CAPITULO 5: ROCHAS METAMÓRFICAS 5.1. INTRODUÇÃO As rochas metamórficas podem ser definidas como “rochas geradas a partir das variações das condições de pressão e temperatura de outros tipos rochosos, condições estes diferentes daquelas nas quais as rochas foram geradas”. A este conjunto de transformações sofridas pelas rochas dá-se o nome de metamorfismo, englobando todo o conjunto de transformações sofridas pelas rochas sob novas condições de P e T, sem que as mesmas sofram fusão. Como se pode verificar, as rochas metamórficas podem se originar de qualquer outro tipo de rocha seja ela ígnea, sedimentar ou mesmo metamórfica, desde que as mesmas sejam submetidas a novas condições de temperatura e pressão. As modificações de P e T que as rochas sofrem para que se tornem rochas metamórficas são devidas a processos naturais. Normalmente estas variações estão associadas a processos de atividade magmática ou processos de deformação das rochas. Estas variáveis (pressão e temperatura) podem ter dois tipos de causa cada um delas: a pressão pode ser proveniente de esforços de deformação das rochas ou da ação de seu peso próprio; e a variação de temperatura pode ser provocada por intrusões ou pela ação de fluidos quentes. 5.2. MODIFICAÇÕES SOFRIDAS PELAS ROCHAS: O conjunto de transformações ocorridas nas rochas durante o processo de metamorfismo visa das condições de estabilidade físico-químico sob as novas condições reinantes. Estas novas condições de equilíbrio podem ser obtidas através de dois processos básicos: modificações nas texturas da rocha (arranjo interno dos cristais) e modificações em sua mineralogia. Estes processos porém podem ocorrer os dois ao mesmo tempo e se dar de diversas maneiras: Cristalização da Matéria Amorfa; Retirada de Água da Composição dos Minerais; Coalescência de Pequenos Cristais; Reação entre Minerais para Formar um Novo Mineral; Reorientação de Cristais das Rochas; Ação de transportes de Ions e Elementos por Soluções. 5.3. TIPOS DE METAMORFISMO Os tipos de modificações possíveis durante o processo de metamorfismo são bastante variados, como já pudemos verificar. Esta diversidade de processos aliadas às condições locais podem dar origem a categorias diferentes de metamorfismo. Os tipos básicos de metamorfismo são: Metamorfismo de Contato – ocorre apenas nas vizinhanças de pequenas instruções, abrangendo, portanto, pequenas áreas. O comprovante principal é a temperatura e as modificações sofridas são de caráter eminente mineralógico. Metamorfismo Geotermal – também denominado “Burial” ou “de Confinamento”, este tipo de metamorfismo decorre principalmente da ação do peso dos sedimentos sobre as camadas inferiores, provocando principalmente alterações texturais. A inclusão deste processo no campo do metamorfismo é bastante discutível. Metamorfismo Cataclástico – decorrente da ação delatas pressões dirigidas (em zonas de falha), este tipo de metamorfismo abrange pequenas áreas. Devido à pequena participação da temperatura no processo, as rochas sofrem somente reorientação mineral. Metamorfismo Regional ou Dinamotermal – caracterizado pela ação intensa de pressão e temperatura, podendo levar até à fusão parcial das rochas. Abrange grandes áreas. Metamorfismo Hidrotermal – causado pela percolação de intrusões fluidas quentes, este metamorfismo provoca principalmente modificações mineralógicas nas rochas. 5.4. TEXTURAS E ESTRUTURAS: Comumente (nas rochas ígneas e sedimentos) as feições textura e estruturas são bastante distintas e tem significados diferentes, porém nas rochas metamórficas elas se confundem uma vez que a textura (arranjo mineral interno) se reflete nas estruturas (feições de orientação mineral que são distinguíveis a olho nu). Desta forma é comum que se encontre a alguma confusão na denominação destas feições, ora denominadas texturas ora estruturas. Utilizaremos para denominar estas feições o termo estrutura, englobando os seguintes tipos básicos: Foliação – qualquer tipo de orientação mineral em planos ou superfícies de rochas metamórficas. Xistosidade – superfície gerada pela orientação de minerais planares (principalmente as micas). Clivagem – orientação de pequenas partículas minerais de formas planares ou asciculares, de caráter eminentemente plano. Sua característica principal é a regularidade de seu comportamento plano. 5.5. MINERALOGIA DAS ROCHAS METAMÓRFICAS: As rochas metamórficas podem apresentar uma mineralogia bastante variada uma vez que podem se formar a partir de todo tipo de rocha, porém seus minerais essenciais formam um grupo bastante restrito assim como no caso das rochas magmáticas e sedimentares. Existe, porém um grupo de minerais de ocorrência mais restrita que são típicos de rochas metamórficas. Desta forma os minerais presentes nas rochas metamórficas podem ser dividodos em dois grandes grupos: Minerais Essenciais – feldspatos, piroxênios, anfibólios, quartzo, carbonatos e micas; Minerais Típicos – granada, epidoto, turmalina, cianita, estautolita, andaluzita, serpentina e talco. 5.6. CLASSIFICAÇÃO DAS ROCHAS METAMÓRFICAS: Normalmente as rochas metamórficas apresentam feições bastante diferenciadas uma das outras, não constituindo grupos de rochas com mineralogias e estruturas típicas. Desta forma uma classificação coerente destas rochas (principalmente no que diz respeito ao interesse para a engenharia civil) é bastante difícil, existindo porém algumas tentativas de classificação baseadas em diferentes critérios: (1) Classificação baseada na Presença de Foliação; (2) Classificação Baseada na Presença de Xistosidade; (3) Classificação baseada no Fácies Metamórficos; e (4) Classificação baseada no Tipo de Metamorfismo. Como nenhuma destas classificações acima descritas apresenta interesse para as finalidades da engenharia civil, optou-se no presente texto por não recomendar o uso de nenhuma delas. 5.7 ROCHAS METAMÓRFICAS MAIS COMUNS: Gnaisse – resultante do matamorfismo de granitos e granodioritos, os gnaisses apresentam como característica mais marcante um bandeamento com alternância de cores claras e escuras (denominado foliação gnássica) e, em alguns casos, a presença de granada. Filitos – caracterização principalmente por uma xistosidade muito bem desenvolvida e alta pasticidade, os filitos são derivados de matamorfismo de folhelhos e argilitos. Xistos – formado a partir do metamorfismo de rochas ígneas básicas, os xistos apresentam xistosidade muito bem desenvolvida, normalmente ondulada. Mármores – rochas metamórficas derivada de calcários, os mármores raramente exibem xistosidade e possuem uma composição rica em carbonatos. Quartzo – derivado de arenito, o quartzo é muito rico em quartzo pode apresentar boa xistosidade quando apresenta boa percentagem de mica. Itabirito – rico em hematita, exibe alternância de leitos claros e escuros, quando alterado apresenta crosta ferruginosa pronunciada. Serpentinito – rico em piroxênios, anfibólios e olivina, o serpentinito costuma apresentar cores verdes e xistosidade bem desenvolvida. Talco – decorrente do metamorfismo de rochas ígneas básicas e ultrabásicas, o talco apresenta cores escuras (esverdeadas principalmente), xistosidade muito desenvolvida e presença freqüente do mineral talco. 5.8. IDENTIFICAÇÃO DAS ROCHAS METAMÓRFICAS: Apesar de haverem tentativas de utilização de chaves de identificação para as rochas metamórficas, estas normalmente dependem de uma caracterização mineralógica precisa da rocha, a qual as vezes só é possível com o uso de microscópio. Como cada tipo de rocha metamórfica apresenta feições típicas, o seu reconhecimento é bem mais fácil que o das rochas ígneas e sedimentares. Uma tentativa de sistematização desta identificação rápida da rocha em questão. Uma árvore-lógica desenvolvida para tal finalidade é apresentada na página seguinte. Árvore Lógica para Identificação de rochas Metamórficas: S N Apresenta Foliação? S Bandeamento Claro/Escuro? S Apresenta Clividade? Ardósia Tem Hematita? N Rica em Talco ou Serpentina? S N Itabirito Gnaisse Ricas em Carbonatos? S N N “Macia”? S N S Quartzito Mármore Talco? N S Quartzito Xistoso Talco N Xistosidade é Ondulada? S N Filito Xisto Serpentinito 5.9. IMPORTÂNCIA PARA A ENGENHARIA CIVIL: Como já foi possível observar nos capítulo “rochas ígneas” e “rochas sedimentares”, o interesse para a engenharia civil se relaciona à sua mineralogia e descontinuidades (texturas e estruturas). No caso das rochas metamórficas a situação não é diferente. No que diz respeito à mineralogia das rochas metamórficas verifica-se que parte dos minerais que participam de sua composição (típicos do metamorfismo) é estável apenas nas suas condições de formação e quando submetidos a novas condições físico-químicas se alteram facilmente. Assim, o estudo da mineralogia das rochas metamórficas pode ter dois enfoques distintos: (1) mineralogia das rochas – que quando alteradas podem dar origem a produtos altamente plásticos e de baixa resistência, muitas vezes orientados, o que torna o problema maior ainda; (2) mineralogia dos Produtos Residuais – como os minerais presentes nas rochas metamórficas são, na maioria das vezes, silicatos de Ca, Na e Mg, sua alteração pode proporcionar a presença no solo de argilominerais expansíveis. Com relação às estruturas, as rochas metamórficas podem apresentar dois tipos básicos de problemas, como decorrência do fato de exibirem uma orientação dos minerais em superfície: (1) estes planos são planos potenciais de instabilidade mesmo quando a rocha não está alternada; (2) estas superfícies podem se tornar caminhos preferências de percolação da água podendo gerar grande perda de resistência.