Antioxidantes da dieta versus suplementos antioxidantes no câncer

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Antioxidantes da dieta versus suplementos antioxidantes no câncer
José de Felippe Junior
Câncer não são células malignas e sim células doentes
necessitando cuidados, não extermínio JFJ
Foram usados 1499 casos de câncer de próstata e 1112 controles da população
da Suécia para estudo case-control, onde dosou-se no sangue a capacidade antioxidante
total. Nesta população o café compreende 62% da ingestão de antioxidantes da dieta,
chá 2%, berries 4%, chocolate 2% e batata cozida 2%. Na população em geral 19%
tomavam multivitamínicos e 13% vitamina C de modo regular.
Para a ingestão de suplementos antioxidantes encontrou-se associação positiva
com o câncer prostático, total, avançado, localizado, alto grau e baixo grau comparando
usuários com não usuários. Os ORs foram ajustados para câncer de próstata total: 1.37,
95 % CI 1.08-1.73, avançado: 1.51, 95 % CI 1.11-2.06, localizado: 1.36. 95 % CI 1.061.76, alto grau: 1.60, 95 % CI 1.06-2.40 e baixo grau: 1.36, 95 % CI 1.03-1.81.
Alta ingestão de café (igual ou acima de 6 xícaras ao dia) se associou com
possível redução do risco de câncer fatal e redução significante do risco do câncer de
alto grau, OR: 0.45 (95 % CI: 0.22-0.90). Alta ingestão de chocolate se associou com o
risco total, avançado, localizado e baixo grau da doença, OR ajustado para total: 1.43,
95 % CI 1.12-1.82, avançado: 1.40, 95 % CI 1.01-1.96, localizado: 1.43, 95 % CI 1.081.88 e baixo grau: 1.41, 95 % CI 1.03-1.93.
A ingestão de antioxidantes de todos alimentos e das frutas e vegetais
separadamente não se associaram com o aumento do risco de câncer de próstata.
Entretanto, a ingestão de suplementos se associou positivamente com o risco de câncer
de próstata e a maior gravidade do câncer.
Conclusão, a ingestão de antioxidantes da dieta não aumenta o risco de câncer de
próstata, entretanto os suplementos antioxidantes provocam drástico aumento do risco e
da gravidade da doença (Russnes-2016).
O mate é um poderoso antioxidante. Existe forte associação entre a alta ingestão
do mate dos gaúchos (Ilex paraguariensis) morno, mas não muito quente com a baixa
incidência de câncer de mama. Comparou-se 572 pacientes portadoras de câncer de
mama com 889 controles utilizando questionário alimentar em estudo tipo case-control.
O mais alto consumo de mate comparado com o mais baixo se correlacionou de modo
robusto com a diminuição do risco de câncer de mama e importante de modo
independente da ingestão de carotenoides, vitamina C, vitamina E, flavonoides e
glutationa reduzida (Ronco-2016).
Carotenoides e retinol são marcadores da ingestão de frutas e vegetais e possuem
propriedades antinflamatórias e antioxidantes. Analisou-se meta-análise de 18 estudos
prospectivos que incluiu 3603 casos onde foram dosados no sangue a concentração de
carotenoides (alfa-caroteno, beta-caroteno, carotenoides total) e retinol. Somente
incluiu-se as pessoas que não estão ingerindo suplementos. Verificou-se que a
concentração sanguínea de carotenoides e retinol foi inversamente associada ao risco e
mortalidade por câncer pulmonar. O risco relativo (RR) foi 0.66 para o alfa-caroteno,
0.84 beta-caroteno, 0.66 carotenoides total e 0.81 para o retinol. Pessoas com as maiores
concentrações de carotenóides total e retinol apresentaram risco relativo (RR) 19% e
34% menores para o câncer de pulmão quando comparadas com as de mais baixas
concentrações, efeito dose-resposta. Na análise por sexo as conclusões somente foram
válidas para os homens. Os carotenóides mais protetores foram o betacaroteno, licopeno
e beta-criptoxantina.
Conclusão: altas concentrações de vários carotenoides e retinol obtidos da
alimentação estão associadas com menor risco de câncer de pulmão (Abar-2016).
Devemos atentar ao fato que as concentrações de carotenoides e retinol
simplesmente são marcadores da alta ingestão de frutas e vegetais. Frutas e vegetais,
além dos carotenoides e do retinol, possuem muitos elementos químicos nutricionais
carcinostáticos os quais podem muito bem diminuir o risco do câncer pulmonar.
Dois trabalhos famosos ATBC e CARET mostraram aumento do risco de câncer
de pulmão com altas doses de suplementos de betacaroteno e retinol entre os fumantes
(Omenn-1996, Albanes-1996, Virtamo-2003). Este aumento do risco está relacionado a
atividade pró-oxidante das altas doses do betacaroteno e retinol administrados. Nestes
trabalhos o suplemento era 5 a 10 vezes maior que a ingestão da dieta e sabe-se que o
excesso de antioxidante funciona como oxidante e ainda os pacientes eram fumantes.
Para aqueles que conhecem um pouco de bioquímica, o desenho dos dois trabalhos já
anunciava o desenlace: maior risco de câncer de pulmão. Foi uma desumanidade para
não falar em crime.
Referência no site www.medicinabiomolecular.com.br
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