SENSOR PARA MONITORAMENTO DE NÍVEIS DE TENSÃO EM SISTEMAS TRIFÁSICOS DE BOMBEAMENTO HIDRÁULICO(1) Marconi S. Giacomini(2), Jefferson Pires(3), José Wagner Kaehler(4), Natalia Braun Chagas(5) (1) Trabalho Vinculado ao Grupo de Pesquisa EIRE – Exploração Integrada de Recursos Energéticos; bolsista; Fundação Universidade Federal do Pampa; Alegrete, RS; [email protected]; (3) Estudante, bolsista; Fundação Universidade Federal do Pampa; Alegrete, RS; [email protected]; (4) Orientador; Fundação Universidade Federal do Pampa; (5) Co-orientadora; Fundação Universidade Federal do Pampa; (2) Estudante, Palavras-Chave: sensor, microcontrolador, processamento de sinais, amostragem de sinais, valor RMS. INTRODUÇÃO Um levante eletro-hidráulico constitui-se num conjunto motor-bomba utilizado para a irrigação de lavouras de arroz, empregando como força motriz um motor elétrico trifásico de indução de alta potência. Esse motor, para seu correto funcionamento, deve operar em rede balanceada, ou seja, em que as tensões de fase sejam idênticas. Caso essas tensões sofram variações, o motor pode superaquecer e vir a queimar. Entretanto, é definido um limite de variação para as tensões de fase, em que, dentro desse limite, é assegurado que o motor não sofra danos. Dados de medições feitas em levantes da área rural de Alegrete – RS mostram que esses limites são facilmente ultrapassados no fornecimento de energia, e que muitos equipamentos dos quadros de comando, são danificados devidos a essas oscilações (CANCIO, 2016). A construção de um sensor de tensão trifásico para o sistema então se faz necessário, de modo que seja possível analisar a tensão elétrica da rede, e fazer uma atuação antes de que uma significativa variação de tensão possa vir a danificar o motor e seu respectivo quadro de comando. Assim, é garantida a integridade do sistema de acionamento, bem como a do próprio motor, evitando a ocorrência de perdas na lavoura devido a uma irrigação deficiente causada pela má qualidade da energia elétrica. METODOLOGIA Uma linha de transmissão possui dois modos de condução de corrente: modo comum e modo diferencial. O modo diferencial diz respeito à tensão a que a carga ligada a essa linha está sujeita, ou seja, a diferença das tensões dos condutores (CASSIOLATO, 2016). O modo comum diz respeito as tensões de linha que são iguais em amplitude para ambos os condutores em que a carga está ligada, com referência à terra. Tensões de modo comum são geradas por fontes de ruído como descargas atmosféricas e fontes chaveadas. Ao aferir a tensão da linha, somente deve-se ler a tensão de modo diferencial, pois esta é a que faz circular corrente pela carga. O circuito de aferição portanto deve ser imune a tensão de modo comum. Um circuito bem estudado e que possui tais características é o amplificador diferencial (MAXIM, 2003). A tensão de saída do amplificador diferencial, na amostragem da tensão da rede, é uma senóide composta pela onda fundamental de 60Hz e as harmônicas da rede. A amplitude negativa da onda pode danificar o processador de sinal que fará a leitura do respectivo sinal de tensão, contudo não pode ser anulada pois é necessária ao cálculo da tensão. A solução obtida foi somar um offset (tensão DC) a onda senoidal. Deste modo temos exatamente o mesmo sinal, porém agora somente com valores positivos. O tipo de leitura utilizada para a tensão é True RMS, pois esta leva em consideração a forma de onda lida e não somente seus valores máximos e mínimos, tendo assim uma melhor representação da tensão. Assim, após o tratamento do sinal e posterior leitura pelo processador de sinal, aplicou-se a fórmula para cálculo RMS da onda. Todos os valores de tensão lidos são armazenados em um servidor, o qual fica conjunto a placa principal do sistema. Esses valores são enviados a plataforma web desenvolvida para mostrar ao usuário, os níveis de tensão aferidos. O processador de sinal, decide quando deve atuar no desligamento do motor, baseando-se nos valores calculados. Caso o valor de tensão ao fazer a partida do motor esteja fora de tolerância, não será permitida a partida do motor, pois o mesmo, se partir, poderá vir a queimar por operar em uma rede elétrica com níveis de tensões não permitidos para operação constante. Constituiu-se então, o medidor trifásico. A placa medidora de tensão possui 3 sensores de tensão, um para cada fase da rede. Após a fresagem da mesma, foram soldados os componentes e iniciados os testes, para avaliação de precisão e condições de operação. Para avaliar a precisão, utilizou-se uma fonte de tensão AC variável trifásica, modelo FCATH 450-38-50 da empresa Supplier. O teste começou em 85 Volts e terminou em 220 Volts, com um intervalo de 15 Volts entra cada medição, tendo uma frequência nominal de 60Hz. Para Anais do 8º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa avaliação de precisão em função da frequência do sinal foi realizado um teste com tensão nominal de 100 Volts para frequências desse 50Hz até 500Hz, com intervalo de 50Hz. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados de identificação do sensor tiveram como base os dados aferidos nos testes. Foi notado um erro pequeno devido a retirada do offset (tensão DC) em código, pois essa tensão nunca se anula totalmente por consequência do conversor analógico-digital presente no processador de sinal possuir valores limitados em função da sua quantidade de bits. A qualidade da fonte de tensão utilizada na alimentação do sensor também obteve impacto na medição. Para fontes com muito ruído, o sensor apresentou degradação na precisão. Na tabela 1, estão as tensões medidas para uma frequência nominal de 60Hz e na tabela 2 encontram-se as tensões medidas em função da frequência do sinal amostrado. A equação (1) é a equação para o cálculo do valor RMS de uma onda e foi utilizado para cálculo da tensão nas amostragens. 1 𝑁 𝑉𝑅𝑀𝑆 = √ ∑𝑁 𝑖=1 𝑥𝑖 2 (1) Tabela 1 – Tensão Aferida pelo Sensor para Várias Tensões do Gerador Valor Nominal (V) 85 100 115 130 145 Frequência (Hz) 160 175 190 205 220 60 Valor de Referência (V) 85,0 100,0 115,0 130,1 145,2 160,3 175,4 190,6 205,9 221,2 Valor Amostrado (V) 83,8 98,5 113,3 128,2 143,2 158,3 173,1 188,1 203,2 218,2 Erro (%) 1,4 1,5 1,5 1,5 1,4 1, 3 1,3 1,3 1,3 1,3 Fonte: Elaborado pelo autor. Tabela 2 – Tensão Aferida pelo Sensor em Função da Frequência do Gerador Valor Nominal (V) 100 Frequência (Hz) 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 Valor de Referência (V) 100,0 100,1 100,0 99,9 99,7 99,5 99,2 99,0 98,6 98,2 Valor Amostrado (V) 98,6 98,6 98,5 98,4 98,2 97,9 97,5 97,2 98,0 96,9 Erro (%) 1,4 1,5 1,5 1,5 1,5 1,6 1,5 1,8 0,6 1,3 Fonte: Elaborado pelo autor. De acordo com a tabela 1, percebe-se um leve incremento com o aumento da tensão e também uma não linearidade do sensor para a faixa de frequência lida. Em relação a tabela 2, percebe-se o aumento do erro em frequências mais altas e o surgimento de anormalidades na leitura, como o surgimento de leituras de alta precisão em conjunto com de baixas precisão, o que pode indicar que a frequência de amostragem deve ser maior. CONCLUSÕES O sensor desenvolvido apresentou uma boa resposta aos desafios que foram propostos. Com um erro máximo de 1,8%, ficou dentro do esperado obtendo em alguns casos, resultados superiores. Um dos grandes fatores de erro presentes na leitura foi a tensão de offset, a qual registrou a presença de ruídos, devido ao regulador de tensão utilizado, o LM7805 da Texas Instruments. Portanto, tendo como base os fatos pertinentes, faz-se necessário a eliminação de ruídos da tensão de offset, bem como a calibração do sensor de tensão para a leitura de valores mais precisos. REFERÊNCIAS CANCIO, L. D. Avaliação da eficiência energética em sistemas de irrigação mecanizados nas lavouras de arroz da Fronteira Oeste. Trabalho de Conclusão de Curso em Engenharia Elétrica. Alegrete, 2016. CASSIOLATO, César, Aterramento, blindagem, acoplamentos, ruídos, seus efeitos e como minimizálos em instalações industriais; Revista Intech, Edição 157, 2016 INTEGRETED, MAXIM. Understanding Common-Mode Signals; Disponível em: https://www.maximintegrated.com/en/app-notes/index.mvp/id/2045>. Acesso em 18 out, 2016. Anais do 8º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa