Comunidades de prática: um estudo dos grupos de usuários Java

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Universidade Católica de Brasília
Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em
Gestão do Conhecimento e da Tecnologia da Informação
Daniel Alves de Oliveira Junior
Comunidades de prática: um estudo dos
grupos de usuários Java brasileiros
Dissertação de Mestrado
Brasília - DF
2005
Daniel Alves de Oliveira Junior
Comunidades de prática: um estudo dos
grupos de usuários Java
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Gestão do Conhecimento e da Tecnologia da Informação da Universidade Católica de
Brasília como requisito para obtenção do grau de
Mestre em Gestão do Conhecimento e da Tecnologia
da Informação
Orientador: Prof. Dr. Edilson Ferneda
Brasília - DF
2005
O48c
Oliveira Júnior, Daniel Alves
Comunidades de prática: um estudo dos grupos de usuários Java brasileiros /
Daniel Alves de Oliveira Junior – 2005.
112 f.: il ; 30 cm
Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2005.
Orientação: Edílson Ferneda
1. Gestão do conhecimento. 2. Comunidades virtuais. 3. Grupos de
trabalho (Software). I. Ferneda, Edilson, orientador. II. Título
CDU 004:658
Ficha elaborada pela Coordenação de Processamento do Acervo do SIBI – UCB.
i
DEDICATÓRIA
Think Different / Pense Diferente
Here’s to the crazy ones.
Este é para os loucos.
The misfits.
Os que não se encaixam.
The rebels.
Os rebeldes.
The troublemakers.
Os criadores de problemas.
The round pegs in the square holes.
Os pinos redondos nos buracos quadrados.
The ones who see things differently.
Aqueles que vêm as coisas diferentes.
They’re not fond of rules.
Eles não são de aceitar regras.
And they have no respect for the status quo.
E eles não têm respeito pelo estabelecido.
You can praise them, disagree with them, quote them,
disbelieve them, glorify or vilify them.
Você pode elogiá-los, discordar, mencioná-los, desacreditar, glorificá-los ou vilipendiá-los.
About the only thing you can’t do is ignore them.
Quase que o único que você não pode fazer é ignorálos.
Because they change things.
Porque eles mudam as coisas.
They invent. They imagine. They heal.
Eles inventam. Eles imaginam. Eles curam.
They explore. They create. They inspire.
Eles exploram. Eles criam. Eles inspiram.
They push the human race forward.
Eles empurram a raça humana para frente.
Maybe they have to be crazy.
Talvez tenham que ser loucos.
How else can you stare at an empty canvas and see a
work of art?
Como de outra forma você poderia contemplar um
quadro vazio e ver uma obra de arte?
Or sit in silence and hear a song that’s never been
written?
Ou sentar em silêncio e ouvir uma canção que nunca
foi escrita?
Or gaze at a red planet and see a laboratory on
wheels?
Ou olhar para o planeta vermelho e ver um laboratório
sobre rodas?
We make tools for these kinds of people.
Nós fazemos ferramentas para este tipo de pessoas.
While some see them as the crazy ones, we see genius. Enquanto alguns os vêm como loucos, nos os vemos
como gênios.
Because the people who are crazy enough to think
they can change the world, are the ones who do.
Porque as pessoas que são suficientemente loucas para
pensar que podem mudar o mundo, são as que o fazem.
Homenagem a todos desenvolvedores Java que inspiraram o presente trabalho. Think Different foi a campanha publicitária
lançada pela Apple Computers em Setembro de 1997.
ii
Agradecimentos
Para realizar um trabalho como este, é sempre necessário contar com a colaboração e o apoio de
muitos amigos e colegas, aos quais gostaria de humildemente, e de coração, agradecer:
A DEUS, por me aceitar como seu canteiro.
A minha amiga, colega, confidente, amante e ...esposa Luci de Matos Campos de Oliveira, que teve
a idéia original de formar um grupo de estudos para a prova de Certificação que posteriormente transformou se no Brasília Java Users Group – DFJUG.
Ao meu orientador Prof. Dr. Edilson Ferneda, pela educação e parceria nos projetos.
Ao Prof. M.Sc. Jaime Esteban, “Quando crescer quero ser igualzinho a ele”.
Ao meu querido “desorientador” Prof. Dr. Rogério Alvarenga, por mostrar o caminho.
Ao Prof. Dr. Paulo Fresneda, por indicar o caminho.
Ao Prof. Dr. Gentil Lucena, por me ouvir pacientemente.
Ao Prof. Dr. Eduardo Moresi, por sua ajuda nos momentos complicados.
À psicóloga do MGCTI Georgiane Jordão, por ser o ombro amigo nas horas de chutar o balde.
À Regina Mariani e Renato Maletta, por permitirem o uso dos recursos físicos, logísticos, financeiros e humanos do Instituto CTS e, principalmente, por acreditarem nestes sonhos.
Aos colegas Manoel Fernandes e Rodrigo Nunes, do Instituto CTS, que desenvolveram o sítio e a
ferramenta JSP que foi utilizada na VI Pesquisa Nacional Java.
À IBM do Brasil e à revista MundoJava, pelo apoio à VI Pesquisa Nacional Java.
À minha mãe Vera Yarovoff, por me ensinar o valor da persistência.
Ao colega Carlos Alberto Mamede Hernandes, pelas primeiras conversas, aconselhamentos e por
ter sido “O precursor”.
Ao meu irmão Fernando Anselmo, pelas sugestões, cumplicidade, apoio e moderação em todos estes anos.
Ao colega Rogério Morais Carvalho, pelo código de análise da estrutura da linguagem Java.
Aos professores, colegas e funcionários do Mestrado em Gestão do Conhecimento e da Tecnologia
da Informação da Universidade Católica de Brasília, pelas oportunidades de aprendizado e pelo apoio
durante o curso.
A toda a Comunidade Java brasileira, que respondeu, nestes anos todos, aos seis questionários, cujas respostas serviram de base a esta pesquisa.
iii
Sumário
Lista de Quadros.................................................................................................................... vi
Lista de Tabelas ..................................................................................................................... vii
Lista de Figuras ................................................................................................................... viii
Resumo ................................................................................................................................... ix
Abstract .................................................................................................................................. x
1. Introdução .......................................................................................................................... 01
1.1 Contextualização da pesquisa ...................................................................................... 01
1.2 Organização do documento ......................................................................................... 08
2. Descrição da pesquisa........................................................................................................
2.1 Questão da pesquisa......................................................................................................
2.2 Delimitação do estudo ..................................................................................................
2.3 Síntese da pesquisa .......................................................................................................
2.4 Objetivo da pesquisa....................................................................................................
2.4.1 Objetivo geral .....................................................................................................
2.4.2 Objetivos específicos ..........................................................................................
2.5 Hipótese .......................................................................................................................
2.5.1 Hipótese primária................................................................................................
2.5.2 Hipótese secundária ............................................................................................
09
09
11
11
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13
13
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14
14
3. Revisão da literatura e referencial teórico ...................................................................... 15
3.1 Sociedade do Conhecimento ....................................................................................... 16
3.2 Gestão do Conhecimento............................................................................................. 18
3.3 Comunidades de Prática. ............................................................................................. 20
3.3.1 Terminologia utilizada........................................................................................ 20
3.3.2 A estrutura básica das CoP: Domínio, Comunidade e Prática............................ 22
3.3.3 Elementos fundamentais das CoP....................................................................... 23
3.3.4 Estágios de desenvolvimento (atividades típicas) .............................................. 25
3.3.5 Trabalhos sobre CoP na literatura....................................................................... 27
3.3.6 Sete princípios para cultivar uma CoP................................................................ 31
3.3.7 Trabalhos sobre CoP no MGCTI........................................................................ 34
3.4 Grupos de usuários ...................................................................................................... 35
4. Materiais e métodos........................................................................................................... 40
4.1
4.2
4.3
4.4
4.5
Etapas da pesquisa de campo.......................................................................................
Classificação da pesquisa ...........................................................................................
População.....................................................................................................................
Procedimento para obtenção da amostra .....................................................................
Técnica de coleta de dados ..........................................................................................
iv
40
42
42
45
46
5. Resultados .......................................................................................................................... 48
5.1 Dados e informações sobre o universo da pesquisa..................................................... 48
5.2 Apresentação dos resultados da pesquisa. ................................................................... 49
6. Análise dos resultados ....................................................................................................... 69
7. Conclusão ........................................................................................................................... 73
8. Referências ........................................................................................................................ 78
Anexos
Anexo 1: Relação de países com JUG .............................................................................. 84
Apêndices
Apêndice 1: Grupos de usuários brasileiros - JUG...........................................................
Apêndice 2: A Quinta Pesquisa Nacional Java.................................................................
Apêndice 3: Os 21 trabalhos e os 234 fatores selecionados .............................................
Apêndice 4: Questionário aplicado...................................................................................
v
85
87
96
107
Lista de quadros
Quadro 01 Elementos estruturais de uma Comunidade de Prática................................................................ 06
Quadro 02 Distinções entre Comunidades de Prática, Times, Força-tarefa e Redes informais .................... 07
Quadro 03 Países com mais de 10 JUGs....................................................................................................... 09
Quadro 04 Evolução da estrutura da linguagem Java de 1995 a 2004 .......................................................... 18
Quadro 05 Características de uma prática..................................................................................................... 21
Quadro 06 Os 12 Princípios da colaboração ................................................................................................. 27
Quadro 07 Vantagens para as organizações, para a comunidade e para as pessoas...................................... 29
Quadro 08 Treze elementos fundamentais para se cultivar as CoP............................................................... 31
Quadro 09 Textos selecionados como os mais relevantes ............................................................................ 96
Quadro 10 Fatores relevantes nas CoP e respectivas referências bibliográficas que os embasam, segundo
a literatura consultada ................................................................................................................. 97
vi
Lista de tabelas
Tabela 01
Relação entre os respondentes e os JUGs brasileiros.................................................................. 51
Tabela 02a Relação entre afirmações e respondentes, de acordo com o seu respectivo grupo...................... 53
Tabela 02b Afirmações e respostas extras, relativas ao fator relevante Limite.............................................. 54
Tabela 03
Resumo das 15 afirmações da pesquisa de campo ...................................................................... 70
Tabela 04a Fatores que influenciam uma CoP – Identidade.......................................................................... 98
Tabela 04b Fatores que influenciam uma CoP – Reputação ......................................................................... 99
Tabela 04c Fatores que influenciam uma CoP – Tema............................................................................... 100
Tabela 04d Fatores que influenciam uma CoP – Membros ........................................................................ 101
Tabela 04e Fatores que influenciam uma CoP – Emocionalidade ............................................................. 101
Tabela 04f
Fatores que influenciam uma CoP – Limites............................................................................ 102
Tabela 04g Fatores que influenciam uma CoP – Comunicação ................................................................. 102
Tabela 04h Fatores que influenciam uma CoP – Governança.................................................................... 103
Tabela 04i
Fatores que influenciam uma CoP – Cultura ........................................................................... 103
Tabela 04j
Fatores que influenciam uma CoP – Tempo............................................................................. 103
Tabela 04k Fatores que influenciam uma CoP – Organização................................................................... 104
Tabela 04l
Fatores que influenciam uma CoP – Ambiente ........................................................................ 105
Tabela 04m Fatores que influenciam uma CoP – Aprendizado ................................................................... 106
Tabela 04n Fatores que influenciam uma CoP – História .......................................................................... 106
vii
Lista de Figuras
Figura 01
Características e atividades relacionadas às fases do ciclo de vida de uma CoP......................... 26
Figura 02
Fases do ciclo de vida de uma CoP em função do tempo e do nível de participação
comunitária ................................................................................................................................. 26
Figura 03
Graus de participação em CoPs................................................................................................... 32
Figura 04
Relação dos respondentes com os 5 maiores grupos virtuais conhecidos do Brasil.................... 52
Figura 05
O JUG proporciona discussões sobre temas que são estrategicamente importantes para mim,
como profissional........................................................................................................................ 57
Figura 06
Ao participar de um JUG, estou envolvido em algo grande em relação ao tema tratado............ 57
Figura 07
O JUG aborda assuntos que estão no coração do negócio no qual estou envolvido ................... 58
Figura 08
Todo JUG de sucesso tem uma pessoa ou grupo chave que detém alguma responsabilidade
ativa na condução da comunidade............................................................................................... 59
Figura 09
Todo JUG tem um grupo principal ativo e apaixonado com o assunto da comunidade.............. 60
Figura 10
Todo JUG deve ter um respeitado membro da comunidade que atue como coordenador.
Comunidades são mantidas por pessoas que se preocupam com a comunidade ......................... 61
Figura 11
Todo JUG tem um grupo de formadores de opinião, pois eles colocam "energia" dentro da
comunidade. ................................................................................................................................ 61
Figura 12
Os coordenadores do JUG e os membros da comunidade assumem voluntariamente
responsabilidades gerenciais, permitindo assim que a comunidade cresça de forma ordenada .. 62
Figura 13
O JUG agrega conhecimentos e experiências ............................................................................. 63
Figura 14
O JUG auxilia na atualização técnica de seus membros ............................................................. 64
Figura 15
O JUG auxilia seus membros no desenvolvimento de suas habilidades técnicas e na
transferência das melhores práticas profissionais........................................................................ 64
Figura 16
Ninguém é dono de um JUG. Pessoas vêm e ficam porque tem algo a aprender e a contribuir. 65
Figura 17
Os membros do JUG aprendem coisas e se preparam para futuros trabalhos ............................. 66
Figura 18
A comunidade sabe porque ela existe, o que e quem é externo e interno ao JUG ...................... 67
Figura 19
Ao participar de um JUG, tornei-me membro de algo como um clube exclusivo....................... 67
viii
Resumo
Grande parte dos desenvolvedores de Java no mundo se congrega em grupos de usuários
(JUG - Java Users Group), dos quais, 43 estão no Brasil. Os grupos brasileiros contam hoje
com quase 26.000 membros. Estes grupos são governados por pessoas que, embora entusiastas, têm pouca experiência na condução de grandes grupos, o que tem criado dificuldades na
gestão de suas comunidades. Neste trabalho, estudou-se os JUG brasileiros sob a ótica das
Comunidades de Prática (CoP), conforme o modelo proposto por Etienne Wenger pois, intuitivamente, vislumbrou-se a possibilidade que os JUG são uma forma de materialização das
CoP. Assim, este trabalho buscou elementos que confirmassem a aderência dos JUG ao modelo estrutural das CoP. Além de uma ampla pesquisa bibliográfica, onde procurou levantar
os fatores relevantes que influenciam o estabelecimento e a operação das CoP, foi realizada
uma pesquisa de campo junto à comunidade Java brasileira, pertencente ou não aos JUG.
Concluiu-se que a estrutura dos JUG é aderente ao modelo proposto e, seus membros participam dos JUG por causa do interesse pelo tema, no valor da liderança comunitária e a qualidade do aprendizado. Os resultados foram animadores e fornecem elementos que podem vir a
apoiar a tomada de decisões dos gestores dos JUGs brasileiros tanto quanto aos rumos da comunidade quanto à postura frente a seus membros.
Palavras-chave: Gestão do Conhecimento; Comunidades de Prática; Grupos de Usuários
Java.
ix
Abstract
Most of the world's Java developers are members of Java User Groups (JUGs). Brazil has 43
groups with a total of almost 26,000 members. These groups are led by enthusiasts who have
little experience in leading large groups. This has created difficulties in managing these communities. This paper considers the Brazilian JUGs from the vantage point of Communities of
Practice (CoP), according to the model proposed by Etienne Wenger. From the intuition that a
JUG might be a form of CoP, we look for elements that confirm a typical JUG's conformance
to the structural model of a CoP. A broad bibliographic search was done to examine relevant
factors that influence the establishment and operation of the CoP, as well as field research extended to all the Java Brazilian community (whether or not they belong to a JUG). The research confirms that the structure of a JUG is compatible to the model proposed, and that
members participate in JUGs because of their interest, the quality of community leadership
and the learning experience. The results were encouraging and furnish data to support decision-making by Brazilian JUG Leaders both at the level of community direction and regarding their interaction with members.
KEYWORDS: Knowledge Management; Communities of Practice; Java Users Groups.
x
1. Introdução
Busque seu sonho com liberdade. Busque seu sonho independentemente de quanto
tempo seja necessário para colocar uma idéia no mercado. Busque seu sonho usando
canais informais. Busque seu sonho mesmo que fracasse.
(NONAKA & TAKEUCHI, 1997, p. 158)
1.1 Contextualização da pesquisa
O homem é um ser social que desde tempos imemoriais se reúne para trocar experiências com seus pares, seja sobre agricultura, caça, comércio, cultura ou lazer. Esta ação compartilhada estimulou-o na procura de novos horizontes, à medida que o conhecimento ia se
acumulando e se difundindo. As navegações do século XV, na procura de novas rotas para o
comércio com o oriente, são fruto de conhecimentos e experiências acumuladas, como a construção naval, mapas, bússola, navegação pelas estrelas, que permitiram o domínio das técnicas
de orientação marítima longe das costas continentais. Com o conhecimento das rotas bem sedimentado e com um comércio gerando enormes lucros, surgem grandes corporações para
administrar estas trocas como a Companhia das Índias Ocidentais, Orientais e a Liga Hanseática (GRANDES VELEIROS, 2000). Mas, não só mercadorias foram trocadas neste período.
Também, novas idéias e tecnologias foram incorporadas à "base de conhecimento" dos povos
envolvidos neste processo de trocas comerciais.
O desejo exacerbado por maiores dividendos financeiros força a expansão comercial
que termina levando à expansão geográfica, com os países europeus formando grandes impérios coloniais que lhes permitiam ter um mercado cativo para a absorção de seus excedentes
de produção. À medida que a demanda de produtos cresce, surge a necessidade de se abandonar técnicas de produção artesanais, vigentes na época, passando-se para a produção em escala, o que leva às grandes corporações de classe mundial e àquilo que se convencionou chamar
de Revolução Industrial.
No sentido de uma melhor organização das linhas de produção, buscam-se ferramentas
organizacionais que garantam processos de administração fabris mais eficientes, eficazes e
produtivos, com o ápice sendo atingido no início do século XX, com o desenvolvimento das
técnicas de organização de “chão de fábrica” propostas por Frederick W. Taylor, em 1881
(DRUCKER, 1994, pp. 33-40).
1
Essa procura por mais e melhores produtos nos conduziram ao advento daquilo que
vem sendo chamado de Sociedade do Conhecimento, na qual o objetivo não é somente criar e
produzir mercadorias melhores, mais baratas e em maiores quantidades (economia de escala),
mas, também, administrar as informações necessárias para isso. Segundo Drucker (1994), a
humanidade, para chegar à Sociedade do Conhecimento, passou por três revoluções. A primeira, a mais conhecida delas, chamada de Revolução Industrial, iniciou-se na metade do século XVIII e foi até a metade do século XIX. Nela, saiu-se do artesanato e passou-se à produção seriada. A segunda, que durou algo em torno de setenta anos, foi de 1880 até o final da
Segunda Guerra Mundial, foi chamada de Revolução de Produtividade, tendo Frederick W.
Taylor como o grande expoente. Suas propostas para o aumento da produtividade podem ser
vistas como o resultado da aplicação do conhecimento ao trabalho. A terceira, que tomou algo
em torno de cinqüenta anos para se desenvolver, de 1945 a 1990, foi denominada de Revolução do Gerenciamento, quando ficou patente a necessidade de se aplicar, segundo afirmou
Drucker (1994, p. 40), o conhecimento aos conhecimentos (applying knowledge to knowledge), como conseqüência da necessidade e preocupação em aumentar a qualidade do gerenciamento dos meios de produção. Este interesse fez com que as organizações começassem a valorizar o conhecimento intangível, aquele que existe na mente das pessoas, como forma de
apropriação da experiência de seus funcionários, como fator de sucesso comercial (NONAKA
& TAKEUCHUI, 1995), o que acaba gerando a área conhecida como Gestão do Conhecimento,
ou GC.
Já na metade do século XX, o interesse das corporações se volta para os recém criados
computadores e sua capacidade de processar enormes volumes de dados o que gerou, por conseqüência, grandes avanços na área das comunicações, o que, mais recentemente, vem sendo
chamado de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Este novo período da humanidade traz benefícios inquestionáveis, como, atualmente, o acesso democrático às informações
distribuídas na Internet. Por outro lado, o acúmulo dessas informações é de tal ordem veloz e
incontrolada que as ferramentas hoje disponíveis para a "mineração de dados" são ainda de
difícil manuseio para operadores com poucos conhecimentos técnicos.
Em meados da década de 80, pouco após a chegada dos micro-computadores, surge o
Macintosh com sua inédita interface gráfica, destoando dos computadores até então disponíveis para o grande público. Essa mudança de paradigma faz com que a Apple Computers passe a incentivar a formação de grupos de usuários, como forma de disseminar esta nova tecno2
logia e permitir a absorção, por parte dos desenvolvedores e aficionados, dos complexos recursos de programação necessários para esta plataforma (KAWASAKI, 1993). Centenas de grupos se formam em todo o mundo como resposta à necessidade de compartilhar esse conhecimento de forma socializada.
No final do século XX, a Sun Microsystems lança a linguagem de programação para
computadores Java, com seus recursos computacionais que privilegiam o acesso a bases de
dados e a navegação na Internet. No entanto, o surpreendente interesse de milhões de programadores por esta linguagem gera uma demanda crescente por informações úteis para o desenvolvimento de seus projetos. Soma-se a isto a crescente e natural busca da comunidade por
recursos (Java Community Process - JCP)1, o que faz com que, rapidamente, à linguagem Java fossem incorporadas novas características, tornando-a cada vez mais complexa. Atualmente, dificilmente uma única pessoa tem a capacidade de dominar todos os recursos disponíveis
desta linguagem, devido a enorme quantidade de informações que compõe os vários segmentos da plataforma, o que, naturalmente força os profissionais a especialização (veja Quadro
04).
Para amenizar essas dificuldades, cada vez maiores, de acesso às atuais bases de informações sobre a linguagem Java, começam a se formar espontaneamente Grupos de Usuários Java (Java Users Groups - JUG) em todo o mundo (Anexo 1), como forma de socializar
os conhecimentos sobre essa plataforma. Durante a elaboração deste trabalho, foram identificados 367 JUGs no mundo (Quadro 03). No Brasil, não foi diferente (OLIVEIRA, Mar. 2004).
Milhares de desenvolvedores reúnem-se nos 43 JUGs distribuídos em todo o país. E estes
grupos não param de crescer (Apêndice 1) (OLIVEIRA, Set. 2004), contando com 25.730 desenvolvedores.
As dificuldades encontradas pelos desenvolvedores Java quanto à aprendizagem e acompanhamento da evolução tecnológica e prazos cada vez menores para produção de artefatos, não são exclusivas dessa comunidade. O enorme acúmulo do conhecimento, no final do
século, faz com que também outros grupos, dos mais variados segmentos sociais, culturais e
tecnológicos, comecem a se formar para o compartilhamento de experiências.
Atualmente, o conhecimento tem sido apresentado como vantagem competitiva. Em-
1
http://jcp.org/en/home/index
3
presas de classe mundial, sempre preocupadas em gerir seu conhecimento corporativo, vêm
despertando para o fato que o fomento e o apoio a estes grupos lhes trazem benefícios consideráveis. Por isso, incentivam seus funcionários a participar do que posteriormente se convencionou chamar de Comunidades de Prática (CoP). Estas grandes corporações entenderam
que as CoP auxiliam na orientação de estratégias, sugerem novas linhas de negócios, resolvem problemas mais rapidamente, transferem as melhores práticas, desenvolvem habilidades
profissionais e auxiliam no recrutamento e retenção de talento nas empresas. Empresas como
a IBM, Xerox, Banco Mundial, Chrysler, Hewlett-Packard e Shell, entre tantas dezenas, têm
apoiado esses grupos de conhecimento, interna e externamente, com reconhecidos reflexos
nos seus faturamentos (WENGER, MCDERMOTT & SNYDER, 2002).
O termo Comunidades de Prática (Communities of Practice) foi cunhado por Wenger
(1991). Wenger, McDermott & Snyder (2002) as definiram da seguinte forma:
“[CoP é] um grupo de pessoas que compartilham uma preocupação, um
conjunto de problemas ou uma paixão sobre um tema e aprofundam seus conhecimentos e experiências nesta área interagindo de maneira continuada”.
Por outro lado, a Sun Microsystems2 afirma:
“Um Grupo de Usuários Java é um grupo de pessoas que compartilham um
interesse comum pela tecnologia Java e se encontram regularmente para
compartilhar idéias e informações. Na verdade, a estrutura de um JUG pode
variar enormemente, de um pequeno grupo de amigos e colegas de trabalho
para um grande grupo de empresas localizadas em uma mesma área geográfica. Independentemente do tamanho ou do foco de um JUG em particular, o
espírito da comunidade permanece o mesmo”3.
Como se pode observar, as duas definições apresentam algumas semelhanças. As duas
definições nos conduzem à expressão “grupo de pessoas que compartilham” Esta ação de
compartilhar sinaliza a possibilidade de um JUG ser uma forma de CoP, uma vez que o foco
da comunidade é o compartilhamento de um interesse comum e o aprendizado sobre a tecnologia Java. É neste momento que os JUGs se firmam como ferramentas poderosas, pois, ao
facilitam o compartilhamento do conhecimento comunitário, permitem que seus membros agreguem valor estratégico às organizações em que atuam.
Apesar das estruturas formais das empresas muitas vezes inibirem o aprendizado
(BROWN & DUGUID, 1991, apud NONAKA & TAKEUCHI, 1997, p. 296), ao participarem de
2
3
http://java.sun.com/jugs/
http://java.sun.com/community/usergroups/
4
grupos informais de discussão técnica, por meio de chats, por exemplo, as pessoas se sentem
propensas a buscar o conhecimento com os seus pares. A transferência do conhecimento nos
JUGs se dá, normalmente, por meio de palestras técnicas periódicas, de blogs, de e-mails trocados entre colegas e de listas de discussão onde o compartilhamento de um problema induz
sua solução num tempo consideravelmente menor do que o comum. Boletins dos grupos
(newsletters) têm sido também instrumentos importantes de disseminação das melhores práticas, além de servirem de veículo de oferta de treinamento e de auxiliarem empresas na seleção confiável e barata dos melhores profissionais do mercado.
Hernandes (2003) mostra que a área denominada CoP faz parte do âmbito da Gestão
do Conhecimento, este trabalho buscará mostrar que os JUGs são uma de suas manifestações.
Wenger, McDermott & Snyder (2002) afirmam que as CoP são "um meio prático de gerenciar
o domínio da Gestão do Conhecimento" e Wenger (2001) complementa sugerindo que as CoP
são um tipo específico de comunidade, pois, são focadas no domínio do Conhecimento, desenvolvem suas práticas compartilhadas por interação com problemas, soluções, insights e,
coletivamente, constróem conhecimento.
“Aprendizado é social e acontece em grupo”, afirmam Lave & Wenger (2004). É difícil ter insights quando tudo que se tem são suas próprias visões, crenças e atitudes. É nessa
hora que o aprendizado em grupo proporciona seus maiores dividendos por meio do sinergético e poder coletivo das CoP. Portanto, o relacionamento social nas comunidades é crítico para
o aprendizado, mais nas virtuais do que nas presenciais, pois, no ensino virtual existe o sentimento de desconexão, uma vez que o contato entre colegas é reduzido. Por outro lado, na interação presencial grande parte do aprendizado vem do diálogo entre os parceiros. Isto nos
leva a refletir sobre a importância de se fornecer às CoP um espaço que seja estimulante e que
promova o aprendizado. Smith (2004) cita a apresentação do livro de Lave & Wenger (1991),
escrita por William F. Hanks, que afirma:
“Mais do que perguntar que tipo de processos cognitivos e estruturas conceituais está envolvido, deve-se perguntar que tipo de engajamento social fornece o contexto apropriado para que a aprendizagem tenha efeito."
Isso levou Wenger (2004) a afirmar que as CoP “são formadas por pessoas que se engajam num processo de aprendizado colaborativo em um domínio de empenho humano compartilhado”, isto é, pessoas se empenhando em aprender de forma cooperativa. O termo Comunidade de Prática foi cunhado para se referir a uma comunidade que atua como um currícu5
lo vivo para a aprendizagem. Para Wenger (2004), nem tudo chamado de comunidade é uma
CoP. Para ele, três elementos estruturais, Domínio, Comunidade e Prática, são considerados
cruciais para que uma comunidade seja considerada uma CoP, conforme apresentadas no
Quadro 01.
Quadro 01: Elementos estruturais de uma Comunidade de Prática, segundo Wenger (2002)
Domínio
Wenger (2002, pg. 45) afirma que são os tópicos e assuntos de interesse de uma comunidade que
auxiliam seus membros a desenvolverem uma compreensão compartilhada do que é o domínio de
suas atividades, a encontrar sua legitimidade nas organizações e criar a paixão pelo tema. Ou seja,
o Domínio cria o terreno e o senso de identidade comum (WENGER, 2002, pg. 27). Um domínio
bem definido legitima a comunidade pela afirmação dos propósitos e valores de seus membros
participantes. Portanto, entende-se o domínio, para efeito deste trabalho, como sendo o assunto
tratado dentro do grupo. É o mote, ou motivo pelo qual as pessoas se reúnem, ou seja, a temática
tratada no grupo, são os tópicos que atraem seus membros. O domínio inspira seus membros a
contribuir e participar, orienta seus aprendizados e dá significado a suas ações. Conhecer seus
limites permite que seus membros decidam exatamente o que vale a pena compartilhar, como
apresentar suas idéias, e quais atividades desenvolver. Permite também reconhecer o potencial de
uma nova idéia.
Comunidade
Pessoas que se engajam em atividades conjuntas e discussões se auxiliam mutuamente e
compartilham informações, cabendo a um moderador da comunidade fomentar as relações e as
trocas entre os indivíduos. Pois, segundo Wenger (2002, pg. 45), seus membros necessitam de
atenção, organização e estimulo para definir seus papeis, a freqüência dos encontros, as formas de
interação entre seus membros, as atividades que produzirão energia e confiança, o equilíbrio entre
os vários interesses associados, a forma de atuação diante de conflitos e as formas de receber os
novos admitidos. Estes tópicos permitem que a comunidade encontre seus meios de operação, a
construção dos relacionamentos e cresça. Wenger (2002, pg. 28) afirma que a comunidade cria um
ambiente para o aprendizado, pois estimula a interação e os relacionamentos com base no respeito
mútuo e confiança, na boa vontade de compartilhar idéias, expor sua ignorância, fazer perguntas
difíceis e escutar com atenção.
Prática
Elemento
Descrição
estrutural
Prática é um conjunto de espaços de trabalho, idéias, ferramentas, informações, estilos,
linguagens, historias e documentos que os membros da comunidade compartilham (WENGER,
2002, pg. 29). Membros das CoP desenvolvem um repertório de recursos compartilhados:
experiências, historias, ferramentas, maneiras de endereçar problemas recorrentes, na forma de
uma prática compartilhada. Wenger (2002, pg. 46) afirma que qualquer comunidade com
interações, baseada em um domínio, ira desenvolver algum tipo de pratica em algum momento.
Ainda assim, uma comunidade pode se tomar pro ativa ao assumir o desenvolvimento de uma
pratica, definindo que conhecimentos compartilhar, documentar, desenvolver, de forma a
organizar as atividades de aprendizado, as formas de acesso ao conhecimento persistido, as
normas, os projetos assumidos e as fontes de conhecimento, de maneira que a comunidade
intencionalmente se torne uma fonte de conhecimento para seus membros e outros que passam se
beneficiar destas habilidades.
Cabe ressaltar que as CoP, no entanto, não podem ser confundidas com termos tais
como time ou força-tarefa. Uma força-tarefa está associada a uma missão específica. Uma vez
a missão completada, a força-tarefa é dissolvida. Um time está associado a um processo específico ou função. Um time está estruturado de forma a tratar com as interdependências dos
diferentes papéis daquela função ou processo. Se, nos times, papéis e tarefas podem variar,
6
nas CoP tais papéis e tarefas são, geralmente, os mesmos. Segundo Wenger et al. (2002), a
identificação de seus elementos estruturais é extremamente importante para diferenciar uma
CoP de outras formas de participação. Grupos de trabalho, por exemplo, possuem uma estrutura hierarquizada e formal que restringem bastante a liberdade de seus participantes e os
conduzem a um objetivo fixo. Um projeto possui um prazo determinado e metas a serem atingidas que reforçam o limite temporal de sua existência, além do fato de seus integrantes serem
fortemente coordenados por um líder. Redes informais podem atrair integrantes com base nos
temas que abordam, mas não necessariamente existe coesão suficiente entre seus membros
para que haja desenvolvimento de prática. Para que um grupo seja de fato uma CoP deve apresentar nitidamente os três elementos estruturais bem definidos: Domínio, Comunidade e
Prática. A distinção entre as diversas categorias de agrupamentos de trabalho é apresentada no
Quadro 02.
Quadro 02: Distinções entre Comunidades de Prática, Times, Força-tarefa e Redes informais
(WENGER, MCDERMOTT & SNYDER, 2002, p. 42).
O que os mantêm
juntos?
Quanto tempo
duram?
Desenvolver a
perícia de seus
Comunidades de
membros e definir
Auto-selecionado
prática
seu lugar ou papel na
comunidade
Envolvimento e
identificação com a
perícia que forma a
base da prática
Enquanto os
membros tiverem
interesse em
melhorar a prática e
manter a comunidade
Realizar o trabalho
Time de trabalho
que foi definido para
formal
o time
Requerimentos da
tarefa/performance e
metas contínuas e
comuns
Enquanto o trabalho
ou a organização for
reorganizado
Marcos do projeto e
metas
Até que o projeto ou
a tarefa seja
encerrado
Estrutura
Qual é o propósito?
Quem faz parte?
Qualquer um que foi
determinado para o
time
Time de projeto
e força-tarefa
Atender uma tarefa
Como definido pela
específica,
normalmente durante gerência
tempo específico
Redes informais
Coletar e
compartilhar
informações de
interesse comum
Valor recíproco e
aceitação, isto é,
Perceber valor em
membros obtêm e
pertencer e participar
fornecem
informações de valor
Enquanto as pessoas
tiverem razões de se
conectarem e
compartilharem
informações
Em outubro de 2003, durante uma entrevista, o Prof. Wenger afirmou ao JUG Leader
(coordenador) do DFJUG que, a exemplo deste, também entendia os JUGs como uma forma
CoP, o que reforçou a decisão de se aprofundar e estudar este tema.
7
1.2 Organização do documento
Este trabalho encontra-se organizado em sete capítulos. Este Capítulo 1, contextualiza
o estudo dentro de uma perspectiva da evolução do tema. São apresentadas as linhas gerais e
inquietações que nortearam este estudo.
No Capítulo 2, são expostos os elementos deste estudo, como a questão da pesquisa e
a hipótese;
O Capítulo 3 contempla as visões de autores consagrados na área sobre os temas base
deste trabalho como, Sociedade do Conhecimento, Gestão do Conhecimento, Comunidades
de Prática e Grupos de Usuários.
O Capítulo 4 descreve as etapas da pesquisa, compreendendo a pesquisa de campo,
classificação do estudo, definição da população pesquisada, instrumentos utilizados, bem como o tratamento estatístico aplicado aos formulários respondidos.
O Capítulo 5 refere-se aos resultados alcançados. Este capítulo contém os dados e informações da pesquisa feita junto à amostra de membros dos grupos de usuários Java brasileiros. São apresentados gráficos obtidos a partir dos dados do questionário aplicado e são feitas
comparações entre os dados fornecidos pelos respondentes que afirmaram não participar de
grupos de usuários, com os que participam e os dos coordenadores de seus respectivos grupos.
No Capítulo 6 é realizada a análise dos resultados alcançados neste trabalho.
O Capítulo 7 sintetiza os resultados da análise decorrente deste estudo, verifica-se que
os objetivos e a hipótese foram atingidos apresentando-se, ainda, novas oportunidades para
ampliação e aprofundamento do tema em estudos futuros.
8
2. Descrição da Pesquisa
Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo
espírito, a palavra da ciência. E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé, e a outro, pelo
mesmo Espírito, os dons de curar; E a outro a operação de maravilhas; e a outro a
profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e
a outro a interpretação das línguas.
1 Coríntios 12, 8-10
2.1 Questão da pesquisa
Até julho de 2004, segundo a Sun Microsystems (2004), existiam mais de 3 milhões
de desenvolvedores Java no mundo, sendo que uma parte deles se concentra nos 574 JUGs
distribuídos em 98 países (Anexo 1). Observando o Quadro 03, vê-se que oito entre esses 98
países contam com mais de dez grupos de usuários em seu território e concentram 64% dos
574 JUGs existentes no mundo.
Quadro 03: Países com mais de 10 JUGs (Sun Microsystems, 2004)
Região
País
# de JUGs
-
-
África
Ásia
Índia
77
18
Paquistão
Oceania
Europa
-
-
Alemanha
14
Itália
21
Oriente Médio
-
-
América do Norte Canadá
11
México
10
USA
169
Brasil
47
América do Sul
Total
367
O Brasil tem alguns dos maiores, mais organizados e dinâmicos JUG do mundo4 e
contava, em Março de 2004, com 27 grupos presenciais e 06 virtuais, com a participação de
20.986 desenvolvedores (OLIVEIRA, 2004). Atualmente, o Brasil conta com 43 JUG (OLIVEIRA,
2005), que reúnem mais de 25.730 desenvolvedores, listados no Apêndice 1.
Por se tratar de grupos técnicos, formados na sua maioria de forma espontânea por
4
http://servlet.java.sun.com/jugs/top25.jsp Visitado em julho de 2004.
9
profissionais da área, todos carecem de embasamento, seja teórico, administrativo ou prático,
sobre como gerir suas respectivas comunidades. O aprendizado da gestão e das potencialidades dos JUG tem sido feito de forma empírica, através de eventuais trocas de experiências por
mensagens eletrônicas na lista dos coordenadores de grupos de usuários ou de um eventual
encontro presencial.
Durante o JavaOne, considerado o principal encontro internacional de desenvolvedores Java e que ocorre em junho de cada ano, em San Francisco (USA), tem-se uma oportunidade de troca de experiências em reuniões programadas com coordenadores dos grupos dos
cinco continentes. Nessas reuniões, evidenciou-se como alguns aspectos culturais distingüem
os JUG brasileiros dos demais existentes no mundo. Ao contrário dos JUG brasileiros, caracterizados por um forte viés de trabalho voluntário e com grande vocação social (como a distribuição de cestas básicas para comunidades carentes, por exemplo), os grupos norteamericanos, segundo afirmou Mark Richards, do New England Java Users Group (NEJUG),
durante o JavaOne de 2002, são motivados estritamente por razões técnico-profissionais. Já
Sridhar Reddy, evangelista indiano da Sun MicroSystems, afirmou, durante o III Sun DFJUG
Meeting de agosto de 2004, que o forte individualismo e o pequeno tamanho dos JUG de seu
país impedem o compartilhamento social que caracteriza os JUG brasileiros.
5
No Brasil, desde 2000 e a cada ano, o DFJUG vem mapeando o perfil da comunidade
Java brasileira por meio da Pesquisa Nacional Java (Apêndice 2). No entanto, nenhum trabalho nesse sentido foi realizado em qualquer outro país.
Por outro lado, é comum, nos fóruns virtuais de coordenadores de JUG brasileiros,
comentários ressentindo-se da falta de conhecimentos que facilitem o entendimento das dinâmicas que ocorrem dentro da comunidade. Conseqüentemente, abre-se um espaço de possibilidades no sentido de atender demandas e anseios de seus participantes. Assim, entende-se
que estudar os problemas vivenciados pelos JUG brasileiros do ponto de vista das CoP é relevante, uma vez que tal problemática pode contribuir não só para as comunidades dos desenvolvedores Java brasileiros que os enfrentam, mas para qualquer outra que porventura apresentem características semelhantes.
5
www.dfjug.org
10
2.2 Delimitação do Estudo
O foco deste trabalho não é a tecnologia Java, mas sim os aspectos sociais das relações
humanas dos membros participantes dessa comunidade. O objeto de estudo deste trabalho são
as 43 comunidades de desenvolvedores Java brasileiros (Apêndice 1), analisados segundo a
percepção que a comunidade tem de seus próprios grupos.
Como discutido anteriormente, Wenger, McDermott & Snyder (2002) afirmam que
para uma comunidade ser considerada uma CoP, deve conter três elementos estruturais: Domínio, Comunidade e Prática (Quadro 01). Este trabalho identificou na literatura 21 publicações (Apêndice 3 – Quadro 9) em que foram identificados 234 fatores relevantes para a caracterização de uma CoP. Tais fatores foram agrupados em 14 conjuntos que, a nosso ver, apresentavam características semelhantes (Apêndice 3 – Quadro 10) que, por sua vez, foram associadas aos três elementos estruturais do modelo de Wenger (WENGER, MCDERMOTT & SNYDER,
2002). Para este trabalho, foram levantados alguns dos fatores tidos como relevantes,
segundo o modelo de Wenger aqui considerado, para cada elemento estrutural, a saber:
• Para Domínio, foi selecionado o fator Tema (tópico, mote ou assunto);
• Para Comunidade, foi selecionado o fator Governança;
• Para Prática, foi selecionado o fator Aprendizado. Neste trabalho, o sentido de aprendizado considerado é o dado por Wenger (1991, p. 34-35), isto é, a aquisição de novos
conhecimentos por uma comunidade que os constrói e deles se apropria “como processo
cognitivo, dentro de uma prática social”.
2.3 Síntese da pesquisa
Ao participar de grupos de discussão técnicos, tem-se constatado que os membros de
um JUG, em geral, se sentem livres para buscar novos conhecimentos com os seus pares. Isso
é corroborado por Allee (2000), que afirma ser a construção e a apropriação do conhecimento
(aprendizado) social por natureza, e por Pretto (2003), que trabalhou sob a perspectiva do aprendizado como uma atividade social que ocorre em grupos.
Em geral, a transferência do conhecimento nos JUG se dá por meio de palestras técnicas, blogs, e-mails trocados entre colegas e listas de discussão. Nesse contexto, o comparti11
lhamento de informações faz com que problemas sejam discutidos e solucionados. E isso, geralmente, num tempo consideravelmente menor que em outros ambientes formais de aprendizado. As newsletters (boletins) dos grupos têm-se mostrado instrumentos importantes para a
disseminação das melhores práticas, assim como veículo de oferta de treinamento e, também,
auxiliando empresas na seleção dos melhores profissionais do mercado, tudo isso dentro de
uma conotação social e colaborativa.
Sendo o foco dos JUG o interesse comum pela tecnologia Java, observou-se que é praticamente inexistente alguma literatura que subsidie a formação e organização desses grupos.
Nesse sentido, um único documento disponibilizado pela Sun Microsystems data de Janeiro
6
de 1997 . No Brasil, também são raras as referências. Em nossa revisão de literatura, foram
localizados apenas dois documentos. O primeiro, do JUG SouJava (1999), vem servindo como a única referência prática para os pretendentes a formar novos grupos de usuários brasileiros. O segundo, de Mayworm (2004), é um trabalho acadêmico que analisa o Grupo de Usuários Java de Petrópolis sob a ótica dos fatores críticos de sucesso de uma CoP definidos por
McDermott (2000).
Assim, a realização de estudos específicos sobre esse tipo de comunidade se mostra
pertinente para subsidiar, não apenas a organização dos JUG, mas também, a compreensão
desses grupos como fenômeno social. Nesse sentido, este trabalho procura oferecer elementos
que permitam responder à seguinte indagação: os JUG brasileiros, como agrupamentos sociais, apresentam as mesmas características encontradas na literatura para as CoP? Pois, se assim o for, as boas práticas e considerações pertinentes às CoP poderão ser, também, apropriadas no âmbito dos JUG.
2.4 Objetivo da pesquisa
Há uma estimativa de que a comunidade brasileira de desenvolvedores Java conta hoje
com aproximadamente 70.000 pessoas (Sun, 2005), das quais 25.000 participam de JUGs. Os
coordenadores desses grupos, além de formadores de opinião, têm um papel executivo, no
sentido de manter a coesão de seus membros em torno de um foco temático. No entanto, através da revisão da literatura realizada neste trabalho, observou-se que são poucos os documentos que orientam esses coordenadores em suas atividades, todos especialistas em programação
6
http://java.sun.com/features/1997/july/start_jug.html
12
de computadores, mas com pouca experiência prática no trato das relações sociais que ocorrem em grupos dessa natureza. Este fato, muitas vezes, os tem frustrado nos seus objetivos de
melhor atender suas comunidades.
Intuitivamente, pode-se ver uma proximidade entre uma comunidade de desenvolvedores Java e o conceito de CoP. Portanto, um estudo dessa comunidade sob o ponto de vista
das CoP pode contribuir para seu melhor entendimento e assim subsidiar os coordenadores de
JUGs a melhor conduzir suas atividades. Nesse sentido, entendemos que a obra de Etienne
Wenger pode servir de fundamentação para embasar a busca por respostas para estas inquietações, haja vista a proximidade entre o tema abordado por este autor e as necessidades dos responsáveis pelos grupos Java no Brasil.
2.4.1 Objetivo geral
O objetivo deste trabalho é verificar, junto à comunidade brasileira de desenvolvedores Java, se o modelo estrutural das CoP (Domínio, Comunidade e Prática), conforme proposto por Etienne Wenger, está presente nos JUGs.
2.4.2 Objetivos específicos
Para atingir tal objetivo, este trabalho busca:
• Identificar, na literatura existente, os fatores relevantes que caracterizam as CoP;
• Identificar os JUG em atividade no Brasil;
• Levantar o perfil dos membros da comunidade brasileira de desenvolvedores Java;
• Verificar se os elementos estruturais do modelo de Wenger, para as CoP, estão presentes nos JUG brasileiros;
• Apresentar recomendações de características de CoP que possam ser apropriadas pelos
JUG brasileiros.
13
2.5 Hipótese
2.5.1 Hipótese primária
A hipótese para este trabalho é que os elementos estruturais de uma CoP (Domínio,
Comunidade e Prática) estão presentes na comunidade brasileira de desenvolvedores Java, o
que os torna aderentes ao modelo definido por Wenger (WENGER, MCDERMOTT & SNYDER,
2002, p. XX do prefácio).
2.5.2 Hipótese secundária
H1: A participação dos desenvolvedores Java na comunidade é motivada pelo interesse do
Tema em questão;
H2: A atuação de membros respeitados pela comunidade é essencial para sua Governança e
a mantém ativa;
H3: O Aprendizado é um dos principais fatores determinantes para a participação da comunidade em grupos estruturados de desenvolvedores.
14
3. Revisão da literatura e referencial teórico
E correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes tu o que lês? E ele
disse: Como poderei entender, se alguém não me ensinar?
Atos, 8, 30-31
Apesar de ser um tema recente, diversos trabalhos vêm sendo desenvolvidos sobre
Comunidades de Prática - CoP, com resultados publicados em diversos veículos. Só a título
de exemplo, o mecanismo de busca do sítio Google7 retorna mais de 144.000 links para a consulta “Communities of Practice” e, em português, "Comunidades de prática" retorna 882 links.
Já o sítio europeu Knowledge Board8, retorna 5.641 referencias para a mesma palavra-chave.
No âmbito acadêmico, porém, uma consulta à Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT9, não foi encontrada nenhuma ocorrência para a expressão “Comunidades de Prática” ou a sua versão em Inglês, o que nos dá um indício de como este tema tem sido pouco explorado nesse campo de
pesquisa no Brasil. Para a expressão “Comunidades Virtuais”, foram encontradas 13 ocorrências, 12 delas só na Universidade Federal de Santa Catarina e uma na Universidade Federal do
Rio Grande do Sul. Entretanto, sabe-se de três trabalhos referentes ao tema realizados no Programa de Mestrado em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação da Universidade Católica de Brasília, a saber, os de Hernandes (2003), Inoue (2003) e Pretto (2004).
Neste capítulo, são discutidos os fundamentos teóricos do presente trabalho. Inicialmente será apresentada uma breve discussão sobre a Sociedade do Conhecimento e as dificuldades que as comunidades da informação encontram, no que tange ao grande volume de dados que a sociedade moderna nos impõe. Em seguida, é apresentada a área conhecida como
Gestão do Conhecimento – GC que, no escopo deste trabalho, é considerada a principal força
na criação do conhecimento nas comunidades e organizações. Comunidades de Prática é o
tema que se segue e, como afirmado por Wenger, Mcdermott & Snyder (2002, p. 12), são "um
meio prático de gerenciar conhecimento”. É através dos elementos fundamentais das CoP
(Domínio, Comunidade e Prática), que se estuda os Grupos de Usuários, em especial a comunidade Java brasileira, que encerra esta revisão da literatura.
7
8
9
http://www.google.com Março / 2004
http://www.knowledgeboard.com/index.html
http://www.ibict.br
15
3.1 Sociedade do conhecimento
Nonaka & Takeuchui (1995, p. 43) citam Barnard ao afirmarem que, na sua visão sobre o conhecimento, este pode ser resumido em dois pontos. Primeiro, o conhecimento consiste não apenas no conteúdo lingüístico, mas também no conteúdo não-lingüístico, comportamental. Segundo, os líderes criam valores, crenças e idéias a fim de manter a solidez do sistema de conhecimento dentro da organização e para administrar a organização como um sistema cooperativo.
No seu sentido construtivo, Hock (1999, p.92) afirma que:
“a base da governança é a clareza do intento comum e a confiança no comportamento previsto, tudo muito bem temperado com bom senso e tolerância. A verdadeira
governança é baseada no pressuposto de que até as sociedades mais simples são
complexas demais para que haja acordo nos detalhes.”
Mesmo sem um consenso sobre a natureza e concentração do conhecimento, sabe-se
que este tem um papel cada vez mais importante na nossa sociedade. Klok, Langley & Pikaart
(2003) afirmam que o uso da tecnologia, a internacionalização e a demografia fazem a nossa
sociedade mudar rapidamente. Para administrar estas mudanças e para extrair o melhor delas,
Drucker (2001) predisse o surgimento de uma sociedade, dita de conhecimento, caracterizada
por: (i) ser livre de fronteiras, uma vez que o conhecimento viaja muito mais rápido que o capital, (ii) ter mobilidade ascendente, uma vez que a educação formal faz o conhecimento disponível para todos, e (iii) possuir tanto potencial de falha como de sucesso, uma vez que
qualquer um pode se apropriar dos “meios de produção” (o conhecimento requerido para o
trabalho). Nesse sentido, Nonaka & Takeuchui (1995) já afirmavam que os trabalhadores do
conhecimento seriam o principal recurso e a força dominante na nossa era.
Em uma economia "onde a única certeza é a incerteza", a fonte da vantagem competitiva reside no conhecimento (NONAKA e TAKEUCHUI, 1995). Ou seja, o conhecimento se tornou crítico para o sucesso das empresas na sociedade de mercado. Novas situações se apresentam e geram vantagens competitivas para as organizações que conseguem se adaptar às
mudanças em seu ambiente de forma rápida e eficiente.
Configura-se, então uma sociedade altamente competitiva, para as organizações e para
os indivíduos. Nesse contexto, cabe às CoP permitir que o conhecimento se distribua quase
que instantaneamente. Porém, existe um preço a pagar, este acúmulo rápido de informação
16
gera um estresse não negligenciável (HERCULANO-HOUZEL, 2003, apud JANSEN, 2003).
Thornburg (1997) afirma que se vive hoje a Revolução da Comunicação, que tem seus alicerces na Lei de Moore10 em combinação com a Lei de Metcalfe11. Segundo Klok (2003), o volume de informações disponíveis pode ser um dos inibidores do conhecimento, pois, o excesso de informação pode ter conseqüências danosas, como será visto mais a frente.
Warren (2002) afirma:
“Estamos nos afogando em informação: Os últimos 30 anos produziram mais informação que os 5.000 anos anteriores; Cerca de 50.000 livros e 10.000 revistas são
publicados por ano, somente nos E.U.A; Todos os dias pesquisadores e cientistas
produzem 7.000 novos documentos científicos; O homem comum é confrontado
com cerca de 140 mensagens de propaganda por dia - 50.000 por ano; Uma edição
matutina da maioria dos jornais contém mais informação que uma pessoa do século
XVI encontraria em toda a sua vida!”
Segundo Silveira (2002):
“Vivemos uma angústia permanente por não conseguir absorver o volume de informações disponível. Numa simples banca de jornal existem mais de 3 mil títulos à
venda, entre jornais, fascículos, edições especiais, etc. No ano 2000, foram lançadas
e reeditadas pelas editoras mais de 45 mil obras, segundo dados da Câmara Brasileira do Livro. E há ainda a Internet.”
De acordo com um estudo realizado pela Universidade de Berkeley (BERKELEY,
2003), se a quantidade total de informação fosse dividida pelos cerca de 6,3 bilhões de habitantes do planeta, cada pessoa produziria o equivalente a 800 megabytes por ano, que equivalem a uma pilha de 500 livros comuns, de 300 páginas de texto, com dez metros de altura!
Chega-se a afirmar que a quantidade de informação produzida dobrou de 1999 a 2002 e aumenta 30% a cada ano, sem perspectiva desse ritmo diminuir. Nos últimos dois anos, foi criada mais informação nova do que em toda a história anterior da humanidade (O Globo, 2003).
Drucker (1994) afirma que é seguro assumir que, qualquer um, com qualquer conhecimento,
dentro da sociedade pós-capitalista, deverá adquirir novos conhecimentos a cada quatro ou
cinco anos, sob pena de se tornar obsoleto.
10
11
O fundador da Intel, o químico americano Gordon Moore em 1965, constatou que a cada 18 meses a
capacidade de processamento dos computadores dobra, enquanto os custos permanecem constantes. Isto é, a
cada dois anos a indústria de informática dobra o número de componentes eletrônicos (transistores) gravados
numa única pastilha de silício, ou chip, e com isso aumenta na mesma proporção o poder de processamento
dos computadores (SILVA, 2002). Isto significa que, na pratica, o preço dos componentes, neste período,
caíra para a metade (HELLER, 2001).
A Internet vem, atualmente, dobrando de tamanho a cada ano. Casas, escolas, escritórios, bibliotecas e
museus estão conectados à Net e cada nova conecção adiciona um valor ao todo. Este valor adicionado foi
primeiramente expressado por Bob Metcalfe, inventor da Ethernet, que observou que o poder da rede
aumenta pelo quadrado do número de seus usuários (THORNBURG, 1997).
17
Tomemos o exemplo da comunidade de desenvolvedores Java. A evolução do conhecimento em programação Java segue a tendência apresentada acima. O conhecimento requerido para estes profissionais vem crescendo a cada ano, aumentando consideravelmente as dificuldades para assimilação das novas informações. Para se ter uma idéia dessa evolução, essa
linguagem, que contava, em maio de 1995, com 1.545 métodos, contava, em setembro de
12
2004, com 21.073 métodos, como mostrado na Quadro 04 . Faz-se pertinente, então, que es-
sa comunidade se organize de forma a, entre outras coisas, difundir as informações consolidadas sobre o tema e disponibilizar os meios para que seus membros tenham acesso a essas informações e às oportunidades que se oferecem.
Quadro 04: Evolução da estrutura da linguagem Java de 1995 a 200413
Versão
Ano
Pacotes
Classes
Métodos
JDK 1.0.2
1995
8
212
1545
JDK 1.1
1997
23
504
3841
JDK 1.2
2000
59
1520
15050
SDK 1.3
2001
76
1842
18300
SDK 1.4
2002
135
2991
28722
J2SE 5.0
2004
166
2485
21073
Vale lembrar de Hock (1999), quando afirma que:
“Há um fato inegável: criamos a maior explosão de capacidade de receber, armazenar, utilizar, transformar e transmitir informação da História. Não há como recuar.
Saibamos ou não, queiramos ou não, gostemos ou não, seja construtivo ou não, fomos apanhados juntos, todos nós e a Terra, na mais súbita, na mais profunda, na
mais complexa mudança da história da civilização. Talvez da história da própria
Terra.”
3.2 Gestão do Conhecimento
Nonaka e Takeuchi (1995) afirmam que o conhecimento humano pode ser identificado
como sendo de dois tipos: explícito e tácito. O conhecimento explícito, que pode ser articulado na linguagem formal, inclusive em afirmações gramaticais, expressões matemáticas, especificações, manuais e assim por diante. Este tipo de conhecimento pode ser então transmitido,
formal e facilmente, entre os indivíduos. O conhecimento tácito, definido originalmente por
Polanyi (1966, apud NONAKA & TAKEUCHUI, 1995, p. 65), é difícil de ser articulado na lin12
13
Tais dados vêm sendo coletados pelo autor ao longo dos últimos dez anos, a cada nova versão da linguagem
Java.
Fontes: GUAPO, 2004, http://cs.stmarys.ca/~porter/csc/465/notes/java_story_history.html e pesquisa DFJUG
1998-2004.
18
guagem formal. É o conhecimento pessoal incorporado à experiência individual e envolve fatores intangíveis como, por exemplo, crenças pessoais, perspectivas e sistemas de valor. Este
tipo de conhecimento é difícil de formalizar, o que dificulta sua transmissão e compartilhamento com os outros. Conclusões, insights e palpites subjetivos incluem-se nessa categoria de
conhecimento. Além disso, o conhecimento tácito está profundamente enraizado nas ações e
experiências de um indivíduo, bem como suas emoções, valores e ideais. Este contém uma
importante dimensão cognitiva. Consiste de esquemas, modelos mentais, crenças e percepções tão arraigadas que freqüentemente a tomamos como certos.
Polanyi (1966, apud NONAKA & TAKEUCHUI, 1995, p. 307) definiu conhecimento tácito:
“Nem sempre o know-how pode ser codificado, pois, em geral, possui uma importante dimensão tácita. Os indivíduos podem saber mais do que são capazes de articular. Quando o conhecimento tem um alto componente tácito, torna-se extremamente
difícil transferi-lo sem contato pessoal íntimo, demonstração e envolvimento. Na
verdade, na ausência do contato humano íntimo, às vezes, a transferência de tecnologia torna-se impossível.”
Drucker (1994, página 46) afirma que o conhecimento tácito não pode ser aprendido
através de uma educação formal e nem ensinado, pois, tem suas raízes na techné ou conhecimento do artesão. Porém, a interação entre essas duas formas de conhecimento (tácita e explícita) é a principal força na criação do conhecimento nas organizações.
A Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas –
EAESP/FGV segue uma idéia similar ao discutido acima, e define Gestão do Conhecimento
como14:
“[...] um processo sistemático, articulado e intencional, apoiado na geração, codificação, disseminação e apropriação de conhecimentos, com o propósito de atingir a
excelência organizacional.”
Terra (2003) afirma:
“Gestão do Conhecimento significa organizar as principais políticas, processos, ferramentas gerenciais e de tecnologia de informação à luz de uma clara compreensão
dos processos de identificação, validação, disseminação, compartilhamento, uso e
proteção dos conhecimentos estratégicos para gerar resultados (econômicos) para a
empresa e benefícios para seus colaboradores.”
De acordo com Wenger, McDermott & Snyder (2002, p. X), a Gestão do Conhecimen-
14
[Internet: http://www.fgvsp.br/conhecimento/GESTAO_DO_CONHECIMENTO.cfm. 27/11/2004]
19
to evoluiu de uma primeira onda, onde o foco era a tecnologia, para uma segunda mais dedicada à abordagem teórica de temas tais como comportamento, cultura e conhecimento tácito.
Uma terceira onda agora está descobrindo que CoP são um meio prático de gerenciar conhecimento. Ela fornece uma infra-estrutura organizacional concreta para realizar o sonho da organização que aprende.
3.3 Comunidades de Prática
3.3.1 Terminologia utilizada
Comunidade, para os dicionários brasileiros (FERREIRA, 2002, HUAISS & CARDIM,
1984, SILVA, 1977), é “a qualidade do que é comum”, é “a participação em comum”, é “a comunhão”, é “o corpo social”, a “sociedade e um grupo de pessoas que vivem submetidas a
uma mesma regra”. Comunidades se baseiam na noção do entendimento tácito entre seus
membros no interior da qual, em nome da segurança do corpo, os sujeitos renunciam à própria
liberdade individual (MOURA, 2005).
Dee Hock (1999, p. 118) define:
“A verdade é que uma empresa comercial, como, aliás, qualquer organização, não
passa de uma idéia. Todas as instituições não passam de um constructo mental a que
somos levados ao buscar um propósito comum; uma personificação conceitual de
uma poderosa idéia muito antiga chamada de comunidade.”
Smith (2004) afirma:
“Comunidades são uma maneira efetiva das organizações manipularem problemas
não estruturados e compartilhar conhecimento fora dos limites tradicionais. Porém, é
em torno de uma prática que as comunidades freqüentemente se organizam."
Ele nos mostra que são três as características que definem uma prática: (i) empreendedorismo agregador, (ii) engajamento mútuo e (iii) repertório compartilhado, descritas no Quadro 05. Para ele, são dois os indicadores que se sobressaem quando se discute uma prática: (i)
as pessoas têm um forte senso de identidade que as une à comunidade e (ii) a prática propriamente dita não é totalmente entendida por procedimentos formais.
20
Quadro 05: Características de uma prática15
Características
Descrição
Empreendimento
agregador
Os membros da comunidade estão lá para realizar algo de forma contínua, têm algum
tipo de trabalho em comum e vêem claramente o propósito maior de seu trabalho. Eles
têm uma “missão”. De maneira simplificada diríamos, “estão lá por um motivo”
Os membros da comunidade interagem uns com os outros não apenas no curso do que
estão realizando, mas para entender o trabalho, para definir como é feito a mesmo para
Engajamento mútuo
mudar o como está sendo feito. Através deste engajamento mútuo os membros também
estabelecem suas identidades no trabalho
Os membros da comunidade não apenas tem um trabalho em comum, mas também
Repertório compartimétodos, ferramentas e mesmo linguagem, histórias e padrões de comportamento Este é
lhado
o contexto cultural do trabalho
Por outro lado, Levy (1993) procura a definição da palavra virtual no latim virtualis,
derivado, por sua vez de virtus (força, potência). Para este autor, o virtual é “... o nó de tendências ou força que acompanha uma situação ... ou uma entidade qualquer e que chama um
processo de resolução: a atualização.”
Ao se trazer estas definições, anteriormente discutidas, para o âmbito da Informática,
encontramos que, as “comunidades virtuais são agregações sociais que emergem na Internet”
(RHEINGOLD, 1993) e esta é uma rede de computadores fracamente interconectados que usa a
tecnologia CMC (Comunicação Mediada por Computadores) para ligar pessoas em todo o
mundo, em discussões públicas. Teixeira (2002) dá uma interpretação particular a essa definição:
“Comunidade na Internet é uma agregação social que surge quando uma quantidade
suficiente de indivíduos toma parte em discussões públicas por um período suficiente para que se desenvolvam redes de relacionamentos pessoais.”
Por outro lado, Tajra, (2002) define as comunidades virtuais como “organizações dinâmicas que interagem consigo mesmas a partir de relações com o seu meio.”
Mas, o que são, afinal, as CoP? Segundo Wenger & Snyder (2000),
“[...] são grupos de pessoas reunidas informalmente pela expertise e paixão compartilhadas por um empreendimento conjunto: engenheiros envolvidos na perfuração de
poços, consultores que se especializaram em marketing estratégico, ou advogados
defendendo um cliente em uma causa complicada. Algumas delas se reúnem regularmente, outras estão conectadas basicamente através de correio eletrônico, e podem ou não ter agendas explícitas. Todas elas, no entanto, compartilham sua experiência e conhecimento de maneira criativa para promover novas abordagens para
problemas que a comunidade identificou”.
15
Fonte: Communities of Practice: Definition, Indicators & Identifying Characteristics [s.l.:s.n. Internet:
http://home.att.net/~discon/KM/CoPCharacteristics.htm - 10/04/04].
21
Para McDermott (1999):
“[CoP] também podem ser definidas como agrupamento de pessoas que compartilham e aprendem uns com os outros por contato físico ou virtual, com um objetivo
ou necessidade de resolver problemas, trocar experiências, desvelamentos, modelos
padrões ou construídos, técnicas ou metodologias, tudo isso com previsão de considerar as melhores práticas.
− Qual o seu propósito? As CoP são criadas ou surgem com o objetivo de desenvolver as competências dos seus membros, através da construção de conhecimento,
pela troca ou compartilhamento de experiências individuais.
− Quem são os membros deste grupo? Seus membros são selecionados por eles
mesmos, em razão de seus conhecimentos e habilidades, ou ainda pela apreciação
aos temas específicos, sugeridos por cada um dos grupos.
− O que os mantém juntos? Os membros de uma comunidade de prática permanecem se relacionando pelo compromisso e identificação destes com as competências e habilidades desenvolvidas no grupo.
− Qual a duração? Um grupo com as características de uma comunidade de prática
pode durar enquanto houver interesse, por parte dos seus integrantes, em mantêlo.”
Segundo Smith (2004), coube a E. Wenger e J. Lave cunharem o termo Communities
of Practice (CoP), em 1991. Wenger, McDermott & Snyder (2002) definem CoP como:
“[...] um grupo de pessoas que compartilham uma preocupação, um conjunto de
problemas ou uma paixão sobre um tema, aprofundando seus conhecimentos e experiências nesta área, interagindo de maneira continuada.”
De acordo com Wenger, McDermott & Snyder (2002, p. 27-29), e corroborados por
Hernandes (2003) e Wenger (2004), os elementos estruturais de uma CoP devem atender a
três características fundamentais: Domínio, Comunidade e Prática, conforme já descrito no
Quadro 01 (seção 1.1). Neste trabalho, essa é a definição considerada de CoP.
3.3.2 A estrutura básica das Comunidades de Prática: Domínio, Comunidade e Prática
Uma CoP pode ser entendida a partir de três dimensões, através das quais a prática
serve como fonte de coerência de uma comunidade: empreendimento comum, envolvimento
mútuo e repertório compartilhado. Uma prática só existe se as pessoas que fizerem parte dela
estiverem envolvidas em ações que tenham a finalidade de concretizar um empreendimento
comum, que é negociado entre os membros da comunidade através de processo que reflete o
envolvimento das pessoas na comunidade.
Percebemos que esses três domínios sugeridos por Wenger et al (2002) – empreendimento comum, envolvimento mútuo e repertório compartilhado –, em conjunto com os domínios apresentados por Prusak & Cohen (2001) – o estabelecimento de relação entre as pesso22
as, a necessidade do estabelecimento de laços de confiança entre elas e promoção da cooperação –, se fundem nos três domínios que regem as comunidades de prática: o envolvimento
entre as pessoas, o compartilhamento de um repertório e o empreendimento comum a ser alcançado. Em que pese a enorme variedade de características das comunidades, existe uma estrutura básica fundamental que as definem como tal.
O Domínio estabelece as fronteiras e a identidade do grupo. É a fonte de inspiração de
seus participantes. Estabelece aos participantes a noção sobre quais temas serão tratados pelo
grupo.
A Comunidade constitui uma verdadeira fábrica de aprendizagem, pois proporciona
interações entre os seus elementos e encoraja o compartilhamento de idéias. A comunidade
deve permitir que seus integrantes exponham suas questões independentemente do nível de
conhecimento e as tratem com atenção, criando um clima de confiança, mas desafiador.
A Prática é um conjunto de estrutura de trabalho, idéias, ferramentas, informações, estilos, linguagem, histórias e documentos que os membros da comunidade compartilham. Enquanto o Domínio determina o foco da comunidade, a prática representa o conhecimento que
é desenvolvido, compartilhado e mantido.
3.3.3 Elementos fundamentais das CoP
Para que uma CoP se desenvolva com sucesso, Wenger (2001) sugere que se priorize
os aspectos sociais, culturais e organizacionais e em segundo lugar os aspectos tecnológicos.
Entretanto, ressalta a importância desta estrutura para o desenvolvimento da CoP. Nesse estudo, Wenger sugere treze elementos fundamentais de uma comunidade bem sucedida, que podem ser melhor desenvolvidos pelo uso das tecnologias da informação e comunicação:
[Tempo & Espaço]
1.
Presença & Visibilidade. Uma comunidade deve fazer parte da vida daqueles que pertencem a ela;
2.
Ritmo. Uma comunidade determina seu próprio ritmo, o que a caracteriza e a diferencia
de outros grupos.
23
[Participação]
3.
Variedade de interações. Deve haver uma interação entre os integrantes de uma CoP
para que a construção da prática possa ser dita compartilhada;
4.
Eficiência de envolvimento. Para que as CoP possam competir com outras prioridades
de cada um de seus membros, a participação deve ser facilitada ao máximo.
[Criação de valores]
5.
Valores de curto prazo. Cada interação pontual precisa mostrar o seu valor, enquanto
ação que possa contribuir com a construção da prática;
6.
Valores de longo prazo. Valores que levam em consideração o domínio da comunidade,
para fazer com que cada membro tenha um compromisso de longo prazo com seu desenvolvimento, como forma de “fidelizar” esses membros.
[Conexões]
7.
Conexões com o mundo. Criar valores, se conectar com o interesse de outras áreas, talvez uma mais ampla, da qual a comunidade faça parte, ou ainda, alguma que seus membros queiram estreitar relações.
[Identidade]
8.
Identidade pessoal. Fazer com que a participação em uma comunidade de prática seja
parte da identidade do próprio participante;
9.
Identidade comunal. Da mesma forma, a identidade da comunidade deve fazer parte da
vida de seus integrantes.
[Pertencimento]
10. Pertencimento & Fronteiras. Valor pessoal do pertencimento, como a interação com colegas, o desenvolvimento de amizades e a construção da confiança;
11. Fronteiras complexas. Entender os diversos níveis e tipos de participação de uma comunidade de prática, para que possa haver espaço para as pessoas que estejam na periferia desta participem das discussões, de alguma forma. Dentro das comunidades podem
surgir sub-comunidades, formadas por pessoas que procuram se especializar em uma
área de interesse da própria comunidade.
24
[Desenvolvimento da comunidade]
12. Evolução. A evolução das comunidades se dá conforme elas avançam no estabelecimento de conexões com o mundo;
13. Construção ativa da comunidade. Geralmente o que se percebe nas comunidades de prática são o surgimento de grupos nucleares que se comprometem com o desenvolvimento
das comunidades.
3.3.4 Estágios de desenvolvimento (atividades yípicas)
Segundo Wenger & McDermott (1999), são os estágios do ciclo de vida de uma CoP:
• Potencial. Indivíduos encontram-se face a situações similares, sem o benefício de compartilhar informações. Encontrando-se e descobrindo afinidades.
• Em coalizão. Membros agrupam-se e reconhecem seu potencial explorando conectividade e negociando a comunidade.
• Ativa. Membros engajam-se e desenvolvem uma prática engajando-se em atividades
comuns, criando artefatos, renovando interesses, comprometimento e relacionamento.
• Dispersa. Membros não estão mais engajados, mas a comunidade ainda vive como um
centro de conhecimento mantendo contato, comunicação, participando de reuniões, solicitando recomendações.
• Memorável. A comunidade não é mais central, mas as pessoas ainda a recordam como
parte de suas identidades. Contando histórias, preservando artefatos, coletando memórias.
As características e atividades relacionadas a essas fases e a relação entre tempo e nível de participação comunitária são mostradas nas figuras 01 e 02, respectivamente.
25
Figura 01: Características e atividades relacionadas às fases do ciclo de vida de uma CoP
(WENGER & MCDERMOTT, 1999)
Figura 02: Fases do ciclo de vida de uma CoP em função do tempo e do nível de participação
comunitária (WENGER & MCDERMOTT, 1999)
26
3.3.5 Trabalhos sobre CoP na literatura
Todas as comunidades, dentro ou fora da Internet, aderem a princípios básicos para
16
prosperarem. A Mongoose Technology
codificou uma “doutrina” composta de 12 Princí-
pios da Colaboração, embasados em um sistema sociológico. Esses princípios (Quadro 06) se
organizam numa hierarquia, onde o primeiro deles, “Propósito”, apóia os demais.
Ao discutir como incentivar o aprendizado dentro de uma comunidade, Wenger (1996)
alerta sobre as dificuldades que se pode deparar quando se pretende extrair conhecimento de
uma prática. Ele afirma que o aprendizado está tão ligado à prática que, normalmente, não é
percebido como aprendizado. Como resultado, a prática nas organizações é, muitas vezes, entendida como estática, caótica e desestruturada (WENGER, 1996, pg. 22). Por outro lado, colocando-se o foco no aprendizado, a prática não fica tão resistente às mudanças ou alterações
impostas por decreto.
Quadro 06: Os 12 princípios da colaboração da Mongoose Technology (2004)
Princípio
Descrição
Propósito
A comunidade existe porque seus membros compartilham um propósito comum que somente
pode ser atingido em conjunto
Identidade
Membros conseguem se identificar e construir relacionamentos
Reputação
Membros constróem reputação baseada na opinião expressa pelos outros
Governança
Os facilitadores e os membros da comunidade assumem responsabilidades gerenciais uns com
os outros, permitindo assim que a comunidade cresça
Comunicação Membros devem ser capazes de comunicar uns com os outros
Grupos
Os membros da comunidade se agrupam de acordo com seus interesses específicos ou tarefas
Ambiente
Um ambiente sinergético permite aos membros da comunidade alcançar seus propósitos
Limites
A comunidade conhece o porque ela existe , o que e quem é externo e interno
Confiança
A construção da confiança entre membros e os facilitadores da comunidade aumenta a
eficiência do grupo e permite a resolução dos conflitos
Troca
A comunidade reconhece as formas de troca de valores, tais como conhecimento, experiência,
apoio, trocas e dinheiro
Expressão
A comunidade tem uma alma ou personalidade; membros estão conscientes do que os outros
membros da comunidade estão fazendo
História
A comunidade deve manter registro dos eventos passados e deve reagir e mudar em resposta a
eles
Para McDermott (1999), CoP são grupos de pessoas que compartilham idéias e insights, ajudam uns aos outros a resolver problemas e desenvolvem uma prática ou aproximação
comum em um campo. Ele oferece sete orientações que auxiliam na estruturação de uma CoP.
16
http://www.mongoosetech.com/
27
Ele sugere que: “(i) se construa comunidades em tópicos estrategicamente importantes; (ii) se
construa um necessário contexto de fundo para que as pessoas possam se entender; (iii) se utilize tanto pessoas como sistemas de informação para o compartilhamento de idéias; (iv) se
utilize fóruns múltiplos para o compartilhamento de conhecimento; (v)ajude as pessoas a obter idéias uns dos outros, quando necessário, em vez de "empurrá-las"; (vi) CoP vivem dentro
de uma cultura organizacional; (vii) se crie uma energia natural pelo aprendizado”.
Dentro da mesma abordagem, White (2003) apresenta as cinco maneiras rápidas de se
fazer uma Comunidade de prática de sucesso e afirma que “(i) recursos vêm em primeiro; (ii)
precisa-se de um líder; (iii) deve-se utilizar a melhor tecnologia possível; (iv) haja cautela
com as agendas pessoais; (v) se esteja preparado para o fracasso”.
Wenger & Snyder (2000) afirmam que as CoP adicionam valor às empresas e para se
obter o aprendizado organizacional sugerem seis motivos, pois, “(i) elas auxiliam na orientação de estratégias; (ii) sugerem novas linhas de negócios; (iii) resolvem problemas rapidamente; (iv) transferem as melhores práticas; (v) desenvolvem habilidades profissionais; (vi)
auxiliam no recrutamento e retenção de talento nas empresas”.
Wenger (1996) levanta quatorze maneiras de se apropriar o conhecimento nas organizações. Ele propõe que, dentro das CoP: “(i) se veja o aprendizado como trabalho e trabalho
como aprendizado; (ii) se conte com o informal, pois, é aí que o trabalho é realizado; (iii) se
existe um problema de aprendizado, deve-se atentar para os padrões sociais de participação e
exclusão; (iv) se mantenha o aprendizado o mais próximo possível da prática; (v) se trate as
CoP como recursos; (vi) se veja as pessoas como membros de uma CoP, não as estereotipando, mas honrando a significância de suas participações; (vii) se encoraje a formação e o aprofundamento das CoP, legitimando o trabalho de colocá-los juntos e valorizando o trabalho
informal de aprendizado que eles facilitam; (viii) se administre os limites entre as CoP como
oportunidades para aprendizado; (ix) se espere por transformações, desentendimentos e reinterpretações quando pessoas, artefatos e informações cruzam os limites da prática; (x) se adicione valor ao trabalho, agenciando o aprendizado dentro das comunidades; (xi) se esteja atento para o surgimento de novas práticas; (xii) se veja as organizações como uma constelação
de práticas interconectadas; (xiii) se coloque a comunidade como responsável pelo seu próprio
treinamento, reconhecendo que eles têm necessidades de acesso a outras práticas para que
possam prosseguir; (xiv) se certifique que o aparato organizacional está a serviço das práticas,
28
e não o contrário”.
Allee (2000) afirma que as CoP são benéficas para os negócios, para a comunidade
propriamente dita e para os empregados, pois, são poderosos veículos tanto para compartilhar
conhecimento como para alcançar resultados nos negócios. Para isto, ela levanta 17 vantagens
para as organizações, para a comunidade e para as pessoas, como mostrado no Quadro 07.
Allee também cita John Seely, vice-presidente e cientista-chefe do PARC da Xerox, quando
este afirma que CoP são “colegas executando trabalho real. O que os mantêm juntos é um
senso comum de propósito e a necessidade real de saber o que cada um sabe”.
Quadro 07: Vantagens para as organizações, para a comunidade e para as pessoas
(ALLEE, 2000)
Tipo
Organizações
Comunidade
Pessoas
Vantagens
- Auxiliam no direcionamento de estratégias
- Auxiliam na solução rápida de problemas, tanto localmente como por toda a organização
- Auxiliam no desenvolvimento, recrutamento e retenção de talentos
- Desenvolvem capacidade, competência e conhecimento técnicos
- Difundem rapidamente práticas para a excelência operacional
- Semeiam idéias e aumentam as oportunidades de inovação
- Auxiliam na construção de linguagem, métodos e modelos comuns em torno de
competências específicas
- Agregam conhecimentos e experiências em uma população maior
- Auxiliam na retenção do conhecimento quando o empregado deixa a empresa
- Aumentam o acesso à experiência dentro da empresa
- Fornecem meios de compartilhamento de poder e influência com a estrutura formal da
organização
- Auxiliam as pessoas na execução das suas funções
- Fornecem um sentimento estável de comunidade com outros colegas e com a empresa
- Fomentam um senso de identidade focada no aprendizado
- Auxiliam no desenvolvimento de habilidades e competências individuais
- Auxiliam na atualização do trabalhador do conhecimento
- Fornecem desafios e oportunidades para contribuição
Ainda na mesma linha de raciocínio, embora com uma abordagem mais voltada para a
educação corporativa, outros autores também contribuem para a definição das CoP, citando
definições como o Capital Social (RAMOS, 2006), afirma que este conceito surgiu como um dos
componentes essenciais dos processos de desenvolvimento. O Capital Social é o que dá a sustentabilidade de uma comunidade, estimulando a colaboração entre os membros de um grupo,
visando o benefício e o desenvolvimento mútuo. Este conceito, embora fortemente direcionado a empresas, também está presente em comunidades formadas para atender demandas não
corporativas e ajudam a revelar o nível de desenvolvimento do grupo.
Prusak & Cohen (2001) definem Capital Social, do ponto de vista organizacional, como sendo as relações que fazem uma organização trabalhar de maneira eficiente. Com o intui29
to de reforçar os conceitos de Capital Social, estes autores sugerem que algumas medidas devam ser tomadas:
1. Estabelecimento de conexões mais estáveis e duradouras: fazer com que as pessoas
permaneçam ligadas ao grupo; garantir a promoção das pessoas, em virtude do seu envolvimento dentro do grupo e das discussões; permitir e incentivar a aproximação entre
as pessoas, estimulando, assim, o crescimento do capital social do grupo;
2. Permissão da confiança: incentivar a transparência entre os relacionamentos e o convívio estabelecidos entre os membros do grupo pelas regras de convivência; demonstrar
confiança, levando em consideração a opinião dos outros e distribuindo as responsabilidades; valorizar comportamentos e resultados que sejam aqueles esperados dos membros do grupo;
3. Promoção da cooperação: definir claramente os objetivos do grupo, dando sentido ás
discussões; definir regras, criando o hábito da cooperação entre as pessoas; enaltecer a
cooperação, com o intuito de estimular as pessoas, através de mensagens de agradecimento, por exemplo.
Para o sucesso de uma CoP, vários autores têm apresentado uma série de sugestões,
como as de Wenger (2001), mostradas no Quadro 08.
30
Quadro 08: Treze elementos fundamentais para se cultivar as CoP (WENGER, 2001, p. 45)
Elemento
Presença e
visibilidade
Descrição
- A comunidade necessita ter uma presença nas vidas de seus membros e fazer-se visível a
eles
- Comunidades vivem no tempo e tem ritmos de eventos e rituais que reafirmam seus
Ritmo
compromissos e valores
Variedade nas
- Membros de uma comunidade de prática necessitam interagir de forma a construir suas
interações
práticas compartilhadas
Eficiência no
- Comunidades de prática competem com outras prioridades nas vidas de seus membros
envolvimento
- A participação deve ser fácil
- Comunidades de prática prosperam pelo valor que agregam aos seus membros e em seus
Valores de curto
contextos organizacionais
prazo
- Cada interação necessita criar seu próprio valor
Valores de longo - Porque os membros se identificam com o domínio de sua comunidade, eles têm um
prazo
compromisso de longo prazo com o seu desenvolvimento
Conexão com o
- Uma comunidade de prática pode criar valor fornecendo uma conexão com um campo
mundo
ou comunidade que seus membros tenham afinidade
- Pertencer a uma comunidade de prática identifica a pessoa como um praticante
Identidade pessoal
competente
- Comunidades de sucesso têm uma identidade forte que seus membros herdam em suas
Identidade comum
vidas
Pertencimento e
- O valor de pertencimento não é meramente instrumental, mas também pessoal: interação
relacionamentos
com os colegas, desenvolvimento de amizades e construção de confiança
- Comunidades de prática têm múltiplos níveis e tipos de participação
Limites
- É importante para as pessoas na periferia que possam participar de alguma forma, bem
complexos
como as pessoas de dentro da comunidade
- Pessoas formam sub-comunidades em volta de áreas de interesse
Evolução:
- Comunidades de prática evoluem ao atravessarem estágios de desenvolvimento e
maturação e
encontram novas conexões com o mundo
integração
Construção ativa - Comunidades de prática de sucesso normalmente têm uma pessoa ou grupo chave que
da comunidade
detêm alguma responsabilidade ativa no conduzir da comunidade
3.3.6 Sete princípios para cultivar uma CoP
Wenger, McDermott & Snyder (2002), sugerem sete princípios para se cultivar uma
CoP: (i) projete para evoluir; (ii) abra um diálogo entre as opiniões internas e externas; (iii)
proporcione diferentes níveis de participação; (iv) desenvolva espaços comunitários públicos
e particulares; (v) foque nos valores; (vi) combine familiaridade e estímulo; (vii) crie um ritmo
para a comunidade. Estes sete princípios para se cultivar CoPs são:
1. Projetar para a evolução. O dinamismo é uma das características de uma CoP. O número de participantes é variável e é natural que a entrada de novos integrantes tragam novos interesses, esta é uma característica que revela a natureza “orgânica”, “viva” da comunidade. A presença de coordenadores e especialistas é fundamental para estimular,
direcionar e dar suporte aos interesses dos participantes. Estes elementos atuam como
catalizadores do grupo;
31
2. Estabelecer diálogo entre perspectivas internas e externas. É de extrema importância
que exista internamente líderes que conheçam profundamente as necessidades do grupo
e o potencial de desenvolvimento de suas práticas, pois isto é que dá consistência ao
domínio. Por outro lado, é altamente recomendável que se busquem novas possibilidades para a comunidade. A participação de elementos externos é extremamente útil para
o desenvolvimento desta perspectiva, bem como a participação dos integrantes da própria CoP em outros grupos;
3. Motivar diferentes níveis de participação. Uma comunidade típica possui elementos
com diferentes níveis de participação em CoPs. Podemos citar como principais os seguintes (Figura 03):
− Grupo Central. Composto por algo entre 10 a 15% dos integrantes. Encarregamse da liderança, condução de projetos, lançam novos temas e desafios;
− Grupo Ativo. Composto por algo entre 15 a 20% dos integrantes. Encontram-se
regularmente e possuem participação efetiva no fórum de discussão;
Figura 03: Graus de participação em CoPs
32
− Grupo Periférico. Representam a maioria dos integrantes. Participam raramente
das discussões, sua atuação é basicamente observar as interações entre os integrantes do Grupo Central e os participantes ativos, mas são importantes porque
estão aprendendo e podem se transformar em potenciais criadores de outras CoPs
em seu local de trabalho;
− Observadores Externos. Este grupo é composto por pessoas interessadas no acompanhamento da comunidade. Podem ser fornecedores de produtos, consumidores ou até mesmo estudiosos interessados no comportamento da comunidade;
4. Desenvolver espaços públicos e privados para a comunidade. É recomendável que conexões entre os integrantes ocorram tanto em ambiente público (fóruns e encontros),
quanto de forma privada. Os encontros públicos são uma excelente oportunidade para
debates e troca de experiências face a face ou via WEB. Podem ser apresentações formais ou debates. Estes encontros reforçam as ligações entre os membros e estimulam a
realização de ligações privadas, onde pessoas estreitam relacionamentos e utilizam outros canais de comunicações. O fortalecimento das relações privadas entre os membros
aumenta a coesão da comunidade;
5. Foco no valor. Como a participação é voluntária, o principal estímulo para a adesão é a
agregação de valor. A comunidade precisa produzir resultados que atraiam seus integrantes. Inicialmente o valor principal de uma CoP pode ser a solução de pequenos problemas de seus membros, mas com o desenvolvimento, é desejável que a comunidade
descubra o seu potencial e promova eventos e atividades que tornem acessíveis a todos
os seus integrantes o conjunto de conhecimentos produzidos. São estes resultados que
demonstram o valor da CoP e atraem os participantes;
6. Combinar-se Familiaridade e Motivação. Um desafio importante para uma CoP é oferecer aos seus integrantes um ambiente de confiança, espontaneidade e liberdade de expressão, que propiciem um ambiente favorável para o compartilhamento de idéias, busca de ajuda ou simplesmente atualização técnica. Devem propiciar um território neutro,
longe das pressões comuns aos ambientes de trabalho. Estas características contribuem
para uma participação espontânea e criam condições para que haja motivação para a
busca de novas soluções e compreensão do desconhecido sem receio de críticas de seus
pares e respeito as divergências de pensamento;
33
7. Criar um ritmo para a Comunidade. Devemos buscar estabelecer um ritmo adequado
para uma CoP. A ocorrência de eventos e encontros é extremamente benéfica pois ativa
a participação e propõe novos temas. Mas este ritmo, chamado de “batimento da comunidade”, deve ser definido pelo próprio interesse de seus participantes, e está intimamente ligado ao estágio de desenvolvimento da comunidade.
3.3.7 Trabalhos sobre CoP no MGCTI
A seguir, alguns trabalhos sobre CoP desenvolvidos no âmbito do Mestrado em Gestão do Conhecimento e da Tecnologia da Informação (MGCTI), da Universidade Católica de
Brasília.
Procurando mostrar o interesse das organizações nas CoP, Hernandes (2003) descreveu os fatores críticos de sucesso para o estabelecimento e operações de CoP virtuais. Esse
trabalho foi baseado em uma pesquisa de campo e foi respondido por 43 moderadores de co17
munidades de prática virtuais e consultores da área com experiência prática . O autor mostra
que três fatores foram considerados como os mais significativos dentro de uma comunidade:
(i) ciência por parte dos membros de quais são os principais objetivos da comunidade, (ii)
qual é o domínio de conhecimento da comunidade e (iii) a existência de uma atmosfera de
confiança.
Por outro lado, Inoue (2003) avaliou o potencial de um ambiente de interação virtual
como facilitador da comunicação em um CoP de uma organização de pesquisa e desenvolvimento. Para a autora, Ambiente de Interação Virtual é um sítio, disponível na Internet, que
oferece serviços de bate-papo (chat), fórum, correio eletrônico (e-mail), enquetes, notícias
(news letters ou bulletin board) e uma base única de armazenamento de dados. Ela concluiu
que a população-alvo estudada era favorável as CoP pois, viam nela um facilitador de comunicação dentro da organização.
Portanto, esses dois trabalhos desenvolvidos na Universidade Católica de Brasília
mostram quais são os fatores críticos de sucesso e a importância da Internet como meio facilitador de comunicação.
17
Dessa dissertação e de seus resultados, emergiu a idéia de usá-la como modelo para, neste trabalho, analisar
os JUG brasileiros.
34
Nessa mesma linha de investigação, Pretto (2004) mostra como as CoP podem ser um
instrumento potencializador da metodologia da Aprendizagem Cooperativa. Para ela, as CoP
são “grupos de pessoas que compartilham e aprendem uns com os outros por contatos físicos
ou virtuais e que têm objetivo e necessidade comuns de resolver problemas, trocar experiências, descobertas, padrões, ferramentas e melhores práticas” e Aprendizagem Cooperativa é
“uma prática de aprendizagem onde pequenos grupos de estudantes, em equipe, trabalham
conjuntamente e ajudam uns aos outros”. A autora, através de uma pesquisa de campo, identificou os seguintes aspectos comuns entre CoP e Aprendizagem Cooperativa: colaboração, tomada de decisão em grupo, objetivos comuns, trocas sócio-cognitivas, consciência social,
construção de uma inteligência coletiva, tolerância e convivência com as diferenças, ações
conjuntas e coordenadas, responsabilidade do aprendiz pelo seu aprendizado e pelo do grupo,
relações hierárquicas e constante negociação. Dentro desta abordagem, Saint-Onge (2003)
também mostra que as CoP são o ambiente apropriado para promover a colaboração e, por
conseqüência, o aprendizado.
3.4 Grupos de usuários
Com o advento dos computadores, a necessidade da ação social do compartilhamento
de conhecimento, nesta área específica, não foi diferente de outras comunidades (TORVALDS,
2001), dado o enorme volume de informações disponíveis. Pessoas começaram a se reunir
para a socialização de informações sobre as tecnologias que foram sendo criadas.
Os primeiros grupos de usuários de informática foram criados no início da década de
1970 por amadores em eletrônica e hackers de computadores (SCULLEY & BYRNE, 1987, p.
58), que já participavam de clubes como o Homebrew Computer Club, então, um dos primeiros grupos de usuários dos Estados Unidos, que se reunia duas vezes por mês (SCHAFF, 1991;
LEVY, 1995). Kendall (2000) afirma que Gordon French fundou o Homebrew Computer Club
em 1975 e, inicialmente, todos se reuniam na sua garagem. Posteriormente, com o crescimento do grupo, as reuniões passaram a ser no auditório do Stanford Linear Acceletor Center.
A história de clubes como o Homebrew exemplificam bem a importância destes grupos de usuários no desenvolvimento da informática. Sculley (1987, página 140), conta que,
um tímido Steve Wosniak, o co-fundador da Apple Computers, mostrou neste clube seu primeiro computador, o protótipo do Apple 1, feito à mão em casa, com apenas 4K de memória
35
RAM, pois tentava impressionar seus colegas do Homebrew (HERTZFELD, 2005).
A APCUG – Association of Personal Computer User Groups18 descreve assim um
grupo de usuários: “DOS, Windows, MAC, Linux e Unix, de bancos de dados à programação
Web, eles começam com um seminário formal de treinamento sob o guarda-chuva de uma
corporação ou apenas um grupo de amigos compartilhando e aprendendo uns com os outros,
nossos membros todos têm uma coisa em comum ... eles são entusiastas por computadores.
Eles têm um desejo, não apenas de aprender mais sobre a “misteriosa” caixa chamada de
computador, mas também, de compartilhar seus conhecimentos com outros.”
No sítio da Borland19 encontramos sua definição de grupo de usuários como sendo
uma “organização de usuários de um produto específico de software ou hardware. Os membros compartilham experiências e idéias para aumentar seus conhecimentos sobre o uso de um
produto em particular. Grupos de usuários variam assim como os usuários, do espectro do informal ao das organizações formais. Entretanto, todos compartilham um propósito simples,
ajudar seus membros sobre como operar computadores pessoais. Um grupo de usuários pode
ser um grupo informal que se encontra todas as semanas na casa de um de seus membros, no
auditório de uma empresa, ou pode ser uma grande e sofisticada organização de negócios com
milhares de funcionários.”
Segundo Schaff (1991), a Apple Computers define um grupo de usuários como uma
afiliação de usuários da Apple dedicados a aumentar o uso dos seus sistemas Apple compartilhando informações, suporte e insights (palpites subjetivos) uns com os outros. Grupos de usuários formam-se em comunidades residenciais, sistemas escolares, corporações, agências
governamentais, universidades, associações profissionais e organizações nacionais. Apesar
das diversidades, todos os grupos de usuários Apple compartilham seu objetivo educacional.
20
Mas, o que são grupos de usuários? Segundo a Apple Computers , os Users Groups
(UG) são organizações criadas por pessoas interessadas em compartilhar informações sobre
computadores e o que podem realizar com a ajuda da tecnologia digital. Grupos de usuários
dizem respeito não só à tecnologia, mas também, às relações pessoais que dela resultam. Elas
estão unidas por um desejo comum de aumentar seus conhecimentos e desenvolver novas a-
18
19
20
http://www.apcug.net/APCUG/whatis_user_group.htm 30/12/2004
http://info.borland.com/programs/usergroups/startup/#what 30/12/2004
http://www.apple.com/usergroups/learnmore/answers/ 30/12/2004
36
mizades. Grupos de usuários ajudam seus membros nas dúvidas técnicas, fornecem conselhos
desinteressados quando da escolha de um programa e fornecem um ambiente amigável onde
pessoas podem aprender mais sobre seus computadores. Muitos grupos dão cursos, suporte
individual, encontros mensais, boletins informativos, descontos a membros, grupos de interesse específicos e, é claro, a inevitável camaradagem que todos os usuários de Macintosh compartilham. Grandes grupos oferecem programas de treinamento intensivo, laboratórios de
computação e bibliotecas de apoio. Ainda segundo informações disponíveis no sítio da Apple
Computers (2004), são dez as razões para uma pessoa aderir a um grupo de usuários: (i) Fazer
novos amigos; (ii) Obter suporte e aumentar seus conhecimentos; (iii) Ensinar; (4) Economizar; (v) Encontrar suporte local; (vi) Ponto de encontro; (vii) Fazer contatos comerciais; (viii)
Ser voluntário na comunidade; (ix) Aparecer para o mundo e (x) É diversão garantida.
Segundo Kawasaki (1993), um grupo de usuários é o local onde os formadores de opinião se congregam, sendo que seu principal objetivo é repassar informações. Seus membros
dedicam uma quantidade considerável de tempo e esforço dando aulas, publicando boletins e
apresentando mini-feiras, sem nenhum pagamento a não ser a satisfação de ajudar os outros.
Além de repassar informações, os grupos de usuários preenchem as necessidades sociais de
pessoas com interesse comum em se reunir em bandos.
A Borland sempre reconheceu a importância dos grupos de usuários. Philipe Kahn,
criador do Turbo Pascal, antigo CEO e Presidente, pessoalmente credita muito dos primeiros
sucessos da Borland aos grupos de usuários. “No início, a imprensa não dava atenção à Borland. Entretanto, a palavra veio através dos grupos de usuários e atraímos o que se seguiu, que
nos ajudou a crescer e nos tornar uma das grandes empresas de software.”
Qual é o papel de um grupo de usuários? Kawasaki (1993) afirma que eles podem acelerar o sucesso de um produto ou matá-lo na largada. Trabalhar efetivamente com grupos de
usuários pode anular a força de venda e recursos maiores do concorrente, porque os usuários
espalharão as novas para você. A maioria das pessoas dos grupos de usuários nunca vai comprar seu produto, mas vai comentar suas demonstrações, espalhar sua reputação e elogiar seu
atendimento. Sua palavra tem mais força que qualquer propaganda, segundo Kawasaki. “Abrir caminho até o coração do grupo de usuários é simples, porque os membros já estão predispostos a colaborar com você.” Kawasaki (1993) ainda afirma que, são quatro os papéis de
um Grupo de usuários: (i) Disseminar informações sobre o produto; (ii) Oferecer grandes e
37
entusiasmadas multidões sem nenhum custo; (iii) Reduzir custos de suporte técnico, (iv) dando aulas de treinamento e criando grupos de interesses específicos e (v) Evangelizar pessoas
nas empresas em que trabalham, mesmo que eles próprios não comprem o produto.
Gamse & Grunwald (2004?) destacam também a importância dos grupos de usuários
como uma fonte de recursos potencial para o treinamento e suporte tecnológico. Para esses
autores, a construção de comunidades eletrônicas se dá através de sete passos. Eles sugerem:
(i) Desenvolva um plano de relacionamentos; (ii) Selecione uma “plataforma” de relacionamentos; (iii) Venda para seus usuários; (iv) Treinamento e suporte técnico; (v) Configure e
gerencie um fórum on-line de informações públicas; (vi) Use as redes com o objetivo de colaboração e resolução de problemas e (vii) Crie um espírito de comunidade.
A partir da popularização da linguagem Java, tecnologia de programas de computadores voltada para a Internet, lançada em maio de 1995, começaram a se formar diversos grupos
de profissionais interessados em aprender e compartilhar conhecimentos sobre esta linguagem. Tais grupos são chamados de JUG (Java Users Group), ou Grupos de Usuários Java.
No Brasil, vários JUGs se formaram espontaneamente e têm proliferado, nestes últimos anos, tanto em número quanto na quantidade de afiliados. Entre tais grupos destaca-se o
DFJUG (OLIVEIRA, 2003, p. 62), grupo de Brasília constituído a partir de fevereiro de 1998.
Até o fim de Dezembro de 2004, o número de afiliados do DFJUG ultrapassava 8000 desenvolvedores. O DFJUG é hoje, segundo a Sun Microsystems, um dos maiores JUGs do mundo21.
Por outro lado, nos JUG, a cada dia surgem, naturalmente, problemas de gestão de relacionamentos, a diversidade de formação e interesses dos associados aos JUGs brasileiros e
de interesses oriundos da quantidade, muitos grupos com mais de 1000 membros (Apêndice
1). A propósito do número ideal de membros para uma Comunidade de Prática, Wenger
(2002, pg. 35 e 242) afirma que:
“Comunidades com menos de 15 pessoas são muito pessoais. Entre 15 e 50 participantes, os relacionamentos se tornam mais fluídos e diferenciados. Entre 50 e 150 as
comunidades tendem a se dividir em sub-grupos em torno de tópicos ou localização
geográfica. Além de 150 membros os sub-grupos normalmente desenvolvem identidades locais muito fortes. De acordo com antropólogos, comunidades “reais” raramente incluem mais de 150 membros, porque este é, em geral, o maior número que
pessoas podem se conhecer em termos de significância emocional. Sentimentos co21
http://servlet.java.sun.com/jugs/top25.jsp Julho/2004
38
munitários e de intimidade são tecidos para linhas de relacionamentos interpessoais
e estes tomam tempo e experiência para se desenvolver.”
Como vimos, este trabalho busca comprovar a hipótese de que um JUG é uma CoP,
idéia essa que nos parece ser intuitiva. No entanto, nem todos entendem dessa forma. McDermott (1999) afirma categoricamente que um grupo de usuários NÃO é uma CoP. Segundo
ele, tais grupos, tipicamente, têm pouco ou nenhum senso de identidade comum ou de propósito.
39
4. Materiais e métodos
“Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.”
Antonio Machado (1875-1939).
4.1 Etapas da pesquisa de campo
Este trabalho foi dividido em duas partes. Na primeira, foi realizada uma pesquisa bibliográfica e, na segunda, uma pesquisa de campo. A pesquisa bibliográfica teve como objetivo levantar o estado-da-arte no domínio das CoP. A partir dai, foram identificados os fatores
que a literatura considera como os mais significativos para o sucesso de uma CoP. A hipótese
básica foi formulada a partir do levantamento preliminar das referências bibliográficas disponíveis sobre Gestão do Conhecimento - GC, CoP, Comunidades Virtuais e CoP virtuais. Ao
todo, foram consultados mais de 200 trabalhos em inglês e português. Nesses trabalhos, procurou-se identificar os fatores relevantes que influenciam o estabelecimento e a operação das
CoP e que nos permitem afirmar que um JUG pode assim ser classificada. Foram levados em
conta os fatores que mais se destacaram na literatura consultada, restringindo, no entanto, o
conjunto de trabalhos em função do grau de complexidade de se fazer um estudo mais detalhado sobre o tema e do prazo disponível. Assim, foram identificados 21 trabalhos que atenderam a estas premissas e, neles, foram identificados 234 fatores relevantes (Apêndice 3),
sendo 09 fatores para Domínio, 137 para Comunidade e 88 para Prática. Para cada elemento
estrutural, os fatores relevantes foram agrupados em conjuntos que apresentavam características semelhantes:
• Em Domínio foram agrupados: (i) Tema (09).
• Em Comunidade foram agrupados: (i) Identidade (36), (ii) Membros (22), (iii) Emocionalidade (19), (iv) Limites (15), (v) Comunicação (13), (vi) Reputação (13), (vii) Governança (12), (viii) Cultura (04) e (ix) Tempo (03).
• Em Prática foram agrupados: (i) Organização (32), (ii) Ambiente (29), (iii) Aprendizado / Construto (22) e (iv) História (05).
Os conjuntos acima mencionados foram agrupados de maneira empírica, a partir da
análise dos termos mais freqüentemente utilizados na literatura consultada e os mais recursi40
vos foram empiricamente utilizados como título dos conjuntos de afirmações levantadas22.
Tema foi o termo identificado para o elemento estrutural Domínio (Anexo 3, Tabela 04a). Em
Comunidade, foram levantados os termos mais freqüentes Identidade, Membros, Emocionalidade, Limites, Comunicação, Reputação, Governança, Cultura e Tempo (Anexo 3, Tabelas b,
c, d, e, f, g, h, i e j, respectivamente). Em Prática foram agrupados: Organização, Ambiente,
Aprendizado e História (Anexo 3, Tabelas k, l, m e n, respectivamente).
Para a estrutura Comunidade, o fator Governança (MCDERMOTT, 2000) foi o escolhido por acreditarmos ser o mais aderente à proposta deste trabalho, que é a de realizar “um estudo dessa comunidade, sob o ponto de vista das CoP, e contribuir para seu melhor entendimento e assim subsidiar os coordenadores de JUGs a melhor conduzir suas atividades (ver
Seção 2.4). Para a Prática, o fator Aprendizado (WENGER, 1996) foi selecionado por entendermos ser ele um dos possíveis construtos de uma prática, pois esse é um dos principais motivos pelos quais os desenvolvedores procuram um JUG (Apêndice 2). Portanto, os três fatores (Tema, Governança e Aprendizado) foram selecionados porque são os mais aderentes ao
modelo estrutural proposto por Wenger, McDermott & Snyder (2002) e a proposta desta dissertação.
Na segunda parte deste trabalho, foi inicialmente levantado o público-alvo deste trabalho (Apêndice 2). A partir da 5ª Pesquisa Nacional Java, realizada entre Dezembro de 2004 e
Fevereiro de 2005 (Apêndice 1), estabeleceu-se que a comunidade Java brasileira é formada
por 25.730 desenvolvedores, que é representada por 191 JUG Leaders e Coordenadores dos
38 grupos presenciais e 05 grupos virtuais (OLIVEIRA, Março/2005). Essa comunidade foi
convidada a responder, entre 21 de maio e 21 de junho de 2005, um questionário (Apêndice
23
4), via Internet, disponibilizado em uma página do Instituto CTS .
Assim, as etapas básicas do estudo compreenderam:
(i) Elaboração de um questionário, de acordo com os fatores relevantes para o sucesso de
uma CoP identificados na literatura (Apêndice 4).
(ii) Identificação de um conjunto de pessoas que represente a comunidade de desenvolvedores Java brasileiros, assim como os JUG Leaders e coordenadores dos grupos de u22
23
Essa agregação, embora baseado no bom senso, uma vez que se procurou respeitar as idéias dos autores de
forma que nos pareceu mais apropriada, merece um estudo mais aprofundado, mas que, pela sua dimensão,
fugia ao escopo deste trabalho.
www.cts.org.br/pesquisa6/index.htm
41
suários Java: a população do estudo definida foi o conjunto dos membros dos JUGs
brasileiros, assim como seus dirigentes. Ver Apêndice 1.
(iii) Execução de um pré-teste do questionário, realizado com o objetivo de aperfeiçoar o
instrumento de coleta de dados, de modo a verificar os aspectos de inteligibilidade, usabilidade, robustez e tempo de preenchimento do sítio do questionário. O sítio final foi
desenvolvido a partir das sugestões recebidas após esse pré-teste. As respostas foram
persistidas em uma base de dados;
(iv) Convite ao preenchimento do questionário e recebimento das respostas. Foram enviados, por correio eletrônico, convites aos JUG Leaders dos grupos brasileiros para responderem o questionário, onde foi solicitado que o repassassem para suas respectivas
comunidades. Foram também enviados convites individuais para cada um dos coordenadores de JUGs brasileiros.
(v) Tabulação dos dados dos questionários;
(vi) Análise das respostas;
(vii) Elaboração das conclusões;
(viii) Formatação dos resultados.
4.2 Classificação da pesquisa
Segundo a classificação sugerida por Moresi (2003, p.8-9), esta pesquisa se classifica
como aplicada, pois, objetiva gerar conhecimento para a aplicação prática dirigida para um
problema específico. Quanto à abordagem, é quantitativa, pois traduz, em números, opiniões
e informações, classificando-as e analisando-as. Quanto aos fins, ela é descritiva, uma vez que
expõe características de determinada população. Quanto aos meios, é um misto de pesquisa
de campo e bibliográfica, por ser uma investigação empírica realizada no local onde ocorre o
fenômeno e, também, por ser um estudo sistematizado, desenvolvido com base em material
publicado em livros, revistas e redes eletrônicas.
4.3 População
Os entrevistados não representaram nenhuma restrição a este trabalho, pois, os mem42
bros da comunidade estudada já estão acostumados a participar, nos últimos anos, de pesquisas semelhantes (Apêndice 2) e, por isto, pôde-se obter um número de contribuições estatisticamente relevante. Para incentivar e retribuir a comunidade, foram oferecidos prêmios tanto
para os Coordenadores e JUG Leaders como para a comunidade em geral. A IBM do Brasil
patrocinou um Palm modelo Zire, com tela colorida, câmera digital e vídeo MP3, sorteado
entre esses Coordenadores e JUG Leaders participantes, e à editora Mundo que ofereceu à
comunidade em geral, também para sorteio, 10 coleções completas da revista MundoJava.
A população-alvo do presente estudo foi dividida em três subgrupos: (i) os membros
da comunidade que afirmaram não participar de nenhum grupo de usuários, (ii) os que afirmaram participar dos grupos de usuários Java brasileiros e (iii) os Coordenadores e JUG Leaders
destas mesmas comunidades. Isso permitiu avaliar o grau de harmonia entre dirigentes, dirigidos dos JUGs e a comunidade brasileira de desenvolvedores Java.
No quesito sexo, durante os últimos anos a participação feminina no mundo Java, que
vinha se mostrando constante em 12% em anos anteriores, caiu, em 2005, para 9%.
Com relação à idade dos desenvolvedores brasileiros como um todo, observou-se que
existe uma predominância nos membros na faixa dos 19 aos 24. Esse número que entre 2001
e 2003 correspondia, respectivamente, a 38%, 43%, e 41% dos membros da comunidade, corresponde, agora, a 44%. Essa mesma estabilidade pode ser observada, também, nas outras faixas etárias, com pequenas variações.
Onde vivem os desenvolvedores? Um em cada cinco “javaneses” brasileiros estão em
São Paulo (23%), seguido pelo Distrito Federal (14%), Santa Catarina (9%), Rio de Janeiro
(8%), Minas Gerais (7%) e Paraná (6%). Para os demais estados, esse valor está abaixo dos
4%.
Na área das especializações, observa-se que não houve grandes alterações. A maioria
(68%), como no passado, afirma ter curso superior. Observou-se que aumentou em 2% a faixa
dos desenvolvedores com mestrado e em 1% com doutorado, mas esses números não são significativos em relação à grande população.
Onde as pessoas estão aprendendo Java? Apesar da enorme massa de universitários, a
grande maioria afirma ser autodidata (47%). As pessoas preferem ainda estudar sozinhas, o
43
que corresponde a quase o dobro da segunda opção. Nota-se uma tendência moderada de queda nesta modalidade de aprendizado individual. Em 2001, era de 53%, 52% em 2002 e 48%
em 2003. Observa-se que mais pessoas estão aprendendo Java nas universidades (26%),
quando no ano passado esse valor era de 22%.
Quanto às certificações, fator importante de avaliação para os profissionais no mercado, observa-se que 79% ainda não as tem, valor esse que tem permanecido constante nos últimos anos. O que se observou foi que a certificação como Programmer cresceu de 12% para
17% e a de Web Designer dobrou, indo de 2% para quase 4%, o que ainda é pouco representativo.
A maioria das pessoas (67%) que programam com Java e participam dos JUGs o fazem profissionalmente (Carteira assinada - CLT ou Pessoa Jurídica - PJ). Isso é uma tendência que tem se firmado nos últimos anos, pois, por exemplo, os programadores Java assalariados passaram de 54% para 68%.
Os conhecimentos Java têm sido aplicados, em sua grande maioria, no desenvolvimento para a Web. No ano passado, 43% das aplicações eram em J2EE (Java 2 Enterprise Edition) para a Internet, indo, este ano, para 54%. É interessante observar que as aplicações J2ME
(Java 2 Micro Edition), ou seja, para celulares, dobraram, indo para 4% em um único ano.
Isto pode ser comprovado pela quantidade de oferta de empregos nesta área que têm aparecido, nos últimos meses, nas listas especializadas.
Apesar do sistema operacional mais utilizado pela comunidade continuar sendo o
Windows, que detêm mais de 75% do ambiente de desenvolvimento das aplicações Java, observa-se o crescimento da utilização do Linux no mercado, cuja participação passou de 10%
em 2001 aos atuais 21%, mostrando um crescimento significativo da aceitação pelo mercado
de ambientes baseados em sofware livre.
Ao analisar as ferramentas de desenvolvimento utilizadas pelos profissionais, observase que nas pesquisas dos anos anteriores não se fazia menção ao Eclipse, também baseado em
software livre. Se no ano de seu aparecimento, em 2003, esta ferramenta já atingiu 29% do
mercado, hoje sua utilização chega a 63%.
Quanto às aplicações de Java, não há predominância de nenhuma área. Usa-se Java na
44
área comercial (23%), governo (20%), uso interno nas corporações (14%), mercado financeiro
(10%) e assim por diante.
Merece destaque a importância que a comunidade Java brasileira dá aos JUG, mesmo
quando não estão a eles associados: 78% dos seus membros acredita que participar de um
JUG contribui para o seu desenvolvimento profissional.
A evolução histórica da formação acadêmica dos membros da comunidade também
merece destaque. A maioria quase absoluta dos desenvolvedores afirma que tem ou está freqüentando curso superior. Há uma forte derivada ascendente que, de 68% em 2001, é hoje de
93%. Num país como o nosso que conta com uma minoria da população com formação superior (apenas 6,8%, segundo o Censo IBGE de 2000), observa-se que 9 em cada 10 desenvolvedores Java têm ou teriam passado por uma escola de nível superior. O que se constata deste
fato é que, faltam desenvolvedores de nível médio no mercado ou os empregadores não se
interessam por profissionais sem formação acadêmica. De qualquer forma, observa-se que a
não contratação de profissionais de nível médio pode estar onerando desnecessariamente o
custo dos projetos Java.
4.4 Procedimento para obtenção da amostra
O tamanho da amostra foi definido com base no nível de confiança de 95% do universo pesquisado. Dessa forma, foi considerada a população calculada através do levantamento
realizado no final de 2004 e início de 2005 que definiu a população alvo desta pesquisa em
25.730 desenvolvedores (Apêndice 1).
Para o cálculo do erro máximo permitido foi utilizada a equação proposta por Moresi
(2003):
n=
o 2 pqN
e 2 ( N − 1) + o 2 pq
onde:
• n = Tamanho da amostra a determinar
• o2 = Nível de confiança 95% (desvio padrão) = 2
• p = Percentagem onde fenômeno verifica = 80
45
• q = Percentagem complementar = 20
• N = Tamanho da população = 25.730
• e2 = Erro amostral máximo permitido = 3
Utilizando a equação e os dados acima, chegou-se ao tamanho da amostra mínima ideal igual a 1.025 respondentes, para a população dos 25.750 membros que participam nos
JUGs brasileiros, com um nível de confiança de 95 ± 3%.
Foi aplicado um questionário composto de duas perguntas e quinze afirmações, aplicado a membros dos JUGs e desenvolvedores da comunidade Java brasileira aceitaram o convite inicial. O questionário foi distribuído em cinco categorias (1 - Discordo Totalmente, 2 Discordo Pouco, 3 - Em Dúvida, 4 - Concordo Pouco e 5 - Concordo Totalmente), conforme a
escala proposta por Likert (1932, apud FONSECA, 2001), onde os respondentes puderam afirmar seu grau de concordância ou discordância às opções oferecidas. Este questionário foi
composto pelos três fatores relevantes identificados no Apêndice 3, a saber: Tema (tópico,
mote ou assunto), Governança e Aprendizado (constructo, objeto ou reificação).
A escala de Likert foi escolhida por ser a mais fácil de construir e de aplicar, sendo
que a resposta do indivíduo é localizada diretamente em termos de atitude. Nesse âmbito,
propõe-se ao sujeito uma série de proposições padronizadas e solicita-se ao respondente manifestar seu grau de concordância com cada uma delas. O conjunto de respostas obtidas indicará
a direção e a intensidade da atitude (FONSECA, 2001).
4.5 Técnica de coleta de dados
Por ser uma pesquisa telematizada, foram construídas páginas JSP (Java Server Pages) desenvolvidas por uma equipe do Instituto CTS, composta por um WebDesigner e um
programador Java, que a postaram na Internet24. Associada a estas páginas, um banco de dados MySQL foi utilizado para a persistência das informações coletadas. Este foi armazenado
no provedor LocaWeb25.
Para maior confiabilidade da pesquisa, durante um mês a equipe de desenvolvimento
24
25
http://www.cts.org.br/pesquisa6/index.htm
www.locamail.com.br
46
do Instituto CTS, coordenadores do DFJUG e professores da Universidade Católica de Brasília, realizaram pré-testes, onde se averiguou a legibilidade, compreensão e clareza do texto
oferecido. Em 20 de Maio de 2005, realizou-se um teste de stress da base de dados, quando
foram gravados, em alguns minutos, 12.000 registros aleatórios, dando um resultado satisfatório.
47
5. Resultados
Relaxada, em um lugar confortável, raramente uma pessoa consegue pensar friamente.
Extrai-se a sabedoria de quem está à beira do abismo, lutando para sobreviver...
(NONAKA, 1997, p. 91).
5.1 Dados e informações sobre o universo da pesquisa
Após um mês que a pesquisa estava disponível na Internet (21/05 a 21/06 de 2005), foram obtidas 1.241 respostas espontâneas e voluntárias. Analisando a base de respostas, verificou-se que 11 registros de respondentes estavam duplicados, porém, os dados gravados eram
ligeiramente diferentes, como se houvesse uma tentativa de correção de informação previamente selecionada. Os registros duplicados foram arbitrariamente expurgados da base, preservando-se o mais novo (análise realizada através do TimeStamp do registro). Com isso, obtevese 1.230 registros para efeito desta pesquisa. Para uma população estimada em 25.730 desenvolvedores Java participantes dos 43 JUGs brasileiros, chegou-se, então, a um nível de confiança de 95 ± 2,5% .
Considerando o universo dos coordenadores participantes da pesquisa, alguns esclarecimentos também se fazem necessários. No levantamento realizado antes da mesma ser oferecida em maio de 2005, o censo mostrou que havia 191 JUG Leaders e Coordenadores nos 38
grupos presenciais e 05 grupos virtuais Java brasileiros, o que definiria, a princípio, o tamanho desta população. Quando foram enviados os convites aos coordenadores, 27 retornaram
como usuários inexistentes, o que foi confirmado depois em conversas com seus ex-colegas
de coordenação de JUG. Este fato demonstra a dinâmica que ocorre naturalmente dentro dos
grupos, como por exemplo, durante o mês da realização da pesquisa, quatro grupos de usuários Java deixaram de existir, uma vez que foram absorvidos pelo grupo de São Paulo, o SouJava.
O BelJUG de Belém (PA) se transformou em SouJava-Belém, o JavaComBr, de Brasília (DF), se transformou em SouJava-Brasília, o JavaCampinas (SP) se transformou em SouJava-Campinas e finalmente, o JUG-Petrópolis (RJ) se transformou em SouJava-Rio. Neste
mesmo período, três novos grupos foram criados, JUG Manaus - JugMao (AM), o JavaFree
Passo Fundo JUG (RS) e o OurJug - Grupo de usuários Java de Ourinhos (SP).
48
Nessa dinâmica, iniciou-se a pesquisa com 164 Coordenadores e JUG Leaders, em vez
dos 191 previstos inicialmente e, após quatro repetidos convites semanais, onde se explicava a
importância da pesquisa e se solicitava a adesão dos mesmos, obteve-se a participação de 70
responsáveis por JUG. Observou-se também nesse contingente que quatro coordenadores haviam respondido duas vezes o questionário que, assim como antes, seus registros mais antigos
foram expurgados. Portanto, para análise dos dados, considerou-se 66 respostas válidas, isto
é, 40% dos Coordenadores e JUG Leaders.
Usando a mesma equação anteriormente apresentada (seção 4.4), verifica-se que:
•
n = Tamanho da amostra a determinar = 66
• o2 = Nível de confiança 95% (desvio padrão) = 2
• p = Percentagem onde fenômeno verifica = 80
• q = Percentagem complementar = 20
• N = Tamanho da população = 164
• e2 = Erro amostral máximo permitido
Calculando o erro amostral máximo permitido (e2) para a população de 164 responsáveis pelos JUG brasileiros, chegou-se um nível de confiança de 95 ± 5,4%.
5.2 Apresentação dos resultados obtidos
São apresentados, a seguir, os dados quantitativos da pesquisa realizada. Inicialmente,
para melhor caracterizar os participantes da pesquisa (mesmo os coordenadores e JUG Leaders), foi pedido que cada um identificasse o JUG presencial (Pergunta 01 do questionário),
entre os trinta e oito existentes no Brasil ao qual ele(a) está associado(a). Foi, também, oferecida a possibilidade de marcar a opção Nenhum JUG, caso o respondente não fosse membro
de nenhum grupo presencial e, devido à dinamicidade da comunidade, a possibilidade de assinalar a opção JUG não listado, caso fizesse parte de algum JUG não relacionado na lista de
ofertas.
Dos respondentes, 244 desenvolvedores afirmaram não pertencer a nenhum grupo de
usuários. Apesar desta pesquisa estar relacionada, mas não exclusivamente direcionada, aos
49
JUG brasileiros e o convite para participação na pesquisa ter sido direcionado a estes grupos,
não excluíamos a possibilidade de não-membros participarem também da mesma, pois ao final da pesquisa, no e-mail de agradecimento, solicitávamos que cada respondente convidasse
todos os desenvolvedores Java por ele conhecidos a colaborar também, o que justifica o ocorrido. Assim, 19,8% dos respondentes afirmaram não fazer parte de um JUG. Isto mostra, por
um lado, o potencial para crescimento deste tipo de comunidade no Brasil ainda a ser explorado, e, por outro lado, que os JUG brasileiros ainda não conseguiram sensibilizar a totalidade
da comunidade para sua importância.
A partir da Tabela 01, observa-se que os JUG com maior número de respondentes foram exatamente os mais antigos e com mais tradição no Brasil (Apêndice 1), a saber, DFJUG
(Brasília), SouJava (São Paulo), RioJUG (Rio de Janeiro), MGJUG (Belo Horizonte) e RSJUG (Porto Alegre), sendo esse último o mais antigo do Brasil.
Foi, ainda, pedido aos respondentes que identificassem dos cinco JUG virtuais existentes no Brasil (Figura 04), aquele o qual ele(a) estava associado. Foi oferecida a possibilidade
de marcar a opção “Não faço parte de nenhum grupo virtual”, caso o respondente que não estivesse cadastrado em nenhum portal JUG. Outra possibilidade oferecida foi a opção “Meu
grupo virtual não está na lista”, caso seu grupo virtual não estivesse relacionado na lista de
ofertas.
Observou-se que, apesar do PortalJava ter sido o mais escolhido entre os 5 grupos virtuais existentes (28,9%), o segundo quesito foi “Nenhum JUG” (23,5%), o que mostra que, ou
a comunidade não se interessa por grupos puramente virtuais, ou ela ainda não assimilou a
importância da contribuição oferecida por este tipo de grupo baseado exclusivamente na Internet. As outras opções foram GUJ (18,7%), Java-Br (2,7%), Java-Br Orkut (2,8%), JavaFree
(17,6%) e JUG não listado (5,6%).
50
Tabela 01: Relação entre os respondentes e os JUGs brasileiros
51
Figura 04: Relação dos respondentes com os 5 maiores grupos virtuais conhecidos do Brasil
400
356
350
250
GUJ
289
300
Java-Br
230
217
Java-Br Orkut
200
JavaFree
150
PortalJava
Nenhum JUG
100
71
35
32
50
JUG nao listado
Ja
va
Fr
ee
Po
rta
lJ
av
Ne
a
nh
um
JU
JU
G
G
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UJ
0
Na Tabela 02a, é reproduzida a relação quantitativa entre as 13 afirmações, agrupadas
nos três fatores relevantes selecionados (Tema, Governança e Aprendizado), e o número de
respondentes, de acordo com o seu respectivo grupo comunitário (Comunidade que afirmou
que não faz parte de nenhum JUG, a comunidade que participa de JUG e o grupo que representa os Coordenadores e JUG Leaders). Para maior simplicidade é utilizada a seguinte escala
numérica: 1 - Discordo totalmente, 2 - Discordo pouco, 3 - Em dúvida, 4 - Concordo pouco e
5 - Concordo totalmente.
Três frases da Tabela 04a, relativas ao fator relevante Tema, dos autores McDermott
(1999), Le Moult (2002) e McDermott (2000), serviram de base para a criação das afirmações
que foram submetidas à comunidade. Estas geraram, respectivamente, as seguintes afirmações:
• “O JUG proporciona discussões sobre temas que são estrategicamente importantes para
mim, como profissional”,
• “Ao participar de um JUG, estou envolvido em algo GRANDE em relação ao tema
tratado” e
• “O JUG aborda assuntos que estão no coração do negócio no qual estou envolvido”.
52
Tabela 02a: Relação entre afirmações e respondentes, de acordo com o seu respectivo grupo
Afirmação
Comunidade sem JUG
Comunidade JUG
Coordenadores
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
5
12
25
86
114
13
40
54
317
498
1
1
0
16
48
15
23
56
87
61
33
75
14
9
348
317
1
1
5
20
39
14
25
50
91
62
28
11
2
94
392
296
0
5
5
28
28
04. Todo JUG de sucesso tem uma pessoa ou grupo chave que detém alguma
responsabilidade ativa na condução da comunidade
5
15
32
65
125
20
25
64
197
616
0
1
3
15
47
05. Todo JUG tem um grupo principal ativo e apaixonado com o assunto da comunidade
2
6
25
60
149
8
21
50
237
606
0
0
3
12
51
9
13
24
75
121
24
36
60
211
591
2
0
6
17
41
6
11
35
77
113
13
41
82
298
488
0
1
1
15
49
4
12
44
78
104
8
26
10
8
294
486
1
1
5
19
40
09. O JUG agrega conhecimentos e experiências
2
6
15
44
175
8
8
25
179
702
0
0
1
7
58
10. O JUG auxilia na atualização técnica de seus membros
1
8
28
51
154
12
25
56
233
596
0
0
1
14
51
2
12
28
62
138
14
27
65
286
530
0
2
2
18
44
7
9
22
41
163
22
24
58
147
671
1
0
1
12
52
4
6
23
68
141
10
24
68
274
546
0
0
1
14
51
Tema
01. O JUG proporciona discussões sobre temas que são estrategicamente importantes
para mim, como profissional
02. Ao participar de um JUG, estou envolvido em algo GRANDE em relação ao tema
tratado
03. O JUG aborda assuntos que estão no coração do negócio no qual estou envolvido
Governança
06. Todo JUG deve ter um respeitado membro da comunidade que atue como
coordenador
Comunidades são mantidas por pessoas que se preocupam com a comunidade
07. Todo JUG tem um grupo de formadores de opinião, pois eles colocam "energia"
dentro da comunidade
08. Os coordenadores do JUG e os membros da comunidade assumem voluntariamente
responsabilidades gerenciais, permitindo assim que a comunidade cresça de forma
ordenada
Aprendizado
11. O JUG auxilia seus membros no desenvolvimento de suas habilidades técnicas e na
transferência das melhores práticas profissionais
12. Ninguém é dono de um JUG. Pessoas vêm e ficam porque tem algo a aprender e a
contribuir
13. Os membros do JUG aprendem coisas e se preparam para futuros trabalhos
53
Tabela 02b: Afirmações e respostas extras, relativas ao fator relevante Limite
Afirmação
Comunidade sem JUG
Comunidade JUG
Coordenadores
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
14. A comunidade sabe porque ela existe, o que e quem é externo e interno ao JUG
10
21
85
85
41
33
77
261
284
267
3
6
12
24
21
15. Ao participar de um JUG, tornei-me membro de algo como um clube exclusivo
72
38
66
44
22
280
173
137
210
122
27
14
4
13
8
Limites
54
Os resultados obtidos são apresentados nas paginas que se seguem.
Para o fator relevante Governança, as afirmações submetidas à comunidade foram:
• “Todo JUG de sucesso tem uma pessoa ou grupo chave que detém alguma responsabilidade ativa na condução da comunidade”,
• “Todo JUG tem um grupo principal ativo e apaixonado com o assunto da comunidade”,
• “Todo JUG deve ter um respeitado membro da comunidade que atue como coordenador. Comunidades são mantidas por pessoas que se preocupam com a comunidade”,
• “Todo JUG tem um grupo de formadores de opinião, pois eles colocam "energia" dentro
da comunidade” e
• “Os coordenadores do JUG e os membros da comunidade assumem voluntariamente
responsabilidades gerenciais, permitindo assim que a comunidade cresça de forma ordenada”.
As 5 afirmações acima citadas foram inspiradas nas frases apresentadas na Tabela 04h,
dos autores Wenger (2001), McDermott (2000), com três afirmações e Mongoose (2004), respectivamente.
As 5 afirmações relativas ao fator relevante Aprendizado do elemento estrutural Prática foram baseadas entre as 22 frases apresentadas na Tabela 04m, dos autores Alle (2000),
Wenger & Snyder (2000), Clark (2004) e Le Moult (2002). Essas afirmações são, respectivamente:
• “O JUG agrega conhecimentos e experiências”,
• “O JUG auxilia na atualização técnica de seus membros”,
• “O JUG auxilia seus membros no desenvolvimento de suas habilidades técnicas e na
transferência das melhores práticas profissionais”,
• “Ninguém é dono de um JUG. Pessoas vêm e ficam porque tem algo a aprender e a contribuir” e
• “Os membros do JUG aprendem coisas e se preparam para futuros trabalhos”.
A seguir, a opinião da comunidade em relação às 13 afirmações apresentadas.
55
Duas afirmações relativas ao elemento estrutural Comunidade foram inseridas na
pesquisa porque, apesar de não fazerem parte do escopo deste trabalho, a nosso ver, são
importantes para cumprir um dos objetivos específicos propostos para esta pesquisa (Item
2.4.2): “Apresentar recomendações de características de CoP que possam ser apropriadas
pelos JUG brasileiros”. Aproveitou-se a rara oportunidade de se ter toda a comunidade
engajada em colaborar com o sucesso deste trabalho e se inseriu duas afirmações relativas a
Limites, para analise dos respondentes (Tabela 2b): “A comunidade sabe porque ela existe, o
que e quem é externo e interno ao JUG” (frase baseada na afirmação de Mongoose, 2004) e
“Ao participar de um JUG, tornei-me membro de algo como um clube exclusivo” (frase
baseada na afirmação de Le Moult, 2002). O assunto Limites nas CoP é abordado por nove
diferentes autores, com quinze citações referenciadas na Tabela 04e, inclusive, extensamente,
por Wenger (1996, 2001, 2002 e 2002). Os resultados obtidos também são apresentados
separadamente. Portanto, o questionário apresentado à comunidade foi composto, ao todo, de
quinze afirmações: 13 relativas ao escopo deste trabalho e 2 relativas a limites.
Tema
Afirmação 01 - O JUG proporciona discussões sobre temas que são estrategicamente
importantes para mim, como profissional.
A frase acima veio da afirmação de McDermott (1999): Construa comunidades em
tópicos estrategicamente importantes, (“Build communities on strategically important topics”)
da Tabela 04a. Uma porcentagem expressiva dos membros da comunidade de
desenvolvedores que afirma não fazer parte de nenhum JUG (88%) concordam com a
afirmação (total ou parcialmente) e 6% discordam (total ou parcialmente) (Figura 5). Os
membros da comunidade participantes dos grupos de usuários concordam com a afirmação
proposta (total ou parcialmente) em 89% e 5% discordam (total ou parcialmente). Entre os
responsáveis pela condução dos JUG, este valor cresce para 96% (total ou parcialmente) e
apenas 4% discordam.
56
Comunidade sem JUG
= Discordo totalmente,
Comunidade JUG
= Discordo pouco,
= Em dúvida,
= Concordo pouco,
Coordenadores
= Concordo totalmente
Figura 05: O JUG proporciona discussões sobre temas que são estrategicamente importantes
para mim, como profissional
Estes dados são corroborados pelos resultados da V Pesquisa nacional Java (Apêndice
2), onde, analisando o Gráfico 9 (Perfil dos profissionais Java que participam de um JUG),
observa-se que 68% dos participantes recebem seus vencimentos (Mensalista ou Pessoa Jurídica). Portanto, para eles, a participação em um JUG é um fator importante para o seu desenvolvimento como profissional Java.
Afirmação 02 - Ao participar de um JUG, estou envolvido em algo grande em relação
ao tema tratado.
Essa afirmação foi cunhada a partir da seguinte afirmação de Le moult (2002): [Membros de uma CoP] estão envolvidos em algo grande (“... They are involved in something
big”), da Tabela 04a. Para a maioria dos membros da comunidade de desenvolvedores que
afirma não fazer parte de nenhum JUG, 61%, concordam com a afirmação (total ou parcialmente), 23% ficou em dúvida, talvez por não fazer parte do JUG e não ter conhecimento sobre suas atividades internas, e 16% discorda total ou parcialmente (Figura 6). Dos membros
da comunidade que participam dos JUGs, 69% concorda total ou parcialmente com a afirmação proposta e 12% discorda total ou parcialmente. Entre os responsáveis pela condução dos
JUGs, esses valores são de 89% de concordância total ou parcial e apenas 4% discorda.
57
Comunidade sem JUG
= Discordo totalmente,
Comunidade JUG
= Discordo pouco,
= Em dúvida,
= Concordo pouco,
Coordenadores
= Concordo totalmente
Figura 06: Ao participar de um JUG, estou envolvido em algo GRANDE em relação ao tema
tratado
Afirmação 03 - O JUG aborda assuntos que estão no coração do negócio no qual estou
envolvido.
Para mostrar que CoP são importantes McDermott (2000) sugere que elas sejam formadas em torno dos assuntos que estejam no coração do negócio. Daí sua afirmação: Foque
em tópicos importantes para o negócio e para os membros da comunidade (“Focus on topics
important to the business and community members”) frase citada na Tabela 04a. Uma expressiva maioria dos membros da comunidade de desenvolvedores que afirma não fazer parte de
nenhum JUG (63%) concorda total ou parcialmente com a afirmação, 21% ficou em dúvida,
talvez por não fazer parte do JUG e não terem certeza do que acontece internamente, e 16%
discordam total ou parcialmente (Figura 7). Os membros da comunidade participantes dos
grupos de usuários concordam total ou parcialmente com a afirmação proposta (75%), sendo
que 15% discorda total ou parcialmente. Entre os responsáveis pela condução dos JUGs, este
valor vai a 84% de concordância (total ou parcialmente) e apenas 8% discordam.
Comunidade sem JUG
= Discordo totalmente,
Comunidade JUG
= Discordo pouco,
= Em dúvida,
= Concordo pouco,
Coordenadores
= Concordo totalmente
Figura 07: O JUG aborda assuntos que estão no coração do negócio no qual estou envolvido
Comparando estes dados com o gráfico 14 (Mercado) da V Pesquisa nacional Java
(Apêndice 2), observa-se que o mercado para os profissionais Java brasileiros é muito bem
58
distribuído, homogêneo, não havendo nenhuma preponderância significativa sobre os demais.
Quando 41% dos membros da comunidade afirma que concorda pouco com a afirmação, pode-se entender isso como uma sinalização de que os temas abordados pelos JUGs estão próximos ao negócio em que estão envolvidos, mas não totalmente. Por outro lado, nota-se a existência de um descompasso difícil de resolver entre o que a comunidade quer discutir nos
grupos e o que tem sido efetivamente oferecido, em função da diversidade do mercado Java
brasileiro.
Governança
Afirmação 04 - Todo JUG de sucesso tem uma pessoa ou grupo chave que detém alguma responsabilidade ativa na condução da comunidade.
Esta frase veio da seguinte afirmação de Wenger (2001) Tabela 04h: Construção ativa
da comunidade. Comunidades de prática de sucesso normalmente têm uma pessoa ou grupo
chave que detêm alguma responsabilidade ativa no conduzir a comunidade (“Active community-building - Successful communities of practice usually have a person or core group who
take some active responsibility for moving the community along”). Para a maioria dos membros da comunidade de desenvolvedores que não faz parte de nenhum JUG (79%), a afirmação é total ou parcialmente aceitável e 8% discorda total ou parcialmente. 88% dos membros
da comunidade participantes dos grupos de usuários concorda total ou parcialmente com a
afirmação proposta e 5% discordam total ou parcialmente (Figura 8). Entre os responsáveis
pela condução dos JUGs, esse valor cresce significativamente para 93% (total e parcialmente)
e somente 2% discorda.
Comunidade sem JUG
= Discordo totalmente,
Comunidade JUG
= Discordo pouco,
= Em dúvida,
= Concordo pouco,
Coordenadores
= Concordo totalmente
Figura 08: Todo JUG de sucesso tem uma pessoa ou grupo chave que detém alguma
responsabilidade ativa na condução da comunidade
59
Afirmação 05 - Todo JUG tem um grupo principal ativo e apaixonado com o assunto
da comunidade.
McDermott (2000) afirma (Tabela 04h:): Desenvolva um grupo principal ativo e apaixonado (“Develop an active passionate core group”). Dos membros da comunidade de desenvolvedores que afirma não fazer parte de nenhum JUG, 87% concorda com a afirmação (total
e parcialmente) e 3% discorda total ou parcialmente (Figura 9). Os membros da comunidade
participantes dos grupos de usuários concordam total ou parcialmente com a afirmação proposta (92%) e apenas 3% discorda total ou parcialmente. Entre os responsáveis pela condução
dos JUGs, esse valor cresce expressivamente para 95% (total ou parcialmente) e não houve
discordância (0%).
Comunidade sem JUG
= Discordo totalmente,
Comunidade JUG
= Discordo pouco,
= Em dúvida,
= Concordo pouco,
Coordenadores
= Concordo totalmente
Figura 09: Todo JUG tem um grupo principal ativo e apaixonado com o assunto da
comunidade
Afirmação 06 - Todo JUG deve ter um respeitado membro da comunidade que atue
como coordenador. Comunidades são mantidas por pessoas que se preocupam com a comunidade.
Esta frase veio da seguinte afirmação de McDermott (2000) (Tabela 04h): Encontre
um respeitado membro da comunidade que atue como coordenador. Comunidades são mantidas por pessoas que se preocupam com a comunidade (“Find a well-respected community
member to act as coordinator. Communities are held together by people who care about the
community”). Dos membros da comunidade de desenvolvedores que afirma não fazer parte de
nenhum JUG, 81% concorda total e parcialmente com a afirmação e 9% discorda total ou parcialmente (Figura 10). 86% dos membros da comunidade participantes dos grupos de usuários
concorda total ou parcialmente com a afirmação proposta e 5% discorda total ou parcialmente. Entre os responsáveis pela condução dos JUGs este valor cresce para 88% (total ou parcialmente) e somente 3% discorda. Há sintonia de opinião entre os participantes dos JUGs e
seus coordenadores, uma vez que parte significativa (média de 87%) concorda com a impor60
tância de se ter elementos respeitados pela comunidade como dirigentes.
Comunidade sem JUG
= Discordo totalmente,
Comunidade JUG
= Discordo pouco,
= Em dúvida,
= Concordo pouco,
Coordenadores
= Concordo totalmente
Figura 10: Todo JUG deve ter um respeitado membro da comunidade que atue como
coordenador. Comunidades são mantidas por pessoas que se preocupam com a comunidade
Afirmação 07 - Todo JUG tem um grupo de formadores de opinião, pois, eles colocam
"energia" dentro da comunidade.
McDermott (2000) afirma (Tabela 04h): Envolva formadores de opinião. Ter formadores de opinião o mais rápido possível, preferencialmente desde o início, é uma das chaves para colocar energia dentro da comunidade (“Involve thought leaders. Getting respected thought
leaders involved as soon as possible, preferably from the start, is one of the key ways to build
energy in the community”). Para 79% dos membros da comunidade de desenvolvedores que
afirma não fazer parte de nenhum JUG, a afirmação é total ou parcialmente aceitável (Figura
11). Só 7% discorda total ou parcialmente. Uma parte significativa dos membros da comunidade participantes dos grupos de usuários (86%) concorda total ou parcialmente com a afirmação proposta, sendo que 5% discorda total ou parcialmente. Entre os responsáveis pela
condução dos JUGs este valor cresce para 96% de aceitação (total ou parcial) e há apenas 2%
de discordância.
Comunidade sem JUG
= Discordo totalmente,
Comunidade JUG
= Discordo pouco,
= Em dúvida,
= Concordo pouco,
Coordenadores
= Concordo totalmente
Figura 11: Todo JUG tem um grupo de formadores de opinião, pois, eles colocam "energia"
dentro da comunidade
61
Tanto os membros dos grupos Java como seus dirigentes entendem a importância de
existirem nos JUGs pessoas respeitadas pela comunidade, com uma média de 92%. Estas não
têm responsabilidades na condução do grupo, mas sua presença e respeitabilidade são elementos fundamentais para apontar os rumos da comunidade.
Afirmação 08 - Os coordenadores do JUG e os membros da comunidade assumem voluntariamente responsabilidades gerenciais, permitindo assim que a
comunidade cresça de forma ordenada.
Esta frase veio da seguinte afirmação (MONGOOSE, 2004) (Tabela 04h): Governança –
Os facilitadores e os membros da comunidade assumem responsabilidades gerenciais uns com
os outros, permitindo assim que a comunidade cresça (“Governance. The facilitators and
members of the community assign management duties to each other, allowing the community
to grow”). Para a maioria dos membros da comunidade de desenvolvedores que afirma não
fazer parte de nenhum JUG (75%), a afirmação está total ou parcialmente correta, mas não
para 7% deles, que discorda total ou parcialmente (Figura 12). A afirmação tem uma grande
aceitação entre os membros da comunidade participantes dos grupos de usuários, pois 84%
deles concorda total ou parcialmente com a afirmação proposta, ao contrário de 4% deles que
discordam total ou parcialmente. Entre os responsáveis pela condução dos JUGs, este valor
cresce expressivamente para 88% de aceitação total ou parcial e apenas 4% de discordância.
Comunidade sem JUG
= Discordo totalmente,
Comunidade JUG
= Discordo pouco,
= Em dúvida,
= Concordo pouco,
Coordenadores
= Concordo totalmente
Figura 12: Os coordenadores do JUG e os membros da comunidade assumem
voluntariamente responsabilidades gerenciais, permitindo assim que a comunidade cresça de
forma ordenada
Aprendizado
Afirmação 09 - O JUG agrega conhecimentos e experiências.
Allee (2000) afirma que as CoP agregam conhecimentos e experiências em uma popu62
lação maior (“... embed knowledge and expertise in a larger population”) (Tabela 04m). A
maioria (91%) dos membros da comunidade de desenvolvedores que afirma não fazer parte de
nenhum JUG concorda total ou parcialmente com a afirmação e 3% discordam total ou parcialmente (Figura 13). Há consenso entre os membros da comunidade participantes dos grupos
de usuários, pois 95% deles concorda total ou parcialmente com a afirmação proposta e só 2%
discordam total ou parcialmente. Entre os responsáveis pela condução dos JUGs, este valor
cresce expressivamente para 98% de concordância total ou parcial e não há nenhuma discordância. Assim, não há dúvida (média de 94% de concordância) de que cabe à comunidade,
como um todo, a responsabilidade por sua evolução como grupo.
Comunidade sem JUG
= Discordo totalmente,
Comunidade JUG
= Discordo pouco,
= Em dúvida,
= Concordo pouco,
Coordenadores
= Concordo totalmente
Figura 13: O JUG agrega conhecimentos e experiências
Afirmação 10 - O JUG auxilia na atualização técnica de seus membros.
Cabe, mais uma vez, a Allee (2000) afirmar (Tabela 04m): Auxiliam na atualização do
trabalhador do conhecimento (“Help a knowledge worker stay current”). A maioria (85%) dos
membros da comunidade de desenvolvedores que afirma não fazer parte de nenhum JUG concorda total ou parcialmente com a afirmação e apenas 3% discorda total ou parcialmente (Figura 14). 90% dos membros da comunidade participantes dos grupos de usuários concorda
total ou parcialmente com a afirmação proposta e só 4% discorda total ou parcialmente. Entre
os responsáveis pela condução dos JUGs este valor cresce expressivamente para 92% de concordância total ou parcial, não havendo nenhuma discordância. Observa-se que a comunidade
de desenvolvedores, em peso, entende que os JUGs são fundamentais para seu aprimoramento
técnico, o que reafirma a posição identificada na V Pesquisa nacional Java (Apêndice 2) onde,
no gráfico 12 (Opinião sobre JUG), constata-se que 79% da comunidade afirma que os grupos
de usuários Java são importantes para seus desenvolvimentos profissionais.
63
Comunidade sem JUG
= Discordo totalmente,
Comunidade JUG
= Discordo pouco,
= Em dúvida,
= Concordo pouco,
Coordenadores
= Concordo totalmente
Figura 14: O JUG auxilia na atualização técnica de seus membros
Afirmação 11 - O JUG auxilia seus membros no desenvolvimento de suas habilidades
técnicas e na transferência das melhores práticas profissionais.
Foram Wenger & Snyder (2000) que afirmaram que as CoP desenvolvem habilidades
profissionais e, também, transferem as melhores práticas (Tabela 04m) (“They develop professional skills and also transfer best practices”). A maioria (82%) dos membros da comunidade de desenvolvedores que afirma não fazer parte de nenhum JUG concorda total ou parcialmente com a afirmação, sendo que 6% discorda total ou parcialmente (Figura 15). Dos
membros da comunidade participantes dos grupos de usuários, 88% concorda total ou parcialmente com a afirmação proposta e 5% discorda total ou parcialmente. Entre os responsáveis
pela condução dos JUGs, esse valor cresce para 94% de concordância total ou parcial e apenas 3% de discordância.
Comunidade sem JUG
= Discordo totalmente,
Comunidade JUG
= Discordo pouco,
= Em dúvida,
= Concordo pouco,
Coordenadores
= Concordo totalmente
Figura 15: O JUG auxilia seus membros no desenvolvimento de suas habilidades técnicas e
na transferência das melhores práticas profissionais
A maioria da comunidade (88%) entende, então, que os grupos de usuários Java são
importantes para o seu aprimoramento técnico e os auxiliam na incorporação de novas práticas em suas organizações.
64
Afirmação 12 - Ninguém é dono de um JUG. Pessoas vêm e ficam porque tem algo a
aprender e a contribuir.
Esta frase veio da afirmação de Clark (2004) (Tabela 04m), segundo a qual as CoP são
responsáveis somente por si próprias. Ninguém é dono, pessoas vêm e ficam porque têm algo
para aprender e para contribuir (“They are responsible only to themselves. No one owns them.
People join and stay because they have something to learn and to contribute”). Para a maioria
dos membros da comunidade de desenvolvedores que afirma não fazer parte de nenhum JUG
(84%), a afirmação é total ou parcialmente aceitável, mas não para 7% deles, que discorda
total ou parcialmente (Figura 16). Para dos membros da comunidade participantes dos grupos
de usuários, esses valores são de 89% e 5%, respectivamente. Entre os responsáveis pela condução dos JUGs, esses valores são 96% e 2%.
Comunidade sem JUG
= Discordo totalmente,
Comunidade JUG
= Discordo pouco,
= Em dúvida,
= Concordo pouco,
Coordenadores
= Concordo totalmente
Figura 16: Ninguém é dono de um JUG. Pessoas vêm e ficam porque tem algo a aprender e a
contribuir
Afirmação 13 - Os membros do JUG aprendem coisas e se preparam para futuros trabalhos.
Finalmente, Le Moult (2002) afirma que os membros de uma CoP aprendem coisas e
se preparam para futuros trabalhos (Tabela 04m) (“They learn things and prepare themselves
for future jobs”). A maioria dos membros da comunidade de desenvolvedores que afirma não
fazer parte de nenhum JUG: 86% concorda total ou parcialmente com a afirmação e 4% discorda total ou parcialmente (Figura17). Para 89% dos membros da comunidade participantes
dos grupos de usuários, a afirmação proposta é total ou parcialmente aceitável e somente 4%
discorda total ou parcialmente. Entre os responsáveis pela condução dos JUGs, a aceitação
total ou parcial atinge 98%, sem nenhuma discordância. Assim, a comunidade, de forma contundente, entende que o papel dos JUGs é de aprendizado, pois, aproximadamente 91% dos
respondentes entende que participar de uma CoP os auxilia em seus trabalhos.
65
Comunidade sem JUG
= Discordo totalmente,
Comunidade JUG
= Discordo pouco,
= Em dúvida,
= Concordo pouco,
Coordenadores
= Concordo totalmente
Figura 17: Os membros do JUG aprendem coisas e se preparam para futuros trabalhos
Limites
Como dito anteriormente, a duas afirmações que se seguem foram inseridas na pesquisa porque, apesar de não fazerem parte do escopo deste trabalho, a nosso ver, são importantes
para cumprir o objetivo específico (item 2.4.2): “Apresentar recomendações de características
de CoP que possam ser apropriadas pelos JUGs brasileiros”. São aqui tratadas separadamente,
com a finalidade somente de contribuir com a comunidade Java brasileira que objetiva melhor
compreender a dinâmica social que acontece dentro de seus grupos. O fator relevante Limite,
do elemento estrutural Comunidade é também extensamente tratado pelos autores consultados
(9 autores, 15 citações, na Tabela 04e)
Afirmação 14 - A comunidade sabe por que ela existe, o que e quem é externo e interno
ao JUG.
Essa frase veio do seguinte princípio da Mongoose (2004): A comunidade sabe o porquê de sua existência, o que e quem é externo e interno (“The community knows why it exists
and what or who is outside and inside”). Para a maioria dos membros da comunidade de desenvolvedores que afirma não fazer parte de nenhum JUG, 52%, concorda total ou parcialmente com a afirmação, 35% ficou em dúvida e 13% discordam total ou parcialmente (Figura
18). Os membros da comunidade participantes dos grupos de usuários concordam total ou
parcialmente com a afirmação proposta (60%), 28% ficou em dúvida e 12% discorda total ou
parcialmente. Entre os responsáveis pela condução dos JUGs, esse valor cresce expressivamente para 68% (total ou parcialmente), 18% ficou em dúvida e apenas 14% discorda.
66
Comunidade sem JUG
= Discordo totalmente,
Comunidade JUG
= Discordo pouco,
= Em dúvida,
= Concordo pouco,
Coordenadores
= Concordo totalmente
Figura 18: A comunidade sabe porque ela existe, o que e quem é externo e interno ao JUG
Observa-se que essa questão gerou alguma controvérsia. Por volta de 20% dos respondentes não soube se posicionar quanto a tal afirmação. Nota-se, portanto, que o conceito dos
limites da comunidade não está muito claro entre seus membros. Por outro lado, deve-se observar que a participação nos JUGs é livre, voluntária e muito dinâmica. Pessoas vêm e vão
embora sem nenhuma exigência posterior e, portanto, a definição de limites fica muito tênue e
fluida.
Afirmação 15 - Ao participar de um JUG, tornei-me membro de algo como um clube
exclusivo.
Le Moult (2002) propõe que os participantes de um CoP tornam-se membros de algo
como um clube exclusivo (“They become members of something like an exclusive club”).
Para os membros da comunidade de desenvolvedores que afirmam não fazer parte de nenhum
JUG, 27% concorda total ou parcialmente com a afirmação, 27% ficaram em dúvida, talvez
por não fazerem parte do JUG, e 46% discorda total ou parcialmente (Figura 19). 36% dos
membros da comunidade participantes dos grupos de usuários concorda total ou parcialmente
com a afirmação proposta e 49% discorda total ou parcialmente. Entre os responsáveis pela
condução dos JUGs, 32% concorda total ou parcialmente e 62% discorda da afirmação.
Comunidade sem JUG
= Discordo totalmente,
Comunidade JUG
= Discordo pouco,
= Em dúvida,
= Concordo pouco,
Coordenadores
= Concordo totalmente
Figura 19: Ao participar de um JUG, tornei-me membro de algo como um clube exclusivo
67
Observa-se que a afirmação foi rejeitada por 52% pelos respondentes, em média. Sobre a afirmação em questão, alguns respondentes foram indagados e declararam que não se
vêem participando de grupos “exclusivistas”, “segregacionistas”, entendendo, ao contrário,
que participam de uma comunidade aberta. No entanto, se assim o fosse, a noção dos limites
seria bem definida, o que entraria em contradição com o resultado constatado para a Afirmação 03. Os dados indicam uma clara noção de auto-imagem da comunidade, que não aceita
limites. Isso, porém, é discutível, uma vez que, como qualquer grupo humano, estão sujeitos à
incorporação de valores sem uma clara relação com a racionalidade (pré-conceitos).
68
6. Análise de resultados
Crie como um deus,
Comande como um rei,
Trabalhe como um escravo,
Programe como um desenvolvedor Java!
Guy Kawasaki 05/Maio/1996
(adaptado)
O objetivo desta pesquisa foi verificar, junto a uma amostra de membros dos 43 grupos de usuários Java, se os fatores que constam da hipótese permitem afirmar que os três elementos estruturais de uma Comunidade de Prática se encontram identificados nos grupos de
usuários Java brasileiros. Foi elaborado um questionário para verificar se os elementos estruturais de uma CoP (Domínio, através do fator relevante Tema, Comunidade, através do fator
relevante Governança, e Prática, através do fator relevante Aprendizado) estão presentes na
composição de um JUG. Um conjunto de 1025 membros da comunidade Java brasileira respondeu o questionário, cujos dados estão condensados na Tabela 03.
A partir dos dados obtidos na pesquisa, foi possível se chegar a algumas constatações,
apresentadas a seguir. Na Tabela 3, são mostrados, de forma compacta, os resultados previamente apresentados ao longo de todo o Capítulo 5 e condensados na Tabela 02a. Aqui, se
procura apresentar, de forma mais sintética, apenas as 13 afirmações oferecidas para analise
da comunidade, a média de aceitação e a média de recusa obtida na presente pesquisa. Por
média de aceitação, para cada afirmação, tomamos a média aritmética simples do valor obtido
entre a concordância dos membros da comunidade que, não fazem parte dos JUGs, dos que
fazem parte dos JUGs e dos coordenadores. Por média de recusa, tomamos a média aritmética
simples do valor obtido de discordância dos três grupos analisados (Comunidade sem JUG,
Comunidade JUG e Coordenadores).
69
Tabela 03: Resumo das 13 afirmações da pesquisa de campo (OLIVEIRA, Jul, 2005)
aceitação
Média de
recusa
01 - O JUG proporciona discussões sobre temas que são estrategicamente importantes
para mim, como profissional.
91%
5%
02 - Ao participar de um JUG, estou envolvido em algo GRANDE em relação ao tema
tratado.
73%
11%
03 - O JUG aborda assuntos que estão no coração do negócio no qual estou envolvido.
74%
13%
04 - Todo JUG de sucesso tem uma pessoa ou grupo chave que detém alguma
responsabilidade ativa na condução da comunidade.
87%
5%
05 - Todo JUG tem um grupo principal ativo e apaixonado com o assunto da
comunidade.
91%
2%
06 - Todo JUG deve ter um respeitado membro da comunidade que atue como
coordenador. Comunidades são mantidas por pessoas que se preocupam com a
comunidade.
85%
6%
07 - Todo JUG tem um grupo de formadores de opinião, pois, eles colocam "energia"
dentro da comunidade.
87%
5%
08 - Os coordenadores do JUG e os membros da comunidade assumem
voluntariamente responsabilidades gerenciais, permitindo assim que a
comunidade cresça de forma ordenada.
82%
5%
09 - O JUG agrega conhecimentos e experiências.
95%
10 - O JUG auxilia na atualização técnica de seus membros.
89%
2%
2%
11 - O JUG auxilia seus membros no desenvolvimento de suas habilidades técnicas e
na transferência das melhores práticas profissionais.
88%
5%
12 - Ninguém é dono de um JUG. Pessoas vêm e ficam porque tem algo a aprender e a
contribuir.
90%
5%
13 - Os membros do JUG aprendem coisas e se preparam para futuros trabalhos.
91%
3%
Média de
Afirmação
Domínio – Tema
Comunidade – Governança
Prática – Aprendizado
Domínio / Tema
Dos três elementos estruturais estudados, o elemento Domínio foi o que trouxe os resultados menos marcantes. Durante o processo de levantamento da literatura para este trabalho (Apêndice 3, Quadro 10), observou-se que esse elemento foi o que menos suscitou contribuições (09, contra 137 para Comunidade e 88 para Prática), o que faz intuir que, entre os 21
autores consagrados da área de CoP e selecionados para este trabalho, o tópico Tema foi o
menos considerado, entre os 234 fatores relevantes levantados.
Os resultados obtidos para o fator Tema (tópico, mote ou assunto) sugerem indícios de
que comunidade de desenvolvedores Java brasileira tem muita clareza sobre as distinções que
caracterizam o Domínio, principalmente quando se trata do assunto que envolve o grupo do
70
qual participa. O índice de aceitação de Tema como fator relevante para a caracterização do
elemento estrutural Domínio alcançou a média dos 79%, entre as três afirmações apresentadas, o que corrobora a hipótese primária desta pesquisa (“A participação dos desenvolvedores
Java da comunidade é motivada pelo interesse do Tema em questão”). Portanto, nossa pesquisa mostra que mais de dois terços dos respondentes entendem que participam de um JUG por
causa do Tema tratado pela Comunidade. Isto é, a comunidade entende que participar de um
JUG proporciona discussões sobre temas que são estrategicamente importantes para ela. Como profissional, ele entende que está envolvido no tema tratado, uma vez que seu grupo aborda assuntos que estão no cerne do negócio no qual está envolvido.
Comunidade / Governança
No elemento estrutural Comunidade, foi selecionado o fator relevante Governança,
como discutido no Capítulo 4. Os desenvolvedores Java brasileiros, pertencentes ou não a
grupos de usuários Java, afirmaram que entendem a importância da existência de pessoas ativas e apaixonadas com o tema na condução dos rumos da comunidade. Tal fator teve a aprovação média de 86,4% dos respondentes (média das aprovações das cinco afirmações da pesquisa para este fator), o que permite, também, inferir que o elemento estrutural Comunidade
está presente nos JUGs, corroborando assim a hipótese primária desta pesquisa: “A atuação de
membros respeitados pela comunidade é essencial para sua Governança e a mantém ativa”.
Prática / Aprendizado
A comunidade Java brasileira, pertencente ou não a grupos de usuários Java (mais ainda entre estes), entende que uma Prática pode se dar por meio do Aprendizado social, servindo-se de seus construtos, objetos desenvolvidos coletivamente ou “artefatos gerados por certas práticas como resultado de processos de aprendizagem”, como frisou Wenger (1998, p.
55). Analisando-se as cinco afirmações propostas para o fator Aprendizado, verifica-se que,
em média, 90,6% dos respondentes confirmam de forma contundente a hipótese secundária
desta pesquisa, para o elemento estrutural Prática: O Aprendizado é um dos principais fatores
determinantes para a participação da comunidade em grupos estruturados de desenvolvedores.
Portanto, pode-se afirmar que, para a comunidade de desenvolvedores Java brasileira, aprendizado é aquilo que ela constrói, de forma coletiva, e se apropria como processo cognitivo,
dentro de uma prática social.
71
Percepção dos não membros, membros, coordenadores e JUG Leaders
Verificou-se que a percepção dos coordenadores dos JUGs é a mesma dos membros de
seus grupos, assim como a dos desenvolvedores participantes da pesquisa que afirmaram não
pertencer a nenhum grupo de usuários. Como mostrado no Capítulo 5 (Tabela 02a), foi realizada uma análise comparativa de opinião dos JUG Leaders e coordenadores com as dos participantes de seus grupos e a dos não participantes. O que se pôde inferir, em primeiro lugar foi,
em geral, uma sincronicidade de opiniões, mostrando que a comunidade, como um todo, está
alinhada nos mesmos propósitos. Observa-se, também, que as médias dos coordenadores para
cada uma das quinze afirmações da pesquisa sempre foram significativamente mais altas, o
que se explica pelo fato de que estas pessoas, além de conhecerem melhor a mecânica das operações internas de um JUG, estão envolvidas emocionalmente com seus resultados.
72
7. Conclusão
No dia 23 de maio de 1995, a Sun Microsystems lançou a linguagem de programação
de computadores Java. Historicamente, o sucesso desta linguagem se deu, inicialmente, no
fato de permitir, pela primeira vez, que imagens animadas fossem inseridas em páginas da
Internet. Gradativamente, novas funcionalidades foram sendo inseridas na linguagem, tornando-a tão extensa que os programadores se viram compelidos a formar grupos de usuários que
lhes permitisse compartilhar os novos conhecimentos agregados a cada nova versão. Atualmente, existem 574 grupos de usuários em todo o mundo, dos quais 43 no Brasil com mais de
25.000 membros, sendo que estes são governados por entusiastas, com pouca experiência na
administração de suas comunidades.
O objetivo geral para este trabalho foi identificar, junto aos JUGs brasileiros, a aderência destes a alguns aspectos (Tema, Governança e Aprendizado) do modelo estrutural das
Comunidades de Prática (Domínio, Comunidade e Prática), conforme definido por na hipótese primária deste trabalho:
Os elementos estruturais de uma CoP (Domínio, Comunidade e Prática) estão presentes na comunidade brasileira de desenvolvedores Java, o que os torna aderentes ao
modelo definido por Wenger (WENGER, MCDERMOTT & SNYDER, 2002, p. XX
do prefácio).
Para alcançar essa meta, este trabalho foi desdobrado em três hipóteses secundárias,
que foram objeto de pesquisa junto à comunidade Java brasileira. Durante os meses de junho
e julho de 2005, os 25.730 desenvolvedores cadastrados nos 43 JUG brasileiros foram convidados a participar da VI Pesquisa Nacional Java. A pesquisa foi feita por meio de duas perguntas e quinze afirmações, tendo sido respondida por 1.230 pessoas da comunidade Java, o
que permitiu chegar ao nível de confiança de 95 ± 2,5%. As três hipóteses secundárias propostas por este trabalho foram avaliadas pela comunidade:
• A participação dos desenvolvedores Java da comunidade é motivada pelo interesse
do Tema em questão.
O tema define o mote que direciona os valores do grupo, e seus trabalhos, orientando os
tópicos que lhes são estrategicamente importantes. A comunidade foi questionada, através de três afirmações selecionadas entre nove pesquisadas na literatura (Tabela4a), so73
bre a veracidade da existência, dentro do grupo, de discussões envolvendo um tema claramente definido. Tal tema é importante para o assunto no qual o respondente se encontra envolvido. Das três afirmações apresentadas, duas são baseadas em afirmações de
McDermott, que, junto com Wenger e Snyder, formaram os pilares teóricos os estudos
sobre CoP realizados neste trabalho, 79% dos respondentes concordam que o fato do
tema da comunidade estar bem delineado em torno de Java, não dando margem para
desvios sobre outros assuntos é um fator de adesão, envolvimento e permanência. Como
o fator relevante tema, é derivado do elemento estrutural Domínio, pode-se afirmar que
a primeira hipótese secundária foi confirmada.
• A atuação de membros respeitados pela comunidade é essencial para sua Governança e a mantém ativa.
Doze afirmações foram localizadas na literatura relativas a Governança (Tabela4h), assunto de grande importância para a comunidade dos JUGs. Dessas, foram selecionadas
cinco que analisavam o reconhecimento, por parte da comunidade, da importância da
existência de um líder e/ou coordenadores dirigindo o grupo. Wenger, McDermott &
Snyder (2002), abordam extensamente este assunto, que denominam de Core Group
(Capítulo 3, Figura 3), mostrando o papel relevante do líder comunitário, do grupo chave e dos formadores de opinião (também denominados como “Gurus”). Paixão e energia
são termos usados para caracterizar estas pessoas que assumem o papel de orientar a
comunidade. A análise dos resultados, deste trabalho, faz com que possamos afirmar
que a Governança é um fator relevante para o sucesso da comunidade, uma vez que em
todas as afirmações referentes a esse fator foram bem aceitas por parte significativa da
comunidade (86,4%), no que diz respeito ao elemento estrutural Comunidade. Assim,
pode-se afirmar que a segunda hipótese secundária atende ao modelo proposto por
Wenger.
• O Aprendizado é um dos principais fatores determinantes para a participação da
comunidade em grupos estruturados de desenvolvedores.
A comunidade afirmou maciçamente (90,6%) que Aprendizado é a principal razão para
seus membros se congregarem nos JUGs brasileiros. Das vinte e duas afirmações relativas a Aprendizado localizadas na literatura (Tabela 04m), cinco foram selecionadas por
permitirem identificar, junto a comunidade respondente, sua opinião sobre o motivo pelo qual se associam aos grupos de usuários. Como Prática é o elemento estrutural asso74
ciado ao fator Aprendizado, confirma-se a terceira hipótese secundária deste trabalho,
de forma contundente. Pode ser verificado que os JUGs brasileiros são fonte de aprendizado e seus membros os procuram para obter informações que lhes permitam obter
sucesso profissional e algum tipo de satisfação pessoal. Ao oferecem recursos de compartilhamento de conhecimentos, os grupos têm se apropriado de instrumentos importantes para a disseminação das melhores práticas profissionais.
Assim, concluímos que as pessoas participam dos JUGs porque querem aprender. Esta afirmação, junto com a hipótese primária desta dissertação, ou seja, que os elementos estruturais de uma CoP (Domínio, Comunidade e Prática) estão presentes nos JUGs brasileiros,
nos mostra que a estrutura comunitária dos JUG é aderentes ao modelo definido por Etienne
Wenger, e estas são as duas principais constatações que se destacam do presente trabalho.
Portanto, foi possível identificar os três elementos estruturais de uma Comunidade de Prática
(Domínio, Comunidade e Prática) na composição dos JUGs brasileiros e, por isto, estes são
aderentes às características encontradas nas CoP, confirmando nossa hipótese inicial.
A título de recomendações para estudos futuros, vale destacar as seguintes possibilidades:
• Apresentar recomendações de características de CoP que possam ser apropriadas pelos
JUG brasileiros. Foi determinado, para este trabalho, que um dos objetivos específicos
(Seção 2.4.2) seria sugerir aos responsáveis pelos JUGs orientações sobre a condução
de seus grupos. A literatura sobre CoP, apesar de recente, já é bastante rica em documentos orientadores e podem servir de guia para o sucesso das CoP. Farto material bibliográfico de boa qualidade (livros e artigos de autores consagrados) pode ser recomendado nas listas de discussão voltadas para os coordenadores de JUG, bem como importante assunto para artigos nas revistas especializadas da comunidade Java brasileira.
Sugerir aos lideres comunitários atenção aos fatores relevantes, Tema (Java), Governança (direcionamento comunitário) e Aprendizado são três fatores que podem contribuir significativamente para o crescimento e orientação da comunidade, como identificado neste trabalho.
• Como se afirmou na Seção 2.1, a resultados aqui alcançados não podem ser inferidos
para a comunidade Java mundial. Sabe-se que os resultados encontrados para os JUGs
brasileiros não encontrarão similaridade, pois a realidade dos desenvolvedores Java em
75
muitos países é completamente diferente daquela verificada no Brasil. Assim, justificase a realização de estudos desse tipo junto a essa comunidade no âmbito mundial e posteriores estudos comparativos entre os JUG, particularmente entre os grupos de usuários
Java brasileiros com os de outras nacionalidades. Neste sentido, em Julho de 2005, em
San Francisco, EUA, os resultados preliminares da presente pesquisa e os valores consolidados das pesquisas nacionais Java anteriores foram apresentados a Matt Thomson,
diretor do programa Tecnology Outreach & Open Source Program da Sun Microsystems e responsável pelo movimento dos JUG em todo o mundo. Frente a seu interesse e,
conseqüentemente, de sua empresa, pelos resultados alcançados, planejou-se ensejar esforços no sentido de repetir a mesma pesquisa junto aos 574 grupos de usuários Java de
todo o mundo.
• Este trabalho levantou 234 fatores relevantes para as CoP, que foram agrupados em
conjuntos que apresentavam características semelhantes:
− Em Domínio, foi levantado o fator relevante tema.
− Em Comunidade, foram agrupados os temas identidade, membros, emocionalidade, limites, comunicação, reputação, governança, cultura e tempo.
− Em Prática, foram agrupados os temas organização, ambiente, aprendizado e história.
Para garantir a exeqüibilidade da pesquisa no âmbito desta dissertação, foram levados
em conta apenas os fatores que mais se destacaram na literatura consultada, restringindo, assim, os fatores relevantes estudados a Tema, Governança, e Aprendizado, para os
elementos estruturais Domínio, Comunidade e Prática, respectivamente. Para trabalhos
futuros, propõe-se que os outros onze conjuntos de fatores relevantes não abordados na
presente pesquisa também sejam objetos de estudo. Isso permitirá, por um lado, aprofundar o conhecimento a respeito da comunidade Java e, por outro, contribuir com a área de CoP por meio de um confronto dos conceitos preconizados pela literatura com a
realidade de uma comunidade real.
• Durante a próxima “Pesquisa Nacional Java”, deverá ser verificada a progressão histórica dos lados levantados neste trabalho e possíveis alterações nos objetivos e interesses
da Comunidade.
• O processo de definição, elaboração e conclusão desta dissertação levaram o autor (com
76
formação em Pedagogia, habilitação em ensino fundamental e especialização em deficiência da áudio comunicação) a refletir sobre os processos de aprendizado que ocorrem
nos grupos de usuários. Este autor entende que os elementos estruturais básicos das CoP
(Domínio, Comunidade e Prática) são fundamentais para o entendimento das relações
pedagógicas que ocorrem nos grupos de usuários pois, como visto ao longo de todo este
trabalho, as CoP favorecem a troca de conhecimentos entre os pares ou, como afirma o
próprio autor (LAVE & WENGER, 1991, p. 15,):
“Aprendizagem é um processo que ocorre em um meio participativo e não
individual. É na comunidade, ou pelo menos naqueles que participam do
contexto de aprendizagem, que o aprender se define. O aprendido é então
distribuído entre os co-participantes e não é uma ação individual”.
Nesse sentido, é possível vislumbrar o prosseguimento deste estudo no sentido de se
compreender as relações pedagógicas que ocorrem nos grupos de usuários, uma vez
que, do ponto de vista do autor, a mais importante conclusão deste trabalho é que aprender é a maior motivação para que os desenvolvedores Java brasileiros se reúnam
em torno de grupos de usuários e, talvez, de qualquer outro grupo de pessoas que formem CoP. A interação entre os pares (peer to peer), a permanente troca de informações
e conseqüente compartilhamento de informações entre colegas, de forma voluntária e
colaborativa, sejam por meio de palestras técnicas, blogs, e-mails trocados, boletins
(newsletters) para a disseminação das melhores práticas e listas de discussão levam à
crença de que existe aí uma forte relação pedagógica a ser analisada.
77
8. Referências
Existem quatro tipos de pessoas: aquelas que fazem as coisas acontecerem; aquelas
para quem as coisas acontecem; aquelas que vêem as coisas acontecerem; aquelas que
nem mesmo sabem que as coisas estão acontecendo.
(GERSTNER, 2003)
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83
Anexo 1 - Relação de países com JUG
Região
País
JUG
África
África do Sul
Angola
Argélia
Costa do Marfim
Etiópia
Ilhas Maurício
Madagascar
Marrocos
Nigéria
Quênia
Tunísia
4
1
2
1
3
2
1
1
1
4
Asia
Bangladesh
Cambodja
Cazaquistão
China
Coréia
Filipinas
Hong Kong
Índia
Indonésia
Japão
Malásia
Nepal
Paquistão
Singapura
Sri Lanka
Taiwan
Tailândia
8
1
1
6
4
5
1
78
5
3
3
1
18
2
6
1
1
Oceania
Austrália
Nova Zelândia
3
1
Oriente
Médio
Arábia Saudita
Armênia
Egito
Emirados Árabes
Israel
Jordânia
Turquia
1
1
3
1
1
2
6
Região
País
Europa
Albânia
Alemanha
Áustria
Bélgica
Bulgária
Chipre
Republica Tcheca
Dinamarca
Eslováquia
Eslovênia
Espanha
Estônia
Finlândia
França
Grécia
Holanda
Hungria
Irlanda
Itália
Iugoslávia
Lituânia
Noruega
Polônia
Reino Unido
Romênia
Rússia
Suécia
Suíça
Ucrânia
1
14
2
2
1
1
1
2
2
1
6
1
1
1
2
1
3
1
21
1
1
1
3
7
5
5
2
3
4
América do
Norte
Bahamas
Canadá
Costa Rica
Estados Unidos
Guatemala
México
Panamá
Porto Rico
Republica Dominicana
1
11
4
171
2
10
2
1
2
América do
Sul
Argentina
Bolívia
Brasil
Chile
Colômbia.
Paraguai
Peru
Uruguai
Venezuela
Fonte: http://onesearch.sun.com/search/onesearch/index.jsp?qt=jugs. Visitado Julho/2004.
84
JUG
7
2
49
4
11
1
6
2
6
Apêndice 1 - Grupos de usuários brasileiros – JUG
12. GU Java SC - Grupo de Usuarios Java Sucesu SC
1430 membros
Florianópolis (SC)
04/2001
http://www.gujavasc.org
01. APIJAVA - Associação Piauiense de Java
67 membros
Teresina (PI)
03/2004
http://www.apijava.org
13 JavaAcre
48 membros
Rio Branco (AC)
09/2004
http://www.javaacre.cjb.net ou www.javaacre.org
02. BelJUG - Belém Java User Group
450 membros
Belém (PA)
08/2002
http://www.beljug.com.br
14. Java Americana
190 membros
Americana (SP)
09/2003
http://br.groups.yahoo.com/group/javaamericana e
http://javaamericana.dev.java.net
03. CAJU - Cuiabá Java Users
85 membros
Cuiabá (MT)
05/2004
http://www.cajumt.com.br/grupo.htm
04. CGJUG – Grupo de Usuários Java de Campina Grande
185 membros
Campina Grande (PB)
07/2004
http://www.cgjug.com.br/
15. JavaBahia - Grupo de Usuários Java da Bahia
370 membros
Salvador (BA)
04/2003
http://www.javabahia.tk ou
http://www.geocities.com/eduardocrs/javabahia/
05. CEJUG - Ceará Java Users Group
500 membros (2004)
Fortaleza (CE)
10/2002
http://www.cejug.org
16. JavaCampinas
750 membros
Campinas (SP)
01/2001
http://www.javacampinas.com.br
06. DFJUG - Brasilia Java Users Group
8004 membros
Brasília (DF)
02/1998
http://www.dfjug.org
17. JavaComBr - Comunidade Java de Brasília
2000 membros (2004)
Taguatinga (DF)
06/2003
http://www.ucb.br/java
07. DukeDuck - Grupo de Usuários Java de Pato Branco
267 membros
Pato Branco (PR)
04/2003
http://www.dukeduck.com.br
18. Javatins – Grupo de Usuários Java do Tocantins
50 membros
Palmas (TO)
04/2004
http://www.javatins.org/
08. EJBeer – Comunidade Java do Vale do Paraíba
55 membros
São José dos Campos (SP)
04/2004
http://www.ejbeer.com.br
19. JF Blumenau JUG - JavaFree Blumenau Java Users
Group
180 membros
Blumenau (SC)
08/2004
http://blumenau.javafree.org
09. ESJUG - JUG Espírito Santo
40 membros
Vitória (ES)
10/2004
https://esjug.dev.java.net
20. JF Floripa JUG - JavaFree Florianopolis Java Users
Group
300 membros
Florianópolis (SC)
05/2004
http://floripa.javafree.org/
10. GOJava - Grupo de desenvolvedores Java em Goiás
412 membros
Goiânia (GO)
09/2001
http://www.gojava.org
21. JF Londrina JUG - JavaFree Londrina Java Users Group
242 membros
Londrina (PR)
11/2003
http://www.javafree.com.br/forum/viewforum.php?f=26
11. Guerreiros do Java
20 membros
Maceió (AL)
06/2004
https://guerreiros.dev.java.net/
85
31. RedFoot J Dukes – Grupo de usuários Java do Norte do
Paraná
154 membros
Maringá (PR)
03/2004
https://redfoot.dev.java.net/
22. JUG Petropolis - Java User Group Petrópolis
500 membros
Petrópolis (RJ)
04/2001
www.petropolisjug.org
23 JUGReb - JUG Ribeirão Preto
10 membros
Ribeirão Preto (SP)
Jan/2004
http://br.groups.yahoo.com/group/jugReb/
32. RioJUG - Rio Java Users Group
775 membros
Rio de Janeiro (RJ)
04/2002
http://www.riojug.org
24. JUGSERPRO
148 membros
Rio de Janeiro (RJ)
Set/2003
https://jugserpro.dev.java.net
33. RSJUG
322 membros
Porto Alegre (RS)
04/1996
http://www.rsjug.org
25. ManausJUG
40 membros
Manaus (AM)
09/2003
http://www.manausjava.com.br
34. Sejug – Sergipe Java Users Group
45 membros
Aracaju (SE)
04/2003
http://www.sejug.org
26. MARJUG - Maranhao Java User Group
90 membros
São Luiz (MA)
07/2003
http://www.marjug.org
35. SJCJUG - Grupo de Usuários de Java de S. J. Campos
150 membros
São José dos Campos (SP)
07/2004
http://www.sjcjug.org/
27. MGJUG - Grupo de Usuários Java de Minas Gerais
155 membros
Belo Horizonte (MG)
11/2003
http://www.mgjug.com.br
36. SouJava - Sociedade de Usuários Java
6540 membros (2004)
São Paulo (SP)
10/1999
http://www.soujava.org.Br
28. PBJUG - Paraiba Java Users Group
(integrado com CGJUG)
Joao Pessoa (PB)
10/2002
www.pbjug.org.br ou www.pbjug.org
37. THEJUG - Teresina Java User Group
21 membros
Teresina (PI)
08/2004
http://br.groups.yahoo.com/group/thejugpi
29. ProJava - Grupo de usuários JAVA do Paraná
300 membros
Curitiba (PR)
11/2002
http://www.projava.com.br/
38. Viçosa JUG - Grupo de Usuários Java de Viçosa
73 membros
Viçosa (MG)
07/2004
http://www.vicosajug.ufv.br/
30. RecJUG
762 membros
Recife (PE)
05/2003
http://www.recjug.com.br
Grupos virtuais
01. GUJ – Grupo de Usuários Java
4900 membros
Grupo virtual
09/2002
http://www.guj.com.br
02. Java-Br
1600 membros
Grupo virtual
05/2001
http://www.yahoogroups.com/group/java-br
03. Java-Br Orkut
6494 membros
Grupo virtual
02/2004
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=19706
04. JavaFree (7252 membros)
Grupo virtual
Criado em 03/2003
http://www.javafree.com.br
05. PortalJava (13540 membros)
Grupo virtual
Criado em 05/2002
http://www.portaljava.com.br
86
Apêndice 2 - A Quinta Pesquisa Nacional Java
87
88
89
90
91
92
93
94
95
Apêndice 3 - Os 21 trabalhos e os 234 fatores selecionados
Quadro 09: Textos selecionados como os mais relevantes
Documento
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
Referência
WENGER, Etienne, McDERMOTT, Richard, SNYDER, William M. Cultivating
Communities Of Practice: A Guide To Managing Knowledge.
WENGER, Etienne, SNYDER, William M. Communities of Practice: The Organizational
Frontier.
ALLEE, Verna. Knowledge networks and communities of practice.
WENGER, Etienne. Supporting communities of pracitce - a survey of community-oriented
technologies.
McDERMOTT, Richard. Nurturing three dimensional communities of practice: how to get
the most out of human network.
WHITE, Martin. 5 Fast Ways to Make a Success of a CoP.
GAMSE, Philippa, GRUNWALD, Terry. Seven Steps to Building Electronic Communities.
WENGER, Etienne, McDERMOTT, Richard, SNYDER, William M. Seven Principles for
Cultivating Communities of Practice.
RAO, Madanmohan. Connectivity, content, community, culture, cooperation, capacity,
commerce and capital.
MAGER, David, KARLENZIG, Warren. Nine Myths of e-Community Building.
WHITE, Martin. Ten Community of Practice success factors.
MELCRUM. Ten Traits of Successful CoPs.
McDERMOTT, Richard. Knowing in Community: 10 Critical Success Factors in Building
Communities of Practice.
MONGOOSE. The 12 Principles of Collaboration.
YOUNG, Indi. Fifteen Tips for Remote Collaboration.
STAAM, Christiaan. Communities of Practice: Definition, Indicators & Identifying
Characteristics. 2003
STAAM, Christiaan. Communities of Practice: Definition, Indicators & Identifying
Characteristics. 2003
CLARK, Don. Communities of Practice.
WENGER, Etienne. Communities of practice a brief introduction.
Le MOULT, Diane. How to make a CoP fly?
WENGER, Etienne. How to optimaze organizacional learning.
96
Quadro 10: Fatores relevantes nas CoP e respectivas referências bibliográficas que os
embasam, segundo a literatura consultada26.
Elemento
Fatores relevantes
estrutural
Domínio (09)
Comunidade
(137)
Prática (88)
26
Referências bibliográficas que embasam este fator
Melcrum (2003, 02); Le Moult (2002, 02); McDermott (1999, 01);
Mongoose (s.d., 01); Wenger, McDermott, Snyder (2002, 01); McDermott
(2000, 02);
Wenger (1996, 01); Le Moult (2002, 04); Wenger (2004, 01);
Identidade
Staam (2003, 01); Staam (2003, 15); Young (2003, 02); Mongoose (s.d., 01);
(36)
White (2003, 02); Rao (2002, 01); Gamse, Grunwald (s.d, 01); White (2003,
01); McDermott (1999, 01); Wenger (2001, 02); Allee (2000, 03).
Communities of Practice (s.d., 03); Staam (2003, 01); Staam (2003, 02);
Membros
Young (2003, 03); Mongoose (s.d., 03); Mager, Karlenzig (2001, 01); Rao
(22)
(2002, 02); Wenger, McDermott, Snyder (2002, 02); Wenger (2001, 04);
Allee (2000, 01).
Wenger (1996, 02); Le Moult (2002, 03); Wenger (2004, 01); Staam (2003,
Emocionalidade 01); Staam (2003, 02); Young (2003, 02); Mongoose (s.d., 02); Wenger,
(19)
McDermott, Snyder (2002, 01); Gamse, Grunwald (s.d, 02); White (2003,
01); Wenger (2001, 01); Allee (2000, 01).
Wenger (1996, 04); Le Moult (2002, 01); Staam (2003, 01); Young (2003,
Limites
01); White (2003, 01); Wenger, McDermott, Snyder (2002, 02); McDermott
(15)
(1999, 01); Wenger (2001, 03); Wenger, McDermott, Snyder (2002, 01).
Le Moult (2002, 01); Wenger (2004, 01); Staam (2003, 04); Mongoose (s.d.,
Comunicação
01); McDermott (2000, 02); White (2003, 01); Rao (2002, 01); McDermott
(13)
(1999, 01); Wenger (2001, 01).
Reputação
Le Moult (2002, 03); Wenger (2004, 02); Staam (2003, 04); Mongoose (s.d.,
(13)
01); White (2003, 01); Allee (2000, 02).
Wenger (2004, 01); Staam (2003, 01); Young (2003, 02); Mongoose (s.d.,
Governança
01); McDermott (2000, 03); Melcrum (2003, 01); White (2003, 01); White
(12)
(2003, 01); Wenger (2001, 01).
Cultura
Communities of Practice (s.d., 01); Staam (2003, 02); Rao (2002, 01).
(04)
Tempo
Young (2003, 01); McDermott (2000, 01); White (2003, 01).
(03)
Wenger (1996, 01); Le Moult (2002, 02); Wenger (2004, 01); Communities
Organização
of Practice (s.d., 01); Staam (2003, 06); Young (2003, 02); White (2003, 02);
(32)
Mager, Karlenzig (2001, 03); Rao (2002, 02); White (2003, 01); Wenger
(2001, 01); Allee (2000, 07); Wenger, Snyder (2000, 03).
Wenger (1996, 02); Communities of Practice (s.d., 01); Staam (2003, 01);
Staam (2003, 04); Young (2003, 01); Mongoose (s.d., 01); McDermott
Ambiente
(2000, 02); Melcrum (2003, 04); Mager, Karlenzig (2001, 05); Rao (2002,
(29)
01); Wenger, McDermott, Snyder (2002, 01); Gamse, Grunwald (s.d, 03);
White (2003, 01); McDermott (1999, 02).
Wenger (1996, 04); Le Moult (2002, 03); Wenger (2004, 01); Communities
Aprendizado of Practice (s.d., 01); Staam (2003, 02); Staam (2003, 01); Melcrum (2003,
(22)
02); Gamse, Grunwald (s.d, 01); McDermott (1999, 01); Allee (2000, 03);
Wenger, Snyder (2000, 03).
História
Wenger (2004, 01); Communities of Practice (s.d., 01); Staam (2003, 01);
(05)
Young (2003, 01); Mongoose (s.d., 01).
Tema
(09)
Os fatores relevantes, identificados na literatura, Cultura e Tempo do elemento estrutural Comunidade e História do elemento estrutural Prática foram descartados por apresentarem baixa incidência no levantamento
realizado.
97
Tabela 04a: Fator relevante Tema relacionado ao elemento estrutural Domínio
Fatores revelantes
Doc
Tornam-se membros de algo como um clube exclusivo............................................................................
20
Estão envolvidos em algo GRANDE ........................................................................................................
20
Limites – A comunidade sabe porque ela existe, o que e quem é externo e interno..................................
14
Construa sobre o principal valor da organização. Para fazer o compartilhamento do conhecimento
aceitável e rotineiro, comece com seus próprios principais valores culturais em vez de tentar mudálos ..............................................................................................................................................................
13
Tema (09)
O foco no conhecimento é importante tanto para o negócio como para as pessoas. Para mostrar que
CoP são importantes forme-as em torno dos assuntos que estejam no coração do negócio......................
13
Um claro mapa de conhecimento ..............................................................................................................
12
Proposta clara do negócio..........................................................................................................................
12
Foque nos valores......................................................................................................................................
08
Construa comunidades em tópicos estrategicamente importantes.............................................................
5
98
Tabela 04b: Fator relevante Identidade relacionado ao elemento estrutural Comunidade
Fatores revelantes
Identidade (36)
Fomentam um senso de identidade focada no aprendizado ........................................................................
Semeiam idéias e aumentam as oportunidades de inovação .......................................................................
Desenvolvem capacidades chave, competências de conhecimentos técnicos .............................................
Identidade comum . Comunidades de sucesso tem uma identidade forte que seus membros herdam em
suas vidas ....................................................................................................................................................
Identidade pessoal. Pertencer a uma comunidade de prática identifica a pessoa como um praticante
competente ..................................................................................................................................................
Construa sobre a energia natural para o aprendizado..................................................................................
Esteja preparado para o fracasso .................................................................................................................
Venda para seus usuários ............................................................................................................................
Capacidade ..................................................................................................................................................
Confiança ....................................................................................................................................................
Aceitação da falha .......................................................................................................................................
Identidade – Membros conseguem se identificar e construir relacionamentos ...........................................
Dê-se um tempo para atingir seus objetivos................................................................................................
Esteja pronto ...............................................................................................................................................
Forte senso de identidade profissional ........................................................................................................
Participação com mais sentido ....................................................................................................................
Autoconfiança na condução dos problemas ................................................................................................
Alimentar o desenvolvimento profissional..................................................................................................
Auxílio com desafios ..................................................................................................................................
Melhorar a experiência no trabalho.............................................................................................................
Habilidade de tomar vantagem nas oportunidades de mercados emergentes..............................................
Habilidade de prever desenvolvimentos tecnológicos ................................................................................
Habilidade de correr riscos com suporte da comunidade ............................................................................
Capacidade de desenvolver novas opções estratégicas ...............................................................................
Surgimento de capacidades não planejadas.................................................................................................
Capacidade desenvolvimento de projetos de conhecimento .......................................................................
Habilidade de executar planos estratégicos.................................................................................................
Problemas com mais perspectivas...............................................................................................................
Melhora na qualidade das decisões .............................................................................................................
Uma habilidade, concentrada ou distribuída, para avaliar a efetividade das ações tomadas e os produtos
desenvolvidos..............................................................................................................................................
Procura de experiência ................................................................................................................................
Torna seus trabalhos mais fáceis.................................................................................................................
Coordenação de atividades cruzadas e de projetos......................................................................................
Desenvolvimento de novos conhecimentos ................................................................................................
Aprendizagem rápida, alto nível de conhecimento .....................................................................................
Veja o aprendizado como trabalho e trabalho como aprendizado...............................................................
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Tabela 04c: Fator relevante Membros relacionado ao elemento estrutural Comunidade
Fatores revelantes
Membros (22)
Auxiliam as pessoas na execução das suas funções.....................................................................................
Valores de longo prazo. Porque os membros se identificam com o domínio de sua comunidade, eles têm
um compromisso de longo prazo com o seu desenvolvimento....................................................................
Eficiência no envolvimento. Comunidade de prática competem com outras prioridades nas vidas de
seus membros. Participação deve ser fácil...................................................................................................
Ritmo. Comunidades vivem no tempo e tem rítmos de eventos e rituais que reafirmam seus
compromissos e valores...............................................................................................................................
Presença e visibilidade. A comunidade necessita ter uma presença nas vidas de seus membros e fazer-se
visível a eles ................................................................................................................................................
Crie um ritmo para a comunidade ...............................................................................................................
Estimule diferentes níveis de participação...................................................................................................
Cooperação..................................................................................................................................................
Comunidade.................................................................................................................................................
É muito importante começar as comunidades agora, para que haja tempo de fazê-lo de forma correta......
Troca – A comunidade reconhece as formas valores de troca, tais como conhecimento, experiência,
apoio, trocas ou dinheiro .............................................................................................................................
Grupos – Os membros da comunidade se agrupam de acordo com seus interesses ou tarefas específicos .
Propósito – A comunidade existe porque seus membros compartilham um propósito comum que
somente pode ser atingido em conjunto.......................................................................................................
Dê a cada um uma atribuição na sessão.......................................................................................................
Estimule a participação................................................................................................................................
Tenha pausas programadas..........................................................................................................................
Mais capacidade de contribuir com o time ..................................................................................................
Alianças baseadas no conhecimento............................................................................................................
Formas compartilhadas de fazer as coisas juntos (i.e., práticas comuns e crenças nas melhores práticas) .
Elas tem um empreendimento mas não agenda, isto é, elas se formam em torno da adição de valor de
algo que todos estão realizando. Por exemplo, pode ser um bando procurando arranjar um lugar nas
ruas, um vendedor procurando ser o melhor empregado da companhia ou programadores que trocam
dicas em torno do bebedouro.......................................................................................................................
Elas colaboram diretamente usando outros como ressonadoras ..................................................................
Elas podem ser formadas socialmente ou profissionalmente.......................................................................
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Tabela 04d: Fator relevante Emocionalidade relacionado ao elemento estrutural Comunidade
Fatores revelantes
Emocionalidade (19)
Fornecem um sentimento estável de comunidade com outros colegas e com a empresa ...........................
Pertencimento e relacionamentos. O valor de pertencimento não é meramente instrumental, mas
também pessoal: interação com os colegas, desenvolvimento de amizades e construção de confiança.....
Cuidado com as agendas pessoais ..............................................................................................................
Criando um espírito de comunidade ...........................................................................................................
Desenvolva um plano de relacionamentos..................................................................................................
Combine familiaridade e estímulo..............................................................................................................
Expressão - A comunidade tem uma alma ou personalidade; membros têm consciência do que os outros
membros da comunidade estão fazendo .....................................................................................................
Confiança – A construção da confiança entre membros e os facilitadores da comunidade aumenta a
eficiência do grupo e permite a resolução dos conflitos .............................................................................
Converta as expressões faciais em verbalização.........................................................................................
....................................................................................................................................................................
Não as chame de “reuniões”.......................................................................................................................
Sentimento de participação.........................................................................................................................
Satisfação de estar com os colegas .............................................................................................................
Relacionamentos mútuos contínuos – harmoniosos ou conflitantes (i.e., interações normais relacionadas
ao trabalho, problemáticas ou não).............................................................................................................
Visitas.........................................................................................................................................................
Divertem-se ................................................................................................................................................
Efeitos sinergéticos.....................................................................................................................................
Eles encontram gente interessante e ampliam suas redes pessoais .............................................................
Encoraje a formação e o aprofundamento das Comunidades de Prática, legitimando o trabalho de
colocá-los juntos e valorizando o trabalho informal de aprendizado que eles facilitam.............................
Veja as pessoas como membros de uma Comunidade de Prática, não as estereotipando, mas honrando a
significância de suas participações .............................................................................................................
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Tabela 04e: Fator relevante Limites relacionado ao elemento estrutural Comunidade
Fatores revelantes
Limites (15)
Desenvolver a capacidade de seus membros e definir seu lugar ou papel na comunidade ..........................
Evolução: maturação e integração. Comunidades de prática evoluem ao atravessarem estágios de
desenvolvimento e encontram novas conexões com o mundo.....................................................................
Limites complexos. Comunidades de prática tem múltiplos níveis e tipos de participação. É importante
para as pessoas na periferia que possam participar de alguma forma, bem como as pessoas de dentro da
comunidade. Pessoas formam sub-comunidades em volta de áreas de interesse .........................................
Conexão com o mundo. Uma comunidade de prática pode criar valor fornecendo uma conexão com um
campo ou comunidade que seus membros tenham afinidade.......................................................................
Comunidades de prática vivem dentro de uma cultura organizacional ........................................................
Desenvolva espaços comunitários públicos e particulares...........................................................................
Abra um diálogo entre as opiniões internas e externas ................................................................................
Consciência multinacional ...........................................................................................................................
Respeite os fusos horários............................................................................................................................
Um consenso razoavelmente amplo entre os membros sobre quem é “de dentro“ e quem é “de fora” ......
Independência de limites temporais e geográficos.......................................................................................
Espere por transformações, desentendimentos e re-interpretações quando pessoas, artefatos e
informações cruzam os limites da prática ....................................................................................................
Veja as organizações como uma constelação de práticas interconectadas ...................................................
Esteja atento para o surgimento de novas práticas nos limites.....................................................................
Administre os limites entre as Comunidades de Prática como oportunidades para aprendizado.................
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Tabela 04f: Fator relevante Comunicação relacionado ao elemento estrutural Comunidade
Fatores revelantes
Comunicação (13)
Variedade nas interações. Membros de uma comunidade de prática necessitam interagir de forma a
construir suas práticas compartilhadas.........................................................................................................
Ajude as pessoas a obter idéias uns dos outros, quando necessário, ao invés de dá-las...............................
Conectividade ..............................................................................................................................................
Comunicação face a face..............................................................................................................................
Crie um diálogo real sobre temas importantes nos fóruns da comunidade. Relacionamentos acontecem
nas discussões verdadeiras ...........................................................................................................................
Mantenha contatos pessoais entre os membros da comunidade; Contatos, conexões sociais e as
obrigações que deles advêm são chaves para o sucesso das comunidades ..................................................
Comunicação – Membros devem ser capazes de interagir uns com os outros.............................................
Problemas são compreendidos rapidamente (i.e., um entendimento comum do ambiente onde todos irão
operar)..........................................................................................................................................................
Conversações chegam rapidamente ao ponto (i.e., nada de longos preâmbulos).........................................
Difusão rápida das inovações entre os membros (i.e., uma rápida transferência das melhores práticas).....
Um fluxo de informações rápido entre e com os membros (i.e., uma “rádio peão” efetiva) .......................
Desenvolvimento de discussões...................................................................................................................
Eles recebem informações rápidas ou exclusivas ........................................................................................
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Tabela 04g: Fator relevante Reputação relacionado ao elemento estrutural Comunidade
Fatores revelantes
Doc
Reputação (13)
Fornecem desafios e oportunidades para contribuição................................................................................
Auxiliam no desenvolvimento de habilidades e competências individuais.................................................
Tornando-se nativo .....................................................................................................................................
Reputação – Membros constroem reputação baseada na opinião expressa pelos outros ............................
Aumentar a empregabilidade e “marketabilidade” .....................................................................................
Aumentar a reputação profissional..............................................................................................................
Acesso aos especialistas..............................................................................................................................
Autoridade com os clientes .........................................................................................................................
Pedidos de informação ................................................................................................................................
Solução de problemas .................................................................................................................................
Eles criam uma boa reputação como especialistas ......................................................................................
Aprimoram seus currículos e aceleram suas carreiras.................................................................................
Colaboração de especialista focada.............................................................................................................
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Tabela 04h: Fator relevante Governança relacionado ao elemento estrutural Comunidade
Fatores revelantes
Doc
Governança (12)
Construção ativa da comunidade. Comunidades de prática de sucesso normalmente tem uma pessoa ou
grupo chave que detêm alguma responsabilidade ativa no conduzir a comunidade...................................
Você precisa de um líder ............................................................................................................................
Bom líder....................................................................................................................................................
Encontre um respeitado membro da comunidade que atue como coordenador. Comunidades são
mantidas por pessoas que se preocupam com a comunidade .....................................................................
Governança – Os facilitadores e os membros da comunidade assumem responsabilidades gerenciais
uns com os outros, permitindo assim que a comunidade cresça.................................................................
Desenvolva um grupo principal ativo e apaixonado. Participação nas comunidades varia........................
Envolva formadores de opinião. Ter formadores de opinião o mais rápido possível, preferencialmente
desde o início, é uma das chaves para colocar energia dentro da comunidade...........................................
Designe um ”ser superior” .........................................................................................................................
Coordenação, padronização e sinergia entre as unidades ...........................................................................
Seja liberal nas aprovações.........................................................................................................................
Coordenação e sinergia...............................................................................................................................
Habilidades de liderança.............................................................................................................................
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Tabela 04i: Fator relevante Cultura relacionado ao elemento estrutural Comunidade
Fatores revelantes
Doc
Cultura (04)
Cultura .........................................................................................................................................................
Perspectivas refletidas na linguagem que sugerem uma forma comum de ver o mundo (i.e, analogias
compartilhadas, exemplos, explicações, etc.) ..............................................................................................
Comportamento padronizado que represente associação (i.e, gestos, posturas e até padrões de
acomodação na cantina) ...............................................................................................................................
Elas desenvolvem costumes e cultura ..........................................................................................................
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Tabela 04j: Fator relevante Tempo relacionado ao elemento estrutural Comunidade
Fatores revelantes
Tempo (03)
Tempo e espaço.................................................................................................................
Certifique-se que as pessoas tenham tempo e estímulo para participar; Um dos grandes fatores
limitantes da eficácia de uma comunidade no compartilhamento de conhecimento é o tempo que as
pessoas tem para participar .........................................................................................................................
Use o tempo dos encontros para trabalhar ..................................................................................................
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Tabela 04k: Fator relevante Organização relacionado ao elemento estrutural Prática
Fatores revelantes
Organização (32)
Auxiliam no recrutamento e retenção de talento nas empresas...................................................................
Sugerem novas linhas de negócios..............................................................................................................
Elas auxiliam na orientação de estratégia ...................................................................................................
Fornecem meios de compartilhamento de poder e influência com a estrutura formal da organização .......
Aumentam o acesso à experiência dentro da empresa ................................................................................
Auxiliam na retenção do conhecimento quando o empregado deixa a empresa .........................................
Difundem rapidamente práticas para a excelência operacional mais rapidamente
Auxiliam no desenvolvimento, recrutamento e retenção de talentos ..........................................................
Auxiliam na solução rápida de problemas, tanto localmente como por toda a organização .......................
Auxiliam na orientação de estratégias.........................................................................................................
Valores de curto prazo. Comunidades de prática prosperam pelo valor que agregam aos seus membros
e em seus contextos organizacionais. Cada interação necessita criar seu próprio valor .............................
Recursos vêm em primeiro .........................................................................................................................
Capital.........................................................................................................................................................
Comércio.....................................................................................................................................................
Todas as organizações devem criar suas próprias comunidades para ter sucesso.......................................
As comunidades basicamente se auto-administram ....................................................................................
Não é importante determinar o custo e os benefícios de uma comunidade. Apenas temos que fazê-las ....
Recursos e fundos .......................................................................................................................................
Suporte gerencial ........................................................................................................................................
Não ignore a política da empresa ................................................................................................................
Tenha presentes os tomadores de decisão ...................................................................................................
Desenvolver capacidades organizacionais ..................................................................................................
Aumento na retenção de talentos ................................................................................................................
Reforçando o controle de qualidade............................................................................................................
Recursos para implementar estratégias .......................................................................................................
Redução de tempo e custos .........................................................................................................................
Melhorar os resultados dos negócios ..........................................................................................................
Elas estão entre as mais importantes estruturas de qualquer organização onde o pensar conta ..................
Reuso de recursos .......................................................................................................................................
Podem obter incentivos adicionais..............................................................................................................
Identificação dos especialistas ....................................................................................................................
Trate as Comunidades de Prática como recursos ........................................................................................
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Tabela 04l: Fator relevante Ambiente relacionado ao elemento estrutural Prática
Fatores revelantes
Ambiente (29)
Use fóruns múltiplos para o compartilhamento de conhecimento ...............................................................
Construa um contexto de fundo suficiente para que as pessoas possam se entender ...................................
Use a melhor tecnologia...............................................................................................................................
Usando as redes com o objetivo de colaboração e resolução de problemas.................................................
Configure e gerencie um fórum on-line de informações públicas................................................................
Selecione uma “plataforma” de relacionamentos.........................................................................................
Projete para evoluir ......................................................................................................................................
Conteúdo......................................................................................................................................................
Uma comunidade pode ser iniciada e estar totalmente operacional em um mês..........................................
Comunidades se organizam da mesma forma que as empresas ...................................................................
Comunidades são apenas quadros de mensagens e conversas .....................................................................
Se você construir um sitio comunitário, os usuários o encontrarão e se nele por si mesmos.......................
Lista dos membros da Comunidade de Prática, mantenha-a atualizada.......................................................
Sítio ou similar para colaboração.................................................................................................................
Processo fácil para compartilhamento do conhecimento .............................................................................
Se você tem uma grande comunidade conectada, uma comunidade não conectada não é importante.........
Faça que seja fácil conectar, contribuir e acessar a comunidade. Facilidade de uso pouco tem a ver com
funcionalidade de programas .......................................................................................................................
Crie fóruns para pensar. Crie energia pelo contato com a comunidade .......................................................
Agenda para os primeiros 3 a 6 meses .........................................................................................................
Ambiente - Um ambiente sinergético permite aos membros da comunidade alcançar seus propósitos.......
Use o programa correto................................................................................................................................
Rede para se manter a par de um campo......................................................................................................
Fórum para expansão das habilidades e experiências ..................................................................................
Fórum para comparações com os padrões do mercado................................................................................
Espaço para resolução de problemas............................................................................................................
Ferramentas comuns, métodos, técnicas e artefatos tais como formulários, auxílio no trabalho, etc ..........
São extremamente difíceis de criar, uma vez que, são compostos de pessoas que são informalmente
unidas umas as outras pela exposição a uma classe comum de problemas. Entretanto, são fáceis de
destruir .........................................................................................................................................................
Certifique-se que o aparato organizacional está a serviço das práticas e não o contrário ............................
Conte com o informal. É lá que o trabalho é realizado ................................................................................
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Tabela 04m: Fator relevante Aprendizado (Construto) relacionado ao elemento estrutural
Prática
Fatores revelantes
Aprendizado (22)
Desenvolvem habilidades profissionais .......................................................................................................
Transferem as melhores práticas..................................................................................................................
Resolvem problemas rapidamente ...............................................................................................................
Agregam conhecimentos e experiências em uma população maior .............................................................
Auxiliam na atualização do trabalhador do conhecimento...........................................................................
Auxiliam na construção de linguagem, métodos e modelos comuns em torno de competências
específicas....................................................................................................................................................
Use tanto pessoas como sistemas de informação para o compartilhamento de idéias .................................
Treinamento e suporte técnico .....................................................................................................................
Medida dos sucessos ....................................................................................................................................
Comunicação e treinamento.........................................................................................................................
Respostas rápidas para perguntas.................................................................................................................
Uma linguagem compartilhada e em evolução (i.e., termos especiais, jargão, atalhos tais como
acrônimos, etc).............................................................................................................................................
Uma consciência compartilhada e difundida das competências, forças, negligências e contribuições ........
Elas são responsáveis somente por si próprias. Ninguém é dono, pessoas vêm e ficam porque tem algo
para aprender e para contribuir ....................................................................................................................
Mapeando conhecimento e identificando vazios..........................................................................................
Eles aprendem coisas e se preparam para futuros trabalhos.........................................................................
Transferência de boas práticas .....................................................................................................................
Soluções para os problemas diários .............................................................................................................
Se existe um problema de aprendizado, procure por padrões sociais de participação e exclusão
Mantenha o aprendizado o mais próximo possível da prática......................................................................
Coloque a Comunidade responsável pelo seu próprio aprendizado, reconhecendo que eles têm
necessidades de acesso a outras práticas para que possam prosseguir .........................................................
Adicione valor ao trabalho, agenciando o aprendizado entre as comunidades; freqüentemente não se
parece com trabalho .....................................................................................................................................
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Tabela 04n: Fator relevante História relacionado ao elemento estrutural Prática
Fatores revelantes
História (05)
História – A comunidade deve manter o registro dos eventos passados e deve reagir e mudar em
resposta a eles ..............................................................................................................................................
Mostre os documentos enquanto mudam .....................................................................................................
Histórias comuns, lendas, folclore, piadas internas, etc...............................................................................
Elas têm história que se desenvolve ao longo do tempo. Podem ser definidas em termos do aprendizado
que realizam ao longo do tempo ..................................................................................................................
Documentação de projetos ...........................................................................................................................
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Apêndice 4 – Questionário aplicado (VI Pesquisa Nacional Java)
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Convite de participação enviado por e-mail à comunidade Java, durante um mês, duas
vezes por semana, a partir de 21 de Maio de 2005
Com a parceria da IBM - www.ibm.com/br, Instituto CTS - www.cts.org.br e da Revista MundoJava www.mundojava.com.br, iniciamos a VI PNJ em : www.cts.org.br/pesquisa6/index.htm
Esta pesquisa, totalmente nova, vai levantar dados sobre a realidade dos grupos de usuários Java brasileiros. As cinco
primeiras pesquisas visavam melhor compreender a nossa comunidade, isto é, o que fica em torno dos JUG. Nesta,
estamos olhando para dentro dos nossos grupos, qual a visão que temos da nossa própria comunidade.
Sua participação é, mais uma vez, importante, pois, a SUA opinião nos ajudará melhor compreender e orientar os
nossos trabalhos futuros.
Como sempre, todos os dados coletados são públicos e uma vez consolidados serão enviados para o seu JUG, para
que possa compartilhar com os participantes que voluntariamente apoiaram esta nova pesquisa.
Caso ainda não conheça, os resultados consolidados da V Pesquisa (anterior) nacional Java, com gráficos
comparativos dos anos anteriores, você ainda encontra em
www.dfjug.org/DFJUG/V%20Pesquisa%20Nacional%20Java.pdf. Análise e comentários sobre a V PNJ você pode
ler gratuitamente em www.mundojava.com.br/NovoSite/vozDoPlanalto/vozplanalto_MJ_ED10.pdf
A VI PNJ é composta de quinze afirmações objetivas, simples e rápidas de responder, que não tomam nem cinco
minutos do seu tempo, porém, são extremamente importantes para que possamos melhor conhecer a nossa realidade
javanesa. Estamos verificando o seu entendimento sobre o assunto (tema) que cerca o grupo, a forma de governança e
a SUA visão sobre o aprendizado cooperado, que ocorre dentro dos JUG.
Pela sua colaboração, você estará participando automaticamente do sorteio de 10 coleções completas da revista
Mundo Java - www.mundojava.com.br oferecidas pela editora Mundo. O sorteio será realizado na noite do dia 21 de
Junho, quando todos os participantes serão informados. Boa sorte!
Solicitamos a gentileza de divulgar esta pesquisa junto aos seus colegas Javaneses, isto é, todos os colegas que
programam em Java, profissionalmente ou não, aqueles que ainda não começaram, mas têm interesse, aqueles que
gostariam de começar a programar em Java, mas ainda não tiveram a oportunidade, isto é, todos aqueles que, de
alguma forma, participam dos nossos grupos de usuários, para que colaborem com esta VI Pesquisa nacional Java.
Obrigado pelo seu apoio.
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