Um Mundo em Evolução No século XIV Portugal estava económica e militarmente numa situação de grande crise devido à peste negra e às sucessivas guerras com Castela. Por essa altura sobe ao trono português El-Rei D. João I, e o fruto da união de El-Rei com D. Filipa de Lencastre viria a ser, entre outros, o Infante D. Henrique. O Infante foi o principal impulsionador dos descobrimentos marítimos portugueses. Já nos finais do século XV princípios do século XVI as rotas marítimas foram ficando cada vez mais distantes de Terra, e sem as referências costeiras como é que os marinheiros se orientavam? Pois, durante muito tempo os nossos navegadores só navegavam junto à costa mas, com o sonho de dar novos mundos ao mundo, “foram desmatando” os oceanos. A tecnologia também evoluiu, principalmente nos instrumentos de orientação, para evitar que os marinheiros se perdessem por aqueles mares sem fim. Foram inventados os astrolábios, os quadrantes, os prumos etc. O português Pedro Nunes (representado na nossa antiga moeda de 100 escudos), quase desconhecido do público em geral, desenvolveu um mecanismo aliado a um transferidor que, como o próprio diz no seu livro, o De crepusculis liber unus, era: “(...)muito apropriado às observações dos astros, e com o qual se possam determinar rigorosamente as respectivas alturas” - O nónio, um instrumento português muito apropriado para a astronomia. Curiosamente, já no séc.XVI, também no De crepusculis, Pedro Nunes faz referência à diferença entre astronomia e astrologia, referindo-se ao Infante D. Henrique do seguinte modo: ”não obstante, compraz-se (o Infante) de modo admirável com a teórica da Astronomia, isto é, da ciência que se ocupa do curso dos astros e da universal composição do céu, que não da crendice vã e já quási rejeitada que emite juízos sôbre a vida e a fortuna.” Para além do nónio, o Matemático Pedro Nunes, resolveu também o problema das linhas de rumo, loxodromias, fundamentais na orientação dos marinheiros. Hoje em dia, para se situarem, os “marinheiros modernos” usam o sistema americano GPS (o sistema Europeu Galileo entrará em funcionamento em 2008) baseado em satélites, fruto da investigação espacial! A importância destes sistemas de posicionamento é inquestionável: utilizam-se para determinar com rigor latitude e longitude o que será útil já no próximo dia 8 de Junho! De facto, para se calcular o valor em quilómetros da unidade astronómica, todos os interessados poderão aproveitar o Trânsito de Vénus, enviando os seus dados para o Observatório de Paris, via Internet. Também a sociedade civil tira proveito dos satélites artificiais utilizados em meteorologia, telecomunicações ou na localização de populações em risco por organizações humanitárias, como os Médicos sem Fronteiras. A investigação espacial permite ainda avanços na área da saúde: um exemplo curioso é o do, também matemático, tal como Pedro Nunes, Brunsveld van Hulten . Este Holandês recorreu a tecnologia proveniente da indústria espacial europeia para desenvolver um método não invasivo no tratamento do cancro da mama. A técnica HIFU baseia-se na utilização de ultra-sons focalizados de alta intensidade para destruir as células do tumor.