DERMATOSES OCUPACIONAIS Representam parcela considerável das doenças ocupacionais. 60% das doenças ocupacionais nos países industrializados, sendo as substâncias químicas a causa mais frequente No Brasil não são doenças de notificação compulsória PROBLEMA : diagnóstico errado Acometimento principal: mãos, antebraços, braços, pescoço, face e pernas DERMATOSES OCUPACIONAIS A maioria dos casos não são patologias severas mas interferem tanto na vida profissional como na social Patologias: – – – – – – – – – Dermatite de contato Fitodermatite Acne (elaioconiose e cloracne) Ceratose Câncer Granuloma de corpo estranho Infecções Oniquias Ulcerações Dermatites de contato representam 90% DERMATOSES OCUPACIONAIS Definição: é toda alteração de mucosas, pele e seus anexos que seja direta ou indiretamente causada, condicionada, mantida ou agravada por agentes presentes no trabalho (ALI, 2001) Causas: indiretas diretas CAUSAS INDIRETAS 1- idade 2- sexo 3- etnia 4- ambientais (temperatura, umidade) 5- outras patologias (dermatose pré existente) 6- higiene 7- condições de trabalho (postura, uso EPI) CAUSAS INDIRETAS Os trabalhadores mais jovens são mais afetados devido à inexperiência profissional e por ter epiderme mais fina Menos comuns em negros, especialmente efeitos da radiação UV Mais comuns em homens (79% x 21%) Substâncias sensibilizadoras: – Homens – cimento – Mulheres – níquel CAUSAS DIRETAS 1- agentes físicos: radiações não ionizantes, calor, frio e eletricidade 2- agentes químicos: irritantes – cimento, solvente, óleos de corte, detergentes. ácidos e álcalis alérgenos – aditivos da borracha, níquel, cromo e cobalto como contaminantes do cimento, resinas, tópicos 3- agentes biológicos: bactérias, fungos, leveduras, vírus e insetos CAUSAS DIRETAS O agente entra em contato com a camada córnea da pele, causando lesão e aumento da permeabilidade o que permite a passagem das substâncias que afetam os queratinócitos e produzem citocinas inflamatórias Câncer: agentes físicos (radiação não ionizante e ionizante), agentes químicos (arsênio, nitrosaminas), agentes biológicos (HPV vírus) DIAGNÓSTICO* 1- Identificação do paciente; 2- Anamneses clínica e ocupacional; 3- Exame físico; 4- Hipótese diagnóstica; 5- Diagnóstico diferencial; 6- Exames complementares; 7- Visita ao ambiente de trabalho; 8- Informações fornecidas pelo empregador. * FISHER, 2001; BIRMINGHAM, 1998 DIAGNÓSTICO 1- O quadro clínico é compatível com dermatite de contato? 2- Ocorre no ambiente de trabalho exposição a agentes irritantes ou potencialmente alergênicos? 3- Existe nexo entre o início da dermatose e o período de exposição? 4- As lesões estão localizadas em áreas de contato com os agentes suspeitos? 5- Há melhora com afastamento e/ou piora como o retorno à mesma atividade? 6- É possível excluir a exposição não ocupacional como fator causal? 7- É possível por meio de testes epicutâneos, identificar o provável agente causal? * 5 respostas positivas apresentam forte suspeição CRITÉRIOS PARA AFASTAMENTO* Grau 1: não existe limitação do desempenho ou limitação apenas para poucas atividades da vida diária. Não é necessário tratamento ou tratamento intermitente Grau 2: existe limitação do desempenho para algumas atividades da vida diária. Tratamento intermitente ou constante pode ser requerido Grau 3: existe limitação do desempenho para muitas atividades da vida diária. Tratamento intermitente ou constante pode ser requerido Grau 4: existe limitação do desempenho para muitas atividades da vida diária que podem incluir confinamento dentro de casa. Tratamento intermitente ou constante pode ser requerido Grau 5: existe limitação do desempenho para maioria das atividades da vida diária que podem incluir confinamento dentro de casa. Tratamento intermitente ou constante pode ser requerido * Critérios adotados pelo AMA – Doenças Relacionadas ao Trabalho. Manual de Procedimetnos para Serviços de Saúde, 2001. DERMATITE CONTATO 2 tipos: irritativa e alérgica. Razão 4:1 Apresentação: eczematosa e não eczematosa Eczematosa apresenta 3 fases: – Aguda (eritema, edema, vesiculação, bolhas e exsudação) – Subaguda (exsudação e crosta) – Crônica (xerose, descamação, queratose, liquenização e fissura) Não eczematosa (mais raro) – – – – – – Desidrose (metais e óleos de corte) Dermatite liquenoide de contato (cobre, níquel, resina epoxi) Urticária (látex, alimentos, plantas, preservativos e fragâncias) Vitiligo químico (hidroquinona) Erupçãp purpúrica (branqueadores de roupas) Eritema polimorfo (pesticidas, plantas) DERMATITE IRRITATIVA DE CONTATO (DIC) 80% Exposições sucessivas ou não Restrita à área de contato (mão – dominante e região palmar) Substâncias são classificadas como irritativas absolutas ou relativas. – Característica da substância – Concentração da substância – Tempo de exposição DERMATITE IRRITATIVA DE CONTATO (DIC) Clínica DIC por substância irritativa absoluta – aguda (eritema, edema, necrose, bolhas, crostas e ulcerações) DIC por substância irritativa relativa – crônica Cimento: – composição (silicatos, aluminatos de cálcio, óxidos de ferro e magnésio, álcalis e sulfatos) – abrasivo, alcalino e higroscópico – contaminação com metais (cobalto) - sensibilizadora – tempo de contato, pressão e atrito DERMATITE IRRITATIVA DE CONTATO (DIC) SUBSTÂNCIAS Álcalis Ácidos Detergentes Solventes (cetonas, compostos de cloro, hidrocarbonetos) Cosméticos Arsênio Cromo Inseticidas Corantes DERMATITE ALÉRGICA DE CONTATO (DAC) Reação inflamatória tipo IV (imunidade celular) dividida em 3 fases: indução da sensibilização; desenvolvimento; e, resolução Indução da sensibilização: pelo menos 1 semana Áreas expostas ou não à substância sensibilizadora Tempo diferente de lesão por exposição prévia Aparecimento abrupto Intensidade e extensão da lesão A DIC favorece o desenvolvimento da DAC DERMATITE ALÉRGICA DE CONTATO (DAC) A DAC apresenta pior prognóstico que a DIC A cronicidade do quadro: exposição ao cromo e ao níquel Clínica Pode apresentar as três fases de evolução do eczema DERMATITE ALÉRGICA DE CONTATO (DAC) AGENTES Metais Adesivos Cosméticos (fabricação/manipulação) Corantes Alimentos (fabricação/manipulação) Plantas Outros agentes DERMATITE DE CONTATO COM FOTOSSENSIBILIZAÇÃO (DCF) Fotodermatose: Fotodermatite ou Lúcide UV ou espectro visível da luz 2 quadros: fototoxicidade e fotoalergia PROFISSÕES Agricultores Marinheiros Trabalhadores da construção civil Trabalhadores em plataformas submarinas Pescadores Soldadores Boias-frias Salva-vidas DCF (Fototóxica) Apresentação semelhante à DIC por substância irritativa absoluta (aguda). Exemplo: sumo de frutas cítricas Eritema tardio e edema podem aparecer em até 2 dias Áreas expostas: face, ponta da orelha, pescoço, nuca, face volar dos antebraços e dorso das mãos Fototoxicidade: A- base não imunológica B- dose-resposta C- intensidade da reação proporcional à concentração da substância e à quantidade de radiação DCF (Fotoalérgica) Apresentação semelhante à DAC (3 fases das lesões eczematosas). Exemplo: drogas modificadas pela exposição à luz UV As lesões podem se estender para além das áreas expostas Quadro crônico: discromias e espessamento da pele. Complicação grave é a reação persistente à luz Fotoalergia: A- base imunológica B- sensibilização prévia por exposição simultânea a substâncias fotossenbilizadoras e à radiação adequada FOTOSSENSIBILIDADE DROGAS SISTÊMICAS AMIODARONA METILDOPA PROPRANOLOL TETRACICLINA SULFONAMIDAS ÁCIDO ACETIL SALICÍLICO PIROXICAN METROTREXATE CLOROQUINA TIAZIDAS FUROSEMIDA ISOTRETINOINA DROGAS TÓPICAS CETOCONAZOL PROTETORES SOLARES (PABA) DERIVADOS DE PETRÓLEO: COALTAR, PIXE CORANTES: AZUL DE METILENO FITOFOTODERMATITES: PSORALÊNICOS ACNE Fisiopatologia: obstrução dos folículos pilosos com irritação e infecção secundária Duas formas de apresentação – Elaioconiose – Cloracne ELAIOCONIOSE Áreas expostas ou cobertas por vestimentas sujas Metalúgicos – óleo de corte Mecânicos – graxa CLORACNE Cloracne —> poluentes orgânicos persistentes (POPs) como hidrocarbonetos clorados e dioxinas CÂNCER Agentes físicos (radiação ionizante/não ionizante), químicos (arsênio, nitrosaminas) e biológicos (HPV) Apresentação mais comum: carcinoma basocelular e espinocelular Clínica: – área exposta, – tumoração papular ou nodular – Lesão ulcerada Associação entre dermatite actínica e linfoma das células T (?) REFERÊNCIAS: 1. 2. Dermatoses Ocupacionais: Ministério da Saúde. Protocolos de complexidade diferenciada. p. 7-36, 2006. Alchorne M.M.A. Dermatoses ocupacionais: An Bras Dermatol, 2010; 85 (2): 137-47.