Yehoshua Ben Joseph (Jesus Cristo)

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“Nada é tão oculto que não possa ser conhecido, ou
tão secreto que não possa vir à luz.
O que vos digo nas trevas que seja dito na luz. E o
que ouvirdes em um sussurro, proclamai do alto do
edifício.”
Yehoshua Ben Joseph (Jesus Cristo)
iii
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus amados filhos Pedro Henrique,
João Felipe e Eduardo Augusto, verdadeiras razões da minha existência.
Minha vida sem a presença de vocês não seria a mesma. Obrigado por
terem vindo ao meu encontro, por dizerem que me amam, mesmo em
minha ausência e por me abraçarem, com amor fraternal. Vocês são
presentes que Deus nos deu.
À Laís, pelo amor verdadeiro e maduro de toda hora. Pela dedicação
na educação de nossos filhos e por amar a todos intensamente.
À Myrthes por não ter medido esforços durante a minha educação e
formação moral e por estar sempre ao meu lado, em qualquer momento de
minha vida.
Ao Belmiro Favero (in memorian), por sempre me ensinar e acreditar
que poderia fazer um mundo melhor. Mostrou-me o caminho para a real
descoberta da Luz. Nunca, jamais esquecerei teus ensinamentos morais e
de teu olhar, por vezes calado. Foi embora eternamente muito cedo para
nós, mas suas palavras e conselhos estão gravados para sempre,
entalhados em pedra.
“O homem é feito visivelmente para pensar;
é toda a sua dignidade e todo o seu mérito; e
todo o seu dever é pensar bem”.
Blaise Pascal
iv
AGRADECIMENTOS
Ao amigo e orientador, Professor Rogério Aparecido Dedivitis, pelo
auxílio e pelos verdadeiros ensinamentos de um mestre, sempre me guiando
pelo caminho da certeza, da paz e da sabedoria nas Luzes de seu
conhecimento. O meu sincero MUITO OBRIGADO!
Ao Professor Abrão Rapoport, coordenador do Curso de PósGraduação do Hospital Heliópolis, pela amizade, conselhos e sinceras
opiniões nestes anos de estudo.
Ao Professor Nelson Fontana Margarido, titular da Disciplina de
Técnica Cirúrgica da Universidade de Mogi das Cruzes. Verdadeiro Amigo,
por conduzir-me sempre em direção à Luz.
Ao amado irmão, Aluísio Andrade Júnior, por ter participado
diretamente em minha formação cirúrgica e pela correção do exame clínico
de todos os pacientes, com a paciência que só você possui.
Ao amigo, irmão e sócio, Marcelo Caetano Mello pela dedicação aos
nossos pacientes e por me escutar e apoiar em todos os momentos, mesmo
quando errei.
Ao amigo e companheiro de inúmeras horas cirúrgicas, Luiz Gustavo
Centeno Ferraz, pela perfeição na qual operou e participou diretamente de
todos os casos aqui listados. Juntos conseguimos operar todos os casos
deste trabalho. Muito obrigado!
Ao sempre amigo e fantástico irmão, Dr. Rogério Fenile, pelos
incansáveis conselhos durante a elaboração desta dissertação e por
conservar tão bela amizade há 23 anos, onde ainda nos falamos todas as
manhãs.
v
Ao amigo e perfeccionista, Dr. Kléber Simões do Espírito Santo, por
rever e reclassificar todas as peças cirúrgicas, com tamanha dedicação.
Ao amigo Adriano Zanon da Silva, pela revisão das lâminas deste
estudo.
Ao Guilherme Miguel Mitne, pelo perfeito trabalho estatístico aqui
realizado.
À sobrinha Ludmila Miranda Favero, pela revisão e tradução dos
textos médicos.
À amiga Maria Helena Vargas, pela carinhosa e pacienciosa correção
e diagramação deste trabalho.
Aos funcionários do Curso de Pós-Graduação do Hospital Heliópolis,
em especial as amigas Rosicler Aparecida Melo e Selma Pagotto, por
acreditarem neste estudo e estimularem para que o sonho chegasse ao final.
Ao Professor Sérgio Altino Franzi pela oportunidade de realização
deste estudo.
À Walter e Sueli Paulette, pelos constantes estímulos à minha
formação moral e acadêmica.
Aos amigos verdadeiros e companheiros de ensino da Disciplina de
Técnica Cirúrgica da Universidade de Mogi das Cruzes, Dr. Carlos
Guilherme Giazzi Nassri, Dr. Carlos Mateus Rotta e Dr. Roberto Storte
Matheus, por fazerem mais felizes todas as nossas segundas feiras.
À Dra Lígia Alda Terzian Rodrigues, por participar diretamente em
minha formação cirúrgica e por operar comigo há 10 anos.
À Dra. Lyege de Oliveira por acompanhar-me na tarefa árdua da
cirurgia.
vi
Aos meus amados alunos da graduação do terceiro e sexto ano
médico da Universidade de Mogi das Cruzes, pelo incentivo constante ao
estudo.
A Diretoria Clínica do Hospital Luzia de Pinho Melo, em especial ao
Dr. Milton Mioshi, por ter acreditado e favorecido a realização de nosso
trabalho.
À Diretoria da Sociedade Paulista para o Desenvolvimento da
Medicina (SPDM) pelo apoio ao nosso trabalho.
Aos funcionários do Serviço de Arquivo Médico (SAME) do Hospital
das Clínicas Luzia de Pinho Melo, em especial a Srta. Luiza por ajudar-me
no levantamento e facilitar a captação dos dados do prontuário médico.
A todos os pacientes que participaram deste estudo. Sem vocês, a
minha profissão não teria existido. Obrigado por terem me dado a
oportunidade de poder tratá-los. Sempre serei grato.
vii
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Lista de tabelas
Lista de figuras
Lista de gráficos
Resumo
Abstract
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1
2 OBJETIVOS.................................................................................................... 5
3 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................... 7
3.1 Infiltração Perineural ..................................................................................... 8
3.2 Invasão Muscular ........................................................................................ 12
4 CASUÍSTICA E MÉTODOS .............................................................................. 17
4.1 Casuística .................................................................................................... 18
4.1.1 Caracterização da amostra ............................................................. 19
4.2 Métodos ....................................................................................................... 21
4.2.1 Análise dos dados ........................................................................... 21
4.2.2 Análise histopatológica.................................................................... 22
4.3 Análise Estatística ....................................................................................... 28
5 RESULTADOS .............................................................................................. 30
5.1 Avaliação do Karnofsky Performance Status (KPS) ............................. 32
5.2 Associação entre as recidivas locais e loco-regionais associadas
com o óbito, infiltração perineural, invasão muscular e padrão de
invasão muscular.................................................................................. 33
5.3 Associação entre a presença de metástase à distância, infiltração
perineural, invasão muscular e padrão de invasão muscular ............... 33
5.4 Análise da sobrevida ............................................................................ 34
6 DISCUSSÃO ................................................................................................. 40
7 CONCLUSÕES .............................................................................................. 49
8 ANEXOS ...................................................................................................... 51
9 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 61
10 APÊNDICES ............................................................................................... 70
Bibliografia Consultada
viii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
HE
- Hematoxilina-eosina
HPV
- Papiloma vírus humano
KPS
- Variável performance status de Karnofsky
pM
- Presença de metástase a distância
pN
- Presença de linfonodos histopatológicos comprometidos no
esvaziamento cervical
pT
- Histopatologia do tumor primário
pTNM
- Estádio histopatológico
SBCCP - Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço
SPDM
- Sociedade Paulista para o Desenvolvimento da Medicina
TNM
- Classificação Internacional das Neoplasias Malignas
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 -
Queixa principal ....................................................................... 20
Tabela 2 -
Sítio primário ........................................................................... 20
Tabela 3 -
Tipo de invasão muscular ........................................................ 31
Tabela 4 -
Tempo de sobrevivência e infiltração perineural ..................... 37
Tabela 5 -
Tempo de sobrevivência e invasão muscular .......................... 37
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Padrão de invasão muscular tipo pushing. (A) figura
esquemática segundo Anneroth et al. (1987); (B) Lâmina
corada por HE com aumento de 100 X (Caso ID 5) ..................... 26
Figura 2 - Padrão de invasão muscular tipo bands. (A) figura
esquemática segundo Anneroth et al. (1987); (B) Lâmina
corada por HE com aumento de 100 X (Caso ID 1) ..................... 26
Figura 3 - Padrão de invasão muscular tipo cords. (A) figura
esquemática segundo Anneroth et al. (1987); (B) Lâmina
corada por HE com aumento de 100 X (Caso ID 13) ................... 27
Figura 4 - Padrão de invasão muscular tipo dissociation. (A) figura
esquemática segundo Anneroth et al. (1987); (B) Lâmina
corada por HE com aumento de 100 X (Caso ID 23) ................... 27
Figura 5 - Padrão de infiltração perineural, lâmina corada por HE
com aumento de 400 X (Caso ID 3) ............................................. 28
xi
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Curva de sobrevivência segundo estimador de KaplanMeier .......................................................................................... 34
Gráfico 2- Presença de sobrevida de pacientes com se sem
infiltração perineural ................................................................... 35
Gráfico 3- Curva de sobrevivência, segundo estimador de KaplanMeier comparando os grupos com e sem infiltração
perineural e óbito ....................................................................... 36
Gráfico 4- Sobrevida cumulativa relacionada à doença com e sem
invasão muscular ....................................................................... 38
Gráfico 5 - Curva de sobrevida segundo estimador de KaplanMeier dos grupos com e sem invasão muscular e óbito ............ 39
xii
RESUMO
Introdução: O carcinoma epidermóide da cavidade oral e da orofaringe
apresenta múltiplos fatores histopatológicos e clínicos que poderiam explicar
suas altas taxas de recorrência loco-regional. Objetivos: Correlacionar a
infiltração perineural e o padrão de invasão muscular através da
reclassificação histopatológica de carcinoma epidermóide avançado da boca
e orofaringe, com a evolução dos pacientes submetidos a tratamento
cirúrgico, quimioterápico e radioterápico. Métodos: Cento e três prontuários
de pacientes diagnosticados com carcinoma epidermóide avançado da boca
e da orofaringe foram avaliados no período entre janeiro de 2005 e agosto
de 2008; tais pacientes foram admitidos no Hospital de Clínicas Luzia de
Pinho Melo, em Mogi das Cruzes, São Paulo. Após a escolha de 33 casos
de acordo com o critério de elegibilidade (confirmação histológica de
carcinoma epidermóide da boca ou da orofaringe, pacientes não tratados
previamente, pacientes submetidos a tratamento com a finalidade curativa e
estádios clínicos III e IV), houve reavaliação com o corte de blocos
histológicos dos pacientes, onde a presença de infiltração perineural e o tipo
de invasão muscular foram avaliados. Resultados: Dos 33 casos, 48,5%
foram positivos para infiltração perineural, enquanto 84,9% apresentaram
invasão muscular. O tipo mais comum de invasão muscular foi a do tipo
cords, com 33,3% de ocorrência. Quando comparada à presença da doença,
recorrência da doença e à metástase à distância, a infiltração perineural não
mostrou significância estatística. A invasão muscular também não
apresentou significância estatística quando comparada ao KPS. A
significância estatística foi observada quando da comparação entre os tipos
de invasão muscular (dissociation) e a presença de metástase à distância.
Através da análise da curva de sobrevivência, foi possível concluir que
pacientes com infiltração perineural e com invasão muscular vivem menos.
Também obtivemos um resultado próximo entre a média e a mediana dos
casos de infiltração perineural e invasão muscular presentes e óbito.
Conclusão: Há um pior prognóstico para casos com invasão muscular do
tipo dissociation. Pacientes com infiltração perineural e invasão muscular
apresentam uma menor taxa de sobrevivência quando comparados a
pacientes que não apresentam tais fatores histopatológicos.
Descritores: Carcinoma
de
Células
Escamosas.
Neoplasias Orofaríngeas. Prognóstico.
xiii
Neoplasias
Bucais.
ABSTRACT
Introduction: Oral cavity and oropharynx squamous cell carcinoma presents
multiple clinical and histopathological factors, which could explain its high
rates of loco-regional recurrences. Aims: To correlate perineural infiltration
and muscular invasion pattern through histopathological reclassification of
advanced mouth and oropharynx squamous cell carcinoma, with the evolving
of patients submitted to surgical treatment, to radiotherapy or to
chemotherapy. Methods: One hundred and three medical charts from
patients diagnosed with advanced mouth and oropharynx squamous cell
carcinomas were evaluated within the period of January 2005 and August
2008; these patients were admitted in the Hospital de Clínicas Luzia de
Pinho Melo, in Mogi das Cruzes, São Paulo. Thirty-three cases were
selected according to the eligibility criteria (histological confirmation of mouth
or oropharynx squamous cell carcinoma, patients which had not been
previously treated, patients submitted to treatments with healing purposes
and clinical stagings III and IV). A revaluation with the cutting of histological
blocks from the patients was performed and, the presence of perineural
infiltration and the type of muscular invasion were evaluated. Results: From
the 33 cases, 48.5% were positive for perineural infiltration, whereas 84.9%
presented muscular invasion. The most common type of muscular invasion
was the cords type, with 33.3% of occurrence. When compared to the
presence of the disease, disease recurrence and distance metastasis,
perineural infiltration did not show any statistical significance. The muscular
invasion did not present any statistical significance when compared to the
KPS as well. Statistical significance was observed when comparing the types
of muscular invasion (dissociation) and the presence of distance metastasis.
Through the analysis of the survival curve, it was possible to conclude that
patients with muscular invasion and perineural infiltration lived less. There
was also a close result between the mean and the median of the present
perineural infiltration and muscular invasion cases and death. Conclusions:
There is a worse prognosis for cases with muscular invasion classified as
dissociation. Patients with perineural infiltration and muscular invasion
present a lower survival rate when compared to patients which do not
present such histopathological factors.
Key Words: Carcinoma, Squamous Cell. Mouth Neoplasms. Oropharyngeal
Neoplasms. Prognosis.
xiv
1 INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO - 2
O câncer da cavidade oral e da orofaringe corresponde ao décimo
primeiro câncer mais comum entre a população mundial e a décima terceira
causa de morte específica por câncer na mesma população. No Brasil as
taxas de incidência estimada para o ano de 2006 em homens foram de
11/100.000 habitantes (Magrin et al., 2008). Atualmente é o quinto tumor mais
comuns entre homens no Brasil.
Segundo Castro et al., 2008, o câncer da cavidade oral, é representado
em cerca de 90% pelo carcinoma epidermóide, sendo o mais freqüente da
região da cabeça e pescoço. Kamangar et al. (2006) relatam que, no mundo,
a estimativa de novos casos de neoplasia, no ano de 2002, esteve na ordem
de onze milhões e, destes, sete milhões evoluíram a óbito.
Em relação à neoplasia de cavidade oral, Nagai et al. (1995) e
Favero et al. (2007) afirmam que os fatores de risco para o
desenvolvimento de câncer nessa região anatômica podem estar
relacionados ao consumo de álcool, tabagismo, dieta rica em gorduras
saturadas, fatores genéticos e moleculares. Além desses promotores e
efetores potenciais de mutação e transformação neoplásica, Miller e
Johnstone (2001) relacionam a ação de vírus, em particular, o papiloma
vírus humano (HPV) de ter participação na promoção de neoplasias em
cavidade oral.
INTRODUÇÃO - 3
O carcinoma epidermóide de cavidade oral possui múltiplos fatores
clínicos, histopatológicos e de tratamento que poderiam explicar as altas
taxas de recidivas loco-regionais, pois é sabido que também as condições
demográficas, clínicas, histopatológicas e terapêuticas estão relacionadas a
esses fatores (Magrin et al., 2008).
Em relação ao estadiamento clínico desses tumores em nosso meio,
o maior percentual dos pacientes que procuram cirurgiões de cabeça e
pescoço é de pacientes portadores de neoplasia de estádios clínicos
avançados e, nessas condições, a importância de realizar o correto
estadiamento clínico para uma programação de tratamento apropriado e
conseqüente controle da doença é imperativo. Pode-se considerar que o
estádio clínico avançado desse tumor não é uma condição proibitiva de
tratamento cirúrgico, pois, nessa possibilidade, há a associação com
tratamento clínico oncológico concomitante ou mesmo adjuvante.
Tem-se realizado a pesquisa e avaliação de fatores prognósticos, entre
eles a possibilidade de invasão neoplásica muscular, seus tipos de invasão e
espessura do tumor (Anneroth e Hansen 1984, Anneroth et al. 1987, Urist et al.
1987, Yueh et al. 1998, Osaki et al. 2000, Eckardt et al. 2004).
Em relação ao padrão de invasão muscular, segundo Anneroth e
Hansen (1984), este foi classificado em quatro graus, denominados menos
infiltrativos (pushing e bands) e os mais infiltrativos (cords e dissociation)
sendo que estes últimos são responsáveis pelas menores taxas de
sobrevida1.
1
Neste trabalho optou-se por manter os termos originais em inglês para a fidedignidade
do trabalho original.
INTRODUÇÃO - 4
Entretanto, a infiltração perineural está relacionada com maior recidiva
local e menores taxas de sobrevida. McMahon et al. (2003) deram
importância à infiltração perineural como sendo o principal fator prognóstico
e único de importância quando analisado separadamente.
Interessados em contribuir para tais esclarecimentos, procuramos
estudar a invasão muscular e seus tipos e a infiltração perineural no
carcinoma epidermóide avançado da boca e também da orofaringe, no que
diz respeito à análise histopatológica. Portanto, o grau histológico, espessura
tumoral, margens de segurança, êmbolos vasculares, comprometimento
linfonodal e também a infiltração perineural, a invasão muscular e o padrão
de invasão tecidual, podem ser indicativos de importantes condições na
escolha do tratamento adequado para esses pacientes.
Assim, a associação de achados clínicos, histopatológicos e
tratamento são fundamentais para um melhor entendimento do potencial
biológico de agressividade destes tumores, no caso do carcinoma
epidermóide de boca e orofaringe. O estudo que propomos contempla a
importância da integração clínico-terapêutico e histopatológico para o
estabelecimento de fatores prognósticos.
2 OBJETIVOS
OBJETIVOS - 6
Correlacionar a infiltração perineural e o padrão de invasão muscular,
por meio da reclassificação histopatológica do carcinoma epidermóide
avançado da boca e orofaringe, com a evolução de pacientes submetidos
aos tratamentos cirúrgico, radioterápico e quimioterápico, por meio das
seguintes associações:
a) infiltração perineural e padrão de invasão muscular com
prognóstico;
b) infiltração perineural e padrão de invasão muscular com a
sobrevida.
3 REVISÃO DA LITERATURA
REVISÃO DA LITERATURA - 8
3.1 Infiltração Perineural
Carter et al. (1982) após estudarem tumores da cavidade oral, orofaringe,
hipofaringe e esôfago cervical, concluem que grandes infiltrações nervosas e
mais de um nervo infiltrado são fatores prognóstico de extrema gravidade.
Soo et al. (1986) estudaram 239 casos de tumores da cavidade oral,
faringe e laringe e concluíram que a infiltração perineural é um fator
estatisticamente
significante,
aumentando
as
chances
de
recidiva
locoregional, diminuindo a sobrevida, sendo um sinal de agressão biológica
independentemente do tumor estudado por eles.
Robbins et al. (1986) referem que a infiltração perineural pelo
carcinoma epidermóide da cavidade oral é mais comum do que realmente se
apresenta e está relacionado com maior incidência da recidiva local e
menores taxas da sobrevida global.
Calhoun et al. (1994) analisaram carcinoma epidermóide da boca,
orofaringe, laringe e hipofaringe e concluíram que a localização do tumor
primário não foi significativo, juntamente com o grau de diferenciação,
porém, o tamanho do tumor primário, doença avançada no pescoço e
também
o
estádio
IV
foram
significativos
quando
comparados
e
estabelecidos a uma doença mais avançada, o pior prognóstico e a
presença de metástase à distância.
REVISÃO DA LITERATURA - 9
Woolgar e Scott (1995), após estudo de 45 pacientes portadores de
carcinoma epidermóide de língua oral e soalho oral, concluíram que a infiltração
perineural é um fator preditivo positivo quando comparado com a presença de
metástase cervical, dizendo que este fator prognóstico é muito importante.
Mayers e Suen (1996) referem que os pacientes com infiltração
perineural podem ou não apresentar quadro clínico próprio de invasão
muscular, paralisia da função do nervo acometido ou ainda seu quadro
clínico pode não estar relacionado com esses dois fatores. Sob o ponto de
vista histológico, a infiltração perineural pode ocorrer simultaneamente com
interferência no suprimento sangüíneo do nervo em questão, resultando em
edema local, desmielinização ou mesmo necrose do nervo.
Dos Santos et al. (1996) estudaram retrospectivamente 58 pacientes
com carcinoma epidermóide do lábio inferior e concluíram que a infiltração
perineural não foi um fator prognóstico com significância estatística em seu
estudo, comprando-se evolução em cinco anos.
O estudo da infiltração perineural teve importante avanço quando
Fagan et al. (1998) publicaram estudo, onde nervos menores de um
milímetro invadidos pelo carcinoma
epidermóide da cavidade oral,
orofaringe, hipofaringe e laringe são um fator preditivo positivo na sobrevida.
O mecanismo em que ocorre a infiltração perineural foi descrito por
Gath e Brakenhoff (1999) como sendo necessária uma grande quantidade
de células neoplásicas para que a barreira mucosa do espaço perineural
seja ultrapassada, associando-se assim a uma doença localmente
avançada.
REVISÃO DA LITERATURA - 10
Seguindo os critérios citados por Broders (1940) apud Sawair et al.
(2003), após estudo de indivíduos com carcinoma epidermóide avançado da
cavidade oral, conclui-se que o grau de queratinização tem maior associação
com as recorrências regionais, maior chance de infiltração perineural, pior
prognóstico e esse fato poderia, portanto, alterar o plano terapêutico.
Segundo Shikama et al. (2003), que estudaram os fatores de
recorrência do carcinoma epidermóide em cabeça e pescoço, a infiltração
perineural acompanhada das margens ressecadas, invasão capsular dos
linfonodos ressecados e estádio avançado da doença são fatores importante
de recidiva.
Quanto à importância da infiltração perineural, McMahon et al. (2003)
estudando o carcinoma epidermóide da boca e da orofaringe em 332 casos,
afirmam que a presença desse fator prognóstico indica radioterapia adjuvante
e também comenta outros fatores como tumores T3 ou T4, ruptura capsular
em linfonodos, acometimento de mais de um linfonodo ressecado e ainda
margens de ressecção comprometidas pela neoplasia. A infiltração perineural
é citada pelos autores como o principal fator de recidiva dessa neoplasia e
também é o único fator isolado, provado e descrito.
O estudo da infiltração perineural no carcinoma epidermóide da
cavidade oral e da orofaringe foi avaliado quanto à sobrevida, recidiva local e
regional e ainda presença de metástase à distância por Rahima et al. (2004).
Esses pesquisadores avaliaram o grau de diferenciação do tumor, a invasão
linfática e vascular, infiltração profunda, margens, comprometimento
linfonodal e presença de infiltração perineural, sendo que suas conclusões
REVISÃO DA LITERATURA - 11
explicam importante associação entre a espessura tumoral (profundidade) e
a infiltração perineural. Concluíram que esta última influencia a metástase
loco-regional e também à distância, tendo um importante impacto na
sobrevida, mudando o plano terapêutico com uma cirurgia mais ampla.
Brandwein et al. (2005) afirmam que a infiltração perineural é um fator
prognóstico tradicional e muito analisado no carcinoma epidermóide oral.
Ojiri (2006) relata a infiltração perineural como uma forma de
migração do tumor, disseminando por meio do endo e perineuro, causando
um pior prognóstico e requerendo um tratamento mais agressivo quando se
quer obter a cura.
Liao et al. (2007) comparam 335 casos de carcinoma epidermóide da
boca, somente estádios clínicos III e IVA. Concluíram que a infiltração
perineural tem significância estatística como fator independente somente nos
casos de pescoço negativo. Casos de pescoço positivo, a infiltração
perineural não tem importância como fator prognóstico.
Ramos et al. (2008) afirmam que todos os óbitos ocorridos durante
sua análise, de 40 casos de carcinoma epidermóide de língua e soalho oral,
em estádio precoce, tinham infiltração do espaço perineural e associa esse
fator a um pior prognóstico e óbito.
REVISÃO DA LITERATURA - 12
3.2 Invasão Muscular
O modo como o tumor invade os tecidos profundos e, entre eles, a
musculatura, tem importância em relação ao prognóstico. Estudos
comprovam que pacientes que apresentam um padrão de invasão tecidual
classificada como do tipo 4 ou denominada dissociation mostram maior
probabilidade de ocorrerem metástases. São classificados como de padrão
de invasão mais infiltrativos, diferentemente do que ocorre com os grupos de
padrão de invasão do tipo pushing (grupo 1) e os do tipo bands (grupo 2),
que são denominados padrão de invasão menos infitrativos (Yamamoto et
al., 1984; Crissman et al., 1984; Crissman, 1986).
Anneroth e Hansen (1984) afirmam que o padrão de invasão tecidual
do tipo dissociation pode ser definida como um fator prognóstico importante
para o surgimento de metástases em carcinomas epidermóides da boca.
Ainda como importante fator preditivo para a sobrevida, a invasão tecidual e
seu padrão de invasão são muito comentados e discutidos, reafirmando o
estudo anterior (Anneroth et al.,1987).
Em estudo retrospectivo sobre recidiva loco-regional, Shah et al.
(1976), concluíram que tumores infiltrativos e que apresentam margens
comprometidas aumentam a probabilidade de falha de tratamento.
A classificação de Broders (1941) foi estudada e comparada por
Anneroth
e
Hansen
(1984),
onde
52
pacientes
com
carcinoma
epidermóide avançado da língua oral e soalho oral foram comparados em
sua estrutura de invasão tecidual, seu modo de invasão tecidual em
relação à membrana basal e estádio da invasão tecidual, sendo este
REVISÃO DA LITERATURA - 13
último classificado como superficial, em cordões, com a presença de
invasão muscular profunda ou mesmo das glândulas salivares e, por
último, a chamada invasão tecidual maciça. Os autores concluíram que a
morfologia do carcinoma epidermóide apresenta variação histopatológica
acentuada, sendo, portanto, a classificação de Broders (1941) limitada em
relação à avaliação do modo de invasão das estruturas, principalmente em
relação ao estádio do tumor.
Anneroth et al. (1987) propõem nova estrutura para análise histológica
e morfológica. Afirmam que o início da infiltração neoplásica ocorre pela
interface fina e que o quadro de infiltração requer uma análise em três
dimensões, diferente daquela análise inicial feita por estes autores em 1984.
Entretanto, os autores classificam o padrão de invasão tecidual em quatro
graus, denominados pushing, bands, cords e dissociation.
Crissman et al. (1984), após análise de 77 casos de carcinoma
espinocelular da orofaringe tratados de modo neoadjuvante com radioteapia
seguido de cirurgia, afirmam ser o padrão de invasão proposto por Anneroth
e Hansen (1984), o único fator isolado preditivo para a sobrevida com p
significante de 0,04.
Urist et al. (1987) estudaram 87 pacientes com carcinoma
epidermóide da cavidade oral e afirmam que a maior recorrência ocorre
quando a invasão muscular é profunda e expressa mais do que seis
milímetros.
Nova comparação entre Anneroth et al. (1987) e Broders (1941) é
realizada, dessa vez por Bryne et al.(1989). Esses autores concluíram que
REVISÃO DA LITERATURA - 14
somente a invasão tecidual tem valor significativo e, sendo assim, o critério
proposto por Anneroth et al. (1987) é superior ao proposto por Broders (1941).
Bryne et al. (1992) estudaram 96 casos de carcinoma epidermóide do
soalho oral comparando o grau de queratinização, polimorfismo, mitose,
infiltração plasmocitária e tipo de invasão tecidual, concluindo que o grau de
invasão celular é associado com a agressividade tumoral.
Bundgaard et al. (1996) analisaram vários fatores prognósticos e,
entre eles, o tipo de invasão tecidual estudada por Anneroth et al. (1987),
concluindo que o modo de invasão tecidual tem valor significativo
relacionado à recorrência e, assim, ao pior prognóstico. Já o padrão de
invasão não mostrou significância nesse estudo.
Dos Santos et al. (1996), após estudarem 58 casos de carcinoma
epidermóide do lábio inferior, concluíram que a invasão muscular (tipo mais
infiltrativo) não foi um fator prognóstico com significância ao comparar cinco
anos de evolução dessa doença.
Outros fatores prognósticos foram estudados e classificados como
grupo agressivo (mais infiltrativos - graus 3 e 4) e grupo não agressivo
(menos infiltrativos graus 1 e 2) por Gluckman et al. (1997), não podendo
estabelecer com clareza quais são os fatores agressivos e que fatores
prognósticos separados não têm valor.
Os efeitos da perda de peso, sintomas locais, invasão muscular do
soalho oral foram observados por Yueh et al. (1998), que estudaram 308
pacientes com câncer da cavidade oral e orofaringe, comparando-os com a
recorrência, persistência de doença e a presença de segundos tumores
REVISÃO DA LITERATURA - 15
primários e concluíram que pacientes com invasão muscular profunda têm
5% de sobrevida em um ano e que os piores fatores para a mortalidade são
a invasão muscular e a perda de peso (caquexia).
Em relação à paralisia dos grupos musculares da língua, poderá
ocorrer, segundo King et al. (1999), devido a invasão do grupo muscular
(tipo dissociation) ou do nervo hipoglosso e ratifica a presença de carcinoma
epidermóide em estádio clínico avançado.
A invasão muscular foi relatada juntamente com as metástases locoregionais e à distância por Osaki et al. (2000), onde a invasão do tipo
dissociation desencadeia a perda do controle local do carcinoma
epidermóide da cavidade oral.
Dedivitis et al. (2003), em estudo comparando o modo de invasão
tecidual e a sobrevida no carcinoma espinocelular da língua oral, concluíram
que os tipos de infiltração tecidual mais agressivos, chamados pelos autores
de grupos celulares sem limites distintos, crescimento em cordões e
crescimento do tipo difuso, foi um
fator de pior prognóstico devido a
observância de maior freqüência de metástases regionais.
Quando comparados carcinoma epidermóide de soalho da boca e da
língua em estádios clínicos I e II e análise de presença de metástases
ocultas, a invasão muscular é o único fator prognóstico presente em ambos
os sítios cirúrgicos, com significância estatística e pode estar associado ao
fator prognóstico de sobrevida livre de doença segundo Amaral et al. (2004).
Eckardt et al.(2004) concluíram que, após estudo comparativo de 100
pacientes, avaliando-se as recidivas de carcinoma epidermóide em cabeça e
REVISÃO DA LITERATURA - 16
pescoço, que as variáveis espessura e invasão muscular são fatores
prognósticos importantes em relação à sobrevida global.
Nemeth et al. (2005), após estudo de carcinomas epidermóides da
cavidade oral, conclui que o prognóstico destes tumores é por demais pobre
e atribui dentre os fatores principais o modo de invasão tecidual.
Liao et al. (2008) analisaram 827 casos consecutivos de carcinoma
epidermóide de boca e sua sobrevida e concluíram que fatores prognósticos
independentes, tais como a margem patológica e espessura tumoral maior
ou igual a 10 milímetros, influenciaram diretamente o controle local da
doença, a sobrevida global e sobrevida livre de doença.
Natori et al. (2008), analisando exames ultra-sonográficos préoperatórios intra-orais em 110 pacientes portadores de carcinoma
epidermóide de língua, comparando-os com os cortes histopatológicos e
com a presença de metástases cervicais, concluíram que o padrão de
invasão do tipo dissociation obtiveram significância estatística em relação à
sobrevida e, portanto, são fatores prognósticos.
Yang et al. (2008) citam o padrão de infiltração ora comparado por
Anneroth e Hansen (1984), Anneroth et al. (1987) e Bryne et al. (1989), em
padrão de invasão 3 e 4, como um fator agressivo, porém, nessa série
estudada e comparando-se 119 casos de câncer de língua, essa
classificação de padrão de invasão mais infiltrativa, mesmo ocorrendo em
92% dos casos, não estão associados com a diminuição de sobrevida
global, que pode ser observada somente nos casos da presença de tumores
satélites com distância maior que 0,5 milímetros do tumor principal.
4 CASUÍSTICA E MÉTODOS
CASUÍSTICA E MÉTODOS - 18
4.1 Casuística
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do
Hospital Heliópolis, em 13 de novembro de 2007, sob nº 581 (Apêndice A) e
pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Luzia de Pinho Melo em 17
de julho de 2008 (Apêndice B).
Foram avaliados retrospectivamente 103 prontuários de pacientes
com diagnóstico histopatológico de carcinoma epidermóide avançado da
boca e orofaringe (estádios clínicos III e IV), no período de janeiro de 2005 a
agosto de 2008, admitidos no Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do
Hospital de Clínicas Luzia de Pinho Melo, em Mogi das Cruzes - SP,
entidade administrada pela Sociedade Paulista para o Desenvolvimento da
Medicina (SPDM), para tratamento com intenção curativa.
O estudo baseou-se no estudo de dados, onde foi avaliado o exame
propedêutico dos pacientes admitidos, por meio do exame clínico da boca,
orofaringe e pescoço na admissão no Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço.
Critérios de inclusão:
Foram
avaliados
os
registros
dos
prontuários
médicos
que
preencherem os seguintes critérios de elegibilidade:
- confirmação histológica de carcinoma epidermóide primário da
boca ou da orofaringe;
CASUÍSTICA E MÉTODOS - 19
- pacientes não submetidos a tratamento oncológico prévio;
- pacientes submetidos a tratamento com finalidade curativa;
- estádio clínico III ou IV.
Critérios de exclusão
Foram excluídos do presente estudo, prontuários de pacientes que
obedeceram um ou mais do seguintes critérios:
- pacientes onde o tratamento principal foi diferente da cirurgia;
- pacientes onde a radioterapia ou a quimioterapia foram tratamentos
prévios a cirurgia;
4.1.1 Caracterização da amostra
Pela análise descritiva dos dados epidemiológicos específicos
observamos que 25 (75,8%) eram do gênero masculino e 8 (24,2%) feminino
e que houve prevalência de brancos com 23 (69,7%) dos pacientes. A média
de idade variou de 44 a 79 anos nos homens com média de 58,2 e de 41 a
77 nas mulheres com média de 60,8.
Na Tabela 1, podemos observar a distribuição dos pacientes com
relação à queixa principal, sendo que ferida e dor na boca corresponderam a
66,7%.
CASUÍSTICA E MÉTODOS - 20
Tabela 1 -
Queixa principal
Queixa
Número de pacientes
%
Ferida/boca
12
36,4
Dor/boca
10
30,3
Caroço
6
18,2
Disfagia
4
12,1
Rouquidão
1
3,0
Total
33
100,0
Com relação aos hábitos dos pacientes, o tabagismo mostrou-se presente
em 81,8% deles, e o etilismo presente em 63,6%. Quando associamos o
etilismo e o tabagismo, a presença de ambos ocorreu em 60% dos casos.
Na Tabela 2, observamos a distribuição dos pacientes com relação ao
sítio primário.
Tabela 2 -
Sítio primário
Sítio primário
Número de pacientes
%
Lábio
8
24,2
Base da língua
6
18,2
Palato duro
5
15,2
Soalho
4
12,1
Língua oral
3
9,1
Tonsila
3
9,1
Palato mole
3
9,1
Região jugal
1
3,0
Total
33
100,0
Na avaliação das distribuições da classificação pTNM, observamos
que em relação às variáveis pT de tumores iniciais 9 (27,3%) dos casos e 24
(72,7%) eram estadiados como avançados. Já em relação ao pN 19 (57,6%)
CASUÍSTICA E MÉTODOS - 21
eram pN0 e 11 (33,3%) pN+. Tivemos 100% dos pacientes com pM0. Houve
quatro casos onde o pT foi 1, ou seja, o estádio patológico do tamanho do
tumor era de até 2 cm, porém o estádio do pescoço era pN2b ou pN2c, o
que mudou o estádio clínico para IVA. Cabe ressaltar que todos os 33 casos
foram operados e 75% (n= 25) foram submetidos a tratamento combinando
com radioterapia adjuvante (Anexo A).
4.2 Métodos
Após a coleta dos dados, foi feita uma reavaliação, com recorte dos
blocos histológicos dos pacientes selecionados, sendo avaliados a presença
ou não de infiltração perineural e o tipo de invasão muscular quando da sua
presença. Outros dados também foram avaliados, tais como: estádio
patológico (pTNM), sítio primário da lesão, invasão vascular e linfática,
sendo todos esses dados tabulados em planilha específica (Anexo B).
4.2.1 Análise dos dados
Os
dados
foram
analisados
independentemente
por
dois
pesquisadores (EF e LGCF), ambos especialistas pela Sociedade Brasileira
de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP), chamados de pesquisador 1
(EF) e pesquisador 2 (LGCF), os quais foram responsáveis pela tabulação
dos dados do exame loco-regional.
Foram lançadas também as avaliações propedêuticas do lábio superior
e inferior, mucosa jugal, gengivas, língua, loja tonsilar, tonsilas, pilares, base da
CASUÍSTICA E MÉTODOS - 22
língua, bem como o exame clínico das cadeias linfonodais cervicais. Os
pesquisadores atualizaram os estadiamentos clínicos dos pacientes com
carcinoma epidermóide avançado da boca e da orofaringe, segundo a
Classificação Internacional dos Tumores - UICC (Sobin e Wittekind, 2002)
Nos prontuários médicos em que os pesquisadores encontraram
discordância no exame clínico (estádios clínicos) foram levados para discussão
prévia entre os mesmos e aqueles onde não houvesse concordância entre os
pesquisadores
foram
submetidos
a
um
terceiro
pesquisador
(AAJr),
determinando a correta avaliação de estadiamento clínico.
O exame da boca e da orofaringe foi feito com o paciente sentado,
usando luva, luz do tipo lanterna específica e espátula de madeira. Foram
avaliados, na seqüência, os lábios superior e inferior, gengivas, soalho da
boca, língua oral ,palato duro, o palato mole, lojas tonsilares, tonsilas
palatinas e a parede posterior da orofaringe. A base da língua foi examinada
pelo toque digital direto e da laringoscopia indireta.
4.2.2 Análise histopatológica
Foram feitos novos recortes das peças cirúrgicas de 33 pacientes
selecionados e realizadas novas análises, onde foi dada atenção à presença
ou não de infiltração perineural e invasão muscular e seu tipo específico.
Essa análise foi realizada por dois médicos patologistas (KSES e AZS).
Quando houvesse dúvida entre a análise dos dois, foi feita reunião com ambos
para discussão do caso discordante. Casos onde não houvesse concordância
foram submetidos a uma terceira análise por outro médico patologista (RCO).
CASUÍSTICA E MÉTODOS - 23
Os blocos foram preparados da seguinte maneira: dos blocos de
parafina originais foram retiradas novas secções histológicas com 4 µm de
espessura, por meio de
micrótomo Leica e submetidas a protocolo de
coloração pela HE conforme descrito a seguir:
- desparafinização em xilol a 60°C por 10 minutos e Xilol em
temperatura ambiente por 10 minutos;
- hidratação em três passagens em álcool absoluto, álcool 95% e
álcool 80%, respectivamente;
- hidratação em água corrente, água destilada;
- hematoxilina de Harris por três minutos;
- lavagem em água corrente e água destilada;
- oito imersões em solução de hidróxido de amônio 0,5%
- lavagem em água corrente e água destilada;
- passagens sucessivas em álcool 50%, álcool 80% e álcool
absoluto;
- eosina por dois minutos;
- quatro passagens em álcool absoluto para desidratação;
- diafanização em xilol (quatro passagens);
- montagem em Entellan (Merck, EUA).
Foram estudados o tipo do tumor, tipo de invasão muscular seguindo
os critérios de Anneroth et al. (1987) e a presença ou não de infiltração
perineural. Outros detalhes, como a embolização vascular e linfática e o
comprometimento das margens cirúrgicas também foram observados e
considerados. Tudo foi anotado em planilha específica (Anexo C). A seguir,
CASUÍSTICA E MÉTODOS - 24
foi refeito o estádio patológico de cada caso (pT pN pM) e estadiado
clinicamente em estádio clinico III, IVA, IVB ou IVC.
Após o novo recorte dos blocos, foram analisadas as seguintes
variáveis:
- infiltração perineural;
- invasão muscular;
- tipo de invasão tecidual (pushing, bands, cords ou dissociation);
- tamanho do tumor (pT);
- presença de linfonodos comprometidos no esvaziamento cervical
(pN);
- presença ou não de embolização vascular;
- presença ou não de embolização linfática;
- comprometimento das margens cirúrgicas.
O tipo de invasão muscular foi avaliado microscopicamente por dois
médicos patologistas, segundo a classificação publicada por Anneroth et. al.
(1987). Foi considerada a invasão tecidual, como a invasão muscular do
grupo estudado.
São quatro os tipos de invasão muscular, assim classificados e
analisados (Quadro 1):
- Tipo 1 - bordas bem definidas ou mesmo invasão questionável
também chamado de pushing (Figura 1);
- Tipo 2 - invasão em cordões sólidos infiltrativos, membrana basal
menos definida, também chamado de bands (Figura 2);
CASUÍSTICA E MÉTODOS - 25
- Tipo 3 - invasão em grupos celulares pequenos e dispersos, com
fina infiltração, com número de células em cada grupo
não sendo menor que 15, também chamado de cords
(Figura 3);
- Tipo 4 - Invasão celular difusa, difundida e por vezes fazendo um
único grupo difusos, ou ainda vários grupos menores,
chamado de dissociation (cordlike type, widespread).
Quadro 1 - Distribuição do padrão de invasão, segundo Anneroth et al.
(1987)
Tipo
Modo de invasão
1 Bordas bem definidas
Padrão de invasão Sinonímia utilizada
Superficial
Pushing
2
Invasão em cordões sólidos
infiltrativos
Restrito á lâmina
própria
Bands
3
Grupos celulares pequenos e
dispersos
Envolvendo
músculo e
glândulas salivares
Cords
4
Dissociação celular marcante
Invasão profunda e
difusa
Dissociation(Cordlike
type Widespread)
CASUÍSTICA E MÉTODOS - 26
Figura 1-
Padrão de invasão muscular tipo pushing. (A) figura esquemática
segundo Anneroth et al. (1987); (B) Lâmina corada por HE com aumento
de 100 X (Caso ID 5)
Figura 2 -
Padrão de invasão muscular tipo bands. (A) figura esquemática segundo
Anneroth et al. (1987); (B) Lâmina corada por HE com aumento de 100 X
(Caso ID 1)
CASUÍSTICA E MÉTODOS - 27
Figura 3 -
Padrão de invasão muscular tipo cords. (A) figura esquemática segundo
Anneroth et al. (1987); (B) Lâmina corada por HE com aumento de 100 X
(Caso ID 13)
Figura 4 -
Padrão de invasão muscular tipo dissociation. (A) figura esquemática
segundo Anneroth et al. (1987); (B) Lâmina corada por HE com aumento
de 100 X (Caso ID 23)
A infiltração perineural foi classificada como presente quando a
estrutura neural esteve parcial ou completamente circundada por blocos de
células epiteliais neoplásicas (Figura 5).
CASUÍSTICA E MÉTODOS - 28
Figura 5 -
Padrão de infiltração perineural, lâmina corada por HE com aumento de
400 X (Caso ID 3)
4.3 Análise Estatística
Foram feitos os seguintes estudos: análise descritiva unidimensional,
análise descritiva multidimensional, associação e dependência de dados
qualitativos e análise de sobrevivência.
O estudo estatístico referiu-se à avaliação de 33 pacientes
submetidos à cirurgia como tratamento ao carcinoma epidermóide avançado
de boca e orofaringe.
O estudo, de caráter descritivo analítico, buscou identificar o perfil dos
pacientes, além de testar a possível associação entre algumas variáveis
levando-se em conta o status observado no período do estudo.
A análise foi dividida em duas partes. A primeira, descritiva, dando
uma visão geral dos pacientes e verificando a associação de variáveis
CASUÍSTICA E MÉTODOS - 29
considerando-se a situação do paciente (variável performance status [KPS])
na data da última avaliação.
Já
a
segunda
parte,
denominada
análise
de
sobrevivência,
determinou taxa e média de sobrevida dos pacientes e verificou a possível
influência de algumas covariáveis em suas curvas de sobrevivência.
Foi realizado o teste exato de Fischer, devido ao número de casos.
Foi utilizada a seguinte execução:
-
20 < N < 40;
-
Máximo de 20% das caselas com freqüência esperada menor do
que 5.
O nível de significância usado (α) foi de 5%, ou seja, α= 0,05 para
todas as comparações.
5 RESULTADOS
RESULTADOS - 31
A observação dos pacientes variou de um a 41 meses, com uma
média de 14 meses. Quanto ao óbito, este ocorreu em média aos 15 meses
de acompanhamento, com mediana de 10 meses e com um valor menor de
cinco e maior de 29 meses após a data de início do estudo. Observou-se
que a infiltração perineural esteve presente em 17 pacientes, o que
corresponde a 51,5% da amostra. Já a invasão muscular foi presente em 28
casos, o que corresponde a 84,9% da amostra.
Na Tabela 3, observa-se a distribuição dos pacientes com relação ao
tipo de invasão muscular, sendo que os tipos mais infiltrativos (cords e
dissociation) mostravam-se em 48,5%.
Tabela 3 -
Tipo de invasão muscular
Tipo de invasão muscular
Número de pacientes
%
Cords
11
33,3
Bands
9
27,3
Dissociation
5
15,2
Pushing
3
9,1
Total
28
84,9
RESULTADOS - 32
5.1 Avaliação do Karnofsky Performance Status (KPS)
O KPS determina a situação do paciente no momento da última
avaliação, ou seja, essa situação pode mudar com a evolução. Vinte e cinco
(80,6%) pacientes estavam vivos sem a doença e seis (19,3%), mortos pelo
câncer. Houve duas censuras, representadas por dois indivíduos que morreram
de outras causas, diferentes da aqui estudada.
O KPS foi avaliado como quatro tipos diferentes de variáveis: paciente
vivo e sem doença; paciente vivo e com doença; paciente morto por outras
causas e este foi um fator de censura; e paciente morto pela doença.
Dentre as mortes pelo tumor, do total de seis casos, houve três
mortes com a presença de infiltração perineural e três sem apresentarem
esse fenômeno. Quando se estudou a invasão muscular, observou-se um
caso de óbito sem este fenômeno e, em cinco casos de óbito, a invasão
muscular esteve presente. Quanto ao tipo de invasão muscular dos cinco
casos que evoluíram para óbito, houve dois casos classificados como cords
e três casos classificados como dissociation.
Ao comparar-se a variável morte pelo tumor com a infiltração
perineural e invasão muscular e padrão de invasão muscular, não se obteve
significância estatística (p= 1; p= 1; p= 0,07 respectivamente). No entanto,
ao cruzarem-se os dados morte pelo tumor e padrão de invasão muscular,
pode-se observar um valor de p próximo do corte de 5% (p= 0,07). Esse fato
ocorreu com os casos mais infiltrativos (cords e dissociation).
RESULTADOS - 33
5.2 Associação entre as recidivas locais e loco-regionais associadas
com o óbito, infiltração perineural, invasão muscular e padrão de
invasão muscular
Encontraram-se três casos de recorrência local, que correspondem a
9,1% dos casos estudados e um caso de recorrência regional (3%). As
variáveis recidiva local e recidiva loco-regional foram também agrupadas e
estudadas em conjunto com o óbito, pois, dessa forma, teve-se uma visão
da presença de doença em atividade e do óbito. Quando comparada essas
variáveis em conjunto e a presença de infiltração perineural, não se obteve
significância estatística (p= 0,68). Na comparação com as variáveis invasão
muscular e padrão de invasão muscular, também não se obteve significância
estatística (p= 1 e p= 0,08, respectivamente). No caso do padrão de invasão
muscular, o valor de p de 0,08 chama a atenção e está relacionado com
doença mais invasiva no tecido muscular (cords e dissociation)
5.3 Associação entre a presença de metástase à distância, infiltração
perineural, invasão muscular e padrão de invasão muscular
A metástase à distância ocorreu em três casos (9,1%). Em todos os
casos, o local foi o pulmão. É importante relacionar que todos os pacientes
em quem a metástase à distância esteve presente (n= 3), pertencem ao grupo
que morreram da doença (ID 3, 30 e 32). Em todos os casos de metástase à
distância os casos foram classificados como dissociation.
A variável infiltração perineural não mostrou significância estatística
(p= 0,60), assim também ocorreu ao comparar-se a invasão muscular (p=1).
RESULTADOS - 34
Quando se comparou a variável padrão de invasão muscular, houve
significância estatística (p= 0,04).
5.4 Análise da sobrevida
Em relação à análise de sobrevida, apresentamos os tempos médios e
mediano dos seis pacientes que morreram pela doença inicial, considerando
como censura as duas mortes ocorridas por outras causas totalizando oito
pacientes com evolução para óbito. Assim, o tempo de sobrevida considerado
será o decorrido entre a data da cirurgia e a data da última avaliação. O tempo
máximo de observação foi de 41 meses. O primeiro óbito decorreu cerca de
cinco meses da data da primeira observação.
Gráfico 1 -
Curva de sobrevivência segundo estimador de Kaplan-Meier
RESULTADOS - 35
Ao analisar-se o gráfico de sobrevida, conclui-se que, com cerca de
30 meses de acompanhamento, encontraram-se aproximadamente 60% dos
paciente ainda vivos.
Gráfico 2-
Presença de sobrevida de pacientes com se sem infiltração
perineural
Quando se analisou a curva de sobrevida em relação a pacientes com
e sem infiltração perineural, observou-se o não cruzamento das linhas, os
casos positivos apresentam a curva abaixo dos pacientes sem infiltração
perineural (Gráfico 2).
RESULTADOS - 36
Gráfico 3-
Curva de sobrevivência, segundo estimador de KaplanMeier comparando os grupos com e sem infiltração
perineural e óbito
O Gráfico 3, que considera somente os casos que evoluíram a óbito e
compara a infiltração perineural, permitiu concluir que os pacientes com
infiltração perineural viveram menos ao comparados com aqueles que não
tiveram este fenômeno histopatológico.
Pelas médias, pode-se dizer que, nos pacientes que não tiveram
infiltração perineural, o óbito ocorreu até próximo do vigésimo mês de
seguimento (19,4 meses), enquanto que a média dos pacientes com
positividade para essa variável faleceram até próximo do nono mês de
seguimento (8,7 meses), com mediana de 9,3 meses. No entanto, os testes
RESULTADOS - 37
de Log-Rank e Wilcoxon de homogeneidade, demonstraram não haver
significância estatística (p = 0,23 e p = 0,28, respectivamente) (Tabela 4).
Tabela 4 -
Tempo de sobrevivência e infiltração perineural
Tempo de
sobrevivência
Sem infiltração
perineural
Com infiltração
Perineural
Médio
19,4
8,7
Mediano
19,8
9,3
Foram observadas diferenças entre o tempo médio de sobrevida dos
pacientes que tiveram a invasão muscular (9,1 meses) contra 29,2 meses
daqueles que não tiveram tal ocorrência histopatológica.
A diferença é bem nítida também em relação à mediana. Pelos testes
de homogeneidade, temos ao nível de significância de 5%, a rejeição da
hipótese de igualdade entre os grupos segundo o teste Log-Rank (p= 0,04),
e a não rejeição segundo o teste de Wilcoxon (p= 0,06). Como o teste LogRank é mais significante que o teste de Wilcoxon por dar mais peso aos
maiores tempos de sobrevivência, foi utilizado este para confirmar que o
tempo de sobrevivência dos pacientes que não tiveram invasão muscular é
maior que o dos que tiveram a invasão, sem esquecer-se que esse grupo
possui apenas um indivíduo com valores válidos (Tabela 5 e Gráficos 4 e 5).
Tabela 5 -
Tempo de sobrevivência e invasão muscular
Tempo de
sobrevivência
Sem invasão
Muscular
Com invasão
Muscular
Médio
29,2
9,1
Mediano
29,2
9,3
RESULTADOS - 38
Gráfico 4-
Sobrevida cumulativa relacionada à doença com e sem
invasão muscular
RESULTADOS - 39
Gráfico 5 - Curva de sobrevida segundo estimador de Kaplan-Meier
dos grupos com e sem invasão muscular e óbito
Ao considerarem-se somente os pacientes que evoluíram para óbito
(Gráfico 5), pode-se também observar que os pacientes que têm o fenômeno
histopatológico da invasão muscular vivem menos ao serem comparados
com aqueles que não apresentam a alteração.
6 DISCUSSÃO
DISCUSSÃO - 41
O estudo dos fatores prognósticos sempre despertaram interesse dos
cirurgiões
e
dos
oncologistas
clínicos,
pois
a
partir
de
dados
histopatológicos, poderia- se indicar tratamento adjuvante ou ainda
complementação com as armas terapêuticas disponíveis. Tais fatores
podem mudar o paradigma cirúrgico, determinado por fatores prognósticos,
com amplificação das margens de ressecção, bem como o estudo imediato
de margens moleculares.
Sabe-se que a infiltração perineural é um fator prognóstico estudado e
considerado por muitos como determinante de terapêuticas complementares.
Segundo Kowalski et al. (1999), os aspectos histológicos permitem prever a
evolução destes pacientes e daí, a necessidade de associação terapêutica.
Comparando-se com Rahima et al. (2004) que estudaram vários
fatores prognósticos em 101 casos de carcinoma epidermóide da boca e da
orofaringe, a infiltração perineural é citada pelos autores como um fator
prognóstico importante e houve significância estatística ao ser comparada
com a recidiva local. O que não ocorreu em nosso estudo, onde tivemos um
p de 0,6. A mortalidade dos casos com infiltração perineural foi maior ao
comparados com os casos sem este fator histopatológico, também com
significância estatística. Comparando com o nosso estudo, também a nossa
curva de sobrevida foi bem menor ao compararmos os casos sem infiltração
DISCUSSÃO - 42
perineural. A infiltração perineural estudada por nós esteve presente em
48% dos casos, ou seja, praticamente metade dos 33 casos estudados.
Rahima et al., em 2004, tiveram 25,7% dos 101 casos analisados de
carcinoma epidermóide da boca e da orofaringe com infiltração perineural.
Não observamos significância estatística quando associado com o
performance status de pacientes mortos pela doença ou ainda com a
associação de pacientes vivos com a doença e mortos pela doença. No
entanto, ao compararmos a curva de sobrevida dos pacientes com infiltração
perineural, podemos notar que estes pacientes viveram menos. A diferença
foi de 19,4 meses nos casos sem infiltração perineural e 8,7 meses naqueles
com infiltração perineural. Esse mesmo fenômeno chamou a atenção de
Brandwein et al. (2005), que afirmavam que o infiltração perineural é um
fator prognóstico determinante de uma sobrevida global limitada. Esses
autores estudaram 292 casos de carcinoma epidermóide da boca e
concluíram que a infiltração perineural é um fator prognóstico independente
e estatisticamente significante quando comparada com a recidiva local e
diminuição da sobrevida global. Esse último item está de acordo com nosso
estudo, pois tivemos uma curva de sobrevida menor em casos de infiltração
perineural.
Quando estudamos a infiltração perineural, pudemos verificar que
muitos
autores
consideravam
este
dado
como
importante
fator
prognóstico. Assim. Robbins et al. (1986) afirmaram que a redução da
sobrevida nestes casos coincidente com o presente trabalho. Woolgar e
Scott (1995) estudaram 45 pacientes com carcinoma epidermóide da
DISCUSSÃO - 43
língua e do soalho oral, comparando-os com a presença de metástase
cervical e determinaram a infiltração perineural como fator preditivo
positivo importante sem obter significado estatístico com este fator
histopatológico isolado. Em nosso estudo, a infiltração perineural não
mostrou significância também quando comparada a morte pelo tumor ou
mesmo quando comparada entre pacientes vivos e com doença e mortos
pela doença, com p de 0,68.Ao compararmos os dados obtidos com os
dados analisados por Dos Santos et al. (1996), que estudaram 58 pacientes
portadores de carcinoma epidermóide do lábio inferior, podemos concordar
com este estudo, pois a infiltração perineural não teve significância
estatística. Esse estudo é próximo do nosso, onde tivemos o lábio como o
principal sítio primário com 24% dos casos.
Fagan et al. (1998) estudando 142 pacientes portadores de carcinoma
espinocelular da boca, orofaringe, hipofaringe e laringe, durante o período de
1981 a 1991, concluíram que o carcinoma epidermóide da boca e da
orofaringe, ao invadir nervos até menores de um milímetro, foi significante
para a sobrevida e para recorrência local o que vem corroborar o presente
estudo, já que a sobrevida observada nos casos de tumores da boca e da
orofaringe foi menor nos casos de infiltração perineural. Novamente, ao
analisar a sobrevida, Nemeth et al. (2005) atribuíram à infiltração perineural
a maior agressividade do tumor, coincidente com o
observado neste
trabalho, onde tivemos menor sobrevida nos casos de infiltração perineural
positiva. Apresentamos dados, onde a sobrevida foi maior cerca de 10
meses nos pacientes onde não houve a infiltração perineural.
DISCUSSÃO - 44
Quando considerada a piora evolutiva, Ojiri (2006), afirmou ser o
tumor mais agressivo quando há infiltração perineural, fato aferido em nosso
trabalho devido à menor sobrevida dos casos de infiltração perineural
positiva.
Liao et al. (2007), após estudarem 335 casos de carcinoma epidermóide
avançado da boca nos estádios clínicos III e IVA, concluíram que a infiltração
perineural tem importância como fator prognóstico nos casos de pescoço
negativo. Estes autores afirmam que quando o pescoço foi positivo, o mesmo
fator histopatológico não teve impacto na sobrevida. Dados próximos aos
nossos, pois ao cruzarmos os dados de pescoço positivo com a variante
performance status, não obtivemos significância estatística (p= 0,72).Também o
único caso registrado por nós com recorrência regional não apresentava
infiltração perineural. Todavia, Ramos et al. (2008), ao estudarem 40 casos de
carcinoma epidermóide da língua e do soalho oral em estádios iniciais
afirmaram que a infiltração perineural é um fator de pior prognóstico e preditivo
positivo para o óbito, este último sem significância estatística, exatamente como
ocorreu em nosso estudo onde nosso p foi igual a um, ao comparamos a
infiltração perineural e o óbito pela doença e temos uma curva de sobrevida
menor nos casos de infiltração perineural.
Nesse trabalho foi ainda estudado o tipo e o padrão de invasão do
tecido profundo (muscular), com o objetivo de associar a um pior prognóstico.
Ao rever a literatura, autores como Yamamoto et al. (1984) e Crissman (1986)
referiram como os padrões de infiltração mais infiltrativos (chamodos por nós
de cords e dissociation) como também os mais agressivos.
DISCUSSÃO - 45
Ao comparar a invasão muscular e seu padrão de invasão com outros
fatores clínicos como recidiva local e loco regional, morte pela doença,
presença de doença em paciente ainda vivo, presença de metástase à
distância e curvas de sobrevida, tivemos alguns dados importantes,
principalmente quando comparamos os tipos de padrão de invasão mais
infiltrativos (cords e dissociation), tendo índices próximos da significância ao
cruzarmos tal fator histopatológico com os dados de morte pela doença e o grupo
de pacientes mortos pela doença e pacientes vivos, porém, com a doença.
Quando analisamos a presença de metástase á distância e o padrão
de invasão tecidual, no carcinoma espinocelular da boca, houve significância
estatística (p = 0,004) e todos os casos apresentaram-se no padrão
classificado por Anneroth et al. (1987) com dissociation, ou seja, o mais
infiltrativo. Esse fato confirmou os achados nos estudos do próprio Anneroth
e Hansen (1984) e Anneroth et al. (1987), que afirmam ser o padrão de
invasão tecidual um fator preditivo positivo para a sobrevida. Nosso estudo
corrobora com esse fato, já que houve significância estatística ao
comparamos o padrão de invasão muscular e a presença de metástase à
distância. Também temos uma menor sobrevida com significância estatística
nos casos de presença de invasão muscular. Crissman et al. (1984)
confirmaram o que Anneroth (1987) escreveu e afirmou ser a metástase à
distância o único fator preditivo para a sobrevida. Em nosso estudo, ao
comparamos o performance status e a presença de metástase á distância,
tivemos significância estatística com p= 0,01, mostrando este ser um fator
importante em relação a sobrevida e controle da doença.
DISCUSSÃO - 46
Ao analisarmos somente a invasão muscular como um todo e não o
padrão de invasão tecidual, não houve significância estatística, contrariando
os achados de Anneroth et al. (1987), Crissman et al. (1984) e Bryne et al.
(1989). No entanto, ressalta-se que Dos Santos et al. (1996) afirmaram não
haver significância estatística nos casos de
invasão muscular e pior
prognóstico da doença em cinco anos quando 58 casos de carcinoma
espinocelular do lábio foram estudados, concordando com o nosso estudo,
já que esta variável histopatológica não mostrou significância quando
comparada com as variáveis morte pela doença, pacientes mortos pela
doença e vivos com a doença, recorrência local e regional e a presença de
metástase á distância. Porém, cabe ressaltar que a nossa curva de
sobrevida nos casos de invasão muscular é menor ao ser comparada aos
casos sem invasão muscular e aqui, diferindo da sobrevida nos pacientes
portadores de infiltração perineural, tivemos significância estatística.
Osaki et al. (2000) afirmaram que a invasão tecidual do tipo
dissociation desencadeia perda do controle do carcinoma espinocelular da
boca, dado este em conformidade com nosso estudo, pois tivemos mais
metástases pulmonares e significância estatística no tipo dissociation.
Dedivitis et al., 2003, afirmaram que os casos de invasão tecidual
descritos como mais agressivos e chamados pelos autores como grupos
celulares sem limites distintos, crescimento em cordões e crescimento difuso
(3, 4C e 4D respectivamente), tem um pior fator prognóstico ao serem
comparados com as metástases regionais. Estes dados estão de acordo
com os nossos estudos, onde tivemos casos de significância estatística em
DISCUSSÃO - 47
relação à metástase à distância nos casos classificados por nós como
dissociation, ou seja, os mais agressivos.Também tivemos menor sobrevida
nos casos onde a invasão muscular esteve presente.
Vários autores confirmaram a importância da invasão muscular como
importante fator prognóstico (Eckardt et al., 2004; Natori et al., 2008). Yang
et al. (2008) concordaram com o fato dos padrões de infiltração cords e
dissociation serem os mais agressivos, porém não os relaciona com a
diminuição da sobrevida global. No entanto, tivemos uma sobrevida menor e
estatisticamente significante nos casos onde a invasão muscular esteve
presente.
Tivemos várias análises consultadas que não revelaram significância
estatística comparando-se a invasão muscular com a morte pela doença,
grupo de pacientes vivos e com a doença e mortos pela doença, recorrência
local e regional e a presença de metástase á distância. Ressaltamos que
obtivemos significância ao cruzarmos as variáveis metástase à distância e
padrão de invasão muscular (p= 0,04). Tal fato pode ter ocorrido devido ao
número de casos analisados (n=33) e ao número de óbitos ocorridos pela
doença (n=6), pois destes, somente um caso de óbito pela doença não tinha
invasão muscular e dos cinco casos de óbito com invasão muscular, todos
eram considerados os mais agressivos e mais infiltrativos (dois do tipo cords
e três do tipo dissociation). Estes dados foram estudados e estão de acordo
com Anneroth e Hansen (1984), Crissman et al. (1984), Anneroth et al.
(1987), Bryne et al. (1992), Yueh et al. (1998), Osaki et al. (2000), Dedivitis
et al. (2003), Amaral et al. (2004), Nemeth et al. (2005) e Natori et al. (2008).
DISCUSSÃO - 48
Quando analisamos a morte pelo tumor e tipo de invasão muscular
com os casos mais infiltrativos (cords e dissociation), observou-se
importante desvio (p=0,07), porém sem significância estatística, reafirmando
que o padrão de
invasão muscular mais infiltrativo pode ser um fator
importante para o prognóstico.
Ao analisarmos a sobrevida fica claro que pacientes com invasão
muscular tiveram menor tempo de sobrevida (média de 9,1 meses)
comparados com aqueles que não possuíam invasão muscular (média de 29,2
meses). Ao compararmos tais dados com a literatura, Yueh et al. (1998)
confirmam nossos achados e consideraram que pacientes com invasão
muscular profunda tiveram 5% de sobrevida em um ano e Amaral et al. (2004)
afirmaram que a invasão muscular é um fator que parece estar associado à
sobrevida livre de doença. Eckardt et al. (2004) concluíram ser a invasão
muscular um fator importante na sobrevida global, concordando com nosso
estudo. Natori et al. (2008) concluíram que o padrão de invasão tecidual do tipo
dissociation teve significância estatística em relação à sobrevida, parecendo
associar-se uma menor sobrevida como ocorre neste estudo.
Houve diferença quando comparamos a sobrevida de pacientes com
invasão muscular e pacientes sem esta variável histopatológica, com cerca
de 20 meses a mais nos casos sem invasão muscular. Também observamos
que o padrão de infiltração classificado como dissociation apresenta- se
mais agressivo, devido à presença de metástase à distância.
7 CONCLUSÕES
CONCLUSÕES - 50
1) Há pior prognóstico nos casos de padrão de invasão muscular
classificado como dissociation (mais infiltrativos).
2) Pacientes com infiltração perineural e com invasão muscular têm
uma menor sobrevida, quando comparados com aqueles que não têm tais
fatores histopatológicos.
8 ANEXOS
ANEXOS - 52
Anexo A - Projeto de Pesquisa
Projeto de pesquisa
Estudo das alterações de pares cranianos em pacientes portadores de carcinoma epidermóide avançado
da boca e da orofaringe relacionadas aos fatores prognósticos clínicos, histopatológicos e terapêuticos.
Curso:Ciências
Ciênciasdada
saúde
Hospital
Heliópolis
Curso:
saúde
do do
Hospital
Heliópolis
Pesquisadores:Emerson
Emerson
Favero
e Prof.
Rogério
Dedivitis
Pesquisadores:
Favero
e Prof.
Dr. Dr.
Sérgio
Altino Aparecido
Franzi
1-
Número: __________________________________________________________________________
2-
SAME: ___________________________________________________________________________
3-
Iniciais do nome: ____________________Telefone: ___________ - __________________________
4-
Idade: ____________________________________________________________________________
5-
Sexo: (1) Masculino
6-
Etnia: (1) Branco
7-
Profissão: __________________________
8-
Estado Civil: (1) Solteiro (2) Casado (3) Separado (4) Divorciado (5) Viúvo _________________ (
9-
Nacionalidade: _____________________________________________________________________
(2) Feminino __________________________________________________( )
(2) Negro (3) Amarelo
(4) Pardo (5) Outros _________________________( )
)
10 - Naturalidade: ______________________________________________________________________
11 - Procedência: ______________________________________________________________________
12 - Grau de escolaridade: (1) Fundamental incompleto
(2) Fundamental
(3)Médio incompleto
(4) Médio
(5) Superior incompleto
(6) Superior
___________________________________________ ( )
13 - Queixa principal: __________________________________________________________________
14 - Data do início dos sintomas: ____________________________________________________ meses
15 - Hábitos:
(1) Cigarro
(2) Cigarro de palha
(3) charuto
(4) Cachimbo
(5) Mascar fumo
(6) Rapé
___________________________________________ (
)
16 - Tabagismo: (1) + (2) ++ (3) +++ (4) ++++ _________________________________________( )
17 - Etilismo: (1) destilado (2) Fermentado (3) Vinho (4) Cachaça (5) Outros _________________( )
18 - Quantia de ingesta etílica diária: (1) + (2) ++ (3) +++ (4) ++++ ________________________( )
19 - Antecedentes pessoais de câncer: (1) Sim (2) Não _____________________________________( )
20 - Antecedentes familiares para câncer: (1) Sim (2) Não _________________________________( )
ANEXOS - 53
21 - Sítio primário: (1) Lábio
(2) Gengiva superior
(3) Gengiva inferior(4) Palato duro
(5) Língia oral
(6) Soalho
(7) Mucosa jugal(8) língua e soalho
(9) retromolar
(10) Base de língua
(11) Amigdala
(12) Parede posterior
(13) Palato mole
(13) Outro
_________________________________________________ ( )
22 - Lado da lesão primária: (1) Direita
(2) Esquerda
(3) Linha média ou bilateral
_______________________________________________________________ _______________ (
)
23 - Tamanho da lesão primária: (1) Até 2 cm
(2) 2-4 cm
(3) Maior que 4 cm
_______________________________________________________________ _______________ (
)
24 - Estádio clínico do pescoço no diagnóstico: (1)NX (2)N1 (3)N2a (3) N2b (4) N2c (5)N3
_______________________________________________________________ _______________ (
)
25 - Presença de metástase a distância no diagnóstico: (1) MX (2) M0 (3) M1
_______________________________________________________________ _______________ (
)
26 - Estádio TNM no diagnóstico: T _________________ N ________________ M _________________
27 - Estádio Clínico no diagnóstico: (1) III (2) IV
_______________________________________________________________ _______________ (
)
28 - Exames Realizados: (1) TC
(2) Laringoscopia direta
(3) Endoscopia
(4) Rx tórax
(5) RX panorâmico
(6) USG
(7)outros
_______________________________________________________________ _______________ (
)
29 - Data da cirurgia: _______/_______/__________
30 - Tipo de esvaziamento cervical direito:
(1) SOH
(2) Lateral
(3) Outros seletivos (4) Radical I
(5) Radical II
(6) Radical III - funcional
(7)Radical clássico
(8) Não realizado
_______________________________________________________________ _______________ (
)
31 - Tipo de esvaziamento cervical esquerdo: (1) SOH
(2) Lateral
(3) Outros seletivos (4) Radical I
(5) Radical II
(6) Radical III - funcional
(7)Radical clássico
(8) Não realizado
_______________________________________________________________ _______________ (
)
32 - Estádio patológico: PT __________________ PN _________________ PM ____________________
33 - Tamanho da lesão no anátomo-patológico: (1) até 2 cm
(2) 2-4
(3) Maior que 4 cm
_______________________________________________________________ _______________ (
)
34 - Invasão vascular: (1) Sim (2) Não ___________________________________________________( )
35 - Infiltração perineural: (1) Sim (2) Não ______________________________________________( )
36 - Embolização linfática: (1) Presente (2) Ausente ________________________________________( )
37 - Invasão muscular: (1) Sim (2) Näo _________________________________________________( )
38 - Margens cirúrgicas: (1) Livres (2) Comprometidas (3) Exíguas __________________________( )
ANEXOS - 54
39 - Números de linfonodos dissecados: ____________________________________________________
40 - Número de linfonodos comprometidos: ________________________________________________
41 - Número de linfonodos com rotura capsular _____________________________________________
42 - Cadeias linfáticas comprometidas: (1) IA (2) IB (3) IIA (4) IIB (5) III (6) IV (7) V (8) VI (9) VII
_______________________________________________________________ _______________ (
)
43 - Número do anátomo-patológico: ______________________________________________________
44 - Data da radioterapia: ________/_______/_________ até ________/_________/___________
45 - Tipo de aparelho da radioterapia: (1) Acelarador linear
(2) Cobalto
(3) Braquiterapia
(4)Outros
_______________________________________________________________ _______________ (
)
46 - Dose da radioterapia no sítio primário:______________________________________________ cGy
47 - Dose da radioterapia cérvico-facial: ________________________________________________ cGy
48 - Dose da radioterapia fossas: ______________________________________________________ cGy
49 - Data de início da quimioterapia: _________/__________/__________
50 - Data da última sessäo de quimioterapia: __________/__________/___________
51 - Tipo de quimioterapia: (1)Neoadjuvante
(2)Adjuvante
(3)Concomitante
(4)Paliativa
_______________________________________________________________ _______________ (
)
52 - Principais drogas quimioterápicas e doses: ______________________________________________
_______________________________________________________________ __________________
_______________________________________________________________ __________________
_______________________________________________________________ __________________
53 - Avaliação da recidiva: (1) Local
(2) Loco-regional
(3) Distância
_______________________________________________________________ _______________ (
)
54 - Data da recidiva:_________/_________/___________
55 - Local da metástase a distância: _______________________________________________________
56 - Segunda neoplasia primária: (1)Sim
(2)Não
_______________________________________________________________ _______________ (
)
57 - Data do diagnóstico da segunda neoplasia primária: _________/________/___________
58 - Tipo do tratamento da recidiva:_______________________________________________________
_______________________________________________________________ __________________
_______________________________________________________________ __________________
59 - Data da última avaliação: _________/____________/______________
60 - Performance status: (1) Vivo sem doença
(2)Vivo com doença
(3)Morte pela neoplasia
(4) Morte por outras causas
_______________________________________________________________ _______________ (
)
ANEXOS - 55
EXAME CLÍNICO OBSERVADOR 1 – Dia Zero
61 - Trigêmeo (V): (1) Não
(2) Dor na face ou dentes
(3)Alteração tônus do masseter e/ou temporal
(4) Desvio da mandíbula para o lado da lesão
_______________________________________________________________ (
)
62 - Facial (VII): (1) Não
(2) Desvio da rima
(3) Ausência do movimento de piscar
(4) Lagoftalmo
(5) Ausência de contrair o platisma ao cerrar os dentes
(6) Dificuldade em contrair a fronte
_______________________________________________________________ (
)
63 - Glossofaringeo e vago (IX e X): (1) Não
(2) Desvio do palato
(3) Desvio da parede posterior da orofaringe durante a fonação
(4) Disfagia
(5) Abolição do reflexo velopalatino
_______________________________________________________________ ( )
64 - Acessório (XI):
(1) Não
(2) Dificuldade em elevar o ombro
(3) Atrofia do Esternocleidomastoideo
(4) Aumento da fossa supraclavicular
(5) Atrofia do Trapézio
_______________________________________________________________ (
(1) Não
(2) Desvio da língua
(3) Imobilidade da língua
(4) Atrofia da Língua
_______________________________________________________________ (
)
65 - Hipoglosso (XII):
)
ANEXOS - 56
EXAME CLÍNICO OBSERVADOR 2 – Dia zero
66 - Trigêmeo (V): (1) Não
(2) Dor na face ou dentes
(3)Alteração tônus do masseter e/ou temporal
(4) Desvio da mandíbula para o lado da lesão
_______________________________________________________________ (
)
67 - Facial (VII): (1) Não
(2) Desvio da rima
(3) Ausência do movimento de piscar
(4) Lagoftalmo
(5) Ausência de contrair o platisma ao cerrar os dentes
(6) Dificuldade em contrair a fronte
_______________________________________________________________ (
)
68 - Glossofaringeo e vago (IX e X): (1) Não
(2) Desvio do palato
(3) Desvio da parede posterior da orofaringe durante a fonação
(4) Disfagia
(5) Abolição do reflexo velopalatino
_______________________________________________________________ ( )
69- Acessório (XI):
(1) Não
(2) Dificuldade em elevar o ombro
(3) Atrofia do Esternocleidomastoideo
(4) Aumento da fossa supraclavicular
(5) Atrofia do Trapézio
_______________________________________________________________ (
(1) Não
(2) Desvio da língua
(3) Imobilidade da língua
(4) Atrofia da Língua
_______________________________________________________________ (
)
70 - Hipoglosso (XII):
)
ANEXOS - 57
EXAME CLÍNICO OBSERVADOR 1 – dia 60
71 - Trigêmeo (V): (1) Não
(2) Dor na face ou dentes
(3)Alteração tônus do masseter e/ou temporal
(4) Desvio da mandíbula para o lado da lesão
_______________________________________________________________ (
)
72 - Facial (VII): (1) Não
(2) Desvio da rima
(3) Ausência do movimento de piscar
(4) Lagoftalmo
(5) Ausência de contrair o platisma ao cerrar os dentes
(6) Dificuldade em contrair a fronte
_______________________________________________________________ (
)
73 - Glossofaringeo e vago (IX e X): (1) Não
(2) Desvio do palato
(3) Desvio da parede posterior da orofaringe durante a fonação
(4) Disfagia
(5) Abolição do reflexo velopalatino
_______________________________________________________________ ( )
74- Acessório (XI):
(1) Não
(2) Dificuldade em elevar o ombro
(3) Atrofia do Esternocleidomastoideo
(4) Aumento da fossa supraclavicular
(5) Atrofia do Trapézio
_______________________________________________________________ (
(1) Não
(2) Desvio da língua
(3) Imobilidade da língua
(4) Atrofia da Língua
_______________________________________________________________ (
)
75 - Hipoglosso (XII):
)
ANEXOS - 58
EXAME CLÍNICO OBSERVADOR 2 – dia 60
76 - Trigêmeo (V): (1) Não
(2) Dor na face ou dentes
(3)Alteração tônus do masseter e/ou temporal
(4) Desvio da mandíbula para o lado da lesão
_______________________________________________________________ (
)
77 - Facial (VII): (1) Não
(2) Desvio da rima
(3) Ausência do movimento de piscar
(4) Lagoftalmo
(5) Ausência de contrair o platisma ao cerrar os dentes
(6) Dificuldade em contrair a fronte
_______________________________________________________________ (
)
78 - Glossofaringeo e vago (IX e X): (1) Não
(2) Desvio do palato
(3) Desvio da parede posterior da orofaringe durante a fonação
(4) Disfagia
(5) Abolição do reflexo velopalatino
_______________________________________________________________ ( )
79- Acessório (XI):
(1) Não
(2) Dificuldade em elevar o ombro
(3) Atrofia do Esternocleidomastoideo
(4) Aumento da fossa supraclavicular
(5) Atrofia do Trapézio
_______________________________________________________________ (
(1) Não
(2) Desvio da língua
(3) Imobilidade da língua
(4) Atrofia da Língua
_______________________________________________________________ (
)
80 - Hipoglosso (XII):
)
ANEXOS - 59
Anexo B -
Avaliação da infiltração perineural e da invasão muscular
Avaliação da infiltração perineural e do tipo de invasão muscular em carcinoma
epidermóide avançado da boca e da orofaringe: estudo de 30 casos
1 - Nome: _____________________________________________________________________
2 - Idade:______________________________________________________________________
3 - Número da lâmina: __________________________________________________________
4 - Tumor primário: ____________________________________________________________
5 - Estádio pré- operatório: T___ N___ M___
6 - Estádio patológico: PT___ PN___ PM___
7- Invasão Peri- neural: ( )Sim ( )Não
8 - Tipo de Invasão Muscular
( ) Ausente
( ) “Pushing” ( ) “Bands” ( ) “Cords” ( ) “Dissociation”
ANEXOS - 60
Anexo C ID
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
Dados dos pacientes
SEXO
M
M
M
M
M
M
F
M
M
F
M
M
M
M
M
M
M
M
F
F
M
M
F
M
M
F
M
M
M
M
F
F
M
TUMOR PRIMÁRIO
Lábio Inferior
Base da língua
Palato duro
Tonsila
Tonsila
Palato mole
Lábio inferior
Lábio inferior
Lábio inferior
Base da língua
Soalho da boca
Palato mole
Palato duro
Lábio inferior
Língua oral
Labio inferior
Tonsila
Base da língua
Mucosa jugal
Língua oral
Base da língua
Base da língua
Lábio inferior
Palato duro
Base da língua
Labio inferior
Soalho da boca
Palato mole
Língua oral
Soalho da boca
Palato duro
Palato duro
Soalho da boca
T
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
2
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
4
3
4
N
0
0
1
0
0
5
0
0
0
0
4
0
0
0
1
0
3
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
RXT ADJ
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Não
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Não
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
9 REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS - 62
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factors of occult metastasis and prognosis of clinical stages I and II
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10 APÊNDICES
APÊNDICES - 71
Apêndice A - Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital
Heliópolis
APÊNDICES - 72
Apêndice B - Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital
Luzia de Pinho Melo
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA - 74
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