O SISTEMA NERVOSO AUTONÔMICO

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CAPÍTULO 14 – O sistema nervoso autonômico
A divisão simpática
A divisão parassimpática
A expressão sistema nervoso autonômico é usada para englobar todas as células
nervosas, situadas tanto no sistema nervoso central, como no sistema nervoso
periférico, que estão relacionadas à inervação e ao controle dos órgãos viscerais, do
músculo liso e das glândulas secretoras. A principal função do sistema nervoso
autonômico é descrita, em termos amplos, como a homeostasia do ambiente interno.
Isso é realizado pela regulação dos mecanismos cardiovasculares, respiratórios,
digestivos, excretores e termorreguladores, que ocorrem automaticamente e com
controle volitivo relativamente pequeno.
As fibras aferentes e eferentes autonômicas entram e saem do sistema nervoso central
por meio dos nervos espinhais e cranianos. Na medula espinhal e no tronco encefálico,
essas fibras estabelecem interconexões, por meio das quais são mediados os reflexos
autonômicos. As fibras aferentes também mantêm conexões com neurônios
ascendentes, pelas quais o conhecimento consciente da função visceral pode ocorrer.
Alterações dos ambientes interno e externo, bem como fatores emocionais, influenciam
intensamente a atividade autonômica, de forma mais notável por meio de conexões
descendentes do hipotálamo. Os neurônios eferentes autonômicos diferem dos do
sistema nervoso somático, por existir cadeia de dois neurônios entre o SNC e a
estrutura inervada (Fig. 14.1). O corpo celular do primeiro neurônio fica localizado na
medula espinhal ou no tronco encefálico, enquanto o do segundo neurônio tem situação
periférica em um gânglio autonômico. O primeiro neurônio é designado neurônio préganglionar e o segundo, neurônio pós-ganglionar.
Os neurônios eferentes do sistema nervoso autonômico dividem-se em dois grupos (ou
divisões) distintos, tanto em termos anatômicos, como funcionais: simpático e
parassimpático. Muitas estruturas, mas não todas, que recebem fibras autonômicas são
dualmente inervadas por ambos os sistemas, simpático e parassimpático. Eles exercem
efeitos antagônicos sobre as estruturas inervadas.
Fig. 14.1 A organizaçâo básica do sistema nervoso autonômico em neurônios pré- e
pós-qanglionares.
Na divisão simpática, os gânglios formam a cadeia simpática. Por conseguinte os
neurônios pré-ganglionares têm axônios relativamente curtos, enquanto as fibras pósganglionares são, também em termos relativos, longos. Na divisão parassimpática, os
gânglios ficam situados próximos ao órgão-alvo. Como resultado, os axônios préganglionares são longos e os pós-ganglionares são curtos.
A DIVISÃO SIMPÁTICA (figs. 14.2 e 14.3)
Os neurônios pré-ganglionares simpáticos ficam situados, exclusivamente, nos
segmentos torácicos e nos dois ou três segmentos lombares superiores da medula
espinhal. Localizam-se na ponta lateral da substância cinzenta que, portanto, só existe
nesses níveis (Figs. 5.7 e 5.8). Os axônios préganglionares saem da medula espinhal
pela raiz neural ventrai, juntando-se ao nervo espinhal. Os neurônios pós-ganglionares
simpáticos têm seus corpos celulares em um de dois locais, na cadeia simpática de
gânglios, situada ao lado da coluna vertebral, ou nos plexos (celíaco, mesentérico
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or e mesentérico inferior) que circundam os ramos principais da aorta abdominal. A fim
de atingirem uma dessas localizações, os axônios pré-ganglionares, no nervo espinhal,
passam pela cadeia simpática. Os gânglios da cadeia simpática são ligados aos nervos
espinhais, que contêm eferentes simpáticos, por dois pequenos nervos, os ramos
comunicantes (Fig. 14.3). As fibras pré-ganglionares passam para a cadeia por meio
do ramo comunicante branco, assim chamado devido às fibras mielinizadas.
Fig. 14.2 Organização da divisão simpática do sistema nervoso autonômico.
Fig. 14.3 As relações de um nervo espinhal torácico típico com a cadeia simpática.
As fibras relacionadas à inervação das estruturas da cabeça e do tórax terminam em
contato sináptico com corpos celulares na cadeia simpática. As fibras pós-ganglionares
retornam ao nervo espinhal pelo ramo comunicante cinzento, assim chamado por suas
fibras amielínicas. As fibras pré-ganglionares, relacionadas à inervação das vísceras
pélvicas e
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abdominais, passam, sem interrupção, pela cadeia simpática, dirigindo-se aos plexos,
onde ficam situadas as células pósganglionares correspondentes. O neurotransmissor,
liberado pelos neurônios pré-ganglionares simpáticos, é a acetilcolina. O transmissor
das células pós-ganglionares simpáticas é, em geral, a norepinefrina, embora as células
que inervam as glândulas sudoríparas sejam colinérgicas. A medula supra- renal é um
órgão excepcional, por ser diretamente inervada por neurônios pré-ganglionares
simpáticos.
Os efeitos da atividade do sistema nervoso simpático tornam-se mais aparentes nas
condições de estresse, excitação ou medo e são classicamente referidos como a
resposta de “luta ou fuga”. A freqüência cardíaca e a pressão arterial ficam
aumentadas. Os brônquios dilatam-se, para aumentar o fluxo de ar proveniente dos
pulmões e para eles. A vasodilatação, nos músculos esqueléticos, permite maior fluxo
de sangue, necessário para a atividade enérgica, enquanto o fluxo sanguíneo e a
motilidade gastrointestinal ficam diminuídos. Ocorrem alterações metabólicas, como
aumento do teor de glicose no sangue, para sustentar a elevada utilização de energia,
acompanhada por aumento da sudorese, para permitir maior perda de calor.
A DIVISÃO PARASSIMPÁTICA (Fig. 14.4)
Os neurônios pré-ganglionares parassimpáticos ficam situados no tronco encefálico e
na medula espinhal. No tronco encefálico, essas células se localizam nos núcleos dos
nervos
Fig. 14.4 Organização da divisão parassimpática do sistema nervoso autonômico.
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cranianos associados aos nervos oculomotor, facial, glossofaríngeo e vago, dando
inervação para as estruturas da cabeça, do tórax e do abdômen. Os componentes
parassimpáticos desses nervos são descritos no Cap. 7. Na medula espinhal, os
neurônios pré-ganglionares parassimpáticos ficam no segundo, no terceiro e no quarto
segmentos sacros, dando inervação para as vísceras pélvicas. Os corpos celulares dos
neurônios pós-ganglionares parassimpáticos estão situados em gânglios, próximos das
estruturas que eles inervam. No canal alimentar, esses neurônios contribuem para os
plexos mioentérico (ou de Auerbach) e submucoso (ou de Meissner).
Esses plexos também são designados como o ‘sistema nervoso entérico’. Tal conceito
evoluiu, em função desses plexos também possufrem neurônios aferentes e
interneurônios. As ricas interconexões locais dessas células são capazes de manter a
motilidade do trato gastrointestinal, na ausência de estimulação pelo sistema nervoso
central. Ainda mais, essas células não podem ser simplesmente equacionadas ao
sistema nervoso parassimpático, visto ser também conhecido que elas recebem
entradas sinápticas de neurônios pós-ganglionares simpáticos. O neurotransmissor,
liberado pelos neurônios parassimpáticos, tanto pré- como pós-ganglionares, é a
acetilcolina.
Lesões do sistema nervoso simpático
A falência autonômica primária é uma doença degenerativa crônica do sistema
nervoso, que leva ao desmaio devido à incapacidade de controlar a freqüência cardíaca
e a pressão arterial (síncope postural), incontinência urinária e intestinal, e impotência.
A síndrome de Homer se refere à queda da pálpebra (ptose), com constricção da
pupila (miose), causadas por lesão dos nervos simpáticos para o músculo elevador da
pálpebra superior e para as fibras radiais da íris (dilatadores da pupila). Os nervos
simpáticos podem ser lesados em seu trajeto descendente para o tronco encefálico (por
acidente vascular ou tumor) e na medula espinhal (por uma cavidade expandida ou
siringe), em seu ponto de emergência pela primeira raiz nervosa torácica (por tumor
apical do pulmão) e em seu trajeto ascendente no plexo simpático em torno das artérias
carótidas (pela dilatação da artéria, durante uma crise de migraine).
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