UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA E FARMÁCIA CURSO DE MEDICINA LIGA ACADÊMICA DE UROLOGIA PROJETO DE FUNDAÇÃO DA LIGA ACADÊMICA DE UROLOGIA ARMINDO GIACOMELLI AUGUSTO DE ANDRADE SEHN DIORGENES SILVA GUILHERME DAGNESE HENRIQUE WENTZ MATEUS ANTUNES MASOTTI PATRÍCIA MICHELI TABILE PEDRO JACKSON LIMA DOS SANTOS PROF. MD. PAULO LASTE SANTA CRUZ DO SUL, AGOSTO DE 2014 1 IMPORTÂNCIA E RELEVÂNCIA Primeiramente, é de fundamental importância que seja estabelecida a conceituação do campo de atuação da urologia. Ao contrário do que reza o conhecimento popular, a urologia não se trata de uma especialidade diametralmente contrária a ginecologia, tratando tão somente a saúde do homem, mas sim abrangendo uma área muito maior, que compreende as questões clínicas e cirúrgicas do trato urinário, além de também ser responsável pelo trato genital masculino. Dessa forma, o médico urologista não tem atuação restrita ao sexo masculino, sendo responsável não só pelo tratamento de afeções comuns aos dois sexos, mas também doenças com maior prevalência no sexo feminino, como a ITU e a incontinência urinária de esforço. A urologia, como poucas áreas da medicina, transita entre os dois grandes polos, a clínica e a cirurgia. A denominação por médico urologista exige a formação na residência em urologia, com duração de 3 anos, esta que tem como requisito a residência em cirurgia geral, com duração de 2 anos, sendo todo médico urologista também cirurgião. Sendo assim, o espectro de competências de tal especialidade é muito ampliado, cabendo ao médico urologista o diagnóstico das doenças urogenitais e seu respectivo tratamento, seja clínico, seja cirúrgico. Entretanto, o médico urologista não tem o seu consultório ou ambulatório como o único aporte de pacientes. Sendo o trato urogenital extremamente frágil, este é vítima de um número considerável de traumas, seja por causas violentas como acidentes automobilísticos, quedas, lesões por arma branca ou por arma de fogo, seja por causas iatrogênicas, sendo comum a ocorrência de lesões ureterais em cirurgias pélvicas, por exemplo. Posto isto, evidencia-se um número grande de pacientes encaminhados ao serviço de urologia tendo como porta de entrada o Pronto Atendimento e o próprio hospital. As infecções do trato urinário fazem parte de uma importante área que a urologia abrange tanto na saúde do homem como na saúde da mulher, em diversas faixas etárias. A infecção do trato urinário (ITU) é um importante problema clínico, de elevada incidência em populações idosas, acometendo desde pessoas com capacidade funcional plena e que vivem de forma independente na comunidade até idosos institucionalizados, com diversas comorbidades. Apresenta-se de diversas maneiras, sob um contínuo de sinais clínicos e sintomas, podendo ser sintomáticas, assintomáticas, complicadas ou não-complicadas (PROJETO DIRETRIZES, 2011). Ressalta-se que as infecções do trato urinário manifestam-se em qualquer idade, havendo, contudo, uma maior prevalência desse problema em três grupos etários: 1) crianças com até seis anos de idade; 2) mulheres jovens com vida sexual ativa; e 3) adultos idosos com mais de 60 anos de idade. Em recém-nascidos, cerca de 75% da ITUs ocorrem em crianças do sexo masculino e se instalam por via hematogênica. Em criança com mais de três meses de idade, cerca de 90% da ITU manifestam-se no sexo feminino e podem causar cicatrizes renais, quando associadas a refluxo vésico-ureteral (SROUGI,2005). Por isso, a LAU considera de extrema importância estudar e aprofundar as formas de diagnóstico e tratamento desse tipo de situação clínica, que abrange inúmeras faixas etárias, para acrescentar na formação dos acadêmicos de medicina temas prevalentes e relevantes da saúde da criança, da mulher e do homem. Ainda dentro da saúde da mulher, a LAU pretende conhecer, estudar e divulgar inovações científicas na área de tratamentos medicamentos e cirúrgias para questões uroginecológicas. Sabe-se que a hiperatividade do detrusor é a segunda maior causa de incontinência urinária na mulher. Entre as mulheres incontinentes que procuram assistência médica a prevalência da instabilidade vesical varia entre 9 e 55%. Em mulher sem evidência de distúrbio neurológico, a incidência é de 20 a 40% e em mulher com doenças neurológicas de até 90%. A prevalência da incontinência urinária de esforço varia de acordo com a população e com o método de aferição. Estudos populacionais através de questionários mostram que cerca de 50% das pacientes incontinentes têm incontinência urinária de esforço, apontada como a causa mais frequente de incontinência urinária na mulher. O prolapso de órgãos pélvicos tem uma prevalência estimada de 21,7% em mulheres de 18 a 83 anos, chegando a 30% nas pacientes entre 50 e 89 anos. O pico situa-se entre 60 e 69 anos chegando a 42,1 por 10.000 mulheres. Contudo, em torno de 58% das cirurgias são realizadas em pacientes abaixo de 60 anos. Estima-se que 13% das pacientes necessitarão de outro procedimento cirúrgico dentro de cinco anos e que 29,2% submetem-se a nova cirurgia por recorrência do prolapso (DAVILA, 2002; FEBRAGO, 2010). Em função de vários aspectos, entende-se a necessidade de se trabalhar condutas frente a pacientes com essas disfunções uroginecológicas, visando o melhor manejo, tanto para encaminhamento e/ou tratamento, resultando em maior resolubilidade e conduta desses casos. Há três tipos de câncer que começam nas células que revestem a bexiga. A classificação se dá de acordo com as células que sofrem a alteração maligna: (1) carcinoma de células de transição:representa a maioria dos casos e começa nas células do tecido mais interno da bexiga, (2) carcinoma de células escamosas:afetam as células delgadas e planas que podem surgir na bexiga depois de infecção ou irritação prolongadas e (3) adenocarcinoma:se inicia nas células glandulares (de secreção) que podem se formar na bexiga depois de um longo tempo de irritação ou inflamação (PROJETO DIRETRIZES, 2006). Quando o câncer se limita ao tecido de revestimento da bexiga, é chamado de superficial. O câncer que começa nas células de transição pode se disseminar através do revestimento da bexiga, invadir a parede muscular e disseminar-se até os órgãos próximos ou gânglios linfáticos, transformando-se num câncer invasivo. A estimativa de novos casos foi de 8.940 para 2014, sendo 6.750 em homens e 2.190 em mulheres. O numero de mortes foi de 3.278, sendo 2.279 homens e 999 mulheres em 2011 (INCA, 2014). No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma). Em valores absolutos, é o sexto tipo mais comum no mundo e o mais prevalente em homens, representando cerca de 10% do total de cânceres. Sua taxa de incidência é cerca de seis vezes maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento. Mais do que qualquer outro tipo, é considerado um câncer da terceira idade, já que cerca de três quartos dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. O aumento observado nas taxas de incidência no Brasil pode ser parcialmente justificado pela evolução dos métodos diagnósticos (exames), pela melhoria na qualidade dos sistemas de informação do país e pelo aumento na expectativa de vida. Alguns desses tumores podem crescer de forma rápida, espalhando-se para outros órgãos e podendo levar à morte. A grande maioria, porém, cresce de forma tão lenta (leva cerca de 15 anos para atingir 1 cm³ ) que não chega a dar sinais durante a vida e nem a ameaçar a saúde do homem. Estimativa de novos casos: 68.800 (INCA, 2014). Após o Outubro Rosa, mais um importante passo inicia pela prevenção. O foco passa a ser contra o câncer de próstata. Seguindo exemplo, o Novembro Azul integra a programação mundial para conscientizar o sexo masculino nos aspectos da prevenção da doença. Em menos de 30 anos, a taxa de mortalidade nos homens brasileiros por câncer de próstata aumentou mais de 95% e é o segundo câncer mais comum entre os homens, sendo o primeiro o de pele não melanoma. Conforme o Ministério da Saúde, são mais de 50 mil casos novos todo ano, com o número de mortes ultrapassando os 12 mil registros. O mês ainda tem um reforço nessa luta: 17 de novembro é o Dia Nacional de Combate ao Câncer de Próstata. Se o Outubro Rosa remete à cor do laço que simboliza, internacionalmente, a ação é contra o câncer de mama, no Novembro Azul, o bigode entra em cena. A fundação Movember promove um evento para conscientização e arrecadação de fundos para a luta contra o câncer de próstata e outras doenças masculinas. O nome da entidade é uma brincadeira com as palavras “moustache” ou “mo”, “bigode” em inglês, e o nome do mês. O evento aconteceu pela primeira vez em 1999 na Austrália. A fundação existe desde 2004 e hoje conta com a adesão de instituições nos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Dinamarca, Espanha e Grécia, entre outros países. Sabe-se que a saúde do homem não é tão valorizada como a saúde da mulher nas campanhas de saúde pública. Com o aumento significativo da população brasileira, o Ministério da Saúde propôs, em 2002, a Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer de Próstata, em parceira com a Sociedade Brasileira de Urologia, Soiedade Brasileira de Radioterapia, Escola de Saúde Pública da Universidade de John Hopkins e outras sociedades, atividade que visam à promoção da saúde, intervenção sobre fatores de risco, detecção precoce, estruturação e expansão da rede especializada de diagnóstico e tratamento do câncer de próstata (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). Um dos focos da LAU refere-se a campanhas de promoção e prevenção a saúde com orientações e atividades ilustrativas. O tumor de testículo corresponde a 5% do total de casos de câncer entre os homens. É facilmente curado quando detectado precocemente e apresenta baixo índice de mortalidade. Apesar de raro, preocupa porque a maior incidência é em homens em idade produtiva - entre 15 e 50 anos. Nessa fase, há chance de ser confundido, ou até mesmo mascarado, por orquiepididimites (inflamação dos testículos e dos epidídimos (canal localizado atrás do testículo e que coleta e carrega o esperma) geralmente transmitidas sexualmente. Número de mortes: 285 (INCA, 2014). O câncer de pênis é um tumor raro, com maior incidência em homens a partir dos 50 anos, embora possa atingir também os mais jovens. Está relacionado às baixas condições socioeconômicas e de instrução, à má higiene íntima e a homens que não se submeteram à circuncisão (remoção do prepúcio, pele que reveste a glande – a “cabeça” do pênis). O estreitamento do prepúcio é um fator de predisposição ao câncer peniano. Estudos científicos também sugerem a associação entre infecção pelo vírus HPV (papilomavírus humano) e o câncer de pênis. No Brasil, esse tipo de tumor representa 2% de todos os tipos de câncer que atingem o homem, sendo mais frequente nas regiões Norte e Nordeste (INCA, 2014). 2 OBJETIVOS a) Disseminar a importância da urologia no âmbito da saúde da mulher e do homem; b) Estudar e divulgar os avanços científicos da área; c) Discutir a formação em urologia dentro da UNISC, com ênfase ao curso de Medicina; d) Incentivar o interesse de todos os alunos para estudo clinico e cirúrgico da urologia; e) Realizar eventos científicos com profissionais do município e da região sobre temas relevantes da área buscando oferecer eventos que agreguem à formação acadêmica dos graduandos dos cursos da saúde, buscando apresentar assuntos de interesse geral que tangem à Urologia, para que – dessa forma – ocorra uma maior adesão dos alunos interessados, evitando uma polarização dos eventos e assim tendo um público maior; f) Desenvolver projetos de pesquisa que visem à produção científica e resultados satisfatórios para a universidade e para a comunidade, também desenvolvendo o conhecimento dos ligantes quanto ao alto padrão exigido pelos periódicos reconhecidos na área, fazendo com que busquem informações condizentes com tal nível; g) Promover capacitações, mini-cursos e workshops entre os membros da liga e para todos os alunos do curso de medicina, tanto na área cirúrgica quanto clínica da urologia, buscando aprimorar técnicas competentes à urologia essenciais para todo médico; h) Realizar palestras na região do Vale do Rio Pardo, com o objetivo de promoção e prevenção da saúde principalmente quanto às questões do trato genito-urinário, almejando elucidar assuntos importantes para a educação da comunidade; i) Realizar campanhas de prevenção e conscientização contra manifestações oncológicas competentes à urologia, com participação ativa dos ligantes e do professor responsável na apresentação de palestras, tendo atividade ao logo do ano e com maior atuação durante o Novembro Azul, mês dedicado à campanha contra o câncer de próstata. 3 ESTRATÉGIAS E RESULTADOS ESPERADOS Vendo a liga acadêmica como uma entidade estudantil destinada ao estudo em determinada área da saúde para sanar demandas sociais e realizar atividades científicas, lançaremos mão de encontros quinzenais com todos ligantes, quando será discutido o avanço nos projetos promovidos pelos alunos da liga, atualizando os colegas ligantes quanto as frentes trabalhadas pela liga; será discutido, além disso, seminários sobre os assuntos temas que encabeçam os projetos promovidos, assim promovendo um crescimento intelectual do grupo como unidade, não como apenas alunos isoladamente. A LAU coloca como uma de suas prioridades a participação ativa na sociedade, ambiente no qual serão promovidos eventos multidisciplinares direcionados para um públicos-alvo específico, buscando o ensino e a conscientização dos diferentes temas cabíveis à especialidade. Tais promoções serão atingidas mediante parcerias formadas com instituições ligadas ao público-alvo pretendido, como sindicatos de trabalhadores rurais, que – pela distância da zona urbana – muitas vezes não recebem informações e, por conseguinte, não procuram um atendimento médico ideal. Também serão buscadas parcerias com instituições filantrópicas, como Lions Club Internacional e Rotary Internacional, já que estas tem ideais que a LAU corrobora, podendo ser estabelecida a ligação para que, com a força e a penetração que tais tem na população, a Liga Acadêmica de Urologia tenha maior abrangência. Na primeira reunião com os membros fundadores da LAU para que fosse discutido os termos para abertura de uma liga, um dos assuntos em pauta foi sobre os resultados esperados pelos membros da liga na fundação da liga. Após a discussão, foram estabelecidos alguns pontos que eram comuns entre as opiniões dos membros da liga : que ocorram produções científicas relevantes, cabiveis de publicação nos periódicos da área; que seja promovida uma melhoria quanto à educação e conscientização no que tange à urologia do grande público da região do Vale do Taquari e Rio Pardo, evidenciado no aumento dos índices de consultas aos urologistas; que os alunos da área da saúde passem a ter maior interesse pela urologia, especialidade pouco difundida entre os cursos; que o grupo se desenvolva podendo deixar um legado na universidade através de suas atividades científicas. É, portanto, de interesse da LAU e de seus membros, juntamente com seu professor orientador, o pleno desenvolvimento do projeto aqui apresentado para que os objetivos supracitados sejam alcançados com êxito por meio do empenho dos envolvidos. 4 MEMBROS FUNDADORES Presidente : Augusto de Andrade Sehn Vice-Presidente : Pedro Jackson Lima dos Santos Secretário Geral : Patrícia Micheli Tabile Coordenador de Relações Públicas : Guilherme Dagnese Coordenador Financeiro : Armindo Giacomelli Membros Efetivos : Diorgenes Silva, Mateus Antunes Masotti e Henrique Wentz 5 ANEXO Logo : 6 REFERÊNCIAS 1. Rossi P, Oliveira RB, Ribeiro RM, Castro RA, Tavares W, Lopes HV, Stein AT, Simões R. Projeto Diretrizes. Infecção Urinária Não-Complicada na Mulher: Tratamento. 2011. Disponível em: <http://www.projetodiretrizes.org.br/ans/diretrizes/ infeccao_urinaria_nao-complicada_na_mulher-tratamento.pdf>. Acesso em 31 jul. 2014. 2. Srougi, Miguel. Infecções do Trato Urinário. Rev Med (São Paulo). 2005 jul.dez.;84(3-4):102-12. 3. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Programa Nacional de Controle do Câncer de Próstata. 2002. CDD-616.99463. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cancer_da_prostata.pdf>. Acesso em 31 jul. 2014. 4. FEBRASGO. Manual de orientação: uroginecologia e cirurgia vaginal. Federação Brasileira das Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia, 2008. Disponível em: <http://www.itarget.com.br/newclients/sggo.com.br/2008/extra/download/UROGINEC OLOGIA-E-CIRURGIA-VAGINAL>. Acesso em 31 jul. 2014. 5. Davila GW, Neimark M. The overactive bladder: prevalence and effects on quality of life. Clin Obstet Gynecol. 2002;45(1):173-81. 6. The Movember Foundation. Disponível em : <http://us.movember.com/>. Acesso em 05/08/2014 7. Pompeo ACL, Carrerette FB, Glina S, Ortiz V, Ferreira U, Fonseca CEC, Wroclawski ER, Bretas FFH, Snitcovsky I, Coelho JMC, Fonseca Fº LL, Berger M, Monti PR, Matheus WE, Clark O, Freitas LAR. Câncer de bexiga: parte I. Sociedade Brasileira de Urologia, 2006.