1 INCIDÊNCIA DE CÂNCER DE MAMA NA POPULAÇÃO MASCULINA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO Viviani Viero1; Bruna Parnov Machado2; Lenir Gebert3; Michele Dias de Oliveira4; Suzinara Beatriz Soares de Lima5; Tanise Finamor Ferreira6 INTRODUÇÃO Por conta de sua alta incidência, morbidade, mortalidade e do elevado custo de tratamento, o câncer de mama configura um grave problema de saúde pública em todo o mundo. É considerado o segundo tipo de câncer mais comum na atualidade e o mais comum em mulheres1. Quando diagnosticado e tratado oportunamente, o prognóstico é relativamente bom. No entanto, no Brasil, as taxas de mortalidade permanecem elevadas, provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estágios mais avançados. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%2. A neoplasia se desenvolve por meio da proliferação de células epiteliais que revestem os ductos ou lóbulos da mama, havendo vários tipos histológicos distintos. Quanto aos fatores de risco, estão presentes fatores de predisposição hereditária, dependentes de constituição hormonal e fatores ambientais, constituídos por agentes químicos, físicos e biológicos que ocasionam danos ao gene. A causa específica para a alteração maligna da célula epitelial ductal da mama é ainda desconhecida, mas inúmeras alterações podem ocorrer dentro da célula, tornando o câncer de mama uma doença letal3. Deste modo, o tratamento instituído geralmente é considerado de caráter agressivo, pois combina diferentes modalidades, como cirurgia, radiação, quimioterapia e terapia hormonal, as quais geram diversos efeitos colaterais indesejados e traumatizantes. Frente a estes dados, percebe-se que receber um diagnóstico de câncer de mama e submeter-se ao seu tratamento são situações muito difíceis, tanto fisicamente, quanto emocionalmente para seu portador e seus familiares, visto que a neoplasia de mama apresenta, em sua trajetória, diferentes situações de ameaça, tais como as relacionadas à integridade psicossocial, à incerteza do sucesso do tratamento, à possibilidade de recidivas, à morte, dentre outras3. Somam-se, ainda, a estas preocupações, dúvidas e questionamentos que emergem quando o câncer de mama acomete um homem, visto que é um evento raro ao se comparar com o número de casos em mulheres e por isso, pouco divulgado e conhecido pela população e até mesmo pelos próprios profissionais da saúde. Assim, esta temática suscita grandes interrogações na prática diária da Enfermagem que acompanha estes pacientes. Isso justifica a realização do presente 1 Enfermeira pela UFSM. Pós-graduada em Formação Pedagógica de Docentes para a Educação Profissional. Servidora técnica administrativa da UFSM, lotada no HUSM/Ambulatório de Quimioterapia. E-mail: [email protected]. 2 Enfermeira. Mestranda do PPGEnf da Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: [email protected]. 3 Enfermeira pelo Centro Universitário Franciscano. Pós-graduada em Enfermagem em Cuidados Intensivos Neonatal, Adulto e Pediátrico. Servidora técnica administrativa da UFSM, lotada no HUSM/ Ambulatório de Quimioterapia. E-mail: [email protected]. 4 Enfermeira Pós Graduanda em Docência Superior - URI Campus Santiago. E-mail: [email protected]. 5 Enfª Profª Drª Docente da UFSM e vice-diretora de Enfermagem do HUSM. E-mail: [email protected]. 6 Enfermeira. Pós Graduanda em Formação Pedagógica e Terapia Intensiva: Ênfase em Oncologia e Controle de Infecção Hospitalar. E-mail: [email protected]. 2 trabalho, com vistas a levantar novas questões de pesquisa, as quais ajudem a preencher lacunas no conhecimento, acerca do câncer de mama masculino. OBJETIVOS Por meio deste estudo, objetivou-se verificar qual o número de casos de câncer de mama masculinos atendidos no Ambulatório de Quimioterapia do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), incidentes no período de 01 de janeiro de 2008 até 31 de março de 2011. METODOLOGIA O presente trabalho trata-se de uma pesquisa documental, quantitativa, do tipo descritiva, realizada no Ambulatório de Quimioterapia do HUSM. A coleta de dados ocorreu no período de março de 2011, por intermédio dos registros de pacientes adultos do referido serviço. Buscou-se selecionar todos os casos de câncer de mama registrados e identificar o número de casos em homens. Os dados foram organizados em tabelas com o programa Excel e analisados conforme comparação com a literatura inerente a temática. Por ser uma pesquisa documental não necessitou aprovação pelo Comitê de Ética, apenas autorização da chefia imediata do serviço. RESULTADOS Assim, no recorte temporal pesquisado, foram encontrados um total de 322 casos de câncer de mama. Destes, 113 casos foram registrados no ano de 2008, todos em mulheres. No ano de 2009 foram 110 casos da patologia, sendo 03 casos em homens. Em 2010 apareceram 85 casos, com 01 caso masculino e em 2011, até o dia 31 de março, foram 14 casos, destes 01 caso masculino. Portanto, foram identificados um total de 05 casos de neoplasias de mama masculina nos pacientes em tratamento ambulatorial, no período de tempo estipulado para a pesquisa. Os mesmos encontravam-se na faixa etária entre 40 e 75 anos. Por intermédio desses dados, evidencia-se que o câncer de mama masculino correspondeu a 1,55% do total de casos de câncer de mama encontrados, o qual é um valor relativamente baixo, entretanto maior que o apresentado pelas literaturas consultadas, que citam que a patologia é uma entidade rara, que corresponde a menos de 1% de todos os tumores mamários4,5. Em relação à faixa etária, esta se encontra na média mencionada pelas referências examinadas, as quais relatam que a doença acomete pacientes com idade mais avançada, estando a média de idade do aparecimento do câncer de mama em homens de 60 a 68 anos, sendo que este fator deve-se, principalmente, pelo diagnóstico tardio4,5. Devido este atraso no diagnóstico, geralmente por baixa suspeita clínica, tanto do paciente quanto da equipe de saúde que o atende, outro fator relacionado é que há um pior prognóstico quando comparado com o câncer de mama feminino, ocasionado pelo estágio mais avançado da doença à apresentação e maior ocorrência de comorbidades4. A etiologia do câncer mamário em homens ainda é pouco compreendia, mas são listados alguns fatores de risco como alterações hormonais, história familiar, anormalidades testiculares, lesões mamárias benignas, entre outras4. Quanto ao tratamento, assemelha-se às recomendações aplicadas ao câncer de mama feminino, mas depende do tipo de tumor, grau histológico e acometimento ou não de linfonodos axilares5. Deste modo, podem ser associadas modalidades como cirurgia, radioterapia, terapia hormonal e quimioterapia. 3 CONSIDERAÇÔES FINAIS O câncer de mama masculino realmente é uma doença de baixa incidência quando comparado aos casos em mulheres, mas no período e no local pesquisado apresentou uma incidência maior do que refere a literatura. Este viés remete a repensar o câncer de mama também como uma doença que acomete a população masculina e que esta possibilidade, muitas vezes, demora a ser considerada, o que atrasa o diagnóstico e o tratamento, ocasionando, conseqüentemente, uma pior resposta terapêutica e menores chances de cura. Ressalta-se, ainda, que existem poucas referências sobre a temática em questão, o que emerge a relevância de novos estudos, mais atuais e aprofundados, por parte da Enfermagem, com o intuito de contribuir para um cuidado mais qualificado, voltado às peculiaridades destes pacientes. Portanto, revela-se importante divulgar informações acerca do câncer de mama masculino, uma vez que o desconhecimento pode ser considerado também um fator de risco. REFERÊNCIAS 1. MELO, E. C. P. et al. O problema do câncer no Brasil. IN: FIGUEIREDO, N. M. A. et al. (Org.). Enfermagem Oncológica: conceitos e práticas. 1ª ed. São Caetano do Sul, SP: Yendis Editora, 2009, p.15-49. 2. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (INCA). Disponível em: <http:www.inca.gov.br>. Acesso em: 15 de abril de 2011. 3. MACHADO, W. C. A. et al. Ações de enfermagem fundamentada no saber médico. IN: FIGUEIREDO, N. M. A. et al. (Org.). Enfermagem Oncológica: conceitos e práticas. 1ª ed. São Caetano do Sul, SP: Yendis Editora, 2009, p.85-233. 4. ARAUJO, D. B. et al. Metástases pulmonares em homem: localização incomum do tumor primário. J. bras. pneumol. [online]. 2007, vol.33, n.2, pp. 234-237. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S180637132007000200021&lang=pt>. Acesso em: 05 de abil de 2011. 5. FREITAS, A. M. S; SILVA, L. L. M; TOSCANI, N. V; GRAUDENZ, M. S. Perfil imunohistoquímico de carcinomas mamários invasores em homens. J. Bras. Patol. Med. Lab. [online]. 2008, vol.44, n.5, pp. 375-380. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S167624442008000500010&lang=pt>. Acesso em: 05 de abril de 2011. DESCRITORES: Enfermagem; Saúde do homem; Neoplasias da mama masculina.