Estudo morfológico e histológico do estômago e intestinos de anuros da espécie Rhinella marina Juliana Costa Sousa, (Bolsista do PIBIC/UFPI) Guilherme José Bolzani de Campos Ferreira (Orientador Dept. de Medicina Veterinária – UFPI) Introdução Os anuros também conhecidos como sapos, rãs ou pererecas são animais disseminados por todo o mundo e que se adaptaram ao longo do t empo à “invasão humana” aos mais diversos ambientes. Estudos sobre anuros despertam interesse de diversos pesquisadores devido aos seguintes fatores: A presença destes animais em quase todo o planeta, facilidade de manuseio e, principalmente, por serem bons indicadores de equilíbrio ecológico (Silva, 2004). Mesmo, tendo os anuros ligação direta com o equilíbrio ambiental os mais diversos trabalhos publicados ultimamente, número este que aumenta rotineiramente, não apresentam como enfoque principal a descrição anatômica e/ ou histológica dos sistemas corporais destes, possivelmente por não serem animais presentes ent re espécies vulneráveis e em risco de extinção. Visando a escassez de informações sobre condições anatômic as de anuros, buscou-se por meio deste trabalho avaliar estudos anatômicos e histológicos do estômago e intestino. Metodologia Sob a licença de coleta de material biológico de número S ISBIO 28629-1, valida até 2015, a realização da pesquisa anatômic a e histológica do estômago e intestino utilizou 10 exemplares de Rhinella marina c apturados na cidade de B om Jesus, Piauí, B rasil (09º04'28" S ul e 44º21'31" Oeste). Os animais foram eutanasiados por administração de dose letal de anestésico inalatório. Conforme recomendado na Resolução nº 1000/2012 do CFMV. O procediment o descrito acima foi autorizado ao Comitê de Ética Animal da Universidade Federal do Piauí. Após a eutanásia os exemplares foram fixados em solução aquosa de formaldeído a 10%. Estes foram mensurados biometricamente, com um paquímetro digital. A pós a aferição, os animais foram acondicionados em cubas com a mesma solução e posteriormente dissecados. Para as análises histológic as, coletou-se fragmentos das regiões cranial, média e caudal do estômago e intestinos. Após a fragmentaç ão, procedeu-se o processamento histológico padrão e secção em micrótomo rotativo manual com espessura de 6 μm e corados pela técnic a da Hemat oxilina-eosina (HE). Na análise histológica avaliou-se: Estrutura geral do órgão, componentes da parede, tipo de epit élio considerando a c aracterização celular, tipos glandulares e caracterização da túnica muscular. Resultado e discussã o A partir dos 10 exemplares de Rhinella marina, foram realizadas mens urações macroscópicas de seu estômago e de cada porção do intestinos delgado e também foi aferido seu peso vivo que apresent ou média de 472,60±150,78g. O estômago dos animais apresentou comprimento médio de 8,6±1,96cm e diâmetros médios de 38,74±20,07mm e 42,32±17, 78mm. O intestino delgado apresentou as três porções, duodeno jejuno e íleo, para ampliar a avaliação cada uma dessas porção foram subdividas em três sendo elas cranial, média e caudal, tendo assim apresentado a seguintes médias e des vios padrões para comprimento tot al e diâmet ros de cada sub porção respectivamente: Duodeno 9,31±2,25cm, 7,70±1,75mm, 6,31±1,80mm, 60, 31 ±1,80mm, 8,71±1,48mm, 7,26±2,08mm, 7,56±2,44mm, jejuno 24,04±9,93cm, 7,27±1,32mm, 6, 42±1,88mm, 5,08±1,88mm, 5,11±1,82mm, 5,70±2,33mm, 3,75±1,09mm íleo 5,52±2,06cm, 4,71±1,64mm, 4,48±1,54mm, 5,96±1,83mm, 5,28±1,39mm, 5,52±2,06mm, 4,00±1, 93mm. Observou-s e que o corpo do estômago possui a maior área calculada a partir dos diâmetros, no int estino a maior porção em comprimento foi o jejuno que é duas vezes e meia maior que o duodeno e seis vez es mais extenso que íleo. Histologicamente visualizou-se na porção cranial do estômago glândulas tubulares simples e ramificada. As porções terminais destas são freqüentemente enoveladas, com lúmen amplo, possuindo t rês regiões distintas: istmo, colo e base, corroborando com Junqueira, 2011 (Figura 1). A lâmina própria apresenta tecido conjuntivo frouxo contendo células musculares lisas e células linfóides. (Figura 2). Figura 1. Fotomicrografia da região cranial do estomago (Cárdia) glândulas tubulares simples e ramificada. Coloração HE 4X. Figura 2. Fotomicrografia da região cranial do estomago (Cárdia), evidenciando a lâmina própria (L), tecido conjuntivo frouxo (f), células musculares lisas (m). Coloração HE. 10X Na região média (Corpo do estômago) confirmou-se a presença de células zimogênic as próxima a base da glândula e células parietais no istmo e colo da mesma. Observou-s e também que as camadas musculares do estômago são compostas por fibras musculares lisas orientadas em duas direções principais, camada longitudinal externa, circular interna, (Figura 3) diferent ement e do descrito por (Junqueira, 2011) em humanos que possuem três camadas. A região caudal (Piloro) apresenta algumas semelhanças relacionadas a região cranial (Cárdia), apres entando apenas diferenciações como: Espessura da submucosa que na porção caudal é maior em relação a cranial.A submucosa apresentou infilt rado de células linfóides (Figura 4). Figura 3. Fotomicrografia da Camadas musculares do estômago, sendo a camada longitudinal externa (LE) e circular interna (CI). Coloração HE 4X Figura 4. Fotomicrografia das Glândulas secretoras de muco com distribuição dos diferentes tipos celulares epiteliais. Coloração HE 10X. Em Lithobatescatesbeianus, a mucosa da região pilórica, apresent a diferenças expressivas quando comparada com a da região do corpo, em especial no que se refere à profundidade das criptas e à estrutura das glândulas e da túnica muscular, característica esta comum a Rhinella marina. Em particular, a estrutura das glândulas desperta at enção, uma vez que nessa região elas ainda apresentam células acidófilas, embora essa porç ão glandular não seja tão desenvolvida quanto na região do corpo, predominando, nessas glândulas, as células produtoras de muco visualizadas também na espécie Rhinella marina. Norris (1960) observou que, em Rana pipiens, as células acidófilas podem ou não estar presente nas glândulas da região pilórica, que, por sua vez, são mais curtas que as da região do corpo. Santana & Menin (1994), verificaram que as glândulas da região pilórica de Leptodactylus labyrinthicus são constituídas de apenas células mucosas, diferenciando-se assim da Rhinella marina que apresenta tanto glândulas mucosas como acidófilas. Em relação ao intestino delgado da espécie Rhinella marina observamos que segundo Junqueira, 2011, o duodeno tem a forma de folhas, gradualmente assumindo formas de dedos à medida que se aproximam do íleo. Conclussã o Os dados da morfometria macroscópica mostraram que o estômago e o intestino de Anuros apresenta uma morfologia típica de vertebrados sem quaisquer componente de tamanho ou forma específica para a espécie Histologicament e o estômago da Rhinella marina não apresentou nenhuma diferenciação marcante em relação as out ras espécies comparadas, consistindo em glândulas pluricelulares, constituídas de dois tipos de células: mucosas e parietais (oxínticas), que secretam muco e ácido clorídrico e zimogênio, respectivamente. P resença de túnica muscular estruturadas e espessa. No intestino delgado, observou-se morfologia convencional destas vísceras quando comparados com outras espécies de Anuros e sutis diferenç as quando comparado a vertebrados superiores. Palavra chave. Anuros. Histologia. Morfologia. Referência Junqueira, Luiz Carlos Uchoa, 1920-2006.Histologia básica/ L. C Junqueira, josé carneiro. - 11.ed. [Reimpr.]. - Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2011. Il NORRIS, J. L. The normal histology of the esophageal and gastric mucos ae of the frog, Ranapipiens. Journal of Experimental Zoology, v. 1, n. 141, p. 155-167. 1960. SANTANA, M. A.; MENIN, E. Histologia do estômago de LeptodactyluslabyrinticusSpix, 1824, “RãPimenta” (Amphibia, Anura, Leptodactylidae). In ENCONTRO ANUAL DE AQUI CULTURA, 11., 1994., Belo Horizonte. Re sumos... UFMG, p.70. 1994. Silva, JucieneBertoldo da. Comportamento reprodutivo, vocalizações e dieta de Bufo SchneideriWernwr, 1894 (A nura, Bufonidae). Dissertação (mestrado Biologia). Goiânia: UFG, 2004.