História 2 SUMÁRIO HISTÓRIA 1. Civilização Egípcia: A riqueza do Nilo 2. O surgimento das religiões monoteístas 3. As origens do Cristianismo e do Islamismo DO VOLUME 5 19 34 História SUMÁRIO COMPLETO VOLUME 1 1. Civilização Egípcia: A riqueza do Nilo 2. O surgimento das religiões monoteístas 3. As origens do Cristianismo e do Islamismo VOLUME 2 4. O expansionismo religioso 5. As origens das sociedades africanas e suas influências no Brasil 6. A África e o tráfico de escravos para a América VOLUME 3 7. O papel dos escravos africanos no Brasil 8. Negros nos EUA: a luta contra a opressão 9. A África e os seus problemas históricos 3 4 História História 5 Civilização Egípcia: A riqueza do Nilo 1. CIVILIZAÇÃO EGÍPCIA: A RIQUEZA DO NILO O estudo da História, somado aos conhecimentos de arqueologia e antropologia, revela que as primeiras sociedades surgiram em uma região denominada de Crescente Fértil. Nessa região, surgiu uma das civilizações mais admiradas em toda a história da humanidade, trata-se do Egito. Trabalhando com Pesquisa Anatolia Síria M cia A partir das informações do mapa e de uma pesquisa em livros didáticos, enciclopédias ou na Internet, responda às seguintes questões a respeito da civilização do Egito Antigo: a) Qual a sua localização geográfica? b) Quais as características geográficas (clima, solo, vegetação, hidrografia) dessa região? Mar Mediterranêo Fen í 1 Crescente Fértil Deserto da Síria Baixo Egito es op Media ot âm ia Euf Tigres Sinai rate s Go lfo rv Ma Acervo Sistema de Ensino o Nilo rs ico elh erm Alto Egito Pé Desde a Antiguidade, o Egito fascina a maioria dos que visitam a região ou dedicam-se a estudá-la. Povos como os persas, os gregos e os romanos tiveram a oportunidade de conhecer sua cultura e de se beneficiar dela. Prova desse fascínio é o modo como a influência da arte egípcia espalhou-se pelo Mundo. Na Grécia e na Roma Antiga, por exemplo, muitos hábitos dos cultos egípcios foram difundidos. É comum encontrarmos, sobretudo em Roma, objetos importados do Egito ou fabricados em estilo egípcio, os quais eram usados para enfeitar casas e jardins ou demonstrar o poder dos imperadores. Durante o desenvolvimento de um dos mais notáveis movimentos artísticos da humanidade, o Renascimento, ocorrido no século XVI, muitos artistas voltaram sua atenção para o estudo da arte egípcia, usando, como fonte, inclusive objetos encontrados na Grécia e na Itália. No século XVIII, também foi grande o interesse dos europeus pelo Egito, muitas obras de pintores e de arquitetos franceses atestaram esse fato. Outra comprovação foi a expedição organizada por Napoleão Bonaparte, realizada de 1798 a 1800, que possuía um caráter militar, ou seja, os franceses pretendiam conquistar a região, mas também um caráter científico, pois era de interesse francês desvendar uma cultura que, na época, era pouco conhecida Disponível em: <www.mgb-home.de>. Acesso em: 14 set. 2013. e vista como muito exótica. Militarmente a expedição fracassou, mas a passagem pelo Representação dos enfrentamentos causados pela presença no Egito no século XVIII. Obra intitulada Batalha das Egito aguçou o interesse dos franceses pelo francesa Pirâmides, óleo sobre tela de François-Louis-Joseph Watteau. Antigo Egito. 6 História Civilização Egípcia: A riqueza do Nilo No século XX, várias descobertas arqueológicas, como a tumba de Tutancâmon (único faraó cuja tumba foi encontrada intacta), somadas ao desenvolvimento científico, aumentaram o interesse e o conhecimento sobre essa civilização. Aos poucos, a cultura egípcia popularizou-se e passou a fazer parte, inclusive, da publicidade. Tornou-se comum encontrar sua influência nas embalagens de muitos produtos, principalmente, nas de artigos de beleza. Outro exemplo de interesse pelo Egito, na atualidade, é a produção cinematográfica, que fez, ao longo do século XX, uma boa quantidade de filmes e de documentários sobre o mundo egípcio. Além disso, o número de turistas que visitam o país (aproximadamente 14,5 milhões em 2010) atesta o fascínio que sua cultura exerce sobre as pessoas. As pirâmides do Vale de Gizé, os templos monumentais em Luxor e Karnak, as múmias e os tesouros dos antigos faraós continuam encantando a humanidade. Após 2010, o número de visitantes no Egito diminuiu em decorrência dos problemas políticos internos vividos no país, no entanto os mesmos conflitos chamam a atenção para o seu rico passado. Disponíveis em: <http//:usiter.com.br>. Acesso em: 20 set. 2013. Turistas nas pirâmides do Vale do Gizé e no templo de Luxor. Desde a Pré-História, as margens do Nilo já eram habitadas. O rio fornecia praticamente todos os elementos necessários à sobrevivência: água para beber, peixes e outros animais aquáticos para alimentar, além da lama para confecção de casebres. A água era utilizada principalmente para a irrigação, além de promover a fertilização do solo, que ocorria na época das cheias do rio. Todo ano, o rio Nilo passava por uma fase de cheia, devido às grandes chuvas em suas nascentes na África Central, e por um período de baixa, época da estiagem das chuvas. Quando o rio estava cheio, ele alagava vastas áreas ao seu redor, transformando suas margens em pântanos e charcos. Essas águas traziam consigo uma enorme quantidade de material orgânico (húmus) que se depositava naturalmente no solo, tornando-o muito mais fértil. Quando as águas baixavam, esse solo riquíssimo ficava exposto, e os egípcios cobriam-no de plantações de cereais, principalmente trigo e cevada. A produtividade era enorme, a maior de toda a região da bacia do Mediterrâneo Uma fotografia de satélite revela que, ainda hoje, é em torno do rio Nilo que se concentra a população no atual Egito. Disponível em: <http://julieloar.com/wpcontent>. Acesso em: 10 set. 2013. História 7 Civilização Egípcia: A riqueza do Nilo Com o tempo, os egípcios aprenderam a aproveitar melhor as águas das enchentes do rio Nilo, construindo canais de irrigação e diques, o que lhes possibilitava aumentar a área de cultivo e consequentemente a produção. Os egípcios gostavam muito de jardins. Na aquarela, observa-se um homem retirando água dos diques para regar as plantas que separavam as casas, utilizando o método chamado de shaduf (cegonha ou burro em português). Essa técnica continuou sendo usada por vários povos e, provavelmente, ainda hoje, existem comunidades que a utilizam, como se observa na segunda imagem. Disponíveis em: <www.historyforkids.org>. Acesso em: 10 set. 2013. Exercícios de aprofundamento 2 Leia atentamente o trecho seguinte: “O Nilo era para o antigo Egito o que o mar é para a Grã-Bretanha e o que os Alpes são para a Suíça. Condicionava a economia do país, determinava-lhe a estrutura política e criava os valores de acordo com os quais o mesmo preferia viver. O rio percorre ao todo mais de 6 000 quilômetros. Dois grandes cursos de água se unem para formálo: O Nilo Azul, que nasce na Etiópia, e o Nilo Branco, que nasce em Uganda. Juntam-se em Cartum para formar o Nilo propriamente dito e dali a corrente percorre 3 000 quilômetros rumo ao norte até chegar ao Mediterrâneo. A partir de Cartum, a maior parte do curso do rio se desenvolve através de um vale cavado no deserto. No centro de uma terra estéril, cria um comprido oásis que há milhares de anos vem sustentando a civilização. O rio deu prosperidade aos que viviam às suas margens; o deserto que se estende além do rio deu-lhes segurança. Essas duas características geográficas determinaram os fatos da existência material do egípcio antigo e moldaram-lhe as atitudes mentais.” CASSON, Lionel, O Antigo Egito. Rio de Janeiro, Livraria José Olympio, 1969. P. 29. 3 A partir do trecho anterior, explique a frase do historiador Heródoto: O Egito é uma dádiva do Nilo. 4 Analise detalhadamente o primeiro parágrafo e busque relacioná-lo à história do Brasil. Seguindo a ideia do parágrafo em análise, aponte quais fatores geográficos do Brasil foram decisivos na construção da história do País. Às margens do Nilo, crescia também o junco, pequeno bambu, chamado papiro. Depois de cuidadosamente trabalhado, esse junco se transformava no mais bem sucedido antepassado do papel, que ficou conhecido com o mesmo nome da planta: papiro. Milhões de rolos de papiro foram produzidos, para serem utilizados pelos próprios egípcios e também, vendidos para outros povos. Graças ao clima seco do Egito, muitos desses papiros foram preservados e hoje nos fornecem importantes informações sobre a vida dessa antiga civilização. Exemplo de papiro, pode ser vista a representação da colheita da planta papiro. Disponívei em: <pt.wikipedia.org>. Acesso em: 12 set.2013. 8 História Civilização Egípcia: A riqueza do Nilo Como já foi dito, historiador Heródoto nos explica em uma frase a importância do rio Nilo para os egípcios: “O Egito é uma dádiva do Nilo”. Graças ao rio, as condições de vida na região do Egito eram favoráveis, e isso permitiu um grande desenvolvimento populacional. Com o passar do tempo, o crescimento da população e o consequente aumento da necessidade de produção, exigiram formas mais organizadas e racionais de aproveitamento da água e do solo. Tornou-se necessário, além da construção de diques (represas) e de canais de irrigação, a construção de depósitos para armazenar as grandes colheitas que alimentavam o povo nas épocas do ano de menor fartura. Para que essas obras fossem realizadas, era necessário maior organização e disciplina na sociedade. A partir da necessidade de organizar e disciplinar a população egípcia, houve a criação do Estado centralizado. Inicialmente, surgiram as cidades-Estado chamadas nomos, as quais eram governadas pelos nomarcas; em seguida, um governo monárquico cujo poder estava centralizado nas mãos de um único homem, que era chamado de faraó, o imperador do Egito. Um dos faraós de mais destaque foi Menés, o homem que unificou o norte do Egito (denominado Baixo Egito) com o sul (denominado Alto Egito) em 3200 a.C.. A partir de então, nasceu o Império Egípcio, que iria durar, com alguns períodos de ruptura, por 25 séculos como Estado independente, até ser conquistado no ano de 525 a. C. pelos persas. A seguir será apresentada, de forma resumida, a evolução política no Egito Antigo. Período Pré-Dinástico ou Antigo Império (3200 a.C. – 2100 a.C.) Nesse período, houve a fixação de grupos humanos às margens do rio Nilo e o surgimento das primeiras cidades-Estados, conhecidas como nomos (Antigo Império). As obras hidráulicas permitiram a ampliação da agricultura. Também, nesse período, Menés unificou o Sul e o Norte do Egito. Esse foi o período da construção das pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos, próximas à Mênfis, a capital egípcia na época. A concentração de poderes nas mãos dos faraós gerou rebeliões internas comandadas por nobres (detentores de grandes porções de terra) e chefes de muitas comunidades egípcias. Essas revoltas geraram um período de fragmentação e enfraquecimento do poder dos faraós. Médio Império (2100 a.C. – 1580 a.C.) Houve a restauração do poder dos faraós, a ampliação do território dominado pelos egípcios, o início do comércio com outros povos e a transferência da capital para a cidade de Tebas. Nessa época, chegaram na região os povos hebreus. Apesar das mudanças citadas, agitações internas causaram o enfraquecimento do Império, facilitando o domínio do Egito pelos hicsos, povos guerreiros que já usavam o ferro e a cavalaria nas batalhas, tornando-os militarmente superiores aos demais povos da época. Novo Império (1580 a.C. – 715 a.C.) Os egípcios conseguiram expulsar os hicsos e, após a expulsão desses povos, os faraós retomaram o poder. Esse foi um período de intenso comércio externo e de expansão militar. Foi, provavelmente, o período mais rico da história egípcia. Por volta de 1085 a 525 a.C., ocorreu o período de decadência econômica, distúrbios internos e invasões estrangeiras. O Egito perdeu boa parte de suas possessões externas e começou a vivenciar constantes rebeliões de camponeses, devido à exploração a que eram submetidos. A partir de 671 a.C., os egípcios passaram por uma série de conquistas. Inicialmente, foram conquistados pelos Assírios, mas se libertaram pouco tempo depois. Foram dominados pelos persas, depois pelos gregos e, finalmente, pelos romanos, perdendo definitivamente sua independência. Os períodos apresentados demonstram que a história do Egito é marcada pela alternância de momentos de grande desenvolvimento e momentos de crise até a civilização ser conquistada pelos romanos. História Civilização Egípcia: A riqueza do Nilo Analisar, detalhadamente, os períodos vivenciados por essa civilização não é tarefa fácil e seria necessário bastante tempo. Sendo assim, o estudo ficará restrito a alguns aspectos relevantes da civilização egípcia. Iniciando o estudo pela organização social, podemos perceber que a sociedade em que vivemos é bastante diferente da egípcia, a qual era hierarquizada e estratificada, ou seja, com classes sociais que possuíam funções bem definidas. Na sociedade egípcia, praticamente não existia a possibilidade de uma pessoa mudar de posição social. A posição era determinada pelo nascimento: aqueles que nasciam nas classes dominantes viviam assim até a sua morte, quando seus filhos herdavam os seus bens e a sua posição. Assim era também com os demais grupos: os indivíduos de camadas inferiores mantinham-se nessa condição e os seus filhos herdavam a sua condição de miséria. Na sociedade, o principal destaque era o faraó e os membros de sua família. O Egito possuía um Estado Teocrático, isto é, política e religião misturavam-se, e o faraó era considerado um deus vivo, enviado para governar o povo, comandar o Império e defendê-lo de seus inimigos; seu poder era hereditário. Ele tinha poderes absolutos, pois controlava todas as coisas, as terras, as construções e tudo mais que existia. Abaixo do faraó, vinha a casta sacerdotal (líderes religiosos). A religião, no Egito, era politeísta (crença em vários deuses) e antropozoomórfica (os deuses podiam ter formato humano, de animal ou de ambos) e havia um grande número de sacerdotes e de templos. Os sacerdotes tinham grande influência na vida cotidiana, pois, na falta de uma ciência avançada, era a religião que explicava a maior parte dos acontecimentos e dos fenômenos naturais. Além dessa influência, os sacerdotes tinham grande poder econômico, pois não pagavam impostos e ainda recebiam muitas oferendas. É importante ressaltar que a religiosidade desempenhava um importante papel na sociedade egípcia, pois colaborava para a manutenção de uma estrutura em que uma minoria era privilegiada e vivia em boas condições enquanto uma maioria era explorada e praticamente sustentava a minoria composta por privilegiados. Nesse sentido, as crenças religiosas colaboravam para que a maioria da população aceitasse sua condição, evitando revolta dos explorados. Ao lado dos sacerdotes, existiam também os nobres, que ocupavam os cargos públicos administrativos mais importantes. Esses nobres governavam o Egito em nome do faraó, administrando as áreas conhecidas, como nomos, que funcionavam como Estados. Cada nomos possuía um governador, que só devia satisfação ao próprio faraó. No cotidiano, eram esses nobres que controlavam a população. Abaixo dessa camada que compunha a elite, estava um conjunto de funcionários especializados sem os quais era impossível administrar o Império. Tratava-se dos escribas, pessoas que conheciam os segredos das dificílimas formas de escrita egípcia. A esmagadora maioria da população era analfabeta, portanto esse pequeno número de letrados tinha um papel importante na estrutura administrativa e, consequentemente, seu padrão de vida era Estátua de um escriba. bastante elevado. 9 10 História Civilização Egípcia: A riqueza do Nilo Abaixo dos escribas, existiam diversos grupos que viviam normalmente quase sem privilégios: os artesãos, que abasteciam a sociedade com diversos artigos; os pequenos comerciantes, sendo que o comércio externo era controlado pelo faraó; e os soldados do exército. Na base da sociedade, estava a esmagadora maioria da população: os camponeses, que sustentavam a todos com seu trabalho, os servos do Estado, que eram obrigados a trabalhar e a entregar boa parte da produção para o governo, já que o faraó controlava a terra. Ao contrário dos escravos, estes não podiam ser vendidos. Os escravos eram poucos e, normalmente, eram prisioneiros de guerra. Os escribas ocupavam uma função relevante e os principais instrumentos utilizados por eles foram retratados em muitas ilustrações. Para escrever, era preciso ter um cálamo (haste) feito de um caule de junco com uma extremidade amassada que servia de pincel. Havia duas tintas principais: vermelha, para os títulos, e preta, para o texto. Essas tintas eram conservadas em pastilhas sólidas. Por último, era preciso o meio para escrever, geralmente o papiro. Mas, devido ao custo elevado de fabricação, às vezes, os escribas raspavam um papiro usado e o reutilizavam. Textos breves eram também escritos em pedaços de calcário ou cerâmica. No princípio, os membros da elite egípcia eram enterrados em grandes construções de pedra em formato retangular, chamadas de mastabas. Com o tempo, essas construções passaram a ter dois ou mais andares, até se transformarem em um conjunto de “caixas” sobrepostas. A primeira pirâmide conhecida foi construída dessa forma: é a pirâmide “truncada” ou “em degraus” do faraó Dijoser. A partir de várias experiências marcadas por êxito, mas também muitas vezes por fracasso, os egípcios foram aprimorando o conhecimento a respeito da construção das pirâmides. Após diversas experiências, chegou-se ao formato mais conhecido com os lados perfeitamente retos. Foi seguindo esse modelo que foram construídas as três grandes pirâmides do Vale de Gizé, as pirâmides dos faraós Quéops, Quéfren e Miquerinos. A maior, Quéops, com 146 metros de altura e 280 metros de largura na base, foi inteiramente construída com milhões de blocos de pedra encaixados, pesando, em média, 2,5 toneladas cada um. Disponíveis em: <www.downloadifa.com>. Acesso em: 15 set. 2013. Miquerinos, Quéops e Quéfren. Observe que a imagem aérea revela, com mais precisão, o tamanho de cada uma delas. História Civilização Egípcia: A riqueza do Nilo Trabalhando com Pesquisa AS PIRÂMIDES De toda a gigantesca herança arquitetônica egípcia, sem dúvida, as pirâmides são as que mais se destacam em termos de grandiosidade, impacto e capacidade de impressionar todos aqueles que passaram pelo Egito nos últimos 4 mil anos. Os gregos as classificaram como uma das “maravilhas do Mundo Antigo”. Até hoje elas são o maior atrativo turístico do Egito. Mas o que são realmente as pirâmides? Existem muitos mitos e lendas, mas a maior parte dos autores concorda com a ideia de que as pirâmides eram enormes túmulos que refletiam todo o poder e a grandeza dos faraós. 5 Faça uma pesquisa a respeito das pirâmides egípcias e responda a estas perguntas: a) As pessoas que trabalhavam na sua construção eram oriundas de qual(is) grupo(s) social(ais)? b) Quais conhecimentos foram desenvolvidos com essas obras? c) Quais materiais eram utilizados na sua construção? Como era seu interior? d) Quais crenças se relacionam às pirâmides? Qual era sua função? No Egito, a agricultura era praticada nos seis meses do ano, de outubro a março (durante a seca), período esse em que o rio Nilo estava baixo. Nessa época, os camponeses cobriam, com agricultura irrigada, as terras disponíveis. Além dos cereais, os egípcios cultivavam oliveira, alface, cebola, alho, uva, figo, linho, entre outros produtos. As colheitas ocorriam em abril. Ao longo de quase três mil anos, os imperadores egípcios ou faraós convocavam uma enorme massa de camponeses, denominados felás para que eles trabalhassem durante as cheias do rio Nilo nas grandes obras públicas: templos, palácios, pirâmides. Milhares de camponeses estiveram envolvidos na construção dessas obras monumentais. Como já foi dito, na sociedade egípcia, existia também um pequeno número de escravos, e a religião egípcia protegia-os da superexploração. O mesmo não acontecia com os felás, assim, graças ao trabalho deles, hoje há no Egito uma quantidade inacreditável de tesouros arqueológicos. Disponíveis em: <www.fascinioegito.sh06.com>. Acessos em: 19 jul. 2010. Os lavradores do Egito Antigo trabalhavam incessantemente. Utilizavam instrumentos simples, mas davam-lhes muitas aplicações. 11 12 História Civilização Egípcia: A riqueza do Nilo As imagens anteriores apresentam cenas das práticas agrícolas. Em muitos papiros, podemos observar desenhos bem elaborados de cores fortes e a concepção artística que fiou conhecida como lei da frontalidade, a qual consistia em desenhar as pessoas com os troncos de frente, porém com os demais membros de lado. No Egito, os casamentos eram monogâmicos, e as mulheres, ao contrário das sociedades grega e romana, possuíam poderes legais, ou seja, mesmo sendo casadas, poderiam administrar suas próprias riquezas e usufruir da riqueza de seu esposo. Nos papiros encontrados, a esposa é descrita como a “Senhora da Casa”, a qual aconselhava o esposo e governava o lar. Os filhos, independentemente da sexualidade, recebiam a mesma atenção dos pais. Algumas mulheres destacaram-se, como foi o caso de Nefertiti, esposa do faraó Akhenaton, filho de Amenofis III. Ela tornou-se a mais famosa rainha egípcia. Em 2003, uma equipe de arqueólogos ingleses encontrou uma múmia, que, segundo eles, seria a de Nefertiti. Alguns estudiosos questionam a identidade da múmia e mantêm uma polêmica diante do assunto, mas o importante é compreender a relevância dessa mulher, cujo nome significava “a bela chegou”. Sua popularidade Em 1912 foi encontrado o busto da rainha contribuiu para que fosse conhecida como a governante mais Nefertiti, que, a partir de 1923, passou a poderosa do Egito. Foi imortalizada em templos e em monumentos ser uma das atrações mais visitadas do Museu Egípcio de Berlim, na Alemanha. mais do que qualquer outra rainha egípcia. A maioria das mulheres que não pertenciam às famílias reais tinham vidas comuns, sendo o lar o seu principal espaço. Comumente produziam pão, cerveja, fiavam e teciam, não sendo comum sua presença, por exemplo, na construção dos grandes templos. Algumas mulheres dedicavam-se às artes, principalmente à dança e à música, sendo que a cultura era permeada pela religiosidade. Senhoras elegantes cheiram fragrâncias de flores de lótus; uma serva passa-lhes um vaso com líquidos. Nos eventos sociais, as senhoras costumavam ficar sentadas, embora nem sempre, separadas dos homens. Como já foi dito, no Antigo Egito, a religião era politeísta, ou seja, havia a crença em vários deuses, e cada divindade tinha seu poder diferenciado. Era também antropozoomórfica, já que os deuses podiam ter formato de humano, de animal ou de ambos. Dessa forma, os deuses egípcios possuíam características comuns aos humanos, como o amor, a ira, a inveja, os quais não pertencem ao mundo animal, mas também possuíam características que os egípcios visualizavam nos animais, como a esperteza, a sagacidade, a altivez, entre outras. Normalmente, cada povoamento ou cidade egípcia tinha um animal considerado sagrado, o qual se tornava seu símbolo. Com o tempo, esses animais imiscuídos com características humanas passaram a compor o panteão dos deuses. História Civilização Egípcia: A riqueza do Nilo Disponível em: <http://static5.depositphotos.com>. Acesso em: 10 set. 2013. Panteão de deuses e deusas egípcias. Esses deuses variavam na forma e na popularidade. Existiam deuses na forma de animais, como o boi Apis, a vaca Hator e o falcão Hórus (protetores dos faraós). Entre as divindades com forma humana, destacavam-se o popular deus Osíris e a deusa Ísis, senhora da fecundidade. Por fim, como já foi dito, havia deuses que misturavam as formas humana e animal, como Anúbis, o guardião dos mortos, com corpo de homem e cabeça de chacal (espécie de pequeno lobo) ou Seth, homem com cabeça de cão. Um caso interessante na evolução da religião egípcia são os deuses Amom (rei dos deuses e força criadora da vida) e Rá (o Sol), que acabaram sendo fundidos numa única divindade: Amom-Rá. Outro aspecto fundamental era a crença na existência de uma alma imortal, formada pelos elementos espirituais Ka e Ba, que continuavam existindo após a morte da pessoa. No entanto, para que a alma existisse eternamente, ela deveria retornar regularmente ao seu corpo físico que, consequentemente, deveria ser preservado. Daí a necessidade da mumificação ou do embalsamamento dos cadáveres. Se o corpo fosse destruído, o espírito seria condenado a vagar, sem rumo, eternamente, pelo universo. Disponível em: <http://explanationblog.files.wordpress.com>. Acesso em: 12 set. 2013. Na primeira imagem, Osíris (ao centro), Hórus e Ísis, e na segunda, Anubis atuando na mumificação. Um detalhe no procedimento de mumificação é que o espírito deveria levar para a outra vida tudo aquilo de que provavelmente ele necessitaria. Assim, as múmias dos ricos eram cuidadosamente embalsamadas em um processo caríssimo, eram enterradas em ricas tumbas decoradas junto com uma enorme quantidade de objetos pessoais e de joias. Já os pobres, cujas múmias eram feitas apenas removendo os órgãos internos e salgando o corpo, eram enterrados com suas ferramentas de trabalho. 13 História 14 Civilização Egípcia: A riqueza do Nilo Na visão dos egípcios, na vida após a morte, os ricos continuariam exercendo seus privilégios, enquanto os pobres continuariam servindo e trabalhando. Esses detalhes da cultura egípcia são conhecidos hoje graças aos profundos avanços da arqueologia e ao fato de o mais sagrado livro religioso do Egito Antigo, o Livro dos Mortos, ter sido preservado. Ele contém fórmulas que, segundo os egípcios, garantiam uma viagem rumo ao paraíso. Compreendendo os sentidos do texto Leia atentamente este trecho: “Em uma sala pouco iluminada, encontramos um homem pardo de meia-idade em pé ao lado de uma mesa. Esse homem é uma das pessoas mais respeitadas de sua cidade. Encontra-se no seu local de trabalho, na sua oficina. Talvez esteja acompanhado de um de seus filhos, que herdará sua arte profissional. Receberá os segredos de seu pai. Perpetuará sua tradição familiar de embalsamador. Um cadáver egípcio encontra-se na mesa. Estamos em algum momento bem anterior ao surgimento dos primeiros filósofos da Grécia Antiga. Sua tarefa é evitar a decomposição daquele proeminente cidadão. Os egípcios antigos acreditavam que a destruição do corpo ocorria por obra da caixa de pedra em que eram colocados. Eram verdadeiros sarcófagos (do latim: comedor de carne). Teve início a arte do embalsamamento. Foi adquirida após séculos de tentativas com acertos e erros. Agora, o segredo era guardado entre os profissionais específicos dessa prática.” Stefan Cunha Ujvari - A história da humanidade contada pelos vírus. São Paulo, Editora Contexto, 2012. Pag. 32 e 33. 6 O texto anterior confirma algumas características da sociedade egípcia. A respeito desse assunto, faça o que se pede: a) Copie um trecho que comprove que os embalsamadores eram pessoas de destaque na sociedade. b) Copie um trecho que demonstre que a condição das pessoas na sociedade estava relacionada ao seu nascimento. Durante os muitos séculos de existência da civilização egípcia, muitas transformações ocorreram em todos os aspectos da vida cotidiana: na cultura, na política e na economia. Na religião, não foi diferente. Com o decorrer do tempo, algumas divindades ganharam ou perderam popularidade. Essas variações afetavam o prestígio e, consequentemente, o poder econômico e político dos sacerdotes ligados a esses deuses. Os sacerdotes, geralmente, exerciam um enorme poder e, quanto mais importante o deus, maior o poder de seus sacerdotes. A religião egípcia era, em geral, uma das bases de sustentação da ordem estabelecida. Desde a infância, os pobres aprendiam que obedecer aos nobres, aos sacerdotes e ao Faraó era a única maneira de alcançar a salvação: o camponês obediente certamente ganharia a vida eterna. O poder e a influência dos sacerdotes, no mundo egípcio, acabaram provocando problemas políticos, uma vez que os faraós foram obrigados a aceitar a interferência, cada vez maior, dos sacerdotes. Essa situação de choque de interesses tornou-se tão incômoda que o faraó Amenófis IV deu início a uma reforma religiosa, decretando o fim de todas as divindades até então existentes e implantando a Disponível em: <www.thehistoryblog.com>. Acesso em: 12 set. 2013. crença em um único deus: Aton, o disco solar. Baixo relevo retratando Ahkenaton (Amenófis IV) e Nefertiti. História 15 Civilização Egípcia: A riqueza do Nilo Essa foi a única tentativa de se implantar o monoteísmo (crença em um deus único) no Egito Antigo e a única proposta monoteísta, com exceção da cultura hebraica, em toda a Antiguidade. Amenófis IV chegou até mesmo a mudar seu nome para Akhenaton (filho ou servidor de Aton), mas sua reforma não teve continuidade. Logo após sua morte, a velha tradição politeísta foi restaurada. Apesar do restabelecimento do politeísmo na Antiguidade, atualmente, o Egito é um país monoteísta, e a maioria da população segue o Islamismo. Além disso, o Egito teve participação importante no processo de desenvolvimento da religião do povo hebreu que, por sua vez, influenciou outras como o Judaísmo e o Cristianismo. O surgimento e a expansão das religiões monoteístas serão estudadas no capítulo seguinte. Uma das descobertas mais popularizadas do começo do século XX foi a da tumba de um faraó com mais de 3000 anos de existência realizada pelo arqueólogo Howard Carter. “Este faraó era o lendário Tutancamon, que teve sua múmia encontrada ao lado de artefatos em ouro, bacias cheias de grãos e uma inscrição egípcia prometendo que a morte afligiria todo aquele que viesse a perturbar o sono do faraó. Mesmo com seu tom ameaçador, aquele e outros avisos não foram capazes de sanar a cobiça dos saqueadores de tumbas que violaram o descanso de diversas outras múmias. Será que a maldição atingiria aqueles que ignoravam o silencioso aviso?” Disponível em: <www.historiadomundo.com.br/ egipcia/a-maldicao-de-tutancamon.htm>. Acesso em: 03 out. 2013. Disponível em: <http://news.nationalgeographic.com>. Acesso em: 12 set. 2013. Trabalhando com Pesquisa Howard Carter examina o faraó Tutankhamon em 1922. Ele foi financiado pela antiguidade entusiasta Lord Carnarvon. Nos últimos séculos, as descobertas de diversos corpos embalsamados no Egito, realizadas pelos arqueólogos, geraram várias lendas, dentre elas a da maldição dos faraós. Muitos acreditavam que aqueles que profanassem os túmulos dos antigos faraós seriam penalizados. 7 Converse com seu professor de Ciências ou faça uma pesquisa e descubra a relação da lenda da maldição dos faraós com os acontecimentos posteriores à descoberta das tumbas. Logo após, escreva um parágrafo explicando essa relação. Exercícios de sala 8 Para os egípcios, o rio Nilo era considerado um deus cujo nome era Hapi. Leia este trecho de um velho hino que o saudava: “Salve, ó Nilo, que provê a vida em forma de água e alimentos”. A partir da leitura anterior e com base em seus conhecimentos a respeito do Egito Antigo, explique como o rio Nilo era aproveitado para a agricultura durante todo o ano. ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ Prezado leitor, Agradecemos o interesse em nosso material. Entretanto, essa é somente uma amostra gratuita. Caso haja interesse, todos os materiais do Sistema de Ensino CNEC estão disponíveis para aquisição através de nossa loja virtual. loja.cneceduca.com.br