INFORMAÇÃO CLIMÁTICA

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INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P.
PORTUGAL
INFORMAÇÃO CLIMÁTICA
RELATÓRIO MENSAL
Março 2008
Lisboa, Abril de 2008
Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Instituto de Meteorologia, I. P.
Rua C – Aeroporto de Lisboa
1749-077 Lisboa – Portugal
Tel.: (351) 21 844 7000
Fax: (351) 21 840 2370
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Resumo da situação climática de Março
O mês de Março de 2008 foi caracterizado pelo agravamento da situação de Seca Meteorológica,
estando metade do País em situação de seca moderada, 13% em seca severa e 37% em seca fraca.
No que diz respeito às quantidades de precipitação, o mês de Março classificou-se como
extremamente seco a seco em todo o território, sendo que a precipitação acumulada no período
compreendido entre 1 de Setembro e 28 de Março foi inferior em 80% aos valores médios 196190, em todo o Continente, sendo inferior a 60% nas regiões do Norte e Centro, o que contribuiu
para o agravamento da situação de seca meteorológica.
A temperatura do ar, no Continente, registou neste mês de Março o 2º valor médio de
temperatura mínima do ar mais baixo do Século XXI, sendo igualmente o 2º mais baixo dos
últimos 19 anos, o valor mais baixo, de 6,0ºC, verificou-se em 2004.
Na Madeira e nos Açores a temperatura média do ar foi superior ao valor médio do período de
referência (1961/1990). As quantidades de precipitação registaram valores muito inferiores aos
valores normais.
Resumo Mensal_Março 2008
Estações
Temp.Máx.
Ocorrida
Dia
Temp.Min.
Ocorrida
Dia
Precip.Total
mês
Prec.Máx.Di
ária
20.0
20.3
16.1
24.0
14
3
2
14
-3.9
2.0
-5.5
1.9
5
23
23
23
17.7
55.2
88.7
29.8
3.0
9.0
17.0
7.0
22.7
22.0
24.1
24.5
22.9
18.7
29
14
13
4
31
28 e 31
0.8
7.3
0.6
6.2
12.6
9.0
23
23
6
10
8
26
7.7
30.5
10.2
30.1
5.8
19.3
2.0
24.0
5.0
21.0
4.0
10.6
Bragança
Porto/P. Rubras
Penhas Douradas
Coimbra/Cernache
Castelo Branco
Lisboa/Geofísico
Évora/C.C.
Faro
Funchal
Ponta Delgada
Dia
27 e 30
18
11
18
11, 18,
20
19
19
19
24
16
Estas condições deveram-se à influência de um anticiclone até dia 10, que originou céu pouco
nublado e vento em geral fraco, enquanto que a partir do dia 11 ocorreram períodos de chuva ou
aguaceiros no Norte e Centro devido a depressões ou passagem de superfícies frontais. A
segunda metade do mês foi caracterizada por uma descida gradual da temperatura e entre os dias
21 e 24 por vento forte de Norte e queda de neve nas terras altas do Norte e Centro.
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1. Descrição Sinóptica
Até dia 7, o estado de tempo no Continente foi influenciado por um anticiclone. O céu esteve
pouco nublado ou limpo e o vento soprou fraco, temporariamente moderado de noroeste no
litoral oeste e nas terras altas.
De 8 a 10, o Continente passou a ser condicionado pela passagem de superfícies frontais a
Norte e pelo mencionado anticiclone a Sul. O céu esteve, neste período, muito nublado nas
regiões Norte e Centro, e no dia 10 também na região Sul. Neste último dia, ocorreram períodos
de chuva ou aguaceiros, que foram mais significativos nas regiões Norte e Centro. O vento
soprou de noroeste moderado, temporariamente forte no litoral e muito forte nas terras altas.
De 11 a 13, o estado de tempo no Continente foi influenciado por um anticiclone localizado no
Atlântico que devido à sua localização originou uma circulação de ar húmido para as regiões
Norte e Centro. O céu esteve muito nublado no Norte, por vezes no Centro, e pouco nublado no
Sul. Ocorreram períodos de chuva fraca no Norte e no Centro.
De 14 a 20, o Continente foi condicionado pela passagem de depressões às quais por vezes
estiveram associadas superfícies frontais. Ocorreram períodos de chuva ou aguaceiros e a
temperatura foi descendo gradualmente.
De 21 a 24, o estado do tempo foi condicionado por um anticiclone, que devido à sua
localização originou uma corrente de norte na Península Ibérica. Ocorreram períodos de céu
muito nublado, aguaceiros que foram sob a forma de neve nas terras mais altas do Norte e do
Centro e a temperatura desceu significativamente.
A partir de dia 25 houve passagem sucessiva de superfícies frontais. O céu esteve por vezes
muito nublado e ocorreram períodos de chuva ou aguaceiros fracos em especial nas regiões
Norte e Centro.
2. Caracterização Climática Mensal
2.1Temperatura do ar
Em Portugal Continental o valor médio da temperatura máxima do ar foi superior ao valor
médio (1961-1990), cerca de +0.4°C. A média da temperatura média do ar em Março foi cerca
de +0.1°C acima do valor médio (1961-1990). Quanto ao valor médio da temperatura mínima
do ar foi inferior ao valor médio (1961-90) para Março, em cerca de –0.2°C sendo o 2º valor
mais baixo do século XX e mesmo dos últimos 19 anos (valor mais baixo 6.0ºC em 2004).
Na Figura 1 apresenta-se a distribuição espacial da temperatura mínima, média e máxima em
Março 2008 e os respectivos desvios em relação aos valores médios 1961-1990.
Os valores da média da temperatura mínima variaram entre 1.1°C em Penhas Douradas e
12.2°C em Cabo Carvoeiro; os desvios em relação à normal variaram entre –1.0 °C em Mértola
e +1.7°C Monte Real; os valores da média da temperatura máxima variaram entre 8.4 °C em
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Penhas Douradas e 20.5 °C em Vila Real Stº António; os desvios em relação à normal variaram
entre – 0.4 °C em Vila Real e +1.8°C em Amareleja.
Figura 1 Distribuição espacial da temperatura mínima, média e máxima do ar em Março e respectivos desvios em
relação à média 1961-1990
2.2 Precipitação
Os valores da quantidade de precipitação observados em Portugal Continental no mês de Março
2008 foram inferiores aos valores médios para o mês. Março classificou-se como extremamente
seco a seco em quase todo o território, excepto na região do Minho e algumas zonas do Alentejo
(litoral e zona de Serpa) onde foi normal.
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Os valores da quantidade de precipitação em Março 2008 variaram entre 6mm em Évora e
207mm em Portelinha e foram inferiores aos valores médios em quase todo o território, excepto
na região de Sines e Serpa onde foram ligeiramente superiores. Em termos de percentagem, a
quantidade de precipitação foi inferior a 70% em grande parte do território.
Figura 2 Precipitação total em Março (esq) e respectiva percentagem em relação à média 1961-1990 (dir)
1.3 Insolação
Os valores da insolação variaram entre 167 horas em
Anadia e 288 horas em Sagres e foram próximos ou
superiores aos valores médios em quase todo o
território.
Figura 3 Insolação em Março 2008
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3. Fenómenos Climáticos Relevantes
3.1
Precipitação acumulada desde 1 de Setembro de 2007
Os valores da quantidade de precipitação acumulada no período Outono, Inverno e mês de
Março (desde 1 de Setembro de 2007 até 31 de Março 2008) estão abaixo dos valores médios de
1961-90 em todo o território, em particular nas regiões do Norte e Centro. (Figura 4).
Variaram entre 199 mm em Rio Torto e 791 mm em Portelinha (Alto Minho) e em termos de
percentagem da quantidade de precipitação acumulada, em relação aos valores médios é inferior
a 80% em todo o território, sendo mesmo inferior a 60% nas regiões do Norte e Centro.
Figura 4 Precipitação acumulada desde 1 de Setembro 2007 (esq.) e percentagem em relação à média (dir.)
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3.2
Situação de Seca Meteorológica
A situação de seca meteorológica em 31 de Março de
2008, registou um agravamento nomeadamente em
termos do território afectado nas classes de seca
moderada e severa que verificaram um aumento.
Assim as percentagens de território afectado em cada
uma das classes são: seca fraca 37%; seca moderada
50%; seca severa 13%.
Figura 5 Distribuição espacial do Índice de
Seca Meteorológica em Março 2008
Os valores em percentagem de água no solo, em
relação à capacidade de água utilizável pelas plantas,
em 31 de Março de 2008 eram inferiores a 60% em
todo o território. Os valores são inferiores aos
normais (61-90) para a época.
Figura 6 Percentagem de água no solo em Março 2008
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3.2.1 Cenário de Evolução da Situação de Seca Meteorológica no Mês de Abril
Para a elaboração dos cenários considera-se a temperatura média do período 1961-90 de cada
estação assim como três cenários possíveis da precipitação no mês de Abril de 2008 e calcula-se
o índice PDSI.
Cenário 1 :
Cenário 2 :
Cenário 3:
A precipitação ser inferior à normal com valores que só são atingidos em
20% dos anos (Decil 2).
A precipitação ser igual ao valor correspondente à probabilidade de
ocorrência de 50% (Decil 5).
A precipitação ser superior à normal com valores que só são atingidos em
20% dos anos (Decil 8).
No Cenário 1 a situação de seca meteorológica agravar-se-á, evoluindo quase todo o território
para uma situação de seca moderada a severa.
No Cenário 2 a situação desagravar-se-á ligeiramente já que deixam de existir regiões em seca
severa.
No Cenário 3, a situação seca terminaria em algumas regiões, nomeadamente no Sul nas
restantes regiões ainda permaneceria a situação de seca fraca.
Cenário 1
Cenário 2
Cenário 3
Figura 7 – Distribuição espacial do Índice de Seca Meteorológica para os três cenários
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