Manual do Professor Geografia Ensino Médio Volume 1 EE_G15GG1_Manual_001-038.indd 1 03.04.13 16:47:43 Sumário 1. Pressupostos teórico-metodológicos da coleção..............3 Orientações teóricas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 Procedimentos metodológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 Sugestões de leitura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 Sugestões de livros e sites. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 2. Pressupostos geográficos da coleção.............................15 Objetivos da Geografia para o Ensino Médio. . . . . . . . . . . . . 15 Os conceitos geográficos na coleção . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 A Cartografia na coleção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 3. Organização didática da coleção.....................................20 Apresentação temática dos volumes . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 Estrutura interna dos volumes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 Conteúdos dos volumes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 4. Fundamentos e objetivos do volume...............................39 5. Organização do volume...................................................40 6. Orientações sobre os capítulos.......................................41 Capítulo 1 – Orientação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Capítulo 2 – Cartografia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Capítulo 3 – O mapa do mundo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Capítulo 4 – O Brasil no mapa do mundo. . . . . . . . . . . . . . . Capítulo 5 – Elementos da Geologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . Capítulo 6 – Elementos da Geomorfologia . . . . . . . . . . . . . . Capítulo 7 – Geologia e Geomorfologia do Brasil . . . . . . . . . . . Capítulo 8 – A produção de minérios no mundo. . . . . . . . . . . Capítulo 9 – A produção de combustíveis fósseis no mundo. . . . . Capítulo 10 – A produção de minérios e combustíveis fósseis no Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 45 49 53 62 66 70 83 86 92 7. Sugestões de leitura.......................................................98 Unidade 1 – Dinâmica espacial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98 Unidade 2 – Geologia e relevo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 Unidade 3 – Dinâmica da produção mineral e energética. . . . . . 101 8. Referências bibliográficas............................................103 2 Manual do Professor EE_G15GG1_Manual_001-038.indd 2 03.04.13 16:47:43 1. Pressupostos Orientações teórico-metodológicos da coleção teóricas A Geografia estuda a interação entre a dinâmica da natureza e os mecanismos de organização e sistemas produtivos desenvolvidos pelas sociedades humanas. A categoria de análise primordial para identificar e interpretar os diferentes aspectos dessa interação é o espaço geográfico. Desdobrado em conceitos como lugar, paisagem e território, o espaço geográfico não apenas revela, em suas formas e seus conteúdos, o resultado da atuação simultânea e interdependente dos elementos e fenômenos naturais e das formas de apropriação da sociedade, como também é um agente ativo desse processo. Assim, espera-se que o estudo da Geografia possa tornar o mundo passível de compreensão, por meio da leitura do espaço geográfico e da análise das informações a partir dele, levantadas e representadas sob a luz das características sociais historicamente constituídas. A condução crítica da produção do conhecimento geográfico, abrangendo sinteticamente o meio físico, as forças produtivas e as representações simbólicas desse espaço, passa pela identificação, pela descrição e pela organização, em diversas formas de registro, das múltiplas características que se arranjam em cada porção da superfície terrestre. Dessa forma, cabe ao livro didático de Geografia fornecer elementos e subsídios para a apreensão dos processos que envolvem a produção do espaço, além de parâmetros para sua análise. Já ao professor compete incorporar o recurso representado pelo livro didático às demais ferramentas de ensino, adaptando-o às especificidades regionais e ao projeto pedagógico da escola, tornando-o, desse modo, acessível ao grupo de alunos com o qual trabalha. Também lhe cabe articular as temáticas, as necessidades e os anseios que forem identificados. Esta coleção contempla, por meio de sua organização temática e de uma estrutura textual descomplicada, proposições consagradas no ensino de Geografia, além de possibilitar aos alunos, por intermédio do professor, elaborar linhas de reflexão segundo tendências recentes da prática pedagógica. Ao longo dos capítulos são apresentados boxes que facultam aos alunos estabelecer relações entre o conceito trabalhado e questões da atualidade ou situações comuns em seu cotidiano. As atividades, organizadas em diferentes propostas, permitem desde a retomada do conteúdo e a preparação para os vestibulares até a problematização e o desenvolvimento dos temas e das competências indicados na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCN) – como os que se relacionam à leitura e à interpretação de registros gráficos e textuais; ao reconhecimento, à seleção e à comparação de fenômenos espaciais; à investigação dos processos de transformação do espaço geográfico; de fenômenos relacionados à questão ambiental decorrentes da relação entre a sociedade e o meio ambiente; à compreensão das questões referentes à educação ambiental. Manual do Professor 3 EE_G15GG1_manual.indb 3 21.03.13 11:24:56 Procedimentos metodológicos A importância do livro didático no planejamento das aulas e suas aplicações em sala Este livro é uma ferramenta essencial para a estruturação do curso de Geografia, mas é importante que não seja o único material de apoio didático. Ao articular seus capítulos de forma bastante didática, de maneira a apresentar-se como um recurso precioso na condução das aulas, este livro permite que o professor valorize os conhecimentos prévios dos alunos para a análise criteriosa de suas abordagens, aproveite seus textos e recursos visuais para estimular discussões e debates entre os alunos, e desenvolva atividades que permitam estabelecer relações entre seus diferentes conteúdos. O livro didático deve ser empregado como ferramenta de promoção do desenvolvimento da autonomia de aprendizagem dos alunos, que precisam ser estimulados a recorrer ao material como fonte de pesquisa e como referência dos temas estudados, para que possam realizar uma fundamentação básica de seus posicionamentos críticos. À figura do professor atribui-se a função de conferir sentido ao processo de aprendizagem dos alunos, sem desconsiderar a condição destes como agentes ativos de produção do conhecimento. Por isso, o professor tem um papel primordial nesse processo: desenvolver estratégias que potencializem o desenvolvimento do conhecimento, entre as quais o livro didático deve figurar como material fundamental para o suporte das relações de ensino-aprendizagem. O trabalho de apropriação e reflexão dos conteúdos do livro didático desvela oportunidades de concretização dos objetivos de formar alunos e de avaliá-los, bem como de avaliar os resultados do trabalho como um todo. A avaliação Em se tratando das avaliações, faz-se necessário diferenciar, no mínimo, duas práticas de análise dos trabalhos desenvolvidos ao longo do ano letivo. A primeira prática concerne à avaliação do desenvolvimento dos alunos diante de suas potencialidades, de acordo com parâmetros definidos. A segunda relaciona-se ao desenvolvimento do curso como um todo, sendo fundamental que o professor atente-se ao cronograma de aulas, às atividades desenvolvidas em sala e às respostas dadas às propostas, verificando assim se os objetivos estão sendo atingidos. Dessa forma, o professor poderá, se necessário, reorganizar esses objetivos e os instrumentos utilizados para atingi-los. Portanto, antes de aplicar as práticas de avaliação, é importante que o professor domine com clareza os objetivos que direcionam suas práticas de ensino e, nesse contexto, defina o que avaliar e como avaliar. Um pressuposto importante no norteamento do processo de avaliação é o de que, no processo de ensino-aprendizagem, a apropriação do conteúdo não se limita a uma finalidade em si mesma, mas serve como meio para a formação ampla de uma consciência crítica, e os reflexos disso devem estar representados nas respostas das avaliações produzidas pelos alunos. 4 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 4 21.03.13 11:24:56 A avaliação dos alunos não pode resumir-se a fórmulas prontas, devendo ser condizente com a realidade da escola e da sociedade em que esta se insere, devendo ser estruturada sobre princípios que, além de verificar os conhecimentos adquiridos e produzidos pelos alunos, permitam aprofundar o conhecimento sobre todo o trabalho escolar. Concebida dessa maneira, e integrada a um planejamento ao mesmo tempo consistente e flexível, a avaliação permite reconhecer dificuldades e ajustar as formas de intervenção no decorrer do processo letivo, readequando objetivos e repensando as práticas pedagógicas. Portanto, a avaliação não pode ser confundida com a simples aplicação de provas, que sobrevalorizam notas ou conceitos. A avaliação incorporada ao processo de aprendizagem desprende-se de momentos ou procedimentos particularizados, tornando-se um princípio contínuo, indissociável dos objetivos estruturais do curso. Por meio desse princípio é possível conduzir todas as atividades de modo a revelar apontamentos coletivos e individuais relacionados às propostas desenvolvidas, permitindo também, se o professor preferir, valorizar cada atividade sem hierarquizá-las, estimulando os alunos a realizar um estudo também contínuo, em vez de um estudo pontual às vésperas de avaliações formais. Na avaliação contínua tanto do curso como dos alunos, tende-se a utilizar uma gama maior de parâmetros, o que contribui para compreender qualitativamente a relação dos alunos com a aprendizagem, discernindo as dificuldades que provêm da apreensão do conteúdo em si e aquelas oriundas da forma como o conteúdo é trabalhado. Por fim, conhecendo melhor os alunos, podem-se levar em consideração suas especificidades, criando possibilidades de melhorias não apenas na apreensão dos conteúdos, mas principalmente na reflexão acerca dos temas apresentados, cujos resultados podem ser observados na avaliação (em relação ao que dela se puder deduzir) ou até mesmo em suas posturas e ações nos debates em sala de aula. O texto a seguir, de Léa Depresbiteris, traz mais algumas contribuições para a reflexão sobre o tema “avaliação”. Avaliação da aprendizagem do ponto de vista técnico-científico e filosófico-político Como atribuir notas aos alunos? Como fazer para que essas notas representem o desempenho real do aluno? [...] A ênfase à atribuição de notas (medida) na avaliação tem provocado alguns desvios significativos, dentre os quais o de lhe dar um caráter meramente comercial, contabilístico, desconsiderando seu aspecto educacional de orientação do aluno. Conforme diz Luckesi (1984), as notas são comumente usadas para fundamentar necessidades de classificação de alunos, dentro de um continuum de posições, onde a maior ênfase é dada à comparação de desempenhos e não aos objetivos instrucionais que se deseja atingir. O aluno é classificado como inferior, médio ou superior quanto ao seu desempenho e muitas vezes fica preso a esse estigma, não conseguindo desvelar seu potencial. [...] A associação que limita o ato de avaliar ao de atribuir uma nota leva a um desvio bastante comum: reduzir a avaliação à mera atividade de elaborar e aplicar instrumentos de medida. Nessa Manual do Professor 5 EE_G15GG1_manual.indb 5 21.03.13 11:24:56 perspectiva, há o grande perigo de direcionar a aprendizagem apenas para o domínio de conteúdos de uma prova final, de uma unidade de ensino ou de um curso. Goldberg aponta, ainda, o problema de considerar a avaliação como aplicação de uma prova final. Segundo a autora, muitos professores esquecem que é natural e espontâneo considerar, na avaliação, outros recursos, como trabalhos diários, observações e registros, enfim, todas as atividades que permitem inferir desempenhos (Depresbiteris, 1989). Assim, é importante, ao se falar em avaliação da aprendizagem, indicar suas funções, que segundo Gronlund (1979), são as de informar e orientar para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem. [...] Que abordagem avaliativa devemos adotar para a melhoria do ensino? A avaliação da aprendizagem está estreitamente relacionada à abordagem curricular. Segundo McNeil (1981), podemos classificar o currículo em acadêmico, tecnológico, humanista e de reconstrução social. No currículo acadêmico, a avaliação em sala de aula apresenta meios variados, de acordo com os objetivos das diferentes disciplinas, sempre com ênfase ao conhecimento de fatos e temas. No currículo humanista, a avaliação enfatiza o processo e não o produto; a avaliação é de natureza mais subjetiva, valorizando a expressão do aluno em pinturas, poemas, discussões em grupo, dentre outros. Já no currículo tecnológico, a avaliação se apoia no desempenho do aluno, definido pelo total de pontos obtidos em testes padronizados ou, então, em testes específicos de programas que tratam de aspectos das disciplinas escolares convencionais. Por fim, a avaliação no currículo de reconstrução social é feita por meio de exames abrangentes durante o último ano da escola, com o objetivo de sintetizar e avaliar a interpretação, pelo aluno, de seu trabalho. Nesse caso, a avaliação vai além da aprendizagem, verificando efeitos da escolarização na comunidade. [...] Até que ponto vai o planejamento do ensino e onde começa a avaliação da aprendizagem? A avaliação e o planejamento são atividades inseparáveis; formam um processo único, no qual devem ser definidos os objetivos, os conteúdos, as estratégias de ensino, os critérios e as formas de avaliar. O que acontece, porém, é que, em vez de serem valorizados em seus aspectos educacionais, o planejamento do ensino e a avaliação da aprendizagem são transformados em atividades burocráticas, formais. O planejamento é o momento de refletir sobre os objetivos a serem atingidos, sobre como alcançá-los e sobre como avaliar o que se planejou. É frequentemente confundido com o plano de ensino, registro formal do planejamento. A cobrança ao professor é feita quanto ao papel escrito e não quanto ao processo de reflexão. Como consequência, no lugar de guia, de orientador da ação docente, o plano, feito quase sempre sem ter havido planejamento, passa a ser instrumento de gaveta, sem nenhuma função pedagógica. A avaliação, por sua vez, é vista como o registro de uma nota, tornando-se uma atividade burocrática para o professor. [...] DEPRESBITERIS, Léa. Avaliação da aprendizagem do ponto de vista técnico-científico e filosófico-político. São Paulo: FDE, 1998. n. 8. (Série Ideias). 6 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 6 21.03.13 11:24:56 Interdisciplinaridade Apesar de a escola, no passado, ter agrupado os saberes em disciplinas para facilitar o processo de aprendizagem, hoje há um esforço contrário, que tenta aproximar e relacionar conhecimentos. Ao contrário do que muitas vezes se pensa, a interdisciplinaridade não dilui as disciplinas, mas, sim, mantém a individualidade destas, integrando-as para uma compreensão mais ampla do conhecimento e da realidade na qual o aluno está inserido. A sua prática procura estimular a pesquisa e a curiosidade, a teoria e a prática, a construção de um conhecimento conjunto de professores e alunos. O professor se torna reconstrutor juntamente com seus alunos; o professor é, consequentemente, um pesquisador que possibilita aos alunos, também, a prática da pesquisa. A problematização como metodologia para a reconstrução de construtos dá condições ao aluno de mover-se no âmbito das teorias, das diferentes áreas do saber, construindo a teia de relações que vai torná-lo autônomo diante da autoridade do saber. O professor pesquisador constitui-se, portanto, em agente necessário de uma formação calçada na interdisciplinaridade. (TOMAZETTI, 1998, p. 13.) Para o desenvolvimento de um trabalho interdisciplinar, é importante a contextualização dos temas tratados e, dessa forma, provocar a curiosidade dos alunos, através de questionamentos, bem como acessar às ideias prévias dos alunos a respeito do tema a ser tratado. O desenvolvimento de experiências interdisciplinares ainda é principiante e tem limitações, devido às dificuldades enfrentadas na realidade da sala de aula. Porém, essa prática possibilita a interatividade entre diferentes áreas do conhecimento e procura aproximar os saberes adquiridos na escola de uma realidade mais ampla e cotidiana do aluno. O texto a seguir repensa a interdisciplinaridade e questiona como a Geografia pode contribuir com o desafio de desenvolver esse tipo de experiência. A interdisciplinaridade e o ensino de Geografia A interdisciplinaridade como princípio e atitude interdisciplinar constitui foco de discussão para pesquisadores e educadores dos vários níveis de ensino, que, ao reconhecerem a complexidade do mundo pós-industrial e o processo de globalização vivenciado pelos povos do mundo inteiro, estão cientes de que os saberes parcelares não dão conta de resolver problemas que demandam conhecimentos específicos, relacionados a um objetivo comum e central. Outro aspecto importante é saber que a interdisciplinaridade se revela necessária no mundo atual, mas não constitui panaceia para todos os problemas da humanidade no planeta Terra. Portanto, há necessidade de uma reflexão profunda e de uma interlocução permanente entre as pessoas e grupos envolvidos em um projeto que pretende ser interdisciplinar. [...] A preocupação maior é saber como a Geografia contribui para a formação do professor e dos alunos do ensino básico, considerando a especificidade da ciência e da disciplina escolar, sem realizar Manual do Professor 7 EE_G15GG1_manual.indb 7 21.03.13 11:24:56 uma “sopa” teórico-prática, sem identidade. É preciso saber, por exemplo, como pode trabalhar como um arquiteto ou um historiador, conhecer as propostas desses profissionais, sem confundir-se com eles nem pretender dar aulas de Arquitetura ou de História. No âmbito de cada ciência e também da Geografia, apesar de toda a discussão existente sobre a interdisciplinaridade, ainda se realiza um trabalho compartimentado e isolado com pouca interlocução entre os responsáveis pelos vários ramos do conhecimento. Como avançar na direção de trabalhos mais aproximados, já que há conhecimentos parcelares profundos e plurais, por exemplo, na Geografia urbana, na Geografia agrária, na Geomorfologia, na Climatologia? Isso para não citar os vários outros ramos existentes há muito e os novos ramos que surgem à medida que a sociedade, em sua dinâmica e movimento, também se transforma. A interdisciplinaridade pode criar novos saberes e favorecer uma aproximação maior com a realidade social mediante leituras diversificadas do espaço geográfico e de temas de grande interesse e necessidade para o Brasil e para o mundo. O professor de uma disciplina específica com uma atitude interdisciplinar abre a possibilidade de ser um professor-pesquisador porque deve selecionar os conteúdos, métodos e técnicas trabalhados em sua disciplina e disponibilizá-los para contribuir com um objeto de estudo em interação com os professores das demais disciplinas. Isso não pode ser realizado sem uma pesquisa permanente. A Geografia, no desenvolvimento de seus conceitos e na maneira de produzir, ensinar e relacionar-se ou não com seus próprios ramos e com outras ciências ou disciplinas escolares, é um movimento histórico que se encontra em constante transformação. O professor necessita manter o diálogo permanente com o passado, o presente e o futuro para conhecer melhor sua própria ciência e saber como constituir projetos disciplinares e interdisciplinares na escola. [...] A interdisciplinaridade e o ensino de Geografia. In: PONTUSCHKA, Nídia Nacib; PAGANELLI, Tomoko Iyda; CACETE, Núria Hanglei. Para ensinar e aprender Geografia. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2009. p. 143-145. Sugestões de leitura TEXTO 1: Antonio Nóvoa, doutor em Ciências da Educação pela Universidade de Genebra, é um estudioso português que se dedica à História da Educação e Educação comparada. Na entrevista a seguir, ele faz uma reflexão do papel do professor no passado, presente e futuro. Professor, o que é ser professor hoje? Ser professor atualmente é mais complexo do que foi no passado? Antonio Nóvoa – É difícil dizer se ser professor, na atualidade, é mais complexo do que foi no passado, porque a profissão docente sempre foi de grande complexidade. Hoje, os professores têm que lidar não só com alguns saberes, como era no passado, mas também com a tecnologia e com a complexidade social, o que não existia no passado. Isto é, quando todos os alunos vão para a escola, de todos os grupos sociais, dos mais pobres aos mais ricos, de todas as raças e todas as etnias, quando toda essa gente está dentro da escola e quando se consegue cumprir, de algum modo, esse desígnio 8 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 8 21.03.13 11:24:56 histórico da escola para todos, ao mesmo tempo, também, a escola atinge uma enorme complexidade que não existia no passado. Hoje em dia é, certamente, mais complexo e mais difícil ser professor do que era há 50 anos, do que era há 60 anos ou há 70 anos. Esta complexidade acentua-se, ainda, pelo fato de a própria sociedade ter, por vezes, dificuldade em saber para que ela quer a escola. A escola foi um fator de produção de uma cidadania nacional, foi um fator de promoção social durante muito tempo e agora deixou de ser. E a própria sociedade tem, por vezes, dificuldade em ter uma clareza, uma coerência sobre quais devem ser os objetivos da escola. E essa incerteza, muitas vezes, transforma o professor num profissional que vive numa situação amargurada, que vive numa situação difícil e complicada pela complexidade do seu trabalho, que é maior do que no passado. Mas isso acontece, também, por essa incerteza de fins e de objetivos que existe hoje em dia na sociedade. Como o senhor entende a formação continuada de professores? Qual o papel da escola nessa formação? Antonio Nóvoa – Durante muito tempo, quando nós falávamos em formação de professores, falávamos essencialmente da formação inicial do professor. Essa era a referência principal: preparavam-se os professores que, depois, iam durante 30, 40 anos exercer essa profissão. Hoje em dia, é impensável imaginar esta situação. Isto é, a formação de professores é algo, como eu costumo dizer, que se estabelece num continuum. Que começa nas escolas de formação inicial, que continua nos primeiros anos de exercício profissional. Os primeiros anos do professor – que, a meu ver, são absolutamente decisivos para o futuro de cada um dos professores e para a sua integração harmoniosa na profissão – continuam ao longo de toda a vida profissional, através de práticas de formação continuada. Estas práticas de formação continuada devem ter como polo de referência as escolas. São as escolas e os professores organizados nas suas escolas que podem decidir quais são os melhores meios, os melhores métodos e as melhores formas de assegurar esta formação continuada. Com isso, eu não quero dizer que não seja muito importante o trabalho de especialistas, o trabalho de universitários nessa colaboração. Mas a lógica da formação continuada deve ser centrada nas escolas e deve estar centrada numa organização dos próprios professores. Que competências são necessárias para a prática do professor? Antonio Nóvoa – Provavelmente na literatura, nos textos, nas reflexões que têm sido feitas ao longo dos últimos anos, essa tem sido a pergunta mais frequentemente posta e há uma imensa lista de competências. Estou a me lembrar que ainda há 3 ou 4 dias estive a ver com um colega meu estrangeiro, justamente, uma lista de 10 competências para uma profissão. Podíamos listar aqui um conjunto enorme de competências do ponto de vista da ação profissional dos professores. Resumindo, eu tenderia a valorizar duas competências: a primeira é uma competência de organização. Isto é, o professor não é, hoje em dia, um mero transmissor de conhecimento, mas também não é apenas uma pessoa que trabalha no interior de uma sala de aula. O professor é um organizador de aprendizagens, de aprendizagens via os novos meios informáticos, por via dessas novas realidades virtuais. Organizador do ponto de vista da organização da escola, do ponto de vista de uma organização mais Manual do Professor 9 EE_G15GG1_manual.indb 9 21.03.13 11:24:56 ampla, que é a organização da turma ou da sala de aula. Há aqui, portanto, uma dimensão da organização das aprendizagens, do que eu designo, a organização do trabalho escolar e esta organização do trabalho escolar é mais do que o simples trabalho pedagógico, é mais do que o simples trabalho do ensino, é qualquer coisa que vai além destas dimensões, e estas competências de organização são absolutamente essenciais para um professor. Há um segundo nível de competências que, a meu ver, são muito importantes também, que são as competências relacionadas com a compreensão do conhecimento. Há uma velha brincadeira, que é uma brincadeira que já tem quase um século, que parece que terá sido dita, inicialmente, por Bernard Shaw, mas há controvérsias sobre isso, que dizia que: “quem sabe faz, quem não sabe ensina”. Hoje em dia esta brincadeira podia ser substituída por uma outra: “quem compreende o conhecimento”. Não basta deter o conhecimento para o saber transmitir a alguém, é preciso compreender o conhecimento, ser capaz de o reorganizar, ser capaz de o reelaborar e de transpô-lo em situação didática em sala de aula. Esta compreensão do conhecimento é, absolutamente, essencial nas competências práticas dos professores. Eu tenderia, portanto, a acentuar esses dois planos: o plano do professor como um organizador do trabalho escolar, nas suas diversas dimensões, e o professor como alguém que compreende, que detém e compreende um determinado conhecimento e é capaz de o reelaborar no sentido da sua transposição didática, como agora se diz, no sentido da sua capacidade de ensinar a um grupo de alunos. [...] A sociedade espera muito dos professores. Espera que eles gerenciem o seu percurso profissional, tematizem a própria prática, além de exercer sua prática pedagógica em sala de aula. Qual a contrapartida que o sistema deve oferecer aos professores para que isso aconteça? Antonio Nóvoa – Certamente, nas entrelinhas da sua pergunta, há essa dimensão. Há hoje um excesso de missões dos professores, pede-se demais aos professores, pede-se demais às escolas. As escolas, talvez, resumindo numa frase [...], as escolas valem o que vale a sociedade. Não podemos imaginar escolas extraordinárias, espantosas, onde tudo funciona bem numa sociedade onde nada funciona. Acontece que, por uma espécie de um paradoxo, as coisas que não podemos assegurar que existam na sociedade, nós temos tendência a projetá-las para dentro da escola e a sobrecarregar os professores com um excesso de missões. Os pais não são autoritários, ou não conseguem assegurar a autoridade, pois se pede ainda mais autoridade para a escola. Os pais não conseguem assegurar a disciplina, pede-se ainda mais disciplina à escola. Os pais não conseguem que os filhos leiam em casa, pede-se à escola que os filhos aprendam a ler. É legítimo eles pedirem à escola, a escola está lá para cumprir uma determinada missão, mas não é legítimo que sejam uma espécie de vasos comunicantes ao contrário. Que cada vez que a sociedade tem menos capacidade para fazer certas coisas, mais sobem as exigências sobre a escola. E isto é um paradoxo absolutamente intolerável e tem criado para os professores uma situação insustentável do ponto de vista profissional, submetendo-os a uma crítica pública, submetendo-os a uma violência simbólica nos jornais, na sociedade, etc. o que é absolutamente intolerável. Eu creio que os professores podem e devem exigir duas coisas absolutamente essenciais que são: • uma, é calma e tranquilidade para o exercício do seu trabalho, eles precisam estar num ambiente, eles precisam estar rodeados de um ambiente social, precisam estar rodeados de um 10 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 10 21.03.13 11:24:57 ambiente comunitário que lhes permita essa calma e essa tranquilidade para o seu trabalho. Quer dizer, não é possível trabalhar pedagogicamente no meio do ruído, no meio do barulho, no meio da crítica, no meio da insinuação. É absolutamente impossível esse tipo de trabalho. As pessoas têm que assegurar essa calma e essa tranquilidade; • e, por outro lado, é essencial ter condições de dignidade profissional. E essa dignidade profissional passa certamente por questões materiais, por questões do salário, passa também por boas questões de formação, e passa por questões de boas carreiras profissionais. Quer dizer, não é possível imaginar que os professores tenham condições para responder a este aumento absolutamente imensurável de missões, de exigências no meio de uma crítica feroz, no meio de situações intoleráveis, de acusação aos professores e às escolas. Eu creio que há, para além dos aspectos sociais de que eu falei a pouco – e que são aspectos extremamente importantes, porque no passado os professores não tiveram, por exemplo, os professores nunca tiveram situações materiais e econômicas muito boas, mas tinham prestígio e uma dignidade social que, em grande parte completavam algumas dessas deficiências – para além desses aspectos sociais de que eu falei a pouco e que são essenciais para o professor no novo milênio, neste milênio que estamos, eu creio que pensando internamente a profissão, há dois aspectos que me parecem essenciais. O primeiro é que os professores se organizem coletivamente – e esta organização coletiva não passa apenas, eu insisto bem, apenas pelas tradicionais práticas associativas e sindicais – passa também por novos modelos de organização, como comunidade profissional, como coletivo docente, dentro das escolas, por grupos disciplinares e conseguirem deste modo exercer um papel com profissão, que é mais ampla do que o papel que tem exercido até agora. As questões do professorado enquanto coletivo parecem-me essenciais. Sem desvalorizar as questões sindicais tradicionais, ou associativas, creio que é preciso ir mais longe nesta organização coletiva do professorado. O segundo ponto – e que tem muito a ver também com formação de professores – passa pelo que eu designo como conhecimento profissional. Isto é, há certamente um conhecimento disciplinar que pertence aos cientistas, que pertence às pessoas da história, das ciências etc., e que os professores devem ter. Há certamente um conhecimento pedagógico que pertence, às vezes, aos pedagogos, às pessoas da área da educação que os professores devem ter também. Mas, além disso, há um conhecimento profissional que não é nem um conhecimento científico nem um conhecimento pedagógico, que é um conhecimento feito na prática, que é um conhecimento feito na experiência, como dizia há pouco, e na reflexão sobre essa experiência. A valorização desse conhecimento profissional, a meu ver, é essencial para os professores neste novo milênio. [...] TV Escola. Salto para o futuro. Entrevistas: Antonio Nóvoa. Disponível em: <http://www.tvbrasil.org.br/saltoparaofuturo/ entrevista.asp?cod_Entrevista=59>. Acesso em: 5 fev. 2013. TEXTO 2: o texto a seguir, retirado do livro Para ensinar e aprender Geografia, de autoria de Nídia Nacib Pontuschka (professora doutora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo), Núria Hanglei Cacete (professora doutora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo) e Tomoko Iyda Paganelli (professora adjunta da Universidade Federal Fluminense), comenta sobre a importância do estreitamento de outras áreas do conhecimento e do saber cotidiano com a Geografia. Manual do Professor 11 EE_G15GG1_manual.indb 11 21.03.13 11:24:57 O ensino-aprendizagem da Geografia e as práticas disciplinares, interdisciplinares e transversais [...] Temos a preocupação de pensar em como a aprendizagem e o ensino da Geografia se situam perante outras possibilidades, superando a disciplinaridade pela interação com as demais disciplinas. Assumimos a compreensão de que, ao conhecer um objeto de estudo geográfico, ele será mais aprofundado quando se aproveitam também os conhecimentos provenientes de outras disciplinas. Essa é uma questão atualmente enfrentada pelos educadores brasileiros que desejam – ou são solicitados a – trabalhar com currículos baseados nos princípios mencionados, paralelamente ou em interação com um tratamento disciplinar dispensado aos conteúdos escolares. A disciplinaridade ou um currículo disciplinar podem restringir-se apenas ao caráter cognitivo dos fatos e conceitos. No entanto, se a perspectiva da escola básica é a educação integral, a Geografia deve colaborar com essa meta e pensar em outras dimensões do conteúdo, para estreitar as relações entre as disciplinas e promover a ampliação desse conceito. Ao ampliar o conceito do conteúdo, devem ser considerados também os conteúdos procedimentais e atitudinais, que precisam estar presentes nas intenções do professor de Geografia quando da elaboração da programação da disciplina escolar. Na Geografia, os conteúdos procedimentais relacionam-se ao modo pelo qual os alunos assimilam certas práticas que passam a fazer parte de sua própria vida. Aqui lembramos alguns exemplos: fazer leituras de imagens, habituar-se a ler várias modalidades de textos e integrá-los aos conhecimentos possuídos; ser capaz de utilizá-los em situações externas à escola, portanto, em situações de vida; observar um fato isolado e poder contextualizá-lo no tempo e no espaço. Na observação, não ficar satisfeito somente com os fatos visíveis, mas ir à busca de explicações mais próximas da “verdade”; saber pesquisar e trabalhar com argumentações que aumentem a compreensão de determinadas questões complexas. As questões complexas, intrinsecamente relacionadas com o mundo contemporâneo, com a mundialização da economia, com a globalização das comunicações, com a formação de redes de circulação de mercadorias, de pessoas e ideias, exigem procedimentos metodológicos que permitam ao aluno compreender melhor o mundo em que está inserido. A observação informal e também a observação sistemática de fatos ou fenômenos do cotidiano, a capacidade de registrá-los, usando diferentes recursos e linguagens, bem como de ouvir as pessoas sobre determinados objetos para conhecer as representações, ou seja, a concepção que o sujeito tem sobre algo em dado momento, são procedimentos que alargam e aprofundam a reflexão, porque ensejam a passagem de uma representação metafórica a uma representação cada vez mais conceitualizada, na qual as relações resultantes permitem a produção de novos conhecimentos. Dentre os aspectos antes propostos apenas como objetivos, mas considerados, nos dias atuais, conteúdos atitudinais, destacam-se o respeito às diferenças de sexo, de etnia, de faixas etárias, com responsabilidade sobre as crianças e os idosos, a valorização do patrimônio sociocultural, da diversidade ambiental, dos direitos e deveres do cidadão... Uma disciplina parcelar não consegue lidar com todos esses tipos de conteúdos, e disso decorre a necessidade de pensar em outros métodos e princípios que conjuguem esforços integrados para conseguir formar o homem inteiro, propiciando uma educação integral. [...] O ensino-aprendizagem da Geografia e as práticas disciplinares, interdisciplinares e transversais. In: PONTUSCHKA, Nídia Nacib; PAGANELLI, Tomoko Iyda; CACETE, Núria Hanglei. Para ensinar e aprender Geografia. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2009. p. 107-109. 12 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 12 21.03.13 11:24:57 Sugestões de livros e sites Livros AB’SÁBER, Aziz Nacib. A Amazônia: do discurso à práxis. São Paulo: Edusp, 1996. ______. Os domínios de natureza no Brasil. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. ALMEIDA, Rosangela D. (Org.). Cartografia escolar. São Paulo: Contexto, 2002. ______. Do desenho ao mapa: iniciação cartográfica na escola. São Paulo: Contexto, 2001. ______.; PASSINI, Elza. O espaço geográfico: ensino e representação. São Paulo: Contexto, 1991. ANDRADE, Manuel Correia. O Brasil e a América Latina. São Paulo: Contexto, 1996. CARLOS, Ana Fani Alessandri (Org.). A Geografia na sala de aula. Campinas: Papirus, 1999. ______. Espaço-tempo na metrópole: a fragmentação da vida cotidiana. São Paulo: Contexto, 2001. CASTELLAR, Sonia M. V. (Org.). Educação geográfica: teorias e práticas docentes. São Paulo: Contexto, 2006. CASTRO, Iná E. de; GOMES, Paulo César. da C. Explorações geográficas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1997. CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos (Org.). Ensino de Geografia: práticas e textualizações no cotidiano. 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Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese): <http://www.dieese.org.br>. Domínio Público: <http://www.dominiopublico.gov.br>. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa): <http://www.embrapa.gov.br>. Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp): <http://www.fiesp.com.br>. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): <http://www.ibge.gov.br>. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama): <http://www.ibama.gov.br>. 14 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 14 21.03.13 11:24:57 Instituto Geográfico e Cartográfico (IGC): <http://www.igc.sp.gov.br>. Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra): <http://www.incra.gov.br>. Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet): <http://www.inmet.gov.br>. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe): <http://www.inpe.br>. Ministério da Agricultura: <http://www.agricultura.gov.br>. Ministério da Educação: <http://www.mec.gov.br>. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior: <http://www.mdic.gov.br>. Ministério de Minas e Energia: <http://www.mme.gov.br>. Ministério dos Transportes: <http://www.transportes.gov.br>. ONU Brasil: <http://www.onu.org.br>. Petrobras: <http://www.petrobras.com.br>. Portal Brasil: <http://www.brasil.gov.br>. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud Brasil): <http://www.pnud.org.br>. Revista ComCiência: <http://www.comciencia.br>. Revista da Faculdade de Educação da USP: <http://www.educacaoepesquisa.fe.usp.br>. Revista Estudos Avançados da USP: <http://www.iea.usp.br/revista>. TV Escola: <http://tvescola.mec.gov.br>. 2. Pressupostos Objetivos da geográficos da coleção Geografia para o Ensino Médio De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), as práticas pedagógicas no Ensino Médio devem ser orientadas por competências a serem desenvolvidas pelos alunos: comunicação e representação; investigação, articulação e compreensão; contextualização social e histórica dos conhecimentos; desenvolvimento do espírito crítico. Já as diretrizes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) são estruturadas em função das seguintes competências: domínio de linguagens; compreensão de fenômenos; enfrentamento de situações-problema; construção de argumentação; e elaboração de propostas. Entendendo as proposições acima como premissas, o próximo passo é a identificação de como é possível que a Geografia, com suas especificidades, contribua para a formação de alunos que dominem sua essência, conscientizando-se do papel dessa disciplina no Ensino Básico e em suas vidas. Esse papel pode ser sintetizado em: construção da autonomia na adoção de procedimentos de verificação e análise de elementos que compõem a realidade; tomada de posição frente à realidade compreendida; realização de intervenções balizadas nas ações anteriores. O objetivo essencial da Geografia no Ensino Médio é propiciar aos alunos o desenvolvimento das capacidades de: • definir critérios coerentes para descrever aspectos do espaço geográfico; • ler e interpretar diferentes formas de representação do espaço geográfico; Manual do Professor 15 EE_G15GG1_manual.indb 15 21.03.13 11:24:57 • analisar criticamente materiais cartográficos e outros documentos de interesse geográfico; • coletar e sistematizar informações disponíveis em mapas, gráficos e tabelas, assim como utilizar esses recursos para expressar o conhecimento; • compreender e utilizar as escalas geográfica e cartográfica como formas de demonstrar a ocorrência e a distribuição espacial de fenômenos; • reconhecer, a partir da análise do espaço geográfico, as relações e interações de fenômenos sociais e naturais; • reconhecer e estabelecer relações entre as diversas escalas dos fenômenos geográficos (local, regional, global); • relacionar fatores históricos às estruturas da sociedade atual; • avaliar os impactos do trabalho humano no meio físico ao longo do tempo; • reconhecer a importância dos sistemas econômicos e políticos para a organização dos processos de produção do espaço; • selecionar, comparar e interpretar aspectos da realidade espacial, sem rupturas que comprometam a apreensão de seu contexto; • elaborar estratégias de pesquisa e investigação de informações que possam estimular reflexões e embasar a construção do conhecimento geográfico; • analisar criticamente a apropriação dos recursos naturais pelos seres humanos, considerando as demandas sociais e a necessidade de preservação do meio ambiente; • identificar, no espaço vivido, subsídios para a compreensão de fenômenos de interesse geográfico; • aplicar, no cotidiano, os conceitos e os conhecimentos adquiridos por meio do estudo da Geografia; • reconhecer, no espaço vivido, as manifestações de processos de abrangência global; • conduzir com autonomia seu próprio processo de aprendizagem, buscando nas experiências vividas e nos recursos teóricos os elementos para a aferição do mundo; • pautar-se em noções de cidadania para atuar nos ciclos sociais e interferir nas escalas espaciais em que está inserido; • relacionar os conteúdos do ensino de Geografia com outras disciplinas. Os conceitos geográficos na coleção Os conteúdos reunidos nesta coleção apoiam-se em conceitos que fundamentam o conhecimento geográfico e atendem às DCN, constituindo parâmetros para o desenvolvimento de práticas de ensino-aprendizagem adequadas às demandas atuais. O espaço geográfico, conceito elementar e ligado à própria unidade da Geografia como área do conhecimento, permeia toda a obra, sustentando a abordagem dos diferentes recortes da superfície terrestre e das diferentes feições que estes assumem, por meio da imbricação entre os fenômenos naturais e as atividades de apropriação social do espaço. 16 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 16 21.03.13 11:24:57 Em consonância com o espaço geográfico, os conceitos de paisagem, lugar e território são também categorias espaciais de fundamental importância para a interpretação do mundo sob a mediação do pensamento geográfico. A paisagem, entendida como produto dos sentidos, é um conceito tratado na obra como recurso visual (em fotografias e ilustrações) para a identificação ou contextualização de aspectos relevantes dos locais ou fenômenos trabalhados. Como categoria de análise, é trabalhada principalmente nos boxes, revelando como interagem os fenômenos naturais que competem para a disposição dos elementos físicos na superfície terrestre e permitindo o reconhecimento das características sociais manifestadas no espaço produzido. A concepção de lugar é utilizada como referência principalmente nos boxes e nas atividades, tendo como principal objetivo aproximar os temas que estruturam os capítulos da realidade particular e imediata dos alunos. Por meio de situações do cotidiano resgatadas em sala de aula, os alunos podem encontrar elementos preciosos para compreender várias questões trazidas pela coleção, ampliando assim sua consciência sobre sua identidade e seu pertencimento ao lugar, e estimulando sua inclinação para reflexões sobre relações de consenso e conflito, dominação e resistência. O território é o conceito atrelado ao exercício do poder, é sua manifestação no espaço, e por essa razão embasa os capítulos que priorizam as relações entre países, as estratégias de dominação econômica e as articulações políticas e geopolíticas. É por meio da noção de território que os alunos adquirem a capacidade de desvelar as relações de domínio e apropriação presentes no espaço geográfico. Outro conceito importante é o de escala, que aparece na obra definido basicamente de duas maneiras: com um sentido mais restrito, como recurso de produção dos materiais cartográficos; e com um sentido mais amplo – o de escala geográfica –, como instrumento de análise dos fenômenos que interagem nas diversas dimensões do espaço geográfico. O geógrafo Ailton Luchiari (2005, p. 56) e seus colaboradores, apoiados em Josué Montello, apresentam algumas definições para esse conceito, a saber: • escala cartográfica: indica a proporção entre o tamanho do objeto no terreno e as suas dimensões no mapa. É expressa numericamente por uma fração (por exemplo: 1 : 50 000), ou graficamente, por uma barra graduada; • escala dos fenômenos: indica as dimensões da ocorrência de fenômenos sobre a superfície terrestre. A região semiárida brasileira ocupa uma área total de 974 752 km2, e abrange a maior parte dos estados da Região Nordeste (86,48%), a região setentrional do estado de Minas Gerais (11,01%) e o norte do Espírito Santo (2,51%). Um conceito fortemente ligado ao de escala é o de globalização, que aparece articulado com os temas de diferentes capítulos. No artigo “A quem interessa a globalização” (cuja leitura é recomendada), o geógrafo e professor da Universidade de São Paulo (USP) Wagner Costa Ribeiro (1995, p. 18) define globalização como “um estilo de vida em configuração, no qual os agentes centrais seriam os consumidores (de informação e produtos)”. Manual do Professor 17 EE_G15GG1_manual.indb 17 21.03.13 11:24:57 Conceitos utilizados em áreas mais específicas da ciência geográfica (mas não menos importantes) foram apresentados e aprofundados em capítulos diretamente relacionados a seu campo de influência. Entre eles, podemos citar: recursos naturais, meio ambiente e desenvolvimento sustentável, energia, produção e fluxos. A Cartografia na coleção A Cartografia, além de um conjunto de técnicas ligadas à representação do espaço e aos códigos de linguagem pertinentes à Geografia, é um campo do conhecimento que complementa a análise espacial, viabilizando e legitimando a concretização dos estudos geográficos. Permite o registro sintético dos elementos levantados pela investigação geográfica, convertendo-o em instrumento de inferência da realidade. O domínio da Cartografia, portanto, não apenas viabiliza a documentação dos elementos de organização do espaço, como também confere maior qualidade à investigação e à interpretação dos objetos de pesquisa. Reconhecendo sua importância para o ensino da Geografia, a abordagem teórica da Cartografia é apresentada nesta coleção logo nos capítulos iniciais do volume 1. Isso garante que todo o conteúdo a ser trabalhado ao longo do Ensino Médio possa ser mais bem aproveitado pelos alunos, que, ao dominarem os elementos básicos da Cartografia, estarão mais aptos a apropriar-se com mais facilidade dos recursos cartográficos que dão suporte aos textos dos capítulos, além de selecionar, sistematizar e registrar as informações (dispostas em mapas ou não). Nos capítulos 1 e 2 do primeiro volume, estão: a fundamentação das noções de orientação e localização espacial; a definição do conhecimento cartográfico e sua construção histórica; a apresentação das projeções cartográficas como possibilidades de representação do mundo; e a abordagem técnica e conceitual da escala cartográfica. Como já foi exposto na parte final do texto introdutório, a leitura cartográfica (ou, em outras palavras, o domínio instrumental dos materiais cartográficos) conquista-se efetivamente por meio da produção de materiais. Desse modo, os subsídios fornecidos pela coleção devem ser contextualizados em trabalhos que utilizem diferentes exemplos de materiais cartográficos. Sempre que possível, os elementos da Cartografia devem ser significados por meio de atividades práticas, nas quais os alunos possam aplicá-los, formando arranjos completos. Os inúmeros mapas e gráficos distribuídos por todos os capítulos visam facilitar ou complementar a compreensão de temas presentes nos textos, sintetizar fenômenos, localizar áreas e ocorrências pontuais, fomentar interpretações, verificar tendências e evoluções temporais, além de comparar eventos que se manifestam de maneira desigual. Os materiais cartográficos que compõem as atividades propostas, principalmente as questões de vestibulares, são recursos reveladores de informações, considerados elementos de análise imprescindíveis. 18 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 18 21.03.13 11:24:57 O texto a seguir, demonstrando a importância dos mapas, remete ao papel da Cartografia na construção do conhecimento geográfico e no emprego desse conhecimento na interpretação e contestação do espaço geográfico. A importância do mapa O mapa, um modelo de comunicação visual, é utilizado cotidianamente por leigos em suas viagens, consulta de roteiros, localização de imóveis, e por geógrafos, principalmente, de forma específica. O mapa já era utilizado pelos homens das cavernas para expressar seus deslocamentos e registrar as informações quanto às possibilidades de caça, problemas de terreno, matas, rios etc. Eram mapas em que se usavam símbolos iconográficos e que tinham por objetivo melhorar a sobrevivência. Eram mapas topológicos, sem preocupação de projeção e de sistema de signos ordenados, mas os símbolos pictóricos eram de significação direta, sem legenda, pois era a própria linguagem deles, a iconográfica. Uma vez que a Geografia é uma ciência que se preocupa com a organização do espaço, para ela o mapa é utilizado tanto para a investigação quanto para a constatação de seus dados. A Cartografia e a Geografia e outras disciplinas, como a Geologia e a Biologia, caminham paralelamente para que as informações colhidas sejam representadas de forma sistemática e, assim, se possa ter a compreensão “espacial” do fenômeno. O mapa, portanto, é de suma importância para que todos que se interessem por deslocamentos mais racionais, pela compreensão da distribuição e organização dos espaços, possam se informar e se utilizar deste modelo e tenham uma visão de conjunto. Os espaços são conhecidos dos cientistas que os palmilham em suas pesquisas de campo, mas é o mapa que trará a leitura daquele espaço, mostrando a interligação com espaços mais amplos. Assim, também os leigos, ao se preocuparem com a organização do seu espaço, ou de forma mais cotidiana com deslocamentos mais racionais, ou circulações alternativas (congestionamentos, impedimentos), devem apelar para o mapa. [...] Mapeador x leitor de mapas Iniciando o aluno em sua tarefa de mapear, estamos, portanto, mostrando os caminhos para que se torne um leitor consciente da linguagem cartográfica. [...] A ação para que o aluno possa entender a linguagem cartográfica não está em pintar ou copiar contornos, mas em “fazer o mapa” para que, acompanhando metodologicamente cada passo do processo – reduzir proporcionalmente, estabelecer um sistema de signos ordenados, obedecer a um sistema de projeções para que haja coordenação de pontos de vista (descentralização espacial) –, familiarize-se com a linguagem cartográfica. PASSINI, Elza; ALMEIDA, Rosângela Doin. Espaço geográfico: ensino e representação. São Paulo: Contexto, 2002. Ainda sobre a temática em pauta, podemos apresentar uma série de questionamentos formulados por Ângela Katuta (2007, p. 147), que podem balizar a elaboração e o desenvolvimento de trabalhos em sala de aula com os alunos: Manual do Professor 19 EE_G15GG1_manual.indb 19 21.03.13 11:24:57 • Que objetivos pedagógicos eu tenho ao ensinar Geografia, portanto, o que enfatizarei no processo de alfabetização geográfica-cartográfica? • Que tipos de Geografia e de Cartografia eu devo abordar em sala de aula? As que são fundadas na cisão entre o sujeito e o objeto? Ou as fundadas na polissemia do sujeito e, portanto, do espaço? • É necessário que os discentes expressem cartograficamente as espacialidades por eles vivenciadas e percebidas, a fim de que construam a capacidade de entender a localização geográfica dos lugares? • Devo, momentaneamente, romper com a “norma culta” da Cartografia no processo de ensino e aprendizagem dos conhecimentos geográficos, a fim de que os alunos, em um momento inicial, consigam expressar, por meio de suas representações, os elementos vivenciados e percebidos no espaço cotidiano? • A fim de trazer geografias discentes para dentro da sala de aula, apenas a linguagem cartográfica basta? Outras linguagens se fazem necessárias para a compreensão dos lugares? • As linguagens escritas e cartográficas são excludentes ou complementares? Sabemos que o trabalho com gráficos em sala de aula é indispensável para uma completa apreensão da linguagem cartográfica. Acerca da função desse tipo de linguagem, recomendamos a leitura do texto “Aprendizagem significativa de gráficos no ensino de Geografia”, em que Elza Passini (2007, p. 174) afirma: “O gráfico possibilita a leitura imediata: ele é visual, mostra os dados organizados de forma lógica, prendendo-se à essência. É uma linguagem universal que permite ver a informação”. 3. Organização Apresentação didática da coleção temática dos volumes Esta coleção divide-se em três volumes, sendo cada um dirigido a um ano do Ensino Médio. Todos os volumes estão organizados em unidades compostas de capítulos cujos temas estabelecem relações entre si. O conteúdo dos capítulos foi elaborado de modo que possibilite aos alunos compreenderem as diversas relações existentes entre a sociedade e o meio, e, para isso, o recurso utilizado é a análise de diferentes etapas de processo de ocupação do espaço natural pelos seres humanos. Nos volumes 1 e 2 são analisadas as relações existentes entre os elementos do espaço natural e as formas de apropriação do espaço pela sociedade, tanto no que se refere aos aspectos econômicos como à dinâmica de ocupação humana. O volume 3 tem como objetivos aprofundar a análise acerca da dinâmica econômica global e debater temas voltados para a geopolítica dos séculos XX e XXI. 20 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 20 21.03.13 11:24:57 A coleção está estruturada da seguinte forma: Volume 1 – 1o ano O volume 1 é composto de três temas principais: noções cartográficas e de orientação espacial; aspectos físicos da superfície terrestre; e exploração dos recursos naturais. O elemento que confere unidade a esses temas centrais é o conceito de superfície terrestre, pois, como esta é a base física da construção do espaço geográfico e fonte de recursos, é necessário que a sociedade tenha o domínio sobre suas características. Nesse âmbito, a Cartografia emerge como parte do conhecimento técnico que a sociedade desenvolve como instrumento para esse conhecimento e domínio. Unidade 1 – Dinâmica espacial Focada no estudo da superfície terrestre (e por vezes apresentando exemplos específicos do Brasil), essa unidade aborda conhecimentos e técnicas de orientação e localização espacial; as diversas formas de representação cartográfica dos recortes espaciais; e as principais características do planeta Terra, destacando sua situação em relação aos demais astros do Sistema Solar e a estruturação de sua superfície em continentes e oceanos. Capítulo 1 – Orientação O capítulo apresenta as noções básicas de orientação e localização, os principais instrumentos e referenciais utilizados na orientação espacial, assim como o sistema de linhas imaginárias e coordenadas geográficas representadas nas cartas e nos mapas, além de sua relação com os fusos horários no mundo. Na página de abertura, o trecho extraído do livro Mar sem fim, de Amyr Klink, não apenas indica a importância fundamental dos equipamentos de orientação geográfica, mas, por meio de uma narrativa envolvente, abre possibilidades de sensibilização dos alunos em relação ao tema. Incentivar os alunos a pesquisar outros textos que impliquem a localização e a orientação espacial e confrontá-los com situações análogas já vivenciadas são alternativas para tornar a aula mais consistente e dinâmica. Capítulo 2 – Cartografia Neste capítulo, a Cartografia é apresentada conceitualmente e sua importância é ilustrada por uma perspectiva histórica. A evolução técnica e tecnológica também é destacada, assim como as projeções cartográficas e os elementos que compõem os mapas. O texto de abertura, um relato de uma experiência pessoal, indica que a Cartografia não se refere apenas à simples representação de espaços e de seus elementos. Sugerimos que esse texto seja utilizado para estabelecer uma discussão sobre como um mapa pode servir de meio para expressar interpretações do mundo e que, assim como um texto, pode gerar diferentes leituras. Essa discussão pode ser aproveitada para apontar o fato de que os próprios mapas são concebidos com base em objetivos previamente definidos ou, em outras palavras, podem adquirir caráter político ou ideológico. Manual do Professor 21 EE_G15GG1_manual.indb 21 21.03.13 11:24:57 Capítulo 3 – O mapa do mundo Este capítulo situa o planeta Terra em relação ao Sistema Solar, revelando suas dimensões, seu eixo de inclinação e seu movimento de translação (e sua influência no meio ambiente e na sociedade), além de caracterizar os oceanos e continentes que compõem a superfície terrestre. O depoimento de Marcos Pontes, primeiro astronauta brasileiro a deixar o planeta Terra, traz à tona o fascínio que as viagens extraplanetárias despertam no ser humano, desde os tempos anteriores à sua viabilização. As palavras do astronauta revelam a necessidade de pensarmos nossa relação com o planeta, enxergando-o como um sistema vivo e vulnerável. Capítulo 4 – O Brasil no mapa do mundo Neste capítulo, a localização geográfica do Brasil no planisfério, suas fronteiras e as divisões regionais são examinadas de modo mais minucioso. É neste momento que os aspectos regionais e contrastantes do país podem ser apresentados aos alunos, para que esse aprendizado seja uma referência quando estudarem os demais capítulos da coleção que tratam dessa temática. O trecho da entrevista com o jornalista Maurício Kubrusly pode ser utilizado como abordagem inicial, revelando a riqueza cultural do enorme território do Brasil. Também pode servir de estímulo e referência para a busca por outros textos ou materiais que demonstrem os inúmeros contrastes regionais brasileiros. Unidade 2 – Geologia e relevo A unidade trata dos elementos da Geologia e da Geomorfologia, ou seja, da estrutura interna da Terra e da crosta terrestre, além da estrutura superficial da crosta e das diferentes formas de relevo que compõem a superfície do planeta. Capítulo 5 – Elementos da Geologia Este capítulo traz a definição da Geologia como ciência e apresenta algumas de suas ramificações. A origem do planeta Terra é explicada para embasar o entendimento da formação de suas camadas internas, cujas características gerais também são descritas. A crosta terrestre e suas camadas recebem um tratamento privilegiado. Assim, a teoria das placas tectônicas é um dos temas abordados, bem como as eras geológicas e o processo de formação das rochas. Na abertura do capítulo há um poema de Mário Quintana, cuja leitura pode facilitar a introdução de alguns aspectos da importância dos estudos da Geologia, como as transformações que o planeta ou uma simples rocha passaram ao longo do tempo e a importância desses materiais para a compreensão da formação do planeta Terra. Capítulo 6 – Elementos da Geomorfologia Este capítulo expõe a dinâmica de formação do relevo, demonstrando que suas formas resultam da atuação complementar de dois tipos de processos: os internos e os externos. 22 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 22 21.03.13 11:24:57 Nessa dinâmica destacam-se fenômenos (como sismicidade, vulcanismo e intemperismo) e agentes modeladores do relevo. Resultantes da interação entre os processos internos e externos, as montanhas, os planaltos, as depressões e as planícies são caracterizadas como as principais formas de relevo. Ao realizar uma narrativa que tenta reconstruir um fato histórico – a erupção do Vesúvio e o soterramento de Pompeia – o autor abordou uma manifestação da dinâmica tectônica, o vulcanismo. A situação relatada no texto permite explorar questões referentes às características dos vulcões, suas ligações com as demais camadas da crosta terrestre e as consequências dessa manifestação para a sociedade. Capítulo 7 – Geologia e Geomorfologia do Brasil Neste capítulo são apresentadas as estruturas geológicas e geomorfológicas do Brasil, referenciadas por reconhecidos geógrafos brasileiros, como Aziz Ab’Sáber e Jurandyr Ross. O texto de abertura, uma notícia sobre um terremoto em Itacarambi (MG), comenta a ocorrência de terremotos no Brasil e permite introduzir o debate sobre esses fenômenos em território brasileiro, uma vez que é comum a ideia de que o país, por estar na porção central da placa Sul-americana, não passa por atividades sísmicas. Unidade 3 – Dinâmica da produção mineral e energética Após tratarmos dos processos de formação da crosta terrestre e dos tipos de rocha, apresentamos, neste módulo, o aproveitamento econômico dos recursos minerais provenientes dessa camada da Terra. Esses recursos naturais são empregados basicamente como matérias-primas ou fontes de energia. Capítulo 8 – A produção de minérios no mundo Este capítulo aborda os aspectos mais importantes relacionados à produção dos minérios, como as principais aplicações industriais, a distribuição e as características dos minérios mais utilizados no mundo, além das questões ambientais decorrentes da atividade mineradora. Na página de abertura, há um texto de Júlio Verne, extraído do livro Viagem ao centro da Terra, que ilustra o estudo dos recursos minerais. Apesar do caráter fictício de suas obras, Verne as escrevia aproveitando conceitos científicos e conhecimentos de sua época e misturava ficção e realidade. Isso confere um estilo envolvente às histórias, que podem ser utilizadas como um importante instrumento de sensibilização dos alunos para a temática da exploração do subsolo terrestre. Capítulo 9 – A produção de combustíveis fósseis no mundo Este capítulo expõe importantes questões a respeito da produção de combustíveis fósseis, revelando sua importância e as implicações ambientais de seu uso. Entre os problemas ambientais mais preocupantes, intensificados pelo consumo excessivo desses combustíveis, estão o aquecimento global e a chuva ácida. Manual do Professor 23 EE_G15GG1_manual.indb 23 21.03.13 11:24:57 O texto jornalístico apresentado na abertura do capítulo introduz o debate a respeito dos subsídios oferecidos à produção de combustíveis fósseis em detrimento dos oferecidos para outras fontes energéticas, e possibilita a análise da eficiência no consumo energético mundial. Capítulo 10 – A produção de minérios e combustíveis fósseis no Brasil O tema tratado neste capítulo é a distribuição regional da produção mineral e de combustíveis fósseis no território brasileiro, sempre enfocando a questão da atuação de capitais estrangeiros em conjunto com investimentos estatais nos grandes projetos ligados a essas atividades. A abertura apresenta o texto de Auguste de Saint-Hilaire, que descreve a sua visita à Real Fábrica de Ferro de São João de Ipanema. As informações desse texto podem ser utilizadas para tratar da diversidade e da quantidade de minérios do Brasil, além de possibilitar o início da análise da importância histórica da mineração para o país. Volume 2 – 2o ano O volume 2, além de apresentar temas focados no território brasileiro e em aspectos e fenômenos físicos, propõe um estudo voltado às questões sociais, principalmente as demográficas. Outra característica importante do volume é o trabalho paralelo de aspectos referentes ao mundo e ao Brasil. Unidade 1 – Dinâmica da natureza: clima e vegetação Esta unidade é dedicada aos elementos responsáveis pela definição de boa parte das características das paisagens naturais do planeta: hidrografia, clima e vegetação. Juntamente com o relevo e outros elementos naturais, eles interagem de modo diverso nas diferentes porções da superfície terrestre, formando os grandes domínios climatobotânicos. Capítulo 1 – Elementos do clima e da vegetação O capítulo trabalha assuntos relacionados ao clima e à vegetação. O tratamento desses elementos oferece muitas possibilidades de conexões, uma vez que eles influenciam-se mutuamente. Sobre o clima, trata-se de sua definição conceitual, comparativamente à noção de tempo atmosférico; de algumas formas de manifestação climática; dos principais fatores que atuam na definição dos tipos climáticos e na distribuição dos climas no mundo. O tema vegetação é inserido a partir da definição do conceito de biosfera, demonstrando sua relação com outros elementos da natureza, sobretudo o clima. Consta ainda uma proposta de classificação da vegetação, sua distribuição pela superfície do planeta e as possibilidades de seu aproveitamento econômico como recurso natural. O poema de Paulo Leminski e a imagem de abertura remetem ao fenômeno da precipitação. Utilizando exemplos da própria localidade da escola e da cidade, é possível iniciar um 24 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 24 21.03.13 11:24:57 diálogo sobre como esse fenômeno afeta a vida da população local e como ele é um elemento determinante na classificação dos climas. Capítulo 2 – Domínios climáticos e formações vegetais no mundo Os grandes domínios climatobotânicos são apresentados como classificação de extensas áreas da superfície da Terra cujos aspectos naturais são relativamente homogêneos. Reconhecido como um dos fatores mais importantes no condicionamento desses domínios, o clima permite situar suas características e sua ocorrência espacial. Pode-se, por exemplo, utilizando mapas disponíveis, perceber grande correlação entre a ocorrência dos tipos climáticos e de vegetação. O texto de Thaís Fernandes permite o debate a respeito das mudanças que a Floresta Amazônica passou ao longo da evolução geológica do planeta, e há a possibilidade de demonstrar que os estudos sobre as formações vegetais no mundo são realizadas por diferentes ramos da ciência, o que abre espaço para a elaboração de projetos interdisciplinares. Capítulo 3 – Clima e vegetação do Brasil Este capítulo parte do trabalho com clima e vegetação como elementos complementares, pois eles interagem de maneira fundamental para a formação das paisagens naturais. Apresentam-se os fatores climáticos (latitude, altitude, massas de ar, maritimidade e continentalidade) e os tipos climáticos brasileiros (sintetizados em climogramas), além da classificação das formações vegetais originais do Brasil e de alguns problemas ambientais que as afetam. Na abertura do capítulo, a narrativa de Graciliano Ramos, em um trecho do livro Vidas Secas, retrata uma paisagem que revela grande correspondência entre os elementos naturais, principalmente a formação vegetal (caatinga) e as características climáticas (aridez). Tão importante quanto chegar a essa constatação é perceber como o ambiente inóspito também corresponde à gravidade que marca as possibilidades de vida das personagens, ficando claro que o estudo dos aspectos naturais não deve ser feito à revelia das questões sociais. Unidade 2 – Dinâmicas da natureza: hidrografia e hidrografia do Brasil Esta unidade trata dos elementos e das características da hidrografia e sua relação com a população das diferentes regiões do Brasil, além de sua importância e seu aproveitamento econômico. Capítulo 4 – Elementos da hidrografia Após ser apresentada a hidrografia, é abordada a importância dos rios para as sociedades humanas e os elementos e fenômenos que regulam seus cursos e fluxos. Da dinâmica hídrica também são apontadas a formação das bacias hidrográficas e a interferência dos rios no perfil do terreno (e vice-versa), por meio de processos erosivos e de sedimentação. Manual do Professor 25 EE_G15GG1_manual.indb 25 21.03.13 11:24:57 No poema de João Cabral de Melo Neto, a essência da vida (humana) da personagem é comparada e confundida com a fluidez dos rios. O poema nos leva a pensar não apenas no que há em comum entre ser humano e rio (o movimento rumo ao destino), mas sobretudo em como a vida daquele depende da vida deste. A carga de significantes que essa e outras obras literárias conferem aos rios é uma maneira estimulante de introduzir o tema hidrografia. Capítulo 5 – Hidrografia e recursos hídricos no Brasil Sobre a hidrografia são tratados, neste capítulo, desde os elementos que compõem uma bacia hidrográfica até as características das maiores bacias e dos principais rios brasileiros. A importância econômica e social da rede hidrográfica brasileira nas diferentes regiões do país é um dos aspectos mais enfatizados. O capítulo traz, na abertura, mais um trecho de obra literária. Trata-se de um excerto de Sagarana, de Guimarães Rosa, livro em que o autor faz brilhantes ambientações dos lugares onde os enredos se desenrolam. Ao construir essas ambientações, os rios aparecem como elemento significativo de várias paisagens – no trecho em questão, eles delimitam o palco da trama, constituindo o espaço chamado de “mesopotâmia”. Essa denominação remete, por analogia, à região do Oriente Médio que corresponde ao atual Iraque e é cercada pelos rios Tigre e Eufrates, fundamentais para a sobrevivência e o desenvolvimento dos povos locais. Essas descrições fornecem o ensejo para abordar a importância dos rios não apenas como fontes de recursos naturais, mas também como elementos de composição territorial. Unidade 3 – Dinâmica da população Esta unidade é composta de capítulos que abordam questões demográficas mundiais, indicando tendências e fatores relativos à estrutura populacional dos países, além de tratar da discussão sobre as consequências sociais relacionadas à demografia. A demografia do Brasil também é trabalhada, fornecendo-se elementos para apreender o perfil da população brasileira por meio de dados sobre sua distribuição pelo território, sua estrutura demográfica, os deslocamentos populacionais e o processo de urbanização. Capítulo 6 – Distribuição e crescimento da população mundial O capítulo aborda a dinâmica da população mundial, trazendo dados demográficos e os principais fatores históricos do crescimento populacional no mundo. Nesse contexto são apresentadas as teorias demográficas. A população mundial hoje ultrapassa 7 bilhões de habitantes, e o crescimento populacional mundial gera debates e preocupações em relação ao acesso dos habitantes do planeta aos recursos naturais e serviços básicos, como o saneamento básico. Essas questões são analisadas no texto de André Julião. 26 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 26 21.03.13 11:24:57 Capítulo 7 – Estrutura e migrações da população mundial Este capítulo, complementando o capítulo 6, mostra a composição da estrutura populacional e sua representação em pirâmides etárias. As estruturas da população brasileira e de outros países são tomadas como exemplos para abordar os fatores que condicionam a configuração de cada perfil demográfico. Outro importante tema contemplado no capítulo são os movimentos populacionais e sua importância para a composição das populações. A página de abertura deste capítulo traz um poema de Ribeiro Couto que descreve a situação dos imigrantes no Brasil. O poema ilustra a diversidade étnica da população brasileira, revelando essa diversificação como uma das consequências dos fluxos migratórios, além de expor alguns aspectos da inserção dos imigrantes no Brasil. A necessidade de os imigrantes buscarem uma vida melhor e suas dificuldades de adaptação a novas realidades são alguns dos pontos a serem contemplados por meio da leitura do poema. Capítulo 8 – Distribuição, crescimento e estrutura da população do Brasil Tratando da dinâmica demográfica brasileira, o capítulo trabalha conceitos e informações a respeito da população absoluta e relativa das regiões do país, do crescimento populacional e da estrutura demográfica, identificando a tendência de envelhecimento dessa população. A página de abertura traz um fragmento da célebre obra de Darcy Ribeiro, O povo brasileiro, recompondo a formação da população do Brasil. O autor demonstra a formação do caráter miscigenado do povo brasileiro e destaca a pluralidade cultural. O papel dos povos indígenas e dos africanos na composição da base da população brasileira também é destacado por ele. Capítulo 9 – Migrações externas e internas da população do Brasil O capítulo apresenta os movimentos populacionais brasileiros, destacando os fluxos históricos de imigração e emigração entre o Brasil e outros países, e aqueles das migrações internas. Além da identificação e da tipificação dos deslocamentos populacionais, também são tratados os fatores de atração e repulsão como motores do processo migratório. A página de abertura do capítulo traz a letra da música “Encontros e despedidas”, de Milton Nascimento e Fernando Brant. A letra retrata uma estação com constantes chegadas e saídas de trens, remetendo à própria condição de mobilidade do ser humano, impelido a deslocar-se dependendo dos rumos da vida, mas motivado, essencialmente, pelos objetivos de ter uma vida melhor. O título da canção também alude a situações corriqueiras no Brasil em função dos fluxos migratórios, como quando famílias são obrigadas a fragmentar-se porque apenas parte dos membros consegue partir em busca de meios de sobrevivência, criando a demanda por reencontros que nem sempre ocorrem. Capítulo 10 – Urbanização no Brasil Este capítulo aborda o processo de urbanização no Brasil, trazendo os conceitos de urbanização, aglomerados urbanos e regiões metropolitanas. Além disso, são apresentadas Manual do Professor 27 EE_G15GG1_manual.indb 27 21.03.13 11:24:58 as características da urbanização das regiões e os problemas socioambientais das grandes cidades brasileiras. O texto de Sérgio Junior discute o conceito de cidade e a importância que esta tem para a sociedade, além de já iniciar a associação entre o processo de industrialização e o fenômeno da urbanização. Volume 3 – 3o ano O volume 3 desta coleção volta-se para as relações e questões internacionais, sem deixar de tocar em pontos importantes para a compreensão da realidade brasileira. Nesse sentido, são propostos temas ligados a disputas geopolíticas, relações econômicas no âmbito da globalização, dinâmicas do desenvolvimento econômico e industrial, sistemas produtivos, questões e confrontos territoriais, entre outros. A análise da atividade produtiva, tanto no âmbito industrial como no agropecuário, também contribui para uma compreensão mais aprofundada das relações políticas e econômicas no Brasil e no mundo. Assim, o volume possibilita o desenvolvimento de um olhar crítico sobre um mundo cada vez mais complexo. Unidade 1 – Da ordem bipolar à nova ordem mundial Esta unidade trabalha as articulações econômicas e políticas internacionais, destacando os jogos de poder desdobrados em dois importantes momentos históricos: após a Segunda Guerra Mundial e após o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), que foi acompanhado pelo processo de globalização e pela formação de blocos econômicos supranacionais. Capítulo 1 – Do mundo bipolar ao fim da Guerra Fria O capítulo revela como as decorrências geopolíticas da Segunda Guerra Mundial levam à configuração de um arranjo de poder estruturado em duas grandes potências, os Estados Unidos e a URSS. Esse arranjo, chamado de ordem bipolar, duraria até o fim da década de 1980. O texto de abertura de John Hersey, do seu livro Hiroshima, trata delicadamente das consequências do lançamento da bomba atômica sobre a cidade japonesa de Hiroshima para a vida das pessoas, chamando o leitor a refletir sobre a dimensão humana, e não somente política, da guerra. Por meio de sua leitura, é possível discutir com os alunos como decisões externas a um país podem afetar o modo de vida de sua população – neste caso de modo muito evidente. Se possível, apresente exemplos de situações recentes em que medidas ou imposições externas (como aquelas introduzidas pelo Fundo Monetário Internacional – FMI –, ou por países influentes, como os Estados Unidos) vão alterando ao longo do tempo, mesmo que de modo pouco perceptível, a situação econômica, política e social de alguns países. 28 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 28 21.03.13 11:24:58 Capítulo 2 – A nova ordem mundial O capítulo expõe o processo de desarticulação da ordem bipolar, a partir da decomposição do bloco socialista, para dar lugar a uma ordem que, de modo geral, pode ser entendida como politicamente unipolar e economicamente multipolar. Esse contexto passou a ser chamado de nova ordem mundial. A música de Caetano Veloso permite sensibilizar e compreender inicialmente os processos de reorganização política mundial que têm ocorrido nas últimas décadas. Capítulo 3 – Globalização da economia O capítulo aborda as relações econômicas internacionais no contexto da globalização, enfatizando a expansão da atuação das empresas transnacionais. São apresentadas também importantes informações sobre os principais blocos econômicos, demonstrando, sobretudo, a origem e a evolução da União Europeia. A letra de Arnaldo Antunes apresenta situações que revelam os intercâmbios possibilitados pelo processo de globalização. Por meio do aumento exponencial do fluxo de mercadorias, finanças e pessoas, as relações culturais, econômicas e sociais estão se tornando cada vez mais intensas. Ao mesmo tempo, a canção remete ao estabelecimento de barreiras reforçadas à entrada de determinados grupos em determinados territórios, mostrando as contradições advindas do processo de globalização. Unidade 2 – O mundo atual: desigualdades e conflitos O subdesenvolvimento e os conflitos territoriais no mundo são as tônicas desta unidade. Além dos condicionantes específicos de cada caso abordado, a unidade trata dos processos de colonização promovidos pelas potências industriais como motivadores essenciais dessas questões. Capítulo 4 – Características do subdesenvolvimento Neste capítulo são apresentadas as causas e consequências da situação de subdesenvolvimento de muitos países da África, da Ásia e da América Latina. Indicadores socioeconômicos, como aqueles que tratam das condições de moradia, saúde, renda etc. são trabalhados para oferecer parâmetros para a análise da precariedade das condições de vida e de produção nesses países. O poema de Ferreira Gullar apresenta elementos que caracterizam os principais problemas verificados em países subdesenvolvidos, como a fome, o desemprego, a desigualdade social, os preços elevados e a corrupção. Capítulo 5 – Conflitos e questões territoriais na África e na América Latina Neste capítulo, as questões territoriais da África são reveladas a partir da ocupação colonialista do continente pelos europeus – a chamada “partilha da África”. A herança desse processo é apontada como desastrosa, resultando em conflitos violentos e pobreza crônica. Manual do Professor 29 EE_G15GG1_manual.indb 29 21.03.13 11:24:58 Sobre as questões territoriais da América Latina, o capítulo expõe a formação do socialismo em Cuba e seu papel na Guerra Fria, além de tratar dos conflitos envolvendo a guerrilha colombiana e da geopolítica amazônica. A letra da banda de rock Legião Urbana demonstra como as guerras são um negócio lucrativo, o que aponta para a dificuldade de reduzir o número de conflitos no mundo. Além disso, o recrutamento de crianças para a guerra tem sido uma prática comum, ilegalmente estimulada por grandes potências em territórios de países de frágil economia e fraca assistência social. Capítulo 6 – Conflitos e questões territoriais na Ásia O capítulo expõe vários conflitos envolvendo questões territoriais na Ásia. Entre eles, destacam-se: os conflitos no Oriente Médio (incluindo a questão palestina e a luta dos curdos pelo direito a um Estado), os conflitos relacionados às questões territoriais da China, a Guerra da Coreia e a disputa entre Índia e Paquistão pela Caxemira. O texto de abertura do capítulo, Conselho de Segurança destaca diplomacia preventiva como solução para conflitos na Ásia Central, fala sobre o papel da ONU na resolução de conflitos e mostra a importância de se pensar na diplomacia para a promoção de diálogos entre países. Unidade 3 – A produção industrial A unidade é composta de temas ligados à industrialização, recompondo as fases da Revolução Industrial, trazendo as especificidades da industrialização no Brasil e de outros países do mundo. Capítulo 7 – O desenvolvimento da atividade industrial Este capítulo aborda os aspectos mais importantes da industrialização. O principal destaque é dado ao processo da Revolução Industrial, demonstrando suas etapas e apontando as transformações sociais e econômicas decorrentes dela. Discriminam-se os principais tipos de indústria e apresentam-se os fatores da localização industrial. O texto de abertura relata a experiência de um jornalista que visitou uma fábrica robotizada na Coreia do Sul e fala dos avanços tecnológicos impressionantes que são usados na indústria. Capítulo 8 – A produção industrial no Brasil Este capítulo apresenta conteúdos referentes à industrialização brasileira, expondo as fases de estruturação de seu parque fabril, o papel do Estado como provedor de infraestruturas e investimentos diretos no processo de industrialização, a distribuição regional das indústrias e a recente tendência de desconcentração industrial. A música de Chico Buarque trata do trabalhador de linhas de montagem, cuja atividade é caracterizada pela repetição e pela alienação do processo produtivo, devido à especificidade e à parcialidade de suas tarefas. Além disso, são apresentados alguns elementos característicos da industrialização brasileira. 30 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 30 21.03.13 11:24:58 Capítulo 9 – A atividade industrial nos Tigres Asiáticos e nos Brics Neste capítulo são apresentadas as condições do desenvolvimento industrial e econômico dos Tigres Asiáticos – grupo de países em desenvolvimento no Sudeste Asiático –, e dos Brics – grupo de países emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Os países dos dois grupos estão ampliando cada vez mais sua participação no mercado mundial. O texto de abertura, uma notícia de economia, trata dos Brics e da possibilidade de o Brasil perder a posição no grupo, pois a economia do país não vem crescendo como previsto. Capítulo 10 – Atividade industrial no Grupo dos Sete (G7) Neste capítulo, trabalha-se a produção industrial nos países do G7, demonstrando sua importância no contexto mundial, principalmente no que diz respeito ao poder econômico exercido pelos Estados Unidos. Também são descritas as características dos parques industriais dos países do grupo, destacando-se os principais tipos de indústria e parte dos problemas ambientais gerados pela atividade industrial dessas potências econômicas. Na página de abertura, há uma notícia que aborda a crise na União Europeia e o seu reflexo no setor industrial. Unidade 4 – A produção agropecuária no mundo e no Brasil Esta unidade volta-se à atividade agropecuária no mundo e no Brasil, levantando aspectos das técnicas e tecnologias aplicadas no campo e sua importância econômica. No caso brasileiro, aborda-se também a questão fundiária. Capítulo 11 – Agropecuária no mundo São destaques deste capítulo: a participação da agropecuária no comércio mundial, os sistemas agropecuários de produção e as características da produção agropecuária em diversas regiões do mundo, dividindo-o em países do Norte e países do Sul. A composição de Arnaldo Antunes na abertura possibilita iniciar questionamentos sobre as diferentes formas de utilização do solo. Mesmo no âmbito apenas dos objetivos ligados à agricultura, o solo pode ser cultivado por meio de diversos sistemas. Capítulo 12 – Agropecuária no Brasil O capítulo traz uma caracterização da agricultura e da pecuária no Brasil, retratando suas formas de produção e aproveitamento, a estrutura fundiária e os problemas que dela decorrem, além do desenvolvimento agropecuário das regiões. O texto trata do agronegócio e seu impacto para a economia, a sociedade e o meio ambiente no Brasil. Para explicar esses impactos, a notícia cita uma pesquisa de um biólogo. Estrutura interna dos volumes Abertura dos capítulos As aberturas dos capítulos, de maneira geral, procuram abordar aspectos do conteúdo a ser tratado por meio de diferentes gêneros literários (notícias de jornal, relatos, músicas, Manual do Professor 31 EE_G15GG1_manual.indb 31 21.03.13 11:24:58 poemas, textos literários etc.). Dessa forma, além de apresentar o tema de forma prazerosa, elas adquirem um caráter interdisciplinar com Língua Portuguesa, dando a possibilidade ao professor de trabalhar o texto em sala de aula mais amplamente. Texto-base dos capítulos A proposta didática da coleção está intrinsecamente relacionada à estrutura de textos-base, boxes e atividades propostas presentes em cada capítulo. Os textos de cada capítulo procuram apresentar e resgatar para os alunos os conteúdos consagrados dentro da ciência geográfica e relevantes para o Ensino Básico, sob a égide dos documentos educacionais oficiais, oferecendo subsídios para uma discussão fundamentada das temáticas trabalhadas. Esta seção, portanto, serve de referência e aporte inicial relativo aos conteúdos geográficos distribuídos tematicamente ao longo dos capítulos. É importante buscar uma articulação entre esses textos e as demais seções dos capítulos em que cada um deles se insere. Quando conveniente, deve-se articular também os textos de um capítulo aos demais, buscando sempre um diálogo e uma continuidade entre eles. Dessa forma, o professor criará melhores condições para que os estudantes não apenas absorvam as informações básicas, mas também as associem à sua realidade e reflitam sobre os conteúdos, permitindo assim seu posicionamento e até mesmo engajamento e inserção nas problemáticas que despertem seu interesse e estejam em seu campo de atuação. Os boxes O objetivo dos boxes é propiciar uma abordagem ao mesmo tempo alternativa e complementar àquela apresentada no texto-base de cada capítulo. Por meio das orientações e atividades que eles oferecem, é possível proporcionar referências aos alunos para que eles executem um trabalho de reflexão, articulação e aprofundamento dos conteúdos apresentados. É imprescindível compreender que, apesar de as propostas de trabalho sugeridas (ou seja, o fazer Geografia dentro dos processos de ensino-aprendizagem) nos textos de base e nas seções de boxes e atividades serem diferentes entre si, elas não são, de modo algum, excludentes, mas complementares. Esta seção também contribui para a contextualização de temas socioeconômicos, políticos, culturais e ambientais, trabalhando-se exemplos do cotidiano ou assuntos que, de modo geral, despertam interesse nos jovens. Outra possibilidade contemplada pelos boxes é o estabelecimento de relações entre conteúdos que, em determinadas ocasiões, aparecem como dissociados – é o caso, por exemplo, daqueles relacionados ao meio físico e às atividades humanas, ou dos fenômenos de abrangência global que têm efeitos locais. As atividades presentes nos boxes permitem aprofundar o conhecimento por meio da aplicação de procedimentos e da proposição de reflexões e pesquisas, que levam ao reconhecimento dos temas abordados em situações factuais. 32 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 32 21.03.13 11:24:58 As atividades Assim como os boxes, as atividades da coleção foram elaboradas com base em propostas que permitem a ampliação da capacidade analítica dos alunos e o desenvolvimento de procedimentos de estudo e pesquisa. Com objetivos específicos, as atividades encontram-se divididas nas seções descritas a seguir. Retomando o conteúdo O objetivo fundamental desta seção é a revisão do conteúdo. Porém ela não propõe cumprir esse objetivo por meio de tarefas de simples memorização, mas de propostas que levem os alunos a aprimorar habilidades, como selecionar informações, relacionar conceitos e sintetizar dados e informações. Ampliando o conhecimento As atividades desta seção foram desenvolvidas para estimular procedimentos e habilidades, como leitura, análise, reflexão, pesquisa, comparação e estabelecimento de relações. Para isso, variados recursos de ensino são utilizados, como charges, quadrinhos, fotos, mapas, gráficos, tabelas, poemas, canções e textos jornalísticos que tratam de questões atuais relativas ao tema trabalhado. Esses recursos e linguagens contribuem para ampliar o repertório geográfico e cultural dos alunos e podem, quando for conveniente, ser utilizados como disparadores para trabalhos de caráter interdisciplinar. As respostas e opiniões indicadas não necessariamente se vinculam de maneira integral ao conteúdo do livro, o que exige dos alunos, guiados por uma adequada orientação, buscar e pesquisar outras informações para, de fato, ampliar seus conhecimentos. Atividade final Esta seção apresenta uma proposta diversificada, com o objetivo de oferecer uma atividade de sistematização e fechamento do capítulo. Entre os exercícios que a compõem, podem ser citados: • debate; • pesquisa e trabalho de campo; • leitura e produção de texto; • pesquisa de dados; • pesquisa e produção de texto; • pesquisa e debate; • filme e debate; • análise de mapas; • produção de mapas. Manual do Professor 33 EE_G15GG1_manual.indb 33 21.03.13 11:24:58 Com essa proposta, busca-se aprofundar os conhecimentos dos estudantes por meio de atividades que, de forma geral, exigem análise, reflexão, leitura e produção de textos (contribuindo para a interpretação e a construção da escrita), desenvolvimento da oralidade e capacidade de argumentação. Desta seção também constam atividades voltadas para a alfabetização cartográfica e para a compreensão da realidade em contextos vivos, como estudos do meio. Por ter propostas amplas que exigem do aluno conhecimentos de outras matérias, como Língua Portuguesa ao se propor a produção de texto, essas atividades acabam por promover a interdisciplinaridade. Projeto interdisciplinar Nesta seção, por meio de projetos que estimulam a pesquisa, a curiosidade, a teoria e a prática, e a construção de um conhecimento coletivo, procura-se explorar o interdisciplinar, ao unir áreas do conhecimento distintas. Cada projeto tem propostas diferentes e a interação de matérias diversificadas, como Língua Portuguesa, História, Química, Biologia, Matemática, Sociologia e Literatura. Enem e vestibulares O objetivo desta seção é possibilitar que os alunos se familiarizem com os formatos, os conteúdos e as habilidades comumente apresentados e exigidos nas provas do Enem e dos principais vestibulares do país, podendo desenvolver seu domínio sobre esse tipo de avaliação. Selos Ao longo do livro, os alunos e o professor poderão identificar dois selos diferentes: o de “Interdisciplinaridade” e o de “Contextualização”. Interdisciplinaridade Estes selos indicam que naquele trecho de conteúdo do livro há interdisciplinaridade com alguma outra área do conhecimento, como História, Matemática, Física, Química, Biologia e Literatura. O selo serve como referência ao aluno. Já para o professor, na parte “Orientações sobre os capítulos” deste manual, ele poderá encontrar uma nota, indicando como a Geografia e as áreas do conhecimento indicadas se relacionam. ConTEXTUALIZAÇÃO O selo “Contextualização” serve como indicação de uma atividade que procura aproximar, ao máximo, a realidade, a experiência e a vivência do aluno ao conteúdo estudado e, dessa forma, consolidar sua aprendizagem. A atividade com o selo pode aparecer nos boxes do livro, no “Retomando o conteúdo”, no “Ampliando o conhecimento” ou na “Atividade final”, por meio de propostas como pesquisas, perguntas cuja resposta remeta à realidade do aluno, debates e leitura e análise de textos. 34 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 34 21.03.13 11:24:58 Conteúdos dos volumes Volume 1 Unidade 1 – Dinâmica espacial Capítulo Conteúdo 1. Orientação O que é orientação. Pontos de orientação. Instrumentos de orientação. Coordenadas geográficas Fusos horários 2. Cartografia O que é Cartografia? História da Cartografia. Tecnologia e projeções cartográficas. Escalas gráficas e numéricas. Legendas e suas funções. Cartografia e ideologia. 3. O mapa do mundo A Terra, movimento de translação e estações do ano. Movimento aparente do Sol. Zonas térmicas. Dimensões terrestres. Continentes, oceanos e mares. 4. O Brasil no mapa do mundo O Brasil no mundo. Fusos horários no Brasil. Diferentes regionalizações do Brasil. As fronteiras brasileiras. Unidade 2 – Geologia e relevo Capítulo Conteúdo 5. Elementos da Geologia O que a Geologia estuda? A estrutura interna da Terra. A teoria das placas tectônicas. O equilíbrio isostático da crosta. As eras geológicas. Os minerais e as rochas. 6. Elementos da Geomorfologia A dinâmica interna da Terra: epirogênese, orogênese, fenômenos sísmicos e vulcânicos. A dinâmica externa da Terra: intemperismo e erosão. Formas de relevo. 7. Geologia e Geomorfologia do Brasil Estrutura geológica do Brasil. Estrutura geomorfológica do Brasil. Classificações do relevo brasileiro: Aroldo de Azevedo, Aziz Ab’Sáber, Jurandyr Ross. O relevo nas regiões brasileiras. Manual do Professor 35 EE_G15GG1_manual.indb 35 21.03.13 11:24:58 Unidade 3 – Dinâmica da produção mineral e energética Capítulo Conteúdo 8. A produção de minérios no mundo A importância da atividade mineral. Minério de ferro e produção do aço. Os minérios de manganês, estanho, níquel e cromo e a produção de aços especiais. O minério de alumínio e a produção do alumínio metálico. O ouro e a prata. Importadores e exportadores de minérios no mundo. A exploração mineral e a questão ambiental. 9. A produção de combustíveis fósseis no mundo Fontes energéticas. A produção e o consumo de carvão mineral. Petróleo: origem, importância, produção e consumo. A produção e o consumo do gás natural. Consumo de combustíveis fósseis, o aquecimento global e a chuva ácida. 10. A produção de minérios e combustíveis fósseis no Brasil A produção mineral brasileira. A distribuição regional da produção mineral no Brasil. As fontes de energia primária. O petróleo, o carvão mineral, o gás natural, a lenha e o carvão vegetal no Brasil. Volume 2 Unidade 1 – Dinâmicas da natureza: clima e vegetação Capítulo Conteúdo 1. Elementos do clima e da vegetação O que é atmosfera? Buraco na camada de ozônio. Tempo e clima. Temperatura e pressão atmosférica. As massas de ar. Fenômenos meteorológicos. Distribuição dos climas. Correntes marítimas. A biosfera. 2. Domínios climáticos e formações vegetais no mundo Interações entre vegetação e clima. O mundo frio, o mundo temperado e o mundo tropical. 3. Clima e vegetação do Brasil O clima brasileiro e a classificação climática do Brasil. A vegetação brasileira. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). 36 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 36 21.03.13 11:24:58 Unidade 2 – Dinâmicas da natureza: hidrografia e hidrografia do Brasil Capítulo Conteúdo 4. Elementos da Hidrografia A distribuição das águas superficiais. A distribuição de água doce no Brasil. O consumo de água na Terra. A importância dos rios e os regimes fluviais. Erosão, transporte de sedimentos e sedimentação. O uso econômico dos rios no mundo. 5. Hidrografia e recursos hídricos no Brasil A hidrografia brasileira. As regiões hidrográficas do Brasil. As bacias hidrográficas brasileiras. O uso econômico dos rios brasileiros. Unidade 3 – Dinâmica da população Capítulo Conteúdo 6. Distribuição e crescimento da população mundial População mundial. O crescimento da população mundial. As teorias demográficas. 7. Estrutura e migrações da população mundial As diferentes estruturas populacionais. O que é migração? Os grandes movimentos migratórios. 8. Distribuição, crescimento e estrutura da população do Brasil A população absoluta e relativa do Brasil. O crescimento da população brasileira. A estrutura da população brasileira. A estrutura étnica. 9. Migrações externas e internas da população do Brasil A imigração no Brasil. As migrações internas. As migrações pendulares. A emigração de brasileiros. 10. Urbanização no Brasil O que é urbanização. A urbanização no Brasil. A hierarquia urbana e as regiões metropolitanas. Os problemas urbanos. Volume 3 Unidade 1 – Da ordem bipolar à nova ordem mundial Capítulo Conteúdo 1. Do mundo bipolar ao fim da Guerra Fria A geopolítica após a Segunda Guerra Mundial. A ordem mundial bipolar. A Guerra Fria. 2. A nova ordem mundial O fim da União Soviética. As transformações no Leste Europeu. A nova ordem política e econômica no mundo. 3. Globalização da economia Intensificação do comércio internacional e globalização da economia. Os blocos econômicos. Manual do Professor 37 EE_G15GG1_manual.indb 37 21.03.13 11:24:58 Unidade 2 – O mundo atual: desigualdades e conflitos Capítulo Conteúdo 4. Características do subdesenvolvimento O subdesenvolvimento no mundo. As diferentes formas de dividir o mundo. Medindo o desenvolvimento. As graves deficiências sociais. As graves deficiências econômicas. 5. Conflitos e questões territoriais na África e na América Latina Grandes conflitos e questões territoriais na África. Grandes conflitos e questões territoriais na América Latina. 6. Conflitos e questões territoriais na Ásia Os conflitos e questões territoriais no Oriente Médio. Os conflitos e questões territoriais no Extremo Oriente. Os conflitos na Ásia Meridional. Unidade 3 – A produção industrial Capítulo Conteúdo 7. O desenvolvimento da atividade industrial A era da indústria. Tipos de indústria. A localização industrial. Primeira, Segunda e Terceira Revoluções Industriais. 8. A produção industrial no Brasil Economia industrial do Brasil. A distribuição regional da indústria. 9. A atividade industrial nos Tigres Asiáticos e no Brics A atividade industrial nos Tigres Asiáticos. A atividade industrial no Brics. 10. Atividade industrial no Grupo dos Sete (G7) A distribuição mundial das indústrias. A atividade industrial nos países do G7. Unidade 4 – A produção agropecuária no mundo e no Brasil Capítulo Conteúdo 11. Agropecuária no mundo A agricultura e a pecuária. A agropecuária nos países do Norte. A agropecuária nos países do Sul. Agricultura de plantation. 12. Agropecuária no Brasil A agricultura no Brasil. A estrutura fundiária. A questão da reforma agrária. Principais áreas de produção agropecuária. 38 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 38 21.03.13 11:24:58 4. Fundamentos e objetivos do volume O volume do 1o ano desta coleção é estruturado de forma a permitir: a apreensão dos aspectos físicos da superfície terrestre e dos fenômenos (principalmente os naturais) que atuam em sua configuração; a compreensão das possibilidades de representação da superfície terrestre, por meio do emprego das técnicas cartográficas básicas e da reflexão sobre a contribuição dos produtos cartográficos para a análise do espaço; e o reconhecimento de como o meio físico e os elementos que o constituem podem ser apropriados pelos seres humanos na condição de recursos naturais. Depreende-se dessa estrutura que a técnica é um elemento de mediação entre a atividade humana e o meio natural – seja na apropriação direta da superfície terrestre pelos seres humanos no processo de produção de espaços geográficos (como celeiro de recursos naturais), seja na apropriação simbólica do espaço, que também dá base ao conhecimento científico e pode ser reconhecida, por exemplo, nas representações cartográficas. Os conteúdos propostos neste volume contribuem para o desenvolvimento de atividades e estratégias que podem proporcionar, ao aluno, aquisições referentes aos seguintes objetivos: • reconhecer e saber utilizar os pontos cardeais para a localização em mapas e no espaço concreto; • saber utilizar a rosa dos ventos; • ter noção do funcionamento da bússola e de outros instrumentos de orientação; • compreender a função das coordenadas geográficas e saber utilizá-las para encontrar a localização de pontos determinados em representações cartográficas; • compreender a função da Cartografia; • reconhecer os diferentes tipos de mapa e as possibilidades de uso de cada um; • entender como as projeções cartográficas determinam as características dos mapas e podem refletir as ideologias de quem os produz; • reconhecer as características da superfície terrestre em relação à distribuição das águas e das terras emersas; • reconhecer as especificidades dos continentes; • reconhecer as características das camadas internas da Terra; • entender o que são as placas tectônicas e as consequências de sua movimentação; • compreender a origem dos fenômenos tectônicos; • apreender o modo como as eras geológicas foram estruturadas, para organizar cronologicamente os eventos que remontam à evolução da Terra; • compreender o que são minerais e reconhecer os tipos de rocha; • entender os processos de formação das rochas; • reconhecer os agentes internos e externos de formação do relevo; • relacionar os mecanismos internos e externos, para compreender a formação do relevo; • reconhecer a importância dos minerais para as atividades humanas; Manual do Professor 39 EE_G15GG1_manual.indb 39 21.03.13 11:24:58 • ter noção da variedade de minerais metálicos disponíveis na natureza e das possibilidades de utilização de seus principais tipos; • avaliar os principais problemas ambientais decorrentes da exploração mineral; • identificar as principais fontes energéticas; • analisar os principais aspectos relacionados à exploração e ao consumo de carvão mineral, petróleo e gás natural no mundo; • entender a importância do petróleo no mundo contemporâneo e interpretar as implicações de seu consumo exagerado; • interpretar criticamente a relação entre a dependência dos combustíveis fósseis e a geração de impactos ambientais; • reconhecer os principais aspectos da produção mineral brasileira; • identificar os principais recursos minerais explorados no Brasil e a localização de suas principais jazidas; • recompor os aspectos mais importantes da história da exploração de petróleo no Brasil. 5. Organização do volume Este volume está organizado em capítulos, que, por sua vez, agrupam-se em três unidades temáticas, como segue: Unidade 1 – Dinâmica espacial Capítulo 1 – Orientação; Capítulo 2 – Cartografia; Capítulo 3 – O mapa do mundo; Capítulo 4 – O Brasil no mapa do mundo A correlação entre os temas centrais dos capítulos que formam esta unidade se estabelece em torno da apreensão da superfície terrestre como espaço geográfico e como espaço de representação regional ou global. A unidade apresenta a caracterização da superfície terrestre, as técnicas cartográficas que viabilizam sua representação em produtos diversos e noções de orientação espacial, que pode ser realizada na própria superfície terrestre e nela encontrar referenciais. Unidade 2 – Geologia e relevo Capítulo 5 – Elementos da Geologia; Capítulo 6 – Elementos da Geomorfologia; Capítulo 7 – Geologia e Geomorfologia do Brasil Esta unidade aborda a Geologia e a Geomorfologia. A primeira diz respeito ao substrato rochoso que dá forma à superfície terrestre e às camadas internas da Terra. A segunda, às formas de relevo, as quais resultam da interação entre a dinâmica das camadas internas da Terra e os fenômenos que ocorrem na parte externa da superfície terrestre. No sétimo capítulo, a temática é trabalhada com foco no Brasil. 40 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 40 21.03.13 11:24:58 Unidade 3 – Dinâmica da produção mineral e energética Capítulo 8 – A produção de minérios no mundo; Capítulo 9 – A produção de combustíveis fósseis no mundo; Capítulo 10 – A produção de minérios e combustíveis fósseis no Brasil Os capítulos desta unidade referem-se a dois tipos distintos de recurso mineral: os minérios, utilizados como matérias-primas nas indústrias, e os combustíveis fósseis, usados como fontes de energia. Os capítulos abordam a apropriação humana de recursos naturais provenientes da crosta terrestre, o que lhes confere unidade. 6. Orientações sobre os capítulos Capítulo 1 – Orientação As técnicas de orientação espacial podem ser aplicadas por meio da realização de tarefas práticas, como encontrar uma localidade, estabelecer rotas, ler mapas, definir os trajetos de uma viagem etc. Promover momentos de contextualização do tema por meio do levantamento e até mesmo da simulação dessas possibilidades potencializa não apenas a compreensão do conteúdo, como também o envolvimento dos alunos nas aulas. A noção de referenciais pode ser trabalhada levando os alunos a perceberem que o próprio espaço geográfico é composto por inúmeros elementos que podem ser utilizados como referenciais, e, além desses, os seres humanos desenvolveram, ao longo do tempo, referenciais abstratos – como os pontos cardeais –, que são representados nos materiais cartográficos e empregados para a orientação no espaço concreto. O domínio sobre os mecanismos de localização por meio das coordenadas geográficas requer o prévio conhecimento dos meridianos e paralelos, além da compreensão da função das linhas imaginárias e dos conceitos de latitude e longitude. Em geral, os alunos do Ensino Médio não encontram dificuldades em relação a esses requisitos, mas pequenas confusões são comuns na utilização dos sistemas de coordenadas. Por isso é importante encarar o domínio desse sistema como uma habilidade a ser praticada, por meio, por exemplo, da realização de atividades que envolvam a identificação de cidades em um planisfério e/ou de locais em um guia de ruas. Abertura: atividades complementares (p. 10) 1. Leia com atenção o texto apresentado na abertura deste capítulo, dando ênfase ao trecho abaixo: Quatro mil milhas cumpridas dentro da Convergência, faltando ainda 9 mil. [...] Na manhã seguinte, sexta-feira, o último grupo de ilhas do Índico ficou para trás: as Mc Donald (53°03’ S – 72°35’ E), 230 milhas a sudoeste de Kerguelen, um conjunto de quatro ilhas Manual do Professor 41 EE_G15GG1_manual.indb 41 21.03.13 11:24:58 – Mc Donald, Flat Island e Meyer Rock – e, 23 milhas a oeste, a maior do grupo, a ilha Heard, de formação vulcânica recente (53°06’ S – 73°31’ E) [...]. Nesse trecho, o navegador brasileiro Amyr Klink menciona distâncias e localizações muito específicas, essenciais para o desenvolvimento das rotas náuticas e para a segurança da navegação como um todo. Procure deduzir quais instrumentos de orientação e localização espacial o navegador brasileiro teve de utilizar para obter, precisamente, essas informações. Resposta: na atualidade, essas informações são obtidas principalmente por meio do uso do sistema de posicionamento global (GPS), mas também os equipamentos de radar, as cartas náuticas e a bússola são de grande utilidade. 2. Em quais atividades você já precisou utilizar recursos de localização espacial? Descreva os recursos utilizados e como eles facilitaram a realização dessas tarefas. Resposta: resposta pessoal. Os recursos de localização espacial, como mapas, cartas, plantas e aparelhos de orientação por meio de GPS são geralmente usados para encontrar endereços desconhecidos, traçar roteiros de viagens, situar-se espacialmente etc. Sugestões interdisciplinares, boxes e atividades As coordenadas geográficas – Interdisciplinaridade com Matemática (p. 14) Professor há a possibilidade de integrar os conceitos relacionados às coordenadas geográficas com a Matemática, pois o sistema de coordenadas tem relação direta com os conhecimentos ligados ao sistema de coordenadas cartesiano, criado por Descartes. Para ler e refletir – Os fusos horários e a orientação dos viajantes (p. 19) 1. Em Brasília são 9h e, em Tóquio, 21h. 2. O avião deverá chegar a Londres às 21h, horário local. 3. O avião chegaria em Paris às 21h. Retomando o conteúdo (p. 20) 1. É o movimento aparente de deslocamento do Sol no céu, do ponto de vista de quem está na Terra. É chamado de aparente porque, na Terra, temos a impressão de que estamos parados em relação ao Universo e de que é o Sol que se desloca, entre o nascente e o poente. Na verdade, não é o Sol que se move, mas a Terra, realizando o movimento de rotação. 2. Os alunos devem mencionar os pontos cardeais e os colaterais. Pontos cardeais: Norte (N), Sul (S), Leste (E) e Oeste (O). Pontos colaterais: Nordeste (NE), Sudeste (SE), Noroeste (NO) e Sudoeste (SO). 3. Paralelos são círculos imaginários traçados paralelamente a outro círculo imaginário, chamado de Equador, que divide a Terra em dois hemisférios: o Norte (ou Setentrional, ou 42 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 42 21.03.13 11:24:58 Boreal) e o sul (ou Meridional, ou Austral). A latitude de um ponto corresponde à medida angular (em graus) do arco do meridiano, que vai desse ponto ao Equador. Ela varia nos dois hemisférios, de 0º, no Equador, a 90º, nos polos geográficos. Ou seja: a latitude varia, no hemisfério Norte e no hemisfério Sul, de 0º a 90º. 4. Meridianos são semicírculos imaginários, traçados de forma a ligar os dois polos geográficos da Terra. Qualquer um desses semicírculos, juntamente com o seu antimeridiano, divide a Terra em duas partes iguais. Por isso, em 1884, durante uma convenção internacional, o Meridiano de Greenwich foi adotado como referencial. A longitude de um ponto corresponde à medida angular, em graus, do arco do paralelo, que vai desse ponto ao Meridiano de Greenwich. Ela varia nos dois hemisférios: de 0º, no Meridiano de Greenwich, a 180º, no antimeridiano de Greenwich. Ou seja: no hemisfério Leste e no hemisfério Oeste, a longitude varia de 0º a 180º. O Meridiano de Greenwich divide a Terra em dois hemisférios: o Leste (ou Oriental) e o Oeste (ou Ocidental). 5. Resposta pessoal. GPS é a sigla de Global Positioning System, que, em português, significa Sistema de Posicionamento Global. Esse sistema é, hoje, o recurso mais moderno e preciso para determinar a posição de um ponto na superfície terrestre. O GPS utiliza satélites que enviam sinais contínuos para a superfície, que são recebidos por um aparelho e informam a posição geográfica exata por meio das coordenadas daquele ponto. 6. Esse movimento chama-se rotação. A Terra executa o movimento de rotação de oeste para leste em torno de um eixo imaginário, que atravessa seu centro e passa pelos polos Norte e Sul – com duração de um dia (24 horas). Ampliando o conhecimento (p. 20) 7. a. Resposta pessoal. O exemplo dado no exercício mostra quais são os objetivos da atividade: reforçar a noção de localização espacial, o uso de mapas e a identificação de pontos cardeais. b. Georgetown ou Paramaribo (norte); Brasília (nordeste); Montevidéu ou Buenos Aires (sul); Santiago (sudoeste); La Paz, Lima, Quito ou Bogotá (noroeste). Atividade final: debate (p. 21) No debate, é importante o professor permitir que os alunos expressem livremente seus conhecimentos prévios e suas ideias sobre o uso de tecnologias como o GPS, bem como de tecnologias da informação e comunicação em seu cotidiano e na sociedade contemporânea. É interessante levar os alunos a refletir sobre a era em que vivemos, sobre o fenômeno da globalização e sobre o advento das novas tecnologias da informação e comunicação (com destaque para a internet), no intuito de compreenderem melhor os quadros contemporâneos da informação e alguns discursos que tocam as novas tecnologias. Manual do Professor 43 EE_G15GG1_manual.indb 43 21.03.13 11:24:59 Pode-se afirmar que existem basicamente três linhas de interpretação e análise das tecnologias de informação e comunicação: os entusiastas, os pessimistas e aqueles que, “para além do bem e do mal”, analisam a natureza desses dispositivos tecnológicos. No primeiro grupo, pode-se destacar Pierre Lévy, em seu livro Cibercultura, no qual afirma que é impossível negar o fenômeno da cibercultura e seu caráter de vanguarda, preconizando um discurso entusiasmado em relação à possibilidade de usos da tecnologia na construção de uma comunidade planetária do conhecimento, de uma inteligência coletiva. Nesse contexto, as tecnologias seriam utilizadas para o “bem”. No segundo grupo, pode-se mencionar Paul Virilio, em Estratégia da decepção, obra em que analisa as novas tecnologias, o mundo cibernético, os meios de comunicação e mais precisamente a guerra da informação (information warfare) no contexto da Guerra do Kosovo e do conflito nos Bálcãs. Para ele, houve uma nítida transformação de um conflito militar eletrônico (eletronic warfare), tratando-se do Iraque, em um conflito militar da informação (information warfare). Em tom pessimista, o autor aborda as alterações profundas nas características e nos componentes dos conflitos militares do futuro, que vão basear-se no desenvolvimento tecnológico sofisticado, com a utilização constante de informações visuais, sonoras e digitais. Nesse contexto, as tecnologias seriam utilizadas para o “mal”, para a guerra. A reportagem apresentada nesta atividade (p. 21) menciona o uso do dispositivo GPS nas ações militares e nos conflitos bélicos. No terceiro grupo, estão os que abordam a natureza e as especificidades dessas novas tecnologias, indo além da discussão “uso para o bem” X “uso para o mal”. Adriano Duarte Rodrigues é um dos autores que nos ajudam a compreender o fenômeno dos novos dispositivos tecnológicos informacionais atentando para o que ele tem de diferente, considerando sua essência, sua natureza e sua especificidade. Esse fenômeno está de fato inserido em uma ordem econômica e política, porém, em sua natureza, não é essa ordem que prevalece, mas sua dimensão de linguagem (dimensão simbólica). Em linhas gerais, o autor afirma que não se trata de abordar os recursos tecnológicos do ponto de vista meramente instrumental, como fazem alguns pensadores que encaram o acesso às novas tecnologias com um otimismo talvez exagerado, configurando uma visão que se detém na descrição dessas tecnologias. Nem se trata, por outro lado, de abordar o fato de essas novas tecnologias favorecerem a morte das culturas tradicionais e da diversidade dos modos de vida. Para ele, as novas tecnologias não constituem mero utensílio de produção ou de auxílio na percepção do mundo, mas dispositivos da linguagem, que criam um padrão simbólico, uma forma de comunicação e de encarar os fatos. Após desenvolver com os alunos essas três linhas de interpretação e análise sobre as tecnologias de informação e comunicação, seria interessante questioná-los sobre o que pensam a respeito dessas visões e opiniões, com qual dos três grupos cada um concorda, e por quê. 44 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 44 21.03.13 11:24:59 Capítulo 2 – Cartografia O estudo da Cartografia não deve ter um fim em si mesmo, mas ser empreendido de modo articulado à construção do conhecimento geográfico como um todo. Portanto é necessário que os alunos sejam não somente orientados para a aquisição de técnicas cartográficas, mas também estimulados a apropriar-se da linguagem cartográfica como instrumento de análise e transmissão de conhecimentos pertinentes à Geografia. E o próprio domínio das técnicas básicas da Cartografia é alcançado com mais eficiência quando ocorre por meio de atividades que possibilitem a contextualização de temas da Geografia familiares aos alunos. Após levar os alunos a reconhecerem os exemplos de materiais cartográficos disponíveis no capítulo, assim como os recursos técnicos e tecnológicos empregados na confecção desses materiais, é importante discutir com eles a relação entre a natureza das informações coletadas e as possibilidades de representações cartográficas dessas informações – lembrando que o objetivo de quem os confecciona também é um fator a ser considerado para a definição das características dos materiais cartográficos. Podem ser oferecidos à análise dos alunos alguns exemplos de informações passíveis de registro cartográfico (tanto qualitativas – localização de portos e aeroportos, ocorrência dos tipos climáticos etc. – como quantitativas – índices do crescimento vegetativo, renda per capita etc.), propondo-se o levantamento de hipóteses sobre os recursos visuais que melhor representariam cada tipo de informação. É importante orientar os alunos a discernir a adequada utilização das cores para representar informações qualitativas e quantitativas: enquanto aquelas devem ser representadas por cores ou símbolos que não estabeleçam relações hierárquicas entre si, servindo apenas para indicar a localização de cada ocorrência, estas devem ser representadas por variações tonais de uma mesma cor, e a intensidade da cor deve corresponder à intensidade do dado representado. A ideia de variação de intensidade do fenômeno também pode ser indicada por símbolos com tamanhos proporcionais aos dados que representam. O conceito de escala merece ser trabalhado de modo geral, e não restrito à aplicação cartográfica, discutindo-se a amplitude do termo como elemento de análise da realidade. Isso pode ser ilustrado com processos que tenham manifestações globais e locais – como a globalização. Assim se faz necessário também especificar a função da escala para a cartografia e trabalhar a conversão de proporções entre os espaços concretos e os representados nos mapas. Para consolidar o domínio sobre a dedução de medidas proporcionais indicadas pelas escalas gráficas e numéricas, é preciso proporcionar aos alunos boa quantidade de exercícios que exijam o cálculo de distâncias no mapa e no espaço real, a partir das escalas dadas. Também é importante oferecer exercícios inversos, em que os alunos devem deduzir a escala empregada em uma representação a partir de dados referentes ao espaço real e ao espaço representado. Objetivando não apenas o domínio do uso das escalas, mas também o aperfeiçoamento do raciocínio lógico, esse tema oferece ótima ocasião para o trabalho interdisciplinar com os professores de Geografia e Matemática. Manual do Professor 45 EE_G15GG1_manual.indb 45 21.03.13 11:24:59 Abertura: atividade complementar (p. 22) O texto de abertura relata como João da Cruz utilizou um mapa-múndi para expor o que supunha sobre o futuro das relações internacionais. Além de permitir a demonstração de teses, os mapas também auxiliam nas análises que dão suporte às teses. Nesse sentido, considere a situação hipotética em que você pretendesse demonstrar o papel do petróleo como elemento norteador dos investimentos da China na África. Para auxiliar a sustentação dessa proposição, quais mapas seriam necessários? Justifique sua resposta. Resposta: seriam necessários, pelo menos, um mapa das reservas petrolíferas africanas e outro demonstrando o destino dos investimentos chineses na África. Confrontando-os, seria possível verificar se os países africanos que têm as maiores reservas de petróleo coincidem com os que recebem os principais recursos provenientes da China, determinando assim se há ou não correspondência entre as variáveis. Sugestões interdisciplinares, boxes e atividades Histórico da Cartografia – Interdisciplinaridade com História (p. 24) A proposta de interdisciplinaridade com a História envolve a análise da importância dos antigos mapas criados pela humanidade e a relação direta destes com a cultura e a história dos povos que os criaram. Como sugestão, há a possibilidade de comparar um mapa criado por Ptolomeu, na Antiga Grécia, com os mapas T-O utilizados ao longo da maior parte da Idade Média. Para refletir e pesquisar– Sensoriamento remoto: funções e aplicação (p. 27) 1. É importante o professor ressaltar que o sensoriamento remoto é uma importante técnica de mapeamento de fenômenos caracterizada pela utilização de altíssima tecnologia e, portanto, há o aumento da qualidade das informações quantitativas e qualitativas dos mapas. 2. Resposta pessoal. Para observar e refletir – Curva de nível (p. 33) Professor, as curvas de nível são um importante referencial cartográfico. Sua aplicação vai desde a simples verificação de abrangência de bacias hidrográficas até o planejamento de obras públicas e privadas. 1. A maior altitude mostrada na imagem é de aproximadamente 400 metros (um pouco menos que isso, pois a linha topográfica não chega a essa cota). 2. O intervalo é de 100 metros. 46 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 46 21.03.13 11:24:59 3. Resposta pessoal. O instrumento que pode indicar a altitude do lugar onde estamos é o GPS, estudado no capítulo 1. Atualmente, diversos aparelhos celulares e smartphones apresentam aplicativos de localização e GPS, o que facilita a obtenção não apenas da altitude, mas também de outras informações relacionadas à localização geográfica, como a latitude e a longitude. Para observar e refletir – A anamorfose (p. 34) Especialistas em educação cartográfica, como Fernanda Padovesi (professora da área de cartografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, FFLCH-USP), afirmam a importância de os alunos compreenderem que existem diversas possibilidades de representar o espaço geográfico – a anamorfose é uma delas. 1. É importante os alunos perceberem que, na anamorfose, podemos representar e comparar dados e informações que tenham espacialidade geográfica, de modo que os limites políticos das macrorregiões brasileiras fiquem distorcidos. Nessa representação, a área dessas macrorregiões deve ser proporcional à informação que serve de base para a construção do mapa. 2. Sim, a anamorfose permite a visualização de fenômenos no planeta. Ela representa um fenômeno de maneira proporcional e dando destaque a ele. O fenômeno pode ser econômico, social ou de outra categoria. 3. Resposta pessoal. Retomando o conteúdo (p. 37) 1. Cartografia é uma técnica que envolve diversos aspectos da representação dos fenômenos geográficos. É, ao mesmo tempo, arte, ciência e técnica. Tem como objetivo representar a Terra ou parte dela, ou seja, realizar a transposição gráfica dos fenômenos por meio de cartas e mapas, a fim de obter um retrato – o mais preciso possível – da realidade. 2. Os romanos mapearam, com extrema riqueza de detalhes, as estradas que serviam de itinerário para os soldados se deslocarem em todas as direções do Império. 3. O século XX, com duas guerras mundiais e, posteriormente, com um longo período marcado pelas tensões da Guerra Fria. Esse avanço se deu principalmente por causa da geomática, que alia os conhecimentos das ciências da computação ao avanço das tecnologias de fotografias aéreas, de registros de satélites e de sensoriamento remoto. 4. O sensoriamento é realizado por meio de sensores remotos, dispositivos acoplados a satélites artificiais que fornecem informações para a geração de imagens ou dados referentes à superfície terrestre. Manual do Professor 47 EE_G15GG1_manual.indb 47 21.03.13 11:24:59 5. O principal problema é que há uma diferença entre as duas superfícies – a que está sendo representada e a que está sendo usada para a representação. Para solucioná-lo, são usadas técnicas de projeção para que as formas e as dimensões dos elementos que estiverem sendo representados proporcionalmente reproduzam, tanto quanto possível, a realidade. 6. Projeção é uma correspondência matemática entre as coordenadas da superfície esférica da Terra – as latitudes e as longitudes – e as coordenadas da superfície retangular do plano – as abscissas e as ordenadas. As projeções mais comuns são: cilíndrica conforme (ou projeção de Mercator), cilíndrica equivalente (ou projeção de Peters), cônica e central. Professor, se achar produtivo, peça aos alunos que mencionem características de cada uma dessas projeções. 7. A projeção de Mercator conserva a forma das massas continentais, mas distorce suas áreas relativas. Destaca áreas situadas em latitudes médias e altas (como o continente europeu e o norte-americano). Já a projeção de Peters conserva as dimensões relativas dos territórios representados, mas distorce suas formas. Destaca os países não desenvolvidos, sobretudo da Ásia, América Latina e África. 8. A escala de um mapa é a relação constante entre as dimensões dos elementos nele representados e suas dimensões reais na natureza. Demonstra quantas vezes as dimensões do terreno foram reduzidas para ser representadas no mapa. Existem duas formas de indicar as escalas: a numérica e a gráfica. 9. A legenda explica a simbologia da representação gráfica. Pode ser composta de linhas, cores e símbolos. Ampliando o conhecimento (p. 37) 10. Aerofotogrametria é uma técnica cartográfica que utiliza fotografias aéreas e se desenvolveu largamente, sobretudo na Segunda Guerra Mundial, auxiliada pelo desenvolvimento da aviação. As atividades que paralelamente se beneficiaram da aerofotogrametria estão ligadas a técnicas de produção de películas especiais para filmes e a técnicas de desenho baseadas em fotografias aéreas. Consequentemente, também cresceram o setor de impressões e o setor agrícola. 11. a. • A divisão do mundo após a Segunda Guerra Mundial: capitalistas e socialistas (1950). • Escala gráfica. • É uma legenda de cores e indica os países capitalistas e socialistas do planeta em 1950. Os países em verde são capitalistas e os em rosa, socialistas. 48 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 48 21.03.13 11:24:59 b. Resposta pessoal. Professor, incentive os alunos a utilizarem um atlas, o que facilitará o trabalho e lhes possibilitará entrar em contato com diferentes tipos de mapa temático. 12. A área central e urbana da Região Metropolitana de São Paulo está representada pela cor violeta e apresenta grande concentração populacional, diferentemente do entorno (esverdeado). A ausência de áreas verdes e a grande concentração de concreto na região central favorecem a elevação da temperatura, em comparação às áreas mais preservadas do entorno (representadas pela cor esverdeada). Atividade final: pesquisa de campo e ilustração (p. 39) Neste exercício, os estudantes devem compreender que existem diversas formas de representação da paisagem e do espaço geográfico, duas importantes categorias de análise da ciência geográfica. Embora os mapas tenham sido priorizados neste capítulo, é importante atentar para o fato de que croquis, ilustrações, plantas, gráficos, fotografias aéreas e imagens de satélites também constituem formas comuns atualmente utilizadas pelos geógrafos para representar a paisagem ou o espaço. A atividade de campo aqui sugerida, além de ser importante estratégia de ensino-aprendizagem, desde as séries iniciais até o curso superior, favorece a percepção/compreensão da paisagem e do espaço por meio da seleção de elementos e fenômenos que são realmente importantes para os alunos no momento de construir representações. Por fim, pode-se desenvolver a atividade de modo integrado com a disciplina de Arte. Capítulo 3 – O mapa do mundo Conhecer os aspectos gerais do planeta Terra, sobretudo os que permitem apreender a estrutura de sua superfície, é pré-requisito para os estudos de Geografia. Tratando-se do lugar que ocupamos no Universo, os alunos já dominarão muitas informações sobre os temas deste capítulo. Dessa forma, o professor pode iniciar os trabalhos explorando os conhecimentos prévios dos alunos. É interessante que os alunos percebam a variedade fisionômica do planeta, manifestada nos diferentes recortes da superfície terrestre (tomando os continentes como base, por exemplo), como resultado da atuação dos agentes naturais e sociais, e sintam-se estimulados a refletir sobre os processos relacionados à configuração e às transformações espaciais. Abertura: atividades complementares (p. 40) O texto de Marcos Pontes traz uma reflexão sobre a nossa condição humana e o planeta Terra. Ele traz elementos que serão tratados no capítulo, como rotação e translação, além de elementos relacionados à Geografia, como escala, noções de tempo e distância. Manual do Professor 49 EE_G15GG1_manual.indb 49 21.03.13 11:24:59 1. A qual escala Marcos Pontes se refere quando diz que “somos pequenos nessa escala!”? Resposta: Marcos Pontes se refere à escala do Universo, imaginando como o nosso planeta é pequeno em relação a ele e, ainda, em relação a nós seres humanos. 2. O que ele quis dizer com a afirmação “todos nós somos, de certa forma, astronautas”? Resposta: somos astronautas porque a Terra está viajando pelo Universo e todos nós, seres humanos, estamos “embarcados” nessa “nave”. Dimensões terrestres – Interdisciplinaridade com Matemática e História (p. 46) A medição das dimensões do planeta Terra, hoje facilmente realizada com o uso de tecnologia, era um tema que gerava preocupação em antigos pensadores, assunto interessante a ser estudado em História. Um deles, Erastótenes (276-194 a.C.), tentou calcular a circunferência da Terra utilizando conhecimentos da trigonometria, o que abre a possibilidade de associar os conhecimentos geográficos e matemáticos em torno desse assunto. Para ler e pesquisar – União Europeia (p. 53) É importante que, neste momento, os alunos já comecem a relacionar as informações sobre os continentes com as dinâmicas econômicas globais, como a constituição da União Europeia e do Mercado Comum do Sul (Mercosul), bloco econômico mais próximo de sua realidade. Para isso, em sala de aula, podem-se mostrar mapas representando os diversos blocos econômicos da atualidade, introduzindo o assunto. Se o professor achar oportuno, pode abordar as vantagens e os inconvenientes da formação de blocos econômicos. 1. De maneira geral, a crise econômica afetou o sistema financeiro da União Europeia, o que gerou consequências para os países-membros, como: o aumento do desemprego e a dificuldade de crescimento econômico; o oferecimento de pacotes de ajuda econômica aos países mais afetados pela crise; e mudanças nas taxas de juros e nas condições para a liberação de empréstimos. Dentre os países mais afetados pela crise, destacam-se: Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha. 2. Os candidatos são: Macedônia, Islândia, Montenegro, Sérvia e Turquia. Em 2013, a Croácia era um país em fase de adesão e a previsão era que se tornasse um país-membro da União Europeia em 1o de julho de 2013. Para refletir e pesquisar – Desenvolvimento insustentável: o caso do mar de Aral (p. 58) Ao comentar a questão ambiental que envolve o mar de Aral, é possível trabalhar o tema do desenvolvimento sustentável, relacionando-o com a região em que vivem os alunos. O professor pode perguntar-lhes, por exemplo, como está o nível de preservação dos recursos hídricos de seu entorno. 50 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 50 21.03.13 11:24:59 1. A má utilização de suas águas, como desvios para a irrigação de lavouras, além do uso de agrotóxicos em plantações próximas ao rio e dos efeitos da construção de barragens. 2. O objetivo da atividade é que os alunos pesquisem quais são as fontes hídricas da região em que vivem e se essas estão sendo preservadas ou poluídas. Professor, oriente os alunos se tiverem dificuldades em obter as informações. Sites das companhias responsáveis pelo saneamento básico da região e de organizações não governamentais (ONGs) costumam oferecer informações e mapas sobre os reservatórios de água utilizados. Retomando o conteúdo (p. 59) 1. A unidade utilizada na astronomia é o ano-luz, medida que corresponde à distância percorrida pela luz em um ano, que é de 300 mil quilômetros por segundo. 2. O outro movimento é a translação, que consiste em a Terra girar em torno do Sol. A duração da translação da Terra é de 365 dias, 5 horas e 48 minutos. 3. A inclinação do eixo imaginário da Terra em relação ao plano da órbita do planeta e o movimento de translação são os fatores que originam as estações do ano. 4. As cinco zonas climáticas são: intertropical (cortada pelo Equador e, portanto, de menor latitude), temperada do norte, temperada do sul, glacial ártica e glacial antártica (estas duas estão mais próximas dos polos, apresentando, portanto, maior latitude). A maior parte do Brasil está localizada na zona intertropical e uma porção menor do país (sul) situa-se na zona temperada do sul. 5. As terras que se encontram acima das águas e representam aproximadamente 30% da superfície terrestre são chamadas de terras emersas. As terras cobertas pelas águas oceânicas são denominadas terras submersas e abrangem cerca de 70% do globo terrestre. 6. A Ásia é o maior de todos os continentes e sua extensão territorial ocupa cerca de 30% do globo terrestre. A América é dividida geograficamente em América do Norte, América Central e América do Sul. A África é atravessada, em sua porção central, pela linha do Equador e, em razão dessa localização, seu clima é predominantemente tropical. A Antártida é o quarto maior continente da Terra e está situada quase totalmente no Círculo Polar Antártico; durante o inverno, esse continente dobra de tamanho em razão do volume de gelo marinho que se forma ao seu redor. A Europa é um continente composto, em sua maioria, de países ricos, que apresentam elevado padrão de desenvolvimento social. A Oceania é o menor dos continentes, situa-se no hemisfério Sul e é banhada pelo oceano Índico, a oeste, e pelo Pacífico, a leste. 7. O oceano Pacífico é o maior de todos os oceanos e nele se localiza a fossa submarina de maior profundidade da Terra, conhecida até hoje. O Atlântico é o segundo maior oceano Manual do Professor 51 EE_G15GG1_manual.indb 51 21.03.13 11:24:59 em área ocupada e o que apresenta fluxo de navegação mais intenso. O Índico é o menor dos três oceanos e apresenta menor importância econômica e densidade e salinidade médias mais acentuadas que estes. Ampliando o conhecimento (p. 59) 8. Esta atividade permite a realização de um trabalho integrado com a área de Língua Portuguesa, em que se podem explorar as características literárias do autor citado e da escola romântica. Além disso, possibilita abordar o tema das zonas térmicas, associando-as às características climáticas das regiões. Para complementar a questão, o professor pode pedir aos alunos que pesquisem e apontem características do clima tropical, abordado na atividade. O poema foi escrito por Gonçalves Dias alguns anos depois de sua partida para Portugal, onde ele foi estudar. Trata-se de uma alusão à pátria distante, o Brasil, configurando um tema caro ao Romantismo, movimento no qual esse autor se enquadra. Ao retratar as saudades da pátria, pode-se dizer que o trecho do poema menciona uma espécie animal e uma vegetal predominantes nesse país, situado, portanto, em uma zona tropical. 9. O objetivo da atividade é que os alunos realizem pesquisas sobre os continentes estudados em sala de aula para aprofundar o que sabem sobre eles em aspectos variados, como sociedade, cultura, população, economia, política, religião etc. Atividade final: leitura e produção de texto (p. 60) 1. a. Os registros mostram que, nos séculos XVIII, XIX e XX, a maior ação humana na região foi a de destruição. b. A Antártida precisa ser respeitada porque muitos dos mecanismos de interação global passaram a ser estudados com mais atenção no final dos anos 1990. As “teleconexões” entre sistemas meteorológicos, efeitos globais, interação ar-mar ainda estão sendo avaliadas, e novas teorias têm surgido. O complexo mecanismo entre as diversas áreas do conhecimento mostra que todas são engrenagens importantes de uma máquina não totalmente conhecida. 2. O que deve ser enfatizado no texto feito pelos alunos é o embate entre o direito de exploração racional e o dever de conservação de uma região que ainda não está definitivamente delimitada no âmbito político. No final, os alunos deverão ser capazes de posicionar-se diante das questões de exploração/conservação e de definir quais países ou instituições deveriam ter esses direitos/deveres e por quê. 52 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 52 21.03.13 11:24:59 Capítulo 4 – O Brasil no mapa do mundo É interessante introduzir o capítulo instigando os alunos a localizar o Brasil no globo e a compará-lo aos demais países do mundo. Nesse trabalho, pode-se orientá-los a observar as extensões territoriais, a localização de acordo com o hemisfério e com as latitudes, a extensão do litoral, as fronteiras etc. É importante que o professor utilize um planisfério cuja projeção se preste à análise proposta: por exemplo, um mapa na projeção de Mercator não é adequado para comparar extensões territoriais, já que distorce a proporção dos territórios. O professor pode conduzir a leitura das páginas do capítulo, verificando o entendimento dos conceitos e das questões mais importantes por meio de questionamentos que levem os alunos a refletir sobre o conteúdo lido. A função da regionalização para a organização de um território é um elemento importante a ser discutido. Pode-se explanar sobre sua importância para os estudos de Geografia. O texto de aprofundamento a seguir alude aos movimentos migratórios entre Brasil, Peru e Colômbia, evidenciando alguns aspectos dos limites fronteiriços entre esses países. Tríplice fronteira Brasil, Peru e Colômbia e os desafios às políticas internacionais de migração [...] Como acontece em todas as demais regiões de fronteira do território brasileiro, a mobilidade humana na fronteira do Brasil com o Peru e a Colômbia também revela a presença incômoda do “novo”, do “estranho”, do “diferente”, enfim, do migrante, que é sempre acompanhada de reações contrárias por parte daqueles que não admitem sua ação ou intervenção. Nesse sentido, não se pode falar de migração nessa fronteira sem também considerar todas as formas de rejeição por que passam as pessoas nessa situação, que envolvem dois problemas fundamentais: a xenofobia dissimulada e a ausência de políticas internacionais de migração. No caso do Brasil, observa-se que, historicamente, vem se reproduzindo uma atitude xenófoba ou de intolerância caracterizada por certa sutileza, que encobre uma realidade social conflitiva e a institucionalização de uma sociedade marcada pelas desigualdades sociais. Aquele mesmo estigma do preconceito que fora colocado sobre os ombros das vítimas do fenômeno das migrações internas que se configurou no Brasil desde inícios do século XX vem sendo transferido para o migrante estrangeiro que vive no país, principalmente nas fronteiras. No caso específico dos fluxos migratórios de peruanos e colombianos para o Brasil, na Região Amazônica, a proximidade entre os países é um dos pontos mais impulsionadores de uma corrente migratória que vem se acentuando cada vez mais. A referência e os pontos de convergência na tríplice fronteira são as cidades Santa Rosa (Peru), Tabatinga (Brasil) e Letícia (Colômbia). São cidades de pequeno porte, perdidas nos confins dos três países. No entanto, a cidade de Tabatinga, distante 1 105 quilômetros de Manaus (em linha reta) e 1 607 quilômetros (em via fluvial), destaca-se como ponto de maior movimentação migratória, concentrando uma porcentagem significativa de migrantes colombianos e peruanos e se apresentando também como porta de entrada no território brasileiro. Manual do Professor 53 EE_G15GG1_manual.indb 53 21.03.13 11:24:59 Há problemas similares vivenciados pelos três países nessa área específica. O narcotráfico impera na tríplice fronteira com proporções diferentes em cada uma das três cidades. O desemprego e o trabalho informal também são característicos do trio. Vista a partir do ângulo do movimento migratório, a tríplice fronteira funciona como lugar de permanência e também como porta de entrada e de saída nos três sentidos. Mesmo estando muito próximos, cada país apresenta uma conjuntura diferenciada nos setores sociais, políticos e econômicos que são determinantes no itinerário migratório. A fronteira do lado brasileiro segue sendo aquela para onde se converge um considerável fluxo da migração dos outros dois países. Um problema muito sério nesse vai e vem na tríplice fronteira é o acesso ilegal de pessoas que entram no país sem documentos. A fiscalização federal de fronteiras é intensa em algumas áreas, porém, considerando a vastidão da selva amazônica, é humanamente impossível manter um controle 100% eficaz nessas condições de traslado permanente. Entretanto, o cotidiano de privações a que os migrantes peruanos e colombianos são submetidos no Amazonas denuncia as várias lacunas da política de migração brasileira com suas leis arcaicas calcadas nos interesses puramente econômicos e comerciais, que nunca esteve aberta à migração de hispano-americanos. [...] OLIVEIRA, Márcia Maria de. A mobilidade humana na tríplice fronteira: Peru, Brasil e Colômbia. Revista do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 20, n. 57, maio/ago. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010340142006000200014&script=sci_arttext&tlng=en>. Acesso em: 7 mar. 2013. Abertura: atividade complementar (p. 62) A abertura deste capítulo traz uma entrevista concedida por Maurício Kubrusly, em que o jornalista relata seu anseio em mostrar o Brasil que a maioria desconhece, por meio de inúmeras histórias coletadas pelos rincões do país. Em seu modo de ver, qual característica do Brasil mais contribui para a existência de realidades ainda a serem reveladas, após mais de 500 anos de existência? Resposta: resposta pessoal. A característica do Brasil que mais contribui para isso é sua grande extensão territorial. Também podem ser mencionadas outras características que concorrem para isso, como: a tênue integração regional, a grande concentração populacional na faixa litorânea, o isolamento de localidades mais pobres, a polarização que os grandes centros urbanos exercem sobre a mídia etc. Sugestões interdisciplinares, boxes e atividades Para ler e refletir – O horário de verão (p. 65) 1. Resposta pessoal. Professor, alterações acontecem com frequência em relação aos estados brasileiros que adotam o horário de verão. Atente para essas mudanças. 2. Resposta pessoal. Procure trabalhar a questão em sala de aula e verificar como essa alteração influencia a vida dos alunos. 3. Resposta pessoal. O objetivo dessa questão é permitir aos alunos que verifiquem, na prática, se há economia de luz em sua residência. Uma forma de verificar as diferenças entre 54 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 54 21.03.13 11:24:59 os valores cobrados nas contas de luz antes do horário de verão e os valores cobrados durante esse horário, além da leitura das contas mensais impressas, é consultar os sites das distribuidoras de energia elétrica, que fornecem informações sobre contas de luz de vários meses. A divisão regional do território brasileiro (p. 66) Professor, é importante que os alunos compreendam que as diferentes formas de regionalização do Brasil estão relacionadas às transformações naturais e humanas ocorridas no território ao longo do tempo e aos critérios escolhidos pelos órgãos públicos para agrupar, em uma mesma região, porções do território que têm algumas semelhanças. Dessa forma, explique as duas principais formas de regionalização do país e estimule comparações entre elas (a regionalização efetuada pelo IBGE versus a proposta do geógrafo Pedro Pinchas Geiger). Se achar adequado ampliar o tema, comente que, ao longo do século XX, várias divisões regionais do Brasil foram elaboradas, principalmente da década de 1940 em diante, quando territórios se transformaram em estados e novos estados e regiões foram criados. Se possível, mostre cartogramas do Brasil (de 1940, de 1960 e de 1990), que podem ser obtidos no site <http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/cartogramas/evolucao. html>, para que os alunos percebam a evolução das formas de regionalização do Brasil ao longo do tempo. Para observar e refletir – A disparidade econômica das regiões brasileiras (p. 72) Professor, o boxe procura complementar e exemplificar aspectos da dinâmica da economia regional, abordada no capítulo. Procure trabalhar essas informações em sala de aula, para demonstrar aos alunos que o Brasil caracteriza-se por grandes disparidades de desenvolvimento regional, o que leva à existência de contrastes socioeconômicos entre estados e regiões. Esse fato dificulta a melhoria das condições de vida da população brasileira, principalmente entre os habitantes das regiões com índice de desenvolvimento mais baixo, como o Nordeste e o Norte. 1. O Brasil é considerado um país de contrastes porque apresenta grandes disparidades regionais no que se refere principalmente ao nível de desenvolvimento econômico. Com base nos dados apresentados, pode­‑se constatar que mais de 50% do Produto Interno Bruto (PIB) do país é gerado na Região Sudeste, que concentra a maior parte da infraestrutura de transportes e comunicações, além de mão de obra qualificada. Dessa forma, a região continua atraindo grande parte dos investimentos produtivos que dinamizam a economia do Brasil. 2. Resposta pessoal. Professor, entre as estratégias mais variáveis para reduzir as disparidades regionais, podem ser citadas: a aplicação de investimentos públicos na melhoria da infraestrutura de transportes e comunicação nas demais regiões do país; a ampliação de investimentos em educação básica e profissionalizante, em nível nacional, para aumentar Manual do Professor 55 EE_G15GG1_manual.indb 55 21.03.13 11:24:59 a qualificação da mão de obra; a oferta de incentivos fiscais pelo poder público a empresas privadas; entre outras medidas que favoreçam um desenvolvimento regional mais igualitário. Para aprofundar a discussão, podem-se apresentar algumas estratégias adotadas pelo poder público para atingir esse desenvolvimento regional mais igualitário, como a criação da Zona Franca de Manaus, a doação de terrenos e os incentivos fiscais concedidos por governos municipais de diversas regiões para atrair empresas e desenvolver polos industriais (como o Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia). As fronteiras brasileiras – Interdisciplinaridade com História (p. 75) A formação da atual fronteira terrestre brasileira está diretamente associada aos ciclos econômicos estudados em História do Brasil. Há a possibilidade de relacionar esse conhecimento histórico com o que é analisado em Geografia. Retomando o conteúdo (p. 80) 1. Situado inteiramente no hemisfério Ocidental e cortado ao norte pela linha do Equador, o Brasil apresenta 7% de suas terras no hemisfério Norte (setentrional) e 93% no hemisfério Sul (meridional). É cortado ao sul pelo Trópico de Capricórnio, e 92% do território brasileiro se localiza na zona intertropical. O país apresenta uma extensa faixa de fronteiras terrestres e uma orla marítima banhada pelo oceano Atlântico. Professor: utilize o mapa “Brasil: pontos extremos” para exemplificar a questão (p. 63). 2. Por causa do movimento de translação da Terra (o giro do planeta em torno do Sol), os países localizados no hemisfério Norte apresentam o período mais quente do ano e com dias mais longos no meio do ano, ao contrário dos países meridionais (como o Brasil). Em alguns países localizados na zona temperada, o Sol chega a se pôr em torno das 22 horas nesse período. Por isso, o aproveitamento dos dias mais longos para a convenção do horário de verão se processa nessa época do ano. 3. Uma região é demarcada considerando características semelhantes, por exemplo, naturais, sociais, econômicas ou culturais, dos estados. Professor, você pode ressaltar que outros critérios podem ser utilizados na regionalização de um território, como os indicadores sociais, os aspectos culturais, as formas de uso e ocupação do solo, entre outros. 4. Macrorregiões Características principais Norte Maior região do Brasil em extensão territorial, o Norte compreende sete estados e ocupa 45,2% do território nacional. Seus habitantes estão distribuídos ao longo dos principais cursos d’água, de vias terrestres, de aglomerados urbanos e de novas fronteiras de ocupação territorial. Sua economia está ligada predominantemente às atividades extrativistas vegetais e minerais. 56 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 56 21.03.13 11:24:59 Centro-Oeste É composta por três estados e pelo Distrito Federal. Tem a menor população entre as regiões do país. Fornece produtos agropecuários, como soja e carne, abastecendo indústrias alimentícias do Centro e do Sul do país e o mercado externo. Nordeste É a terceira maior região do país em extensão territorial, compreendendo nove estados. Região com os piores índices sociais, apesar das melhoras nos últimos anos. Conhecida também por praias, conjuntos arquitetônicos históricos, festas populares etc. Sudeste Essa região tem quatro estados e ocupa 10,8% do território nacional. Concentra 42,1% da população do país. É a região mais industrializada, respondendo por 60% da riqueza nacional. Sul Compreende três estados, é a menor região em extensão e a segunda mais industrializada do país. Sua economia é baseada na agricultura, que é moderna e diversificada. 5. Segundo a proposta de Geiger, os aspectos são: o quadro natural da Amazônia, o quadro social do Nordeste e o quadro econômico do Centro-Sul. Grandes complexos regionais Características Amazônia Abrange quase 60% do território nacional e abriga apenas aproximadamente 8% da população do país, caracterizando-se como o complexo regional menos povoado do Brasil. Conhecida por suas características naturais, apresenta uma das mais exuberantes paisagens vegetais do planeta, a floresta equatorial. Nas últimas décadas, sua porção oriental passou a apresentar uma dinâmica mais intensa por causa de um processo de ocupação calcado na introdução de grandes projetos agropecuários e de exploração de minerais. Nordeste Sua área corresponde a pouco mais de 15% do país e sua população a cerca de 27% do total de brasileiros. O complexo nordestino tem se caracterizado historicamente pelos problemas socioeconômicos que enfrenta, como elevada mortalidade infantil e falta de empregos. Porém, nos últimos anos, o complexo nordestino vem passando por modificações significativas em sua estrutura econômica, tanto no campo industrial como no meio rural. Centro-Sul Concentra cerca de 65% da população nacional e é a região mais populosa e mais povoada do país. Sua economia é mais dinâmica que as das outras regiões em praticamente todos os setores de atividades. Concentra a maior parte da renda nacional. 6. O Brasil tem 23 086 km de fronteiras, sendo 15 719 km de limites terrestres e 7 367 km de limites marítimos. Os limites estão definidos predominantemente por características naturais da paisagem, com a presença de rios (50%), serras (25%) e lagos (5%). Os 20% restantes das fronteiras foram definidos pelas linhas geográficas, ou seja, pelas coordenadas geográficas: paralelos e meridianos. 7. Porque, ao longo de sua história, as relações comerciais do Brasil ocorreram mais com alguns países europeus, com os Estados Unidos e com o Japão. Durante o período colonial, Manual do Professor 57 EE_G15GG1_manual.indb 57 21.03.13 11:24:59 o objetivo econômico primordial do Brasil era remeter as riquezas agrícolas e minerais que eram obtidas em território brasileiro para a metrópole europeia (Portugal). Após a Independência e, mais tarde, depois da proclamação da República, o Brasil manteve a postura de país exportador dessas riquezas para as metrópoles econômicas, inicialmente da Europa, depois da América do Norte (Estados Unidos) e da Ásia (Japão). Professor, é importante ressaltar que, atualmente, as trocas comerciais entre o Brasil e os países vizinhos são mais significativas, em virtude da formação dos blocos econômicos regionais envolvendo países sul-americanos, como o Mercosul. Ampliando o conhecimento (p. 80) 8. a. Essas mudanças atingiram a Região Norte do país. Os estados do Pará e do Amazonas, que tinham dois fusos horários, passaram a ter apenas um (o Pará com horário de Brasília e o Amazonas com uma hora de atraso em relação a Brasília). Além disso, o estado do Acre passou a pertencer ao fuso que tem uma hora de atraso em relação ao horário de Brasília. Antes o Acre pertencia ao fuso que tinha duas horas de atraso em relação ao horário da capital do país. b. Nos estados onde havia dois fusos, as empresas e os cidadãos passaram a não ter mais problemas em realizar encontros e transações bancárias e comerciais, pois passou a existir um único horário. Além disso, os veículos de comunicação não têm mais problemas em adequar sua programação aos fusos horários no interior de cada estado da nação. 9. a. A ocupação de cidades na floresta para ocupar a região e fazer frente aos inimigos, a construção da Fortaleza de São José, à beira do rio Amazonas, em Macapá, e o abrigo de uma base militar americana (dos Estados Unidos), durante a Segunda Guerra Mundial, para vigiar aquela parte do oceano Atlântico. b. O estado do Amapá localiza-se na Região Norte, que apresenta dificuldades de defesa do seu território em virtude da baixa densidade demográfica. c. Resposta pessoal. Professor, entre os acontecimentos históricos que podem ser citados pelos alunos, é possível destacar as Guerras Platinas, que envolveram as disputas territoriais entre Brasil, Argentina e Uruguai, ocorridas no século XIX, pelo domínio da região do rio da Prata, culminando no reordenamento das fronteiras territoriais entre o Brasil e os demais países envolvidos, e a disputa entre Brasil e Bolívia pelo território atualmente pertencente ao Acre, durante a exploração da borracha na Região Amazônica, no início do século XX. 10. a. É a Região Nordeste. Resposta pessoal. O objetivo desse item é levantar os conhecimentos adquiridos no capítulo e na pesquisa realizada pelos alunos. Este pode ser um momento oportuno para o professor fazer uma avaliação continuada da turma. 58 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 58 21.03.13 11:24:59 b. As áreas mais dinâmicas da Região Nordeste são as capitais dos estados: São Luís (MA), Teresina (PI), Fortaleza (CE), Natal (RN), João Pessoa (PB), Recife (PE), Maceió (AL), Aracaju (SE) e Salvador (BA), além de alguns polos econômicos regionais, como Petrolina (PE) e Juazeiro (BA). 11. Imagem A: divisa do Brasil (Uruguaiana, RS) com a Argentina; imagem B: divisa do Brasil (Foz do Iguaçu, PR) com o Paraguai. Atividade final: pesquisa de dados e produção de mapa (p. 83) Professor, nesta atividade espera-se que os alunos construam um mapa para trabalhar com o desenvolvimento regional do Brasil baseando-se na divisão do país em macrorregiões. Os itens apresentados pelo IBGE correspondem aos indicadores sociais de cada região. Com base na interpretação de um dos dados desse item, em comum para todas as regiões, os alunos terão de fazer uma análise do grau de desenvolvimento social de cada região e elaborar um mapa demonstrando as disparidades regionais existentes em relação ao dado escolhido. Após a interpretação dos dados e a elaboração do mapa, as dificuldades que surgiram ao elaborar a representação cartográfica podem ser discutidas com a turma. Essa é uma boa oportunidade para retomar o conceito de representação cartográfica, enfatizando os elementos que a compõem: título, escala, legenda, orientação e fonte. Para aprimorar o aprendizado sobre regionalização, você pode propor aos alunos a realização de uma atividade lúdica de regionalização da própria turma. Para isso, estabeleça alguns critérios e, de acordo com estes, disponha os alunos na sala. Os critérios podem ser aleatórios, como a cor da roupa ou o corte de cabelo, ou podem ajudar a revelar um perfil sociocultural da sala, como idade, preferências disciplinares, clube de futebol favorito, gênero musical preferido etc. Recomenda-se evitar determinados critérios, por exemplo, desempenho escolar, que possam estabelecer ou reforçar rótulos negativos, ou seja, estigmatizações, sobre os alunos. Ao término da atividade, é importante levar a turma a estabelecer uma relação entre ela e a regionalização de um país, estado ou município. Projeto interdisciplinar: agricultura de precisão (p. 84) Professor, essa atividade envolve as disciplinas de Geografia e Química. Para que os alunos respondam às questões, devem pesquisar nos livros dessas duas disciplinas e em outras fontes para complementar suas respostas. Como resposta à primeira parte, os alunos devem explicar que o GPS (Sistema de Posicionamento Global) identifica tanto a latitude quanto a longitude de um ponto. O sistema é útil na localização de lugares, pessoas, para a navegação aérea e para a marítima, e para a agricultura. Já o SIG (Sistema de Informação Geográfica) possibilita a coleta, o armazenamento, a manipulação e a análise de informações georreferenciadas que resultam em Manual do Professor 59 EE_G15GG1_manual.indb 59 21.03.13 11:24:59 mapas. O sensoriamento remoto, sistema de captação de informações por meio de sensores acoplados a satélites artificiais, permite o mapeamento da superfície terrestre e a interpretação de suas imagens. Como conteúdo complementar, indicamos os seguintes links: • Introdução aos Sistemas de Informação Geográfica (SIG): <http://www.idcplp.net/archive/doc/georrefIntroducaoSIG_InesPinto.pdf>. Acesso em: 7 mar. 2013; • Laboratório de estruturas e materiais estruturais (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo): <http://www.lem.ep.usp.br/Pef411/~Caio%20Eduardo%20Aoki%20 Kac/PEF411.htm>. Acesso em: 7 mar. 2013. Na segunda parte, os alunos devem aferir que a argila presente no solo facilita a retenção de água, responsável pela dissolução de nutrientes que serão absorvidos pelas plantas. Além disso, a porosidade do solo está associada à proporção de areia, argila e silte. Contudo, sua capacidade de reter nutrientes e água é maior quando há certa proporcionalidade entre areia, argila e silte. Pode-se considerar um solo como argiloso quando ele tem mais de 35% de argila em sua composição (sendo formado por grãos menores que os da areia). Assim, na unidade agrícola predomina o solo argiloso, mas o excesso de argila dificulta a retenção de água, ar e nutrientes, visto que são facilmente compactados. É preciso arar o solo e aplicar-lhe maiores quantidades de potássio, para manter sua fertilidade. Sobre o assunto, indicamos os seguintes links: • Geografia – Tipos de solo: <http://www.brasil.gov.br/sobre/meio-ambiente/geografia/ tipos-de-solo>. Acesso em: 7 mar. 2013; • Embrapa – Solos: <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/ Algodao/AlgodaoIrrigado/solos.htm>. Acesso em: 7 mar. 2013. Em relação à terceira parte, os alunos podem compor suas respostas baseando-se na tabela periódica. O potássio (K) é um metal alcalino presente na família 1A da tabela periódica. Os elementos da família dos metais alcalinos reagem muito facilmente com a água e, quando isso ocorre, formam hidróxidos (substâncias básicas ou alcalinas), liberando hidrogênio. Esses metais também reagem facilmente com o oxigênio, produzindo óxidos. São metais de baixa densidade, moles e altamente eletropositivos e reativos. O potássio é fundamental para o crescimento das plantas, pois está presente na fotossíntese, nos processos de absorção de água e de outros nutrientes do solo, na divisão celular e nas reações enzimáticas, no metabolismo dos carboidratos e proteínas. Assim, plantas que crescem em solos com deficiência em potássio apresentam menor desenvolvimento e produzem frutos menos suculentos. O fósforo (P) é um não metal pertencente à família 5A da tabela periódica. Os elementos presentes nessa família podem ser isoladores ou semicondutores, ou seja, eles interferem na condução de eletricidade de um corpo a outro. O fósforo é um elemento essencial porque participa das moléculas de DNA e RNA responsáveis pela transmissão das características genéticas; ele é indispensável à multiplicação celular. Além disso, os compostos de fósforo são os principais manipuladores de energia nas células vivas. O fósforo constitui um elemento básico também para a bioquímica, visto que desempenha uma função essencial tanto no metabolismo molecular como na regulação entre absorção e liberação energéticas. 60 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 60 21.03.13 11:25:00 O potássio e o fosfato figuram entre os mais importantes nutrientes responsáveis pelo bom desenvolvimento das plantas. Os alunos podem explicar que o pH serve para avaliar as condições de um solo – se este é ácido, neutro ou alcalino. A escala de pH vai do 1 ao 14, sendo 7 a neutralidade, abaixo de 7 a acidez e acima de 7 a alcalinidade. Para o desenvolvimento das plantas, a faixa de pH considerada ideal é de 6,0 a 6,5. Os solos ácidos são um problema para a agricultura, pois as plantas não se desenvolvem bem em condições de acidez pelo fato de que contam com pouca disponibilidade de nutrientes, o que torna muito baixa a produtividade das lavouras. No entanto, cada cultivo tem um nível de pH ideal, daí a necessidade de corrigir o solo de modo a adaptá-lo ao cultivo que estiver sendo realizado, para que a área de plantio não tenha grandes variações de pH. O crescimento e a produção das plantas podem ser afetados tanto pela acidez como pela alcalinidade, se forem excessivas. Sugestões de fontes: • Embrapa – Correção da acidez do solo: <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa. br/FontesHTML/Feijao/FeijaoVarzeaTropical/correcao_acidez_solo.htm>. Acesso em: 7 mar. 2013; • Experimentação no ensino de Química – pH do solo: <http://qnesc.sbq.org.br/online/ qnesc31_4/11-EEQ-3808.pdf>. Acesso em: 7 mar. 2013. Enem e vestibulares (p. 86) 1. Alternativa A. 2. Alternativa B. 3. a. A finalidade do Sistema de Posicionamento Global (GPS) é possibilitar a localização precisa de um elemento natural ou artificial na superfície terrestre. Os dados com as informações da localização desse elemento são fornecidos dos satélites aos receptores por meio da emissão de energia eletromagnética. b. A latitude é a medida angular entre o Equador (0°) e um ponto qualquer na superfície da Terra unido perpendicularmente ao centro do planeta. Ela varia de 0° a 90° nos hemisférios Norte e Sul. A longitude é a medida angular formada entre um ponto qualquer e o meridiano de origem (0°). Ela varia entre 0° a 180° nos hemisférios Ocidental e Oriental. 4. a. 1 – Pará; 2 – Mato Grosso; 3 – Rondônia. b. Os estados do Maranhão (porção oeste) e do Mato Grosso. 5. Alternativa A. 6. Alternativa A. Manual do Professor 61 EE_G15GG1_manual.indb 61 21.03.13 11:25:00 7. Alternativa C. 8. Alternativa B. 9. Alternativa A. 10. Alternativa A. Capítulo 5 – Elementos da Geologia A Geologia tem como foco o estudo da estrutura interna da Terra, que repercute sobre as características da crosta terrestre. Mas esse estudo não deve ser realizado separadamente das questões humanas ou sociais, já que as formas da superfície terrestre influenciam o modo como a humanidade apropria-se do espaço. A estrutura do planeta não é um arranjo estático, mas o resultado de processos dinâmicos que, desde o início da formação do planeta até hoje, promovem contínuas transformações tanto na estrutura interna da Terra como na configuração de sua superfície. Daí advém a necessidade de promover abordagens que permitam aos alunos, mais do que identificar as características das camadas internas da Terra, compreender as interações que se estabelecem entre estas e o modo como essa dinâmica leva a alterações nas formas de relevo e à geração de fenômenos sísmicos e vulcânicos. O conhecimento proporcionado pela ciência geológica possibilita a recomposição de parte dos eventos que constituíram a evolução da Terra, auxiliando as análises que fundamentam a ocupação do espaço. Os recursos visuais disponíveis no capítulo podem ser utilizados para promover o reconhecimento dos elementos essenciais à compreensão da dinâmica geológica do planeta. É fundamental destacar principalmente as camadas internas e os deslocamentos das placas tectônicas – cuja origem está relacionada a movimentos cíclicos do material magmático que pressionam a crosta, a qual se fragmenta em placas postas em movimento por essa pressão. Também é importante orientar a apreensão das características elementares dos tipos de rocha, apresentando seus principais processos de formação e transformação. Trata-se de ajudar a desenvolver nos alunos a noção de que esses processos constituem um ciclo e, portanto, um tipo de rocha pode transformar-se ao longo do tempo em qualquer outro, dependendo das condições a que as rochas forem submetidas. Abertura: atividade complementar (p. 92) O texto de abertura deste capítulo transmite a ideia de que as pedras (fragmentos de rochas) não são elementos estáticos, atribuindo, poeticamente, “vida” a elas. 1. Sob a perspectiva científica, também é possível afirmar que as rochas são elementos dinâmicos? Justifique sua resposta. 62 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 62 21.03.13 11:25:00 Resposta: sim. É possível afirmar que as rochas são elementos dinâmicos, pois elas estão em constante (embora lenta) transformação. Por meio dos processos que caracterizam o ciclo das rochas, esses elementos geológicos alteram-se de tempos em tempos em novos tipos. 2. Transcreva um trecho do poema de Mario Quintana que aluda a uma transformação sofrida pela pedra. Resposta: o segundo verso: “tão lisa de tanto rolar”. Sugestões interdisciplinares, boxes e atividades A origem da Terra – Interdisciplinaridade com Física (p. 93) Professor, temas relacionados à Astronomia, como a origem de planetas, sistemas solares e buracos negros, são estudados pela Física, o que abre a possibilidade de integração entre os conhecimentos debatidos em sala de aula pelas duas disciplinas e a criação de projetos e trabalhos. As eras geológicas – Interdisciplinaridade com Biologia (p. 98) As eras geológicas são divididas de acordo com a evolução de diferentes formas de vida e as grandes extinções de seres vivos ocorridas no passado. Para a Geografia, geralmente os temas mais trabalhados são os relacionados à formação de recursos naturais e à divisão continental, mas há a possibilidade de integrar esses conhecimentos à Biologia, o que abre espaço, por exemplo, para a análise da evolução da vida na Terra e das consequências que os fenômenos geológicos e climáticos tiveram para os seres vivos. Para refletir e pesquisar – Petróleo: origem e utilização (p. 102) 1. Os aumentos dos preços do petróleo na década de 1970 estão relacionados à crise do petróleo (choque de preços) causada por conflitos políticos e interesses econômicos dos grandes países produtores, principalmente do Oriente Médio. O Brasil procurou resolver esta questão criando o programa Pró-Álcool, que obteve relativo sucesso. 2. O mundo está empenhado em encontrar soluções para substituir o petróleo, por causa da preocupação ambiental, da redução dos estoques e da alta dos preços dos combustíveis fósseis. Há um esforço para valorizar as fontes renováveis e menos poluentes de energia ou ambientalmente limpas, como a eólica ou a solar. Retomando o conteúdo (p. 103) 1. Geologia é a ciência que estuda a crosta terrestre, ou seja, a camada mais superficial do planeta. Essa ciência subdivide-se em ramos de estudo, entre os quais se destacam a Geomorfologia, a Paleontologia e a Geologia Econômica. Manual do Professor 63 EE_G15GG1_manual.indb 63 21.03.13 11:25:00 2. A Geomorfologia estuda a dinâmica física da superfície terrestre, ou seja, as transformações da crosta decorrentes da ação dos agentes formadores e modeladores do relevo. A Paleontologia estuda a história da Terra por meio da análise dos vestígios geológicos (por exemplo, um fóssil) presentes nas rochas, buscando reconstituir o passado geológico do planeta ou de uma região. 3. A concepção mais antiga da origem da Terra é a de que o planeta teve uma origem quente, ou seja, de que tenha surgido de uma quente e extensa esfera gasosa, explicação atribuída também aos outros planetas do Sistema Solar. A concepção cada vez mais aceita atualmente é a de que a Terra teve uma origem fria, ou seja, o planeta, como os outros planetas do Sistema Solar, surgiu de uma nuvem extensa e fria, formada de gás e poeira cósmica. 4. O quadro deve conter as seguintes informações: Camada da Terra Características principais Núcleo Camada central, composta de elementos metálicos, como níquel e ferro. Subdivide-se em núcleo interno (que estaria no estado sólido) e externo (que estaria no estado líquido ou pastoso). Manto Camada composta basicamente de silicatos ferromagnesianos. Apresenta-se predominantemente no estado sólido. Subdivide-se em manto superior, que abrange a astenosfera, e manto inferior. Crosta Camada superficial onde se encontram os nutrientes e minerais necessários ao desenvolvimento da vida no planeta. É composta, basicamente, de basalto e granito. Identifica-se, em seu interior, as seguintes camadas: litosfera, astenosfera, mesosfera e endosfera. 5. A dinâmica da crosta terrestre é o resultado da ação de forças originárias das camadas interiores do planeta, ou seja, da mesosfera e da endosfera. Segundo a teoria da isostasia, o equilíbrio das estruturas que compõem a crosta terrestre está relacionado à diferença de densidade entre os materiais de que elas são constituídas. 6. As respostas podem ser variáveis, porém devem atender às divisões existentes na tabela das eras geológicas (p. 100). 7. Os minerais são substâncias de origem orgânica, compostas de um ou mais elementos químicos. São encontrados naturalmente na crosta terrestre, na maioria das vezes no estado sólido e no estado cristalino. A crosta terrestre contém cerca de 2 500 minerais. 8. As rochas são agregados naturais de um ou mais minerais e estão presentes na crosta terrestre. Os principais tipos de rocha são: ígneas ou magmáticas, que se originam do resfriamento do magma – material fundido, rico em silicatos, proveniente do manto superior; sedimentares, originárias da agregação de materiais acumulados nas diversas áreas de 64 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 64 21.03.13 11:25:00 sedimentação existentes na superfície da Terra; metamórficas, que se originam da transformação de outras rochas (ígneas, sedimentares e até mesmo metamórficas), em virtude, sobretudo, da ação de elevadas temperatura e pressão. Ampliando o conhecimento (p. 103) 9. a. De acordo com o mapa indicado no capítulo, o sul da Europa, onde se localiza a Itália, está próximo ao encontro de três placas tectônicas: a Euro-asiática, a Africana e a Arábica. Os deslocamentos de placas tectônicas determinam a ocorrência de fenômenos nas áreas de contato entre elas, como os terremotos. Dessa forma, pode-se inferir que, como a Itália está próxima a várias placas tectônicas, é comum ocorrerem terremotos no país. b. Por meio da observação do mapa, pode-se concluir que a brasileira não estava acostumada com a ocorrência de terremotos porque o Brasil está localizado na porção central de uma placa tectônica, a placa Sul-Americana, ou seja, não está situado em uma área de contato entre placas tectônicas, o que diminui a ocorrência de terremotos. Tremores de elevada intensidade são pouco comuns no Brasil, apesar de suceder grande quantidade de tremores de baixa intensidade. c. Os tipos de limite entre as placas tectônicas são: limites divergentes (quando as placas estão se afastando); limites convergentes (quando as placas estão em colisão); limites conservativos (deslizes laterais). Entre os principais eventos que ocorrem devido aos contatos entre as placas, destacam-se: tsunamis, o vulcanismo e o surgimento de ilhas vulcânicas. 10. a. De acordo com a tabela da página 100, a extinção dos dinossauros ocorreu na era Mesozoica, no período Cretáceo. Portanto, foi nesse momento que pode ter acontecido a suposta colisão do asteroide com a Terra. b. A nova hipótese revelada na notícia afirma que as verdadeiras causas da extinção dos dinossauros podem ter sido megaerupções vulcânicas na região que hoje é o planalto do Decã, no oeste da Índia. Essas erupções podem ter liberado no ar grandes quantidades de gases tóxicos, como ácido clorídrico e dióxido de enxofre, matando tudo o que estivesse em volta, e provocado alterações climáticas radicais. Isso porque o dióxido de enxofre ajuda a resfriar o planeta, bloqueando a luz solar. Esse fenômeno teria acontecido no hemisfério Norte e no hemisfério Oriental. Atividade final: pesquisa e produção de texto (p. 104) O trabalho de pesquisa e produção de texto proposto nesta seção busca retomar conceitos já desenvolvidos em capítulos anteriores e considerar novas informações, contidas neste capítulo e no próximo. É importante orientar os alunos na pesquisa de novas informações, mesmo que estas sejam aprofundadas posteriormente. Além disso, recomendamos enfatizar Manual do Professor 65 EE_G15GG1_manual.indb 65 21.03.13 11:25:00 que os fenômenos aqui retratados, como terremotos e tsunamis, atingem as formas de vida na Terra nos dias atuais, incluindo a humana. Como leitura complementar e apoio para o trabalho docente, sugerimos a obra Decifrando a Terra, organizada por Wilson Teixeira. O livro apresenta ilustrações que podem ser trabalhadas em sala de aula. Capítulo 6 – Elementos da Geomorfologia A Geomorfologia, ciência que estuda os fenômenos relacionados às formas da superfície terrestre, ou seja, às formas de relevo, está diretamente ligada à Geologia. A Geomorfologia, ciência que estuda a dinâmica física da superfície terrestre, ou seja, as transformações da crosta decorrentes da ação dos agentes formadores e modeladores do relevo, está diretamente ligada à Geologia. O conhecimento geológico constrói-se por meio da investigação dos processos intrínsecos à estrutura interna da Terra. Os fenômenos decorrentes da estrutura interna da Terra interagem com aqueles que ocorrem sobre a superfície terrestre, constituindo as formas de relevo. Nesse sentido, é possível trabalhar os capítulos 5 e 6 de maneira integrada, pois, em consonância com alguns objetivos do ensino de Geografia, um pode servir de complemento ao outro. Pode-se conduzir a leitura do capítulo 6 orientando os alunos a reconhecer as dinâmicas interna e externa (incluindo seus principais agentes) relacionadas à formação do relevo. Porém, após essa etapa, é importante promover atividades que exijam dos alunos confrontar os dois conjuntos de processos e a produção de sínteses que lhes permitam entender melhor a origem das formas da superfície terrestre. Também é recomendável orientar os alunos na realização de pesquisas de imagens com exemplos de modelagem do relevo, pois é comum que estes pareçam excessivamente abstratos para os alunos, dificultando a apropriação satisfatória da temática. Outro aspecto importante refere-se à necessidade de mostrar aos alunos a importância do estudo do relevo. Uma das alternativas para levá-los a encontrar sentido no conhecimento da Geomorfologia é discutir, com base em exemplos práticos, como as características do relevo influenciam a ocupação do espaço. Nesse âmbito, podem-se explorar as dificuldades que os relevos acidentados impõem à construção de moradias e vias de circulação, por exemplo, obrigando os seres humanos a desenvolver técnicas de engenharia para viabilizar adaptações que permitam a ocupação dessas áreas. Por fim, ao abordar Geologia e Geomorfologia, é importante considerar sempre o caso brasileiro. Se neste momento o professor achar oportuno mencionar e contextualizar alguns exemplos do Brasil, pode-se fazer isso fixando um mapa do território brasileiro na lousa e traçando uma linha demarcatória de determinada região de interesse (pode ser uma área que envolva o lugar onde os alunos vivem). A partir dessa demarcação, é interessante tentar identificar, com os estudantes, os tipos de relevo encontrados na região demarcada. 66 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 66 21.03.13 11:25:00 Abertura: atividade complementar (p. 106) A erupção do Vesúvio, no ano de 79, incita à reflexão sobre as dificuldades e riscos que os vulcões ativos impõem à ocupação humana. Explique quais são essas dificuldades e cite exemplos recentes de eventos geológicos que causaram grande destruição. Resposta: além da topografia acidentada, que dificulta a ocupação humana, os vulcões ativos podem entrar em erupção a qualquer momento, o que implicaria a emissão de materiais como gases tóxicos, fumaça, lava e fragmentos rochosos, os quais podem destruir áreas habitadas, provocar problemas de saúde ou levar à morte os habitantes. Como exemplos de eventos geológicos, os alunos podem citar tsunamis, emissão de cinzas de vulcões e grandes terremotos ocorridos recentemente, Sugestões interdisciplinares, boxes e atividades Para refletir e pesquisar – Maremotos (p. 109) 1. As consequências podem ser: mortes e desaparecimento de pessoas e perdas materiais, por exemplo, destruição de casas, ruas, carros etc. 2. A ocorrência de tsunamis costuma ser maior em regiões de contato de placas tectônicas. A região demarcada pelo oceano Pacífico apresenta grande número de ocorrências desse tipo. 3. O objetivo da atividade é que os alunos conheçam alguns exemplos de ocorrências de maremotos e tsunamis no mundo. O sismógrafo e o registro dos abalos sísmicos – Interdisciplinaridade com Física (p. 110) O tema abre a possibilidade de criar uma relação entre o que é analisado em Geografia, principalmente a formação e as consequências de um terremoto, e os estudos sobre ondulatória. Existem diversos filmes e documentários que retratam o fenômeno dos abalos sísmicos, indicamos um que retrata as consequências dos tremores e a possibilidade de um terremoto 10 na escala Richter: Megaterremoto 10, produzido pelo canal The History Channel. Para observar e refletir – Relevo e carta clinográfica (p. 118) 1. As porções leste e oeste do território têm mostrado inclinação menor, portanto são mais adequadas para a construção de moradias. No que se refere à porção sudeste, embora seja mais planificada, isso não seria recomendável, em virtude da concentração de afluentes, demarcando área de alagamentos. Comente que regiões mais inclinadas do território (representadas com cores mais quentes e situadas na porção central) podem ser utilizadas como Áreas de Proteção Ambiental (APAs) ou unidades de conservação, devido a serem área de recarga hídrica da bacia. Manual do Professor 67 EE_G15GG1_manual.indb 67 21.03.13 11:25:00 2. Resposta pessoal. Neste momento, procure estimular ou mesmo levar os alunos a caminhar pelo bairro ou pela cidade para que observem, de forma direta, a paisagem e as formas do relevo. O exercício de observação da paisagem é útil para que eles aprendam quais são as diversas características das paisagens e pensem nas relações existentes entre seus componentes (elementos naturais, como o relevo, e culturais). 3. Sim. Com as informações sobre o relevo do lugar de vivência, podem­‑se planejar a distribuição das moradias e das atividades econômicas, as construções e o modo de vida da população em geral. Áreas muito íngremes, por exemplo, não são adequadas para o estabelecimento de construções, em virtude do risco de desabamentos e deslizamentos. Ao analisar áreas planificadas e mais baixas, é preciso observar se são facilmente alagáveis, por exemplo. Retomando o conteúdo (p. 119) 1. As dinâmicas, segundo sua origem, podem ser classificadas em internas (compreendem os fenômenos que ocorrem no interior da Terra, como os movimentos tectônicos, vulcânicos e sísmicos) ou externas (compreendem os fenômenos que acontecem na superfície da Terra por meio de agentes erosivos, como a água, o gelo e o vento). 2. Os fenômenos de origem tectônica correspondem às forças que provocam alterações estruturais na camada superficial do planeta, como o levantamento ou o abaixamento (forças epirogênicas – movimentação vertical) e os dobramentos (forças orogenéticas – movimentação horizontal) dos conjuntos que compõem a crosta terrestre. 3. O aumento de volume de algumas áreas (em virtude da deposição de sedimentos ou do avanço das camadas de gelo) determina o afundamento no substrato fluido da crosta, e a diminuição do volume (em razão do desgaste físico ou do recuo das camadas de gelo) determina o levantamento junto ao soerguimento da crosta. 4. Os abalos sísmicos (também conhecidos como terremotos) são tremores, normalmente de curta duração, que ocorrem na crosta terrestre; são percep­tíveis quando apresentam grande magnitude. Os tremores de grande intensidade podem causar deslizamentos de terras e o levantamento ou o rebaixamento de placas, resultando em grandes tragédias humanas. Já o vulcanismo é caracterizado pela ascensão do magma à superfície terrestre. As erupções vulcânicas podem resultar no derramamento de lava e em imensas nuvens negras e tóxicas em torno da região em que tenha ocorrido o fenômeno. 5. Os agentes de erosão física são: as águas pluviais, as águas fluviais, as águas marinhas, o gelo e os ventos. A principal ação química de intemperismo é a decomposição, que ocorre por agentes biológicos ou por infiltração de água nas rochas. 68 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 68 21.03.13 11:25:00 6. O processo de ação química decorre fundamentalmente da infiltração das águas superficiais (que contêm gases e, portanto, tornam-se mais ácidas e com maior capacidade de decomposição) nas fissuras das rochas. Nas áreas quentes e úmidas, esse processo é acentuado pelo fato de que, em temperaturas mais altas, a velocidade das reações químicas ocorre de forma mais rápida. 7. Os principais tipos de ação física ou mecânica que atuam sobre as rochas são: águas pluviais (chuvas), cuja ação é variável de acordo com sua composição, o volume das águas e a inclinação do terreno, entre outros fatores; águas fluviais (dos rios), cuja ação é verificada pela escavação de leitos e pelo modelado de vertentes; águas marinhas, cuja atuação se verifica na zona de contato entre os mares e o continente; gelo, cuja ação está localizada em altas montanhas e em áreas de altas latitudes e que produz escavação mecânica da superfície na qual desliza; ventos, cuja atividade é mais expressiva em áreas de climas áridos e semiáridos; as rochas, além de mais fragilizadas, sofrem com o impacto da areia que é carregada pelo vento. Ampliando o conhecimento (p. 119) Professor, este capítulo proporciona a oportunidade de explorar a questão da interferência humana na natureza. Além disso, pode-se estabelecer uma correlação entre este e os capítulos anteriores e futuros (vegetação), mencionando o ser humano como agente externo de formação do relevo. 8. a. É a planície, forma de relevo planificada na qual predominam os processos de sedimentação em relação aos processos de erosão. b. A alteração do regime hídrico natural, devido às hidrelétricas; a urbanização, que interfere no bioma por meio de obras de infraestrutura como rodovias, barragens, portos e hidrovias; e o desmatamento e erosão e sedimentação dos rios, devido ao manejo inadequado e ao avanço da agropecuária. c. Instalar usinas hidrelétricas em regiões de planícies não é recomendável, porque, além de causar forte impacto ambiental pelo alagamento de extensas áreas, em uma área com pouca inclinação a água represada não chegará com força às turbinas, o que gerará pouca energia. 9. a. A erosão hídrica causa empobrecimento do solo em razão da remoção de nutrientes ou da remoção de parte do solo pelas enxurradas. Em consequência, a capacidade produtiva diminui. b. Uma área semelhante à descrita no texto pode apresentar relevo de planalto ou de depressão, pois neles predominam os processos erosivos em relação aos processos de sedimentação. Manual do Professor 69 EE_G15GG1_manual.indb 69 21.03.13 11:25:00 c. A cobertura vegetal protege o solo contra a erosão e ajuda-o a fixar-se. Numa área íngreme, o ser humano pode atuar positivamente cobrindo o solo com algum tipo de vegetação que forneça proteção contra os efeitos das chuvas e para diminuir a remoção de partículas para locais de menor altitude. A foto da página 117 relaciona-se ao assunto. Atividade final: montando um glossário (p. 121) Professor, a atividade proposta visa permitir que os alunos encontrem o significado de termos geológicos, geomorfológicos e geográficos com os quais eles usualmente entrarão em contato em seus estudos de Geografia. Caso os alunos encontrem dificuldades para realizar a atividade, selecione inicialmente alguns termos que tenham sido utilizados em sala de aula e no capítulo, como “vulcanismo”, “abalos sísmicos” e referentes a tipos de rocha (“magmática”, “sedimentar” e “metafórmica”), para que os alunos tenham um primeiro contato com o site indicado e aprendam melhor como procurar as palavras, e a partir daí busquem outros termos que considerem importantes e em fontes diversificadas. Capítulo 7 – Geologia e Geomorfologia do Brasil O capítulo pode ser iniciado por um reconhecimento das estruturas geológicas, enfatizando os tipos de rocha e a gênese de cada formação, que implica diversos fatores: as bacias sedimentares são formadas pela acumulação e pela compactação de sedimentos; os escudos cristalinos resultam de intensos processos erosivos em formações rochosas muito antigas; já os dobramentos modernos são formações recentes geradas pelo enrugamento de camadas da crosta terrestre devido ao choque de placas tectônicas. As rochas são componentes elementares das estruturas geológicas, portanto, o estudo de seu processo de formação e transformação deve ser feito de modo indissociável do processo de formação das unidades geológicas. A abordagem do ciclo das rochas permite perceber que as características da composição da litosfera não são estáticas, pois as rochas transformam-se com o passar do tempo. Desse modo, é possível ainda levar os alunos a perceber que essa dinâmica também está relacionada às transformações nas estruturas geológicas e, consequentemente, nas formas de relevo. A sismicidade é um dos fenômenos ligados à estrutura geológica que mais desperta a atenção da população em geral, assim, além da própria pertinência do tema, sua abordagem contribui para ampliar o interesse dos alunos pelo conteúdo de todo o capítulo. Além das informações do capítulo, é importante que eles sejam incentivados a pesquisar notícias e artigos jornalísticos referentes a ocorrências de terremotos. Você pode promover a leitura coletiva desses materiais. O trabalho com a classificação do relevo brasileiro deve propiciar aos alunos a identificação de elementos que permitam reconhecer os diferentes tipos de relevo, como os processos de formação (gênese), morfologia, estrutura geológica e topografia. Para tornar mais concreta a identificação dos tipos de relevo, é recomendável utilizar imagens representando paisagens brasileiras em que se destaquem formações típicas. 70 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 70 21.03.13 11:25:00 Os deslizamentos de terra são fenômenos muito frequentes em diversas regiões brasileiras. A abordagem desse tema no boxe localizado na página 133 possibilita aos alunos refletir sobre a relação entre as características do terreno e a ocupação humana, ou seja, entre as dinâmicas sociais e naturais. Podem-se promover debates sobre o tema, explorando principalmente suas causas e medidas de contenção. Abertura: atividade complementar (p.122) O texto de abertura do capítulo trabalha a questão dos terremotos no Brasil, já que o país, apesar de estar localizado na porção central da placa Sul-americana, não está completamente a salvo dos tremores de terra. Uma possibilidade de aprofundamento dessa temática é a pesquisa dos últimos terremotos que ocorreram no país e das consequências desses tremores. Oriente os alunos a pesquisarem sobre o tema em sites de notícias e de busca, pois informações sobre este são facilmente encontradas na internet. Posteriormente, peça que apresentem, em sala de aula, o que tiverem encontrado. Sugestões interdisciplinares, boxes e atividades O ciclo das rochas – Interdisciplinaridade com Química (p. 124) A análise dos tipos de rochas envolvem a apreciação de uma série de propriedades químicas, abrindo a possibilidade de associar os conhecimentos transmitidos pela Geografia no estudo geológico com a análise dos minerais e rochas feitos pela Química. Para ler e pesquisar – Os planaltos brasileiros e suas formas de relevo (p. 130) Resposta pessoal. Professor, espera-se que os alunos apresentem formações de relevo de diferentes regiões do país a fim de proporcionar uma apreciação da diversidade geomorfológica brasileira. Comente com a classe a respeito da estrutura geológica presente nos relevos específicos apresentados e a interferência desta estrutura para configuração das formas. Retomando o conteúdo (p. 134) 1. Tipo de estrutura geológica Características Escudos cristalinos Correspondem às províncias geológicas formadas de rochas cristalinas, como o granito e o gnaisse, a maioria de origem Pré-Cambriana. Bacias sedimentares Correspondem às províncias constituídas por rochas sedimentares, como o arenito e a argila, formadas principalmente nas eras Paleozoica, Mesozoica e Cenozoica. Manual do Professor 71 EE_G15GG1_manual.indb 71 21.03.13 11:25:00 Dobramentos modernos Correspondem às cadeias montanhosas formadas na era Cenozoica, como a cordilheira dos Andes, na América do Sul; as Montanhas Rochosas, na América do Norte; a cadeia dos Alpes, na Europa; e a cordilheira do Himalaia, na Ásia. 2. Os escudos cristalinos ocorrem em 36% do território do país. Neles são encontradas jazidas minerais, principalmente de ferro e manganês, como as localizadas na serra dos Carajás, no Pará, e no Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais. Os terrenos sedimentares ocorrem em 58% do território brasileiro (excluindo os terrenos vulcânicos). Neles são encontradas as jazidas de carvão mineral, localizadas, em sua maior parte, nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, e as de petróleo, situadas predominantemente na bacia sedimentar litorânea de Campos. 3. Com a exposição da rocha matriz, os agentes erosivos, como a chuva, o vento, o Sol e os micro-organismos, desgastam a rocha e provocam seu esfacelamento. Por causa disso, o solo fica mais espesso e surgem outros vegetais e pequenos animais. Em seguida, vegetais maiores colonizam o ambiente, protegidos pela sombra de outros. Esse processo continua até atingir o equilíbrio, determinando a paisagem local. 4. As plantas reduzem o impacto das chuvas e diminuem a velocidade da água através das copas das árvores e das raízes. As folhas caídas também agem como cobertura para o solo, pois contribuem para a diminuição da ação da água na superfície. 5. A sismicidade brasileira, em comparação com a da porção ocidental da América do Sul, é modesta. Isso ocorre principalmente porque o Brasil se localiza no centro da placa tectônica sul-americana, caracterizada por ser uma área de baixa ocorrência sísmica e vulcânica. Porém, isso não significa que o país esteja livre da ocorrência de abalos sísmicos e terremotos, pois algumas partes do território apresentam falhas geológicas que podem resultar em tremores de terra. No Brasil, os tremores de terra registrados ocorreram em áreas pouco habitadas ou até desabitadas e não causaram grandes prejuízos econômicos nem vítimas fatais, exceto no caso da comunidade rural de Caraíbas, em 2007. 6. Aroldo Azevedo foi o responsável pela primeira classificação do relevo brasileiro, na década de 1940, adotando o nível altimétrico como referência; as áreas acima de 200 m foram consideradas planaltos, e aquelas abaixo dessa cota, planícies. No final da década de 1950, o professor Aziz Ab’Sáber apresentou uma nova classificação, utilizando como critério o tipo de alteração dominante na superfície: os planaltos seriam superfícies aplainadas, com predomínio de processos erosivos; as planícies seriam caracterizadas pelo predomínio de processos de sedimentação. A classificação atual foi elaborada pelo professor Jurandyr Ross, que, baseado em imagens dos radares do projeto Radambrasil, associou três tipos de informações: os processos de erosão/sedimentação, o nível altimétrico e a base geológica e estrutural do terreno. 72 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 72 21.03.13 11:25:00 Nessa configuração, os planaltos definem-se como superfícies irregulares, de altitudes superiores a 300 m e originadas pela erosão das rochas cristalinas ou sedimentares; as depressões são constituídas de superfícies mais planas, com altitudes entre 100 m e 500 m, resultantes de processos erosivos; e as planícies são superfícies muito planas, formadas pelo acúmulo de sedimentos de origem fluvial, marinha ou lacustre. 7. Macrorregião Características Norte Domínio das terras baixas, com planícies que ocupam estreitas faixas de terra ao longo dos rios e algumas depressões e planaltos sedimentares de baixa altitude. Centro-Oeste Domínio de unidades de relevo em forma tabular, mais conhecidas como chapadas. A sudoeste da região localiza-se a mais típica planície brasileira, a do Pantanal mato-grossense. Nordeste Predomínio de formações planálticas sedimentares na porção ocidental e de formações planálticas pré-cambrianas na porção oriental. Entre essas duas formações, observa-se a presença de algumas depressões que acompanham o vale médio do rio São Francisco. Há também uma estreita faixa de terras de planícies litorâneas, que se estende por toda a costa nordestina. Sul Domínio das médias e baixas atitudes (entre cerca de 600 m e 800 m), com exceção da faixa atlântica, que atinge marcas superiores a 1 000 m. A maior parte da região é caracterizada por um relevo de formação tipicamente sedimentar. Sudeste Dominado por um conjunto de terrenos elevados, onde a metade das terras situa-se acima de 500 m de altitude e 10% acima de 1 000 m, tornando a área conhecida como região das terras altas. Ocorrência de domínios com topografia acidentada (serras e escarpas) na porção oriental. Ampliando o conhecimento (p. 134) 8. a. Resposta pessoal. Professor, solicite que os alunos comparem o mapa da classificação do relevo brasileiro proposta por Jurandyr Ross com o mapa político do Brasil, para que possam localizar com mais precisão as unidades do relevo existentes no estado em que vivem. b. Resposta pessoal. Professor, tendo os alunos apresentado as formas de relevo presente em seu estado, você pode pedir para que pesquisem algumas imagens que retratem as paisagens essas unidades de relevo. 9. a. A ocorrência de um terremoto é considerada uma surpresa para parte da população, pois esse fenômeno ocorre com baixa frequência no Brasil, já que o país está situado no meio da placa tectônica Sul-americana. Manual do Professor 73 EE_G15GG1_manual.indb 73 21.03.13 11:25:00 b. Depende da magnitude do tremor de terra e das características das áreas de ocorrência, pois, se o epicentro se der numa área densamente habitada, os danos serão maiores que se ocorrer nas áreas com poucas construções e com baixa densidade populacional. Professor, você pode ressaltar que, nos países desenvolvidos, onde os terremotos costumam ocorrer com certa frequência, as medidas de prevenção contra os danos provocados pelos tremores de terra salvam milhares de vidas todos os anos. Construções adaptadas aos tremores e frequentes treinamentos de evacuação evitam danos sociais e econômicos de grandes proporções. É interessante ressaltar que o Brasil não dispõe dessas medidas devido às baixas ocorrência e intensidade desse tipo de fenômeno em seu território. 10. Professor, esta questão pode ser trabalhada em conjunto com o professor de Física, que pode explicar o funcionamento de uma usina hidrelétrica. a. É o planalto, pois, por causa das diferenças altimétricas existentes em parte considerável das áreas planálticas, a velocidade das águas dos rios, responsáveis por girar as turbinas da usina, é maior, o que propicia mais geração de energia elétrica. b. A forma de relevo menos interessante para construir uma usina hidrelétrica é a de planície, pois o predomínio de baixas altitudes e áreas planas faz que a velocidade de escoamento da água seja baixa, implicando a geração de pouca energia e prejuízos econômicos. Muitas vezes, o problema é compensado pela maior quantidade de água represada. Porém, nessas condições de relevo, isso significa o alagamento de uma área muito extensa, cuja flora fica completamente coberta, desaparecendo, e muitos animais morrem ou são obrigados a deslocar-se de seu hábitat natural. Atividade final: pesquisa e trabalho de campo (p. 136) Professor, nesta atividade, procure desenvolver com a turma a correlação entre o solo/ demais características do meio e a ação humana sobre o local. O texto apresentado funciona apenas como um modelo simplificado para que os alunos compreendam o processo de coleta, análise e classificação dos horizontes do solo. O objetivo da atividade é que os alunos apreendam melhor as principais características de um tipo de solo. Indicamos como sugestão de leitura: • Manual técnico de pedologia, do IBGE: Disponível em: <ftp://geoftp.ibge.gov.br/documentos/recursos_naturais/manuais_tecnicos/manual_tecnico_pedologia.pdf>. Acesso em: 11 mar. 2013. Nesse manual constam informações sobre como classificar os solos quanto à textura, rigidez, coloração, granulometria e a outros aspectos. Se for possível, no período de aula, saia com os alunos a campo para o recolhimento do material. Depois, em sala de aula, oriente-os a analisar as amostras coletadas. Se for mais conveniente, proponha uma saída a campo por grupos de alunos fora do período de aula. Para o êxito da atividade, recomenda-se ainda observar as seguintes orientações: • se possível, acompanhe os alunos na atividade de campo, para auxiliá-los ao longo do processo; 74 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 74 21.03.13 11:25:00 • ressalte que os solos escuros nem sempre indicam alto teor de matéria orgânica e grande fertilidade; • aborde o fato de que os solos argilosos são menos suscetíveis à erosão do que os solos arenosos e os siltosos. Eles também têm maior capacidade de retenção de água do que os arenosos. Já os solos com maior teor de silte estão numa situação intermediária entre os argilosos e os arenosos; • destaque o fato de que a presença de atividade biológica e vegetação indica a existência de matéria orgânica no solo, o que aumenta seu teor de fertilidade. Quanto maior a espessura da camada de matéria orgânica existente, maior é a possibilidade de o solo apresentar alta fertilidade. Ressalte também o fato de que a presença de detritos não orgânicos, como entulhos, lixo não degradável e outros objetos, demonstra o grau de alteração do solo decorrente da ação antrópica. A presença de construções nas proximidades da área de coleta implica, geralmente, alteração da composição original do solo. Você também pode acrescentar que a existência de muitos fragmentos de rochas de tamanhos diferenciados ocasiona maiores dificuldades de uso do solo para atividades agrícolas. Projeto interdisciplinar: erosão do solo (p. 139) Nesse projeto, as matérias envolvidas com Geografia são Química, Física, Biologia, Sociologia e Língua Portuguesa. Antes de iniciar a atividade, oriente os alunos acerca do processo de pesquisa, esclarecendo os procedimentos necessários a cada etapa do processo (levantamento de informações, análise e síntese). Utilize como exemplo um texto acadêmico, relatórios ou publicações de órgãos oficiais ou até mesmo um livro, para demonstrar a diversidade de fontes utilizadas e o trabalho de seleção, análise e síntese de informações realizadas pelos autores, ressaltando a diferença entre copiar trechos de um documento e elaborar um texto próprio baseado em informações retiradas de diversos documentos. Caso necessário, demonstre as técnicas de redação abordadas na disciplina de Língua Portuguesa, destacadamente a paráfrase. Grupo 1 – Erosão do solo O conteúdo sobre erosão e os agentes que atuam no processo podem ser baseados no livro e aprofundado com pesquisa realizada pelos alunos. Os fatores que influenciam o escoamento superficial são: a densidade e a velocidade do escoamento, a espessura da lâmina d’água, da inclinação e comprimento da vertente, e a presença de vegetação. Dessa forma, quanto maior o volume d’água, a inclinação da vertente e o seu comprimento, maior será a velocidade da massa d’água e, consequentemente, maior a energia cinética. Energia cinética é a energia relacionada à movimentação dos corpos, ou seja, é a energia que um corpo possui em virtude de estar em movimento. A vegetação também representa rugosidades na superfície por onde a água escoa, aumentando a força de atrito e causando menor velocidade, que por sua vez possibilita maior índice de infiltração da Manual do Professor 75 EE_G15GG1_manual.indb 75 21.03.13 11:25:00 água no solo. Portanto, a menor presença de vegetação diminui a força de atrito, possibilitando maior velocidade no escoamento superficial e maior intensidade do processo erosivo. A energia é utilizada para realizar trabalho, que corresponde à força aplicada a um corpo causando seu deslocamento. Se não houver deslocamento, não há trabalho. Dessa forma há uma energia que atua na massa d’água para que esta se desloque, ou melhor, realize trabalho. Essa energia é definida como energia potencial gravitacional. A atração da água pela gravidade do interior da Terra faz com que ela realize trabalho, transformando a energia potencial gravitacional em energia cinética. Os solos mais propícios à erosão são os arenosos, sobretudo os finos, secos, ácidos, pouco coesos, coluviais (sujeitos ao deslocamento de sedimentos pela ação da gravidade) e porosos. Em áreas urbanas, as principais técnicas de prevenção dos processos erosivos incluem o uso e ocupação do solo de forma adequada e obras de proteção e drenagem das águas superficiais para minimizar os efeitos da erosão. Em áreas rurais, áreas com declividade maior que 40% não devem ser destinadas ao uso agrícola; nos demais casos, o plantio deve ser feito paralelamente às curvas de nível. Recomenda-se a utilização de adubos naturais, o plantio direto para que o solo não fique exposto, a rotação de culturas, o terraceamento, a construção de canais de desvio das águas superficiais, de canais dissipadores de energia, de barreiras de vegetação ou de pedra, bem como a revegetação do local. Tais procedimentos tem o objetivo de diminuir a energia cinética presente no deslocamento das águas superficiais, possibilitando maior infiltração desta no solo e minimizando os processos erosivos. Grupo 2 – Erosão pluvial A erosão laminar caracteriza-se pelo deslocamento uniforme e suave de sedimentos em toda a extensão de uma superfície sujeita ao agente erosivo. A matéria orgânica e as partículas de argila são as primeiras porções do solo a se desprenderem, sendo as partes mais ricas e com maiores quantidades de nutrientes para as plantas. Apesar de ser de difícil observação, a erosão laminar pode ser constatada pela diminuição na produtividade das culturas agrícolas, pelo aparecimento de raízes ou mesmo marcas no caule das plantas, onde o solo tenha sido arrastado. A erosão laminar está associada a terrenos de baixa declividade, com baixa energia cinética e leve processo erosivo. Os sulcos são numerosos canais que se originam de forma aleatória nas superfícies inclinadas em decorrência do escoamento superficial de água, apresentando poucos centímetros de profundidade. As ravinas correspondem ao canal de escoamento pluvial concentrado, apresentando erosão com traçado bem definido, podendo atingir alguns metros de profundidade. Quanto maior a inclinação da vertente, maior será a velocidade da água e a energia cinética envolvida, levando à intensificação do processo erosivo. Voçoroca é o estágio mais avançado de erosão acelerada, que corresponde à passagem gradual da água, durante o processo de ravinamento, até atingir o lençol freático. Diversos 76 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 76 21.03.13 11:25:01 processos estão presentes na voçoroca, entre eles os relacionados com o escoamento pluvial (lavagem superficial e formação de sulcos), a erosão interna do solo, os solapamentos (afundamento do solo) e os escorregamentos dos solos, além da erosão feita pela água do escoamento pluvial. No interior da voçoroca há surgências d’água, ou seja, o surgimento de nascentes devido ao afloramento do lençol freático. As voçorocas estão relacionadas a terrenos de alta declividade ou áreas com manejo de solo impróprio, já que ambos facilitam a intensificação do escoamento superficial por canalizar e concentrar os fluxos de água, aumentando sua energia cinética e sua capacidade de deslocar sedimentos. A erosão por embate/salpicamento ocorre quando o impacto das águas da chuva desagrega o solo em partículas mais finas capazes de serem arrastadas pelo escoamento superficial. A desagregação e o transporte dessas partículas para jusante ocorrem por causa da intensidade da precipitação e da coesão do solo. Alguns elementos contribuem para a geração de sulcos erosivos, entre eles as trilhas (especialmente as de gado) e as estradas de acesso, a concentração de águas pluviais, os locais submetidos ao manejo agrícola impróprio, a remoção de cobertura vegetal etc. Chuvas intensas e/ou prolongadas podem provocar deslizamentos/escorregamentos de terra, que ocorrem quando a água, ao penetrar no solo, funciona como um lubrificante entre suas partículas, facilitando o deslizamento de grandes massas de solo em áreas inclinadas. Os movimentos de massa envolvem a descida, pela encosta de montanhas, serras e morros, de materiais como solo, rocha, detritos, lama, vegetação, gerada pela ação da gravidade em terrenos inclinados. As encostas são formadas por materiais inconsolidados (solo), estabilizados pelo atrito entre as partículas, que dificultam seu deslocamento. Os escorregamentos e deslizamentos ocorrem quando o atrito interno é vencido pela força gravitacional (responsável pelo deslocamento dos materiais inconsolidados para áreas de menor altitude). A diminuição do atrito entre as partículas é causada principalmente pelo acúmulo de água na massa de terra, pois a saturação do solo por água aumenta o peso do material e funciona como um lubrificante, facilitando o deslocamento do solo encosta abaixo. Entre os agentes naturais capazes de desencadear movimentos de massa destacam-se: abalos provocados por terremotos e erupções vulcânicas, capazes de desestabilizar os terrenos; fusão do gelo e das neves; impacto causado por ondas do tipo tsunami; ação de ventos fortes como tufões e furacões; erosão e intemperismo, que atuam incessantemente sobre o solo e as rochas, sendo capazes de romper o equilíbrio das encostas; chuvas intensas e/ou prolongadas. Quando o homem retira a cobertura vegetal e/ou promove algum tipo de modificação nas encostas, como ocupação irregular, cortes e aterros, ele pode desestabilizar o terreno e provocar movimentos de massa induzidos, como escorregamento de solo e queda de blocos de rocha. Manual do Professor 77 EE_G15GG1_manual.indb 77 21.03.13 11:25:01 Grupo 3 – Erosão fluvial Os alunos podem consultar o livro para explicar o que é a erosão fluvial. Eles devem ressaltar que, nesse processo, quanto maior for a velocidade da água, maior será a dimensão das partículas de areia, das pedras e dos outros materiais transportados pelas águas e, portanto, maiores serão os efeitos da erosão nas paredes e no leito do rio. Nos rios que descem de regiões montanhosas, a água escoa com maior velocidade e o processo erosivo é mais intenso, principalmente durante o período das cheias ou enchentes, ou quando ocorrem enxurradas. Esta é uma das razões para não se construir próximo às margens dos rios ou nas áreas de várzea. O curso superior do rio compreende a nascente e o trecho de relevo mais inclinado, geralmente formado por rochas expostas na superfície e escassa formação vegetal. Nesse trecho o poder erosivo e de transporte de materiais é muito intenso, pois a inclinação do terreno possibilita maior velocidade do curso d’água e, consequentemente, maior a energia cinética. Energia cinética é a energia relacionada à movimentação dos corpos, ou seja, é a energia que um corpo possui em virtude de estar em movimento. Se as rochas do terreno são muito resistentes, o rio circula por elas, formando quedas de água, gargantas ou desfiladeiros, o que propicia que a velocidade da água aumente ainda mais. A menor presença de vegetação de solos espessos diminui a força de atrito da água com a superfície, possibilitando maior velocidade no escoamento superficial e maior intensidade do processo erosivo. A energia é utilizada para realizar trabalho, que por sua vez corresponde à força aplicada a um corpo que causa o seu deslocamento. Se não houver deslocamento, não há trabalho. Dessa forma, há uma energia que atua na massa d’água para que esta se desloque, ou melhor, realize trabalho. Essa energia é definida como energia potencial gravitacional. A atração da água pela gravidade do interior da Terra faz com que ela realize trabalho, transformando a energia potencial gravitacional em energia cinética, ou seja, em movimento. No curso médio do rio, a diminuição da declividade leva à diminuição da velocidade do fluxo d’água e de sua capacidade de transportar sedimentos mais pesados, que começam a ser depositados. Na época das cheias, o rio transborda, depositando nas várzeas grande quantidade de sedimentos. Nessas regiões formam-se grandes planícies sedimentares, onde o rio descreve amplas curvas chamadas meandros. O curso inferior do rio corresponde às zonas mais próximas de sua foz/desembocadura. A inclinação do terreno torna-se quase nula e há pouquíssima erosão e quase nenhum transporte. A foz pode estar livre de sedimentação ou podem surgir nela acumulações que dificultem a saída da água. No primeiro caso, a foz do rio recebe o nome de estuário e no segundo, formam-se os deltas. Mesmo nos rios que correm por áreas planas, a própria dinâmica fluvial, com a subida do nível da água durante as cheias ou enchentes e a descida da água durante a vazante, provoca a erosão das margens, dando origem ao processo conhecido por “terras caídas”. O processo acontece porque a corrente de água escava a base do barranco (talude) na margem do rio, desestabilizando o terreno, que desliza para dentro do rio. 78 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 78 21.03.13 11:25:01 Quando há excesso de sedimentos depositados no leito do rio ocorre o assoreamento. Os leitos dos rios ficam entulhados de sedimentos, que dificultam o escoamento d’água, por isso se tornam cada vez mais rasos e transbordam mais facilmente durante as cheias. Como resultado, ocorrem cheias e inundações, que atingem frequentemente as classes sociais mais baixas, segundo o nível de renda, que residem em áreas de várzea ou áreas ribeirinhas. As principais consequências socioeconômicas são as perdas materiais (residências, móveis e outros bens pessoais), a destruição de infraestruturas urbanas e rurais (pontes, estradas, prédios públicos etc.), a destruição de plantações, a morte e o desaparecimento de pessoas e de animais. Grupo 4 – Erosão marinha costeira A água do mar provoca erosão através da ação das ondas, das correntes marítimas, das marés e das correntes de turbidez. O mar fica batendo dia e noite nas rochas do litoral e do fundo do oceano, provocando o seu desgaste, por abrasão (atrito causado entre as partículas em suspensão – silte e areia – na água e as rochas presentes na costa). É esse processo que dá origem à areia da praia. O desgaste da ação da água também é mecânico, pois as ondas também atiram rochas de diversos tamanhos contra os paredões rochosos litorâneos, e o choque resultante causa fraturas em tais paredões (falésias). Embora os principais agentes da erosão marinha sejam as ondas e as correntes, a água do mar também atua no processo erosivo, dissolvendo rochas como os calcários, podendo formar grutas marinhas. As rochas são formadas por diversos tipos de minerais, sendo que alguns podem ser solúveis em água. Dessa forma, a água do mar pode atuar como solvente, causando a dissolução desses minerais, que geram interstícios/fissuras na rocha, facilitando sua desagregação em partículas menores. Trata-se do intemperismo químico. A erosão marinha resulta de: •• alterações nos padrões de dispersão e transporte de sedimentos na zona costeira, relacionado ao balanço de sedimentos na zona costeira, ou seja, a diferença entre créditos e débitos de sedimentos; assim, se para um determinado trecho da linha de costa o balanço de sedimentos é positivo, a linha de costa avança mar adentro, se esse balanço é negativo, a linha de costa recua em direção ao continente, e, se o balanço é zero, a posição da linha de costa se mantém fixa; •• intervenções humanas na zona costeira, capazes de induzir ou potencializar os processos de degradação dessa área, entre as quais podemos citar: ocupação de áreas muito próximas ao mar, normalmente sujeitas à oscilação das marés ou à ação das ondas, principalmente durante o período de ressacas, intensificando a erosão; despejo de esgoto e águas pluviais, que podem resultar na formação de ravinas e sulcos que vão se ampliando cada vez mais; retirada da vegetação costeira que protege as praias e fixa as dunas; desmatamentos e retirada da mata ciliar ao longo dos rios, que contribuem para o aumento da erosão e da quantidade de sedimentos que chegam à foz dos rios, formando bancos de areia que modificam a direção das ondas e as correntes marítimas; construção de portos, Manual do Professor 79 EE_G15GG1_manual.indb 79 21.03.13 11:25:01 que podem provocar mudanças na direção das ondas e correntes marítimas que vão erodir outras áreas do litoral, contribuindo para diminuição da faixa de praia; •• possível subida do nível relativo do mar. Para conter o avanço da erosão marinha, as técnicas mais utilizadas são a construção de muros e espigões nas áreas criticamente atingidas e o engordamento de praia (adição de grandes volumes de areia provenientes de outros lugares para aumentar a faixa de areia na linha de costa). No entanto, tais técnicas são onerosas e não resolvem o problema. Para áreas ainda não ocupadas, a solução mais adequada seria o disciplinamento do uso do solo, com o estabelecimento de faixas de recuo. A erosão marinha é responsável pela formação de sedimentos, que juntamente com aqueles produzidos no interior do continente e transportados pelas redes hidrográficas ao mar, são deslocados e depositados pela atuação das correntes marítimas. Se um banco de areia se depositar entre a costa e uma ilha costeira, esta poderá unir-se ao continente, formando então um tômbolo. Caso um banco de areia se deposite de modo paralelo à linha da costa, fechando uma praia ou enseada, poderá formar uma restinga e uma lagoa litorânea. Os recifes podem ser: de sedimentos, quando formados pelo acúmulo de sedimentos próximo ao litoral; ou de corais, quando formado pela superposição de esqueletos calcários de organismos do filo Cnidária (águas vivas e anêmonas, que servem de substrato para um grande número de outros organismos que nesse local se desenvolvem em razão dos diferentes micro-habitats que se formam, conferindo-lhe elevados índices de biodiversidade e, consequentemente, elevada produção biológica). Os recifes, restingas e tômbolos fazem parte dos ecossistemas costeiros e de outros ambientes importantes do ponto de vista ecológico, todos apresentando diferentes espécies animais e vegetais, em razão das diferenças climáticas e geológicas da costa brasileira. Grupo 5 – Erosão glacial A erosão glacial por abrasão ocorre quando partículas incorporadas na base de geleiras são transportadas sob intensa pressão contra a superfície rochosa. Os detritos agem como ferramentas abrasivas, gerando superfícies com diferentes formas indicativas de fluxo, como estrias glaciais, sulcos e cristas. A maior parte da abrasão é produzida pelos fragmentos de rochas presentes na base do bloco de gelo, e não pela ação direta do gelo, visto que este apresenta baixa dureza. A abrasão promove o riscamento e a remoção de partículas da superfície rochosa, de acordo com a velocidade do deslocamento da massa de gelo e da disponibilidade de fragmentos rochosos em sua base. A erosão glacial por remoção relaciona-se à remoção de fragmentos rochosos maiores com o deslocamento de massas de gelo, que, embora se movimentem muito lentamente, têm uma enorme capacidade de transporte, podendo carregar blocos de rocha que se soltam ao longo do caminho, que podem atingir o tamanho de uma casa. 80 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 80 21.03.13 11:25:01 Há duas formas de erosão glacial por degelo: mecânica: ocorre quando a água acumulada nas cavidades das rochas durante o verão congela com a chegado do inverno, sofrendo dilatação; isso pressiona as paredes dos poros, rompendo a rocha e, como a cada ano o processo se repete, a rocha aos poucos se desagrega; química: ocorre quando a água de degelo solubiliza e carrega os minerais solúveis presentes na rocha, gerando interstícios/ fissuras na rocha e facilitando sua desagregação em partículas menores; trata-se do intemperismo químico. Quando derretem, as geleiras formam depósitos sedimentares muito heterogêneos, chamados de morenas ou morainas, localizadas nos arredores das geleiras. Os fiordes são corredores estreitos e profundos numa costa alta, formados pela erosão glacial em eras geológicas passadas e atualmente submerso, invadido pelo mar. Fiordes podem ser encontrados ao longo da costa da Noruega, na Islândia, na Groelândia, nas costas sul e oeste do Alasca e no sul do Chile, por exemplo. As marcas na superfície rochosa causadas pela erosão glacial por remoção e por abrasão são utilizadas para indicar as áreas que estavam cobertas por geleiras em eras geológicas passadas, e a direção das marcas deixadas pelo deslocamento dos blocos de gelo indicam que antigamente a disposição dos continentes era diferente da atual, já que, quando os continentes são encaixados, marcas atualmente encontradas em diferentes porções da superfície da Terra apresentam certa semelhança e continuidade, indicando que tais porções estavam unidas em épocas remotas. Grupo 6 – Erosão eólica A partir da definição do livro, os alunos devem desenvolver o conteúdo, abordando os outros aspectos pedidos no projeto. O transporte das partículas, pela erosão eólica, é influenciado pelo seu tamanho, pela velocidade do vento e pela distância a percorrer. A deposição do sedimento ocorre quando a força da gravidade é maior que a força de sustentação das partículas no ar. Os grãos de areia variam de tamanho, de muito finos (0,125 mm) a muito grossos (2 mm). Quanto maior a partícula de areia, menor será seu deslocamento, pois as partículas apresentam resistência ao vento de acordo com seu tamanho, que influi no seu peso. Os grãos de areia podem ser levados por arrastamento, por suspensão e por saltação. O deslocamento por suspensão ocorre quando as partículas menores permanecem suspensas por longos períodos de tempo em razão do fluxo de ar turbulento e da velocidade da massa de ar, sendo transportadas a longas distâncias e formando grandes depósitos arenosos, chamados de loess, e tempestades de areia. Quando as partículas em suspensão são depositadas, pode ocorrer a colisão com grãos presentes na superfície, promovendo o deslocamento destes por pequenos saltos. O movimento da areia por esse processo é denominado de saltação, que provoca o desgaste da parte inferior dos morros por abrasão (desgaste por fricção, raspagem, atrito) e a desagradável sensação de picadas que se sente nas pernas quando se está na praia em dia de vento forte. Manual do Professor 81 EE_G15GG1_manual.indb 81 21.03.13 11:25:01 O deslocamento por arrastamento ocorre quando as partículas movimentadas por saltação colidem com grãos de areia maiores, arrastando-os na mesma direção do vento. Esse tipo de deslocamento é menos significativo, devido ao peso das partículas e ao atrito entre elas e a superfície. Os principais fatores que influenciam na erosão eólica são: clima: deve-se levar em consideração as precipitações, o vento, a temperatura, a umidade, a viscosidade e a densidade do ar; solo: distinguem-se sua textura, sua estrutura, a densidade de suas partículas, sua matéria orgânica, a umidade e a rugosidade de sua superfície; é importante salientar que, dentre todos esses fatores, o mais importante é a umidade, pois somente o solo relativamente seco é sujeito à erosão; vegetação: considera a altura e a densidade da cobertura vegetal. Dentre as principais consequências da erosão eólica destacam-se: o empobrecimento do solo, a morte das plantas, a ocupação de estradas de ferro e rodovias. Tempestades de areia ocasionadas por severa erosão eólica causam problemas adicionais: homens e animais sofrem por causa da inalação de poeira, que causa infecções nos olhos e no sistema respiratório; além disso, a atmosfera fica poluída. Enem e vestibulares (p. 141) 1. a. As principais diferenças estão em seus processos de formação. As rochas sedimentares resultam da ação de desgaste e deposição de grãos de rochas pré-existentes, sendo também mais friáveis. As magmáticas, com maior grau de dureza, surgem a partir da consolidação de material ígneo, do início da formação da Terra. b. A rocha metamórfica é o produto da transformação de rochas pré-existentes a partir de alterações químicas de suas estruturas, resultantes da pressão do edifício geológico e do grau geotérmico, que provocam metamorfismo na rocha. 2. Alternativa B. 3. Alternativa B. 4. Alternativa E. 5. Alternativa A. 6. Alternativa A. 7. Alternativa A. 8. Alternativa A 9. Alternativa A. 82 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 82 21.03.13 11:25:01 Capítulo 8 – A produção de minérios no mundo Neste capítulo, recomenda-se que os alunos sejam levados a reconhecer os principais minérios economicamente aproveitados. Você pode solicitar que eles comparem as propriedades mais importantes dos minérios, para que possam depreender suas diferentes aplicabilidades. Incentive também a realização de pesquisas complementares, em fontes diversas, para que os alunos aprofundem seus conhecimentos sobre as características dos minérios e seu emprego industrial como matéria-prima de vários produtos essenciais para a realização das atividades contemporâneas. Instigar os alunos a realizar pesquisas para identificar os minérios empregados na fabricação dos objetos mais utilizados no cotidiano de cada um é uma maneira interessante de abordar o tema. Eles também podem levantar informações sobre a cadeia produtiva desses objetos. Os recursos visuais (fotografias e mapas) do livro também podem ser explorados para problematizar questões referentes à localização das áreas de produção mais relevantes, às estruturas de exploração e às transformações espaciais decorrentes da atividade mineradora. Abertura: atividade complementar (p.146) Os minérios têm grande aplicação industrial, por isso são importantes recursos econômicos. Porém há um conjunto de aplicações específicas para cada um deles, dependendo de suas propriedades. Uma das funções de parte dos profissionais ligados à mineração é justamente a de classificar os minerais. Transcreva uma passagem do texto de Júlio Verne que aluda a critérios de classificação mineral. Resposta: “Pela fratura, pelo aspecto, pela dureza, pela fusibilidade, pelo som, pelo cheiro ou pelo gosto, era capaz de classificar sem hesitação um qualquer mineral entre as seiscentas espécies com que a ciência conta hoje em dia”. Sugestões interdisciplinares, boxes e atividades Para refletir e pesquisar – A mineração em Serra Pelada (PA) (p. 152) 1. Revela a situação das pessoas que vivem do trabalho no garimpo, que normalmente é de extrema pobreza e precariedade (o “inferno”). Porém, caso uma pessoa encontre uma pedra de ouro de tamanho considerável, essa situação muda completamente, visto que ela pode melhorar de vida e enriquecer de uma hora para outra (o “céu”). 2. Formigas ou homens-formiga eram pessoas que carregavam sacos pesados, com rochas e terra, para fora do buraco do garimpo. Eles recebiam pagamento de acordo com a quantidade de sacos que retiravam e tinham essa denominação porque se movimentavam em fileiras, como as formigas operárias. Manual do Professor 83 EE_G15GG1_manual.indb 83 21.03.13 11:25:01 3. A intensa exploração mineral não existe mais e enriqueceu poucas pessoas, de fato. A região atualmente apresenta uma população de baixíssima renda, que vive num local intensamente degradado social, cultural e ambientalmente. Os minérios remanescentes em Serra Pelada – com destaque para o ouro, o paládio e a platina – voltarão a ser extraídos pela empresa Serra Pelada Companhia de Desenvolvimento Mineral, criada por uma parceria entre a Cooperativa dos Garimpeiros de Serra Pelada e uma empresa de mineração canadense. Estava previsto que o projeto iniciaria suas atividades em 2013. A importância da reciclagem dos produtos industriais como medida de preservação – Interdisciplinaridade com Biologia e Química (p. 154) O tema reciclagem é amplamente abordado por diferentes disciplinas da grade curricular do Ensino Médio. Há a possibilidade de se explorar esse tema para a elaboração de projetos que envolvam assuntos relacionados à Biologia e Química. A Biologia pode abordar questões referentes à preservação dos recursos naturais e os impactos ambientais causados pelas atividades mineradoras, enquanto a Química pode trabalhar com as propriedades dos diferentes minerais. Retomando o conteúdo (p. 155) 1. Os minerais são utilizados como matérias-primas para a indústria de base, notadamente a siderurgia e a metalurgia. 2. Para introduzir um grande projeto de extração mineral, é necessário que nas jazidas existam minérios de qualidade e em grande quantidade. A infraestrutura adequada inclui hidrelétricas, rodovias, ferrovias e portos, além de moradias, escolas e hospitais para atender à população trabalhadora. 3. O minério de ferro é utilizado como insumo natural básico do aço (que é resultante da mistura, em proporções adequadas, de ferro metálico e carbono). Por sua grande resistência à tração, o aço é largamente utilizado na construção civil, em fábricas de automóveis, de ferramentas, de maquinário e na produção de trilhos de trem. 4. No setor siderúrgico, o manganês, misturado ao aço, é utilizado na fabricação de produtos que exigem elevado grau de resistência, como escavadeiras, trilhos de trem, carros-fortes e tanques. No setor metalúrgico, é utilizado na produção do bronze-manganês. 5. Estanho: é um dos minerais menos tóxicos e mais resistentes ao processo de oxidação, utilizado na produção de vários itens industriais, como bronze, solda e folha de flandres. É encontrado no minério de cassiterita e relativamente raro. Níquel: metal raro na crosta terrestre, destaca-se pela forte resistência aos processos de corrosão e oxidação e, por isso, é utilizado na produção de aço inoxidável. 84 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 84 21.03.13 11:25:01 Cromo: metal raro na crosta terrestre, é bastante resistente à corrosão e à oxidação e, por isso, é utilizado no revestimento de objetos metálicos. 6. Na primeira fase de transformação da bauxita em alumínio, utilizam-se técnicas químicas para isolar a alumina presente na bauxita. Em seguida, a alumina é solidificada em solução aquosa e transformada em hidróxido de alumínio sólido, que, depois de beneficiado, resulta em alumina seca. Na terceira fase, a alumina seca é dissolvida em criolita, produzindo uma solução aquosa denominada criolita-alumina, que será submetida a temperaturas bastante elevadas. A desvantagem ambiental e financeira do processo de produção do alumínio está relacionada à grande quantidade de energia elétrica que o processo exige. 7. Ouro: considerado o mais nobre dos metais (por sua ductibilidade, maleabilidade e resistência à corrosão), é usado como matéria-prima na produção de objetos valiosos e como reserva de valor. Prata: metal muito brilhante e resistente à corrosão, utilizado como matéria-prima na produção de vários utensílios domésticos, joias, espelhos e materiais elétricos e fotográficos. Os países importadores são geralmente os que não têm grandes jazidas minerais e dispõem de recursos financeiros suficientes para a compra desses minérios. 8. Países importadores: são, em geral, países que não dispõem de grandes jazidas minerais em seus territórios, necessitando da importação destes recursos para obtenção de matéria-prima para suas atividades industriais. Países exportadores: são predominantemente os chamados países em subdesenvolvimento, que necessitam exportar esses recursos para gerar renda. Nesse grupo, há também alguns países desenvolvidos que, já atendendo sua demanda interna, exportam esses minérios como forma de complementação financeira. 9. Depois de reciclados, os produtos podem ser reutilizados como matérias-primas na fabricação de outros objetos (como cadernos, sacos de lixo ou pneumáticos). Esse processo é muito importante, pois minimiza os problemas gerados pelo aumento do volume de lixo no mundo e diminui a utilização de recursos disponíveis na natureza. Em nível global, o processo de conscientizar a população sobre essa questão ainda é lento e não atingiu índices expressivos. Ampliando o conhecimento (p. 155) 10. a. Dentre os diversos impactos causados pela mineração, o texto destaca: contaminação dos rios, lagos e lençóis freáticos; desmatamento; redução da biodiversidade; e deslocamento da população local. Manual do Professor 85 EE_G15GG1_manual.indb 85 21.03.13 11:25:01 b. O texto indica o aumento do rigor em relação às leis ambientais nos países da América Latina. c. Resposta pessoal. Professor, há a possibilidade de que as imagens coletadas pelos alunos sejam utilizadas para algum projeto em paralelo, como a montagem de seminários, cartazes ou murais para exibição na escola ou a criação de portfolios. 11. a. A diferença é de US$ 714. b. O Brasil tem um enorme prejuízo financeiro e so­cial, pois, como possui siderúrgicas, poderia investir na produção dos próprios trilhos, o que geraria empregos e diminuiria gastos com importação. c. O minério de ferro é classificado como um recurso mineral metálico. No Brasil, suas principais jazidas estão localizadas no Quadrilátero Ferrífero (MG) e na Serra dos Carajás (PA). Atividade final: debate (p. 157) Os preços das commodities são determinados pela demanda do mercado, em outras palavras, a lei da oferta e da procura. Existem alguns mecanismos para proteger os produtores e compradores das oscilações de preços, chamados de contratos futuros, nos quais os preços, que são estabelecidos no dia do acordo, são mantidos por um prazo futuro, diminuindo os impactos das variações de preços. Países que apresentam elevada dependência das commodities sofrem com essa variação de preços, apesar da existência dos contratos futuros. Exemplo é o preço do barril do petróleo, que em maio de 2008 atingiu aproximadamente US$ 130 o barril, e em junho de 2012 teve o preço em aproximadamente US$ 80 o barril. Essa variação dificulta o planejamento a longo prazo dos países que dependem das commodities, já que a arrecadação com a venda dos produtos primários sofre variações constantes. Uma forma de reduzir os efeitos dessa variação de preços é adoção de tecnologias para agregar valor aos produtos primários, como reduzir a venda do grão de soja e aumentar a produção de produtos derivados do grão; comercializar menos minério de ferro e mais aço; e exportar mais petróleo refinado ao invés do petróleo bruto. Isso reduz os impactos da variação das commodities e, consequentemente, aumenta a competitividade dos países produtores no mercado internacional. Capítulo 9 – A produção de combustíveis fósseis no mundo Os combustíveis fósseis começaram a ser utilizados em larga escala a partir da Revolução Industrial, sendo ainda fontes energéticas indispensáveis para o desenvolvimento das atividades humanas, principalmente aquelas que regem a dinâmica das sociedades mais industrializadas. Contextualizar situações que reforcem essas premissas ajuda no reconhecimento da importância desses combustíveis pelos alunos, ampliando os meios de abordagem do 86 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 86 21.03.13 11:25:01 tema. É importante discutir a relevância dos combustíveis fósseis para o desenvolvimento das indústrias siderúrgicas e petroquímicas, por exemplo, e as transformações que estes viabilizaram nos sistemas de transportes. É fundamental fornecer subsídios para que os alunos possam analisar as especificidades de cada tipo de combustível fóssil, de modo que consigam apontar suas vantagens e desvantagens e reconhecer suas possibilidades de uso. Cabe ainda ressaltar que o tema tratado neste capítulo extrapola a própria questão energética, devendo ser estimulados debates e problematizações a respeito dos desafios tecnológicos de exploração dos recursos (o tópico pode ser ilustrado com a exploração do petróleo na camada pré-sal no Brasil); dos impactos ambientais relacionados à extração, ao transporte, ao processamento e ao consumo dos combustíveis fósseis e derivados; e dos mecanismos políticos e de poder em torno da apropriação desses recursos. Oriente os alunos a buscar fundamentação, para que se posicionem nesses debates, no próprio livro didático e nas notícias veiculadas nos meios de comunicação sobre os assuntos correlatos. Abertura: atividade complementar (p. 160) O texto de abertura introduz o debate a respeito do excessivo apoio governamental de diversos países do mundo aos combustíveis fósseis em detrimento do apoio dado às fontes energéticas renováveis. Discuta com os alunos sobre a importância de maiores investimentos em energia renovável e coloque em destaque os temas relacionados à questão ambiental, como a poluição atmosférica, a maior incidência de chuvas ácidas e o debate a respeito do aquecimento global. É importante reforçar aos alunos que os estudos a respeito de combustíveis fósseis estão diretamente relacionados ao meio ambiente, à economia mundial e à geopolítica global. Sugestões interdisciplinares, boxes e atividades Petróleo: origem e importância – Interdisciplinaridade com Química (p. 164) O petróleo, composto de hidrocarbonetos, é um tema trabalhado de maneira intensa em Química, e essa relação com a Geografia pode ser estabelecida a partir da análise da formação não apenas do petróleo, mas também dos outros combustíveis fósseis, como o carvão mineral e o gás natural. Para ler e refletir – Biomassa: uma fonte alternativa de energia? (p. 171) A queima de biomassa, assim como a de outros materiais, pode gerar uma poluição atmosférica local e, dessa forma, contribuir, por exemplo, para o aumento de doenças respiratórias dessa população. Entretanto, a biomassa é considerada menos poluente que outras fontes de energia, como o carvão e o petróleo. Portanto, devemos sempre Manual do Professor 87 EE_G15GG1_manual.indb 87 21.03.13 11:25:01 considerar em nossa análise a quantidade de energia gerada, atentando o impacto para a população local. Além disso, alguns pesquisadores consideram a biomassa uma fonte de energia mais limpa graças à possibilidade de reposição ambiental mais rápida, por meio do reflorestamento e da (re)captura de gases poluentes pela utilização de novas áreas de plantio. Para ler e pesquisar – Indústrias, meio ambiente e desenvolvimento sustentável: breve histórico dos acordos internacionais (p. 172) Resposta pessoal. Economia Verde é a associação entre diferentes processos produtivos e o desenvolvimento sustentável. O objetivo da implantação da Economia Verde é incentivar mudanças como o menor uso de combustíveis fósseis, a maior preocupação com o aquecimento global, o incentivo a práticas agrícolas consideradas verdes, a melhora na eficiência energética, entre outros aspectos, sem afetar o crescimento econômico local e global. O conceito de Economia Verde foi amplamente debatido na conferência Rio+20, apesar de ainda existirem poucos exemplos de como o crescimento econômico e o meio ambiente podem coexistir de maneira eficiente. Estimule os alunos a descobrir esses exemplos e a expô-los em sala de aula por meio de debates ou seminários. Retomando o conteúdo (p. 174) 1. As fontes energéticas primárias estão relacionadas ao conjunto de matérias-primas e fenômenos naturais utilizados na produção de energia, como os combustíveis fósseis – petróleo, gás natural e carvão mineral – e os minérios atômicos – urânio e tório – ou fenômenos naturais – água de rios e ventos. Fontes energéticas secundárias são originadas pela transformação ou conversão das fontes energéticas primárias, como a gasolina e o óleo diesel, obtidos do petróleo; a energia elétrica, obtida com as águas correntes, nas usinas hidrelétricas, ou da fissão de átomos de urânio nas usinas termonucleares; e a energia eólica, obtida por meio da ação dos ventos. 2. Combustível fóssil Carvão mineral Origem Utilização Originado do soterramento de antigas florestas, em ambiente com pouco oxigênio, particularmente na era Paleozoica. Pode ser encontrado em diversos estágios que revelam sua qualidade: turfa, linhito, hulha e antracito. É utilizado nos setores siderúrgico e termoelétrico. Muito empregado durante a Primeira Revolução Industrial, foi gradativamente substituído pelo petróleo, por ser muito caro e muito poluente. 88 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 88 21.03.13 11:25:01 Petróleo Óleo natural originado da conjunção de alguns fatores: plâncton e restos vegetais depositados no fundo dos mares e lagos (no período Mesozoico), que sofreram intensa sedimentação pela ação de micro-organismos e devido às altas temperatura e pressão. Geralmente destilado para ser utilizado como fonte energética, é o combustível fóssil mais utilizado no planeta desde a década de 1960, em razão de uma série de fatores: houve avanço tecnológico em sua exploração; seu transporte é mais flexível que o do carvão, capacidade de refinamento para a obtenção de diversos derivados; invenção dos motores movidos por combustão interna utilizados em sistemas de transporte, agrícola e de aquecimento. Gás natural Encontrado no subsolo da crosta terrestre associado ao petróleo, é constituído predominantemente de gás metano. Sua utilização tem se ampliado nas últimas décadas, como matéria-prima no setor petroquímico e como combustível em aquecedores residenciais e em usinas termoelétricas. É menos poluente que o petróleo e o carvão mineral. 3. Até a Segunda Guerra Mundial, a produção de petróleo no cenário internacional ainda era pequena. Depois, sobretudo na década de 1960, surgiram diversos produtores no Oriente Médio (motivo pelo qual essa fonte energética se tornou alvo mundial de interesses econômicos e geopolíticos), que rapidamente encontraram mercados consumidores. Até a década de 1970, poucas empresas monopolizavam esse comércio, controlando os preços. Essa década ficou marcada pelos chamados “choques do petróleo” (em 1973 e em 1979), que consistiram em aumentos estratosféricos no preço do barril. A valorização do petróleo e sua importância geopolítica contribuíram para o desencadeamento de conflitos políticos nos países do Oriente Médio. Esses choques estimularam a produção de petróleo em diversas regiões do globo, bem como a busca dos países importadores por outras fontes de energia. 4. O efeito estufa é um fenômeno natural de retenção de raios solares e consequente aquecimento da superfície da Terra (o que permite a sobrevivência dos seres vivos). Atualmente, o efeito estufa tem se intensificado em virtude da grande queima de combustíveis fósseis, responsável pelo aquecimento global, fruto da intensificação do uso desses combustíveis nas atividades humanas, principalmente para a obtenção de energia. Alguns pesquisadores afirmam que a temperatura média do planeta aumentou. As implicações desse aquecimento podem ser desastrosas tanto para os seres humanos como para o meio ambiente. Caso o planeta esteja se aquecendo de fato, esse fenômeno pode ter consequências como: o derretimento de vastas extensões polares, causando o aumento do nível dos oceanos e, em decorrência disso, a inundação de áreas mais próximas à costa; a desertificação de áreas agricultáveis; a alteração dos limites das zonas climáticas; entre outros fenômenos. Manual do Professor 89 EE_G15GG1_manual.indb 89 21.03.13 11:25:01 5. Chuva ácida é uma precipitação cujas águas apresentam nível de acidez acima do normal. O impacto desse tipo de chuva está relacionado à devastação de coberturas vegetais, ao aumento do nível de acidez dos solos, a prejuízos para a fauna aquática e à corrosão de superfícies metálicas e pintadas. Ampliando o conhecimento (p. 174) 6. a. O petróleo e as fontes sólidas (principalmente o carvão mineral). b. Nesse ano, o petróleo seria a fonte energética mais usada. Os alunos podem citar exemplos de derivados do petróleo, como: plástico, gasolina, querosene e óleo diesel. c. O petróleo é o recurso mais utilizado nos meios de transporte. Na geração de energia elétrica, o país se destaca por suas usinas hidrelétricas, principalmente a de Itaipu, uma das maiores do mundo. Com a instalação de gasodutos, o consumo desse tipo de energia vem crescendo nos últimos anos. Nas siderúrgicas, é mais comum a utilização de fontes sólidas, como o carvão mineral. 7. Professor, você pode explorar as questões de política energética brasileira em relação ao gás natural, incluindo no debate novas informações sobre preços, fornecimento e ampliação do consumo desse tipo de combustível. a. O gás natural pode ser utilizado, por meio de sua queima, para a geração de eletricidade ou de força motriz para o fornecimento de frio ou calor. Já como matéria-prima, pode ser usado nas indústrias siderúrgica, química, petroquímica e de fertilizantes e para a produção de gás carbônico nas indústrias de refrigerantes. Pode ainda ser utilizado em equipamentos eletrodomésticos, em geradores de energia e como combustível automotivo (GNV). b. Benefícios ambientais (é menos poluente que outras fontes não renováveis de energia), econômicos (não provoca entupimentos nos equipamentos, aumentando a vida útil destes), versatilidade de usos, além de não necessitar ser armazenado previamente. c. As negociações brasileiras de compra do gás natural fecharam o preço do produto em dólar, o que significa que o pagamento fica sujeito às variações do mercado, tornando o acordo arriscado e podendo gerar dívidas imprevisíveis devido à possibilidade de faltarem consumidores. Além disso, a cláusula do take or pay obriga o país a pagar uma quantidade mínima pelo produto, mesmo que este não seja consumido (o que de fato aconteceu durante pelo menos uma década), gerando prejuízos desnecessários ao orçamento nacional. 8. a. Em 1973 ocorreu a primeira grande crise do petróleo, devido ao aumento excessivo de seu preço por parte dos países produtores. Essa elevação de preços causou instabilidade na economia mundial e estimulou o investimento dos países importadores de petróleo em novas fontes energéticas, reduzindo um pouco a dependência global em relação ao Oriente Médio. 90 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 90 21.03.13 11:25:01 b. De acordo com a tendência mostrada no gráfico, observa-se que, apesar da redução da participação do petróleo e do aumento da participação de outras fontes de energia, como a biomassa e a eletricidade, ainda é muito elevada a dependência dos países da OCDE em relação ao petróleo. Atividade final: leitura, filme e produção de texto (p. 177) Professor, o objetivo da atividade final é demonstrar aos alunos que a ciência está em constante evolução e novas pesquisas podem mudar o rumo de teorias consideradas definitivas. Apesar de a poluição atmosférica ser extremamente estudada e ter consequências conhecidas, novas pesquisas e opiniões de diferentes cientistas tendem a colocar em debate a questão do aquecimento global e se as mudanças climáticas globais estão de fato associadas à poluição atmosférica. Há a possibilidade de ampliar a discussão em sala de aula com filmes que mostrem as diferentes teorias e os distintos argumentos que existem sobre a influência das atividades antrópicas nas mudanças climáticas. O filme Uma verdade inconveniente, produzido por Al Gore, traz argumentos que colocam os seres humanos como os responsáveis pelo aquecimento global. Por outro lado, o filme A grande farsa do aquecimento global, de Martin Durkin, apresenta argumentos que questionam o papel dos seres humanos nas alterações climáticas que têm ocorrido na Terra e defendem que o Sol é o responsável por essas mudanças. Caso não seja possível apresentar aos alunos os dois filmes do início ao fim, selecione alguns trechos destes que apresentem os diferentes argumentos sobre a quem deve ser atribuída a responsabilidade pelo aquecimento global. 1. a. James Lovelock defende que o planeta Terra é um superorganismo vivo, em que todos os elementos da natureza se relacionam, local e globalmente. b. O cientista chama a atenção da comunidade internacional para os efeitos catastróficos do aquecimento global que, segundo suas pesquisas, é causado pelas atividades humanas, que consomem intensamente os recursos naturais e geram grandes quantidades de poluentes. c. O segundo texto evidencia uma mudança de opinião do cientista porque a temperatura do planeta não se elevou de acordo com as previsões feitas anteriormente, tendo aquecido em um nível muito inferior ao esperado. 2. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos sejam conscientizados de que o aquecimento global é um assunto ainda em discussão e novas pesquisas estão sendo feitas para compreender a complexidade da atmosfera terrestre, não havendo um consenso científico sobre quais são suas causas e consequências. Ressalte que, apesar de as previsões climáticas anteriores não terem se concretizado, isso não significa que a sociedade moderna deve preocupar-se menos com a questão ambiental. Manual do Professor 91 EE_G15GG1_manual.indb 91 21.03.13 11:25:01 Capítulo 10 – A produção de minérios e combustíveis fósseis no Brasil A exploração de recursos minerais não depende apenas de possibilidades técnicas e econômicas. Também está condicionada à disponibilidade, no subsolo, de minerais que possam ser aproveitados – como matérias-primas, fontes de energia, ou pelo seu valor de mercado como as pedras e metais preciosos. A diversidade de recursos minerais resulta de processos relacionados ao ciclo das rochas. Desse modo, é interessante retomar os aspectos estudados no capítulo anterior para introduzir a temática do presente capítulo, o que também permite abordar como as condições naturais podem condicionar a realização de atividades humanas. Os alunos podem ser incentivados a reconhecer a distribuição dos principais minerais no Brasil, com base na interpretação do mapa da página 181 e na leitura do capítulo. Trabalhe em parceria com os professores de Física e de Química, para que os alunos possam compreender melhor como cada tipo de mineral pode ser aproveitado industrialmente. A presença de importantes jazidas minerais em algumas áreas (como em parte da Região Norte) também ajuda a compreender a forma de ocupação do espaço, que pode manifestarse pela instalação de infraestruturas e pelo surgimento de núcleos de urbanização que se destacam no conjunto regional. Os alunos podem ser levados a perceber essas relações. Para isso, podem ser aproveitados os próprios subsídios do livro didático e, se possível, oriente-os a realizar pesquisas para complementá-los. Aproveite o tema para discutir de forma abrangente os pontos relacionados a exploração mineral no Brasil. Como eixos de problematização, podem ser levantadas as questões que envolvem a participação estrangeira na exploração desses recursos; o fato de os minerais brasileiros serem exportados brutos em sua maioria, isto é, sem processamento industrial, o que agregaria valor a esses produtos; e os graves problemas ambientais que a atividade mineradora pode gerar. As recentes descobertas de grandes jazidas de gás natural e petróleo (recurso que inclusive já começou a ser explorado na camada pré-sal) também devem ser debatidas com os alunos e abranger reflexões sobre a redução da dependência externa, a viabilidade de um enriquecimento mais igualitário do país (tanto na esfera territorial quanto social) e o reforço da importância econômica do Brasil no cenário internacional. Abertura: atividade complementar (p. 180) Os relatos de Saint-Hilaire sobre a Real Fábrica de Ferro de São João de Ipanema nos dão uma ideia das infraestruturas necessárias para a exploração e para o processamento dos recursos naturais, pois, mesmo no início do século XIX, essa instalação contava com grandiosas edificações, provocando transformações na paisagem. Na atualidade, as intervenções são muito maiores. Tendo isso em vista, reúna-se com seus colegas e: 92 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 92 21.03.13 11:25:01 1. Discuta as razões que justificariam investimentos tão grandes para viabilizar a atividade mineradora. Resposta: apesar das dificuldades técnicas, das amplas infraestruturas exigidas e dos vultosos investimentos necessários à retirada dos minérios do subsolo, esses recursos naturais são importantíssimos para a atividade industrial e, consequentemente, para a existência de inúmeros produtos importantes na modernidade. A importância desses recursos faz com que os lucros das empresas mineradoras sejam grandes, compensando seus investimentos. 2. Pesquise os problemas ambientais mais comuns gerados pela exploração mineral. Resposta: as mineradoras provocam desmatamentos, retirada das camadas de solo, destruição dos lençóis freáticos, poluição dos rios, entre outros impactos. Sugestões interdisciplinares, boxes e atividades A distribuição regional da produção mineral – Interdisciplinaridade com História (p. 182) A produção mineral brasileira está diretamente relacionada a demandas econômicas que estimularam a busca por recursos no país. O ciclo do ouro em Minas Gerais e a busca por minérios na Região Norte após a Segunda Guerra Mundial são tópicos que permitem a associação entre Geografia e História. Região Sudeste – Interdisciplinaridade com Literatura (p. 184) Carlos Drummond de Andrade, nascido em Itabira, região do Quadrilátero Ferrífero, escreveu poemas que relatam as consequências e os impactos sociais e ambientais da mineração na região. Eles podem ser usados em sala de aula. Para ler e refletir – A questão dos biocombustíveis (p. 190) 1. Resposta pessoal. Professor, espera-se que os alunos respondam que os países produtores e as grandes indústrias responsáveis pela exploração, pelo refino e pela distribuição do petróleo são os maiores interessados em manter derivados desse produto como fontes de energia, devido aos altos lucros gerados. 2. Resposta pessoal. Professor, para que os alunos argumentem com coerência, apresente notícias recentes sobre o assunto, com pontos de vista favoráveis e contrários à produção do etanol. Você pode promover, com a turma, um debate sobre essa questão polêmica. Dessa forma, os alunos terão condições de desenvolver uma opinião crítica sobre o tema. Manual do Professor 93 EE_G15GG1_manual.indb 93 21.03.13 11:25:02 Para ler e pesquisar – A questão do gás natural e as tensões entre Brasil e Bolívia (p. 192) Professor, é importante que os alunos compreendam que o Brasil fez acordos bilaterais com outros países da América do Sul sobre a questão energética. O descumprimento de um desses acordos, em 2006, com a iniciativa de Evo Morales ao nacionalizar a produção energética do país, gerou instabilidade diplomática entre o governo boliviano e o brasileiro. Houve dificuldades, impostas pela nova situação, para a atuação da Petrobras, em território boliviano, na exploração e distribuição do petróleo e gás natural. A discussão sobre esse embate político, diplomático e econômico e sobre a resolução do problema pode auxiliar os alunos a compreender o contexto geopolítico das fontes de energia e a entender a relevância do gás natural como fonte de energia no país. Resposta pessoal. Professor, espera-se que os alunos mencionem as seguintes vantagens: baixo custo; menor emissão de poluentes; fornecimento contínuo de gás, sem necessidade de manter estoques; e maior facilidade no transporte e manuseio. Retomando o conteúdo (p. 193) 1. Em seu extenso território, o Brasil possui muitos minerais, tanto em quantidade quanto em diversidade, sendo dos maiores produtores do mundo. Os minérios de ferro, de estanho, de manganês e de alumínio são os mais produzidos no país. 2. A extração mineral é uma das atividades econômicas mais importantes dessa região, que contém grandes áreas destinadas à extração de minério de ferro, bauxita, estanho e ouro. 3. Macrorregião Característica Norte A produção mineral é uma das atividades mais importantes na região, com destaque para a exploração de minério de ferro na Serra dos Carajás; de bauxita na região de Oriximiná; de ouro no vale do rio Tapajós (PA); e de estanho nos garimpos da região. Sudeste O estado de Minas Gerais é considerado o mais rico do Brasil em recursos minerais, abrigando o chamado Quadrilátero Ferrífero, com reservas expressivas de minério de ferro, manganês, bauxita e ouro. Na serra do Espinhaço e nos vales fluviais dos rios Paraopeba e Doce também existem reservas minerais. A maior parte da produção dessas áreas é escoada pela estrada de ferro Vitória-Minas até o porto de Tubarão, de onde é exportada, ou para o porto de Santos, de onde se dirige para o mercado interno. O transporte de minérios também pode ser efetuado pela estrada de ferro Central do Brasil. Centro-Oeste A região do Pantanal é a principal área de ocorrência de produção mineral do Centro-Oeste, que se dá mais precisamente no maciço do Urucum (reservas de manganês e minério de ferro). As dificuldades de transporte limitam a exploração dos recursos nessa área. Para os mercados argentino e paraguaio predomina a via fluvial. 94 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 94 21.03.13 11:25:02 Nordeste A produção do cloreto de sódio (sal), o maior destaque da região, é favorecida por condições climáticas (há o predomínio de clima quente e seco) e pela infraestrutura local (pela existência do terminal exportador de Areia Branca). Sul A região é relativamente pobre em recursos minerais. Há alguma produção de minério de chumbo em Adrianópolis (PR) e de minério de cobre e carvão mineral em Camaquã (RS). 4. Os trabalhos de exploração mineral, iniciados na região em 1960, eram realizados por uma empresa estrangeira que, em 1970, associou-se à Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), atual Vale, e, em 1977, retirou-se da sociedade. A então CVRD passou a executar as obras de infraestrutura necessárias para a exploração do minério de ferro, que era parte de ambiciosos projetos desenvolvimentistas dos governos militares. O projeto, denominado Grande Carajás, promoveu a implantação de vários setores produtivos na região, como os de exploração mineral, industrial, agrícola e florestal por meio de investimentos bilionários para a construção de uma infraestrutura de transporte e de produção energética que viabilizasse as atividades econômicas nela desenvolvidas. 5. Na cidade de Oriximiná (PA) estão localizadas as maiores reservas de bauxita do Brasil. Esse recurso passou a ser explorado na região em 1975, por meio de um consórcio entre empresas nacionais e es­trangeiras, como a então CVRD e a companhia Mineração Rio do Norte. Essa produção é voltada predominantemente para o mercado externo e atende parte da demanda relacionada a projetos locais. Os projetos de maior destaque nessa área são: Albrás (PA) e Alumar (MA). 6. Entre as fontes não renováveis, destacam-se os combustíveis fósseis, como o petróleo, o carvão mineral e o gás natural, e os minérios radioativos (urânio e tório). Entre as fontes renováveis, destacam-se a energia elétrica de fonte hidráulica e a biomassa, que abrange a lenha, o carvão vegetal, o álcool e o bagaço de cana-de-açúcar. 7. Nos últimos anos, as descobertas de novas jazidas petrolíferas na plataforma continental elevaram o número das reservas de petróleo no Brasil, fazendo com que o país tenha petróleo suficiente para suprir suas necessidades internas. As maiores reservas do país localizam-se na bacia de Campos, cuja exploração é muito complexa, pois envolve uma série de equipamentos de alta tecnologia para a exploração em solo oceânico, porém a Petrobras dispõe de uma das tecnologias mais avançadas do mundo para fazer perfurações em grandes profundidades. As jazidas de petróleo da região amazônica são pouco exploradas devido aos baixos preços do produto no mercado internacional. 8. O carvão mineral é utilizado no setor siderúrgico e nas usinas termoelétricas; a lenha é utilizada para o consumo doméstico; e o carvão vegetal é utilizado na siderurgia. Manual do Professor 95 EE_G15GG1_manual.indb 95 21.03.13 11:25:02 Ampliando o conhecimento (p. 193) 9. a. Resposta pessoal. Professor, as informações solicitadas são facilmente encontradas em sites oficiais, como o da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Em relação às irregularidades, o mais apropriado é pesquisá-las em sites de busca e de notícias. b. Professor, o objetivo do debate é demonstrar os argumentos favoráveis e desfavoráveis relacionados à hidroeletricidade. Temas como o menor custo da produção hidrelétrica, a disponibilidade de rios planálticos no Brasil e os impactos socioambientais, por exemplo, o realocamento populacional e a inundação de áreas florestadas, devem constar no debate. 10. a. Os impactos socioambientais ocasionados pela atividade mineradora são o principal tema tratado no texto. b. O Projeto Grande Carajás, apesar de ter caráter desenvolvimentista voltado para a Região Norte do Brasil, pouco contribuiu para a proteção e para o desenvolvimento da qualidade de vida das comunidades tradicionais da região, como as indígenas, as quilombolas e as ribeirinhas. Vale ressaltar que em diversos casos, como na construção de infraestrutura de energia (hidrelétricas) e transporte (rodovias e ferrovias), essas comunidades foram as maiores prejudicadas. 11. a. As fontes alternativas de energia ganham mais espaço no cenário mundial com o objetivo de diminuir a dependência energética com relação aos combustíveis fósseis que, além de serem esgotáveis, são de ocorrência limitada a algumas regiões do planeta. Há também uma questão ambiental, pois a queima dos combustíveis fósseis (carvão e petróleo, principalmente) libera muitos poluentes na atmosfera. Como exemplos de fontes alternativas podemos citar a geração de energia através dos ventos, da queima de biomassa ou do aproveitamento da irradiação solar. b. Tanto os países de economia desenvolvida quanto os em desenvolvimento, investirão intensamente em energias renováveis, sendo os países emergentes os grandes centros de produção de energia. c. Resposta pessoal. Professor, espera-se que o aluno produza um texto levando em conta os recursos renováveis disponíveis no território brasileiro com potencial de utilização para a geração de energia, como tipo de energias renováveis pode-se citar a hidroeletricidade e os biocombustíveis como o etanol e o biodiesel. As vantagens econômicas decorrentes de um modelo pautado nas energias renováveis são a menor dependência de importações de energia (devido ao grande potencial do Brasil para a geração de energias renováveis), bem como a possibilidade de exportar energia e atrair investimentos para o país). Os ganhos ambientais são a diminuição da poluição atmosférica e do efeito estufa, uma vez que as energias renováveis são consideradas mais limpas, além da preservação de recursos naturais esgotáveis. 96 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 96 21.03.13 11:25:02 Atividade final: pesquisa de dados e produção de texto (p. 196) Professor, os sites sugeridos têm diversos dados sobre o petróleo no Brasil, o pré-sal e a região conhecida como Amazônia Azul. Essa denominação, dada pela Marinha do Brasil, devese à área ocupada (que é de aproximadamente 5,2 milhões de km2) e à elevada diversidade de riquezas naturais disponíveis, com destaque para o petróleo existente na camada pré-sal. O marco regulatório do pré-sal demonstra que, no futuro, a demanda por petróleo aumentará e sua produção diminuirá. Esse problema poderá ser atenuado se houver a descoberta de novas reservas de petróleo (daí a importância do pré-sal e da Amazônia Azul), o desenvolvimento e o aprimoramento de fontes alternativas de energia e a criação de tecnologias que ofereçam maior eficiência no gasto energético, como a produção de motores de automóveis mais econômicos. Projeto interdisciplinar: “terras raras” (p. 198) Nesse projeto, as matérias envolvidas com Geografia são Química e Matemática. Antes de iniciar a atividade, oriente os alunos acerca do processo de pesquisa, esclarecendo os procedimentos necessários a cada etapa do processo (levantamento de informações, análise e síntese). Utilize como exemplo um texto acadêmico, relatórios ou publicações de órgãos oficiais, ou até mesmo um livro, para demonstrar a diversidade de fontes utilizadas e o trabalho de seleção, análise e síntese de informações realizados pelos autores, ressaltando a diferença entre copiar trechos de um documento e elaborar um texto próprio, baseado em informações retiradas de diversas fontes. Caso necessário, demonstre as técnicas de redação abordadas na disciplina de Língua Portuguesa, destacadamente a paráfrase. As terras raras compreendem um grupo de 17 elementos químicos metálicos de ampla distribuição na crosta terrestre, mas com baixas concentrações. Após a entrega dos relatórios, sugerimos a formação de 7 grupos para a elaboração dos cartazes/banners, conforme especificado a seguir. Elementos a serem apresentados pelo grupo Grupo 1 Escândio (Sc), Ítrio (Y) Grupo 2 Lantânio (La), Cério (Ce), Praseodímio (Pr) Grupo 3 Neodímio (Nd), Promécio (Pm), Samário (Sm) Grupo 4 Európio (Eu), Gadolínio (Gd), Térbio (Tb) Grupo 5 Disprósio (Dy), Hólmio (Ho), Érbio (Er) Grupo 6 Túlio (Tm), Itérbio (Yb), Lutécio (Lu) Grupo 7 Principais países produtores e consumidores de “terras raras”; demanda mundial de “terras raras” por uso final; disputas econômicas envolvendo as “terras raras” e os problemas relacionados à sua exploração. Note que as ilustrações (mapas, tabelas, gráficos, fotos, esquemas, desenhos etc.) e os dados quantitativos acerca da distribuição de “terras raras” e da produção de bens podem variar, de acordo com a fonte bibliográfica utilizada por cada grupo. Manual do Professor 97 EE_G15GG1_manual.indb 97 21.03.13 11:25:02 Enem e vestibulares (p. 200) 1. Alternativa B. 7. Alternativa A. 2. Alternativa C. 8. Alternativa B. 3. Alternativa E. 9. Alternativa A. 4. Alternativa B. 10. Alternativa B. 5. Alternativa E. 11. Alternativa C. 6. Alternativa B. 12. Alternativa A. 7. Sugestões de leitura Unidade 1 – Dinâmica espacial TEXTO 1: o texto a seguir conta um pouco da história da linha internacional da data e como foi feita a tentativa de traçá-la para evitar, ao máximo, problemas de diferenças de datas. A linha internacional de data Quando associamos instantes de tempo aos ângulos de rotação própria da Terra, fazemos um mapeamento do intervalo (0,2π) na reta real. Nesse mapeamento há ambiguidades evidentes, pois o tempo (medido na reta real) é ilimitado tanto no futuro como no passado, e os ângulos são naturalmente periódicos. A Terra gira do Oeste para Leste, então, se dermos uma volta completa ao redor da Terra de Leste para Oeste, ao voltar ao ponto de partida teremos retroagido um dia (não importando, é claro, quanto tempo tenha durado a viagem). Este fato foi observado pela primeira vez pela expedição marítima de circunavegação do navegador português Fernão de Magalhães (1480-1521), que partiu em 20 de setembro de 1519 do porto de Sanlúcar de Barrameda, na Espanha, com cinco navios e 256 tripulantes, sempre navegando para oeste. Após três anos de uma viagem épica, apenas 18 tripulantes chegaram ao ponto de partida em 9 de julho de 1522, uma quarta-feira pelos registros do navio. No entanto, para espanto de todos, na Europa já era quinta-feira, 10 de julho! Um dos 18 sobreviventes da epopeia foi o escritor italiano Antonio Pigafetta, que pagou a viagem do próprio bolso e redigiu um detalhado relatório da viagem. Sobre esse fato, ele escreveu: “De modo a vermos se havíamos mantido um registro exato dos dias, pedimos a todos que desembarcassem que indagassem que dia da semana era, e eles eram informados pelos habitantes portugueses [...] que era quinta-feira, o que nos foi causa de grande espanto, já que para nós era ainda quarta-feira. Não pudemos convencer a nós próprios de que estávamos errados, e eu achava-me mais surpreso que os outros, já que, tendo sempre gozado de boa saúde, eu havia diariamente, sem interrupção, registrado o dia corrente.” 98 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 98 21.03.13 11:25:02 Tal fora a surpresa pela aparente “viagem ao passado” que uma delegação foi especialmente ao Vaticano para consultar o Papa sobre este assunto, que só foi resolvido quando o Cardeal Gasparo Contarini explicou a discrepância de datas devido à circunavegação ter sido feita de leste para oeste. Esse fato não era, a rigor, novo, pois o navegador sírio Abu-l-Fida, já no século XIII, sabia que, sendo três quartos da Terra ocupados pelos oceanos, uma circunavegação faria com que se ganhasse ou perdesse um dia inteiro, se a mesma fosse feita na direção oeste ou leste, respectivamente. [...] Na Inglaterra, o escritor Lewis Carroll (que escreveria futuramente Alice no País das Maravilhas), em um ensaio publicado em 1850 e intitulado “The rectory umbrella”, sugeriu pela primeira vez a fixação de uma linha internacionalmente reconhecida como marcando a mudança de data. [...] A necessidade de uma linha internacional de data confunde-se com a necessidade da fixação de fusos horários, o que já havia sido sugerido por Benjamin Franklin. Em 1878 o inglês Charles Dowd propôs a criação de ambas, com o objetivo prático de simplificar as tabelas de horários de ferrovias transcontinentais, que eram baseadas numa grande mistura de horários locais em cada cidade. A linha internacional de data foi estabelecida seguindo aproximadamente o meridiano existente a 180 graus de longitude do Meridiano de Greenwich (cidade próxima a Londres), sendo que sua configuração mais recente começou a valer a partir de 1o de janeiro de 1995. A linha às vezes desvia-se bastante desse meridiano para não cruzar países, como no extremo oriente da Rússia. Dessa forma a linha passa pelo estreito de Bering, deixando as ilhas Aleutas para leste (a fim de parte delas não ficar numa zona diferente do restante do Alasca). A ilha Attu, no extremo oeste das Aleutas, é o ponto extremo dessa região, também conhecida como o “ponto mais tarde do mundo”, pois é o último lugar onde o dia termina. Mais ao sul, a linha internacional de data desvia-se bastante para leste (quase 30 graus de longitude) a fim de manter todo o arquipélago da República de Kiribati (originalmente uma possessão britânica) com a mesma data. Isso fez com que o atol Carolina, no extremo leste de Kiribati, seja o ponto mais à leste na Terra, ou seja, o primeiro lugar onde o dia nasce. A distinção de ser o lugar habitado mais à leste pertence à ilha Kiritimati (ou Ilha do Natal) desse mesmo arquipélago. Na sequência, a linha internacional de data percorre um caminho à leste do meridiano de 180 graus, a fim de manter vários arquipélagos do Pacífico Sul, como Fiji e Tonga, à oeste. Naturalmente, embora a linha internacional de data tenha sido cuidadosamente traçada de modo a evitar problemas, ainda assim há curiosas variações, como na região entre Kiritimati (à oeste da linha) e Samoa (à leste da linha), onde podemos ter nada menos que três datas diferentes ao mesmo tempo! Por exemplo, quando (tempo universal, ou seja, em relação ao Meridiano de Greenwich) são 10h15 horas da manhã de uma quinta-feira, são 23h15 da noite de quarta-feira em Samoa, e 00h15 da madrugada de sexta-feira em Kiribati. Evidentemente esse problema é inevitável, e o máximo que se pôde fazer foi restringi-lo a regiões com baixa densidade populacional. VIANA, Ricardo. A linha internacional de data. Departamento de Física da Universidade Federal do Paraná. Disponível em: <http://fisica.ufpr.br/ viana/ensaios/data.pdf>. Acesso em: 28 fev. 2013. Manual do Professor 99 EE_G15GG1_manual.indb 99 21.03.13 11:25:02 Unidade 2 – Geologia e relevo TEXTO 2: o texto a seguir comenta sobre o abalo sísmico ocorrido em Caraíbas, Minas Gerais, em 2007, e explica porque esse fenômeno ocorreu, mesmo em um país como o Brasil, onde acredita-se que esse tipo de evento não deveria se suceder. Tectônica Global No dia 9 de dezembro de 2007, às 0h05, a comunidade rural de Caraíbas, a 32 km de Itacarambi, no norte de Minas Gerais, experimentou o gosto amargo da Tectônica Global. A terra tremeu, seis casas ruíram e outras 70 ficaram danificadas. Segundo moradores, “teve um estrondo que parecia de baixo da terra. Foi um barulho que não tem filho de Deus que não ouviu. Saímos de casa correndo e nas ruas você só escutava choros, clamor”. Mas o saldo trágico maior deste abalo sísmico de magnitude 4,9 na escala Richter foi a morte da menina Jesiqueli Oliveira da Silva, de 5 anos, o primeiro registro de morte por terremoto no Brasil. Costumava-se ouvir que o Brasil é um país geologicamente estável, livre de perigos da natureza como terremotos, vulcões e tsunamis, que ocorrem frequentemente nos países andinos vizinhos. Mas o evento relatado nos ensina que estabilidade é diferente de imobilidade e nos alerta a uma outra realidade, que envolve as escalas de tempo e espaço fora da nossa perspectiva usual. Durante uma vida humana, por exemplo, pouco se notam as mudanças da Terra (planeta), assim como um inseto, cujo ciclo de vida é de apenas duas semanas, não pode acompanhar o crescimento da árvore onde habita. Guardadas as devidas proporções, assim se parece nosso planeta aos olhos humanos. A Terra é um planeta dinâmico, em contínua transformação, resultado de processos que atuam em escala temporal de milhares, milhões e bilhões de anos e envolvem continentes, crosta e manto. Se ao longo de toda sua história a Terra tivesse sido fotografada do espaço a cada mil anos, e se estas imagens surrealistas fossem transformadas num filme, veríamos a superfície do planeta em constante mutação, com os continentes se deslocando, colidindo e se fragmentando, cadeias de montanhas se elevando e sendo erodidas e os mares avançando sobre os continentes para, logo em seguida, recuarem novamente. Atualmente, sabe-se que a crosta da Terra é constituída por cerca de uma dúzia de placas litosféricas superficiais, delimitadas por uma teia de grandes falhas, profundas fossas oceânicas e extensas cadeias de montanhas submarinas. As placas se originam no meio dos oceanos em cadeias de montanhas conhecidas como dorsais ou cadeias meso-oceânicas e se deslocam sobre a superfície, separando-se e chocando-se como resposta a processos atuantes no manto. Dependendo das características físicas das placas e do ângulo e da velocidade de impacto, o choque entre elas pode provocar o mergulho da placa mais densa sob a outra e sua consequente reincorporação no manto (como a placa de Nazca debaixo da placa Sul-americana), o enrugamento e a elevação das bordas das placas (como na colisão das placas Indo-australiana e da Eurásia), ou o deslizamento lateral entre ambas (como entre as placas Pacífica e Norte-americana). Esses esforços também geram reflexos em maior ou menor grau, mais cedo ou mais tarde, em toda a extensão das placas, como comprova o abalo sísmico relatado no primeiro parágrafo. TEIXEIRA, Wilson et al. (Org.). Decifrando a Terra. 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009. 100 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 100 21.03.13 11:25:02 Unidade 3 – Dinâmica da produção mineral e energética TEXTO 3: o texto a seguir fala sobre a política e os interesses envolvidos com os royalties do petróleo do pré-sal e critica a euforia sobre o assunto sendo que não se sabe ainda, ao certo, o quanto isso pode realmente render para o país. Dinheiro na mão é vendaval Vistos a distância, os royalties do petróleo soam como a panaceia do desenvolvimento brasileiro para as próximas décadas. Aparentemente eles poderão resolver os déficits dos municípios ou tornarão reais as metas da educação. O debate acirrado no Congresso e as reações no Rio de Janeiro ou Espírito Santo sugerem que sim. Especialistas advertem, contudo, ser necessário ir com calma na expectativa. Não se sabe ao certo quanto representará a renda do pré-sal ou a partir de quando ela estará disponível para ser investida. Ou simplesmente gasta, conforme o desfecho das discussões em Brasília. Até aqui os cálculos soam generosos, mas não muito confiáveis. A estimativa de bancar um aumento das verbas para a educação, até chegar aos 10% do Produto Interno Bruto (PIB) previstos no Plano Nacional de Educação (PNE), estaria além do que o petróleo pode de fato render na próxima década. O foco da discussão sobre o destino dos royalties é criticado por Ildo Sauer, professor do IEEUSP [Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP] e ex-diretor de Gás e Energia da Petrobras (20032007). “A discussão sobre o que fazer com os royalties não pode ser séria, sem antes sabermos de que volume de recursos estamos falando. É inverter a lógica.” Na educação, provavelmente, não terá o potencial redentor sugerido pelos ânimos inflados de estados produtores e não produtores. “Será um adicional de recursos, mas não o suficiente. Precisamos saber quantas concessões serão feitas, quanto de petróleo será produzido, a partir de quando e qual será o preço”, diz Otaviano Helene, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), um dos articuladores do PNE. Mas poucas respostas exatas surgiram até o momento. Passar dos atuais 5,8% do PIB de investimentos em educação para os 10% aprovados pelos deputados à revelia do governo federal, que defendia 7%, requer injetar cerca de 20 bilhões de reais a mais por ano no sistema educacional, até alcançar 400 bilhões de reais destinados ao ensino público em 2020, ante os cerca de 200 bilhões aplicados atualmente, um salto mais que desejável. [...] Após a Câmara aprovar o projeto de lei sobre os royalties sem destiná-los à educação, uma Medida Provisória editada em 30 de novembro determinou o repasse de 100% dos recursos arrecadados nas futuras concessões para as escolas, centros de pesquisas e universidades, além de 50% do Fundo Social do Petróleo, a ser formado com o pré-sal, sob a gestão da União. Para especialistas, a conta não fecha, ao menos diante das informações disponíveis. Para ter uma ideia do montante em jogo, com a produção de 2 milhões de barris de petróleo ao dia hoje no Brasil, foram arrecadados em 2012, até novembro, 14,3 bilhões de reais em royalties, ou 0,3% do PIB. A maior parte vai para o Rio de Janeiro, Espírito Santo e seus municípios. Não à toa os estados mais descontentes com o PL aprovado na Câmara. Manual do Professor 101 EE_G15GG1_manual.indb 101 21.03.13 11:25:02 A estimativa da Petrobras é produzir em 2016 cerca de 2,5 milhões de barris por dia. No bolo entrarão apenas valores arrecadados por meio de contratos de concessão assinados daqui para a frente. Essa exploração começará em 2013, provavelmente, com duas licitações planejadas. Uma em maio, no regime de concessão, e outra em novembro, a primeira no modelo de partilha. “Na hipótese de entrarem na conta mais 1 milhão de barris de petróleo ao dia, a 100 dólares o barril, daria cerca de 30 bilhões de dólares por ano, ou 60 bilhões de reais, dos quais 6 bilhões iriam para a educação. Mas são necessários 20 bilhões em 2013, 40 bilhões em 2014, até chegar a 200 bilhões até 2020. Estamos perdendo tempo ao não discutir outras saídas”, afirma Otaviano Helene. [...] A incerteza sobre a arrecadação futura fez com que estados e municípios hoje fora da divisão dos royalties reivindicassem uma parcela dos valores arrecadados atualmente. O lobby, principalmente, municipal foi vitorioso, mas a mudança aprovada em projeto de lei na Câmara, que retirava até 3,4 bilhões do Rio de Janeiro, foi vetada pelo Palácio do Planalto. No Congresso, os esforços se voltam para derrubar o veto. Parlamentares representantes dos 24 estados “prejudicados” conseguiram reunir votos suficientes para pedir urgência na tramitação da MP. O objetivo é retirar a destinação de 100% para a educação com a desculpa de que a medida engessaria o orçamento. [...] Os estados produtores correm o risco de perder recursos que lhes serviriam de compensação pela perda da arrecadação do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre a venda do petróleo. A Constituição de 1988 mudou o recolhimento do ICMS do petróleo da origem para o destino, o que significou uma renúncia fiscal importante para o Rio de Janeiro. Em uma lei de 1989, foi definida a forma de recolhimento dos royalties com maior parcela aos estados e municípios produtores, o que reduziu o “prejuízo” dessas regiões. MAIA, Samantha. Dinheiro na mão é vendaval. Carta Capital, 11 dez. 2012. Disponível em: <http://www.cartacapital.com.br/politica/dinheirona-mao-e-vendaval>. Acesso em: 28 fev. 2013. 102 Manual do Professor EE_G15GG1_manual.indb 102 21.03.13 11:25:02 8. Referências bibliográficas ALMEIDA, Rosangela D. (Org.). Cartografia escolar. São Paulo: Contexto, 2002. ______. Do desenho ao mapa: iniciação cartográfica na escola. São Paulo: Contexto, 2001. ______; PASSINI, Elza. O espaço geográfico: ensino e representação. São Paulo: Contexto, 1991. BARBOSA, Ana Amália. Interdisciplinaridade. In: BARBOSA, Ana Mae (Org.). Inquietações e mudanças no ensino da Arte. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2003. p. 105-110. BIANCHETTI, Lucídio et al. (Org.). Interdisciplinaridade: para além da filosofia do sujeito. Petrópolis: Vozes, 1995. BRASIL. 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