Vacinas protegem contra doenças e complicações A lgumas pessoas fogem de vacinas, sem ao menos buscar informações sobre os benefícios da imunização. Como o inverno é a estação que oferece condições mais favoráveis para a disseminação de doenças transmitidas por gotículas de saliva, devido ao fato de serem mais comuns as aglomerações, as vacinas podem ser uma opção importante. Segundo o dr. Hamilton Bonilha de Moraes (CRM 51.466), especialista em doenças infecciosas pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e ex-presidente da Sociedade Paulista de Infectologia, no inverno as infecções podem ser causadas por vírus, como o Influenza, responsável pela gripe sazonal, e o Influenza A H1N1, pela gripe suína responsável pela pandemia que ocorreu em 2009. Também podem ser causadas por bactérias, como o Streptococcus pneumoniae (pneumococo), principal agente etiológico das pneumonias adquiridas em comunidade e meningite bacteriana, principalmente em pacientes com otite média aguda ou sinusite aguda. “Outra bactéria de suma importância é a Neisseriae meningitidis (Meningococos), que pode propiciar doenças graves de alta mortalidade, como a Meningococcemia, com ou sem meningite”, diz o médico. 10 Nesse sentido é que o dr. Hamilton Bonilha lista as vacinas mais indicadas nessa fase do ano: a trivalente contra o vírus da gripe/H1N1, a vacina antipneumocócica e a vacina antimeningocócica C. Segundo o médico, a vacina trivalente contra o vírus da gripe/H1N1 oferece proteção durante todo o ano e atinge um nível adequado de anticorpos em, aproximadamente, 15 dias após a aplicação. O ideal é que a imunização ocorra no início do ano. Já a proteção oferecida pela vacina antipneumocócica declina após 3 a 5 anos. “Assim, a revacinação deve ser realizada após 5 anos, em alguns grupos especiais”, recomenda. No caso da vacina antimeningocócica C, a imunização se dá a partir de 2 meses de idade, com proteção prolongada. A indicação para cada vacina também deve ser observada. A vacina contra gripe/H1N1 é recomendada para adultos e crianças acima de 6 meses, portadores de doenças cardiovasculares, pulmonares e hepáticas crônicas. Também em mulheres grávidas, profissionais da saúde, portadores de transtornos metabólicos (Diabetes Mellitus), disfunção renal, hemoglobinopatias ou imunodeprimidos (incluindo os infectados por HIV), populações indígenas, funcionários de creche ou de centros assistenciais de cuidados de doenças crônicas. A vacina contra gripe/H1N1 tem contra-indicações: não deve ser usada por pessoas com alergia comprovada às proteínas do ovo ou com doença infecciosa em curso. Outra vacina indicada, a antipneumocócica, é oferecida em dois padrões: a Pneumo 23 (23 sorotipos), para indivíduos acima de 2 anos, e a Pneumo 13 (13 sorotipos), para crianças acima de 2 meses. De acordo com o dr. Hamilton, a vacina antipneumocócica tem várias indicações: crianças, adolescentes e adultos imunocompetentes, com doenças pulmonares e cardíacas; pacientes antes de serem submetidos à esplenectomia eletiva (retirada cirúrgica do baço); crianças, adolescentes e adultos imunocomprometidos com infecção por HIV, doenças malignas hematológicas, tratamentos quimioterápicos, doença renal crônica, Síndrome Nefrótica e transplantados; portadores de diabetes mellitus, asplenias anatômicas ou funcionais. A vacina também é recomendada para maiores de 65 anos, mesmo na ausência de outras doenças crônicas. Mas, está contra-indicada em mulheres grávidas. A terceira vacina, a antimeningocócica C, deve ser administrada em adultos e crianças acima de 2 meses. O dr. Hamilton informa que ela é vacinação de rotina em todos os grupos de riscos e também deve ser ministrada nos contatos, em casos de surtos por meningococos sorogrupo C, em situações epidêmicas, em pessoas que viajam para zonas de epidemias ou alta endemicidade. Não apresenta contra-indicações específicas. Dr. Hamilton Bonilha de Moraes especialista em doenças infecciosas pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP SEM MEDO Aos pacientes que resistem a algumas vacinas, especialmente a da gripe, por conta do medo e especulações sobre a segurança do produto, o infectologista diz que ela é muito segura (fragmentada e inativada), pois é produzida através de vírus inativado (morto), portanto, sem possibilidades de desenvolver doença. “O mesmo acontece com a vacina combinada contra H1N1, que é produzida através de fragmentos de vírus morto”, destaca. De acordo com o dr. Hamilton, vários estudos demonstraram que a proteção da vacina contra a gripe pode ser entre 70%90% em crianças entre 6 meses e 15 anos; entre 70% e 90% em adultos saudáveis menores de 60 anos. Ela também protege contra a necessidade de hospitalização por pneumonia em pessoas maiores de 60 anos; diminui em 80% a mortalidade de idosos em instituições. Em idosas, a vacina é 50%-60% efetiva em prevenir a hospitalização e 80% efetiva em prevenir mortes. “Após a pandemia causada pelo vírus influenza A H1N1, em 2009, com milhares de mortes no mundo, ocorreu uma maior conscientização sobre a importância da prevenção, através da imunização, destas doenças respiratórias virais.”, diz.