Sexualidade no pós-operatório de câncer de mama

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Sexualidade no pós-operatório de câncer de mama
Sexuality in their post-operative breast cancer
Resumo
Débora Miranda Carvalho, Carolina Martins e Laura Ferreira de Rezende
O objetivo deste trabalho foi avaliar a sexualidade de pacientes
no pós-operatório de câncer de mama em suas diversas
fases. Este trabalho foi realizado através da aplicação do
questionário Quociente Sexual Feminino (QS-F), realizado
em um único momento, com a participação de 11 pacientes
mastectomizadas com relação conjugal estável. Observouse que cinco das pacientes possuem vida sexual de regular a
bom, quatro desfavorável a regular e duas das pacientes de
ruim a desfavorável. Foi possível observar que as pacientes
apresentaram maior prejuízo em relação à satisfação sexual e
ao orgasmo.
Autoras
Palavras-chave
Sexualidade, Disfunções Sexuais, Câncer de Mama e
Quociente Sexual Feminino.
Débora Miranda Carvalho
Fisioterapeuta graduada pelo Centro
Universitário das Faculdades Associadas
de Ensino - UNIFAE
e-mail:
[email protected]
Carolina Martins
Fisioterapeuta graduada pelo Centro
Universitário das Faculdades Associadas
de Ensino - UNIFAE
e-mail:
[email protected]
Laura Ferreira de Rezende
Pós-Doutora em Ginecologia, Obstetrícia
e Mastologia pela UNESP. Professora do
curso de Fisioterapia e do Mestrado em
Desenvolvimento Sustentável e Qualidade
de Vida do Centro Universitário das
Faculdades Associadas de Ensino - UNIFAE
e-mail:
[email protected]
Recebido em 20/outubro/2011
Aprovado em 22/março/2012
60
Pensamento Plural: Revista Científica do
, São João da Boa Vista, v.5, n.2, 2011
Sexualidade no pós-operatório de câncer de mama
Referencial Teórico
O câncer de mama é a neoplasia maligna que mais
acomete o sexo feminino, sendo responsável por cerca de
20% dos óbitos por câncer entre as mulheres (ETIENNE e
WAITMAN, 2006). De acordo com a estimativa do INCA,
em 2010 o risco de câncer entre as brasileiras foi de 49
casos a cada 100 mil mulheres, sendo esperados 49.240
casos novos a serem diagnosticados em 2011 (INCA,
2010).
A descoberta do câncer de mama gera inúmeras
mudanças na vida da mulher, tanto na esfera profissional
quanto na pessoal (ETIENNE e WAITMAN, 2006). Sugerese que a imagem corporal e a sexualidade sejam afetadas
pelo câncer de mama. Estudos demonstraram que pacientes
mastectomizadas, que realizaram cirurgia conservadora
ou reconstrução da mamária criam uma antipatia a sua
aparência sem roupa, evitam se olhar no espelho para
não se sentirem constrangidas e feias (EMILEE et al, 2010).
Manter um corpo imperfeito e disforme, faz com que a autoimagem e o autoconceito fiquem prejudicados, ocorrendo
mudanças na sexualidade (ETIENNE e WAITMAN, 2006).
Embora a dor física do tratamento do câncer de mama
diminua com o tempo, a experiência da dor emocional
pode persistir com algumas mulheres que sofrem com a
perda de sua mama ou fazem-nas sentir como se uma
de suas partes tivesse morrido. Nesse sentido, para uma
parcela significativa das mulheres, a perda das mamas está
associada em ser “meio mulher” (EMILEE et a, 2010).
Mulheres têm expressado que o estigma social e
suas consequências no autoconceito é um dos principais
problemas que enfrentam após a cirurgia: a sexualidade
e a retomada da atividade sexual (HOGA et al, 2010).
A falta das mamas remete a mulher ao luto da perda
do corpo ideal para um novo corpo real, sem mamas
ou com as mamas reconstruídas (ETIENNE e WAITMAN,
2006). As mamas, além de desempenharem um papel
fisiológico em todas as fases do desenvolvimento feminino,
também representam na cultura ocidental um símbolo de
identificação da mulher e sua feminilidade expressas pelo
erotismo, sensualidade (ANDRADE e DUARTE, 2002),
atração, nutrição e maternidade (HOGA et al, 2010).
Nas mulheres com relacionamento estável ou casadas,
o marido desempenha um papel de grande importância,
através de um suporte prático e emocional. As mulheres
com câncer de mama às vezes relatam que seus maridos
são maravilhosos quando existe algo concreto para ser
feito, mas queixam-se de dificuldades com as tarefas mais
“sentimentais”, como escutar, segurar as mãos e tocar
(ETIENNE e WAITMAN, 2006). O diagnóstico de câncer
de mama pode induzir a tensões relacionais ou problemas
de comunicação, particularmente entre casais mais jovens
(ASSELAIN et al, 2010). Alguns homens podem retirar seus
pedidos sexuais em resposta a sua parceira em depressão,
ansiedade e imagem corporal alterada. Esta imagem
corporal também pode bloquear a excitação no parceiro
masculino (ANTONIOLI e SIMÔES, 2010).
Quando ocorrem alterações em qualquer uma das
fases da resposta sexual tais como: desejo, excitação,
orgasmo e resolução, podem surgir às disfunções sexuais
(ANTONIOLI e SIMÕES, 2010). No que diz respeito à
sexualidade feminina, pacientes submetidas à quimioterapia
começam a apresentar disfunções sexuais como falta de
desejo, dispareunia, vaginismo, anorgasmia (ETIENNE e
WAITMAN, 2006) e transtorno do desejo hipoativo (ABDO
e FLEURY, 2009).
Em pacientes pós mastectomia podem ser encontradas
Pensamento Plural: Revista Científica do
dificuldades em expor seu corpo, expressar sua sexualidade
e um sentimento de impotência com suas novas condições
(HOGA et al, 2010). Foram identificados casos em que
mulheres evitavam despir-se diante dos parceiros e serem
tocadas pelos mesmos, com isso faziam a utilização de
sutiã e camiseta durante as relações sexuais (ANDRADE e
DUARTE, 2002).
Além disso, o tratamento complementar à cirurgia pode
prejudicar ainda mais a sexualidade. A menopausa pode
ser quimicamente induzida pela hormonioterapia (EMILEE
et al, 2010). O tamoxifeno é um modulador seletivo dos
receptores estrogênicos que são utilizados como tratamento
coadjuvante em mulheres que tiveram câncer de mama,
no sentido de diminuir a recorrência de tumores na mama
contralateral e metástase (GRADIM, 2005). Mulheres
fazendo o uso deste medicamento podem se queixar de
dor, ardor ou desconforto com a relação sexual, sensação
de aperto vaginal, ondas de calor, sentimentos negativos
durante o coito (EMILEE et al, 2010).
A quimioterapia é vista como prejudicial ao
funcionamento sexual, talvez porque cause deficiência
ovariana, levando a uma menopausa precoce em mulheres
com idade pré-menopausa. A falência ovariana resulta do
decréscimo de estrógeno e testosterona, que são associados
com a atrofia vaginal, decréscimo de lubrificação vaginal,
vasocongestão e diminuição da libido. Os antineoplásicos
podem levar a alterações relacionadas à fertilidade e à
função sexual, cuja intensidade vai depender da dose,
duração do tratamento, sexo e a idade; na mulher ocorrem
irregularidades do ciclo menstrual e amenorréia (GRADIM,
2005).
Estudos têm evidenciado que muitas mulheres com
câncer de mama procuram informações sobre como usar
lubrificantes para combater a secura vaginal. Embora
algumas mulheres relatem que apresentaram algumas
alterações na sexualidade, isso não significou alterações
no exercício da prática sexual. O reinício das relações
sexuais ocorre geralmente dentro da rotina de cada casal.
Os profissionais de saúde podem desempenhar um papel
fundamental na melhoria das preocupações em torno
da sexualidade e intimidade após câncer de mama, dar
sugestões concretas sobre como ajustar essas mudanças
e como expandir sua orientação sexual, bem como
informações que possam permitir aos parceiros ajudá-las a
se adaptarem às mudanças (EMILEE et al, 2010).
Lim (1995) afirma que a mastectomia não é a única
causa dessas sensações de desconforto relatadas pelas
pacientes. Há outros fatores antecedentes ao diagnóstico,
que podem influenciar e intensificar o quadro de
desconforto para a mulher, como problemas financeiros,
sociais, conjugais, idade da paciente, sua forma de lidar
com situações adversas e também a falta de informações
sobre a doença e suas consequências (ANDRADE e
DUARTE, 2002).
O avanço da idade e/ ou a presença de sintomas
como náuseas ou insônia também foram associados como
desconforto sexual. A idade avançada aparece na literatura
associada a um declínio do funcionamento sexual devido
à diminuição da excitação sexual ou da habilidade para
conseguir orgasmo (ASSELAIN et al, 2010). Mulheres cuja
capacidade sexual é comprometida pelo câncer de mama
podem ter medo de estar privando seus parceiros de sexo, e
que o desejo secreto de seu parceiro seja abandoná-la por
alguém saudável. A atenção amorosa do marido é o vinculo
para ajudar a superar seu sentimento de inadequação e
de resistência a mostrar a mama ferida. Mulheres mais
jovens mantiveram um prolongado estado de sofrimento
, São João da Boa Vista, v.5, n.2, 2011
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CARVALHO, D. M. MARTINS, C. REZENDE, L. F. de
emocional secundário ao medo da doença e luto pela
mama afetada. A aceitação de cicatrizes de mama para
as mulheres mais jovens parecem ser extremamente difícil
e interfere no desejo sexual e na espontaneidade. Após o
tratamento 50% das mulheres continuaram a experimentar
dificuldades sexuais, tais como sentir-se menos atraente,
excitar-se sexualmente, tendo dificuldade com o orgasmo
e lubrificação, apresentando níveis de insatisfação com a
atividade sexual (ELY e SHEPPARD, 2008).
O câncer de mama não irá abalar a relação se ela
se mantiver estável e haverá uma grande possibilidade da
mulher continuar a exercer sua sexualidade adequadamente
(ETIENNE e WAITMAN, 2006). Podem surgir disfunções em
qualquer uma das fases sexuais, seja no desejo, excitação
e platô, orgasmo e resolução (ANTONIOLI e SIMÕES,
2010).
Dentro desse contexto, o objetivo deste trabalho foi
avaliar a sexualidade de pacientes no pós-operatório de
câncer de mama em suas diversas fases.
excitação da mulher e sintonia com parceiro, conforto na
relação sexual, orgasmo e satisfação sexual. Para obter
o resultado final foram somados os pontos atribuídos
a cada questão, sendo que na questão 7 (sete) foram
subtraídos 5 pontos e o total multiplicado por 2 de acordo
com a fórmula 2x (Q1+Q2+Q3+Q4+Q5+Q6+[5Q7]+Q8+Q9+Q10).Com a soma,o estudo mostra em
qual fase da sexualidade as mulheres apresentam maiores
disfunções (Quociente Sexual- Versão Feminina (QS-F)).
No presente estudo, para cada paciente foram
analisadas as fases da sexualidade e calculada a média e
o desvio padrão para cada questão. Os aspectos avaliados
para cada questão foram: desejo e interesse sexual
(questões 1, 2, 8), preliminares (questão 3), excitação da
mulher e sintonia com o parceiro (questões 4, 5), conforto
na relação sexual (questões 6,7), orgasmo e satisfação
sexual (questões 9, 10). A pontuação poderia variar 0
(nunca) a 5 pontos (sempre) para cada questão.
Resultados e Discussão
Procedimentos Metodológicos
Este estudo foi realizado em 11 pacientes pós
mastectomizadas, atendidas no setor de Saúde da Mulher
de uma clínica escola de Fisioterapia. Para participarem da
pesquisa as pacientes precisavam ter uma relação conjugal
estável, ou durante o tratamento pós- cirúrgico, estarem
casadas, podendo ter realizado terapia adjuvante ou
não. O instrumento utilizado foi o questionário Quociente
Sexual- Versão Feminina (QS_F).
As pacientes, ao serem convidadas a participar do
estudo, assinavam um termo de consentimento livre
e esclarecido e depois respondiam a 10 questões do
questionário. Foram colhidos dados pessoais e cirúrgicos
no momento da avaliação. O questionário permitiu
a analise do desejo e interesse sexual, preliminares,
O questionário foi aplicado em 11 mulheres pós
mastectomizadas, com relação conjugal estável, e idade
entre 30- 75 anos. Quanto aos dados cirúrgicos, 3
realizaram mastectomia radical do tipo Madden; 1 das
pacientes realizou a cirurgia tumorectomia; as outras 7
realizaram quadrandectomia; 6 realizaram reconstrução
mamária.
O gráfico 1 representa o padrão de desempenho
sexual das mulheres estudadas. Nenhuma paciente obteve
82-100 pontos (bom a excelente), enquanto 5 pacientes
obtiveram de 62-80 pontos (regular a bom), 4 pacientes
42-60 pontos (desfavorável a regular), 2 pacientes 22-40
pontos (ruim a desfavorável), nenhuma paciente apresentou
a pontuação de 0-20 pontos (nulo a ruim).
Gráfico 1: Padrão de desempenho sexual das mulheres pós mastectomizadas.
Das 11 pacientes participantes 45,46% (5 pacientes)
apresentaram como desempenho sexual de regular a bom;
36,36% das pacientes (4 pacientes), desfavorável a regular;
e 18,18% (2 pacientes) ruim a desfavorável. A aplicação
do questionário mostrou que a maior queixa das pacientes
foi apresentar falta de lubrificação, levando a não sentir
vontade de ter relação sexual, assim não conseguindo
atingir o orgasmo.
O gráfico 2 mostra a pontuação média de cada
resposta, o que permite identificar em quais fases da
sexualidade as mulheres apresentam alguma disfunção
sexual. Na fase do desejo e interesse sexual, as pacientes
62
apresentaram como resposta na questão 1 média de 2,5
± 1,4 pontos; na questão 2 foram 2,6 ± 1,1 pontos; e
na questão 8 como 2,8 ± 1,5 pontos. Nas preliminares
(questão 3), as voluntárias pontuaram com 3,4 ± 1,6
pontos, conforto na relação sexual; questão 6, com 3,2
± 1,4 pontos; na questão 7 foram 1,6 ±1,2 pontos, já em
relação ao orgasmo e satisfação sexual; questão 9, média
de 2,4 ± 1,2 pontos; na questão 10, média de 2,3 ± 1,5
pontos.
Entre as questões analisadas, a menor média
foi na questão 9 e 10 que representam a satisfação
sexual e o orgasmo, obtendo média abaixo de 2,5
Pensamento Plural: Revista Científica do
, São João da Boa Vista, v.5, n.2, 2011
Sexualidade no pós-operatório de câncer de mama
pontos,evidenciando dificuldades em sua sexualidade. Em
relação a questão 7 obtivemos uma médiade 1,8 pontos
significando que as pacientes nem sempre sentem dor
durante o ato sexual.
Gráfico 2: Aspectos avaliados na sexualidade.
A literatura apresenta consistentemente que as mulheres
com câncer de mama que se submetem a quimioterapia
estão em maior risco para a disfunção sexual após o
tratamento. A quimioterapia é o tratamento que mais
significativamente repercute em problemas de excitação,
lubrificação, orgasmo e dor sexual, questões que são
particularmente comuns após o tratamento (HUGUET,
2005). Entretanto, a evidencia de um vínculo entre o
tratamento como tamoxifeno e funcionamento sexual é um
pouco controversa. Ganz et al (2004) não encontraram
qualquer diferença no funcionamento sexual entre mulheres
tratadas com ou sem tamoxifeno (HUGUET, 2005).
Em outra pesquisa foram obtidos valores elevados das
pontuações totais no Índice de Satisfação Sexual, aplicados
em pacientes no pós-operatório de câncer de mama. Isto
reflete a existência de um bom relacionamento conjugal e
a presença de satisfação sexual, concluindo que quando
a qualidade do relacionamento conjugal é boa, diminui a
insatisfação sexual.
Verificou-se, também, que quando existem problemas
relacionados à valorização da aparência existe também
maior insatisfação sexual (PATRÂO e RAMOS, 2005).
Segundo Maluf (2008), o comportamento sexual
é adversamente afetado pela depressão e ansiedade
associadas ao diagnóstico do câncer. No câncer de
mama, em função do desfiguramento e da baixa
auto- estima, estima-se que aproximadamente 90%
das pacientes apresentam alguma forma de disfunção
sexual. Os tratamentos adjuvantes à mastectomia como a
quimioterapia, podem gerar algumas disfunções sexuais,
como a perda do desejo sexual e a dispareunia, além de
problemas orgânicos como náusea, vômito e alopecia que
afetam a sexualidade das pacientes.
O sentimento de mutilação relacionado às alterações
de imagem corporal em consequência da mastectomia
radical, é a queixa manifestada por 90% das mulheres,
sendo esta uma das principais causas das disfunções
sexuais entre as mulheres, devido a sua inabilidade em
relaxar e desfrutar a relação em consequência da alteração
da imagem corporal (MALUF, 2008).
Embora não tenha sido objetivo do presente estudo,
torna-se importante ressaltar que os estudos também
Pensamento Plural: Revista Científica do
observaram que pacientes tratadas com terapias
adjuvantes apresentam um escore inferior da função sexual
quando comparado com mulheres que não foram tratadas
(HUGUET, 2009).
Algumas mulheres relatam aspectos positivos da
doença, demonstrando que a vida sexual melhorou após a
cirurgia, ressaltando, entretanto, que mantinham um bom
relacionamento com o marido anteriormente (HUGUET,
2009). Para Gradim (2005) apesar das mulheres não
se sentirem bem, de não estarem interessadas em fazer
sexo, elas afirmam conhecer as necessidades sexuais dos
companheiros; que procuram, dentro do possível, atendêlos, mesmo que a relação não seja satisfatória para elas:
‘Eu aceito ele, hora que ele vier, eu aceito, mesmo que não
esteja com vontade. Só para satisfazer ele’.
Sabe-se que não existe um tempo certo para o reinício
da atividade sexual no pós-operatório de câncer de mama
e que esta volta vai depender de como é o entrosamento
do casal. O importante é não deixar de conhecer e
explorar o corpo no sentido de perceber as sensações
e obter relaxamento e provocar a excitação. O reinício
das relações sexuais se dará dentro da rotina de cada
casal, sendo que, após a melhora do estado geral da
mulher, a maioria relata que a vida sexual foi retornando
vagarosamente, sendo que não houve cobranças e a troca
de carícias foi acontecendo gradativamente, chegando
ao ato sexual ou não, mas a aproximação física do casal
ocorreu (GRADIM, 2005).
Essas descobertas mostram que as necessidades
sexuais são individuais e que muitas queixas nesta área
podem ser tratadas, levando o casal a ter uma vida íntima
mais prazerosa, mesmo em situação de crise. Isto sugere
que nem todas as pacientes pós mastectomia apresentam
disfunções sexuais, e que a terapia adjuvante pode, em
algumas pacientes, ser a causa, como em outras, não
serem manifestadas (GRADIM, 2005).
Considerações Finais
A partir dos resultados analisados neste estudo pode-se
ressaltar que o padrão de desempenho sexual em pacientes
no pós-operatório de câncer de mama varia de um padrão
, São João da Boa Vista, v.5, n.2, 2011
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CARVALHO, D. M. MARTINS, C. REZENDE, L. F. de
Referências
sexual de regular a bom, ruim a desfavorável, e que em
relação às fases da sexualidade as pacientes apresentaram
dificuldade nas questões referentes à satisfação sexual e
ao orgasmo.
Para o tratamento das disfunções sexuais, a paciente
deve ser vista como um todo, no sentido emocional e
físico, porque as emoções desencadeiam processos fisicos,
sendo ele um bloqueio, total ou parcial, da resposta sexual
normal. Por isso, é importante desenvolver um trabalho
multidisciplinar com a participação de vários profissionais
da área da saúde.
ABDO, C H N; FLEURY, H J. Desejo Sexual Feminino. Diagn Tratamento. 14(1): 47-51, 2009.
ANDRADE, A N; DUARTE, P. T. Enfrentando a Mastectomia: análise dos relatos de mulheres mastectomizadas
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ANTONIOLI, R S; SIMÕES, D. Abordagem Fisioterapêutica nas Disfunções Sexuais Femininas. Rev Neurocienc.
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MALUF, F M M. O Perfil da Sexualidade em Mulheres com Câncer de Mama. Faculdade de Medicina da
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Abstract
PATRÃO, I; RAMOS, A S. Imagem Corporal da Mulher com Câncer de Mama: Impacto na qualidade do
relacionamento conjugal e na satisfação sexual. Análise Psicológica (2005), 3 (XXIII): 295-304.
The objective of this study was to evaluate the sexuality of patients in the postoperative period of breast cancer in
its various stages. This work was conducted through the questionnaire female sex ratio (QS-F), held in a single
moment, with the participation of 11 mastectomy patients with stable marriages. It was observed that five of the
patients have a regular sex life good, four unfavorable to regular and two of the patients from poor to bad. It was
observed that the patients had more deficits in relation to sexual satisfaction and orgasm.
Key words
Sexuality, Sexual Disorders, Breast Cancer and Female Sexual Quotient
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Pensamento Plural: Revista Científica do
, São João da Boa Vista, v.5, n.2, 2011
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