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1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O câncer é um dos principais problemas de saúde pública no Brasil, está
relacionada a fatores genéticos e induzida também, por outros fatores como: radiação,
traumas, vírus, bactérias e outros. O desenvolvimento da doença, suas características, sinais e
sintomas são essenciais para o diagnóstico preciso e tratamentos específicos que podem ser
realizados através de quimioterápicos, radioterápicos diversos e cirurgias que, normalmente
incluem congelação e biópsia.
No Brasil, estima-se que o câncer do colo do útero seja a terceira neoplasia maligna
mais comum entre as mulheres, sendo superado pelo câncer de pele (não-melanoma) e pelo
câncer de mama. No mundo todo, ocupa o segundo lugar em incidência entre os tumores no
sexo feminino, com aproximadamente 500.000 novos casos diagnosticados por ano, sendo
responsável por 250.000 mortes por ano, por isso, ainda representa um grave problema de
Saúde Pública, especialmente para os países em desenvolvimento que abrigam cerca de 80%
dos casos e mortes decorrentes desta neoplasia (JUSTINO et al, 2005).
Segundo Albuquerque e colaboradores (2009), o surgimento dos programas de
rastreamento da população feminina, por meio do exame citológico do colo do útero, que é
também conhecido como Papanicolau, têm sido uma das estratégias de saúde pública mais
efetiva, segura e de baixo custo para detecção precoce desse câncer. Estudos indicam que
mulheres que não realizam com freqüência ou nunca realizaram esse exame podem
desenvolver a doença, em alguns países houve redução nas taxas de incidência de mortalidade
por neoplasia.
O uso terapêutico das radiações é realizado nos tecidos neoplásicos, a aplicação é
dividida, para reduzir a radiosensibilidade, se aplicado de uma só vez, os efeitos colaterais
seriam muito intensos, danos graves podem resultar dessa grande dose única. A aplicação é
feita em regiões muito localizadas do organismo e partes dele, é muito diferente quanto ao
êxito letal, à dose limite após uma semana provoca eritema e pigmentação da pele, não deve
ser excedida, essa dose pode variar de paciente a paciente, está relacionada à quantidade e à
área irradiada (HENEINE, 2003).
A abordagem de possíveis disfunções sexuais em mulheres submetidas à radioterapia,
exclusiva com câncer do colo uterino avançado é de suma importância para a qualidade de
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vida da paciente. Sendo o câncer de colo uterino uma importante causa de morbimortalidade
feminina com repercussões do ponto de vista de saúde pública, as pacientes oncológicas,
principalmente as submetidas à radioterapia exclusiva, devem ser vistas de uma forma
holística (BERNARDO et al, 2007).
Quando a radiação é feita com baixa taxa de dose, introduz aplicadores no paciente e
se verifica o posicionamento correto por meio de radiografias ortogonais de simulação. Uma
prolongada irradiação do tumor permite uma eficácia de tratamento bem maior, sem grandes
comprometimentos de tecidos saudáveis e com diminuição dos efeitos colaterais
(ROSENTHAL; CARIGAN; SMITH, 2008).
1.1 Questão Norteadora
Qual a assistência de enfermagem a mulheres com câncer do colo do uterino em
braquiterapia?
1.2 Objetivos
 Conhecer a assistência de enfermagem a mulheres com câncer do colo do útero na
braquiterapia sob a ótica das portadoras.
 Descrever a importância da assistência de enfermagem prestada durante o
tratamento.
1.3 Justificativa
A escolha do tema ocorreu durante algumas visitas ao Hospital São Marcos, por ser
referência em tratamento radioterápico, em especial a braquiterapia, em mulheres com câncer
do colo do útero, por ser uma temática pouco abordada e pelo déficit de publicações
relacionado a esse tema, que requer conhecimento cientifico e pela contribuição que o
trabalho possa trazer no cuidado e orientação prestada pela equipe de enfermagem. A escolha
da instituição se deu devido à mesma possuir organização própria em relação ao serviço de
enfermagem voltado para oncologia, além de ser referência no serviço em Teresina.
A realização desse estudo, poderá contribuir aos demais profissionais, bem como a
comunidade acadêmica, no sentido de como devem ser efetuadas as ações de assistência a
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saúde das mulheres com câncer do colo do útero em braquiterapia, que se trata de um grupo
populacional crescente e cada vez mais, interessado em conhecer sua patologia e os agravos
que ela traz.
2 REFERENCIAL TEMATICO
2.1 Câncer do Colo do Útero Como Problema de Saúde Pública
O câncer como um problema de saúde pública no Brasil é, portanto, merecedor de
grande atenção por parte dos profissionais de saúde e em especial da enfermagem, que podem
contribuir para o controle da doença por meio das ações de promoção da saúde, prevenção e
detecção precoce de alguma alteração do organismo, que são realizadas nos serviços de saúde.
(LINARD; SILVA; MAGALHÃES, 2006).
Apesar da possibilidade de detecção precoce por meio do exame de rastreamento
populacional reconhecido, o câncer do colo uterino é ainda o segundo câncer mais comum no
mundo, entre mulheres, perdendo apenas para o câncer de mama. Cerca de 80% dos casos
ocorrem em países em desenvolvimento, onde a maioria dos casos foi diagnosticada como
doença localmente avançada ou metastática (ALVES; GUERRA; BASTOS, 2009).
Para Almeida; Pereira; Oliveira (2008), o câncer do colo uterino é uma doença
temida pelas mulheres devido ao significado emocional que o órgão atingido representa, visto
que o útero envolve questões inerentes à sexualidade, feminilidade e reprodução. Neste
sentido, a percepção que as mulheres têm sobre o diagnóstico da doença, influenciada por sua
cultura, personalidade e ambiente, mascaram as possibilidades de esperança de cura que as
formas de tratamento podem trazer, indicando também a percepção negativa da eficácia
terapêutica.
O risco do câncer do colo do útero aumenta com baixas condições socioeconômicas,
início precoce das atividades sexuais, múltiplos parceiros sexuais e precários cuidados prénatais e pós-natais. O câncer cervical tem-se mostrado duas vezes mais freqüente nas
mulheres negras do que nas brancas, muito embora a diferença venha diminuindo nos grupos
etários mais jovens. A doença é bem mais rara nas celibatárias e mulheres judias, cujos
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parceiros realizam a postectomia, ou seja, a retirada do prepúcio da região da glande
(ROSENTHAL; CARIGAN; SMITH, 1995).
Segundo Spence, Johnston (2003), o câncer do colo do útero é uma doença que afeta
predominantemente mulheres acima de 45 anos e é o segundo câncer mais comum em
mulheres em todo o mundo. Embora a incidência esteja diminuindo nos países com um
programa bem desenvolvido de rastreamento cervical, a incidência e a mortalidade mundial
ainda são grandes problema. Estudos epidemiológicos indicam que o contato sexual é
importante no desenvolvimento do câncer cervical. A radioterapia foi usada pela primeira vez
no tratamento de câncer cervical em 1901, inicialmente com cone intravaginais, evoluindo
para uma combinação de irradiação externa administrada por aceleração linear. A dose total
de radiação é calculada e administrada em pequenas frações durante quatro ou cinco semanas
sob anestesia local.
Um dos tratamentos mais utilizados no Brasil é a radioterapia, um método capaz de
destruir células tumorais, empregando-se feixes de radiações ionizantes. A irradiação pode ser
aplicada a distância, teleterapia, ou em contato com o tumor, braquiterapia, por meio de
aplicadores intracavitários, implantes com agulhas ou moldes. A assistência na radioterapia
envolve atividades específicas de enfermagem, encaminhamentos em geral, acompanhamento
em exames e procedimentos médicos, principalmente na braquiterapia, pois cabe planejar,
coordenar e prestar cuidados de enfermagem aos clientes do setor da oncologia (ARAUJO;
ROSAS, 2008).
2.2 A Braquiterapia
De acordo com Lopes; Rodrigues; Carvalho (2010), a avaliação adequada da
distribuição de dose na radioterapia em geral é fundamental para o sucesso do tratamento,
com um mínimo de complicações. Na braquiterapia, em que doses elevadas são administradas
em volumes restritos, esse aspecto assume importância ainda maior. A avaliação do
tratamento de maneira tridimensional, considerando os volumes irradiados e suas correlações,
é hoje peça fundamental na braquiterapia de alta taxa de dose (BATD), auxiliando na
distribuição de dose o mais adequado possível.
A melhor forma adjuvante para o câncer de endométrio é alguns centros que
possibilitam pacientes a serem tratadas com o uso de radioterapia (RT) ou braquiterapia de
fundo vaginal exclusivas ou mesmo com RT abdominal total, RT de região paraórtica ou com
a adição de quimioterapia (QT), notadamente, para os casos de estágios mais avançados. No
Brasil, no início dos anos 90, a introdução do uso da braquiterapia de alta taxa de dose
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(BATD) proporcionou nova perspectiva no uso de radiações para o tratamento adjuvante do
câncer ginecológico. Comparada à braquiterapia de baixa taxa de dose, a BATD, tem eficácia
semelhante, mas com maior segurança, proteção radiológica e comodidade para o tratamento
realizado (CHEN et al, 2005).
A braquiterapia é uma forma de radioterapia em que materiais radioativos são
implantados nas proximidades do tumor e define uma modalidade de tratamento em que doses
de radiação são liberadas para atacar as células tumorais, sem que um grande número de
células sadias seja afetado. Estes implantes podem ser temporários ou permanentes. Na
braquiterapia, a radiação tem origem nos materiais radioativos colocados no interior do corpo,
perto do tumor. Essa proximidade permite que altas doses de radiação sejam liberadas para
atingir o tumor, permite aplicar doses maiores, em intervalos de tempo menores e a volumes
mais restritos (FAGUNDES, 2009).
O procedimento ocorre da seguinte forma: sob controle ecográfico são introduzidos
os cateteres que permitirão a introdução das agulhas de Irídio (Ir). O “template” que guia a
colocação dos cateteres é suturado à pele e o conjunto fica nesse local, durante o tratamento,
tipicamente um dia. As imagens são adquiridas pelo computador de dosimetria que planifica
os tempos de permanência das agulhas ao longo dos cateteres. A seguir, a paciente é orientada
a retornar três vezes ao Serviço de Radioterapia onde as agulhas de Ir são introduzidas. A
aplicação dura poucos minutos e é repetida a intervalos mínimos de 6 horas, podendo variar
de acordo com a localização do tumor e o estado geral da paciente (VARREGOSO, 2006).
Este tratamento por sua vez, pode ser irradiado a partir de várias localizações, nas
quais a fonte radioativa pode permanecer estacionada por certos intervalos de tempo,
denominados de “tempos de parada”. A dose de radiação que será depositada sobre o tumor e
regiões circunvizinhas é regulada com base nos tempos de parada e na intensidade da fonte. A
definição destes tempos de parada pode ser realizada por métodos heurísticos e baseados na
experiência da equipe de tratamento (GOLDBARG; JESUS, 2006).
Segundo Oliveira et al (2009), na braquiterapia devido à distribuição de dose não
homogênea, a prescrição da dose é mais complicada do que na teleterapia. Vários sistemas
foram desenvolvidos, com diferentes pontos de prescrição. A Comissão Internacional de
Unidades e Medidas da Radiação (ICRU) sugere padronizar a maneira de relatar a dose e o
volume do tratamento específico para cada paciente. Nele são listados itens que deveriam ser
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incluídos na prescrição de um tratamento intracavitário. A descrição da técnica, incluindo a
dose e o fracionamento, a relação temporal com o implante, o tipo de sistema intracavitário
aplicado, o isótopo empregado, a dose recebida em um número de pontos relevantes ao
controle do tumor, a dose no reto e na bexiga, são alguns dos itens que deveriam ser
incorporados no relato do tratamento intracavitário.
Segundo Barros, Labate (2008), a braquiterapia pode ser utilizada como modalidade
terapêutica para diversos tipos de cânceres, inclusive para tumores ginecológicos, sendo
possível a obtenção de resultados bastante satisfatórios, conforme o estadiamento desses
tumores. Entretanto, apresenta alguns efeitos colaterais que podem variar de mulher para
mulher, mas que geralmente são efeitos colaterais de caráter transitório como: náuseas,
vômitos, indisposição e anorexia de intensidade variável, além de cólicas abdominais,
diarréia, disúria, polaciúria e efeitos colaterais tardios ou seqüelas da radiação que são
perenes, como retites e cistites actínicas, ocorrendo com menor freqüência colites ou fibrose
do subcutâneo.
As mulheres que não apresentam intercorrências durante o tratamento podem manter
suas atividades sexuais durante o tratamento. Porém, elas devem estar cientes de que esta
prática não é recomendada, sobretudo por motivos de higiene e para evitar eventuais
traumatismos locais. Após a radioterapia, ela deve retornar as suas atividades sexuais
habituais a fim de preservar funcionalmente a vagina. Devem estar orientadas quanto ao fato
de, meses após o tratamento, podem ter a vagina mais estreitada, menos maleável e ressecada,
o que pode ocasionar desconforto e sangramento discreto no momento do coito. Após a
braquiterapia, a mulher pode desenvolver estenose vaginal se não tiver vida sexual ativa,
devendo ser orientado o uso de dilatadores vaginais (FRIGATO; HOGA, 2006).
2.3 Assistência de Enfermagem na Braquiterapia
A enfermeira deve orientar na primeira consulta que a cliente realize a tricotomia
pubiana antes da primeira inserção e é necessário checar a realização desse procedimento. O
uso de ducha vaginal tem a finalidade de evitar o aparecimento de bridas ou sinéquias,
principalmente, quando não tem atividade sexual, realizada no mínimo duas vezes ao dia.
Quando a cliente é submetida à braquiterapia, a enfermeira realiza várias intervenções, após a
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realização do procedimento e antes de iniciar nova sessão do tratamento, é feita uma
identificação das ocorrências anteriores. É possível prevenir ou monitorar algumas
intercorrências como dor, que dependendo da intensidade, será administrado analgésicos e nas
inserções subseqüentes, deverá ser medicada antes do início do procedimento. A monitoração
contínua da pressão arterial permite a identificação da hipotensão, hipertensão e a intervenção
adequada (VAZ et al, 2007).
A equipe de enfermagem deve minimizar a exposição à radiação ao aplicar os
princípios de tempo, distância e proteção, as profissionais de enfermagem grávidas ou com
suspeita de gravidez não podem estar envolvidas no cuidado dessas pacientes. As visitas de
enfermagem devem ser planejadas antecipadamente, visando minimizar o tempo que fica em
contato com a paciente e exposição à radiação, permanecendo mais afastada possível da fonte
de radiação. Porém deve passar algum tempo junto à paciente debatendo as ansiedades e
medos. A enfermeira oncologista pode ser um recurso valioso no fornecimento de
informações e resolução de problemas das pacientes (FAGUNDES, 2009).
Pelo fato da enfermagem radiológica atuar cada vez mais, com tecnologias emissoras
de radiação ionizante em seu processo de trabalho, é imperiosa sua qualificação na área, haja
vista que esse campo de atuação profissional tende cada vez mais a aumentar e a enfermagem
precisa preparar-se para atuar com segurança nessas especialidades, que exige conhecimento
científico (FLOR; GELBCKE, 2009).
3 METODOLOGIA
3.1 Natureza da Pesquisa
Trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva, com abordagem qualitativa.
Segundo Richardson et al (2008), a pesquisa qualitativa caracteriza-se como a tentativa de
uma compreensão detalhada dos significados e características situacionais apresentados pelo
entrevistado, para descrever a complexidade de determinado problema, analisa a interação de
certas variáveis, compreende e classifica processos dinâmicos vividos por grupos sociais,
contribui nas mudanças de determinados grupos e possibilita um maior nível de profundidade,
do entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos.
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A pesquisa exploratória proporciona maior familiaridade com o problema, tendo
como objetivo principal o aprimoramento das idéias. A descrição das características de
determinada população em fenômeno ou estabelecimento de relações entre variáveis. São
inúmeros os estudos que podem ser classificados sobre este título, e uma de suas
características está no uso de técnicas padronizadas de coleta de dados (GIL 2007).
3.2
Cenário da Pesquisa
O estudo foi realizado no setor de Radioterapia do Hospital São Marcos, localizado
no Centro de Teresina. No Piauí, é um hospital de referência norte-nordeste em oncologia,
que presta atendimento ao paciente em diversas especialidades, desde a prevenção ao
diagnóstico e tratamento do câncer, sendo seguido pelo acompanhamento médico em várias
especialidades
como:
cardiologia,
endocrinologia,
gastroenterologia,
oftalmologia,
ginecologia, urologia, neurologia, proctologia, radioterapia, dermatologia, cirurgia plástica,
cirurgia vascular, cirurgia torácica, mastologia, nutrição, fisioterapia, nefrologia, cirurgia
geral, reumatologia, oncologia adulto e pediátrico, ginecologia, ortopedia e outros) bem como
prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer e outras patologias em geral, de forma integral.
3.3
Sujeitos da Pesquisa
A entrevista foi realizada com mulheres com diagnóstico médico de câncer do colo
uterino, que estavam em tratamento de braquiterapia e que realizaram pelo menos uma sessão
da mesma. Foram selecionadas 17 pacientes, dessas, foram escolhidas três pacientes para a
realização do pré-teste e posteriormente excluídas, todas com câncer do colo do útero em
tratamento com braquiterapia, que aceitaram participar da pesquisa com assinatura do Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO A), com faixa etária de 37 a 88 anos, por
essa faixa etária ser de maior incidência no local da pesquisa e está relacionado a falta de
acompanhamento ginecológico e multiparidade.
Os sujeitos foram caracterizados de acordo com os seguintes aspectos: portadoras do
câncer do colo do útero em braquiterapia, tempo de tratamento diversificado. Com relação à
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variável escolaridade, das 14 pacientes entrevistadas, 4 não eram alfabetizadas, 4 eram
alfabetizadas, 6 tinham o Ensino Fundamento incompleto. Com relação à variável idade, 6
tinham entre 37 e 59 anos, 4 tinham de 60 a 71 anos e 4 de 79 a 88 anos, com relação ao
estado civil, 7 eram casadas,
4 viúvas, 2 divorciadas e 01 solteira. Os sujeitos foram
caracterizados pela letra D e numeração arábica e ordenados por ordem de entrevista,
mantendo total sigilo sobre sua identificação.
3.4 Instrumento para produção de dados
Para a realização da pesquisa, utilizou-se como instrumento para produção de dados
a entrevista semi-estruturada (APENDICE A), que de acordo com Matheus (2006), a
entrevista é um processo no qual as informações colhidas são fundamentadas no discurso dos
entrevistados e através dela se pode obter informações tanto pela comunicação verbal e nãoverbal, permitindo esclarecimento para ambas as partes, à medida que se desenvolve,
favorecendo a validação do que foi dito.
Antes da coleta de dados realizou-se o pré-teste no intuito de verificar se o
instrumento de pesquisa necessitaria de ajustes, aplicado a três pacientes com características
semelhantes aos sujeitos do estudo. Após análise dos depoimentos verificou-se que não
haveria necessidade de alteração do roteiro.Esta foi realizada no período de fevereiro a março
de 2010, no próprio local de estudo, cada entrevista durou aproximadamente de 20`, de forma
que garantiu a disponibilidade dos sujeitos para o fornecimento dos dados da pesquisa. Foram
gravados em MP4, para posterior transcrição das falas, sendo que o número de entrevistas foi
delimitado quando houve saturação das falas. Obedeceram às normas da Resolução no 196/96
Conselho Nacional de Saúde sendo solicitada a assinatura do Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido, horário e data previamente determinado pelas entrevistadas.
3.5
Análise de dados
Segundo Bardin (2004), os dados apresentam três pólos cronológicos que compõem
o método independente da técnica aplicada para análise: a pré-análise, que é um período de
intuições e objetiva a tornar operacional, sistematizar as idéias iniciais, direcionar as
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operações suscedentes e essa fase inclui leitura flutuante, escolha dos documentos a serem
analisados, formulação das hipóteses e dos objetivos; na análise deve acontecer a exploração
do material onde é feita a conclusão em operações de codificação com regras previamente
formuladas e aplicadas manualmente; pós-análise ocorrerá o tratamento dos resultados
obtidos e interpretação conforme a pesquisa.
Para Dyniewicz (2007), a análise de dados deve ser realizada em quatro momentos:
leitura da descrição do relato, após transcrição, sem buscar qualquer interpretação; em seguida
realiza-se uma nova leitura para discriminar as unidades de significado, anotando-as
diretamente no texto para ir focalizando o fenômeno que está sendo pesquisado;
transformação das expressões cotidianas do sujeito; síntese das unidades de significado.
Para Minayo (2002), as categorias são empregadas para estabelecer classificações,
trabalhar com elas significam agrupar elementos, idéias ou expressões em torno de um
conceito abrangente, ela compara as categorias gerais, estabelecidas antes, com as específicas,
formuladas após o trabalho de campo. Por outro lado, a articulação das categorias
configuradas a partir dos dados com as categorias gerais também requer sucessivos
aprofundamentos sobre as relações entre a base teórica do pesquisador e os resultados por ele
investigados.
3.6
Aspectos éticos e legais
Essa pesquisa foi realizada após autorização do projeto pela Comissão de Ética e
Pesquisa da Faculdade Santo Agostinho (FSA), em 12 de fevereiro de 2010, com registro no
CEP-FSA, com protocolo no 234/10, incluindo a autorização da Comissão de Ética do
Hospital São Marcos.
As pacientes, antes de serem entrevistadas, foram solicitadas à assinatura do Temo
de Consentimento Livre e Esclarecido que garante o anonimato e o caráter confidencial das
informações, assegurando o direito, privacidade, sigilo, acesso aos dados, bem como a
liberdade de retirar-se do estudo, se assim o convier, de acordo com as normas da Resolução
196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que visa descrever as medidas para proteção ao
paciente, com termo de compromisso do pesquisador responsável e da instituição de cumprir
os termos desta Resolução (BRASIL 1996).
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4. RESULTADOS E DISCUSSAO
Após a análise das entrevistas das pacientes sobre a assistência de enfermagem em
mulheres com câncer do colo do útero em braquiterapia foi estabelecido à classificação para
agrupamento de idéias em torno de um conceito abrangente e agrupado nas seguintes categorias:
O reconhecimento da importância da assistência de enfermagem prestada à pacientes em
braquiterapia; no qual as depoentes acham importantes as orientações no decorrer do tratamento.
A assistência de enfermagem relacionada as orientações quanto às reações adversas da
braquiterapia; onde as pacientes são informadas sobre os efeitos colaterais que a braquiterapia
pode trazer e assistência de enfermagem associada ao esclarecimento de dúvidas; que fala da
importância de esclarecer as dúvidas freqüentes das mulheres que podem surgir durante o
tratamento.
4.1 O reconhecimento da importância da assistência de enfermagem prestada à
pacientes em braquiterapia
De acordo com os depoimentos relacionados com a importância da assistência de
enfermagem na braquiterapia, a maioria relatou ser indispensável durante o tratamento por
trazer segurança, apoio, força, tranqüilidade e informações precisas, desconhecidas pelas
pacientes. Esta valorização pode ser reconhecida nos seguintes depoimentos
[...] a assistência da enfermagem na braquiterapia é muito bom, durante o
meu tratamento é muito bom, elas informam como a gente deve fazer,
tranqüiliza, prepara, tem a preocupação de saber como é que ta o andamento
do tratamento [...]. D 01
[...] é maravilhosa a assistência da enfermagem, me ajudam , fiquei muito
nervosa na primeira consulta mais elas me acalmaram foi muito difícil, não
entendia nada da braquiterapia [...]. D 03
[...] é bom as enfermeiras explicam como a gente deve fazer antes de vim
fazer a braquiterapia até antes de entrar na sala [antes da realização do
tratamento], fala sobre a limpeza, os cuidados, é ótimo passa muita
segurança. [...]. D 05
22
A radioterapia pode desencadear alterações consideráveis e desafiadoras ao bemestar físico e emocional da paciente, compreendendo desde a alimentação, higiene,
esterilidade, sono, repouso e eliminações fisiológicas à rotina de trabalho e relações social e
familiar. Assim, a percepção e o significado dessas alterações quando negativos podem seguir
de dificuldades no desejo de adaptação e/ou melhoria das condições de saúde, exigindo,
portanto, um acompanhamento de qualidade pela equipe integrante do processo terapêutico
(ALMEIDA; PEREIRA; OLIVEIRA 2008).
É competência da equipe de enfermagem identificar problemas de enfermagem,
definir necessidades básicas afetadas e o grau de dependência do cliente, através de
evidências, para então desenvolver as ações de enfermagem adequadas. O importante é que a
equipe busque o cuidado efetivo a partir da situação do cliente, mesmo fora de uma consulta
oficialmente reconhecida.
[...] é importante porque elas explicam como é que faz , como a gente deve
vim, acompanha o tratamento. É muito bom contar com a ajuda das meninas
é muito importante [...]. D 07
[...] acho vantagem, porque todas elas me ajudam, dão assistência,
conversam, a braquiterapia eu não conhecia e já tinha ouvido falar que
incomodava mais elas me esclareceram tudo [...]. D 08
[...] é importante a orientação, o tratamento eu já conheço, é interessante as
enfermeiras participar, orientar [...]. D 09
[...] essa braquiterapia minha filha, já tem me dado muita dor de cabeça e eu
não sei o que seria de mim sem elas, me ajudam tanto, me dão muito forca, é
interessante acompanhar a gente. Eu acho importante, elas procuram saber
como a gente ta se comportando, tem aquela preocupação, eu fico muito
nervosa, ansiosa pra acabar logo [risos] [...]. D 10
[...] é muito importante a presença delas, incomoda muito esse tratamento e
elas conversam pra acalmar, assim elas são muito prestativas [...]. D 11
[...] a presença da enfermagem é importante sim, elas dão atenção pra gente,
tranqüilizam bastante, elas dão todo apoio a enfermagem e de grande
importância para o meu tratamento [...]. D 12
A equipe de enfermagem deve minimizar a exposição à radiação ao aplicar os
princípios de tempo, distância e proteção, porém deve passar algum tempo junto à paciente
23
debatendo as ansiedades e o medo, pode ser um recurso valioso no fornecimento de
informações e resolução de problemas (FAGUNDES, 2009).
[...] é importante, legal a assistência da enfermagem, porque elas falam pra
gente o que deve ou não fazer antes de vim, elas tem paciência pra explicar
pra gente [...]. D 13
[...] é ótimo, a presença delas me tranqüilizou. Ando tão estressada por
causa desse câncer, é tão difícil, [pausa] mais graças a Deus que elas
existem, elas me apóiam muito me dão força [...]. D 14
A ajuda profissional consiste na abertura de espaço para verbalização de fonte de
problemas, fornecimento de informações e esclarecimento de percepções, dentre outros. O
enfermeiro pode ajudar na escolha do melhor recurso e trabalhar no aprimoramento deste com
o paciente, a fim de que ele possa adquirir confiança e enfrentar os problemas de frente.
(JUSTINO, 2005).
4.2 Assistência de enfermagem relacionada às reações adversas da braquiterapia
No relato das depoentes quanto à orientação das reações adversas da braquiterapia,
algumas apresentaram sinais e sintomas mais intensos que outras, por ser um tratamento ainda
desconhecido e invasivo, elas se mostram informadas pela assistência de enfermagem e ao
mesmo tempo assustadas quanto aos efeitos apresentados. Como os depoimentos abaixo
[...] é importante, assisto as reuniões, elas explicam sobre as reações que a
gente vai apresentar; diarréia e muita dor, espero que acabe logo [...]. D 01
[...] sinto muita dor na urina, diarréia, quase não consigo evacuar, sinto que a
minha vagina ta se fechando, mais ela já tinha falado no inicio que eu iria
sentir tudo isso, me orientou direito, é de extrema importância a ajuda delas
[...]. D 14
[...] no começo eu senti muito medo, dor e dúvida, ainda hoje as pessoas
falavam muitas coisas que me assustava [...]. D 06
24
O diagnóstico do câncer acarreta grande impacto emocional, pois acumula um misto
de sensações potencializadas com a radioterapia, um tratamento ainda desconhecido e temido
por elas, que envolve a utilização de feixes de radiação ionizantes. O medo relaciona-se com o
sentimento de inquietação frente a uma situação concreta e maléfica. A aflição, a sensação de
insegurança, apreensão e nervosismo pode imediatamente dar lugar a um trauma (FRIGATO;
HOGA 2006).
4.3 Assistência de enfermagem associada ao esclarecimento de dúvidas
Nesta categoria foram agrupados os depoimentos relacionados à assistência de
enfermagem associada ao esclarecimento de dúvidas. De acordo com as depoentes o
esclarecimento de dúvidas auxilia bastante no decorrer do tratamento, é competência da
equipe de enfermagem, fornecer essas explicações, que influenciam em todo o processo
terapêutico.
[...] passei a conhecer o tratamento e como me comportar quando estiver
sentindo alguma coisa [...]. D 03
[...] é bom, eu me sinto segura, todas elas me ajudam, a gente se reúne e
com a ajuda delas melhorou bastante [...]. D 06
Para Frigato e Hoga (2008), a braquiterapia requer preparo psicológico, causa
vergonha e é dolorosa, porém, inevitável e essencial à cura da doença; a avaliação positiva da
experiência esteve relacionada à conclusão do tratamento, à expectativa da cura e à assistência
recebida dos profissionais de saúde. Estas distintas maneiras de representar a experiência da
braquiterapia devem ser conhecidas e consideradas pelos membros da equipe de saúde, que
prestam assistência às mulheres vitimadas pelo câncer do colo uterino e que necessitam se
submeter à braquiterapia. Muitas permaneceram com dúvidas a respeito do tratamento, apesar
das orientações fornecidas pelos profissionais.
[...] é muito bom contar com a ajuda delas, falam sobre a braquiterapia
porque as pessoas colocam muito medo na gente e elas esclarecem tudo [...].
D 07
25
[...] é maravilhoso a companhia delas na braquiterapia, tranqüiliza mais a
gente, o médico fala muito complicado [...]. D 11
[...] é muito legal, conversam sobre tudo, orientam sobre a alimentação beber
bastante água, orienta a gente direitinho, porque muitas pessoas falam muitas
coisas e a gente não se sente segura e elas explicam pra gente de uma forma
mais clara, melhor [...]. D 12
Para Araújo e Rosas 2008, quando falam sobre a importância de preocupar-se com as
expectativas do cliente ao procurar a enfermagem na unidade de saúde, considera relevante
que o enfermeiro responda a suas dúvidas mediante ações profissionais. Entre as suas
atribuições, estão os cuidados que possam prevenir as complicações durante e após a
radioterapia e tratá-las sempre que forem necessárias.
As pacientes buscam em uma instituição de saúde mais do que a cura ou o alívio da
dor, buscam preservar a vida, recuperar a saúde e o conforto emocional, ou seja, buscam ser
tratado de forma mais holística, com solidariedade, fraternidade e ética, coisas que
ultrapassam os limites da técnica, mas que podem ajudar a garantir a vontade de viver.
[...] fico mais calma quando ela tira nossas duvidas, elas são ótimas. [...].
D 01
[...] é bom ajudam a gente, me sinto a vontade pra conversar com elas,tiram
minhas duvidas quando preciso, colaboram comigo e a braquiterapia não
conhecia, fiquei muito nervosa e ela me explicou como seria, aliviei um
pouco [...]. D 02
[...] é maravilhoso elas orientam tudo, como deve ser feito antes de vim pra
cá, porque a braquiterapia e diferente da quimioterapia, tiram as dúvidas da
gente, elas são ótimas, falam tudo direitinho [...]. D 04
[...] é importante, porque esclarece as duvidas, participa durante o
tratamento, incentiva, não é fácil pra quem tem essa doença e ainda mais
passar pela braquiterapia [...]. D 06
[...] ah! é muito importante sim, perguntam como é que a gente tá
respondendo a braquiterapia, pergunta se a gente tem alguma dúvida, no
inicio do tratamento é complicado porque dói, mas elas passam segurança
pra nós, eu acho importante sim [...]. D 08
[...] tudo que eu tenho duvida pergunto pra elas, passam segurança e
tranqüilidade, sofri muito [...]. D 11
26
A equipe de enfermagem precisa determinar o que significa a experiência para a
paciente e como auxiliar a expressar seus sentimentos. Durante todo o período do
procedimento devem ser fornecidas explicações sobre as preparações físicas e psicológicas
(SMELTZER; BARE 2008).
Pode-se observar que a braquiterapia gera dúvidas e sofrimento a essas pacientes, que
apresentam inúmeras queixas e dúvidas, a enfermagem deve estar habilitada para atender
essas necessidades, esclarecendo suas dúvidas, seus sentimentos de impotência que aumenta
sua insegurança.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa possibilitou o alcance dos objetivos no qual descreveu a importância da
assistência de enfermagem a mulheres com câncer do colo do útero durante a braquiterapia e
o conhecimento da assistência prestada no tratamento, também permitiu conhecer a rotina da
assistência da equipe de enfermagem no ambiente hospitalar, ressaltando as atividades diárias
de sua competência no ato de cuidar, observando a relação enfermagem/paciente.
As depoentes relataram importante a assistência de enfermagem, por passarem
segurança, orientação quanto às reações adversas e o esclarecimento de dúvidas durante o
tratamento. De acordo com essas opiniões, acredita-se ser indispensável à capacitação da
equipe de enfermagem relacionada aos conhecimentos científicos e práticos.
Por sua vez, a equipe de enfermagem deve conhecer seu processo de trabalho,
compreender sua atuação no local em que está inserida, para o desenvolvimento de uma forma
mais criativa de trabalho que beneficie a assistência prestada às pacientes, melhorando o
atendimento, reduzindo riscos e complicações posteriores identificadas antes de iniciar cada
sessão, prevenindo intercorrências, além de proporcionar apoio emocional, conforto físico e
bem estar a elas durante o tratamento.
27
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