção da taxa de fotossíntese ou o coeficiente respiratório podem ter grande influencia no transporte de CO2 pela interface ar-água, o que em longo prazo, devido a efeitos da poluição crônica, pode acarretar em efeitos deletérios para outros organismos. (GESAMP, 1995). O óleo em suspensão é altamente tóxico para larvas e ovos de peixes. Espécies mais sensíveis podem vir a ser exterminadas; espécies mais jovens são geralmente mais susceptíveis aos impactos do que as formas adultas. (MMA/IBAMA). Sherman, 1973 e Nelson–Smith, 1972 apud Boesch et al. 1974, relatam que as larvas de peixe que se concentram na superfície terão uma grande probabilidade de serem afetadas de maneira deletéria, o que corrobora com os comentários de Long-well et al (1992) apud McAlliste, 2000, onde é dito que os ovos e larvas de peixe são particularmente vulneráveis a substancias tóxicas, incluindo o óleo. Segundo Boesch et al. 1974, Patin, 1985; Longwell et al. 1992; McAllister, 1994, hypothesis 9 apud McAlliste, 2000, o impacto do óleo e outros poluentes sobre os ovos e larvas de peixe possui um real potencial de diminuir os estoques de peixe. Tedron apud Boesch et al. 1974 detectou, que após o derrame do Torrey Canyon, em 1967, cerca de 50 a 90% dos ovos de pilchard* estavam mortos e as larvas eram raras nas amostras de plâncton, mas relata que os efeitos foram complicados pelo uso de dispersantes. *(Segundo a base de dados do fishbase, pilchard é o nome vulgar que engloba uma série de representantes da família Clupeidae). Com a morte de espécies pertencentes aos grupos vegetais e herbívoros, os predadores têm seus recursos alimentares (presas) reduzidos, o que pode causar alteração na estrutura de III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006. toda a comunidade. Considerando a estrutura das comunidades costeiras, efeitos esperados são a redução na riqueza (número de espécies) e alteração na composição das espécies com aumento nas densidades populacionais de espécies resistentes (oportunistas). Conseqüentemente, com o desaparecimento das espécies mais sensíveis, a teia trófica é alterada e freqüentemente simplificada, uma vez que as espécies raras e menos abundantes são normalmente a maioria nestes ambientes. A constante emissão de pequenas quantidades de óleo ao ambiente marinho (poluição crônica), pode apresentar efeitos no longo prazo nas comunidades biológicas. O petróleo pode ainda causar uma série de efeitos que não representam a morte imediata dos organismos, mas que representam perturbações importantes, consideradas morte ecológica, as quais impedem que o organismo realize suas funções no ecossistema, inclusive podendo progredir para a morte. Entre estes efeitos estão a dificuldade na localização de presas, problemas na percepção química e motora, inibição da desova, aborto, deformação de órgãos reprodutores, perda de membros, alterações respiratórias, alterações na taxa de fotossíntese, desenvolvimento de carcinomas etc. Muitos efeitos indiretos e sub-letais podem ocorrer a médio / longo prazo, em diferentes intensidades, podendo causar a redução das populações das espécies atingidas. O desaparecimento de peixes e plâncton faz com que diminua a disponibilidade de alimento para muitas aves, podendo ocasionar a morte destes animais (CETESB, 2005). Muitos compostos podem ser absorvidos pelas mucosas e membranas biológicas. A continuidade deste processo é denominada de bioacumulação, e pode fazer com que a concentração deles seja muito maior nos organismos do que na própria água do mar. A biomagnificação é o processo de acúmulo e passagem de contaminantes ao longo da cadeia trófica. A própria ingestão dos compostos do petróleo pode aumentar a bioacumulação. Outros aspectos da bioacumulação referem-se à redução da resistência a outros estresses e infecções. Muitas das substâncias do grupo dos aromáticos com comprovado efeito carcinogênico (CETESB 2005), como o benzopireno e benzantreno, causam tumores em diversos organismos como moluscos , briozoários e algas. EXEMPLOS DE ESPÉCIES ENCONTRADAS NO NEUSTÔN QUE PODEM SER AFETADAS PELA POLUIÇÃO POR ÓLEO Almeida et al. (2002) registraram a ocorrência de megalopas (pós-larvas de caranguejo) em águas superficiais entre Vitória – ES e Salvador – BA. As maiores III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006. abundâncias de megalopas ocorreram nas amostras obtidas no período noturno nas redes superficiais, até 10 cm de profundidade, indicando um padrão de distribuição agrupada no plâncton superficial. Como exemplo, são apresentados alguns dos Táxons mais representativos do ictioplâncton coletados nos arrastos superficiais durante a campanha do PROGRAMA REVIZEE, na costa central do Brasil (Gonçalves, 2004). Myctophum affine (Lutken, 1892) é uma espécie de águas profundas, mas que faz migrações verticais diárias, sendo encontrado entre 300 e 600m durante o dia e podendo ser encontrado na superfície durante a noite. Foi considerada como neustôn facultadivo (Gonçalves, 2004). Servem com presa para diversas espécies de valor comercial além de servirem de alimento para cetáceos, sendo os Mictofídeos um link vital para teia alimentar oceânica (Nafpaktitis et al. 1977). Euleptorhamphus velox (Poey, 1868), são peixes pelágicos de clima tropical (Figueiredo & Menezes, 1978). Vivem tanto em águas costeiras como em mar aberto. São um importante elo na teia alimentar, servindo de alimento para peixes maiores com grande importância comercial como os atuns. Ocorrem tanto próximo à costa quanto em águas afastadas (Collete & Parin, 1990). Foi considerada como neustônica (Gonçalves, 2004). Dules Auriga (Cuvier, 1829) é relativamente comum em arrastos de fundo. Já foi capturado entre 15 e 135m de profundidade no sudeste brasileiro. Mullus argentinae (Hubbs & Marine, 1935) é uma espécie costeira normalmente encontrada em fundos de lama. Foi considerada como euneustônica (Gonçalves, 2004). Através destes poucos exemplos com larvas de peixe pode-se perceber que espécies sabidamente bentônicas possuem larvas que passam parte da vida no neustôn. AÇÕES MITIGADORAS DOS IMPACTOS POR ÓLEO (LIMPEZA DE AMBIENTES) E SUAS CONSEQÜÊNCIAS PARA A COMUNIDADE. Os Absorventes são produtos com propriedades oleofílicas, orgânicos (turfa, palha de pinho), sintéticos ou minerais. Podem se apresentar na forma granulada ou envolvidos em tecidos porosos formando "salsichões" ou "almofadas", sendo aplicados diretamente sobre o óleo. O uso de absorventes é um método bastante útil, do ponto de vista ecológico, pois causa prejuízos mínimos ao ambiente. Diversos produtos estão disponíveis no mercado, sendo que a escolha do melhor absorvente deve ser feita criteriosamente, levando-se em conta as características do óleo, do ambiente e do próprio absorvente. Turfa vegetal e outros compostos naturais são os produtos mais utilizados nos vazamentos de óleo. III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006. Mecanismos naturais de limpeza é a remoção do óleo como ondas, correntes, marés, ventos, chuvas, biodegradação, volatilização, solubilização, fotoxidação, dispersão, entre outros, atuando no ambiente atingido pelo óleo, com eficiência variável, de acordo com as características físicas do ambiente e do próprio óleo. Este procedimento é normalmente priorizado em muitos casos uma vez que não causa danos adicionais à comunidade. No entanto, normalmente, conjuga-se a este procedimento outros métodos de limpeza. No Bombeamento a vácuo o óleo é aspirado com utilização de caminhão-vácuo ou bomba-vácuo sendo que nesse caso o óleo é transferido para recipientes como tambores, "bags", etc. As Barreiras, esteiras recolhedoras e "skimmers", são equipamentos de contenção e recolhimento do óleo da superfície da água. Úteis portanto, em situações de acúmulo de óleo em águas adjacentes a ambientes costeiros ou canais de mangues e marismas. Os Dispersantes químicos são agentes projetados para serem pulverizados sobre as manchas de óleo, que aceleram o processo da dispersão do óleo na coluna d´água favorecendo sua degradação natural. Através do seu uso é pretendido minimizar os danos causados pelas manchas de óleo, como exemplo para os pássaros ou para as linhas de costa sensíveis, podendo evitar a chegada do óleo em locais de maior relevância ecológica / econômica. Sua aplicação está associada à anuência do órgão ambiental competente e deve se basear em legislação vigente especifica (resolução CONAMA n° 269 de 14/09/2000) (MMA). Os dispersantes têm dois componentes principais, um sufactante e um solvente. Os sufactantes são as moléculas que têm uma afinidade para dois líquidos distintos que não se misturam, agindo como uma relação entre eles. Uma parte da molécula do sufactante usada nos dispersantes tem uma atração ao óleo (oleofílica) enquanto a outra parte tem uma atração para a água (hidrofílica). O solvente permite que o sufactante penetre no óleo e entre em contato com a água . O uso dos dispersantes tende a provocar controvérsias, já que sua aplicação pode ser vista como uma introdução deliberada no mar de um poluente adicional. As condições ambientais e as características do óleo devem ser levadas em conta ao se decidir pelo uso dos dispersantes, como a diluição rápida do óleo dispersado, a proximidade de áreas sensíveis (áreas com comunidades que apresentam baixa resistência ao impacto ou baixa resiliência, que é a capacidade da comunidade de retornar ao estado antes do impacto), bem como o sentido das correntes e vento, resultando em ressurgências nas camadas superficiais, ajudando a dissipar o óleo derramado. Segundo a ITOPF (2005), no mar aberto, as concentrações após a pulverização tendem a se reduzir em algumas horas. Em águas rasas, III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006. perto da costa, onde a troca da água é pobre, uma concentração elevada pode persistir por períodos longos e pode causar efeitos adversos a biota. Entretanto, a aplicação controlada dos dispersantes pode, em certas ocasiões, ser benéfica, pois pode reduzir os danos às linhas de costa biologicamente sensíveis. Abaixo, na tabela 1 são expostas algumas técnicas indicadas pela CETESB para serem aplicadas em casos de derrame de óleo no mar. Tabela 1: técnicas de limpeza de óleo em águas abertas. Águas abertas costeiras oceânicas Bombeamento à vácuo • Recolhimento manual • Absorventes • • Limpeza natural • • Barreiras, esteiras, skimmers • Dispersantes • • Modificado de CETESB/2005 LEGISLAÇÃO PERTINENTE O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente (art. 9º, III, da lei federal 6.938, de 31.8.1981) (. O EIA tem como objetivo avaliar o impacto provável de uma atividade proposta sobre o meio ambiente. O termo impacto designa “qualquer efeito de uma atividade proposta sobre o meio ambiente, notadamente sobre a saúde e segurança, a flora e a fauna, o solo, o ar, a água, o clima, a paisagem, ou a interação entre estes fatores” (art.1º, VII, convenção de Espoo, Finlândia apud Machado, 2004, p. 205). III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006. A Resolução CONAMA 001/1986 diz no seu artigo 6º que o Estudo de Impacto Ambiental desenvolverá: I - diagnóstico ambiental da área de influência do projeto, completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando: b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente; A avaliação do princípio da precaução relaciona-se intensamente com a avaliação prévia das atividades humanas. O “Estudo de Impacto ambiental” insere na sua metodologia a prevenção e a precaução da degradação ambiental (Machado, 2004). Segundo Machado (2004) sem informação organizada e sem pesquisa não há prevenção. ”Por isso, divido em cinco itens a aplicação do princípio da prevenção: 1º) identificação e inventário das espécies animais e vegetais de um território, quanto a conservação da natureza e identificação das fontes contaminantes das águas e do mar, quanto ao controle da poluição; 2º) identificação e inventário dos ecossistemas, com a elaboração de um mapa ecológico; 3º) planejamentos ambiental e econômico integrados; 4º) ordenamento territorial ambiental para valorização das áreas de acordo com a sua aptidão; e 5º) Estudo de Impacto Ambiental”. O autor, através do princípio da prevenção, sugere que seja feito um levantamento de “todos” os ecossistemas passíveis de impacto por determinado empreendimento. Assim, de acordo com o princípio da prevenção, a comunidade neustônica deveria ser contemplada nos Estudo de Impacto Ambiental de qualquer empreendimento que possa causar algum impacto no ecossistema marinho. CONSIDERAÇÕES FINAIS Através deste trabalho, podemos perceber a importância da comunidade neustônica e também que os derrames de óleo na superfície do mar, podem vir a gerar impactos significativos nesta comunidade. A avaliação da comunidade neustônica deve ser incluída nos EIA’s da indústria do petróleo e estabelecido um número mínimo de coletas, para que seja possível compreender III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006. melhor a estrutura da comunidade e se possa realizar uma melhor avaliação de possíveis impactos sobre esta. É interessante ressaltar que os efeitos causados por derrames de óleo não causam o mesmo impacto ecológico em todos os lugares, sendo assim irrevogável um estudo ambiental prévio dos locais sujeitos a derrames ou efeitos de poluição crônica por óleo. Os órgãos responsáveis pelo gerenciamento ambiental devem estar atentos à introdução de óleo, especialmente em locais e épocas de desova e desenvolvimento larvar de peixes e outros organismos como crustáceos. Tendo como referencial o princípio da prevenção e o princípio da precaução, é necessário um maior enfoque nos estudos sobre os organismos neustônicos e a sua interação com o ambiente. Estes estudos precisam ser incentivados para que tenhamos um melhor entendimento deste nicho e seu feedback com os outros ambientes. É necessário que os planos de contingência estejam integrados com os estudos ambientais, de modo que possam ser tomadas as medidas mais eficientes e menos impactantes para preservar as áreas ecologicamente mais sensíveis. CONCLUSÃO Os principais impactos identificados nos organismos neustônicos foram os impactos físicos por recobrimento pelo óleo e químicos, gerando: A morte de ovos e larvas de peixes por recobrimento; morte de algumas espécies de larvas de Osteichthyes devido à impossibilidade do funcionamento da bexiga natatória em virtude do óleo espalhado na superfície do mar; inibição da desova de organismos nas camadas superficiais; redução na taxa de fertilização; deformação de órgãos reprodutores; problemas de percepção química e motora, ocasionando problemas na fuga de predadores, busca por alimento; o desenvolvimento de carcinomas; inibição da taxa de crescimento de algas; redução da taxa fotossintética; redução da riqueza de espécies em ambientes. A escolha dos métodos utilizados para mitigação dos impactos por óleo varia em virtude de fatores como: Grau de sensibilidade ambiental local, condições climáticas e distância da costa. Esses fatores determinam a melhor estratégia de mitigação, que inclui diversas metodologias de combate ao produto derramado. Para isso é fundamental que os planos de contingência estejam associados à legislação em vigor. III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, E.V. ; FERNANDES, L. D. A.; BONECKER, S. L. C.. Registro da ocorrência em manchas de megalopas do caranguejo Cryptodromiopsis antillensis Stimpson, 1858 (Brachyura, Dromiidae) na costa brasileira.. In: II Congresso Brasileiro de Crustáceos, 2002, São Pedro. II Congresso Brasileiro de Crustáceos, 2002. ARAUJO, F. & PARANHOS, P. 2002. Poluição aquática. In: MAHLER C.; AAUJO, F. & PARANHOS, P. Poluição: poluição aquática e resíduos sólidos. Brasil. p. 25-27. BERTELSEN, E. 1951. The ceratioid fishes. Ontogeny, taxonomy, distribution and biology. Dana – Rep. Carlsberg Found. 39. 276p. BOESCH, D. F.; HERSHNER, C. H. 1974.The ecologicla effects of oil pollution in the marine environment.In: BOESCH, D. F.; HERSHNER C. H..; MILGRAM, J. H. Oil spills and the marine environment. United States of America, Part I, p. 1-47. Disponível em http://www.fordfound.org/elibrary/documents/0216/028.cfm. Acesso em: 24/04/05 CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Limpeza de ambientes costeiros. Disponível em: http://www.cetesb.sp.gov.br/emergencia/acidentes/vazamento/acoes/limpeza.asp. Acesso em: 10/05/05. CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Efeitos do óleo nos organismos. Disponível em: http://www.cetesb.sp.gov.br/emergencia/acidentes/vazamento/impactos/efeitos.asp. Acesso em: 10/05/05. COLLETTE, B.B. & PARIN, N.V. 1990. Hemiramphidae. p. 579-582. In . QUERO, J.C ; HUREAU, J.C. ; KARRER, C. ; POST, A. & SALDANHA, L. (eds.) Check-list of the fishes of the eastern tropical Atlantic (CLOFETA). JNICT, Lisbon; SEI, Paris; and UNESCO, Paris. Vol. 2. 579p. Fishbase (online). Disponível em: http://www.fishbase.com/Summary/SpeciesSummary.cfm?ID=3155&genusname=Eule ptorhamphus&speciesname=velox. Acesso em: 24 /05/ 2003. FIGUEIREDO, J.L. & MENEZES, N.A. 1978. Manual de Peixes marinhos do sudeste do Brasil. II. Teleostei (1). Museu de Zoologia. Universidade de São Paulo, Brasil, 110p. FRÉDERIC, B. 1999. Role of Sea Surface Microlayer Processes in the Biogeochemistry of the Mediterranean Sea. Paris (France). p. 1-76. GONÇALVES, L. A. 2004. Estudo do ictioneuston da costa leste brasileira. P. 41. Monografia (graduação em biologia marinha) – Instituto de Biologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006. GREENPEACE INTERNATIONAL, 1994. Marine pollution, land-based sources. In: Meeting Of Experts On Control Of Marine Pollution From Land-Based Sources (gp). Montreal, Canada. Disponível em http://archive.greenpeace.org/toxics/reports/gopherreports/marpol3.txt. Acesso em: 01/05/05. GESAMP - Joint Group of Experts on the Scientific Aspects of Marine Pollution - Impact of Oil and Related Chemicals and Wastes on the Marine Environment. GESAMP Reports and Studies, N° 50. 1993. GESAMP - Joint Group of Experts on the Scientific Aspects of Marine Pollution - The SeaSurface Microlayer and Its Role in Global Change GESAMP reports and studies nº 59. 1995. HEMPEL, G. 1973. Early life history of marine fish. The egg stage. Washington sea grant publication. p. 70. ITOPF - INTERNATIONAL TANKER OWNERS POLLUTION FEDERATION LIMITED. Dispersantes químicos. Disponível em : http://www.itopf.com/dispersa.html. Acesso em: 10/05/05. JÚNIOR, A. N. M.; MORAES, R. B. C.; MAURAT, M. C. 2002. Poluição marinha. In: PEREIRA, R. C.; GOMES, A.S. Biologia marinha. Brasil, Cap. 14, p.318-320. KATSURAGAWA M. 1985. Estudos sobre variabilidade de Amostragem, Distribuição e Abundância de Larvas de Peixes da Região Sudeste do Brasil. Dissertação de Mestrado, Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo. 161p. LESSA, R.P.; MAFALDA-Jr., P.; ADVÍNCULA, R.; LUCCHESI, R.B.; BEZERRA-Jr., J.L.; VASKE-Jr., T., & HELLEBRANDT, D., 1999. Distribution and abundance of ichthyoneuston at seamonts and islands off north-eastern Brazil. Mar. Res. 47(2/3), 239252. MACHADO, P. A. L. 2004. Direito Ambiental Brasileiro. 12º edição. Brasil.1075 p. MCALLISTER D. E. 2000. Fish and petroleum products - deadly mixture!. Ocean Voice International Canada. Disponível em: [email protected]. Acesso em: 24/04/05. MOORE, B. 2000. Surface Microlayer Monitoring in Georgia Strait. In: PNWIS/A&WMA 40th Annual Conference, Victoria, British Columbia. Disponível em http://www.pnwis.org/abstracts/2000.htm. Acesso em: 30/04/05. NAFPAKTITIS, B.G.; BACKUS, R.H.; CRADDOCK, J.E.; HAEDRICH, R.L.; ROBISON, B.H.; KARNELLA, C. 1977. Family Myctophidae. In. Gibbs, R. H. Jr. Ed. Fishes of the Western North Atlantic. Memoir, Sears Foundation For Marine Research. P. 13 – 299. III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006. WEST, J. E. 1997. Protection and restoration of marine life in the inland waters of Washington state. Puget Soun/ Georgia Basin Evironmental Report Series: number 6, 6668p., reimpresso em 2004. http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res00/res26900.html https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938.htm http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html