ANÁLISE DE ACESSIBILIDADE WEB DO PROTÓTIPO DA BIBLIOTECA VIRTUAL ALEXANDRIA Lyncon Vieira Lima Aluno do IFMT, Campus Cuiabá, bolsista PIBIT/CNPq Abraão Lincon da Silva Ramalho Aluno do IFMT, Campus Cuiabá, bolsista PIBIT/CNPq Letícia Cristina Amorim de Assis Aluno do IFMT, Campus Cuiabá, voluntária Roan Siviero Dotto Aluno do IFMT, Campus Cuiabá, voluntário Bruno Silva Macário Aluno do IFMT, Campus Cuiabá, voluntário Juliana Fonseca Antunes Prof.ª Doutor.ª do IFMT, Campus Cuiabá, orientadora Resumo A acessibilidade web não se refere apenas à interface web, mas também à programação, pois quando não se desenvolve uma boa estrutura de codificação, respeitando as diretrizes de acessibilidade podem ocorrer problemas, em particular quando se fala em deficientes visuais. Para destacar a importância de utilizar as diretrizes de acessibilidade disponibilizada pela WCAG, foi analisado o protótipo de uma Biblioteca Virtual com auxílio de leitores de tela e os princípios de acessibilidade, visando à acessibilidade para deficientes visuais desta forma conscientizando seus desenvolvedores dos benefícios da aplicabilidade. Foi possível observar que existem princípios já aplicados porém ainda não são suficientes para a construção de uma aplicação acessível. Palavras-chave: Biblioteca Virtual. Acessibilidade. WCAG. Introdução O termo acessibilidade surgiu na França com a necessidade de transposição dos obstáculos arquitetônicos que impedem o acesso de pessoas com deficiência a lugares de uso comum e público (QUEIROZ, 2006). A acessibilidade tem se tornado um pilar essencial para usuários comuns e principalmente usuários com deficiência visual, seja ela uma visão limitada ou cegueira. Com o rápido avanço da tecnologia, já não é mais suficiente apenas a acessibilidade física para os deficientes, mas também é de grande importância existir a acessibilidade web. Quando se trata de acessibilidade web, os mais afetados são as pessoas com limitações visuais, pois a web é altamente visual, contendo muitos textos, imagens, Página 202 vídeos, etc. Para ter um site acessível para usuários desse tipo é necessária uma atenção maior no momento de projetá-lo, pois os problemas mais sérios relacionados à acessibilidade são pertinentes a deficientes visuais. Ressalta-se ainda que o desenvolvedor não deve preocupar somente com o design da interface, mas também, com foco de interesse na interação entre o usuário e o computador. É necessário que o usuário, seja ele deficiente ou não, entenda o que está sendo escrito ou mostrado no site para ocorrer a interação com o sistema. Conforme NIELSEN e LORANGER (2007), o projetista deve ter como regra básica o conhecimento do usuário antes de qualquer outra coisa. Novas tecnologias vêm surgindo e viabilizam o acesso das pessoas portadoras de deficiência visual, garantindo-lhes o pleno „acesso‟ às informações, ou minimizando a barreira existente entre usuários e interface. Como por exemplo, a atualização do HTML (HyperText Markup Language), atual HTML5 , onde suas aplicações, mesmo com as funções básicas, traz um sistema de navegação que utiliza atalhos de teclado, facilitando o acesso a pessoas com deficiência, como cegueira e baixa visão. Este trabalho tem por objetivo realizar uma análise utilizando um leitor de tela na Biblioteca Virtual, denominada Alexandria, analisando a presença das diretrizes de acessibilidade da WCAG (Web Content Accessibility Guidelines), que orientam desenvolvedores como produzir conteúdos para web acessíveis às pessoas portadoras de necessidades especiais. Desta forma, conscientizando os desenvolvedores da Biblioteca para os problemas de acessibilidade encontrados em sites web, onde, usuários cegos tem dificuldade de acessar o conteúdo. Fundamentação Teórica Conforme as orientações da W3C (World Wide Web Consortium, 2008) existem quatro princípios que estabelecem a acessibilidade da web, descritos na WCAG, são eles: perceptível, operável, compreensível e robusto. Perceptível - A informação e os componentes da interface do usuário têm de ser apresentados aos usuários em formas que eles possam perceber. Para isso deve: fornecer alternativas textuais para todo conteúdo não textual e fornecer alternativas sincronizadas para apresentações multimídia. Operável - Os elementos de interface do usuário devem ser operáveis para: prover caminhos para auxiliar a navegação para usuários com deficiência, de forma que possam encontrar o conteúdo e compreender o contexto onde o mesmo está inserido; tornar todas as funções Página 203 disponíveis pelo teclado; prover aos usuários com deficiência tempo suficiente para ler e utilizar o conteúdo; o conteúdo não deve conter nada que pisque mais de três vezes no período de um segundo. Compreensível - O conteúdo e controles devem ser compreensíveis ao usuário, para isso deve: fazer com que o conteúdo textual seja compreensível; fazer com que as páginas apareçam e operem de forma previsível e auxiliar usuários na prevenção e correção dos erros que venham ocorrer. Robusto - O conteúdo deve ser robusto o suficiente para trabalhar com tecnologias atuais e futuras. Maximizando a compatibilidade com agentes de usuários atuais e futuros, incluindo tecnologias assistivas. Essas orientações que foram descritas da W3C é uma forma de avaliar manualmente a acessibilidade do site, porém não é a única, além dessas, existem diversos sites que avaliam o nível de acessibilidade usada nos conteúdos web. Sites que avaliam o código fonte, suas tags, percentual de texto, percentual de HTML, são baseadas também na iniciativa da W3C. A WCAG disponibiliza várias técnicas de acessibilidade para orientar os desenvolvedores web na criação de um site. Uma das diretrizes consiste em ordenar os objetos presentes nas tags HTML para que sigam a sequência com relação ao conteúdo apresentado no site. Cada tecnologia define sua ordem de tabulação padrão, como por exemplo, em HTML a ordem do foco padrão segue como os elementos aparecem na fonte do conteúdo. Assim auxilia o deficiente visual na utilização de um leitor de tela, que percorre o conteúdo fazendo a leitura dos objetos dentro das tags. Existem programas que convertem texto em voz sintetizada, assim os deficientes visuais são capazes de ouvir o conteúdo presente em seu computador e na web. Estes programas são chamados de “leitores de tela” que emitem uma voz sintetizada, apesar de fazer um pouco mais do que simplesmente ler a tela. Eles permitem aos usuários cegos navegarem pelo conteúdo web de muitas maneiras e os ajuda a usufruir das funcionalidades do computador. O leitor de tela testado no protótipo da Biblioteca Virtual, é o software NVDA (NonVisual Desktop Access), desenvolvido pela NV Access, uma organização sem fins lucrativos. Trata-se de um software gratuito para a plataforma Windows e de código aberto. Disponibiliza síntese em diversos idiomas, incluindo o português-Brasil. Além da versão para instalação, possui também uma versão para viagem, que pode ser executada a partir de CD ou PenDrive (NVDA, 2007). Página 204 Metodologia Foi realizada uma análise utilizando as técnicas da WCAG para averiguar a acessibilidade na Biblioteca Virtual Alexandria, utilizando o protótipo da mesma e o leitor de tela NVDA, assim analisando o comportamento do sintetizador de voz, que é a voz do leitor de tela. Assim foi possível encontrar os erros e acertos no desenvolvimento desse protótipo conforme as diretrizes descritas anteriormente. Resultados e Discussões Com base nos princípios de acessibilidade foi possível analisar algumas características relevantes para garantir o acesso do deficiente visual permitindo o melhor desempenho das tecnologias assistivas. a) Oferecer um título descritivo e informativo à página A TAG Title do HTML é fundamental para a identificação na interface, haja vista que é a primeira assimilação que os leitores de tela sinalizam para o usuário seguindo o princípio de acessibilidade: perceptível. Elas funcionam como uma espécie de fachada de uma loja. É através da tag Title que os usuários que utilizam os leitores de tela, ficam sabendo onde estão na navegação. O protótipo da Biblioteca Virtual Alexandria disponibiliza essa função básica, como pode ser visto na Figura 1: Figura 1: Código do cabeçalho da Biblioteca Virtual Alexandria Fonte: Elaborado pelo autor Quando o usuário acessa o site da biblioteca utilizando o leitor de tela, a primeira tag que ele lê é a title, neste caso, reproduzindo: “Biblioteca Virtual – Alexandria”. Página 205 b) Ordenar de forma lógica e intuitiva a leitura e tabulação Seguindo o princípio de acessibilidade compreensível, deve-se criar o código HTML com uma sequência lógica de leitura para percorrer links, controles de formulários e objetivos. Essa sequência é determinada pela ordem que se encontra no código HTML. É necessário de se fornecer contexto e orientações para auxiliar os usuários a compreenderem a página e seus elementos. Para um usuário que não sofre de nenhuma deficiência visual, fica fácil compreender a Figura 2, extraída do protótipo da Biblioteca virtual, corresponde a uma lista não ordenada contendo quatro objetos. Figura 2: Lista não ordenada contendo um número “n” de elementos Fonte: Elaborada pelo autor A Figura 2 pode ter sido projetada para uma fácil visualização pois identifica, de certa forma, os itens das listas que tem relação entre si, ou para trazer uma organização do conteúdo, essa compreensão tem que ser passada para o deficiente visual de acordo com a Figura 3. Figura 3: Código da lista não ordenada. Fonte: Elaborada pelo autor Página 206 Para sinalizar aos leitores de tela que se trata de uma lista e que a lista contém um número “X” de itens e também quando termina a lista basta inicia-las com as tags <ul> ...</ul>, que indica um início e o final da lista, sendo que seus itens devem estar dentro das tags <li>...</li> que também sonoriza quantos elementos a lista possui. Lembramos que essa informação de inicio e fim de menu permanece oculta na página, sendo reproduzida apenas pelos leitores de tela. c) Disponibilizar informação sobre a localização do usuário na página Deve ser fornecido um mecanismo que permita ao usuário orientar-se dentro de um conjunto de páginas, auxiliando a navegação do deficiente visual e permitindo que ele saiba onde está navegando, assim seguindo o princípio: operável. Assim, pode ser utilizado um recurso de “migalha de pão”(breadcrums), que são links navegáveis em forma de lista hierárquica e permitem que o usuário saiba qual o caminho percorrido até chegar à página em que se encontra no momento. Todas as páginas do caminho, com exceção da página inicial, devem estar implementadas como links, verificado na Figura 4. Figura 4: Página de localização da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP Fonte: http://www.teses.usp.br/ Na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP (Universidade de São Paulo) é montada a localização do usuário no site de forma a fornecer um caminho pelo qual ele pode voltar sem sofrer problemas. Essas dicas de navegação, desde que bem implementadas, auxiliam o usuário na interação com leitores de tela. A Biblioteca Virtual Alexandria, infelizmente ainda não contempla esse tipo de funcionalidade, como pode ser visto na Figura 5, dessa forma, o usuário não sabe onde está na navegação, dentro de um conjunto de páginas. Página 207 Figura 5: Biblioteca Virtual Alexandria Fonte: Elaborada pelo auto Considerações Finais Pode ser observado que existe a necessidade de implementar na Biblioteca Virtual Alexandria alguns conceitos de acessibilidade que auxiliam o deficiente visual em utilizar o protótipo, confirmando assim o propósito deste artigo. Até a conclusão desta pesquisa, é de suma importância a aplicabilidade desses conceitos para que possa minimizar ao máximo as barreiras impostas aos deficientes visuais no que diz respeito à acessibilidade web, com isso conscientizando os desenvolvedores sobre a existência das diretrizes da WCAG e praticarem testes com leitores de telas para que possam preconizar a acessibilidade, fazendo a diferença a usuários comuns e em especial a deficiência visual. É importante ressaltar que, com a aplicação desses conceitos, torna-se mais simples para o usuário com deficiência visual a utilização dos leitores de tela, diminuindo quase inteiramente os empecilhos impostos para um usuário desse tipo. Referências NVDA: NonVisual Desktop Access. Disponível em: <http://www.nvaccess.org/> Acesso em Fevereiro 2014. WCAG: Web Content Accessibility Guidelines. Disponível em: <http://www.w3.org/TR/WCAG20/> Acesso em Fevereiro 2014. WAI: Web Accessibility Initiative. Disponível em: <http://www.w3.org/WAI/> Acesso em Fevereiro 2014. NIELSEN, Jokab; LORANGER, Hoa – Usabilidade na Web – Projetando Websites com qualidade. Rio de Janeiro, RJ, Elsevier Editora Ltda. 3ª reimpressão, 2007. QUEIROZ, Marco Antônio Maq. Acessibilidade web, Usabilidade, Teclado e Leitores de Tela. Disponível em <http://www.bengalalegal.com/nocoes#301> Acesso em Fevereiro 2014. Página 208