FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO - ELABORAÇÃO DE UM CATÁLOGO Marília Margarida Ferreira de Sousa Licenciada em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Dissertação submetida para satisfação parcial dos requisitos do grau de Mestre em Construção de Edifícios Dissertação realizada sob supervisão de Professor Doutor Vasco Manuel Araújo Peixoto de Freitas da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Porto, Setembro de 2004 Aos meus Pais AGRADECIMENTOS Ao concluir o presente trabalho gostaria de agradecer a todos os que contribuíram para a sua realização. Ao Professor Vasco Freitas expresso aqui o meu sincero agradecimento pela forma sempre solícita e simpática com que me apoiou e orientou na elaboração desta dissertação, bem como pelos conhecimentos transmitidos, pela compreensão e pelo incentivo que sempre me deu. Aos meus colegas de gabinete, nomeadamente, ao Pedro, ao Paulo e, em especial, à Susana, pela ajuda sempre pronta, deixo também aqui o meu agradecimento. De realçar ainda o Laboratório de Física das Construções – LFC, pela ajuda dos seus actuais e excolaboradores, em particular, à Isabel, ao Nuno e à Eva. Um agradecimento muito especial à minha mãe, à minha irmã, ao meu irmão e à Andreia pela força que sempre me transmitiram e pela incansável paciência e compreensão. A todos os meus amigos pelo apoio que sempre me deram expresso aqui a minha gratidão, em especial ao João, pela compreensão e companhia durante o decorrer deste trabalho, à Ana Cláudia, pela ajuda nas correcções finais, à Patrícia, pela tradução, à Kitty, ao Nuno e à Susana. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo I PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO – ELABORAÇÃO DE UM CATÁLOGO RESUMO Muito embora haja uma preocupação crescente com a qualidade da construção, verifica-se que os edifícios construídos nos últimos anos não apresentam a qualidade esperada. Pode mesmo afirmar-se que existem milhares de fogos, construídos recentemente, com patologias muito graves que condicionam a sua utilização. Em Portugal, uma das principais causas da não qualidade da construção é a inexistência de um sistema de responsabilidades, garantias e seguros que responsabilize efectivamente os diversos intervenientes no processo construtivo pelos erros de concepção, de execução ou de mau comportamento dos materiais e componentes, e que, simultaneamente, garanta a reparação imediata dos danos. Existe uma grande diversidade de patologias que afectam os vários elementos que constituem a envolvente dos edifícios, com origem em diferentes fenómenos. A patologia da construção tem sido objecto de inúmeros estudos. No entanto, a informação técnica disponível encontra-se dispersa, sendo a sua sistematização imprescindível, de modo a facilitar a análise de causas e a resolução dos problemas. No presente trabalho foi estudado o problema da patologia da construção, nomeadamente, no que se refere às principais patologias e respectivas causas. Tomou-se como base os registos de sinistros declarados às companhias de seguros francesas, no âmbito das garantias da construção obrigatórias em França, face à inexistência de dados nacionais. Foi também efectuado o estudo e a análise dos sistemas francês e espanhol de responsabilidades, garantias e seguros na construção, sendo apresentada uma proposta para a implementação de um sistema análogo em Portugal. Por último, foi elaborado um Catálogo das patologias associadas ao comportamento higrotérmico da envolvente dos edifícios estudados nos últimos anos pelo Laboratório de Física das Construções (LFC) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). O Catálogo é constituído por um conjunto de Fichas de Patologias, que incluem quatro campos: descrição da patologia, sondagens e medidas, causas e soluções possíveis de reparação. Palavras-Chave: Patologia, Higrotérmica, Catálogo de Patologias, Fichas de Patologias, Responsabilidades, Garantias, Seguros Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo III BUILDING PATHOLOGY – PREPARATION OF A CATHALOGUE ABSTRACT Despite the growing concern over the quality of construction, recent buildings fall short of expectations. There are thousands of recent buildings with very serious pathologies that limit their use. In Portugal, one of the major causes of the non quality of the buildings is the lack of an effective system of responsibilities, guarantees and insurance that makes responsible the multiple intervenient parts in the construction process for the defects of conception, execution or bad performance of the materials and components, and simultaneously, insures the immediate repair of damage. There is a wide range of pathologies that affect the envelope of the buildings, caused by different phenomena. Building Pathology has been the subject of numberless studies. However, the available information is dispersed. It’s necessary to systematize it, in order to analyse the causes and solve pathologies in an easier and more effective way. In this paper we study the building’s pathology problem, concerning the main pathologies and causes, based upon people’s claims of legal guarantees on the insurance companies in France, due to the inexistence of Portuguese data. The French and Spanish system of responsibilities, guarantees and insurances are also studied and analyzed. We propose a model of development of a similar system in Portugal. A Building Pathology Catalogue was also prepared containing the higrothermal pathologies occurred on the envelope of the buildings studied in the last few years by the Laboratory of Building Physics (LFC), of the Faculty of Engineering at the University of Oporto (FEUP). The Catalogue is made up of a set of Pathologies Reports that include four fields: description of the pathology, prospecting and measurements, causes and retrofit solutions. Keywords: Pathology, Higrothermic, Building Pathology Catalogue, Pathology Reports, Responsibilities, Guarantees, Insurances IV Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo PATHOLOGIE DU BATIMENT – ELABORATION D’UN CATALOGUE RESUME Malgré l’existence d’un souci croissant sur la qualité de la construction, on vérifie que les bâtiments construits ces dernières années ne présente pas la qualité souhaitée. On peut affirmé qu’il existe des milliers d’logements, construits récemment, qui présentent des pathologies très graves qui conditionnent leur utilisation. Au Portugal, l’une des principales causes de la “non qualité“ de la construction est l’inexistence d’un système de responsabilités, garanties et assurances qui responsabilise vraiment les divers intervenants dans le processus de la construction, par les erreurs commises (conception, exécution ou défaillant comportement des matériaux et components) et qui simultanément assure la réparation immédiate des dommages. Il existe une grande diversité de pathologies qui affecte les éléments qui constituent l’enveloppe des bâtiments, provenant de différents phénomènes. La pathologie du bâtiment a déjà été l’objet de nombreuses études. Toutefois, l’information technique disponible est disperse et sa systématisation est indispensable afin de faciliter l’analyse des causes et la résolution des problèmes. Dans ce travail, le problème de la pathologie du bâtiment a été étudié, notamment, ce qui concerne les principales pathologies et respectives causes. Les registres des sinistres déclarés aux compagnies d’assurance françaises, concernant des garanties de construction obligatoires en France, ont servis de base, vu l’inexistence de données nationales. L’étude et l’analyse des systèmes français et espagnol de responsabilité, garanties et assurances dans le bâtiment ont été étudiées et une proposition pour l’implémentation au Portugal d’un système analogue est présentée. Un catalogue de pathologies liées au comportement hygrothermique de l’enveloppe des bâtiments étudiés ces dernières années pelo Laboratório de Física das Construções de la Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto a été élaborée. La catalogue est constitué par un ensemble de fiches de pathologies, qui incluent quatre domaines: description de la pathologie, sondages et mesures, causes et solutions possibles de la réparation. Mots-clé: Pathologie, Hygrothermique, Catalogue de Pathologies, Fiches de Pathologies, Responsabilités, Garanties, Assurances. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo V PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO – ELABORAÇÃO DE UM CATÁLOGO ÍNDICE DO TEXTO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1 1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS.................................................................................................. 1 1.2 INTERESSE E OBJECTIVOS DO TRABALHO................................................................. 1 1.3 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO ....................................................... 2 2. O PROBLEMA DA PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO..................................................3 2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ................................................................................................... 3 2.2 ANÁLISE DO PROBLEMA DA PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO COM BASE NOS DADOS FRANCESES.......................................................................................... 4 2.2.1 Caracterização da Amostra.................................................................................................... 4 2.2.2 Tipo de Edifícios .................................................................................................................... 5 2.2.3 Principais Patologias............................................................................................................... 6 2.2.4 Principais Causas das Patologias........................................................................................... 7 2.2.5 Elementos Construtivos ........................................................................................................ 8 2.2.5.1 Dados Gerais.......................................................................................................... 8 2.2.5.2 Coberturas .............................................................................................................. 9 2.2.5.2.1 Coberturas Inclinadas ........................................................................................... 9 2.2.5.2.2 Coberturas em Terraço ....................................................................................... 10 2.2.5.3 Fachadas................................................................................................................ 12 2.2.5.4 Vãos Envidraçados.............................................................................................. 13 2.2.5.5 Envolvente Interior............................................................................................. 14 2.2.5.5.1 Elementos Divisórios.......................................................................................... 14 2.2.5.5.2 Revestimentos Interiores.................................................................................... 15 2.2.6 Custo dos Trabalhos de Reparação de Danos.................................................................. 16 2.2.7 Extrapolação dos Dados para o Problema da Patologia da Construção em Portugal .................................................................................................................................. 17 2.3 O ESTADO DE CONSERVAÇÃO DOS EDIFÍCIOS EM PORTUGAL .................... 18 2.3.1 Dados dos Censos 2001....................................................................................................... 18 2.3.2 Dados Europeus ................................................................................................................... 21 2.3.3 Causas Fundamentais da Não Qualidade dos Edifícios em Portugal ........................... 21 2.3.3.1 Generalidades....................................................................................................... 21 2.3.3.2 Sistematização do Conhecimento ..................................................................... 22 2.3.3.3 Informação Técnica ............................................................................................ 22 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo VII 2.3.3.4 Sistema de Garantias e de Seguros ....................................................................23 2.3.3.5 Qualificação Profissional.....................................................................................24 2.3.3.6 Importância da Física das Construções.............................................................24 2.3.3.7 Caracterização dos Materiais e Componentes..................................................24 2.3.3.8 Erros de Execução ...............................................................................................24 2.3.4 Política de Intervenção .........................................................................................................25 3. SISTEMA DE RESPONSABILIDADES, GARANTIAS E SEGUROS NO ÂMBITO DA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS ............................................................27 3.1 GENERALIDADES...................................................................................................................27 3.2 O SISTEMA FRANCÊS.............................................................................................................28 3.2.1 Conceito Geral.......................................................................................................................28 3.2.2 Recepção da Obra .................................................................................................................29 3.2.2.1 Definição ...............................................................................................................29 3.2.2.2 Formalidades da Recepção..................................................................................30 3.2.2.3 Efeitos da Recepção.............................................................................................30 3.2.2.4 Recepção Judicial..................................................................................................31 3.2.3 Responsabilidade dos Intervenientes no Processo Construtivo.....................................31 3.2.3.1 Definição ...............................................................................................................31 3.2.3.2 Intervenientes na Construção Afectos à Responsabilidade Decenal............32 3.2.3.3 Beneficiários da Responsabilidade Decenal .....................................................32 3.2.4 Garantias Obrigatórias..........................................................................................................32 3.2.4.1 Generalidades........................................................................................................32 3.2.4.2 Garantia de “Perfeito Acabamento” .................................................................33 3.2.4.2.1 Definição ...............................................................................................................33 3.2.4.2.2 Quem deve subscrever?.......................................................................................33 3.2.4.3 Garantia de “Bom Funcionamento” .................................................................33 3.2.4.3.1 Definição ...............................................................................................................33 3.2.4.3.2 Quem deve subscrever?.......................................................................................34 3.2.4.4 Garantia Decenal..................................................................................................34 3.2.4.4.1 Definição ...............................................................................................................34 3.2.4.4.2 Quem deve subscrever?.......................................................................................35 3.2.5 Seguros Obrigatórios ............................................................................................................35 3.2.5.1 Conceito Geral......................................................................................................35 3.2.5.2 Seguro de Responsabilidade Decenal................................................................35 3.2.5.2.1 Definição ...............................................................................................................35 3.2.5.2.2 Quem deve subscrever?.......................................................................................35 3.2.5.2.3 Validade e duração ...............................................................................................35 3.2.5.3 Seguro de Reparação de Danos..........................................................................36 3.2.5.3.1 Definição ...............................................................................................................36 3.2.5.3.2 Quem deve subscrever?.......................................................................................36 VIII Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 3.2.5.3.3 Validade e duração............................................................................................... 36 3.3 O SISTEMA ESPANHOL ........................................................................................................ 36 3.3.1 Conceito Geral ...................................................................................................................... 36 3.3.2 Recepção da Obra................................................................................................................. 38 3.3.2.1 Definição............................................................................................................... 38 3.3.2.2 Formalidades na Recepção................................................................................. 38 3.3.3 Responsabilidade dos Intervenientes no Processo Construtivo.................................... 39 3.3.4 Garantias Obrigatórias ......................................................................................................... 39 3.3.4.1 Definição............................................................................................................... 39 3.3.4.2 Quem deve subscrever? ...................................................................................... 40 3.3.5 Seguros Obrigatórios........................................................................................................... 41 3.3.5.1 Conceito Geral ..................................................................................................... 41 3.3.5.2 Seguro Decenal .................................................................................................... 41 3.3.5.2.1 Definição............................................................................................................... 41 3.3.5.2.2 Quem deve subscrever? ...................................................................................... 41 3.3.5.2.3 Validade e duração............................................................................................... 41 3.3.6 Controlo da Qualidade da Construção .............................................................................. 42 3.3.6.1 Organismos de Controlo da Qualidade da Construção................................. 42 3.3.6.2 Código Técnico da Construção ......................................................................... 42 3.3.6.2.1 Conceito geral ...................................................................................................... 42 3.3.6.2.2 Entidades responsáveis pela elaboração do Código Técnico da Construção............................................................................................................ 43 3.3.6.2.3 Estrutura do Código Técnico da Construção.................................................. 43 3.4 O SISTEMA PORTUGUÊS ..................................................................................................... 44 3.4.1 Conceito Geral ...................................................................................................................... 44 3.4.2 Garantias Obrigatórias ......................................................................................................... 45 3.4.3 Seguros Obrigatórios............................................................................................................ 46 3.4.4 Proposta de um Sistema Nacional de Responsabilidades, Garantias e Seguros.......... 46 4. CATÁLOGO DE PATOLOGIAS .................................................................................... 49 4.1 IMPORTÂNCIA DO CATÁLOGO....................................................................................... 49 4.2 MODELOS EXISTENTES ...................................................................................................... 49 4.2.1 Caracterização Geral............................................................................................................. 49 4.2.2 “Fiches Pathologie du Bâtiment” (AQC e Fondation Excellence SMA) ..................... 50 4.2.3 “Defect Action Sheet” e “Good Repair Guide” (BRE) ................................................. 52 4.2.4 “Cases of Failure Information Sheet” (CIB W086 Building Pathology) ...................... 53 4.2.5 “Fichas de Reparação de Anomalias” (LNEC) ................................................................ 54 4.3 GRUPO DE ESTUDOS DA PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO – PATORREB ..... 55 4.3.1 Objectivos.............................................................................................................................. 55 4.3.2 Organização do Grupo de Estudos da Patologia da Construção – PATORREB...... 56 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo IX 4.3.3 Estrutura do Site Criado pelo Grupo de Estudos da Patologia da Construção – PATORREB ..........................................................................................................................57 4.4 CARACTERIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO UTILIZADA NA ELABORAÇÃO DO CATÁLOGO DE PATOLOGIAS...................................................................................59 4.5 ESTRUTURA DO CATÁLOGO DE PATOLOGIAS........................................................61 4.6 FICHAS DE PATOLOGIAS ....................................................................................................62 4.6.1 Estrutura das Fichas de Patologias .....................................................................................62 4.6.2 Identificação da Patologia ....................................................................................................63 4.6.3 Descrição da Patologia .........................................................................................................63 4.6.4 Sondagens e Medidas ............................................................................................................64 4.6.5 Causas da Patologia...............................................................................................................64 4.6.6 Soluções Possíveis de Reparação ........................................................................................65 4.7 EXEMPLO DE UMA FICHA DE PATOLOGIA...............................................................65 5. CONCLUSÕES ................................................................................................................67 5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................................67 5.2 DESENVOLVIMENTOS FUTUROS DA INVESTIGAÇÃO NESTE DOMÍNIO ....................................................................................................................................68 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................69 ANEXOS ANEXO I - CATÁLOGO DE PATOLOGIAS.....................................................................77 X Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO – ELABORAÇÃO DE UM CATÁLOGO ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 – “Leis de Hammurabi” (traduzido por R. F. Harper no livro “Falhas na Construção” de Jacob Field, publicações Wiley&Sun Inc., Nova Iorque, 1992) [42]. .............................. 3 Figura 2 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos em função do tipo de edifícios. ...................................................................................... 5 Figura 3 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos em função das principais patologias. ............................................................................. 6 Figura 4 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos em função das principais causas das patologias. .......................................................... 7 Figura 5 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos em função dos elementos construtivos. ........................................................................ 8 Figura 6 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos ocorridos em coberturas inclinadas.............................................................................. 10 Figura 7 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos ocorridos em coberturas em terraço. ........................................................................... 11 Figura 8 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos ocorridos em fachadas. .................................................................................................. 13 Figura 9 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos ocorridos em vãos envidraçados. ................................................................................. 14 Figura 10 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos ocorridos em elementos divisórios (envolvente interior). ........................................ 15 Figura 11 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos ocorridos em revestimentos interiores. ....................................................................... 16 Figura 12 – Estado de conservação dos edifícios em Portugal em 2001 [71]. ....................................... 19 Figura 13 – Estado de conservação dos edifícios em Portugal segundo a época de construção [71]. .......................................................................................................................... 20 Figura 14 – Necessidade de reparação dos edifícios em função do elemento construtivo [71]. ......... 20 Figura 15 – Investimentos na construção em 2000, na Europa [86]. ...................................................... 21 Figura 16 – Intervenientes no “Programa Nacional de Desenvolvimento da Informação Técnica” [59]. .............................................................................................................................. 23 Figura 17 – Garantia Decenal (França). ....................................................................................................... 29 Figura 18 – Garantias na construção obrigatórias em França. ................................................................. 33 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo XI Figura 19 – Garantias na construção em Espanha......................................................................................37 Figura 20 – Estrutura do Código Técnico da Construção espanhol [31]. ...............................................44 Figura 21 – Organização das “Fiches Pathologie du bâtiment” [5]..........................................................51 Figura 22 – Exemplo de uma “Fiche Pathologie du bâtiment” [8]. .........................................................52 Figura 23 – Exemplo de uma “Defect Action Sheet” [25]. .......................................................................53 Figura 24 – Site do Grupo de Estudos da Patologia da Construção – PATORREB [61]...................55 Figura 25 – Organigrama do Grupo de Estudos da Patologia da Construção – PATORREB [61]........................................................................................................................56 Figura 26 – Exemplo de uma das Fichas de Patologias publicadas no site do Grupo de Estudos PATORREB (Campo correspondente à “Descrição da Patologia”) [61]. .........................57 Figura 27 – Exemplo de uma das Fichas de Patologias publicadas no site do Grupo de Estudos PATORREB (Campo correspondente às “Sondagens e Medidas”) [61]..........................58 Figura 28 – Exemplo de uma das Fichas de Patologias publicadas no site do Grupo de Estudos PATORREB (Campo correspondente às “Causas da Patologia”) [61].............................58 Figura 29 – Exemplo de uma das Fichas de Patologias publicadas no site do Grupo de Estudos PATORREB (Campo correspondente às “Soluções Possíveis de Reparação”) [61]. ....59 Figura 30 – Tipo de edifícios analisados.......................................................................................................60 Figura 31 – Principais patologias analisadas.................................................................................................60 Figura 32 – Organização do Catálogo de Patologias. .................................................................................61 Figura 33 – Modelo das “Fichas de Patologias”..........................................................................................62 Figura 34 – Exemplo do campo da Ficha de Patologia correspondente à “Identificação da Patologia”.....................................................................................................................................63 Figura 35 – Exemplo de uma “Ficha de Patologia”. .................................................................................66 XII Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO – ELABORAÇÃO DE UM CATÁLOGO ÍNDICE DE QUADROS Quadro 2.1 – Distribuição dos sinistros em função do custo total e do custo médio dos trabalhos de reparação de danos [6]..................................................................................... 17 Quadro 3.1 – Proposta de calendarização para o desenvolvimento do sistema nacional de responsabilidades, garantias e seguros................................................................................. 48 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo XIII 1. INTRODUÇÃO 1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Muito embora haja uma preocupação crescente com a qualidade da construção, verifica-se que os edifícios construídos nos últimos anos não apresentam a qualidade esperada. Pode mesmo afirmar-se que existem milhares de fogos, construídos recentemente, com patologias muito graves que condicionam a sua utilização. Em Portugal, uma das principais causas da não qualidade da construção é a inexistência de um sistema de responsabilidades, garantias e seguros que responsabilize efectivamente os diversos intervenientes no processo construtivo pelos erros de concepção, de execução ou de mau comportamento dos materiais e componentes, e que, simultaneamente, garanta a indemnização de danos causados, de forma análoga, por exemplo, ao sistema existente em França. Por outro lado, só a análise dos registos de sinistros declarados às companhias de seguros no âmbito das garantias da construção permitiria avaliar quais as principais patologias que afectam os edifícios e, simultaneamente, condicionar a própria investigação. Existe uma grande diversidade de patologias que afectam os vários elementos que constituem a envolvente dos edifícios, com origem em diferentes fenómenos, tendo a patologia da construção sido objecto de inúmeros estudos. A informação técnica disponível, no entanto, encontra-se dispersa, sendo a sua sistematização imprescindível, de modo a facilitar a análise de causas e a resolução dos problemas, bem como a sua prevenção. 1.2 INTERESSE E OBJECTIVOS DO TRABALHO A implementação em Portugal de um sistema que garanta a responsabilização dos intervenientes no processo construtivo pelos erros cometidos irá melhorar substancialmente a qualidade da construção. Neste sentido, um dos objectivos deste trabalho consistiu no estudo e na análise do sistema francês de responsabilidades, garantias e seguros da construção e do sistema espanhol, que se encontra em fase de desenvolvimento e implementação, com o intuito de apresentar uma proposta para a implementação de um sistema análogo em Portugal. No âmbito da patologia da construção têm sido desenvolvidos inúmeros estudos com o objectivo de analisar as causas das patologias e definir as acções a desenvolver para restabelecer as características funcionais ou estéticas dos elementos degradados, existindo uma extensa lista de publicações de carácter técnico-científico. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 1 No entanto, esta informação encontra-se dispersa, sendo fundamental a sistematização da informação disponível relativamente às patologias já estudadas, pelo que se considera imprescindível a elaboração de um Catálogo. Assim, o objectivo principal do presente trabalho foi o de elaborar um Catálogo das patologias associadas ao comportamento higrotérmico da envolvente dos edifícios estudados nos últimos anos pelo Laboratório de Física das Construções (LFC) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). O Catálogo é constituído por um conjunto de Fichas de Patologias, que incluem quatro campos: descrição da patologia, sondagens e medidas, causas e soluções possíveis de reparação. 1.3 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO O trabalho encontra-se dividido em três partes principais: 2 • Na primeira parte (capítulo 2) é feita uma análise do problema da patologia da construção, sendo apresentadas as principais patologias e as causas que estão na sua origem, bem como os elementos construtivos afectados e os respectivos custos dos trabalhos de reparação de danos. Tomou-se como base os registos de sinistros declarados às companhias de seguros francesas no âmbito das garantias da construção obrigatórias em França, face à inexistência de dados nacionais. É também analisado o estado de conservação dos edifícios portugueses com base nos dados estatísticos disponíveis; • Na segunda parte (capítulo 3) é apresentada uma descrição e apreciação dos sistemas francês e espanhol de responsabilidades, garantias e seguros na construção, sendo apresentada uma proposta de desenvolvimento e implementação de um sistema análogo em Portugal; • Na terceira e última parte (capítulo 4) é apresentado um Catálogo das patologias associadas ao comportamento higrotérmico da envolvente dos edifícios, elaborado com base nos estudos de edifícios com patologias efectuados nos últimos anos pelo Laboratório de Física das Construções (LFC) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). O Catálogo é constituído por um conjunto de Fichas de Patologias, que incluem quatro campos: descrição da patologia, sondagens e medidas, causas e soluções possíveis de reparação. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 2. O PROBLEMA DA PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO 2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS Embora o tema “Patologia da Construção” possa parecer recente, a reparação de defeitos nas construções não é seguramente um fenómeno actual. Já no ano 2200 A.C., o Código de Construção de Hammurabi's (Rei da Babilónia) impunha punições severas no caso de ocorrência de falhas, o que reflecte o conceito de responsabilidade inerente à patologia da construção [42]. A – Se um construtor, ao construir a casa para terceiros, não fizer a construção firme e se a casa cair e causar a morte do dono da casa, esse construtor será condenado à morte. B – Se causar a morte do filho do dono da casa, será condenado à morte o filho do construtor. C – Se causar a morte de um escravo do dono da casa, o construtor terá de dar um escravo de igual valor ao dono da casa. D – Se destruir propriedade, o construtor terá de reconstruir o que destruiu à sua própria custa. E – Se a construção não obedecer aos requisitos e uma parede cair, o construtor terá de reforçar a parede às suas custas. Figura 1 – “Leis de Hammurabi” (traduzido por R. F. Harper no livro “Falhas na Construção” de Jacob Field, publicações Wiley&Sun Inc., Nova Iorque, 1992) [42]. Actualmente, a investigação de defeitos é bem mais complexa, devido quer à complexidade das construções, quer ao desenvolvimento considerável das sociedades e ao aumento das exigências, sendo necessário um aumento efectivo do conhecimento e da informação disponível, bem como a interacção entre os diversos intervenientes no processo construtivo. O registo e a divulgação dos erros de construção, bem como o estudo dos casos de patologia, são fundamentais para a melhoria da qualidade das construções. Existem experiências neste sentido em alguns países, no entanto, nem sempre bem sucedidas. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 3 Na generalidade, os dados disponíveis resultam da análise dos registos de patologias, efectuada no âmbito de trabalhos de investigação realizados por instituições que estudam o problema da patologia da construção. Como exemplo, refira-se os dados disponibilizados pelo BRE Advisory Service [62], que têm como base a análise das patologias efectuada nos inúmeros estudos de edifícios habitacionais e não habitacionais elaborados pelo BRE. Como excepção a este procedimento salienta-se a experiência francesa, nomeadamente os dados disponibilizados pela Agence Qualité Construction (AQC) [5], organismo responsável pela apreciação e implementação da qualidade na construção, em França. A AQC criou um mecanismo de recolha e análise dos sinistros declarados às companhias seguradoras - sistema SYCODÉS (“Système de Collecte des Désordres”), no âmbito da garantia decenal e dos seguros inerentes (seguros de reparação de danos e de responsabilidade decenal), obrigatórios em França desde 1978 (ver § 3). Estes dados constituem um elemento fundamental na avaliação da importância da patologia da construção, sendo apresentados no § 2.2. Na análise efectuada pelo SYCODÉS, além da descrição da patologia, é identificado o elemento construtivo e a causa que esteve na origem do problema, bem como o custo de reparação dos danos, com base nos registos efectuados pelos peritos que avaliaram os sinistros. Em Portugal não existem elementos que permitam apreciar quais as principais patologias que afectam as construções. Os dados existentes resultam de trabalhos pontuais de investigação, não permitindo uma abordagem global do problema. Apenas estão disponíveis alguns dados relativos ao estado de conservação de edifícios, apresentados no § 2.3. 2.2 ANÁLISE DO PROBLEMA DA PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO COM BASE NOS DADOS FRANCESES 2.2.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA Os dados a seguir apresentados resultaram da análise efectuada pelo SYCODÉS (“Système Collecte des Désordres”), mecanismo criado pela Agence Qualité Construction, a 39.000 casos sinistros declarados às companhias seguradoras, entre 1999 e 2001, no âmbito dos seguros reparação de danos e de responsabilidade decenal obrigatórios em França, e que foram alvo peritagens por técnicos especializados [6]. 4 de de de de Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 2.2.2 TIPO DE EDIFÍCIOS De acordo com os resultados obtidos através da análise efectuada pelo SYCODÉS [6], 81,3% dos sinistros registados ocorreram em edifícios de habitação, correspondendo os edifícios de habitação colectiva a 49,3% dos casos, tal como apresentado no gráfico da Figura 2. O custo total dos trabalhos de reparação de danos, resultantes de sinistros ocorridos em edifícios habitacionais, foi de € 132.069.600, o que correspondeu a 66,4% do custo total. Apesar dos sinistros que ocorreram em edifícios não habitacionais representarem apenas 18,7% do total dos sinistros analisados, o custo dos trabalhos de reparação inerentes correspondeu a 33,6% do custo total. TIPO DE EDIFÍCIOS 50% 45% Sinistros (%) 40% Custo dos Trabalhos de Reparação de Danos (%) 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% Edifícios Habitacionais Albergues Espaços de Cultura Edifícios de Saúde Edifícios de Ensino Edifícios de Transportes Parques de Estacionamento Edifícios Agrícolas Armazéns Industrias Edifícios de Comércio Edifícios de Escritórios Edifícios Colectivos Habitações Unifamiliares 0% Edifícios Não Habitacionais Figura 2 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos em função do tipo de edifícios. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 5 2.2.3 PRINCIPAIS PATOLOGIAS Dos 39.000 casos analisados [6], verificou-se que cerca de 62% dos sinistros declarados resultaram de problemas de estanquidade à água, sendo o custo dos respectivos trabalhos de reparação de danos de cerca de € 100.000.000, o que correspondeu a 50,3% do custo total dos trabalhos de reparação (Figura 3). Os problemas de condensações e de falta de isolamento (térmico e acústico) da envolvente corresponderam a 3% dos casos analisados. Apesar da análise detalhada de patologias associadas a problemas estruturais não fazer parte do presente trabalho, é de salientar o custo dos trabalhos de reparação de danos resultantes de problemas desta índole, que representaram 17,5% do custo total dos trabalhos de reparação, ou seja, € 34.810.000. Os restantes sinistros (24%) eram resultantes de problemas de utilização. PRINCIPAIS PATOLOGIAS 62% 10% 24% 1% 1% 2% Sinistros (%) 0 20.000 40.000 60.000 80.000 100.000 120.000 3 Custo dos Trabalhos de Reparação de Danos (x10 €) Problemas de estabilidade Problemas de estanquidade ao ar Problemas de estanquidade à água Insuficiência de isolamento Condensações Outras Figura 3 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos em função das principais patologias. 6 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 2.2.4 PRINCIPAIS CAUSAS DAS PATOLOGIAS Em matéria de sinistros, as causas e as responsabilidades são, geralmente, múltiplas e de definição nem sempre fácil. No gráfico da Figura 4 é apresentada a causa que, de acordo com a apreciação do perito responsável pela análise do sinistro, foi a que, de forma mais significativa, conduziu à patologia. Com base nos resultados fornecidos pelo SYCODÉS [6], constata-se que 79% dos sinistros registados se verificaram devido a defeitos de execução, sendo o custo dos trabalhos de reparação inerentes de € 135.849.000. As patologias devidas a erros de concepção representaram cerca de 11% dos sinistros. PRINCIPAIS CAUSAS DAS PATOLOGIAS 79% 11% 3% 1% 5% Sinistros (%) 0 20.000 40.000 60.000 80.000 100.000 120.000 140.000 3 Custo dos Trabalhos de Reparação de Danos (x10 €) Defeitos de concepção Defeitos de utilização Defeitos de execução Outros Defeitos dos materiais Figura 4 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos em função das principais causas das patologias. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 7 2.2.5 2.2.5.1 ELEMENTOS CONSTRUTIVOS DADOS GERAIS O gráfico da Figura 5 mostra a distribuição dos sinistros analisados e do respectivo custo dos trabalhos de reparação de danos, em função dos elementos construtivos “causadores” do dano. Verifica-se que 54 % dos casos correspondem a problemas que ocorreram na envolvente exterior do edifício (coberturas, fachadas e vãos envidraçados), sendo o custo dos trabalhos de reparação de € 93.881.000, o que correspondeu a 47,2 % do custo total. Nos parágrafos seguintes é apresentada uma análise detalhada da distribuição dos sinistros e do custo dos respectivos trabalhos de reparação de danos, em função dos elementos da envolvente exterior (coberturas, fachadas e vãos envidraçados) e interior. São também identificadas as principais patologias observadas e as causas que estiveram na sua origem, com base na informação fornecida pelo SYCODÉS [6]. ELEMENTOS CONSTRUTIVOS 16% 6% 8% 5% 11% 15% 8% 20% 11% Sinistros (%) 0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000 Custo dos Trabalhos de Reparação de Danos (x103 €) Infra-estruturas Cobertura inclinada Vãos envidraçados Fundações Cobertura em terraço Envolvente interior Estrutura de suporte Fachada Equipamentos Figura 5 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos em função dos elementos construtivos. 8 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 2.2.5.2 COBERTURAS 2.2.5.2.1 Coberturas Inclinadas Dos sinistros analisados, em cerca de 15 % dos casos, foram detectados problemas que ocorreram ao nível das coberturas inclinadas (Figura 5), sendo o custo dos trabalhos de reparação associados de € 27.647.000. De acordo com o gráfico da Figura 6, verifica-se que grande parte das patologias (51 %) ocorreu em coberturas com revestimento descontínuo de pequenas dimensões, do tipo telhas cerâmicas. Com base na informação fornecida pelo SYCODÉS [6], os danos resultaram, na maioria dos casos, em infiltrações de água através dos pontos singulares, devido principalmente a uma deficiente execução. No entanto, os problemas mais onerosos, em termos de reparação, estavam associados a deficiências do material de revestimento, o que implicou, em geral, a sua substituição integral. No que se refere à estrutura de suporte do revestimento da cobertura, as causas dos sinistros diferiram em função da natureza dos elementos: • Para as estruturas tradicionais de suporte em madeira, as duas causas mais relevantes foram a qualidade da madeira usada, tanto no que se referia à sua qualidade intrínseca, como ao nível do tratamento insecticida e fungicida, e a aplicação e a deficiente concepção dos elementos, nomeadamente, dos pontos singulares; • Para as estruturas de suporte industriais, a insuficiência de contraventamento constituiu a patologia que mais afectou esta solução (40%). Nas coberturas dotadas de um revestimento descontínuo de grandes dimensões (por exemplo, chapas de fibrocimento), a origem dos sinistros prendeu-se com o remate do revestimento com os pontos singulares e com o tratamento da ligação com os elementos do contorno e emergentes, tal como se havia verificado para as coberturas com revestimento descontínuo de pequenas dimensões. Ocorreram também alguns sinistros imputáveis a deficiências dos materiais aplicados e do sistema de fixação. No caso das coberturas com revestimento em elementos metálicos, há ainda a considerar as condensações que ocorreram na superfície inferior das coberturas metálicas devido a uma deficiente ventilação da cobertura, que se traduz no excesso de humidade na face inferior, resultando na degradação do revestimento e do suporte. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 9 COBERTURAS INCLINADAS 14% 3% 8% 51% 1% 22% Sinistros (%) 0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 3 Custo dos Trabalhos de Reparação de Danos (x10 €) Estrutura de suporte Revestimento de grandes dimensões Drenagem de águas pluviais Revestimento de pequenas dimensões Coberturas especiais Clarabóias/Iluminação natural Figura 6 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos ocorridos em coberturas inclinadas. 2.2.5.2.2 Coberturas em Terraço No que se refere às coberturas em terraço e de acordo com o gráfico da Figura 7, os sinistros verificaram-se, principalmente, nas coberturas em terraço não acessíveis (46 %) e acessíveis (32 %), correspondendo o custo dos trabalhos de reparação de danos a € 9.211.000 e a € 6.959.000, respectivamente. Os principais problemas deveram-se a deficiências de estanquidade, em geral, associada aos pontos singulares da cobertura, nomeadamente ao remate do sistema de impermeabilização com os elementos do contorno. O custo da reparação de danos causados por sinistros deste tipo foi, geralmente, elevado, tendo em atenção a consequente degradação dos elementos adjacentes. As investigações quanto à causa do sinistro foram particularmente longas e inconclusivas, tendo sido habitualmente necessário refazer por completo a cobertura. 10 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Os defeitos em zona corrente, apesar de cada vez mais raros em França, foram, contudo, os mais onerosos, visto que a sua reparação implicou a substituição integral do sistema de impermeabilização da cobertura. Os sinistros verificados nas coberturas em terraço-jardim ocorreram devido ao deficiente remate do sistema de impermeabilização com os elementos da envolvente, tal como para as restantes coberturas em terraço. Ocorreu também um tipo de patologia particular desta solução, que consistiu no ataque do sistema de impermeabilização pelas raízes das espécies vegetais, sempre que estas eram de grande porte e a espessura de terra vegetal era insuficiente. Por fim, uma pequena parte dos sinistros das coberturas em terraço, cerca de 5%, deveu-se ao deficiente dimensionamento e à configuração do sistema de drenagem de águas pluviais, o que originou a acumulação de água na cobertura, conduzindo a infiltrações diversas. COBERTURAS EM TERRAÇO 8% 5% 1% 8% 46% 32% Sinistros (%) 0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 3 Custo dos Trabalhos de Reparação de Danos (x10 €) Cobertura em terraço não acessível Cobertura em terraço-jardim Clarabóias/Iluminação natural Cobertura em terraço acessível Sistema de drenagem de águas pluviais Outros Figura 7 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos ocorridos em coberturas em terraço. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 11 2.2.5.3 FACHADAS Trata-se do elemento construtivo que evidenciou um maior número de sinistros, 20% (Figura 5), bem como a parcela mais importante dos custos de reparação de danos (€ 33.620.000). Na Figura 8 é apresentada a distribuição dos sinistros analisados e o respectivo custo dos trabalhos de reparação, relativamente à solução adoptada para a fachada, definida em função do suporte ou do próprio revestimento. Nas soluções tradicionais de fachada, verificou-se que as patologias surgiram quer ao nível do suporte, quer do revestimento, sendo principalmente afectadas as alvenarias de tijolo e de blocos de betão. No que se refere ao suporte, as manifestações mais correntes consistiram em fissuras resultantes da deficiente ligação da alvenaria com a estrutura, da deformabilidade do suporte e da retracção da argamassa e do betão. A degradação do suporte conduziu à degradação do revestimento, que deixou de assegurar a estanquidade da fachada. Quanto ao revestimento, os principais problemas deveram-se a uma deficiente preparação do suporte, o que levou à ocorrência de descolamentos, destacamentos, aparecimento de manchas, entre outros. Os poucos sinistros imputáveis aos materiais resultaram do não cumprimento das especificações dos fabricantes (deficiente dosagem, não respeito dos tempos de mistura, aplicação com temperaturas demasiado frias ou quentes, etc.). Pouco utilizada nos edifícios de habitação, a solução de fachada ligeira é habitualmente aplicada nos edifícios de escritórios ou outros do sector terciário. As causas dos sinistros foram múltiplas e os custos de reparação, em geral, elevados, devido às soluções técnicas inovadoras e à aplicação de materiais de revestimento com alto custo. A origem das patologias prendeu-se com a concepção, mas também com a deficiente execução. A percentagem de patologias que surgiram em sistemas de isolamento térmico pelo exterior foi reduzida, cerca de 2%. 12 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo FACHADAS 11% 30% 20% 4% 2% 6% 3% 24% Sinistros (%) 0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 3 Custo dos Trabalhos de Reparação de Danos (x10 €) Alvenaria de tijolo Betão à vista Isolamento térmico pelo exterior Blocos de betão Painéis pré-fabricados pesados Outros Alvenaria de pedra Fachadas ligeiras Figura 8 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos ocorridos em fachadas. 2.2.5.4 VÃOS ENVIDRAÇADOS Os sinistros que afectaram os vãos envidraçados dos edifícios representam 8% do total de sinistros e um pouco mais de 6% do custo total dos trabalhos de reparação (Figura 5). Trata-se de um domínio que sofreu uma grande evolução em França, estando constantemente a surgir novos produtos no mercado, em resposta às exigências acústicas e térmicas. Esta evolução tem-se verificado quer ao nível dos perfis, quer dos vidros. Foram observadas patologias a dois níveis (Figura 9): afectando a própria caixilharia (deficiente qualidade dos constituintes, deficiente colocação em obra), ou inerentes ao deficiente tratamento da ligação dos vãos com a envolvente, o que constituiu a grande maioria dos problemas observados. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 13 VÃOS ENVIDRAÇADOS 7% 67% 13% 6% 7% Janelas e porta-janelas Vidros 0 Sinistros (%) Portas Outros 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 Custo dos Trabalhos de Reparação de Danos (x103 €) Protecções exteriores Figura 9 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos ocorridos em vãos envidraçados. 2.2.5.5 ENVOLVENTE INTERIOR 2.2.5.5.1 Elementos Divisórios De acordo com o gráfico da Figura 5, os sinistros que afectaram a envolvente interior dos edifícios representaram 11% do total de sinistros analisados, sendo o custo correspondente aos trabalhos de reparação de danos de cerca de 12,6% do custo total. Por elementos divisórios entendem-se os elementos de separação que não fazem parte da estrutura de suporte dos edifícios, tais como paredes divisórias entre compartimentos, “forras” interiores e tectos falsos. As patologias registadas nas paredes divisórias entre compartimentos resultaram, principalmente, da aplicação de materiais inadequados. Como exemplo, refira-se a aplicação de divisórias em gesso cartonado em zonas húmidas, o que provocou o apodrecimento do material e o descolamento dos revestimentos. 14 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo ELEMENTOS DIVISÓRIOS 36% 35% 26% 0 3% Sinistros (%) Paredes divisórias “Forras” 500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 3 Custo dos Trabalhos de Reparação de Danos (x10 €) Outras divisórias Tectos Figura 10 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos ocorridos em elementos divisórios (envolvente interior). 2.2.5.5.2 Revestimentos Interiores Os revestimentos dos pavimentos foram os mais afectados pelos sinistros (78%), o que é natural, se tivermos em atenção o facto de estarem sujeitos a inúmeras solicitações: uso, punçoamento, acção da água ou de agentes químicos (Figura 11). O revestimento em ladrilhos cerâmicos colados constituiu o tipo de solução que apresentava cerca de dois terços das patologias registadas. As principais manifestações das desordens foram o descolamento, a fissuração e o empolamento dos ladrilhos. As causas principais das patologias foram a inexistência ou insuficiência de juntas, a aplicação de produtos de colagem inadequados e a deficiente preparação do suporte. Nos edifícios do tipo industrial, estes problemas tiveram uma dimensão considerável, na medida em que as superfícies revestidas com ladrilhos tinham maiores dimensões. As solicitações foram de igual modo mais severas, nomeadamente no que se refere às cargas e ao punçoamento. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 15 REVESTIMENTOS NTERIORES 78% 17% 5% Sinistros (%) 0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 3 Custo dos Trabalhos de Reparação de Danos (x10 €) Revestimentos de pavimentos Revestimentos de tectos Revestimentos de paredes Figura 11 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos ocorridos em revestimentos interiores. 2.2.6 CUSTO DOS TRABALHOS DE REPARAÇÃO DE DANOS De acordo com os resultados obtidos pelo SYCODÉS [6], foi necessário um investimento de cerca de € 200.000.000 para a reparação dos danos causados pelos 39.000 sinistros declarados às companhias de seguros, entre 1999 e 2001. Verificou-se que para 36,3% dos casos, os trabalhos de reparação corresponderam a um custo médio de € 1.400 (Quadro 2.1). Os custos publicados foram actualizados a valores de 2001, em função do índice de construção francês. Note-se que este número não representa efectivamente o custo total das reparações de danos realizadas no âmbito dos seguros, na medida em que não incluem reparações com custos inferiores a € 762, nem os custos referentes a danos imateriais. 16 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Quadro 2.1 – Distribuição dos sinistros em função do custo total e do custo médio dos trabalhos de reparação de danos [6]. CUSTO DOS TRABALHOS DE REPARAÇÃO DOS DANOS CUSTO TOTAL (€) SINISTROS (%) CUSTO TOTAL (%) CUSTO MÉDIO (€) Menos € 1.000 2,6 € 900 14,4 De € 1.000 a € 1.999 10,0 € 1.400 36,3 De € 2.000 a € 4.999 18,5 € 3.200 29,6 De € 5.000 a € 9.999 15,3 € 7.000 11,1 De € 10.000 a € 19.999 13,9 € 13.900 5,1 De € 20.000 a € 49.999 15,8 € 30.500 2,6 Mais de € 50.000 23,9 € 128.400 0,9 2.2.7 EXTRAPOLAÇÃO PORTUGAL DOS DADOS PARA O PROBLEMA DA PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO EM Tal como referido no § 2.1, em Portugal não existe um sistema efectivo de seguros que permita realizar uma recolha de dados e efectuar uma análise estatística do problema da patologia da construção. Considera-se que, tal como em França, os problemas de estanquidade à água constituirão também a principal patologia que afecta a envolvente dos edifícios nacionais. Salienta-se, no entanto, o problema das condensações que, ao contrário do caso francês, terá uma maior relevância em Portugal, face às condições habituais de utilização, à inexistência de sistemas contínuos de aquecimento e de ventilação das habitações, bem como à insuficiência de isolamento térmico da envolvente dos edifícios portugueses. No que se refere às causas das patologias e, contrariamente à situação francesa, em que os defeitos de execução estão na origem de cerca de 79% das patologias observadas, considera-se que os defeitos de concepção deverão contribuir de uma forma muito significativa para os problemas que se observam na envolvente dos edifícios nacionais. Relativamente aos elementos construtivos, admite-se que a fachada e as coberturas serão, sem dúvida, os elementos que mais estarão na origem das patologias, tal como no caso francês. No entanto, considera-se que os vãos envidraçados terão também um peso significativo, tendo em atenção que não existe tradição de aplicação de caixilharias classificadas em Portugal. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 17 Admite-se que as patologias que surgem em coberturas serão mais significativas nos casos de soluções de coberturas em terraço do que inclinadas, ao contrário do que acontece em França. Uma última referência relativamente à fachada, quanto ao suporte, considera-se que a solução nacional de alvenaria de tijolo vazado terá problemas muito mais significativos do que no caso francês. Torna-se absolutamente necessário fazer um estudo sistemático e fundamentado em Portugal, o que pode exigir a criação de um “Observatório” e a inspecção periódica obrigatória dos edifícios. 2.3 O ESTADO DE CONSERVAÇÃO DOS EDIFÍCIOS EM PORTUGAL 2.3.1 DADOS DOS CENSOS 2001 Em Portugal, a política seguida nos últimos anos foi assumidamente de incentivo à construção nova e à aquisição de casa própria. A realidade mostra-nos que a população dos grandes centros urbanos se deslocou em massa para as áreas periféricas das cidades, tendo-se assistido, em consequência e em simultâneo, à degradação e abandono de milhares de fogos inseridos no património edificado dos centros urbanos [86]. A análise dos edifícios recenseados em 2001, segundo a época de construção, é também elucidativa da forte expansão da habitação em Portugal. Cerca de 60% dos edifícios foram construídos após 1970 e 19% foram construídos na última década. Em termos comparativos, refira-se que a proporção de edifícios construídos em França durante a década de 90 (1990-1999), representa 10% do total (cerca de metade da situação portuguesa) [93]. Em relação ao estado de conservação dos edifícios existentes em Portugal, em 2001, cerca de 59,1% não apresentavam necessidades de reparação e 38,0% careciam de obras de reparação, sendo que 2,9% se encontravam muito degradados (Figura 12). Dos edifícios que apresentavam necessidades de reparação, a grande maioria dizia respeito a pequenos trabalhos de reparação (22%) [3]. Quanto à distribuição geográfica dos alojamentos a necessitar de obras, importa referir que 36% se localizavam nas áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa. Note-se que estes dados têm de ser analisados com muita precaução. Por um lado, os valores recolhidos resultaram da observação dos inquiridores, que não têm formação específica neste domínio; por outro, esta avaliação foi feita tendo em conta apenas o aspecto exterior do edifício, o quem nem sempre traduz as necessidades efectivas de intervenção. É do conhecimento geral que existem diversas patologias associadas a infiltrações no interior das habitações que condicionam a sua utilização. 18 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 10,4% 5,2% 2,9% Sem necessidade de reparação Pequenas reparações Reparações médias Grandes reparações Muito degradado 22,4% 59,1% Figura 12 – Estado de conservação dos edifícios em Portugal em 2001 [71]. Os dados dos Censos 2001 apontam, ainda, para a existência de uma forte relação entre a idade dos edifícios e o seu estado de conservação (Figura 13). De facto, dos edifícios construídos, antes de 1919 apenas 19,8% não apresentavam necessidades de reparação. À medida que o ano de construção dos edifícios aumenta, as necessidades de reparação dos mesmos diminui, com cerca de 87,6% dos edifícios construídos entre 1991 e 2001 a não necessitarem de qualquer tipo de intervenção. Não obstante este facto, é de referir que 0,2% dos edifícios construídos entre 1996 e 2001 se encontravam muito degradados e que 0,6% necessitavam de grandes reparações. Apesar de, em termos relativos, ser um valor bastante pequeno, este dado não é, de todo, menosprezável quando estamos a falar de 1.489 edifícios que têm, no máximo, 8 anos de idade. No que se refere aos elementos construtivos, as necessidades de reparação repartiam-se de forma homogénea pela envolvente (cobertura, paredes e caixilharia) e pela estrutura (Figura 14). Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 19 Sem necessidade de reparação Pequenas reparações Grandes reparações Muito degradado Reparações médias 100% 90% 80% Edifícios (%) 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% antes de 1919 1919-1945 1946-1960 1961-1970 1971-1980 1981-1985 1986-1990 1991-1995 1996-2001 Época de construção Figura 13 – Estado de conservação dos edifícios em Portugal segundo a época de construção [71]. 70% 60% Nenhumas 50% Edifícios (%) Pequenas 40% Médias Grandes 30% Muito Grandes 20% 10% 0% Estrutura Cobertura Paredes e caixilharia exteriores Figura 14 – Necessidade de reparação dos edifícios em função do elemento construtivo [71]. 20 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 2.3.2 DADOS EUROPEUS Apesar do estado de degradação dos edifícios portugueses, explicado, principalmente, pelo reduzido investimento na sua manutenção e reabilitação, quando comparado com os restantes países do espaço económico europeu, verifica-se que Portugal apresenta o valor mais baixo de investimento em manutenção/reabilitação, no conjunto dos países considerados (apenas 5,7%), sendo a média europeia de 33,2% [71]. Habitação Reabilitação Não Residencial Obras Públicas 60% 50% Investimento (%) 40% 30% 20% 10% Média Europeia Portugal Grã-Bretanha Suíça Suécia Espanha Noruega Holanda Itália Irlanda Alemanha França Finlândia Dinamarca Bélgica Aústria 0% Figura 15 – Investimentos na construção em 2000, na Europa [86]. 2.3.3 2.3.3.1 CAUSAS FUNDAMENTAIS DA NÃO QUALIDADE DOS EDIFÍCIOS EM PORTUGAL GENERALIDADES Muito embora se verifique uma preocupação crescente com a qualidade da construção, traduzida pela introdução de regulamentação específica na área do conforto, verifica-se que os edifícios construídos em Portugal nos últimos anos não apresentam a qualidade esperada [59]. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 21 Considera-se que as causas fundamentais da não qualidade dos edifícios portugueses são as seguintes: 2.3.3.2 • A complexidade crescente das construções; • As novas preocupações arquitectónicas; • A falta de sistematização do conhecimento; • A ausência de informação técnica; • A inexistência de um sistema efectivo de responsabilidades, de garantias e de seguros; • A não qualificação profissional dos intervenientes no processo construtivo; • A inexistência de especialistas em física das construções na equipa de projecto; • A aplicação de novos materiais; • A velocidade exigida ao processo de construção e os erros de execução inerentes. SISTEMATIZAÇÃO DO CONHECIMENTO Na área da patologia da construção existem já, em termos nacionais, algumas publicações e estudos realizados. No entanto, a informação encontra-se dispersa, sendo fundamental a sua sistematização e divulgação. Considera-se que um contributo para a sistematização da informação será o Catálogo de Patologias apresentado na presente dissertação e que será desenvolvido e divulgado através do site do Grupo de Estudos da Patologia da Construção – PATORREB, criado em Março de 2003 e coordenado pelo Laboratório de Física das Construções (LFC) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) (ver § 4.3). 2.3.3.3 INFORMAÇÃO TÉCNICA A informação técnica disponível é insuficiente e não se encontra sistematizada, pelo que seria fundamental que o Estado promovesse a criação de um “Programa Nacional de Desenvolvimento de Documentação Técnica” que fosse sendo actualizado ao longo do tempo. Nesse grupo de trabalho deveriam participar todos os intervenientes no processo construtivo (Figura 16). 22 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Este tipo de documentação permitiria não só sintetizar os Regulamentos, as múltiplas normas nacionais e as normas publicadas no âmbito do Comité Europeu de Normalização (CEN), como também estabelecer as bases para a selecção exigencial dos materiais e dos elementos de construção. Por outras palavras, possibilitaria estabelecer critérios objectivos para evitar escolhas tecnológicas inadequadas. Paralelamente, a preparação de um “Código da Construção” constituiria uma referência e uma base sólida para a criação de um sistema efectivo de garantias da construção associado a seguros (ver § 3.4.4). PROGRAMA NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DE DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA - ACTUALIZÁVEL EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO UNIVERSIDADES PRODUTORES DE MATERIAIS SEGURADORAS ORDENS ASSOCIAÇÕES LABORATÓRIOS ENTIDADES GOVERNAMENTAIS Figura 16 – Intervenientes no “Programa Nacional de Desenvolvimento da Informação Técnica” [59]. 2.3.3.4 SISTEMA DE GARANTIAS E DE SEGUROS A inexistência de um sistema efectivo de garantias e de seguros favorece o descuido dos diversos intervenientes no processo construtivo, uma vez que não existe uma responsabilização efectiva e eficaz pelos erros de concepção, de execução ou de mau comportamento dos materiais e dos componentes aplicados na construção. Seria desejável a adopção de um sistema de garantia decenal, com base em seguros obrigatórios, quer de responsabilidade profissional para todos os intervenientes no processo construtivo, quer de reparação de danos causados aos utilizadores, análogo ao existente em França. No § 3.4.4 é apresentada uma proposta de desenvolvimento e de implementação de um sistema português de responsabilidades, garantias e seguros obrigatórios. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 23 A participação das seguradoras no processo conduziria ao registo dos sinistros verificados, o que permitiria não só definir as causas que estariam na origem dos problemas, como também avaliar os custos envolvidos nas reparações. Em síntese, o registo dos sinistros constituiria um elemento fundamental para avaliar quais as principais patologias que afectam as construções em Portugal, condicionando simultaneamente a própria investigação. 2.3.3.5 QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL Muitas das patologias observadas na construção nacional devem-se à não qualificação profissional dos técnicos envolvidos. A exigência de qualificação profissional dos intervenientes seria fundamental para garantir a qualidade da construção. 2.3.3.6 IMPORTÂNCIA DA FÍSICA DAS CONSTRUÇÕES A participação de especialistas em física das construções na equipa de projecto e a compatibilização das múltiplas exigências, tal como já se verifica em outros países, seria essencial para resolver grande parte dos erros de concepção. 2.3.3.7 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS E COMPONENTES Muitas das patologias têm como causa fundamental os próprios materiais utilizados. Os intervenientes no processo construtivo não deveriam permitir a aplicação de materiais dos quais não se conhecem as propriedades, sem que previamente haja uma caracterização experimental do seu desempenho. Os erros inerentes ao comportamento dos materiais são resultado, nomeadamente: 2.3.3.8 • Da não realização de estudos do comportamento dos materiais antes da comercialização; • Da insuficiente homologação/certificação dos materiais utilizados; • Do não investimento no desenvolvimento tecnológico. ERROS DE EXECUÇÃO Os erros de execução são também responsáveis por muitas das patologias que as construções apresentam. Devem-se, principalmente, aos seguintes factores: 24 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 2.3.4 • Estrutura das empresas de construção; • Deficiente interligação entre os diferentes subempreiteiros; • Qualificação insuficiente da mão-de-obra; • Velocidade exigida ao processo de construção; • Deficiente responsabilização dos diversos intervenientes em caso de erro, em particular das empresas de construção, devido à demorada intervenção da justiça em caso de conflito; • Desconhecimento das propriedades dos materiais e dos componentes aplicados. POLÍTICA DE INTERVENÇÃO O Estado promoveu um conjunto de apoios e incentivos à recuperação urbana, nomeadamente [86]: • O RECRIA, que apoia a recuperação de fogos arrendados; • O REHABITA, que apoia as Câmaras Municipais na recuperação dos seus centros históricos, ou de áreas de recuperação e de reconversão urbanística; • O RECRIPH, que visa a recuperação de prédios habitacionais antigos, em regime de propriedade horizontal; • O SOLARTH que apoia os agregados familiares de fracos recursos na realização de obras nas suas habitações e também os proprietários de fogos devolutos, procurando criar condições para a sua colocação no mercado. Numa tentativa de inverter a situação existente, o Instituto de Gestão e Alienação do Património Habitacional do Estado (IGAPHE) foi extinguido e incorporado no Instituto Nacional de Habitação (INH) e foi aprovado o quadro legal que regulará a actividade das Sociedades de Reabilitação Urbanas (SRU). Desta breve análise, pode-se concluir da existência de fortes probabilidades de se assistir a um crescimento significativo do Mercado da Reabilitação e Manutenção, face ao verificado nos últimos anos, já que cerca de 38% dos edifícios apresentavam necessidades de reparação e 2,9% apresentavam-se muito degradados, num total de 1.291.701 edifícios [3], além dos edifícios não Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 25 considerados que apresentam problemas de infiltrações no interior que condicionam a própria utilização e habitabilidade. Note-se que há ainda a considerar o sector da reabilitação do património monumental, não incluído neste estudo. A reabilitação de edifícios ocupados, em particular da sua envolvente exterior, exige uma nova metodologia de abordagem e uma imprescindível compreensão do processo pelos diferentes intervenientes (donos de obra, projectistas, empreiteiros, gestores financeiros, fiscalização - controlo técnico e financeiro, etc.), o que pressupõe: 26 • O desenvolvimento de uma metodologia para a elaboração de projectos de reabilitação; • A implementação de estudos de diagnóstico suportados por medidas “in situ” e em laboratório; • O conhecimento das patologias mais correntes; • O conhecimento do desempenho dos materiais e tecnologias utilizadas em reabilitação; • A elaboração de cadernos de encargos exigenciais suportados por manuais exigenciais. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 3. SISTEMA DE RESPONSABILIDADES, GARANTIAS E SEGUROS NO ÂMBITO DA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS 3.1 GENERALIDADES As construções podem padecer de defeitos, sejam aparentes e imediatamente reconhecíveis, sejam ocultos e que se revelam apenas posteriormente à sua aquisição, muitas vezes anos após a sua conclusão [29]. Os proprietários deveriam dispor de um sistema de garantias que assegurasse a reparação de danos e responsabilizasse os intervenientes no processo construtivo: projectistas e responsáveis pelo controlo técnico da obra, empresas de construção e o próprio dono de obra. Não existe, no entanto, em Portugal um sistema com estas características, tal como acontece, por exemplo, em França e, mais recentemente, em Espanha. No caso francês, o actual regime de responsabilidades, garantias e seguros no âmbito da construção, em vigor desde 1978 tal como descrito no § 3.2, garante a responsabilização dos intervenientes e a indemnização imediata de danos aos proprietários, durante um período de dez anos após a conclusão da obra. Este regime é posto em prática através da instituição de uma política de seguros de subscrição obrigatória, quer pelos intervenientes na construção, no que se refere à responsabilidade legal, quer pelo dono de obra, no que se refere à política de reparação de danos. Em Espanha, com a publicação da “Lei de Ordenación de la Edificación” (L.O.E.) [76], impera, desde 2000, a transição entre um regime de responsabilidades e de garantias apenas regido pelo Código Civil, para um regime próximo do existente em França (ver § 3.3). Com a publicação desta lei foi também necessário criar um Código Técnico da Construção, que se encontra em fase de aprovação final (ver § 3.3.6.2). No entanto, apesar do regime de responsabilidades espanhol assentar num pressuposto de responsabilização dos intervenientes durante um período de dez anos, existem algumas diferenças relativamente ao regime francês, nomeadamente, no que se refere à responsabilização de reparação apenas dos danos que afectam a estabilidade e a segurança estrutural da construção e à inexistência de obrigatoriedade de subscrição de um seguro de responsabilização decenal por parte dos intervenientes na construção, sendo apenas obrigatório para o dono de obra. Em Portugal, sendo o sector da construção um dos principias sectores económicos, com evidentes repercussões no conjunto da sociedade e dos valores culturais que incluem o património arquitectónico, carece, sem dúvida, de regras que atendam a esta importância. É urgente a implementação de um regime em que claramente sejam identificadas as obrigações e as responsabilidades dos intervenientes no processo construtivo, bem como sejam definidas as garantias de protecção dos utilizadores face a possíveis danos. Neste sentido, é apresentada no Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 27 § 3.4.4 uma proposta para o desenvolvimento e implementação de um sistema português de responsabilidades, garantias e seguros. Considera-se que em simultâneo deverá ser desenvolvido um “Código de Construção” (ver § 3.4.4), de forma a ser criada uma base de referência sólida para a construção de edifícios com qualidade e ser possível o estabelecimento de um sistema de garantias obrigatórias associadas a seguros. 3.2 O SISTEMA FRANCÊS 3.2.1 CONCEITO GERAL O actual regime de responsabilidades, garantias e seguros no âmbito da construção de edifícios em vigor em França, tem como base a Lei 78-12, de 4 de Janeiro de 1978, designada “Lei Spinetta” [50]. A entrada em vigor desta lei alterou radicalmente o conceito de responsabilidade e de seguros no âmbito da construção até então vigente, surgindo numa altura em, pela Lei de 31 de Dezembro de 1940, apenas os arquitectos eram obrigados à subscrição de um seguro. Os outros intervenientes não se encontravam cobertos por seguros, sendo a reparação de danos, na generalidade dos casos, suportada pelos seguros dos arquitectos. No que se refere ao regime de responsabilidades (ver § 3.2.3), a “Lei Spinetta” instituiu a presunção de responsabilidade dos “construtores”, perante o dono de obra ou proprietários sucessivos do edifício ou parte, pelos danos que afectem os elementos ou equipamentos indissociáveis da envolvente, tornando-o impróprio ao fim a que se destina. Este pressuposto é válido para um período de dez anos após a recepção da obra e o fim da garantia de “perfeito acabamento" [50]. A reparação de danos que afectem os equipamentos dissociáveis do edifício, não abrangidos na garantia decenal, é realizada ao abrigo da garantia de “bom funcionamento”, válida durante um período de dois anos, após a recepção (ver § 3.2.4.3). Refira-se que o conceito de “construtores” é definido na lei com um sentido abrangente (ver § 3.2.3.2), incluindo, além da empresa de construção propriamente dita, todos os intervenientes ligados ao dono de obra por um contrato de prestação de serviços, tais como arquitectos, engenheiros, técnicos, controladores de qualidade e vendedores. Os fabricantes ou importadores de produtos e equipamentos são também considerados solidários no pressuposto da responsabilidade decenal. 28 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo De forma a ser assegurada a garantia decenal, a lei impõe a subscrição de dois seguros obrigatórios (Figura 17): • Um seguro de responsabilidade decenal (ver § 3.2.5.2), que garante a responsabilidade de todos os intervenientes no acto de construção (“construtores”); • Um seguro de reparação de danos (ver § 3.2.5.3), subscrito por “aquele que faz construir”, ou seja, pelo dono de obra, e que assegura a cobertura dos trabalhos de reparação através de um sistema de pré-financiamento, independente do processo de procura de responsabilidades, garantindo a indemnização dos danos. Trata-se de um sistema de dupla acção: através do seguro de reparação de danos, subscrito pelo dono de obra, são indemnizados os trabalhos de reparação das patologias, accionando a seguradora, em seguida, os meios de que dispõe contra os diversos intervenientes no processo construtivo, que devem, obrigatoriamente, ter subscrito uma política de responsabilidade decenal no início da obra. Intervenientes no Processo Construtivo Dono de Obra Seguro de Responsabilidade Decenal Seguro de Reparação de Danos GARANTIA DECENAL Figura 17 – Garantia Decenal (França). 3.2.2 3.2.2.1 RECEPÇÃO DA OBRA DEFINIÇÃO As especificações legislativas e regulamentares relativas à responsabilidade dos intervenientes no processo de construção, perante danos, são fundadas num acto jurídico definido na Lei de 4 de Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 29 Janeiro de 1978, designado por “recepção” e que marca a conclusão e entrega dos trabalhos de construção da obra [50]. A recepção define-se como sendo o acto através do qual o dono de obra declara aceitar a obra com ou sem “reservas”, quer de forma amigável, quer judicial, caso não haja entendimento, de acordo com o artigo 1792-6º do Código Civil Francês [50]. Em termos práticos, a recepção consiste na entrega dos trabalhos ao dono de obra e, principalmente, na aprovação desses trabalhos por parte do mesmo. É a partir da recepção que os “construtores” são submetidos ao regime jurídico instituído pela lei francesa, nomeadamente, à garantia decenal. Sem existir recepção, os seguros não podem intervir em caso de ocorrência de danos. 3.2.2.2 FORMALIDADES DA RECEPÇÃO Em termos legais não existem especificações formais relativas ao “acto” de recepção. Consiste simplesmente na elaboração de uma declaração, designada por “processo verbal de recepção”, em que o dono de obra declara que aceita os trabalhos realizados ao abrigo do contrato estabelecido entre as partes, com ou sem “reservas”. Devem ser objecto de “reservas” na recepção, as patologias ou defeitos de acabamento eventualmente existentes no edifício. A empresa de construção terá de proceder à sua reparação no prazo fixado de comum acordo, no âmbito da garantia de “perfeito acabamento” (ver § 3.2.4.2). Os defeitos visíveis na recepção, que não tenham sido objecto de “reservas”, não poderão ser incluídos na garantia decenal. 3.2.2.3 EFEITOS DA RECEPÇÃO A recepção constitui o momento a partir do qual entram em vigor as garantias instituídas pela lei francesa, que asseguram a reparação de patologias que surjam no edifício, marcando o fim da fase de responsabilidade contratual dos “construtores”. Se não ocorrer a recepção da obra, em caso de danos, as seguradoras recusarão qualquer intervenção no âmbito das garantias. 30 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 3.2.2.4 RECEPÇÃO JUDICIAL A recepção judicial apenas deverá ser realizada nos casos em que não seja possível a ocorrência da recepção de forma amigável ou se uma das partes se recusar a proceder à recepção, de acordo com a alínea 1 do artigo 1792º do Código Civil Francês [50]. Será o tribunal a nomear um perito para analisar se a obra se encontra em estado de ser recepcionada, com ou sem “reservas”, comunicando depois a recepção ao dono de obra e à empresa de construção. De salientar, no entanto, que, de acordo com a jurisprudência, o dono de obra não se pode recusar a recepcionar os trabalhos, exceptuando os casos em que estes não se encontrem concluídos ou que existam graves patologias, equivalentes a uma não conclusão. 3.2.3 3.2.3.1 RESPONSABILIDADE DOS INTERVENIENTES NO PROCESSO CONSTRUTIVO DEFINIÇÃO A reparação de danos no domínio da construção de edifícios, em França, assenta, essencialmente, num pressuposto de responsabilidade obrigatória que pesa sobre os intervenientes no processo construtivo (“construtores”) durante dez anos. Este pressuposto foi instituído pela entrada em vigor da Lei 78-12 de 4 de Janeiro de 1978, dita “Lei Spinetta”, sendo designado, habitualmente, por responsabilidade decenal [50]. De acordo com o artigo 1792º do Código Civil Francês [50], “todo o construtor é responsável, perante o dono de obra ou proprietários sucessivos do edifício ou parte, pelos danos, mesmo resultantes de defeitos do solo, que comprometam a solidez ou que afectem os elementos ou equipamentos indissociáveis da envolvente, tornando-o impróprio ao fim a que se destina”. Este pressuposto é válido para um período de dez anos, após a recepção da obra (artigo 2270º do Código Civil Francês). Por equipamentos indissociáveis entendem-se todos os equipamentos cuja colocação ou substituição não possa ser realizada sem afectar os elementos da envolvente, como, por exemplo, uma tubagem encastrada na laje do pavimento de uma habitação. Os danos que afectem os equipamentos dissociáveis do edifício, ou seja, equipamentos cuja colocação/substituição não afecte os elementos envolventes, como, por exemplo, radiadores, são incluídos no âmbito da garantia de “bom funcionamento”, válida por um período de dois anos. A garantia de responsabilidade é assegurada através da subscrição, por cada um dos intervenientes na construção, de um seguro de responsabilidade decenal obrigatório (ver § 3.2.5.2). Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 31 3.2.3.2 INTERVENIENTES NA CONSTRUÇÃO AFECTOS À RESPONSABILIDADE DECENAL De acordo com a legislação em vigor (artigo 1792-1º do Código Civil Francês [50]), são considerados “construtores da obra” e, por conseguinte, afectos ao pressuposto de responsabilidade decenal definido no § 3.2.3.1, todos os que intervêm no processo de concepção, execução e controlo técnico da obra ou que se encontrem ligados ao dono de obra por um contrato de prestação de serviços. Os vendedores do edifício ou de parte deste, após a conclusão dos trabalhos, são também equiparados a “construtores”. De acordo com o artigo 1792-4º do Código Civil Francês [50], são ainda solidários com o pressuposto de responsabilidade especificado na lei, os fabricantes, importadores ou representantes de produtos ou equipamentos, sendo abrangidos pela obrigatoriedade de subscrição de uma política de responsabilidade decenal. 3.2.3.3 BENEFICIÁRIOS DA RESPONSABILIDADE DECENAL A presunção de responsabilidade decenal beneficia o dono de obra e todos os proprietários sucessivos, durante os dez anos que se seguem à recepção da obra e o fim da garantia de “perfeito acabamento”. 3.2.4 3.2.4.1 GARANTIAS OBRIGATÓRIAS GENERALIDADES A reparação das patologias que surjam após a conclusão da obra e a recepção dos trabalhos (ver § 3.2.2) será realizada pela empresa de construção, no âmbito das garantias obrigatórias, definidas pela legislação francesa em vigor no domínio da construção (Figura 18). A garantia é objecto de um contrato de seguros, de uma obrigação legal de responsabilidade ou de um compromisso contratual, a partir do qual o “construtor” assume a sua responsabilidade quanto à qualidade das suas prestações e das suas obras. 32 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Período de tempo após a recepção da obra (Anos) Recepção da Obra 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Garantia de “Perfeito Acabamento” Garantia de “Bom Funcionamento” Garantia Decenal Figura 18 – Garantias na construção obrigatórias em França. 3.2.4.2 GARANTIA DE “PERFEITO ACABAMENTO” 3.2.4.2.1 Definição De acordo com o artigo 1792-6º do Código Civil Francês [50], a garantia de “perfeito acabamento”, válida durante um ano, assegura a reparação de todas as patologias que surjam na recepção dos trabalhos e que tenham sido objecto de “reserva”, ou que se manifestem durante o ano seguinte à recepção dos trabalhos, tendo de ser comunicadas à empresa de construção pelo dono de obra. 3.2.4.2.2 Quem deve subscrever? Esta garantia é assegurada pela empresa de construção em benefício do dono de obra e dos proprietários sucessivos do imóvel, fazendo parte integrante dos contratos de seguros de responsabilidade obrigatórios. 3.2.4.3 GARANTIA DE “BOM FUNCIONAMENTO” 3.2.4.3.1 Definição Esta garantia assegura a reparação das patologias que afectam os elementos e os equipamentos dissociáveis da obra, durante os dois anos que se seguem à recepção, de acordo com o artigo 17923º do Código Civil Francês [50]. Se um elemento é considerado indissociável, as patologias que o afectam são reparadas no âmbito da garantia decenal. Caso contrário são incluídas nesta garantia, também designada por alguns autores como “bienal”. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 33 Em termos práticos, encontram-se incluídas nesta garantia as reparações/substituições de equipamentos que possam ser realizadas sem afectar os elementos, como, por exemplo, a colocação de portas, a reparação de canalizações “à vista”, de radiadores, etc.. 3.2.4.3.2 Quem deve subscrever? Esta garantia deve ser assegurada por todos os intervenientes no processo construtivo (definidos no § 3.2.3.2), em benefício do dono de obra e dos proprietários sucessivos do imóvel. Incluem-se também os intervenientes que, de alguma forma, se encontrem ligados ao fabrico, fornecimento e montagem dos elementos e equipamentos dissociáveis do edifício. 3.2.4.4 GARANTIA DECENAL 3.2.4.4.1 Definição No âmbito do pressuposto da responsabilidade decenal definida no § 3.2.3.1, os intervenientes no processo construtivo (definidos no § 3.2.3.2) são obrigados a reparar os danos que surjam nos dez anos seguintes à recepção da obra e o fim da garantia de “perfeito acabamento”. A garantia decenal abrange os danos seguintes: • Os danos que, mesmo resultando de um defeito do solo, comprometam a solidez do edifício, como, por exemplo, fissuras graves, assentamentos diferenciais, problemas da estrutura, defeitos de estanquidade; • Os danos que tornem o edifício, ou parte, inadequado ao uso e ao fim a que se destina, como, por exemplo, infiltrações através da cobertura, fissuras na fachada; • Os danos que afectem os elementos construtivos ou equipamentos indissociáveis da envolvente, tornando o edifício inadequado ao uso e ao fim a que se destina, como, por exemplo, a ruptura de uma canalização encastrada numa laje. Note-se que não são cobertos pela garantia decenal os danos resultantes de uma falta de manutenção ou do deficiente uso, como, por exemplo, infiltrações devido à ausência de limpeza dos orifícios de drenagem das caixilharias ou acumulação de água devido à não limpeza das caleiras. 34 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 3.2.4.4.2 Quem deve subscrever? Esta garantia deve ser subscrita por todos os intervenientes no processo construtivo (definidos no § 3.2.3.2), em benefício do dono de obra e dos proprietários sucessivos do imóvel. A garantia decenal entra em vigor com a recepção dos trabalhos e com o fim da garantia de “perfeito acabamento”. 3.2.5 3.2.5.1 SEGUROS OBRIGATÓRIOS CONCEITO GERAL A Lei de 4 de Janeiro de 1978 [50] instituiu uma dupla obrigatoriedade de seguro: a subscrição de um seguro de responsabilidade decenal para todos os intervenientes na construção de edifícios (ver § 3.2.5.2) e de um seguro de reparação de danos para o dono de obra (ver § 3.2.5.3). 3.2.5.2 SEGURO DE RESPONSABILIDADE DECENAL 3.2.5.2.1 Definição De acordo com o artigo L241-1º do Código de Seguros Francês [50], “toda a pessoa física ou moral, cuja responsabilidade possa ser accionada sobre o fundamento de responsabilidade estabelecido no artigo 1792º do Código Civil Francês (ver § 3.2.3.1), referente a trabalhos de edifícios, deve ser coberta por um seguro”. 3.2.5.2.2 Quem deve subscrever? O seguro de responsabilidade decenal deve ser subscrito obrigatoriamente no início da obra por todos os intervenientes no processo construtivo (definidos no § 3.2.3.2). 3.2.5.2.3 Validade e duração O seguro de responsabilidade deste tipo será válido durante o período de garantia decenal, ou seja, dez anos. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 35 3.2.5.3 SEGURO DE REPARAÇÃO DE DANOS 3.2.5.3.1 Definição De acordo com o artigo L242-2º do Código de Seguros Francês [50], “toda a pessoa física ou moral que, na qualidade de dono de obra ou mandatário do dono de obra, manda realizar trabalhos de construção de edifícios, deve subscrever antes do início da obra, para seu benefício e dos proprietários seguintes, um seguro que garanta, independentemente da procura de responsabilidades, o pagamento da totalidade dos trabalhos de reparação da responsabilidade dos construtores (de acordo com o definido no artigo 1792-1º do Código Civil Francês - § 3.2.3.1)”. O seguro abrange os danos incluídos na garantia decenal, definidos no § 3.2.4.4.1. Note-se, no entanto, que não se trata de um seguro multiriscos de habitação, que inclui danos causados por eventos súbitos e imprevistos exteriores ao edifício. 3.2.5.3.2 Quem deve subscrever? O seguro de reparação de danos deve obrigatoriamente ser subscrito pelo dono de obra, no início dos trabalhos, em seu benefício e dos proprietários sucessivos. 3.2.5.3.3 Validade e duração A garantia de reparação de danos aplica-se após a recepção da obra e o fim da garantia de “perfeito acabamento”, durante um período de dez anos. 3.3 O SISTEMA ESPANHOL 3.3.1 CONCEITO GERAL O actual sistema espanhol de responsabilidades, garantias e seguros no âmbito da construção de edifícios tem como base a Lei 38/1999, de 5 de Novembro, designada por “Lei de Ordenación de la Edificación” (L.O.E.), que entrou em vigor em 6 de Maio de 2000 [76]. Antes da homologação da L.O.E., a configuração legal da construção era basicamente estabelecida através do Código Civil e de uma diversidade de normas, cujo conjunto apresentava sérias lacunas na ordenação do complexo processo da construção no que diz respeito quer à identificação de obrigações e de responsabilidades dos intervenientes no mesmo, quer no que concerne às garantias de protecção dos proprietários. 36 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo A lei surgiu, principalmente, para atender à necessidade de superar a discrepância existente entre a legislação até então vigente e a realidade da insuficiente regulamentação do processo de construção, bem como para estabelecer um marco geral em que se pudesse fomentar a qualidade dos edifícios, fixando garantias face a possíveis danos. Para os diferentes intervenientes no processo de construção foram enumeradas as obrigações correspondentes a cada um deles e as que resultam das suas responsabilidades. O regime instituído pela L.O.E. comporta três níveis de responsabilidades, definidas no § 3.3.3, e respectivas garantias (ver § 3.3.4), correspondentes ao prazo de um, três e dez anos, definidos em função da data de recepção da obra (ver § 3.3.2) (Figura 19). No entanto, a exigência da obrigatoriedade das garantias a que se faz referência na lei tem vindo a ser efectuada de forma escalonada no tempo, para permitir ao sector acomodar-se às novas exigências. Assim, apenas a garantia de dez anos contra danos materiais, causados por defeitos que afectem a estabilidade e a segurança estrutural, foi exigida a partir da entrada em vigor da lei unicamente para os edifícios cujo destino principal fosse a habitação. Com a instituição da actual lei, o Estado Espanhol procurou fomentar a qualidade da construção, incidindo nos requisitos básicos dos edifícios, nas obrigações dos intervenientes no processo e fixando as responsabilidades e as garantias que protegem o comprador, dando cumprimento ao direito constitucional de uma habitação digna e adequada. Para definição das exigências a que devem satisfazer os edifícios, no que respeita aos requisitos básicos de qualidade especificados na lei, foi também imposta a elaboração de um “Código Técnico da Construção” (ver § 3.3.6.2), que actualmente se encontra em fase de aprovação final. Período de tempo após a recepção da obra (Anos) GARANTIAS Recepção da Obra 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Defeitos de Execução Condições de Habitabilidade Segurança e Estabilidade Estrutural Figura 19 – Garantias na construção em Espanha. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 37 3.3.2 3.3.2.1 RECEPÇÃO DA OBRA DEFINIÇÃO De acordo com o definido no artigo 6º da L.O.E. [76], a recepção é o acto através do qual o construtor, após a conclusão da obra, faz a entrega dos trabalhos ao dono de obra e este os aceita. Poderá realizar-se com ou sem “reservas” e abarcar a totalidade da obra ou fases completas e concluídas da mesma, quando assim concordarem as partes, de forma semelhante ao definido nos termos da legislação francesa em vigor (ver § 3.2). Salvo acordo em contrário, a recepção da obra tem lugar dentro dos 30 dias seguintes à data de conclusão. A recepção será tácita se, passados esses 30 dias, o dono de obra não apresentar quaisquer “reservas”. Os prazos de responsabilidade e de garantias estabelecidos na L.O.E. têm início a partir da data em que é subscrita a acta de recepção, ou quando se entenda esta como tacitamente aprovada. 3.3.2.2 FORMALIDADES NA RECEPÇÃO A recepção deverá consignar-se numa acta assinada pelo dono de obra e pelo construtor, onde deverá constar o seguinte: • As partes que intervêm; • A data do certificado final de conclusão da obra; • O custo final de execução da obra; • A declaração de recepção da obra com ou sem “reservas”, especificando-as de maneira objectiva, caso tenham sido assinaladas, bem como o prazo em que deverão ser reparados os defeitos; • As garantias que se exigem ao construtor para assegurar as suas responsabilidades. O dono de obra poderá recusar a recepção da obra se considerar que a mesma não está terminada ou que não está de acordo com as condições contratuais. 38 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 3.3.3 RESPONSABILIDADE DOS INTERVENIENTES NO PROCESSO CONSTRUTIVO De acordo com o artigo 17º da L.O.E. [76], “as pessoas físicas ou jurídicas que intervêm no processo construtivo, sem prejuízo das suas responsabilidades contratuais, responderão perante os proprietários do edifício, ou partes do mesmo, relativamente aos seguintes danos materiais que surjam dentro dos prazos indicados, contados desde a data de recepção da obra, sem reservas ou após a sua reparação”: • Durante dez anos, perante danos materiais causados no edifício por defeitos que afectem fundações e estrutura de suporte (vigas, pilares, muros de suporte ou outros elementos estruturais) e que comprometam directamente a segurança e a estabilidade do edifício; • Durante três anos, perante danos materiais resultantes de defeitos nos elementos construtivos ou nas instalações que condicionem a habitabilidade. O construtor responderá, ainda, durante um ano perante os danos materiais causados por defeitos de execução. No que se refere à exigência de responsabilidade dos diferentes agentes por danos materiais no edifício, a legislação estabelece que será realizada de forma pessoal e individualizada a cada um dos intervenientes. No entanto, quando não se puder individualizar a causa de danos materiais ou provar-se inequivocamente a ocorrência de culpas, ou se não se puder precisar o grau de intervenção de cada agente no dano causado, a responsabilidade será exigida solidariamente. Em todo o caso, o dono de obra responderá solidariamente com os demais intervenientes perante os possíveis proprietários, relativamente a danos materiais no edifício ocasionados por defeitos de construção. Este regime de responsabilidade abrange também o vendedor do edifício ou de parte, perante o comprador. As acções para exigir a responsabilidade por danos resultantes de defeitos prescrevem no prazo de dois anos após o surgimento dos ditos danos, sem prejuízo das acções que possam subsistir para exigir responsabilidade por incumprimento contratual. 3.3.4 3.3.4.1 GARANTIAS OBRIGATÓRIAS DEFINIÇÃO Paralelamente ao regime de responsabilidades, a L.O.E. especifica as seguintes garantias obrigatórias (Figura 19): Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 39 • Seguro de danos materiais ou de caução que garanta, durante um ano, a reparação de danos resultantes de defeitos de execução que afectem os acabamentos ou os revestimentos finais da obra. Poderá ser substituído por uma retenção, por parte do dono de obra, de 5% do custo final da obra, incluindo os honorários dos intervenientes e de projectos e estudos realizados; • Seguro de danos materiais ou de caução que garanta, durante três anos, a reparação de danos resultantes de defeitos nos elementos construtivos ou nas instalações que condicionem a habitabilidade. O capital segurado deve corresponder a 30% do custo final da obra, incluindo os honorários dos intervenientes e de projectos e estudos realizados; • Seguro de danos materiais ou de caução que garanta, durante dez anos, a reparação de danos resultantes de defeitos que afectem as fundações ou a estrutura de suporte (vigas, pilares, muros de suporte ou outros elementos estruturais) e que comprometam directamente a segurança e a estabilidade do edifício. O capital segurado deve corresponder a 100% do custo final da obra, incluindo os honorários dos intervenientes e de projectos e estudos realizados. De referir que, de acordo com a 2ª disposição adicional da L.O.E., a subscrição destas garantias actualmente só é obrigatória para a responsabilidade decenal e apenas para edifícios de uso habitacional. 3.3.4.2 QUEM DEVE SUBSCREVER? O seguro de danos ou de caução que garanta, durante um ano, a reparação de danos resultantes de defeitos de execução, que afectem os acabamentos ou revestimentos finais da obra, deve ser subscrito pelo construtor em benefício do dono de obra e dos proprietários sucessivos. Os restantes seguros deverão ser subscritos pelo dono de obra em benefício de si próprio e dos proprietários sucessivos. Note-se que, além do dono de obra e do construtor, os restantes intervenientes não são obrigados à subscrição de seguros de danos ou de caução, sendo accionada a responsabilidade civil ou contratual. Os seguros ou cauções deverão ser subscritos na recepção dos trabalhos (ver § 3.3.2). Em termos formais, não é permitido o registo notarial ou a realização de escrituras de edifícios ou parte, sem que tenham sido subscritos os seguros ou cauções que assegurem as garantias em vigor. 40 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 3.3.5 3.3.5.1 SEGUROS OBRIGATÓRIOS CONCEITO GERAL De acordo com o especificado na legislação espanhola em vigor [76], apenas o dono de obra de edifícios cujo uso principal seja a habitação e que tenha solicitado licença de obras a partir do dia 6 de Maio de 2000, é obrigado a subscrever um seguro que cubra os danos materiais, designado de seguro decenal. Em alternativa poderá subscrever uma caução de igual valor. 3.3.5.2 SEGURO DECENAL 3.3.5.2.1 Definição O seguro decenal deverá cobrir os danos materiais que afectem as fundações ou a estrutura de suporte (vigas, pilares, muros de suporte ou outros elementos estruturais) e que comprometam directamente a segurança e a estabilidade do edifício, durante dez anos. O capital segurado deverá corresponder a 100% do custo final da obra, incluindo os honorários dos intervenientes e de projectos e estudos realizados. Note-se que, a subscrição de uma política de seguro decenal implica, de acordo com as exigências das companhias de seguros espanholas, um controlo técnico de acompanhamento da obra desde a fase de projecto à fase de execução, incluindo o ensaio e o controlo de qualidade dos materiais e produtos, por um organismo reconhecido contratado pelo segurador e aceite pelo segurado (ver § 3.3.6.1). 3.3.5.2.2 Quem deve subscrever? O seguro decenal deverá ser subscrito pelo dono de obra em benefício de si próprio e dos sucessivos proprietários do edifício ou de parte dele. 3.3.5.2.3 Validade e duração A seguradora garante durante dez anos, a partir da recepção da obra e da subscrição do seguro, a indemnização ou reparação de danos materiais causados ao edifício (fundações, estrutura, envolvente, obras secundárias, equipamentos, instalações, etc.), devidos a defeitos que tenham a sua origem ou afectem obras fundamentais e que comprometam a estabilidade do edifício. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 41 3.3.6 3.3.6.1 CONTROLO DA QUALIDADE DA CONSTRUÇÃO ORGANISMOS DE CONTROLO DA QUALIDADE DA CONSTRUÇÃO As entidades de controlo da qualidade da construção, de acordo com o artigo 14º da L.O.E. [76], são definidas como sendo organismos capacitados para prestar assistência técnica na verificação da qualidade do projecto, dos materiais e da execução da obra e das instalações, de acordo com as normas aplicáveis. A lei atribui, ainda, a designação de “laboratórios de ensaios para o controlo da qualidade da construção”, aos laboratórios com capacidade para prestar assistência técnica, mediante a realização de ensaios a materiais, a sistemas ou a instalações de um edifício. De salientar que a lei não exige a intervenção das entidades de controlo da qualidade com o sentido obrigatório. No entanto, em Espanha, as companhias seguradoras exigem ao dono de obra a contratação destas entidades, no âmbito da subscrição de uma política de seguro decenal. A missão da entidade de controlo técnico consiste, fundamentalmente, na revisão do projecto de execução e no controlo técnico do processo de execução da obra, incluindo o ensaio e controlo de qualidade dos materiais e dos produtos. A informação que fornecerá, além de servir de base à seguradora para a elaboração do contrato de seguro decenal, permitirá ao dono de obra a prevenção e o melhoramento da qualidade da construção. 3.3.6.2 CÓDIGO TÉCNICO DA CONSTRUÇÃO 3.3.6.2.1 Conceito geral A entrada em vigor da L.O.E. teve como objectivo principal assegurar a qualidade das construções, mediante o cumprimento dos requisitos básicos dos edifícios e da adequada protecção dos interesses dos utilizadores [76]. No artigo 3º da L.O.E. são estabelecidos os requisitos básicos que devem ser cumpridos pelos edifícios, de forma a garantir a segurança das pessoas, o bem-estar da sociedade e a protecção do meio ambiente, nomeadamente: 42 • Relativos à funcionalidade (utilização, acessibilidade e acesso aos serviços de telecomunicações, audiovisuais e de informação); • Relativos à segurança (estrutural, em caso de incêndio e de utilização); Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo • Relativos à habitabilidade (higiene, saúde e protecção do meio ambiente, protecção contra o ruído, poupança de energia e isolamento térmico e outros aspectos funcionais). A garantia de protecção dos utilizadores especificada na lei passa, não só pelos requisitos técnicos do construído, mas também pela subscrição de um seguro de danos, sendo imprescindível criar um marco normativo consistente que confira ao processo a necessária objectividade. Surgiu, assim, o Código Técnico da Construção, como um desenvolvimento da L.O.E., onde são claramente definidas as exigências a cumprir pelos edifícios, no que respeita aos requisitos básicos de funcionalidade, de segurança e de habitabilidade. Após uma fase de desenvolvimento desde o ano 2000 e a apresentação de um primeiro projecto para apreciação dos intervenientes no processo construtivo em 2002, actualmente foi já apresentada à Comissão Europeia uma versão final do Código Técnico da Construção, que se encontra em fase de apreciação. Com a aprovação deste documento, apenas alguns regulamentos espanhóis continuarão em vigor, servindo como complemento ao especificado no Código. As normas vigentes, nomeadamente, as Normas Básicas da Construção (NBE), foram reestruturadas, actualizadas e o seu conteúdo integrado no Código. Os Eurocódigos foram considerados como documentos de referência base na elaboração do documento. 3.3.6.2.2 Entidades responsáveis pela elaboração do Código Técnico da Construção Para elaboração do Código Técnico da Construção foi criada uma organização que coordenou a intervenção dos diversos organismos envolvidos, nomeadamente, a Secretaria de Estado da Habitação do Governo Espanhol e o Instituto de Ciência da Construção Eduardo Torroja [31]. Participaram, ainda, pontualmente, diversas comissões técnicas, centros tecnológicos e de investigação, bem como universidades e especialistas independentes. Foram criados grupos de trabalho, distribuídos em função dos requisitos básicos estabelecidos na lei. 3.3.6.2.3 Estrutura do Código Técnico da Construção O Código Técnico da Construção encontra-se dividido em duas partes (ver Figura 20). Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 43 Na Parte 1, de carácter exigencial, são apresentadas as disposições de carácter geral (âmbito de aplicação, estrutura, etc.) e os objectivos a alcançar pelos edifícios, de forma a cumprir os requisitos básicos estabelecidos na L.O.E.. São também definidas as exigências a que devem atender os edifícios para se alcançarem os referidos objectivos, entendidas como condições específicas que devem ser cumpridas pelo projecto, pelos sistemas construtivos e pelos produtos que os integram [44]. A Parte 2, de carácter instrumental, é constituída pelos Documentos de Aplicação do Código (DAC), cuja utilização garante o cumprimento das exigências. Estes documentos contêm procedimentos, regras técnicas e exemplos de soluções que permitem determinar se o edifício cumpre os níveis de desempenho definidos. Como complemento, para a aplicação do Código Técnico da Construção são, ainda, reconhecidos os Documentos de Referência como documentos técnicos externos e independentes ao Código, cuja utilização facilita o cumprimento de determinadas exigências e que contribuem para a implementação da qualidade. Objectivos PARTE 1 Exigências PARTE 2 Documentos de Aplicação do Código Técnico da Construção - DAC Figura 20 – Estrutura do Código Técnico da Construção espanhol [31]. 3.4 O SISTEMA PORTUGUÊS 3.4.1 CONCEITO GERAL Em Portugal não existe uma política de responsabilidades e de garantias de reparação de danos que surjam nos edifícios após a sua construção, devidamente regulamentada, como existe, por exemplo, em França. 44 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo No que se refere a garantias, o eventual aparecimento de defeitos nas construções, a sua denúncia e reparação estão regulados no Código Civil Português [43], em “sede de empreitada” (ver § 3.4.2). Há, ainda, que atender à Lei de Defesa do Consumidor [48] actualmente em vigor, que resulta da transposição da Directiva Europeia que regula os direitos dos consumidores no que se refere a garantias dos imóveis, e que subscreve e reforça o especificado no Código Civil. Relativamente a seguros, não existe um sistema de obrigatoriedade de subscrição de seguros por parte dos intervenientes na construção (ver § 3.4.3). 3.4.2 GARANTIAS OBRIGATÓRIAS Em Portugal, a eventual existência de defeitos nas construções, a sua denúncia e reparação estão regulados no Código Civil Português, em “sede de empreitada” (Capítulo XII), sendo relevante reter o estabelecido no artigo 1225º, que, em relação aos imóveis destinados a longa duração (e todos os edifícios se incluem nesta categoria), prevê uma garantia de cinco anos a contar da entrega, abrangendo “vícios estruturais que ponham em causa a solidez e segurança da construção e os outros defeitos que se vierem a revelar” [43]. A Lei de Defesa do Consumidor actualmente em vigor [48], que resulta da transposição da Directiva Europeia 199/44/CE, do Parlamento e do Conselho, de 25 de Maio, estabelece a obrigação do “vendedor de entregar ao consumidor um bem que esteja em conformidade com o contrato de compra e venda”. No artigo 4º da Lei define-se ainda que “os bens devem ser aptos a satisfazer os fins a que se destinam segundo as normas legalmente estabelecidas, ou, na sua falta, de acordo com as expectativas legítimas do consumidor”. A garantia, no caso de imóveis, é de um período mínimo de cinco anos, tal como definido no Código Civil, suspendendo-se esse prazo durante o período em que o consumidor se achar privado do uso de bens, em virtude das operações de reparações resultantes de defeitos originários. A empresa de construção é responsabilizada por esta garantia legal, tal como o vendedor do imóvel, sendo beneficiários da garantia, quer “o que mandou fazer a obra”, quer os proprietários sucessivos do imóvel ou parte. Durante o prazo de garantia, que se inicia na data de aceitação da obra, a denúncia do defeito deve ser apresentada no prazo de um ano a contar da data do seu aparecimento. O consumidor deve exigir a eliminação dos defeitos ou, se estes não puderem ser eliminados, exigir nova construção. No entanto, não sendo eliminados os defeitos ou construída de novo a obra, pode ser exigida a redução do preço ou a resolução do contrato e a devolução das quantias pagas, se os defeitos tornarem a obra inadequada ao fim a que se destina. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 45 Não existe, no entanto, uma efectivação da garantia através de um seguro de responsabilidade dos intervenientes no processo construtivo. Habitualmente, é efectuada uma caução num valor correspondente a 5% do preço total do respectivo contrato, sendo prestada por depósito em dinheiro ou em títulos emitidos ou garantidos pelo Estado, ou mediante garantia bancária ou segurocaução, conforme escolha do adjudicatário. 3.4.3 SEGUROS OBRIGATÓRIOS No que se refere a seguros no âmbito da construção de edifícios, em Portugal não existe um sistema de seguros de subscrição obrigatória para os intervenientes da construção, quer no que se refere à responsabilidade contratual, quer no que concerne a reparação de danos que eventualmente ocorram nos edifícios. Em termos de responsabilidade dos intervenientes, o seguro de responsabilidade civil é facultativo e pessoal, tendo as coberturas e as exclusões que em cada contrato forem definidas, podendo assumirse em várias modalidades, garantindo entre outras coberturas, os prejuízos resultantes do exercício da profissão. Na generalidade, garante os danos patrimoniais e/ou não patrimoniais causados a terceiros pelo segurado, nos actos ou omissões expressamente previstos nas condições particulares, especiais e gerais do contrato. Relativamente à reparação de danos que surjam durante o período de garantia dos edifícios, não existem, actualmente, em Portugal seguros que abranjam esta problemática. 3.4.4 PROPOSTA SEGUROS DE UM SISTEMA NACIONAL DE RESPONSABILIDADES, GARANTIAS E Sendo o sector da construção um dos principias sectores económicos com evidentes repercussões no conjunto da sociedade e dos valores culturais que incluem o património arquitectónico, carece, sem dúvida, de regras concordantes com esta importância. É urgente a implementação de um regime em que claramente sejam identificadas as obrigações e as responsabilidades dos intervenientes no processo construtivo, bem como sejam definidas as garantias de protecção do comprador face a possíveis danos. Este regime de responsabilização poderia ter como base a experiência francesa apresentada no § 3.2, em que é garantida a responsabilização dos intervenientes no processo construtivo e a indemnização de danos imediata aos proprietários, durante um período de dez anos após a conclusão da obra, através da instituição de uma política de seguros de subscrição obrigatória, quer pelos intervenientes na construção, no que se refere à responsabilidade legal, quer pelo dono de obra, no que se refere à política de reparação de danos. 46 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Para a instituição de um sistema com estas características seria necessário criar um organismo que fosse responsável pelo seu desenvolvimento e pela sua implementação, sendo constituído pelos representantes dos diversos intervenientes no processo construtivo, pelas entidades legisladoras e pelos organismos, instituições e universidades que se dedicam ao estudo da construção. Seria, ainda, imprescindível a participação activa das seguradoras. O desenvolvimento do sistema de responsabilidades, garantias e seguros proposto teria de ser realizado de acordo com os seguintes objectivos: • Identificação e definição detalhada das obrigações de cada um dos intervenientes no processo construtivo, bem com das responsabilidades que lhes são inerentes; • Desenvolvimento de um sistema de garantias associadas a seguros obrigatórios. A instituição de um sistema com estas características implicaria a participação activa das seguradoras, garantindo a indemnização dos beneficiários e a responsabilização dos intervenientes. Propõe-se o desenvolvimento de uma política de seguros e garantias com base no sistema francês apresentado no § 3.2; • Definição das exigências a satisfazer pelas construções, o que implica a elaboração de um “Código de Construção”, de forma a estabelecer uma referência sólida para a aplicação do sistema efectivo de garantias associadas a seguros. O Código teria por base as normas e os regulamentos nacionais aplicáveis à construção, bem como a normalização europeia, de forma análoga, por exemplo, ao Código Técnico da Construção que se encontra actualmente em fase de aprovação final em Espanha e cujas características principais são apresentadas no § 3.3.6.2. No Quadro 3.1 é apresentada uma proposta de calendarização para o desenvolvimento do processo. Note-se que o registo dos sinistros verificados pelas seguradoras iria permitir não só definir as causas que estão na origem dos problemas, bem como avaliar os custos envolvidos nas reparações dos danos. O registo de sinistros constituiria um elemento fundamental para avaliar quais as principais patologias que afectam os edifícios em Portugal e, simultaneamente, condicionar a própria investigação. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 47 Quadro 3.1 – Proposta de calendarização para o desenvolvimento do sistema nacional de responsabilidades, garantias e seguros. TAREFAS 1. ORGANIZAÇÃO E CONSTITUIÇÃO DOS GRUPOS DE TRABALHO 2. DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DE RESPONSABILIDADES, GARANTIAS E SEGUROS 2.1. ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA DE LEI (VERSÃO PARA APRECIAÇÃO) 2.2. APRECIAÇÃO DA PROPOSTA E CONSULTA PÚBLICA 2.3. CORRECÇÃO E APROVAÇÃO DA PROPOSTA FINAL DE LEI 3. 2005 2006 2007 2008 2009 2010 ELABORAÇÃO DO “CÓDIGO DA CONSTRUÇÃO” 3.1. ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DA 1ª VERSÃO DO DOCUMENTO (VERSÃO PARA APRECIAÇÃO) 3.2. APRECIAÇÃO E CONSULTA PÚBLICA 3.3. CORRECÇÃO E APROVAÇÃO DO DOCUMENTO FINAL 48 2004 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 4. CATÁLOGO DE PATOLOGIAS 4.1 IMPORTÂNCIA DO CATÁLOGO Em Portugal, apesar de se encontrarem milhares de fogos degradados, não existem meios de informação disponíveis que permitam identificar e resolver as principais patologias que afectam actualmente a envolvente dos edifícios. O registo dos erros cometidos e a análise dos motivos que lhe deram origem, bem como a sua divulgação, são fundamentais para o conhecimento das patologias mais correntes e para uma mais fácil resolução dos muitos problemas que afectam os edifícios. Foram já realizadas tentativas neste sentido em alguns países, sendo apresentados, no § 4.2, alguns exemplos dos modelos adoptados. De forma a sistematizar a informação disponível, procedeu-se à elaboração de um Catálogo de Patologias com base nos estudos de patologia dos edifícios realizados pelo Laboratório de Física das Construções (LFC) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), entidade com vasta experiência nesta matéria. O Catálogo apresentado no presente trabalho é constituído por um conjunto de Fichas de Patologias, em que, para cada problema, foram definidas as suas principais causas, os métodos de diagnóstico e as soluções possíveis de reparação. As Fichas de Patologias têm uma estrutura que permite a sua publicação e divulgação através da Internet, o que tem vindo a ser realizado através do site criado pelo Grupo de Estudos da Patologia da Construção – PATORREB, criado no âmbito do 1º Encontro Nacional sobre Patologia e Reabilitação de Edifícios – PATORREB 2003 e coordenado pelo Laboratório de Física das Construções da FEUP. Este Grupo de Estudos tem como principais objectivos identificar e divulgar as patologias mais correntes nos edifícios portugueses, bem como divulgar a informação disponível na área da patologia e reabilitação de edifícios (ver § 4.3). 4.2 MODELOS EXISTENTES 4.2.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL Apesar de existir uma extensa lista de publicações de carácter técnico-científico relativas à patologia da construção, de acordo com a pesquisa bibliográfica realizada, não existem propriamente modelos de “Catálogos de Patologias” com uma estrutura idêntica à proposta na presente dissertação. O Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 49 método de registo e de organização da informação é diverso, variando de organização para organização, em função dos objectivos e dos dados disponíveis. Nos parágrafos seguintes são apresentados alguns exemplos dos modelos existentes. 4.2.2 “FICHES PATHOLOGIE DU BATIMENT” (AQC E FONDATION EXCELLENCE SMA) As fichas designadas por “Pathologie du bâtiment” foram elaboradas e publicadas pela “Agence Qualité Construction” (AQC), organismo francês responsável pela apreciação e implementação da qualidade na construção [5], em associação com a “Fondation Excellence SMA”, do Grupo SMABTP, sociedade de seguros mútuos líder no domínio da construção em França [98]. Estas fichas foram elaboradas numa perspectiva de divulgação e de prevenção das principais patologias dos edifícios em França, tendo como base os resultados da análise dos sinistros declarados às companhias seguradoras no âmbito dos seguros de construção obrigatórios. Desde 1999 foram já publicadas 61 “Fichas de Patologias”, que se encontram actualmente também disponíveis “on line” [5]. Estas fichas foram agrupadas em função dos elementos construtivos afectados, classificados de acordo com o seguinte critério (Figura 21): 50 • Fundações e infraestruturas; • Estrutura de suporte; • Envolvente e revestimentos exteriores; • Coberturas e estruturas de suporte; • Acabamentos interiores; • Equipamentos. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Figura 21 – Organização das “Fiches Pathologie du bâtiment” [5]. Cada ficha refere as manifestações e as causas da patologia, bem como as recomendações construtivas para evitar a sua ocorrência, sendo a informação dividida nos seguintes capítulos (Figura 22): • Descrição da patologia, ilustrada com imagens do problema; • Diagnóstico, em que é realizada a identificação e a descrição das principais causas que estão na origem do problema; • Pontos “sensíveis”, sendo caracterizadas as principais regras a cumprir na fase de concepção, com base na normalização e regulamentação em vigor; • Conselhos de prevenção, sendo indicadas algumas regras práticas, para evitar o aparecimento do problema. As fichas são apresentadas de uma forma interactiva, sendo dotadas de numerosas ligações a textos complementares, tais como estratos de regulamentos técnicos, artigos publicados em revistas profissionais e informações técnicas. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 51 Figura 22 – Exemplo de uma “Fiche Pathologie du bâtiment” [8]. 4.2.3 “DEFECT ACTION SHEET” E “GOOD REPAIR GUIDE” (BRE) Entre Maio de 1982 e Março de 1990, o Departamento de Prevenção de Defeitos na Construção do BRE, organização do Reino Unido especialista em edifícios, elaborou e publicou um total de 144 fichas designadas por “Defect Action Sheet” (Figura 23), com o intuito de informar os projectistas e responsáveis pela qualidade dos edifícios, no sentido de prevenir e corrigir os defeitos registados pelos especialistas desta instituição [105]. A informação contida nas fichas foi organizada de acordo com os seguintes capítulos: • Descrição da patologia; • Descrição da causa; • Medidas de prevenção; • Referências e leituras complementares. Actualmente, o BRE edita periodicamente uma vasta lista de publicações na área da construção de edifícios sob a forma de fichas ou guias, como, por exemplo, os “Digests”, os “Information Papers” e os “Good Building Guides” [22]. 52 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Os “Good Repair Guides”, relativos à patologia da construção, são guias práticos desenvolvidos no sentido de permitirem a identificação, o diagnóstico e a reparação das patologias dos edifícios mais correntes no Reino Unido. As patologias são apresentadas de uma forma genérica, sendo analisadas as causas e especificadas soluções para a sua reparação. Cada “guia” desenvolve-se em cerca de 4 a 6 páginas, não tendo uma estrutura comum. Figura 23 – Exemplo de uma “Defect Action Sheet” [25]. 4.2.4 “CASES OF FAILURE INFORMATION SHEET” (CIB W086 BUILDING PATHOLOGY) A comissão CIB W086 Building Pathology, organismo internacional responsável pela investigação, divulgação e estudo da patologia da construção, na sua Publicação nº 155, de Junho de 1993, apresenta um modelo das Fichas de Patologias que se propunha elaborar, designadas por “Cases of Failure Information Sheet”. Foram também apresentadas as fichas que, à data, se encontravam elaboradas, como exemplos [42]. As fichas apresentam uma estrutura complexa, salientando-se os seguintes campos: • Identificação do componente afectado; Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 53 • Descrição das causas; • Descrição da patologia, recorrendo a ilustrações gráficas; • Identificação dos agentes que causaram as patologias; • Indicação dos erros e da fase do processo construtivo em que ocorreram. Em Junho de 1999, no Encontro de Vancouver do CIB W086 Building Pathology foi proposta a criação de um fórum aberto onde fosse possível a publicação de estudos de casos de patologia - o “Building Pathology Forum” (BPForum) [21], com o intuito de agrupar e divulgar a informação disponível no âmbito do estudo da patologia e apresentar os casos mais significativos e correntes da patologia da construção dos diversos países. Nesse sentido, o Departamento de Engenharia Civil do Instituto Politécnico de Milão, colocou já “on line” sob a forma de Fichas de Patologias, 19 casos de patologia estudados. Para cada patologia é feita a descrição do problema e das causas correspondentes, de uma forma sumária e ilustradas com imagens. 4.2.5 “FICHAS DE REPARAÇÃO DE ANOMALIAS” (LNEC) No 1º Encontro sobre Conservação e Reabilitação de Edifícios de Habitação realizado no LNEC, em Junho de 1985, foi apresentada a metodologia que seria adoptada para a elaboração de “Fichas de Reparação de Patologias”, tendo sido publicadas algumas fichas como exemplos [87]. As fichas seriam agrupadas em três categorias: “anomalias estruturais”, “anomalias não estruturais” e “instalações e equipamentos”, sendo cada ficha organizada em quatro capítulos: 54 • Sintomas; • Exame; • Diagnóstico das causas; • Reparação. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 4.3 GRUPO DE ESTUDOS DA PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO – PATORREB 4.3.1 OBJECTIVOS Na sequência do 1º Encontro Nacional sobre Patologia e Reabilitação de Edifícios – PATORREB 2003, organizado pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), foi criado o Grupo de Estudos da Patologia da Construção – PATORREB , coordenado pelo Laboratório de Física das Construções (LFC) da FEUP [61]. Este Grupo de Estudos tem como principais objectivos identificar e divulgar as patologias mais correntes nos edifícios portugueses, bem como divulgar a informação disponível na área da patologia e da reabilitação de edifícios. Neste sentido, com base no Catálogo de Patologias apresentado no presente trabalho, o Grupo de Estudos criou um site na Internet (Figura 24), onde serão publicadas as Fichas de Patologias que constituem o Catálogo. O site encontra-se disponível desde Junho de 2004, tendo sido já publicadas 22 das Fichas de Patologias apresentadas no Anexo I. Figura 24 – Site do Grupo de Estudos da Patologia da Construção – PATORREB [61]. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 55 4.3.2 ORGANIZAÇÃO PATORREB DO GRUPO DE ESTUDOS DA PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO – O Grupo de Estudos da Patologia da Construção é coordenado pelo Laboratório de Física das Construções (LFC) da FEUP e tem a participação de mais sete Universidades portuguesas (Instituto Superior Técnico – IST, Universidade Nova de Lisboa – UNL, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra – FCTUC, Universidade do Minho – UM, Universidade da Beira Interior – UBI, Universidade de Aveiro – UA e Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro – UTAD), bem como o apoio de diversas empresas e de pessoas singulares (Figura 25). A edição, a organização, o desenvolvimento do site e a publicação das Fichas de Patologias são da responsabilidade do LFC, designado por “Editor” (Figura 25). Fazem parte do “Corpo Editorial” professores das sete Universidades portuguesas, que efectuarão a revisão do conteúdo das fichas previamente à sua publicação. Em cada ficha é incluído o logótipo das Instituições envolvidas, bem como o nome dos autores e do revisor. As empresas, além do acesso à informação publicada no site mediante o pagamento de uma cota anual, têm também a possibilidade de propor anualmente 2 estudos de caso para apreciação do Grupo de Estudos. GRUPO DE ESTUDOS DA PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO - PATORREB Editor LFC Instituições Corpo Editorial IST FCTUC UM UBI UTAD UA FEUP Centro de Informação 2 Casos de Estudo Empresas Pessoas Singulares Figura 25 – Organigrama do Grupo de Estudos da Patologia da Construção – PATORREB [61]. 56 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 4.3.3 ESTRUTURA DO SITE CRIADO CONSTRUÇÃO – PATORREB PELO GRUPO DE ESTUDOS DA PATOLOGIA DA Tal como já referido, para divulgação do Catálogo de Patologias desenvolvido nesta dissertação, o Grupo de Estudos PATORREB criou um site na Internet, onde estão a ser publicadas as Fichas de Patologias que integram o Catálogo. As fichas disponibilizadas “on line” são constituídas pelos quatro campos indicados no § 4.6, nomeadamente “descrição da patologia”, “sondagens e medidas”, “causas da patologia” e “soluções possíveis de reparação”. Nas Figuras 26 a 29 apresenta-se uma das fichas já publicadas. Estas fichas encontram-se agrupadas em função do elemento de construção em que a patologia se manifesta (ver Figura 32). Figura 26 – Exemplo de uma das Fichas de Patologias publicadas no site do Grupo de Estudos PATORREB (Campo correspondente à “Descrição da Patologia”) [61]. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 57 Figura 27 – Exemplo de uma das Fichas de Patologias publicadas no site do Grupo de Estudos PATORREB (Campo correspondente às “Sondagens e Medidas”) [61]. Figura 28 – Exemplo de uma das Fichas de Patologias publicadas no site do Grupo de Estudos PATORREB (Campo correspondente às “Causas da Patologia”) [61]. 58 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Figura 29 – Exemplo de uma das Fichas de Patologias publicadas no site do Grupo de Estudos PATORREB (Campo correspondente às “Soluções Possíveis de Reparação”) [61]. 4.4 CARACTERIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO UTILIZADA NA ELABORAÇÃO DO CATÁLOGO DE PATOLOGIAS O Catálogo de Patologias, apresentado no Anexo I, é constituído por um conjunto de 65 Fichas de Patologias elaboradas com base nos estudos de patologia de carácter higrotérmico realizados pelo Laboratório de Física das Construções (LFC) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). Desde 1990 que uma das actividades do LFC consiste no estudo das patologias de carácter higrotérmico que afectam a envolvente dos edifícios, sendo analisadas as causas que estão na origem dos problemas e definidas soluções para a sua correcção. Para a elaboração das Fichas de Patologias que integram o Catálogo, foram analisados um total de 333 relatórios do LFC, sendo 68% referentes a edifícios de habitação e 22% a edifícios de serviços (ver Figura 30). Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 59 14% 10% Habitação Unifamiliar Edifícios de Habitação Colectiva Edifícios de Serviços Outros 54% 22% Figura 30 – Tipo de edifícios analisados. Dos casos analisados (ver Figura 31), 31% das patologias prendem-se com problemas de estanquidade, o que afecta as condições de habitabilidade e de durabilidade dos edifícios e, nalguns casos, se traduz em degradações irreversíveis dos materiais que tornam inevitável a sua substituição a curto prazo. Um segundo grupo de patologias com uma certa relevância (27%) consiste na degradação do revestimento dos elementos da envolvente, devido, quer a erros de concepção e de execução, quer às solicitações, bem como ao tipo de ocupação e de uso dos edifícios e à inexistência de acções de manutenção e de limpeza periódica. Outro grupo importante, com cerca de 12% dos casos, corresponde à ocorrência de fissuração nos elementos de construção de origem não estrutural. Saliente-se ainda a elevada percentagem de casos de ocorrência de condensações na envolvente interior dos compartimentos (11%), devido, principalmente, à inexistência de um sistema de ventilação e de aquecimento das habitações e ao deficiente isolamento térmico da envolvente. 1% 11% 12% Condensações 18% Fissuração Degradação do revestimento Infiltrações 27% Degradação dos pontos singulares Humidade ascencional 31% Figura 31 – Principais patologias analisadas. 60 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 4.5 ESTRUTURA DO CATÁLOGO DE PATOLOGIAS No Catálogo de Patologias, que constitui a essência do presente trabalho e que, apenas por uma questão de facilidade de leitura, é apresentado no Anexo I, as Fichas de Patologias são agrupadas em função do elemento construtivo em que se manifestou o problema, de acordo com a classificação apresentada na Figura 32. 14 12 01 02 10 13 04 09 05 07 03 11 06 REFª ELEMENTO CONSTRUTIVO REFª 08 ELEMENTO CONSTRUTIVO ELEMENTO CONSTRUTIVO REFª 01 Cobertura Inclinada 06 Parede Enterrada 11 Vão envidraçado 02 Cobertura em Terraço Não Acessível 07 Parede Interior 12 Platibanda 03 Cobertura em Terraço Acessível 08 Pavimento Térreo 13 Junta de dilatação 04 Cobertura em Terraço-Jardim 09 Pavimento Intermédio 14 Clarabóia 05 Parede Exterior 10 Pavimento sobre Espaço Exterior 15 Outros Figura 32 – Organização do Catálogo de Patologias. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 61 4.6 FICHAS DE PATOLOGIAS 4.6.1 ESTRUTURA DAS FICHAS DE PATOLOGIAS Os casos de patologia estudados foram organizados sob a forma de “Fichas de Patologias” constituídas pelos seguintes campos (Figura 33): • Identificação da patologia; • Descrição da patologia; • Sondagens e medidas; • Causas da patologia; • Soluções possíveis de reparação. ELEMENTO CONSTRUTIVO – CAUSA DA PATOLOGIA Nº da Descrição sumária da patologia Ficha Palavras - chave Descrição da patologia Sondagens e medidas ºC Causas da patologia % HR Soluções possíveis de reparação Figura 33 – Modelo das “Fichas de Patologias”. 62 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 4.6.2 IDENTIFICAÇÃO DA PATOLOGIA No campo da “Ficha de Patologia” correspondente à “identificação da patologia”, além da classificação e da descrição sumária da patologia em estudo, é também indicado o elemento construtivo em que se manifestou o problema, bem como é referida a causa do problema (Figura 34). A cada ficha foi atribuído um número de identificação, composto pelo número relativo ao elemento construtivo (definido de acordo o critério especificado na Figura 32) e pelo número sequencial da ficha. Neste campo constam ainda as palavras-chave, definidas de forma a permitir uma caracterização sumária do problema estudado, sendo referenciado, principalmente, o elemento construtivo, a patologia em análise, a causa e a solução do problema. Pavimentos Térreos - Condensações Internas DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO À BASE DE PVC DO PISO DE UM PAVILHÃO GIMNODESPORTIVO PALAVRAS-CHAVE: PAVIMENTOS TÉRREOS, REVESTIMENTO À BASE DE PVC, DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO, CONDENSAÇÕES INTERNAS, BARREIRA PÁRA-VAPOR FICHA 08.1 2004 Figura 34 – Exemplo do campo da Ficha de Patologia correspondente à “Identificação da Patologia”. 4.6.3 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA Neste campo é apresentada, de forma sintética, a patologia em análise, sendo indicados os principais sinais observados e caracterizando-se sumariamente o elemento em que se manifestou o problema. A descrição da patologia teve como base, principalmente, a observação visual e o registo fotográfico. Privilegiou-se a informação gráfica, de forma a permitir identificar, de forma inequívoca, a patologia em estudo. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 63 4.6.4 SONDAGENS E MEDIDAS No campo da “Ficha de Patologia” designado por “sondagens e medidas” são indicadas as acções que foram necessárias para um exame detalhado da patologia, tais como a realização de sondagens e de medidas em laboratório ou “in situ”. Um diagnóstico preciso, devidamente fundamentado, identificando de forma clara as causas, é condição fundamental para a correcção dos problemas. Em termos teóricos, fazer um diagnóstico corresponde a “operar um modelo de comportamento da construção em que as ligações entre causas e efeitos estivessem perfeitamente estabelecidas, ou seja, feito o levantamento dos sintomas (efeitos), tal modelo identificaria univocamente as correspondentes causas” [87]. No entanto, em termos práticos, não se dispõe de um modelo deste tipo, tendo em atenção a complexidade dos elementos de construção. Na realidade, a falta de informação habitualmente existente dificulta a realização de um diagnóstico válido. Nestas circunstâncias, o diagnóstico é feito, muitas vezes, por aproximações sucessivas, sendo a recolha de informação uma das tarefas fundamentais. Essa recolha consiste na análise dos elementos disponíveis (projectos, livros de obra, entre outros), nos testemunhos dos utilizadores e na observação “in situ” para definição da situação concreta existente. Nesta observação podem usar-se vários processos, desde a simples inspecção visual à realização de ensaios sobre os elementos de construção ou sobre provetes retirados, bem como o recurso a medidas. Nos estudos elaborados pelo LFC, que serviram de base à elaboração das Fichas de Patologias incluídas no presente trabalho, além da realização de ensaios e de medidas “in situ” e em laboratório, o diagnóstico teve também como base a análise da informação relativa aos edifícios, bem como o testemunho dos utilizadores, obtidos na sequência das visitas que foram efectuadas para observação dos problemas. 4.6.5 CAUSAS DA PATOLOGIA Neste campo é apresentada a descrição do fenómeno que esteve na origem da patologia, tendo como base o estudo de diagnóstico elaborado. Note-se que a ocorrência de patologias tem origem em diversas causas, resultantes da conjugação de vários factores, devido, principalmente, à complexidade do processo construtivo e à própria interpretação entre causas e efeitos dos vários fenómenos que se podem desenvolver em simultâneo, o que gera situações em que um mesmo acontecimento é consequência dum fenómeno a montante e ao mesmo tempo é causa de outro fenómeno a jusante [93]. A experiência e o conhecimento do perito, que avalia e estuda o problema, na área da patologia da construção são fundamentais. 64 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 4.6.6 SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO Nos trabalhos de reparação a efectuar, interessa adoptar procedimentos que assegurem resultados satisfatórios a longo prazo, muito embora seja sempre difícil a resolução total dos problemas, associados ao comportamento dos elementos de construção, sem uma intervenção global. As soluções de intervenção podem ser muito diversificadas, não só porque as patologias podem atingir praticamente todos os elementos construtivos, como também as próprias patologias são muito variadas, não existindo uma medida correctiva única possível. Neste campo da Ficha de Patologia são apresentadas possíveis soluções de reparação, propostas com base no estudo diagnóstico realizado e na definição das causas do problema. As acções de intervenção propostas visam a eliminação das patologias e das suas causas. No entanto, existem situações em que a intervenção global não é possível, o que obriga a optar por soluções de ocultação da patologia. 4.7 EXEMPLO DE UMA FICHA DE PATOLOGIA Na Figura 35 é apresentado um exemplo das Fichas de Patologias que fazem parte do Catálogo apresentado no Anexo I. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 65 Pavimento Térreo – Condensações Internas FICHA 08.1 DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO À BASE DE PVC DO PISO DE UM PAVILHÃO GIMNODESPORTIVO PALAVRAS-CHAVE: PAVIMENTO TÉRREO, REVESTIMENTO À BASE DE PVC, DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO, CONDENSAÇÕES INTERNAS, BARREIRA PÁRA-VAPOR 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento à base de PVC do piso térreo de um pavilhão gimnodesportivo apresentava-se descolado e levantado, particularmente na zona das juntas. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração do pavimento, tendo-se verificado que o revestimento se encontrava colado directamente sobre a camada de suporte, em betão. Tratava-se de um pavimento térreo constituído por caixa de brita, camada de suporte em betão e revestimento à base de PVC colado. Após o levantamento do revestimento na zona de uma junta, detectou-se uma forte humidificação na interface de colagem e a degradação da cola. Foi efectuada uma carotagem a seco na camada de suporte do revestimento e procedeu-se à determinação do perfil de teor de humidade, tendo-se verificado que o betão se encontrava com o teor de humidade mais elevado à superfície que em profundidade. Efectuaram-se um conjunto de medidas de forma caracterizar as condições higrotérmicas, nomeadamente, humidade relativa na interface de colagem do revestimento, temperatura das várias interfaces do pavimento térreo e temperatura interior e a humidade relativa da ambiência. a a a a Teor de Humidade - w das amostras 0,072 0,037 0,022 w [kg/kg] 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 Profundidade [cm] 0,082 CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO O descolamento do revestimento à base de PVC deveu-se à ocorrência de condensações internas na interface de colagem do revestimento, causadas pela ausência de um pára-vapor eficaz e pelas flutuações das condições higrotérmicas do ambiente interior do pavilhão. A correcção da patologia implicaria a seguinte intervenção (A): Como o revestimento à base de PVC do pavimento era muito pouco permeável ao vapor de água, funcionou como um pára-vapor colocado na zona fria do elemento construtivo, durante a noite, quando a temperatura do solo era superior à do ambiente interior. A condensação do vapor de água deu-se na interface de colagem do revestimento do pavimento, originando a degradação da cola e o levantamento das zonas mais frágeis (juntas). Em alternativa, poderia substituir-se o revestimento à base de PVC por um revestimento com um sistema de fixação não “sensível” à água (B). A Noite ≅ 6 ºC 13 ºC − Remoção do revestimento à base de PVC; − Picagem da camada de suporte em cerca de 0,06 m; − Regularização do suporte; − Aplicação de uma barreira pára-vapor com permeância – Wp inferior a 2x1012 kg/(m2.s.Pa); − Colocação de um filme de polietileno de protecção; − Execução de uma lajeta de betão (e > 0,05 m), armada; − Colagem do revestimento à base de PVC. Revestimento à base de PVC Cola Camada de suporte (Betão) B Barreira pára-vapor Revestimento e sistema de fixação não “sensível” à água Filme de polietileno Caixa de brita Figura 35 – Exemplo de uma “Ficha de Patologia”. 66 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 5. CONCLUSÕES 5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS Muito embora o problema da patologia da construção seja demasiado complexo para poder ser tratado de uma forma global e completa, procurou-se com este trabalho efectuar uma análise do problema, no que se refere à identificação das principais patologias que afectam a envolvente dos edifícios e à responsabilização dos intervenientes no processo construtivo pelos danos causados. Paralelamente, foi elaborado um Catálogo de Patologias, no sentido de sistematizar a informação disponível sobre esta matéria. As principais conclusões do estudo realizado são as seguintes: • Não existem, em Portugal, dados disponíveis que permitam analisar quais as principais patologias que afectam a envolvente dos edifícios; • Dos diversos modelos existentes de registo de dados, salienta-se a experiência francesa, em que os dados disponíveis relativos à patologia da construção têm como base os registos das seguradoras, realizados pelos peritos no âmbito das garantias e dos seguros da construção obrigatórios em França; • Será fundamental o desenvolvimento de um sistema nacional de responsabilidades, garantias e seguros na construção, em que claramente sejam identificadas as obrigações e as responsabilidades dos intervenientes no processo construtivo, bem como sejam definidas as garantias de protecção do comprador face a eventuais danos. Simultaneamente, o registo dos sinistros permitirá identificar as principais patologias que afectam a envolvente dos edifícios portugueses; • Propõe-se que o sistema francês seja tomado como referência no desenvolvimento do sistema a implementar em Portugal. É fundamental a responsabilização dos diversos intervenientes e a garantia de indemnização imediata de danos, durante um período de dez anos após a recepção da obra, através da instituição de uma política de seguros obrigatórios; • Considera-se também imprescindível a criação de um “Código da Construção”, tendo como base as normas e os regulamentos nacionais aplicáveis à construção, bem como a normalização europeia em vigor; • No § 3.4.4 é apresentada uma proposta para o desenvolvimento de um sistema nacional com estas características; Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 67 5.2 • Apesar de se encontrarem milhares de fogos degradados, em Portugal não existem mecanismos que permitam identificar e corrigir as principais patologias que afectam actualmente a envolvente dos edifícios; • Com o Catálogo de Patologias apresentado no presente trabalho, elaborado com base nos estudos de patologia de carácter higrotérmico desenvolvidos pelo LFC da FEUP nos últimos anos, pretendeu-se apresentar uma proposta do modelo a adoptar para a sistematização da informação existente no âmbito da patologia da construção e que se encontra dispersa; • A forma dinâmica proposta para a organização da informação permitirá o fácil desenvolvimento e actualização do Catálogo; • Por outro lado, a estrutura adoptada para as Fichas de Patologias que compõem o Catálogo permite a sua divulgação através da Internet, o que actualmente já se encontra a ser realizado através do site criado pelo Grupo de Estudos da Patologia da Construção – PATORREB. DESENVOLVIMENTOS FUTUROS DA INVESTIGAÇÃO NESTE DOMÍNIO Com o presente trabalho pretendeu-se dar um contributo para o estudo do problema da patologia da construção em Portugal. No entanto, existe ainda um vasto campo de investigação neste domínio, do qual se salientam os seguintes aspectos: 68 • Tendo em atenção que não existe, no nosso país e mesmo em termos internacionais, uma terminologia única com definições inequívocas, é necessário proceder-se à definição dos principais conceitos; • O Catálogo apresentado apenas inclui as Fichas de Patologias referentes às patologias de carácter higrotérmico que surgiram nos edifícios estudados. Será fundamental o seu alargamento, não só às restantes patologias que afectam a envolvente dos edifícios, bem como às patologias que afectam os elementos estruturais; • Na divulgação do Catálogo através da Internet, deverá ser desenvolvida a apresentação das Fichas de Patologias de uma forma dinâmica, criando ligações a bibliografia técnica complementar, tais como extractos de regulamentos, informações técnicas, etc.; • Seria também interessante criar uma base de dados que permitisse obter o custo de referência das soluções de reparação propostas. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] ABRANTES, VITOR, A reabilitação do património habitacional. Jornal do IGAPHE nº 5, Março 2000. [2] ABRANTES, VITOR, FREITAS; VASCO PEIXOTO DE; SOUSA, MARÍLIA, Reabilitação de edifícios – Estudo do comportamento e análise tecno-económica das soluções utilizadas nas obras de construção e reabilitação – IGAPHE – DG.N. 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COBERTURA INCLINADA Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 79 Cobertura Inclinada – Condensações Superficiais FICHA 01.1 MANCHAS DE BOLOR NOS TECTOS DAS HABITAÇÕES SOB O DESVÃO VENTILADO DE UMA COBERTURA INCLINADA PALAVRAS-CHAVE: COBERTURA INCLINADA , TECTO SOB DESVÃO, MANCHAS DE BOLOR, CONDENSAÇÕES SUPERFICIAIS, ISOLAMENTO TÉRMICO, VENTILAÇÃO, AQUECIMENTO 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS Os tectos dos compartimentos das habitações, sob o desvão ventilado da cobertura inclinada de um edifício de habitação, apresentavam manchas de bolor acentuadas. Procedeu-se à medição da temperatura e humidade relativa do ar e do caudal de ventilação dos quartos das habitações, sob o desvão ventilado da cobertura inclinada. O desvão ventilado da cobertura não apresentava isolamento térmico. Verificou-se que a ventilação era insuficiente, bem como não havia um aquecimento adequado das habitações. As habitações não dispunham de um sistema de ventilação permanente, apenas existindo dispositivos de exaustão mecânica de ar na cozinha e nas instalações sanitárias. As pontes térmicas (topo de laje, vigas e pilares) não tinham sido tratadas. O desvão ventilado da cobertura não apresentava isolamento térmico. 88 15,2 15 86 HR 84 82 14,8 14,6 80 14,4 14,2 78 T 76 74 14 13,8 15-03-2002 Humidade Relativa (%) Temperatura (ºC) 15,4 72 16-03-2002 17-03-2002 18-03-2002 19-03-2002 CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO As manchas de bolor surgiram devido ao fenómeno de condensações superficiais que ocorreu nos tectos dos compartimentos sob o desvão da cobertura, resultante, principalmente, da ausência de isolamento térmico e da ventilação insuficiente das habitações. A minimização do problema de desenvolvimento de manchas de bolor nos tectos dos compartimentos das habitações, sob o desvão, devido ao fenómeno de condensações superficiais, passaria pelo isolamento térmico do tecto, pela criação de um sistema de ventilação geral e permanente e pelo reforço do aquecimento das habitações. Na envolvente das habitações, este fenómeno ocorre quando se verificam uma ou mais das seguintes condições: − Ausência de aquecimento do ambiente interior ou aquecimento insuficiente e intermitente; − Deficiente isolamento térmico da envolvente; − Produção de vapor de água no interior da habitação/compartimento significativa; − Ventilação insuficiente; − Higroscopicidade inadequada dos revestimentos interiores. Os esporos que existem no ar desenvolvem-se sempre que se verifique uma temperatura e humidade adequada. O isolamento do tecto poderia ser aplicado, em contínuo, sobre a laje horizontal, no desvão, podendo ser constituído por painéis rígidos de lã mineral (> 70 kg/m3). Na impossibilidade de isolar pelo exterior, o tecto dos fogos poderia ser isolado pelo interior, aplicando placas de gesso cartonado associadas a isolamento térmico. O aquecimento do interior das habitações deveria garantir uma temperatura superior a 18 ºC. O caudal de ventilação deveria ser permanente e da ordem de 0,8 renovações por hora. Te<4ºC A’ A Desvão não acessível ventilado Tpo Ti=18ºC HR=75% Tsi<Tpo Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Painéis rígidos de lã mineral Laje de tecto [107] 81 Cobertura Inclinada – Envelhecimento dos Materiais DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO EM CHAPA DE FIBROCIMENTO DA COBERTURA DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: COBERTURA INCLINADA, CHAPA DE FIBROCIMENTO, DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO, ENVELHECIMENTO DOS MATERIAIS FICHA 01.2 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento em chapa de fibrocimento da cobertura inclinada de um edifício de habitação apresentava-se degradado, sendo visíveis manchas associadas ao desenvolvimento de microorganismos e a fissuração pontual das chapas. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da cobertura, tendo-se verificado que: Os acessórios degradados. de fixação apresentavam-se também − A estrutura de suporte do revestimento era constituída por vigotas pré-esforçadas de betão apoiadas em muretes de tijolo; − No remate com os elementos verticais do contorno (chaminés e paredes emergentes) foi aplicada uma rufagem metálica. CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO A degradação do revestimento em chapas de fibrocimento e dos elementos de fixação deveu-se ao envelhecimento prematuro dos materiais face às solicitações de carácter higrotérmico. Seria necessário proceder à substituição do revestimento existente, bem como dos acessórios de fixação e de remate com os elementos do contorno. A proximidade do edifício do mar contribuiu para a rapidez do processo de degradação. A aplicação de novas chapas de fibrocimento seria possível, desde que sem amianto. Os elementos de fixação das chapas à estrutura deveriam ser aplicados a meio das sobreposições transversais e incluir uma anilha de estanquidade, sendo necessário a aplicação de um complemento de estanquidade nas sobreposições transversais. Em alternativa, a aplicação de painéis do tipo “sandwich”, constituídos por duas chapas metálicas e por um núcleo central preenchido por poliuretano, devendo o sistema ser homologado, seria também adequada. 82 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Cobertura Inclinada – Infiltrações MANCHAS DE HUMIDADE NA PAREDE SOB A COBERTURA COM REVESTIMENTO EM CHAPA METÁLICA DE UM PAVILHÃO PALAVRAS-CHAVE: COBERTURA INCLINADA, COM A FACHADA FICHA 01.3 CHAPA METÁLICA, MANCHAS DE HUMIDADE, INFILTRAÇÕES, REMATE 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS A superfície da parede sob a cobertura com revestimento em chapa metálica de um pavilhão industrial apresentava manchas de humidade, nas zonas sob a ligação das chapas com a fachada. Realizaram-se sondagens para apreciar a configuração da cobertura e da ligação do revestimento com os elementos do contorno, nomeadamente as paredes emergentes. Verificou-se que a fachada emergente era constituída por alvenaria de tijolo vazado (0,15 m). As chapas metálicas encontravam-se fixas a uma estrutura metálica. A ligação das chapas metálicas com a parede emergente foi simplesmente masticada, não tendo sido aplicada rufagem adequada (ver figura). CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO As manchas de humidade observadas deveram-se a infiltrações que resultaram da degradação do tratamento da ligação das chapas metálicas com a parede emergente. Para tratamento da patologia teria de se proceder à correcção do remate das chapas metálicas de revestimento da cobertura com a fachada emergente, devendo ser aplicada uma rufagem metálica. A inexistência de uma rufagem adequada contribuiu para a patologia observada. A impermeabilização da superfície vertical da fachada seria também vantajosa. Mastique Rufagem metálica Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 83 02. COBERTURA EM TERRAÇO NÃO ACESSÍVEL Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 85 Cobertura em Terraço Não Acessível - Condensações Internas DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO EM CHAPA DE ZINCO DE UMA COBERTURA EM TERRAÇO NÃO ACESSÍVEL PALAVRAS-CHAVE: COBERTURA EM TERRAÇO NÃO ACESSÍVEL, CHAPA DE ZINCO, DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO, CONDENSAÇÕES INTERNAS, BARREIRA PÁRA-VAPOR, VENTILAÇÃO FICHA 02.1 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento em chapa de zinco da cobertura em terraço não acessível de um edifício de habitação apresentava perfurações. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da cobertura, tendo-se verificado que o revestimento em chapa de zinco se encontrava aplicado sobre a camada de isolamento térmico da cobertura, constituída por placas de aglomerado expandido de cortiça. Eram também visíveis manchas de corrosão na superfície interior da chapa de zinco, nas zonas de contacto do zinco com o suporte constituído por isolamento térmico. Sobre a laje de betão foi aplicada uma camada de forma constituída por betão celular. Efectuaram-se ensaios sobre amostras da chapa de zinco e das camadas que constituíam a cobertura para determinação do teor de humidade das amostras e análise química do processo de corrosão. Verificou-se que o comportamento da face inferior do zinco era muito diferente nas zonas ventiladas (nervuras) e nas zonas em contacto directo com o isolamento térmico, onde eram visíveis as perfurações. Chapa de zinco Isolamento térmico Camada de regularização Camada de forma (betão celular) Camada de suporte (Betão) CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO A perfuração das chapas de zinco teve origem, essencialmente, num processo de corrosão originado pelos cloretos e sulfatos provenientes do aglomerado de cortiça e do betão celular da camada de forma da cobertura. A presença de água líquida no interior da cobertura deveu-se à condensação do vapor de água que, por difusão, atravessava os elementos que a compunham. Numa primeira fase, a grande quantidade de vapor de água condensado teve origem na secagem do betão celular. Numa segunda fase, o processo de difusão foi gerado pelo gradiente de pressão entre o interior e o exterior. Como o revestimento em zinco foi aplicado sem que o betão celular estivesse em equilíbrio higroscópio, a sua secagem originou condensações internas. O vapor, ao atingir a superfície fria da chapa de zinco, impermeável, condensou. Como as chapas estavam em contacto directo com o isolamento, não existiu a possibilidade de ventilação e secagem, originando a degradação observada. A ventilação da superfície interior do revestimento em zinco teria de ser garantida, pelo que teria de ser criado um espaço de ar ventilado, o que implicaria a aplicação de uma estrutura de suporte, constituída, por exemplo, por elementos de madeira, onde deveriam ser fixadas as chapas de zinco. Chapa de zinco Isolamento térmico Camada de regularização Sob a camada de isolamento térmico deveria ser aplicada uma barreira pára-vapor. Espaço de ar ventilado Barreira pára-vapor Camada de forma (betão celular) Camada de suporte (Betão) Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 87 Cobertura em Terraço Não Acessível – Condensações Internas FICHA 02.2 DEGRADAÇÃO DO TECTO FALSO EM GESSO CARTONADO SOB A COBERTURA EM TERRAÇO NÃO ACESSÍVEL DE UM EDIFÍCIO PALAVRAS-CHAVE: COBERTURA EM TERRAÇO NÃO ACESSÍVEL, GESSO CARTONADO, DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO, CONDENSAÇÕES INTERNAS, BARREIRA PÁRA-VAPOR, ISOLAMENTO TÉRMICO 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O tecto falso em gesso cartonado dos compartimentos anexos a uma piscina coberta apresentava-se degradado. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da cobertura, tendo-se verificado que o sistema de impermeabilização “auto-protegido” terá sido aplicado directamente sobre a camada de forma em betão leve. O espaço de ar entre o tecto falso e a laje não era ventilado. Não foi aplicado qualquer isolamento térmico, embora o coeficiente de transmissão térmica da cobertura (K) fosse regulamentar. Procedeu-se à quantificação da temperatura superficial exterior, com base no programa WUFI, no Inverno e no Verão, bem como da temperatura da ambiência interior. Impermeabilização “autoprotegida” Camada de forma (betão celular) Laje de betão Caixa de ar Gesso cartonado CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO A degradação do tecto falso em gesso cartonado deveu-se ao fenómeno de condensações internas que ocorreu na cobertura, sob a impermeabilização, associado à condensação superficial, resultante da difusão de vapor na Primavera. Para que não ocorram condensações seria necessário reforçar o isolamento térmico da cobertura, sendo adequado a realização de uma cobertura do tipo “invertido”, com protecção superior em godo. A configuração da cobertura permitiu a ocorrência de condensação sob a impermeabilização. O sistema de impermeabilização existente poderia ser mantido, desde que não se encontrasse degradado, passando a funcionar como barreira pára-vapor. Esta humidade foi sendo acumulada durante o Inverno e transportada para o interior no início da Primavera, quando as condições de temperatura faziam inverter o fluxo de vapor. O sistema de impermeabilização funcionou como um páravapor colocado na zona fria do elemento construtivo. O gesso cartonado em contacto com a humidade que gotejava da laje, naturalmente degradou-se. Inverno Verão 0ºC 40ºC Impermeabilização “autoprotegida” Protecção superior Geotêxtil Isolamento térmico Camada de forma (betão celular) Laje de betão Cobertura existente Caixa de ar Gesso cartonado 22ºC 88 22ºC Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Cobertura em Terraço Não Acessível – Degradação do Suporte EMPOLAMENTO DO REVESTIMENTO EM TELA “AUTO-PROTEGIDA” DA COBERTURA EM TERRAÇO DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: COBERTURA EM TERRAÇO NÃO ACESSÍVEL, TELA “AUTO-PROTEGIDA”, EMPOLAMENTO DO REVESTIMENTO, DEGRADAÇÃO DO SUPORTE, ISOLAMENTO TÉRMICO FICHA 02.3 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento em tela “auto-protegida” da cobertura em terraço não acessível de um edifício de habitação apresentavase empolado. Realizaram-se sondagens para analisar a composição da cobertura, tendo-se verificado que o revestimento em tela “auto-protegida” foi aplicado sobre uma camada de betonilha, não apresentando isolamento térmico. A remoção parcial do revestimento permitiu observar que a camada de betonilha sob a tela se encontrava profundamente fissurada. CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO O empolamento do revestimento em tela “auto-protegida” da cobertura em terraço não acessível deveu-se à fissuração da betonilha que constituía a camada de suporte. Para correcção da patologia seria necessário a seguinte intervenção: A deficiente concepção/execução da camada de betonilha, nomeadamente, a inexistência de juntas de fraccionamento, do contorno e dilatação, bem como a inexistência de isolamento térmico terão sido as principais causas da fissuração da betonilha. − Remoção do revestimento existente e da camada de betonilha, − Correcção das pendentes, caso necessário; − Aplicação de uma barreira pára-vapor e de uma camada de isolamento térmico; − Aplicação de novo sistema de impermeabilização convenientemente dimensionado, podendo a última camada ser “auto-protegida”. O remate com os elementos do contorno e pontos singulares deveria ser convenientemente estudado e pormenorizado. Sistema de impermeabilização “auto-protegido” Isolamento térmico Geotextil Barreira pára-vapor Camada de forma Laje Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 89 Cobertura em Terraço Não Acessível – Infiltrações MANCHAS DE HUMIDADE NO TECTO DA CAVE SOB A COBERTURA COM REVESTIMENTO EM GODO DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: COBERTURA EM TERRAÇO NÃO ACESSÍVEL, COM A PLATIBANDA FICHA 02.4 MANCHAS DE HUMIDADE, INFILTRAÇÕES, REMATE 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento do tecto da Cave de um edifício de habitação, sob a cobertura em terraço não acessível, apresentava manchas de humidade, principalmente, nas zonas adjacentes à platibanda. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da cobertura, tendo-se constatado que não foi aplicado isolamento térmico. O sistema de impermeabilização era constituído por telas betuminosas. A cobertura em terraço não acessível apresentava um revestimento em godo. A platibanda era em alvenaria simples de tijolo “face à vista”, apresentando um capeamento metálico. No remate com a platibanda, a tela terá subido na superfície vertical até ao nível da 2ª fiada de tijolo (ver figura). Capeamento metálico Godo Tijolo “face à vista” Sistema de impermeabilização Geotêxtil Capa de tijolo “face à vista” CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO As manchas de humidade verificadas no revestimento do tecto da Cave, sob a cobertura em terraço não acessível, resultaram de infiltrações que ocorreram devido à deficiente configuração do remate do sistema de impermeabilização com a platibanda e à degradação da própria tela de impermeabilização da cobertura. Seria necessário demolir e executar nova platibanda, bem como substituir o sistema de impermeabilização da cobertura. A degradação da platibanda em alvenaria de tijolo “face à vista”, nomeadamente por se tratar de um elemento simples, sem elementos de travação, terá sido também uma das causas do problema observado. A platibanda deveria ser em betão armado, devendo a superfície interior ser revestida com chapa de zinco associada a estrutura intermédia, ventilada e isolada. A superfície exterior deveria ser impermeabilizada e revestida com capa de tijolo “face à vista”. Deveria ser aplicado um novo capeamento em zinco. No que se refere ao sistema de impermeabilização da cobertura, deveria ser convenientemente dimensionado, devendo as telas ser reforçadas no remate com a platibanda. Seria também vantajoso a aplicação de isolamento térmico na cobertura. Capeamento metálico Godo Tijolo “face à vista” Betão Sistema de impermeabilização Geotêxtil Capa de tijolo “face à vista” 90 Capeamento em zinco Isolamento térmico Capa de tijolo “face à vista” Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Cobertura em Terraço Não Acessível – Infiltrações FICHA 02.5 MANCHAS DE HUMIDADE NO TECTO SOB A COBERTURA COM REVESTIMENTO EM TELA “AUTO-PROTEGIDA” DE UM EDIFÍCIO PALAVRAS-CHAVE: COBERTURA EM TERRAÇO NÃO ACESSÍVEL, TELA “AUTO-PROTEGIDA”, MANCHAS DE HUMIDADE, INFILTRAÇÕES, REMATE COM A PLATIBANDA 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento do tecto da sala de uma habitação, sob a cobertura em terraço não acessível de um edifício de habitação, apresentava manchas de humidade. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da cobertura, tendo-se verificado que o sistema de impermeabilização era constituído por duas telas betuminosas, sendo a última “auto-protegida”. A cobertura apresentava um revestimento em tela “autoprotegida”. Encontrava-se directamente aplicado sobre a camada de forma, não existindo isolamento térmico. A superfície interior da platibanda encontrava-se também revestida com tela, não existindo capeamento. As medidas efectuadas revelaram que o tecto apresentava um teor de humidade elevado. Sistema de impermeabilização Camada de forma CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO As manchas de humidade observadas no tecto da sala sob a cobertura em terraço não acessível deveram-se a infiltrações resultantes da degradação do sistema de impermeabilização da cobertura. Para correcção da patologia seria necessário a seguinte intervenção: O deficiente remate com o contorno, nomeadamente com a platibanda, e a ausência de isolamento térmico poderão, também, ter estado na origem da patologia. − Remoção do revestimento existente; − Correcção das pendentes, caso necessário; − Aplicação de uma barreira pára-vapor e de uma camada de isolamento térmico; − Aplicação de novo sistema de impermeabilização convenientemente dimensionado, podendo a última camada ser “auto-protegida”. O remate com os elementos do contorno e pontos singulares deveria ser convenientemente estudado e pormenorizado. Rufo Sistema de impermeabilização “auto-protegido” Isolamento térmico Geotextil Barreira páravapor Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 91 Cobertura em Terraço Não Acessível – Infiltrações FICHA 02.6 MANCHAS DE HUMIDADE NO TECTO SOB A COBERTURA COM REVESTIMENTO EM GODO DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: COBERTURA EM TERRAÇO NÃO ACESSÍVEL, GODO, MANCHAS DE HUMIDADE, INFILTRAÇÕES, REMATE COM A FACHADA 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento do tecto dos compartimentos, sob a cobertura em terraço não acessível de um edifício de habitação, apresentava manchas de humidade, principalmente, nas zonas sob a ligação da cobertura com a fachada. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da cobertura, tendo-se verificado que foi aplicado isolamento térmico sob a camada de godo. A cobertura em terraço não acessível apresentava um revestimento em godo. As medidas efectuadas revelaram que o tecto e a parede adjacente ao contorno apresentavam um teor de humidade elevado. No remate com a fachada, a tela de impermeabilização terá subido cerca de 0,05 m na superfície vertical, sob o reboco. Godo Isolamento térmico Geotextil Sistema de impermeabilização Camada de forma CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO As manchas de humidade verificadas no tecto dos compartimentos, sob a cobertura em terraço não acessível, resultaram de infiltrações que ocorreram devido ao deficiente tratamento do remate do sistema da impermeabilização da cobertura com a fachada. O remate do sistema de impermeabilização da cobertura com a fachada teria de ser corrigido, sendo necessário: A ausência de uma rufagem no remate contribuiu para a patologia observada. − Aplicar um reforço da tela de impermeabilização no remate com a fachada; − Realizar uma rufagem em zinco na parte superior dessa ligação, devendo o rufo ser fixado mecanicamente ao elemento vertical; − Impermeabilizar a superfície vertical da fachada com argamassa à base de polímeros, armada. Argamassa com polímeros, armada Rufo em zinco Godo Isolamento térmico Geotextil Sistema de impermeabilização Camada de forma Reforço da impermeabilização Godo Isolamento térmico Geotextil Sistema de impermeabilização Camada de forma 92 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 03. COBERTURA EM TERRAÇO ACESSÍVEL Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 93 Cobertura em Terraço Acessível – Deficiente Concepção e Aplicação do Revestimento DEGRADAÇÃO E FISSURAÇÃO DO REVESTIMENTO EM BETONILHA DA COBERTURA EM TERRAÇO DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: COBERTURA EM TERRAÇO ACESSÍVEL, BETONILHA, DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO, FISSURAÇÃO DO REVESTIMENTO, DEFICIENTE CONCEPÇÃO E APLICAÇÃO, JUNTAS FICHA 03.1 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento em betonilha da cobertura em terraço acessível de um edifício de habitação apresentava-se degradado e fissurado. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da cobertura. Tratava-se de uma cobertura do tipo “tradicional”, não tendo sido aplicado isolamento térmico. Verificava-se também a deficiente drenagem das águas pluviais afluentes à cobertura. A protecção superior era constituída por uma betonilha (≅ 0,06 m), aplicada sobre um filme de polietileno. A betonilha não apresentava juntas de fraccionamento, nem de contorno. Verificou-se que o sistema de impermeabilização subiu ligeiramente (cerca de 3 cm) na superfície vertical dos elementos do contorno. Fachada Betonilha Filme de polietileno Sistema de impermeabilização CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO A fissuração do revestimento em betonilha da cobertura em terraço deveu-se à deficiente concepção e aplicação do revestimento, nomeadamente no que se refere à ausência de juntas de fraccionamento e do contorno. Seria necessária a seguinte intervenção: A deficiente drenagem da cobertura (pendentes < 2%) contribuiu, também, para a degradação da betonilha. − Remoção do revestimento, verificação/correcção das pendentes e aplicação de novo sistema de impermeabilização convenientemente dimensionado; − Aplicação de camada de dessolidarização e de isolamento térmico; − Colocação de um filme de polietileno; − Execução de nova camada de betonilha armada. A camada de betonilha deveria ser fraccionada (4 x 4 m2) por juntas preenchidas com um produto impermeável e flexível a eventuais deformações, devendo a armadura ser interrompida nas juntas. Deveria também ser criada uma junta de contorno. − No remate com os elementos do contorno deveria ser aplicada uma tela de reforço e uma rufagem adequada. [40] Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 95 Cobertura em Terraço Acessível – Deficiente Drenagem FICHA 03.2 MANCHAS NO REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS DA COBERTURA EM TERRAÇO DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: COBERTURA EM TERRAÇO ACESSÍVEL, LADRILHOS CERÂMICOS, MANCHAS NO REVESTIMENTO, DEFICIENTE DRENAGEM, RALOS DE PAVIMENTO 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento em ladrilhos cerâmicos da cobertura em terraço acessível de um edifício de habitação apresentava manchas de cor branca. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da cobertura, tendo-se verificado que era do tipo “tradicional”. O revestimento em ladrilhos cerâmicos foi aplicado sobre uma camada de betonilha, não existindo isolamento térmico. Verificou-se também que a cobertura apresentava uma pendente praticamente nula (< 0,5%). Os ralos de recolha das águas pluviais afluentes à cobertura eram em PVC (ver figura). Constatou-se que as manchas de cor branca eram de carbonato de cálcio. A sua remoção era possível com uma solução de ácido clorídrico diluído a 10%. CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO As manchas de cor branca do revestimento da cobertura surgiram devido à formação de carbonato de cálcio resultante da saturação da camada de betonilha da cobertura em terraço. Seria necessário proceder à correcção da configuração do terraço, o que implicaria a remoção do revestimento e das camadas adjacentes. A configuração da cobertura fez com que a betonilha colocada sobre a impermeabilização estivesse permanentemente saturada. A sua secagem ocorreu por difusão através do próprio revestimento. A correcção das saídas de drenagem de águas pluviais seria também fundamental. Os ralos deveriam apresentar um desenvolvimento que não permitisse a saturação da camada de betonilha (ver figura seguinte). As argamassas à base de ligantes hidráulicos contêm cal que é solúvel em água, pelo que, no processo de secagem, essa cal é transportada para a superfície combinando-se com o dióxido de carbono, o que originou a formação de carbonato de cálcio, que originou as manchas observadas. A ligação com o sistema de impermeabilização teria de ser convenientemente estudada e pormenorizada. Ralo de pavimento Camada de forma saturada 96 Impermeabilização Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Cobertura em Terraço Acessível – Infiltrações MANCHAS DE HUMIDADE NA BASE DAS PAREDES ADJACENTES À COBERTURA EM TERRAÇO DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: COBERTURA EM TERRAÇO ACESSÍVEL, TIJOLO “FACE À VISTA”, MANCHAS DE HUMIDADE, INFILTRAÇÕES, REMATE COM A FACHADA FICHA 03.3 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento da superfície interior das paredes adjacentes à cobertura em terraço acessível de um edifício de habitação apresentava manchas de humidade. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da cobertura e da fachada, tendo-se verificado que: As fachadas eram em tijolo “face à vista”. − A cobertura era do tipo invertido, com revestimento em lajetas, aplicadas sobre isolamento térmico; − As paredes eram duplas, sendo o pano exterior em tijolo “face à vista”; − A tela de impermeabilização dobrou cerca de 2-4 cm na superfície vertical da fachada; − Na base da parede existiam drenagem/ventilação da caixa de ar. orifícios para CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO As manchas de humidade verificadas no revestimento da base das paredes resultaram de infiltrações que ocorreram devido: Para tratamento da patologia seria necessário proceder à correcção do remate do sistema de impermeabilização da cobertura em terraço com a fachada. − Ao deficiente remate do sistema de impermeabilização da cobertura em terraço com a fachada, nomeadamente o facto de a tela apenas ter subido alguns centímetros na face exterior da parede em tijolo “face à vista”; − Ao deficiente tratamento da base da parede, nomeadamente a inexistência de uma impermeabilização adequada; − À inexistência de um corte hídrico adequado. O remate deveria ser realizado ao nível da superfície vertical do pano interior da parede (ver figura), devendo ser garantida a continuidade do corte hídrico materializado pelo espaço de ar. O sistema de impermeabilização do terraço teria de ser reforçado, pelo menos, numa banda de 1 m em todo o contorno. Este procedimento obrigaria à desmontagem do pano exterior da parede por troços. Reforço da impermeabilização Lajetas Isolamento térmico Geotextil Sistema de impermeabilização Camada de forma Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Lajetas Isolamento térmico Geotextil Sistema de impermeabilização Camada de forma 97 Cobertura em Terraço Acessível – Infiltrações DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO EM MADEIRA DO PAVIMENTO ADJACENTE À COBERTURA EM TERRAÇO DE UM EDIFÍCIO PALAVRAS-CHAVE: FICHA 03.4 COBERTURA EM TERRAÇO ACESSÍVEL, MADEIRA, DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO, INFILTRAÇÕES, REMATE COM A SOLEIRA 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento em madeira do pavimento adjacente à porta-janela de acesso à cobertura em terraço acessível de um edifício de habitação apresentava-se empolado e descolado do suporte. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da cobertura, tendo-se verificado que era do tipo “invertido”, com revestimento em lajetas aplicadas sobre o isolamento térmico. A cobertura em terraço era do tipo “invertido”, com revestimento em lajetas. No remate com a soleira, o sistema de impermeabilização terminou ao nível da base do lintel de suporte, não tendo revestido a superfície vertical. CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO O empolamento e descolamento do revestimento em madeira do pavimento adjacente à cobertura em terraço deveu-se à ocorrência de infiltrações resultantes do deficiente remate da tela de impermeabilização da cobertura com a soleira da porta-janela de acesso ao terraço. Para tratamento da patologia seria necessário proceder à correcção do remate do sistema de impermeabilização da cobertura em terraço com a soleira, devendo ser realizado de acordo com o princípio definido na figura seguinte. Note-se que o sistema de impermeabilização rematou ao nível da base do lintel de suporte onde se encontrava aplicada a soleira. O sistema de impermeabilização do terraço teria de ser reforçado, pelo menos, numa banda de 1 m em todo o contorno adjacente ao vão. A remoção da caixilharia e da soleira e a impermeabilização do contorno com uma argamassa à base de polímeros seria também necessária. Reforço da impermeabilização Soleira Lajetas Isolamento térmico Geotextil Sistema de impermeabilização Camada de forma 98 Argamassa com polímeros Mastique Lajetas Isolamento térmico Geotextil Sistema de impermeabilização Camada de forma Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Cobertura em Terraço Acessível – Infiltrações FICHA 03.5 MANCHAS DE HUMIDADE NO PAVIMENTO ADJACENTE À COBERTURA EM TERRAÇO DE UM EDIFIÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: COBERTURA EM TERRAÇO ACESSÍVEL, LADRILHOS CERÂMICOS, MANCHAS DE HUMIDADE, INFILTRAÇÕES, REMATE COM A SOLEIRA 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O pavimento adjacente à porta-janela de acesso à cobertura em terraço acessível de um edifício de habitação apresentava manchas de humidade. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da cobertura e da ligação da impermeabilização com a soleira da porta-janela. Nas zonas em que se procedeu à realização de sondagens foi possível observar a acumulação de água no interior. A cobertura apresentava um revestimento em ladrilhos cerâmicos, aplicados sobre uma camada de betonilha. No remate com a soleira, a tela de impermeabilização apresentava a configuração definida na figura seguinte. Soleira Ladrilhos cerâmicos Betonilha Filme de polietileno Sistema de impermeabilização CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO As manchas de humidade verificadas no pavimento adjacente à cobertura resultaram de infiltrações que ocorreram devido à deficiente concepção/execução do remate da impermeabilização com a soleira da porta-janela de acesso ao terraço, nomeadamente no que se refere à aplicação da tela sob a soleira e à configuração da própria soleira. Seria necessário proceder à correcção do remate do sistema de impermeabilização do terraço com a soleira da porta-janela, o que implicaria a remoção da soleira e da caixilharia. A soleira deveria também ser substituída por novo elemento em pedra com configuração adequada. Reforço da impermeabilização Soleira Ladrilhos cerâmicos Betonilha Filme de polietileno Sistema de impermeabilização Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Argamassa com polímeros Junta do contorno Mastique Ladrilhos cerâmicos Betonilha Filme de polietileno Isolamento térmico Sistema de impermeabilização 99 Cobertura em Terraço Acessível – Infiltrações FICHA 03.6 MANCHAS DE HUMIDADE NO TECTO DA CAVE SOB A JUNTA DE DILATAÇÃO DA COBERTURA EM TERRAÇO DE UM EDIFÍCIO PALAVRAS-CHAVE: COBERTURA EM TERRAÇO ACESSÍVEL, LADRILHOS CERÂMICOS, MANCHAS DE HUMIDADE, INFILTRAÇÕES 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento do tecto da Cave sob a cobertura em terraço acessível de um edifício de habitação apresentava manchas de humidade e escorrências, na zona sob a junta de dilatação horizontal. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da cobertura em zona corrente e ao nível da junta de dilatação. A cobertura apresentava um revestimento em ladrilhos cerâmicos. A cobertura era do tipo tradicional, com revestimento em ladrilhos cerâmicos, não tendo sido aplicado isolamento térmico. A junta de dilatação localizava-se sob o murete de separação dos terraços, constituído por alvenaria de tijolo vazado, com revestimento em capa de tijolo “face à vista” e capeamento em pedra. A impermeabilização do terraço rematava ao nível da base do murete. CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO As manchas de humidade e escorrências observadas no tecto da Cave deveram-se a infiltrações resultantes da deficiente configuração e tratamento da junta de dilatação. Seria necessário proceder à correcção do remate do sistema de impermeabilização da cobertura em terraço com a junta de dilatação e ao tratamento da própria junta, o que obrigaria à demolição do murete existente sobre a junta. A fissuração do murete localizado sobre a junta e o deficiente remate da impermeabilização do terraço estiveram também na origem do problema observado. Preferencialmente, deveria ser substituído por um elemento em betão (ver figura). No remate do sistema de impermeabilização da cobertura com o murete deveria ser aplicado um rufo em zinco. Capeamento em zin co Capeamento em pedra Mastique Tijolo vazado Junta de dilatação Argamassa com polímeros, armada Junta do contorno Impermeabilização 100 Cordão de poliuretano Rufo em zinco Reforço da impermeabilização Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 04. COBERTURA EM TERRAÇO-JARDIM Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 101 Cobertura em Terraço-Jardim – Infiltrações FICHA 04.1 MANCHAS DE HUMIDADE NO TECTO SOB A COBERTURA EM TERRAÇO-JARDIM DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: COBERTURA EM TERRAÇO-JARDIM, MANCHAS DE HUMIDADE, INFILTRAÇÕES, REMATE COM OS ELEMENTOS DO CONTORNO 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento do tecto da Cave, sob a cobertura em terraço-jardim de um edifício de habitação, apresentava manchas de humidade. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da cobertura em terraço-jardim e a configuração do remate com os elementos do contorno. Verificou-se que o sistema de impermeabilização era constituído por telas betuminosas que subiam na guarda da cobertura cerca de 10 cm, abaixo do nível da terra. As guardas da cobertura eram em betão. Terra vegetal Geotextil Camada drenante Impermeabilização CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO As manchas de humidade observadas no tecto da Cave, sob a cobertura em terraço-jardim, deveram-se à deficiente configuração do remate do sistema de impermeabilização da cobertura com as guardas e ao envelhecimento prematuro do sistema de impermeabilização. Tendo em atenção a idade do edifício, seria necessário realizar a seguinte intervenção: − Remoção da terra vegetal; − Substituição do sistema de impermeabilização da cobertura por um sistema convenientemente dimensionado; − Aplicação de uma camada de isolamento térmico sobre a impermabilização; − Colocação de uma camada drenante constituída, por exemplo, por argila expandida, envolvida em geotextil; − Aplicação no contorno de uma manta drenante constituida por geotextil e fibras de poliamida. O remate com os elementos do contorno deveria ser corrigido, devendo ser convenientemente estudado e pormenorizado. Rufo Terra vegetal Manta drenante Terra vegetal Geotextil Geotextil Camada drenante Camada drenante Impermeabilização Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Impermeabilização 103 05. PAREDE EXTERIOR Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 105 Parede Exterior – Condensações Superficiais MANCHAS DE BOLOR NAS PAREDES DA INSTALAÇÃO SANITÁRIA DE UMA HABITAÇÃO UNIFAMILIAR PALAVRAS-CHAVE: PAREDE EXTERIOR, MANCHAS DE BOLOR, CONDENSAÇÕES SUPERFICIAIS, VENTILAÇÃO, AQUECIMENTO FICHA 05.1 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento interior das paredes da instalação sanitária de uma habitação apresentava manchas de bolor acentuadas, principalmente junto à ligação parede exterior/tecto. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração das paredes exteriores, tendo-se verificado que eram constituídas por alvenaria dupla de tijolo vazado, com isolamento térmico preenchendo parcialmente a caixa de ar. A instalação sanitária não dispunha de um sistema de ventilação permanente, apenas existindo uma janela. As pontes térmicas (topo de laje, vigas e pilares) foram tratadas. Procedeu-se à medição da temperatura e humidade relativa do ar e do caudal de ventilação da instalação sanitária em análise. Verificou-se que o caudal de ventilação era muito reduzido pelo facto dos utilizadores não abrirem a janela da instalação sanitária, no período de Inverno. Por outro lado, não havia um aquecimento adequado do espaço. CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO As manchas de bolor surgiram devido ao fenómeno de condensações superficiais que ocorreu nas paredes da instalação sanitária, devido, principalmente, à ventilação insuficiente do compartimento. A minimização do problema do desenvolvimento de manchas de bolor nas paredes da instalação sanitária, devido ao fenómeno de condensações superficiais, passaria pela criação de um sistema de extracção permanente do compartimento e pelo reforço do aquecimento. Na envolvente das habitações, este fenómeno ocorre quando se verificam uma ou mais das seguintes condições: − Ausência de aquecimento do ambiente interior ou aquecimento insuficiente e intermitente; − Deficiente isolamento térmico da envolvente; − Produção de vapor de água no habitação/compartimento significativa; interior da − Ventilação insuficiente; − Higroscopicidade interiores. inadequada dos revestimentos Na instalação sanitária deveria ser aplicado um dispositivo de extracção natural ou mecânica que garantisse um caudal de 60 m3/h, em contínuo. O aquecimento do interior da habitação deveria garantir uma temperatura média no interior superior a 20 ºC. A limpeza das superfícies com bolores passaria pela lavagem esterilizante com uma solução a 10% de hipoclorito de sódio e pela aplicação de um produto fungicida, a remover antes da pintura da superfície com um revestimento idêntico ao actual. Os esporos que existem no ar desenvolvem-se sempre que sejam criadas condições favoráveis, em particular uma temperatura e humidade relativa elevada. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 107 Parede Exterior – Condensações Superficiais MANCHAS DE BOLOR NAS PAREDES DOS QUARTOS DE UMA HABITAÇÃO UNIFAMILIAR PALAVRAS-CHAVE: FICHA 05.2 PAREDE EXTERIOR, MANCHAS DE BOLOR, CONDENSAÇÕES SUPERFICIAIS, VENTILAÇÃO, AQUECIMENTO, ISOLAMENTO TÉRMICO 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS A superfície interior da fachada dos quartos de uma habitação unifamiliar apresentava manchas de bolor acentuadas. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração das paredes exteriores, tendo-se verificado que eram constituídas por alvenaria simples de tijolo vazado, sem isolamento térmico. A habitação não dispunha de um sistema de ventilação permanente, apenas existindo dispositivos de exaustão na cozinha e de extracção natural nas instalações sanitárias. As pontes térmicas, nomeadamente topos de laje, pilares e vigas não foram tratadas. Efectuou-se a medição da temperatura e humidade relativa do ar e do caudal de ventilação dos quartos em análise. Verificou-se que a ventilação era insuficiente, bem como não havia um aquecimento adequado da habitação. Pintura Reboco Tijolo vazado CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO As manchas de bolor surgiram devido ao fenómeno de condensações superficiais que ocorreu na superfície interior da fachada, resultante, principalmente, da ausência de isolamento térmico e da ventilação insuficiente da habitação. A minimização do problema do desenvolvimento de manchas de bolor nas paredes dos quartos, devido ao fenómeno de condensações superficiais, passaria pelo isolamento térmico da fachada, pela criação de um sistema de ventilação geral e permanente e pelo reforço do aquecimento da habitação. Na envolvente das habitações, este fenómeno ocorre quando se verificam uma ou mais das seguintes condições: − Ausência de aquecimento do ambiente interior ou aquecimento insuficiente e intermitente; − Deficiente isolamento térmico da envolvente; − Produção de vapor de água no interior da habitação/compartimento significativa; − Ventilação insuficiente; − Higroscopicidade inadequada dos revestimentos interiores. Os esporos que existem no ar desenvolvem-se sempre que se verifique uma temperatura e humidade adequada. Poderia optar-se pela aplicação de um sistema de isolamento térmico pelo exterior, do tipo ETICS, ou recorrer a uma solução de fachada “ventilada”. Em alternativa, poderia proceder-se ao isolamento térmico da fachada pelo interior. No que se refere ao sistema de ventilação a instalar na habitação, as entradas de ar deveriam ser localizadas nas salas e nos quartos, sendo, preferencialmente, auto-reguláveis e com tratamento acústico adequado. Os dispositivos existentes nas instalações sanitárias deveriam ser ajustados de forma a garantirem um caudal de 60 m3/h, em contínuo. O aquecimento do interior da habitação deveria garantir uma temperatura média de pelo menos 18 ºC. ISOLAMENTO PELO INTERIOR Ti=18ºC A’ ISOLAMENTO PELO EXTERIOR - ETICS Te<4ºC HR=75% A Tsi<Tpo Tpo 108 [107] Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Parede Exterior – Corrosão das Armaduras FICHA 05.3 DESTACAMENTO DO BETÃO DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: PAREDE EXTERIOR, DESTACAMENTO DO BETÃO, CORROSÃO DAS ARMADURAS, PROTECÇÃO DAS ARMADURAS, REGENERAÇÃO DO BETÃO 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O betão das fachadas de um edifício de habitação apresentava-se degradado, sendo visíveis destacamentos pontuais e armaduras expostas, com um elevado nível de corrosão. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração das fachadas, tendo-se verificado que se tratavam de paredes em betão com 0,25 m de espessura, pintadas, não tendo sido aplicado isolamento térmico. O edifício localizava-se junto ao mar. Procedeu-se à recolha de amostras em fachadas com diferentes orientações e à realização de ensaios para caracterizar o estado de conservação do betão, que consistiram na determinação da profundidade de carbonatação e na avaliação do teor em cloretos e sulfatos totais do betão. Verificou-se que o betão apresentava carbonatação elevada até ao nível das armaduras, bem como foi observada a existência de zonas extensas de cristais de calcite resultantes do processo de carbonatação. CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO O destacamento do betão resultou da expansão provocada pela corrosão das armaduras. A corrosão é o resultado de fenómenos electro-químicos que transformam o ferro em hidróxido de ferro. No caso em estudo, as principais causas do processo de corrosão terão sido: Teria de ser realizada a seguinte intervenção: − A carbonatação do betão, ou seja, a perda de alcalinidade no processo de neutralização, por acção principalmente do CO2 que transforma os compostos do cimento em carbonatos, e que resultou da diminuição do pH do betão, o que conduziu à destruição da película “passivante” que protegia as armaduras, dando origem à reacção electroquímica que conduz à oxidação do aço; − A deficiente espessura da camada de protecção que envolvia as armaduras e a qualidade do betão que condiciona a velocidade de penetração do CO2; − A elevada concentração de cloretos, dada a localização do edifício num ambiente marinho. Armadura Frente de carbonatação − Eliminação do betão degradado e limpeza da superfície; − Reparação das armaduras: ⋅ Decapagem e reposição das secções de armadura; ⋅ Protecção das armaduras aplicando uma barreira estanque constituída por uma resina epoxídica sem solventes (anticorrosão) e uma protecção “passivante”, constituída por uma argamassa à base de ligantes hidráulicos com adjuvantes inibidores de corrosão; − Reconstituição do betão; − Aplicação de um revestimento de protecção constituído por uma impermeabilização com argamassa à base de polímeros, associada a uma pintura ou a um revestimento cerâmico. Neste caso, a aplicação de um sistema de isolamento térmico pelo exterior iria melhorar substancialmente o conforto térmico dos fogos. FACHADA “VENTILADA” ETICS Isolamento pelo exterior Meio exterior húmido e agressivo [7] Frente atinge a armadura, Inicia-se o processo de originando a sua corrosão das armaduras, “despassivação” surgindo as primeiras “fissuras” Oxidação do aço, originando as forças expansivas que levam ao destacamento do betão de recobrimento Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 109 Parede Exterior – Deficiente Aderência do Revestimento DESTACAMENTO DO REVESTIMENTO EM MONOMASSA DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: FICHA 05.4 PAREDE EXTERIOR, MONOMASSA, DEFICIENTE ADERÊNCIA DO REVESTIMENTO, DESTACAMENTO DO REVESTIMENTO, REBOCO ARMADO 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento em monomassa da fachada de um edifício de habitação apresentava-se destacado pontualmente, principalmente, na ligação entre a platibanda e o topo da laje, na padieira dos vãos e junto aos cunhais. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da fachada, tendo-se verificado que eram constituídas por alvenaria dupla de tijolo vazado (0,11 m+ 0,11 m), com caixa de ar intermédia. A platibanda era constituída por alvenaria de tijolo vazado, travada pontualmente por “pilaretes” em betão. Procedeu-se à realização de ensaios de arrancamento por tracção “in situ” do revestimento em monomassa, tendo-se obtido uma tensão de arrancamento variável, inferior a 0,15 MPa, na generalidade dos casos. Foram recolhidas amostras e realizados ensaios de capilaridade da monomassa, em laboratório, tendo-se obtido valores correspondentes aos indicados no documento de homologação do produto aplicado. A recolha de amostras permitiu verificar que a espessura do revestimento não era uniforme, sendo muito reduzida em alguns dos casos. Zona de corte F Pastilha metálica CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO O destacamento do revestimento em monomassa das paredes exteriores pode ter origem nos seguintes factores: Para tratamento da patologia seria necessário proceder à seguinte intervenção: − Inadequação do tipo de revestimento ao tipo de suporte; − Demolição do revestimento em monomassa; − Condições de aplicação incorrectas; − Verificação da estabilidade da parede; − Defeitos do suporte, devido a erros de concepção ou de execução. − Tratamento das fissuras do suporte; No caso em estudo, as principais causas do problema observado terão sido: − A configuração do suporte, principalmente no que se refere à esbelteza do pano exterior, propenso à fissuração; − O tipo de monomassa aplicada, que apresentava uma resistência à tracção baixa; − A insuficiente espessura do revestimento e a não uniformidade dessa espessura; − Aplicação de um reboco com argamassa à base de polímeros, armado com rede de fibra de vidro; − Aplicação do revestimento em monomassa, devendo obedecer-se às especificações do documento de homologação do produto. Preferncialmente, a monomassa deveria ser substituída por um sistema de isoalemnto térmico pelo exterior do tipo ETICS ou fachada “ventilada”. Isolamento Térmico pelo Exterior − A inexistência de redes de fibra de vidro de reforço nos pontos singulares. Reboco armado RPE 110 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Parede Exterior – Deficiente Concepção e Aplicação do Revestimento DESTACAMENTO PONTUAL DO REVESTIMENTO EM PLACAS DE XISTO DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE SERVIÇOS PALAVRAS-CHAVE: PAREDE EXTERIOR, PLACAS DE XISTO, DESTACAMENTO DO REVESTIMENTO, DEFICIENTE APLICAÇÃO, FIXAÇÃO MECÂNICA COMPLEMENTAR FICHA 05.5 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento em placas de xisto da fachada do R/Chão de um edifício de serviços apresentava-se descolado pontualmente, tendo-se verificado a queda de algumas das placas. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da parede, tendo-se verificado que as placas de xisto foram fixas ao suporte através de uma argamassa de colagem. As placas de xisto, com 2,5 cm de espessura, apresentavam dimensões da ordem de 60 × 60 cm2, tendo sido coladas directamente ao suporte. Argamassa de colagem Placas de xisto Suporte CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO O descolamento e destacamento pontual do revestimento em xisto das fachadas deveu-se ao processo de colagem da pedra. As placas aplicadas apresentavam um peso e dimensões superiores às mínimas admissíveis para este tipo de fixação. Tendo em atenção o carácter pontual do problema e que o revestimento em placas de xisto apenas foi aplicado ao nível do R/Chão da fachada, seria admissível a realização de uma fixação mecânica complementar ao sistema de colagem existente. Além disso, as próprias variações dimensionais de carácter térmico tornam difícil a colagem em fachadas de placas de xisto com elevada dimensão, nomeadamente: No mínimo teriam de ser aplicadas duas buchas por placa, convenientemente dimensionadas e adequadas ao suporte. − A temperatura que a face exterior de uma parede (tse) pode atingir é dada, aproximadamente, pela seguinte expressão: t se =t e + α ⋅R s h [ º C] e Neste caso, a cor escura do xisto aplicado faz com que as superfícies possam atingir temperaturas da ordem dos 60 ºC. − Por outro lado, o coeficiente de dilatação térmica linear seria de cerca de 8 × 10-6 ºC-1, o que conduziu a variações dimensionais da ordem de 0,5 mm/m (para variações de temperatura de 60 ºC). Estas variações dimensionais provocaram esforços de corte nas interfaces de colagem das placas e esforços de compressão nas juntas entre placas, que por sua vez se traduziram em esforços de arrancamento que podem ter levado ao destacamento dessas mesmas placas. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 111 Parede Exterior – Deficiente Concepção e Aplicação do Revestimento FISSURAÇÃO DO REBOCO DELGADO DO SISTEMA ETICS DE REVESTIMENTO DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: FICHA 05.6 PAREDE EXTERIOR, ETICS, FISSURAÇÃO DO REBOCO DELGADO, DEFICIENTE CONCEPÇÃO E APLICAÇÃO DO REVESTIMENTO, PERFIL DE ARRANQUE 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O reboco delgado do sistema de isolamento térmico pelo exterior do tipo ETICS aplicado na fachada de um edifício de habitação apresentava fissuração em correspondência com as juntas entre perfis de arranque e entre estes perfis e o suporte. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração do sistema ETICS na zona de arranque, tendo-se verificado que: − Os perfis de arranque do sistema encontravam-se fixos mecanicamente ao topo da laje em consola; − Eram constituídos por elementos em aço inoxidável; − Encontravam-se colocados topo a topo, não existindo folgas na ligação entre perfis. Suporte ETICS Perfil de arranque CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO A fissuração do reboco delgado do sistema ETICS deveu-se principalmente: Para tratamento da patologia observada seria necessário proceder à correcção do remate do reboco na ligação entre o perfil de arranque do sistema ETICS e a base do corpo em consola. − À deficiente execução das juntas de ligação entre perfis; − Ao deficiente remate do reboco armado e a base do corpo em consola. O reboco armado deveria contornar o perfil (ver figura). Suporte ETICS Rebo co armado 112 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Parede Exterior – Deficiente Concepção e Aplicação do Revestimento MANCHAS ASSOCIADAS AO DESENVOLVIMENTO DE MICROORGANISMOS NO SISTEMA ETICS PALAVRAS-CHAVE: PAREDE EXTERIOR, ETICS, MANCHAS NO REVESTIMENTO, DEFICIENTE CONCEPÇÃO E APLICAÇÃO DO REVESTIMENTO, PORMENORIZAÇÃO CONSTRUTIVA, BIOCIDAS FICHA 05.7 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O sistema de isolamento térmico do tipo ETICS aplicado nas fachadas de um edifício de habitação colectiva apresentava manchas associadas ao desenvolvimento de microorganismos (algas e líquenes). Realizaram-se ensaios, tendo-se verificado que as algas eram autotróficas, ou seja, produziam o alimento de que necessitavam. O carbono celular era produzido em fotossíntese com a luz, utilizando o dióxido de carbono do ar ou da água. O fenómeno verificava-se com maior intensidade nas fachadas do edifício voltadas a noroeste. Note-se que as algas não destruíam o suporte por não extraírem dele nenhuma substância nutritiva. Além disso, ao contrário de outros organismos, não possuíam raízes de modo a penetrarem no suporte. CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO O desenvolvimento de microorganismos, tais como algas e líquenes, sobre as fachadas com revestimento em ETICS, apenas ocorre quando se verifica a presença de água em quantidade suficiente. A presença de vegetação próxima e a textura do revestimento são também condicionantes. O risco de desenvolvimento de microorganismos poderia ter sido parcialmente reduzido através de opções arquitectónicas ou de pormenorização construtiva que permitissem diminuir a quantidade de água que escorria ao longo das fachadas. Tal como é corrente em edifícios com isolamento térmico pelo exterior do tipo ETICS, verificou-se uma maior colonização destes microorganismos em fachadas orientadas a Norte ou a Poente, onde tinham à disposição a luz necessária e em que existia humidade em quantidade suficiente, resultante quer do fenómeno de condensação da superfície exterior, que ocorreu durante o período nocturno e cuja secagem é mais difícil a Norte e a Poente, quer das escorrências que ocorreram ao longo da fachada. Por exemplo, a configuração dos peitoris não era a mais adequada por permitir que ocorressem escorrências laterais, bem como os capeamentos não apresentavam uma inclinação para o interior, permitindo a ocorrência de escorrências na fachada. A aplicação de um produto biocida sobre o revestimento final seria vantajosa. Note-se que, no entanto, os produtos algicidas ou fungicidas têm uma durabilidade limitada (5 a 7 anos), sendo necessária uma correcta manutenção do sistema. Caso tivesse sido aplicado um produto biocida sobre o revestimento final (ou mesmo incorporado neste) poderia ter sido minorado o desenvolvimento dos microorganismos. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 113 Parede Exterior – Deformação do Suporte FICHA 05.8 FISSURAÇÃO DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO, APOIADA NUMA LAJE EM CONSOLA PALAVRAS-CHAVE: PAREDE EXTERIOR, TIJOLO VAZADO, CORPO EM CONSOLA, FISSURAÇÃO DA ALVENARIA, DEFORMAÇÃO DO SUPORTE, ESTABILIDADE DO SUPORTE, ISOLAMENTO TÉRMICO 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS A fachada de um edifício de habitação apresentava-se fissurada, tendo a fissuração um desenvolvimento diagonal. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da fachada, tendo-se verificado que era constituída por alvenaria dupla de tijolo vazado (0,11 m+ 0,15 m), sem isolamento térmico. A superfície exterior encontrava-se rebocada e revestida com “pastilha” cerâmica. A parede encontrava-se apoiada em elementos estruturais em consola. Procedeu-se à avaliação da evolução das fissuras, através da realização de medições e registos periódicos com um extensómetro mecânico. Verificou-se que as fissuras se encontravam instáveis. CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO A fissuração, com desenvolvimento diagonal, observada na fachada resultou da deformação excessiva da laje em consola em que se encontrava apoiada a parede de alvenaria. De forma a minorar a deformação do corpo em consola, seria necessário realizar uma travação complementar, através, por exemplo, da realização de tirantes passivos ou activos, o que obrigaria a um estudo arquitectónico e estrutural rigoroso. Do ponto de vista regulamentar, a prevenção da fissuração das paredes, por deformação excessiva do suporte, é feita pela limitação da relação entre a flecha e o vão (livre ou equivalente). No entanto, de acordo com estudos experimentais realizados, verifica-se que, mesmo que as lajes sejam calculadas de acordo com a regulamentação portuguesa em vigor, dificilmente apresentam uma rigidez suficiente para que as deformações a longo prazo sejam suficientemente pequenas para evitar a fissuração das alvenarias. A substituição do revestimento existente por um revestimento dessolidarizado do suporte, por exemplo, do tipo reboco delgado armado, aplicado sobre isolamento térmico (ETICS) ou revestimento descontínuo, do tipo fachada “ventilada”, traria vantagens em termos de eficácia e durabilidade. FACHADA “VENTILADA” ETICS Isolamento pelo exterior [95] 114 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Parede Exterior – Deformação do Suporte FICHA 05.9 DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO EM “PASTILHA” CERÂMICA DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: PAREDE EXTERIOR, “PASTILHA” CERÂMICA, DEFORMAÇÃO DO SUPORTE, DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO, ESTABILIDADE DO SUPORTE, SELECÇÃO DO CIMENTO-COLA 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento em “pastilha” cerâmica da fachada de um edifício de habitação apresentava-se fissurado, tendo ocorrido o empolamento e o descolamento pontual da “pastilha”. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da fachada, tendo-se verificado que: A patologia ocorreu principalmente junto às zonas de maior rigidez da viga de bordadura, que se encontrava parcialmente em consola e tinha um desenvolvimento curvo. − Era constituída por parede dupla em alvenaria de tijolo vazado (0,11 m+ 0,20 m), com isolamento térmico na caixa-de-ar; − No topo das lajes foram aplicados painéis de aparas de madeira (0,025 m); − A parede encontrava-se apoiada numa viga de bordadura parcialmente em consola e com um desenvolvimento curvo; − O revestimento foi colado ao suporte com argamassa de colagem; − Não foram executadas juntas de fraccionamento. Tijolo vazado Isolamento térmico “Pastilha” cerâmica Painéis de aparas de madeira CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO O descolamento do revestimento em “pastilha” cerâmica da fachada teve origem nos seguintes factores: Seria necessário proceder à seguinte intervenção: − Deformabilidade do suporte da alvenaria, nomeadamente na excessiva deformabilidade das vigas de bordadura que suportavam as alvenarias ao nível de cada piso (corpo em consola e com desenvolvimento curvo); − Escolha inadequada do produto de colagem. Deveriam ter sido utilizadas colas de elevada resistência e deformabilidade, devido ao facto da fachada ter um desenvolvimento curvo; − Aplicação de painéis de aparas de madeira; − Aderência insuficiente entre camadas do sistema de revestimento; − Inexistência de juntas de fraccionamento. Refira-se, ainda, que a resistência das argamassas de colagem pode ter sido significativamente afectada pela humidade, devido a infiltrações através das fissuras. − Remoção dos painéis de aparas de madeira do topo das lajes; − Reforço da estabilidade do suporte através da realização de tirantes passivos ou activos; − Aplicação de nova “pastilha” cerâmica, tendo em atenção os seguintes aspectos: ⋅ Deveria realizar-se a impermeabilização do suporte com argamassa à base de polímeros, armada; ⋅ As juntas deveriam ser preenchidas por um produto flexível (módulo de elasticidade < 8000 MPa); ⋅ Deveriam ser criadas juntas de fraccionamento (> 6 mm) e juntas em correspondência com as juntas de dilatação; ⋅ O cimento-cola deveria ser criteriosamente escolhido em função das características do revestimento e do suporte (ver quadro seguinte). REVESTIMENTO NATUREZA Mosaico em pasta de vidro ou porcelâmico S ≤ 231 Azulejos em terracota S ≤ 300 (15 × 15) Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Ladrilhos plenamente vitrificados H≤ 6 m 6 m < H ≤ 28 m C2 ou C2S C2S S ≤ 50 Plaquetas murais em terracota Ladrilhos extrudidos ou prensados, excepto os plenamente vitrificados [95] ALTURA DA FACHA DA ÀREA (cm²) S ≤ 2000 (40 × 40) 2000 < S ≤ 3600 (60 × 60) C2S S ≤ 2000 (40 × 40) C2S [13] 115 Parede Exterior – Eflorescências MANCHAS NO REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: FICHA 05.10 PAREDE EXTERIOR, LADRILHOS CERÂMICOS, MANCHAS NO REVESTIMENTO, EFLORESCÊNCIAS 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento em ladrilhos cerâmicos da fachada de um edifício de habitação apresentava manchas de cor branca, distribuídas de forma aleatória. Realizaram-se de sondagens para analisar a configuração da fachada, tendo-se verificado que: − Era constituída por paredes duplas em alvenaria de tijolo vazado, sem isolamento térmico, tendo pano exterior uma espessura de 0,11 m; − A fachada encontrava-se apoiada em lajes em consola; − O revestimento exterior em ladrilhos cerâmicos encontrava-se colado sobre um reboco à base de ligantes hidraúlicos. Através da inspecção visual do suporte, observou-se que se encontrava pontualmente fissurado e que o revestimento em ladrilhos cerâmicos se encontrava descolado. Constatou-se que as manchas de cor branca eram de carbonato de cálcio. A sua remoção era possível com uma solução de ácido clorídrico diluído a 10%. CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO As manchas de cor branca do revestimento em ladrilhos cerâmicos da fachada surgiram devido à formação de carbonato de cálcio. Para tratamento da patologia observada seria necessário proceder ao tratamento da fissuração da alvenaria, de forma a evitar a humidificação do suporte. As infiltrações ocorreram através do revestimento que se encontrava pontualmente descolado e da própria alvenaria que se encontrava fissurada. Caso as fissuras se encontrassem estáveis, deveriam ser tratadas e preenchidas com material elástico (mastique). As argamassas à base de ligantes hidráulicos contêm cal que é solúvel em água, pelo que, no processo de secagem, essa cal é transportada para a superfície combinando-se com o dióxido de carbono, o que originou a formação de carbonato de cálcio, que constituía as manchas observadas. 116 O suporte deveria ser impermeabilizado com argamassa à base de polímeros, armada com rede de fibra de vidro, o que implicaria a remoção global do revestimento em ladrilhos cerâmicos. Para remoção das manchas existentes teria de se proceder à lavagem da superfície com uma solução de ácido clorídrico diluído a 10%, após escovagem. No entanto, esta intervenção não impede o aparecimento de novas manchas. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Parede Exterior – Eflorescências FICHA 05.11 MANCHAS NA FACHADA EM GRANITO DE UMA HABITAÇÃO UNIFAMILIAR PALAVRAS-CHAVE: PAREDE EXTERIOR, GRANITO, MANCHAS NO REVESTIMENTO, EFLORESCÊNCIAS, CAIXA DE AR, REPELENTE DE ÀGUA, CAPEAMENTO 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS A fachada em alvenaria de granito de uma habitação unifamiliar apresentava manchas de cor branca, principalmente, nas superfícies adjacentes às juntas da alvenaria de granito. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da fachada, tendo-se verificado que era constituída por uma parede dupla, sendo o pano exterior em alvenaria de granito e o pano interior em tijolo vazado. O pano exterior da alvenaria de tijolo vazado encontrava-se rebocado. Os blocos de granito foram assentes com argamassa. O topo da parede de granito não apresentava capeamento. Tijolo vazado Granito Argamassa CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO As manchas de cor branca da fachada em granito surgiram devido à formação de carbonato de cálcio resultante da saturação da argamassa de assentamento dos blocos de granito e do reboco da alvenaria de tijolo vazado. Para resolução do problema observado seria necessário criar uma caixa de ar entre a alvenaria de granito a parede de tijolo vazado, o que obrigaria à remoção e recolocação dos blocos de granito. O capeamento do topo da parede seria também fundamental. As infiltrações e consequente saturação das juntas e do reboco ocorreram através do topo da parede que não apresentava capeamento e das próprias juntas. As argamassas à base de ligantes hidráulicos contêm cal que é solúvel em água, pelo que, no processo de secagem, essa cal é transportada para a superfície combinando-se com o dióxido de carbono, o que originou a formação de carbonato de cálcio, que constituía as manchas observadas. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Em alternativa, de modo a minimizar a patologia teria de se aplicar um novo capeamento em zinco na fachada e proceder à aplicação de um repelente de água na alvenaria de granito. 117 Parede Exterior – Expansão Higrotérmica FICHA 05.12 DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: PAREDE EXTERIOR, LADRILHOS CERÂMICOS, EXPANSÃO HIGROTÉRMICA, DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO, SELECÇÃO DE CIMENTO-COLA, JUNTAS 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento em ladrilhos cerâmicos da fachada de um edifício de habitação apresentava-se descolado, tendo-se observado o empolamento e o destacamento dos ladrilhos em extensas áreas da fachada, de uma forma aleatória. Procedeu-se à caracterização dos ladrilhos cerâmicos aplicados, através da realização de ensaios para determinação da “expansão por humidade dos ladrilhos” (EN ISO 10 54510) e de “análise dilatométrica” (Norma EN 103). Os ladrilhos cerâmicos foram colados ao reboco com cimento-cola, sendo as juntas entre os elementos tomadas. Foram obtidos valores de expansão máxima devida à humidade de cerca de 0,4 mm/m nos provetes ensaiados. O suporte não se encontrava fissurado. Para verificar a aderência ladrilho/produto de colagem, procedeu-se à realização de ensaios de arrancamento por tracção “in situ”, tendo-se obtido uma resistência superior ou igual a 0,5 MPa. CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO O descolamento do revestimento em ladrilhos cerâmicos das fachadas pode ter origem nos seguintes factores: O revestimento em ladrilhos cerâmicos teria de ser removido. No assentamento dos novos ladrilhos deveria ser garantida a compatibilidade entre a capacidade de deformação dos ladrilhos e a elasticidade da camada de colagem, conjugada com as juntas, devendo ter-se em atenção os seguintes aspectos: − − − − Características do material aplicado; Deformabilidade do suporte; Limpeza, planeza e porosidade do suporte; Aderência insuficiente entre camadas do sistema de revestimento; − Deficiente configuração das juntas (entre elementos e no contorno); − Escolha inadequada do produto de colagem; − Deficiente aplicação. No caso em estudo, o descolamento observado resultou, sobretudo, da ausência de juntas adequadas entre os ladrilhos cerâmicos e nas deformações de carácter higrotérmico dos ladrilhos devido ás variações dimensionais, quer pela acção da temperatura, quer pela expansão irreversível resultante da acção da humidade. − Deveria realizar-se a impermeabilização do suporte com argamassa à base de polímeros, armada com rede de fibra de vidro, caso se encontrasse fissurado; − As juntas entre ladrilhos, com espessura definida pelo Fabricante (> 4mm), deveriam ser preenchidas por um produto flexível (módulo de elasticidade < 8000 MPa); − Deveriam ser criadas juntas de fraccionamento (> 6 mm) e juntas em correspondência com as juntas de dilatação da construção; − O cimento-cola deveria ser criteriosamente escolhido em função das características do revestimento e do suporte. REVESTIMENTO NATUREZA Mosaico em pasta de vidro ou porcelâmico S ≤ 231 Azulejos em terracota S ≤ 300 (15 × 15) Ladrilhos plenamente vitrificados H≤6 m 6 m < H ≤ 28 m C2 ou C2S C2S S ≤ 50 Plaquetas murais em terracota Ladrilhos extrudidos ou prensados, excepto os plenamente vitrificados 118 ALTURA DA FACHA DA ÀREA (cm²) S ≤ 2000 (40 × 40) 2000 < S ≤ 3600 (60 × 60) C2S S ≤ 2000 (40 × 40) C2S [13] Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Parede Exterior – Expansão Higrotérmica FICHA 05.13 DELAMINAÇÃO DO REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: PAREDE EXTERIOR, LADRILHOS CERÂMICOS, EXPANSÃO HIGROTÉRMICA, DO REVESTIMENTO, SELECÇÃO DO CIMENTO-COLA, JUNTAS DELAMINAÇÃO 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento em ladrilhos cerâmicos da fachada de um edifício de habitação apresentava-se delaminado. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da fachada, tendo-se verificado que: Os ladrilhos cerâmicos encontravam-se directamente colados ao suporte, não existindo juntas entre ladrilhos no sentido horizontal. − Tratam-se de paredes duplas em alvenaria de tijolo vazado, sem isolamento térmico, apresentando o pano exterior uma espessura de 0,11 m; − A fachada encontrava-se apoiada em lajes em consola e envolvia a estrutura de betão; − O revestimento exterior em ladrilhos cerâmicos encontrava-se colado com juntas horizontais não visíveis e juntas verticais de muito pequena espessura (< 1 mm); − Para além das juntas de dilatação estruturais, não existia qualquer junta de fraccionamento do revestimento. CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO A delaminação dos ladrilhos cerâmicos resultou de elevadas tensões entre os ladrilhos que tiveram origem, sobretudo, em deformações do revestimento, resultantes, nomeadamente, da ausência de juntas no sentido horizontal e nas deformações de carácter higrotérmico do material devido às variações dimensionais, quer pela acção da temperatura, quer pela expansão irreversível resultante da acção da humidade. Para tratamento da patologia teria de se proceder à remoção global do revestimento da fachada em ladrilhos cerâmicos. No assentamento de novos ladrilhos teria de ser garantida a compatibilidade entre a capacidade de deformação dos ladrilhos e a elasticidade da camada de colagem conjugada com as juntas. A elevada deformabilidade do corpo em consola que suportava a alvenaria terá, também, contribuído para o problema observado. O cimento-cola deveria ser criteriosamente escolhido em função das características do revestimento e do suporte (ver quadro seguinte). Deveriam ser criadas juntas de fraccionamento (> 6 mm) e juntas em correspondência com as juntas de dilatação. REVESTIMENTO NATUREZA Mosaico em pasta de vidro ou porcelâmico S ≤ 50 Plaquetas murais em terracota S ≤ 231 Azulejos em terracota S ≤ 300 (15 × 15) Ladrilhos extrudidos ou prensados, excepto os plenamente vitrificados Ladrilhos plenamente vitrificados Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo ALTURA DA FACHA DA ÀREA (cm²) H≤6 m 6 m < H ≤ 28 m C2 ou C2S C2S S ≤ 2000 (40 × 40) 2000 < S ≤ 3600 (60 × 60) C2S S ≤ 2000 (40 × 40) C2S [13] 119 Parede Exterior – Humidade Ascensional DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO DA BASE DAS PAREDES EM CONTACTO COM O PAVIMENTO EXTERIOR DE UMA MORADIA PALAVRAS-CHAVE: PAREDE EXTERIOR, DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO, HUMIDADE ASCENSIONAL, DRENAGEM PERIFÉRICA, CORTE HÍDRICO FICHA 05.14 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento das fachadas de uma moradia apresentava-se empolado, tendo ocorrido pontualmente o destacamento da pintura junto à base das paredes em contacto com o pavimento exterior do contorno da moradia. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da fachada, tendo-se verificado que eram constituídas por alvenaria dupla de tijolo vazado (0,11 m+ 0,15 m), sendo o espaço de ar preenchido com isolamento térmico. A parede em contacto com o pavimento do contorno da moradia não apresentava um corte hídrico horizontal. CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO O empolamento e o destacamento da pintura exterior da parede, junto à base, deveu-se a fenómenos de ascensão capilar, resultantes da inexistência de um corte hídrico adequado na base da parede. Tendo em atenção que os problemas observados eram apenas exteriores, não existindo qualquer patologia no interior dos compartimentos adjacentes à fachada cujo revestimento se apresentava degradado, poderia ser suficiente a criação de um sistema de drenagem periférico superficial, constituído por uma vala preenchida com godo e a realização de um corte hídrico na base da parede. A base do paramento exterior das paredes não se encontrava convenientemente impermeabilizada e estava em contacto directo com o pavimento exterior do contorno da moradia. A permeabilidade ao vapor das tintas utilizadas era reduzida, tendo, também, contribuído para o problema. Na superfície enterrada do paramento exterior da parede deveria ser aplicada uma impermeabilização, associada a uma membrana drenante. Corte Hídrico Impermeabilização Manta drenante Geotextil Godo 120 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Parede Exterior – Inadequada Fixação do Revestimento DESTACAMENTO PONTUAL DO REVESTIMENTO EM PLACAS DE GRANITO DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE SERVIÇOS PALAVRAS-CHAVE: PAREDE EXTERIOR, GRANITO, DESTACAMENTO DO REVESTIMENTO, INADEQUADA FIXAÇÃO DO REVESTIMENTO, SISTEMA DE FIXAÇÃO, FIXAÇÃO MECÂNICA COMPLEMENTAR FICHA 05.15 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento em placas de granito da fachada de um edifício de serviços apresentava-se descolado pontualmente, tendo-se verificado a queda de algumas das placas. Realizaram-se sondagens, tendo-se verificado que a fachada era em alvenaria dupla de tijolo vazado (0,11 + 0,15 m). As placas de granito, com 0,03 m de espessura apresentavam dimensões da ordem de 0,70 m x 1,70 m, tendo sido coladas directamente ao suporte. Efectuaram-se ensaios de arrancamento por tracção sobre provetes de pedra colados com cimento-cola, com características análogas ao aplicado em obra. Os resultados conduziram às seguintes conclusões: − Quando os provetes foram submetidos à acção da temperatura não foi verificada variação do valor da tensão de arrancamento. No entanto, a humidade provocou uma acentuada diminuição da tensão de arrancamento (60 %); − Quando sujeitos ao choque térmico, apresentaram alguma heterogeneidade nos valores da tensão de arrancamento; − A acção do gelo/degelo provocou uma redução significativa da tensão de arrancamento (40 %); − Os valores da resistência ao arrancamento obtidos foram inferiores a 0,5 MPa. Zona de corte F Pastilha metálica CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO O descolamento e destacamento pontual do revestimento em granito das fachadas deveu-se à fixação por colagem directa ao suporte da pedra. No que se refere às dimensões das placas de pedra, há limites para a fixação por colagem directa ao suporte: A resolução da patologia implicaria a desmontagem global do revestimento em pedra e a sua recolocação aplicando um sistema de fixação homologado e dimensionado em função dos esforços mecânicos a que estaria sujeito e das características do suporte. − 1100 cm2 para placas de pedra com porosidade inferior ou igual a 5%; − 2000 cm² para placas de pedra com porosidade superior a 5%. O peso das placas deverá ser inferior a 40 kg/m². Tendo em atenção que o suporte era em alvenaria de tijolo vazado, seria admissível a realização de uma fixação mecânica complementar ao sistema de colagem existente. No mínimo teriam de ser aplicadas quatro buchas por placa, dimensionadas e localizadas a uma distância de 0,10 m do bordo. No caso em estudo, as pedras aplicadas apresentavam um peso (60 kg/m²) e dimensões muito superiores às mínimas admissíveis para este tipo de fixação. As buchas deveriam ser dimensionadas para esse tipo de suporte. O cimento-cola também não era adequado. Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 121 Parede Exterior – Infiltrações MANCHAS DE HUMIDADE NA SUPERFÍCIE INTERIOR JUNTO À BASE DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: FICHA 05.16 PAREDE EXTERIOR, TIJOLO VAZADO, MANCHAS DE HUMIDADE, INFILTRAÇÕES, IMPERMEABILIZAÇÃO, VENTILAÇÃO, DRENAGEM DA BASE DAS PAREDES 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento interior da fachada de um edifício de habitação apresentava manchas de humidade ao nível da base da parede. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da fachada, tendo-se verificado que: As paredes interiores em contacto com a fachada apresentavam também manchas de humidade. − Era constituída por parede dupla em alvenaria de tijolo vazado (0,15 m + 0,11 m), com caixa de ar intermédia (0,04 m) e sem isolamento térmico; − A superfície exterior encontrava-se rebocada e revestida com ladrilhos cerâmicos; − A superfície interior foi rebocada e pintada; − No topo das lajes foi aplicada uma “forra” de tijolo vazado (0,07 m) para tratamento da ponte térmica, encontrando-se o pano exterior da parede parcialmente apoiado nesta “forra”; − A base da parede, na caixa de ar, encontrava-se saturada de água. CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO As manchas de humidade observadas no revestimento interior da fachada, junto à base da parede, deveram-se a infiltrações que ocorreram através das fissuras existentes no pano exterior de alvenaria, que atingiram o interior da parede devido ao deficiente tratamento da caixa de ar. Para minorar os problemas observados, seria necessário proceder ao travamento do pano exterior da parede, através da realização de “pilaretes” e cintas em betão armado, de forma a garantir a estabilidade da fachada e diminuir a fissuração. A fissuração manifestada na fachada teve origem, sobretudo, em deformações de carácter higrotérmico do tijolo, devido às variações dimensionais quer pela acção da temperatura, quer pela expansão irreversível resultante da acção da humidade, agravada pela inexistência de elementos de travação da alvenaria e pela forma como se encontrava apoiado o pano exterior ao nível do topo das lajes. A limpeza da caixa de ar e a impermeabilização, a ventilação e a aplicação de dispositivos de drenagem na base das paredes seria também fundamental. A superfície exterior da fachada deveria ser impermeabilizada com um reboco com argamassa à base de polímeros, armado, após tratamento das fissuras significativas. O revestimento em ladrilhos cerâmicos poderia ser recolocado. A base da caixa de ar não se encontrava impermeabilizada, apresentando-se mesmo pontualmente preenchida com lixo de obra, o que permitiu a condução da água infiltrada para o interior da parede. Argamassa com polímeros Rede de fibra de vidro Impermeabilização 122 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Parede Exterior – Instabilidade do Suporte FICHA 05.17 FISSURAÇÃO DO REBOCO DELGADO DO SISTEMA ETICS DE REVESTIMENTO DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: PAREDE EXTERIOR, TIJOLO VAZADO, ETICS, FISSURAÇÃO DO REBOCO DELGADO, INSTABILIDADE DO SUPORTE, ESTABILIDADE DO SUPORTE 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O reboco delgado do sistema de isolamento térmico pelo exterior do tipo ETICS aplicado na fachada de um edifício de habitação apresentava-se fissurado. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração do sistema ETICS e da fachada, tendo-se verificado que: Refira-se que o sistema ETICS aplicado não se encontrava homologado. − As paredes exteriores eram duplas em alvenaria de tijolo vazado (0,15 m +0,07 m), com caixa de ar intermédia (0,04 m) e sem isolamento térmico; − O pano exterior da parede encontrava-se parcialmente apoiado sobre a laje, existindo um espaço de ar entre o isolamento térmico e o topo das lajes e a face dos pilares; − O produto de colagem do ETICS foi aplicado directamente sobre o suporte, apresentando diferentes espessuras; − O reboco delgado apresentava uma espessura inferior a 2 mm. A armadura encontrava-se em contacto directo com as placas de isolamento. Tijolo vazado ETICS Produto de colagem CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO A fissuração do reboco delgado do sistema de isolamento térmico pelo exterior do tipo ETICS teve origem nos seguintes factores: Para tratamento da patologia seria necessária a seguinte intervenção: − Instabilidade do sistema devido à deficiente fixação do isolamento térmico ao suporte, nomeadamente no que se refere à dimensão e distribuição irregular dos pontos de colagem, principalmente pelo desnível existente entre o paramento exterior das alvenarias e os elementos estruturais; − Espessura do reboco insuficiente; − Incorrecto posicionamento da armadura na espessura da camada de base (aplicada directamente sobre o isolamento); − Aplicação de um sistema não homologado, não sendo garantida a compatibilidade entre os diferentes elementos que constituem o sistema. − Remoção do sistema, pele menos nas zonas fissuradas; − Preenchimento do espaço de ar existente entre o isolamento térmico e o paramento exterior dos pilares e o topo das lajes, de forma a ser garantida a regularização do suporte do sistema de isolamento térmico nas zonas correspondentes aos elementos estruturais; − Remoção do reboco nas zonas fissuradas; − Aplicação de novo reboco delgado e do acabamento final, sendo fundamental verificar a compatibilidade entre a nova camada de base e o revestimento existente. Reforço de armadura Acabamento final Reboco delgado Armadura Reboco armado Suporte Isolamento térmico Sobreposição da armadura de 10 cm Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Junta de mastique 123 Parede Exterior – Instabilidade e Expansão Higrotérmica FICHA 05.18 FISSURAÇÃO DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE SERVIÇOS PALAVRAS-CHAVE: PAREDE EXTERIOR, TIJOLO VAZADO, FISSURAÇÃO DA ALVENARIA, INSTABILIDADE E EXPANSÃO HIGROTÉRMICA, ESTABILIDADE DA ALVENARIA, ISOLAMENTO TÉRMICO 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS A envolvente vertical exterior de um edifício de serviços apresentava uma fissuração significativa, em particular junto aos cunhais, onde as fissuras tinham um desenvolvimento mais ou menos vertical, e ao nível dos apoios dos panos exteriores de parede, tendo essa fissuração um desenvolvimento sensivelmente horizontal. Realizaram-se sondagens para apreciar a configuração das fachada, tendo-se verificado que: − As paredes eram duplas, sendo o pano interior em betão (0,20 m) e o pano exterior em tijolo vazado (0,15 m); − No espaço de ar foi aplicado isolamento térmico (0,04 m), constituído por poliestireno expandido; − A superfície exterior encontrava-se rebocada e pintada. A cor da fachada correspondia a um coeficiente de absorção α > 0,7; − A alvenaria exterior envolvia a estrutura de betão, não apresentando elementos de travação verticais; − Ao nível dos pisos, o apoio dos panos exteriores de alvenaria fez-se parcialmente sobre consolas curtas de betão armado, revestidas exteriormente com tijolo vazado com 0,07 m de espessura. Estes elementos foram aplicados apenas durante a execução das alvenarias, após a execução da estrutura de betão. Betão Isolamento térmico Caixa de ar Tijolo vazado Pintura CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO A fissuração manifestada na fachada, nos cunhais e ao nível das lajes, teve origem, sobretudo: Para tratamento da fissuração seria necessário proceder-se ao travamento complementar do pano exterior da alvenaria, de forma a ser garantida a estabilidade da fachada, através da execução de “pilaretes” e cintas complementares em betão armado. − Na expansão de carácter higrotérmico do tijolo, devido às variações dimensionais quer pela acção da temperatura, quer pela expansão irreversível resultante da acção da humidade; − Na configuração da parede, nomeadamente: ⋅ Falta de elementos verticais de travamento da alvenaria; ⋅ Ausência de juntas de fraccionamento (de dilatação e de retracção); ⋅ Forma como se encontrava apoiada a alvenaria ao nível do topo de lajes (“forra” colocada após a betonagem); ⋅ Instabilidade do pano exterior. As fissuras deveriam ser tratadas e preenchidas com material elástico (mastique). A substituição do revestimento existente por um revestimento dessolidarizado do suporte, por exemplo, do tipo reboco delgado armado, aplicado sobre isolamento térmico (ETICS) ou a realização de uma fachada “ventilada” seria vantajoso em termos de eficácia e durabilidade. Em alternativa, poderia equacionar-se a demolição do pano exterior da fachada. Isolamento Térmico pelo Exterior Suporte Rede de fibra de vidro ∆ t ≈ 60 ºC ∆ t ≈ 15 ºC ∆ l ≈ 0,3 mm/m Argamassa com polímeros Mastique sintético Papel adesivo [95] 124 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Parede Exterior – Instabilidade e Expansão Higrotérmica FISSURAÇÃO E QUEDA PARCIAL DO PANO EXTERIOR DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: PAREDE EXTERIOR, TIJOLO VAZADO, QUEDA DO PANO DE ALVENARIA, INSTABILIDADE E EXPANSÃO HIGROTÉRMICA, ESTABILIDADE DA ALVENARIA, ISOLAMENTO TÉRMICO FICHA 05.19 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS A envolvente vertical exterior de um edifício de habitação apresentava uma fissuração significativa, tendo ocorrido a queda parcial do pano exterior de alvenaria de uma das fachadas. Através da inspecção visual da zona da fachada que ruiu, foi possível observar que: − A fachada era dupla, sendo o pano interior em alvenaria de blocos de betão celular autoclavado (0,10 m) e o pano exterior em alvenaria de tijolo vazado (0,15 m), rebocado e pintado; − A superfície do pano interior encontrava-se impermeabilizada com uma “emulsão betuminosa”; − O pano exterior de alvenaria encontrava-se apenas apoiado em metade da sua espessura. Blocos de betão celular Impermeabilização Tijolo vazado Reboco e pintura CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO A fissuração generalizada das fachadas e a queda de parte do pano exterior resultou do deficiente apoio do pano exterior, que se encontrava apenas apoiado em metade da sua espessura, e de deformações de carácter higrotérmico, que originaram tensões incompatíveis com as características mecânicas dos materiais. Para reparação do problema observado seria necessário proceder à demolição total do pano exterior da fachada, o que obrigaria à remoção das caixilharias. As variações dimensionais de uma parede sem restrição de movimentos resultam da acção conjunta da temperatura e da humidade. Estima-se que as deformações reversíveis de carácter térmico sejam da ordem dos 0,2 a 0,3 mm/m e a expansão irreversível do tijolo pela acção da humidade seja superior a 0,6 mm/m. A deficiente fixação do pano exterior da parede, quer em zona corrente, quer na proximidade das juntas de dilatação ou de fraccionamento, contribuiu também para o agravamento da instabilidade do pano exterior da fachada. A travação do pano exterior seria fundamental, sendo necessário realizar “pilaretes” de betão nos cunhais e preencher e reforçar os redentes das lajes, de forma a ser garantida a estabilidade. A ligação entre o pano exterior e o pano interior da fachada deveria ser assegurada por ligadores em aço inox. Deveriam ser criadas juntas de fraccionamento de 12 em 12 m. Como revestimento exterior seria vantajoso a aplicação de um sistema de isolamento térmico pelo exterior do tipo ETICS. Blocos de betão celular Impermeabilização ∆ t ≈ 60 ºC ∆ t ≈ 15 ºC ∆ l ≈ 0,3 mm/m Betão armado (com grout de fixação) Resina epoxídas [95] Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo ETICS 125 Parede Exterior – Instabilidade e Expansão Higrotérmica FISSURAÇÃO E QUEDA DO PANO EXTERIOR EM TIJOLO “FACE À VISTA” DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: PAREDE EXTERIOR, TIJOLO “FACE À VISTA”, INSTABILIDADE E EXPANSÃO HIGROTÉRMICA, FISSURAÇÃO E QUEDA DO PANO EXTERIOR DA ALVENARIA, ESTABILIDADE, LIGADORES FICHA 05.20 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS A fachada de um edifício de habitação apresentava-se fissurada junto aos cunhais, tendo ocorrido o destacamento pontual do pano exterior em tijolo “face à vista”. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da fachada, tendo-se verificado que: Verificou-se também o empolamento e o destacamento pontual do revestimento ao nível do topo das lajes. − O pano interior era constituído por alvenaria de tijolo vazado (0,15 m) e o pano exterior era em tijolo “face à vista”, tendo sido aplicado isolamento térmico no espaço de ar (0,04 m); − A alvenaria exterior envolvia a estrutura de betão, não apresentando elementos de travação; − O topo das lajes encontrava-se revestido com uma capa em tijolo “face à vista”; − O pano exterior da parede, em tijolo “face à vista”, encontrava-se parcialmente apoiado sobre a capa, como se mostra na figura seguinte. Tijolo vazado Isolamento térmico Tijolo “face à vista” “Capa” em tijolo “face à vista” CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO A fissuração e o destacamento do pano exterior da fachada resultou sobretudo: Para correcção da patologia seria necessário a seguinte intervenção: − Da expansão de carácter higrotérmico do tijolo que constituia o pano exterior, devido às variações dimensionais quer pela acção da temperatura, quer pela expansão irreversível resultante da acção da humidade; − Da configuração da parede, nomeadamente: ⋅ Esbelteza do pano exterior e forma como se encontrava apoiado ao nível do topo de lajes; ⋅ Ausência de juntas de fraccionamento (de dilatação e de retracção); ⋅ Aplicação de isolamento térmico na caixa de ar, o que provocou uma maior solicitação do pano exterior; ⋅ Ausência de ligadores entre o pano exterior e o pano interior da parede. − Demolição do pano exterior da parede; − Realização de “pilaretes” nos cunhais, em betão armado, de forma a reforçar a estabilidade das paredes; − Na execução do pano exterior em tijolo “face à vista”, deveria ter-se em atenção os seguintes aspectos: ⋅ Aplicação de ligadores em inox entre o pano exterior e o interior (> 3/m2), reforçados na zona de ligação entre vãos e nos cunhais; ⋅ Realização de uma meia cana impermeabilizada na base da parede; ⋅ Realização de juntas de fraccionamento; ⋅ Refechamento das juntas com argamassa adequada. Cunhal Vão ∆ t ≈ 60 ºC ∆ t ≈ 15 ºC ∆ l ≈ 0,3 mm/m [95] 126 [24] Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Parede Exterior – Instabilidade e Expansão Higrotérmica FISSURAÇÃO DA FACHADA AO NÍVEL DAS PADIEIRAS DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: FICHA 05.21 PAREDE EXTERIOR, TIJOLO VAZADO, PADIEIRAS, INSTABILIDADE E EXPANSÃO HIGROTÉRMICA, FISSURAÇÃO DA ALVENARIA, ESTABILIDADE, REBOCO ARMADO 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS A fachada de um edifício de habitação apresentava uma fissuração acentuada com um desenvolvimento horizontal, ao nível da padieira dos vãos. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da fachada, tendo-se verificado que: − Era constituída por uma parede dupla em alvenaria de tijolo vazado (0,11 m + 0,15 m), tendo sido aplicado isolamento térmico (0,04 m) na caixa de ar. A superfície exterior encontrava-se rebocada e pintada; − A alvenaria exterior envolvia a estrutura de betão, não apresentando elementos de travação verticais; − As padieiras dos vãos foram realizadas em alvenaria. Capeamento Tijolo vazado CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO A fissuração manifestada nas paredes exteriores ao nível das padieiras teve origem, sobretudo, em deformações de carácter higrotérmico da alvenaria. Para tratamento da fissuração observada teria de se proceder ao travamento das alvenarias, através da realização de “pilaretes” em betão armado. As deformações das paredes por acção das solicitações de carácter higrotérmico podem originar fissuras com desenvolvimento preferencialmente horizontal, nas zonas onde as tensões são mais elevadas, nomeadamente junto dos vãos. Nas padieiras deveria ser executada uma cinta em betão armado, após reforço dos apoios. A aplicação de uma “forra” pelo exterior dos elementos estruturais em betão torna estes pontos mais frágeis e com maior propensão ao aparecimento de fissuras. Na superfície exterior deveria ser aplicado um reboco armado e um revestimento plástico espesso (RPE) como acabamento. Em alternativa, o revestimento exterior poderia ser substituído por um sistema de isolamento térmico pelo exterior, do tipo ETICS ou revestimento descontínuo, do tipo fachada “ventilada”. Isolamento Térmico pelo Exterior Reboco armado RPE [95] Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 127 Parede Exterior – Retracção das Argamassas FICHA 05.22 MICROFISSURAÇÃO DO REBOCO DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE SERVIÇOS PALAVRAS-CHAVE: PAREDE EXTERIOR, RETRACÇÃO DAS ARGAMASSAS, MICROFISSURAÇÃO DO REBOCO, REBOCO ARMADO, RPE 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O reboco da parede exterior de um edifício de serviços apresentava microfissuração. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração do reboco, tendo-se observado que apresentava a seguinte constituição: As paredes eram constituídas por alvenaria de pedra, rebocada e pintada. − Camada impermeabilizante (“cerezite”) à base de ligantes hidráulicos; − Camada de base (emboço), à base de cal; − Camada de acabamento, à base de ligantes hidráulicos. Sobre o reboco foi aplicada uma pintura acrílica. Foram realizados ensaios de arrancamento por tracção do reboco, tendo-se verificado que a média da tensão de arrancamento foi superior 0,30 MPa. Zona de corte F Pastilha metálica CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO A microfissuração do reboco da fachada deveu-se à retracção das argamassas face à solicitação térmica. Tendo em atenção os valores obtidos para a tensão de arrancamento do reboco, seria admissível não se proceder à sua demolição global. Nas condições de aplicação correntes, as argamassas sofrem uma retracção inicial resultante da dissecação, da hidratação (retracção endógena) e da carbonatação. A retracção global das argamassas é influenciada por relações complexas entre o tipo de cimento, inertes, a composição e o processo de cura. O controlo da retracção não pode, no entanto, ser limitado à escolha do tipo de materiais, da composição da mistura e da relação água/cimento, sendo necessário actuar sobre as condições higrotérmicas do local e sobre a capacidade de absorção do suporte. O tratamento da microfissuração observada passaria pela aplicação em toda a superfície de um barramento constituído por argamassa à base de polímeros, armado com rede de fibra de vidro, após análise por percussão do reboco e reparação das zonas ”ocas” e tratamento das fissuras existentes. A aplicação de um revestimento plástico espesso – RPE como acabamento, sobre o reboco armado, seria vantajoso, permitindo uma uniformização da textura. RPE Suporte Rede de fibra de vidro Mastique sintético Argamassa com polímeros Papel adesivo [95] 128 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 06. PAREDE ENTERRADA Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 129 Parede Enterrada – Condensações Internas DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO DA SUPERFÍCIE INTERIOR DE UM RESERVATÓRIO PALAVRAS-CHAVE: FICHA 06.1 PAREDE ENTERRADA, BETÃO PINTADO, RESERVATÓRIOS, DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO, CONDENSAÇÕES INTERNAS 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento interior das paredes de um reservatório apresentava-se degradado, tendo ocorrido o desenvolvimento de “bolhas”. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração das paredes do reservatório, tendo-se verificado que eram em betão, rebocadas. O betão encontrava-se seco, enquanto que o reboco estava saturado. As “bolhas” apresentavam maior dimensão e apareciam em maior número junto ao nível máximo da água, diminuindo gradualmente de dimensões e intensidade à medida que aumentava a profundidade da superfície afectada. Ao serem furadas por acção mecânica revelaram-se cheias de líquido. Refira-se que as “bolhas” apenas surgiram após a intervenção que o reservatório sofreu com vista à renovação do seu revestimento interior. Na intervenção realizada procedeu-se à picagem e substituição do reboco inicial e à aplicação, em toda a superfície interior, de uma argamassa à base de polímeros, bem como de uma tinta baseada em dispersão aquosa de resinas sintéticas. A argamassa à base de polímeros era impermeável à água líquida, mas permeável ao vapor, enquanto que a tinta apresentava uma permeabilidade ao vapor reduzida. Procedeu-se à medição da temperatura do ar e da água do reservatório, tendo-se verificado que era inferior a 13ºC. Revestimento por pintura Argamassa à base de polímeros Reboco Betão CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO As “bolhas” observadas resultaram da acumulação de água devido ao fenómeno de condensações internas que ocorreu na interface entre a argamassa à base de polímeros e a pintura. O suporte apresentava uma quantidade de água significativa devido ao reboco realizado, que não terá secado devido às condições higrotérmicas no interior do reservatório (elevada humidade relativa). Para correcção da patologia, a tinta aplicada teria de ser removida. Teria de se exigir a secagem do suporte, podendo ser aplicada uma tinta com características análogas à existente. O gradiente de pressão de vapor entre o reboco e o ar interior ou a água do reservatório criou um fluxo de difusão de vapor de água no sentido do interior, através da argamassa e da pintura. Como a pintura era pouco permeável ao vapor de água, ao contrário da argamassa, ocorreram condensações na interface argamassa/pintura, o que levou à formação das “bolhas”. A argamassa à base de polímeros era impermeável à água líquida, não permitindo a redistribuição da água condensada. Revestimento por pintura Pressão [Pa] As bolhas diminuíam com a profundidade devido à pressão hidroestática. Argamassa à base de polímeros 1600 Pressão de Saturação Pressão Parcial de Vapor 1500 1482 1400 1300 1200 1100 1000 909 900 t = 5 ºC HR = t = 13ºC HR = 100% t = 5ºC HR = 90% 800 785 Interior do Reservatório700 Argamassa com polímeros Tinta t = 13 ºC HR = Reboco de Regularizaçã 600 0 2000000000 4000000000 6000000000 8000000000 10000000000 12000000000 14000000000 Rd [m2.s.Pa/kg] Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 131 Parede Enterrada – Humidade Ascensional FICHA 06.2 MANCHAS NAS PAREDES EM GRANITO SEMI-ENTERRADAS DE UM MOSTEIRO PALAVRAS-CHAVE: PAREDE ENTERRADA, GRANITO, MANCHAS NO REVESTIMENTO, HUMIDADE ASCENSIONAL, VENTILAÇÃO DA BASE DAS PAREDES 2004 SONDAGENS E MEDIDAS A face interior das paredes em alvenaria de granito da Capelamor de um Mosteiro apresentava manchas de tonalidade esverdeada, sobretudo, até cerca de 1 m de altura. Realizaram-se um conjunto de medidas de forma a caracterizar as condições higrotérmicas da ambiência e a temperatura e o teor de humidade superficial das paredes. As paredes encontravam-se parcialmente enterradas, existindo uma diferença de cerca de um metro entre o terreno que confinava as paredes da Capela-mor e o pavimento interior. Verificou-se que o interior da Capela-mor apresentava uma humidade relativa elevada e que a ventilação era insuficiente. HR [%] DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA 100 80 60 40 20 0 0 50 100 150 200 250 300 Tempo [h] CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO As manchas existentes nas paredes surgiram devido ao fenómeno de ascensão capilar e migração da humidade proveniente do terreno, associados à dificuldade de secagem dos elementos construtivos em contacto com o terreno. O tratamento de paredes com problemas de humidade ascensional e consequente eliminação das manchas observadas poderá passar pela ventilação da base das paredes, pela execução de corte hídrico ou pela ocultação de anomalias. A migração da humidade ocorre quando as paredes estão em contacto com água ou com solo húmido, sempre que os materiais constituintes apresentam elevada capilaridade e quando não existe um corte hídrico. No caso em estudo, a opção mais adequada seria a criação de um sistema de ventilação na base das paredes constituído por um canal exterior ventilado naturalmente, de forma a possibilitar a secagem da parede. O canal deveria possuir inferiormente uma caleira de drenagem das águas infiltradas e superiormente ser coberto, mas ventilado. O fluxo de secagem (g) depende do gradiente de concentração do vapor da superfície da parede (Cs’) e do ar (Ca’): g = β (Cs’-Ca’) [kg/(m2·s)] Nas construções históricas não há grande diferença entre a temperatura do ar interior e a superfície interior da parede, pelo que, quando a humidade relativa é elevada, a diferença de concentração tende para zero, bem como o fluxo de secagem. No interior da parede deveria ser criado um sistema de ventilação constituído por manilhas de betão associadas a um dispositivo de ventilação mecânica higro-regulável. Grelha de ventilação Caixa de ventilação Canal de ventilação pré-fabricado [104] 132 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 07. PAREDE INTERIOR Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 133 Parede Interior – Humidade Ascensional FICHA 07.1 MANCHAS DE HUMIDADE NAS PAREDES INTERIORES EM GRANITO, REBOCADAS E PINTADAS, DE UM EDIFÍCIO DE SERVIÇOS PALAVRAS-CHAVE: PAREDE INTERIOR, GRANITO, MANCHAS DE HUMIDADE , HUMIDADE ASCENSIONAL, VENTILAÇÃO DA BASE DAS PAREDES, CORTE HÍDRICO 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento das paredes divisórias interiores de um edifício de serviços apresentava manchas de humidade ao nível da base. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da parede, tendo-se verificado que era em alvenaria de granito, sendo a superfície rebocada e pintada. Os rodapés em madeira adjacentes apresentavam-se também degradados. Efectuaram-se um conjunto de medidas para caracterizar as condições higrotérmicas da ambiência (a temperatura e o teor de humidade superficial da parede e do rodapé em madeira). Verificou-se que a base da parede, junto ao rodapé, apresentava um teor de humidade elevado. O edifício possuía um sistema de aquecimento central com funcionamento a temperatura variável, sendo a temperatura de 21ºC durante o dia e de 19ºC, durante a noite. Temperatura superficial (ºC) 17.1 170 171 18.2 129 Teor de humidade da madeira (%) 142 137 14 12 151 18 136 12 11 Reboco: 130 – “Húmido” 180 – “Seco” CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO As manchas de humidade que surgiram na base da parede resultaram do fenómeno de ascensão capilar. De forma a minorar o problema observado seria necessária a seguinte intervenção: A humidade ascensional manifesta-se quando as paredes estão em contacto com a água ou com o solo húmido, sempre que os materiais constituintes apresentam elevada capilaridade e quando não existe um corte hídrico. A ascensão capilar progride até que se verifique o equilíbrio entre a evaporação e a capilaridade. − Execução de um corte hídrico na base da parede, de forma a impedir a ascensão de água, por exemplo, através da injecção de produtos hidrófugos ou tápa-poros; O fluxo de secagem (g) depende do gradiente de concentração do vapor da superfície da parede (Cs’) e do ar (Ca’): − Criação de um sistema de ventilação da base da parede constituído por tubos perfurados (por exemplo manilhas de betão) associados a um dispositivo de ventilação mecânica higroregulável. g = β (Cs’-Ca’) [kg/(m2·s)] A inexistência de um corte hídrico adequado terá sido a causa fundamental do problema. Difusão do produto impermeabilizante dentro do muro [104] Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 135 08. PAVIMENTO TÉRREO Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 137 Pavimento Térreo – Condensações Internas FICHA 08.1 DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO À BASE DE PVC DO PISO DE UM PAVILHÃO GIMNODESPORTIVO PALAVRAS-CHAVE: PAVIMENTO TÉRREO, REVESTIMENTO À BASE DE PVC, DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO, CONDENSAÇÕES INTERNAS, BARREIRA PÁRA-VAPOR 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento à base de PVC do piso térreo de um pavilhão gimnodesportivo apresentava-se descolado e levantado, particularmente na zona das juntas. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração do pavimento, tendo-se verificado que o revestimento se encontrava colado directamente sobre a camada de suporte, em betão. Tratava-se de um pavimento térreo constituído por caixa de brita, camada de suporte em betão e revestimento à base de PVC colado. Após o levantamento do revestimento na zona de uma junta, detectou-se uma forte humidificação na interface de colagem e a degradação da cola. Foi efectuada uma carotagem a seco na camada de suporte do revestimento e procedeu-se à determinação do perfil de teor de humidade, tendo-se verificado que o betão se encontrava com o teor de humidade mais elevado à superfície que em profundidade. Efectuaram-se um conjunto de medidas de forma caracterizar as condições higrotérmicas, nomeadamente, humidade relativa na interface de colagem do revestimento, temperatura das várias interfaces do pavimento térreo e temperatura interior e a humidade relativa da ambiência. a a a a Teor de Humidade - w das amostras 0,072 0,037 0,022 w [kg/kg] 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 Profundidade [cm] 0,082 CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO O descolamento do revestimento à base de PVC deveu-se à ocorrência de condensações internas na interface de colagem do revestimento, causadas pela ausência de um pára-vapor eficaz e pelas flutuações das condições higrotérmicas do ambiente interior do pavilhão. A correcção da patologia implicaria a seguinte intervenção (A): Como o revestimento à base de PVC do pavimento era muito pouco permeável ao vapor de água, funcionou como um pára-vapor colocado na zona fria do elemento construtivo, durante a noite, quando a temperatura do solo era superior à do ambiente interior. A condensação do vapor de água deu-se na interface de colagem do revestimento do pavimento, originando a degradação da cola e o levantamento das zonas mais frágeis (juntas). Em alternativa, poderia substituir-se o revestimento à base de PVC por um revestimento com um sistema de fixação não “sensível” à água (B). A Noite ≅ 6 ºC 13 ºC − Remoção do revestimento à base de PVC; − Picagem da camada de suporte em cerca de 0,06 m; − Regularização do suporte; − Aplicação de uma barreira pára-vapor com permeância – Wp inferior a 2x1012 kg/(m2.s.Pa); − Colocação de um filme de polietileno de protecção; − Execução de uma lajeta de betão (e > 0,05 m), armada; − Colagem do revestimento à base de PVC. Revestimento à base de PVC Cola Camada de suporte (Betão) B Barreira pára-vapor Revestimento e sistema de fixação não “sensível” à água Filme de polietileno Caixa de brita Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 139 Pavimento Térreo – Condensações Internas FICHA 08.2 DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO EM MADEIRA DO PAVIMENTO TÉRREO DE UMA HABITAÇÃO UNIFAMILIAR PALAVRAS-CHAVE: PAVIMENTO TÉRREO, MADEIRA, DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO, CONDENSAÇÕES INTERNAS, BARREIRA PÁRA-VAPOR 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento em madeira (soalho) do pavimento térreo de uma habitação encontrava-se degradado, apresentando: Procedeu-se à desmontagem do revestimento, tendo-se observado que as réguas de madeira se encontravam fixas a ripas de madeira. A caixa de ar encontrava-se parcialmente preenchida com granulado leve. − − − Deformação e descolamento das réguas; Apodrecimento da madeira; Aparecimento de manchas de cor mais escura na zona da fixação das réguas. Foram medidas as condições higrotérmicas da ambiência, a temperatura e o teor de humidade das interfaces do pavimento em madeira tendo-se verificado que: − As ripas de fixação das réguas de madeira apresentavam um elevado teor de humidade; − A temperatura do piso térreo encontrava-se estável; − A temperatura do revestimento e da caixa de ar variava de forma sinusoidal. A habitação dispunha de um sistema de aquecimento central que funcionava de forma intermitente. 21,0 1 T(ºC) 20,0 3 19,0 18,0 5 2 44 Termopares Sonda - HR 1 3 2 4 Revestimento em madeira Ripas 5 Camada de suporte (betão) 17,0 Tempo (dias) CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO A degradação do revestimento em madeira (soalho) deveu-se ao elevado teor de humidade encontrado no pavimento, devido à ocorrência de condensações internas. A correcção da patologia implicaria a seguinte intervenção: As condensações tiveram origem: − − − Na ausência de um pára-vapor eficaz, o que permitiu a difusão de vapor do pavimento térreo para a caixa de ar; Na não ventilação da caixa de ar; No aquecimento intermitente dos compartimentos. Com aquecimento − − − − − − − − Desmontagem do revestimento em madeira (soalho); Picagem da camada de suporte em cerca de 0,06 m; Regularização do suporte; Aplicação de uma barreira impermeável ao vapor e à água líquida; Colocação de um filme de polietileno de protecção; Execução de uma lajeta de betão (e > 0,05 m), armada; Aplicação das ripas de suporte; Aplicação do revestimento em madeira (soalho). Sem aquecimento Barreira pára-vapor/ impermeabilização 140 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Pavimento Térreo – Condensações Internas FICHA 08.3 DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO EM MADEIRA DO PAVIMENTO TÉRREO DE UM EDIFÍCIO DE SERVIÇOS PALAVRAS-CHAVE: PAVIMENTO TÉRREO, MADEIRA, DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO, CONDENSAÇÕES INTERNAS, BARREIRA PÁRA-VAPOR, VENTILAÇÃO 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento em madeira do pavimento térreo de um edifício de serviços apresentava-se degradado, nas zonas sobre a calha técnica periférica. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração do pavimento em zona corrente e ao nível da calha técnica, tendo-se verificado que a betonilha da base da calha não se encontrava impermeabilizada. Observou-se o apodrecimento da madeira. Procedeu-se à medição das condições higrotérmicas da ambiência e da temperatura e do teor de humidade das interfaces do pavimento, tendo-se verificado que a humidade relativa no interior da calha técnica periférica era elevada. O edifício era dotado de um sistema de aquecimento que funcionava de forma intermitente. Calha Técnica CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO A degradação do revestimento em madeira do pavimento, sobre a calha técnica, deveu-se à condensação na face inferior das réguas, resultante da humidade proveniente da ascensão capilar através das paredes e da base da calha. O revestimento em madeira teria de ser removido para se proceder à impermeabilização do interior da calha técnica, através da aplicação, por exemplo, de uma emulsão betuminosa, a frio. Tendo em atenção o aquecimento intermitente, a temperatura no interior dos compartimentos atingia valores inferiores à do solo que, devido à sua elevada inércia térmica, se mantinha sensivelmente constante. A impermeabilização/barreira pára-vapor deveria apresentar uma permeância – Wp inferior a 2x1012 kg/(m2.s.Pa). A ventilação da calha técnica através da aplicação de grelhas pontuais no soalho seria também vantajosa. Gerou-se assim um fluxo ascendente de vapor de água que, ao encontrar uma superfície a uma temperatura mais baixa (face inferior do revestimento do pavimento), condensou. A ausência de ventilação agravou o problema. A deposição da humidade de condensação permitiu criar condições para a degradação da madeira. A descontinuidade da impermeabilização do pavimento térreo, ao longo da calha técnica, é a causa fundamental do problema. Grelha de ventilação Calha Técnica Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Impermeabilização/ Barreira pára-vapor 141 Pavimento Térreo – Humidade Ascensional FICHA 08.4 MANCHAS DE HUMIDADE NO PAVIMENTO TÉRREO EM LAJEADO DE GRANITO DE UMA IGREJA PALAVRAS-CHAVE: PAVIMENTO TÉRREO, GRANITO, MANCHAS NO REVESTIMENTO, HUMIDADE ASCENSIONAL, DRENAGEM PERIFÉRICA, NÍVEL FREÁTICO, IMPERMEABILIZAÇÃO 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O lajeado em granito do pavimento térreo da capela-mor e das capelas laterais de uma Igreja apresentava manchas de humidade, encontrando-se completamente saturado nalgumas áreas. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração do pavimento, tendo-se verificado que o lajeado de granito foi assente sobre uma camada de areia. Verificou-se, também, a inexistência de um sistema de drenagem de águas freáticas do pavimento. Efectuaram-se um conjunto de medidas de forma a caracterizar as condições higrotérmicas da ambiência, a temperatura e o teor de humidade superficial dos pavimentos. Verificou-se que o interior da Igreja apresentava uma humidade relativa muito elevada e que a ventilação era insuficiente. Procedeu-se à medição do nível freático com piezómetros entre Julho e Dezembro. Medição do nível piezométrico entre Julho e Dezembro de 2002 (m) 1,60 1,70 1,80 1,90 2,00 2,10 2,20 2,30 P.Z.1 - 09h00 2,40 P.Z.1 - 13h00 2,50 P.Z.1 - 17h00 2,60 2,70 P.Z.2 - 09h00 2,80 P.Z.2 - 13h00 2,90 P.Z.2 - 17h00 3,00 3,10 17-7-02 29-7-02 10-8-02 22-8-02 3-9-02 15-9-02 27-9-02 9-10-02 21-10-02 2-11-02 14-11-02 26-11-02 8-12-02 20-12-02 CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO As manchas existentes no pavimento surgiram devido à humidade ascensional associada à dificuldade de secagem dos elementos construtivos em contacto com o terreno. De forma a minorar o aparecimento de manchas de humidade devido à humidade ascensional, teria de ser criado um sistema de drenagem de águas pluviais e freáticas adequado. A humidade ascensional manifesta-se quando os elementos estão em contacto com água ou com solo húmido, sempre que os materiais constituintes apresentam elevada capilaridade e quando não existe um corte hídrico. A ascensão capilar progride até que se verifique o equilíbrio entre a evaporação e a capilaridade. Deveria, sobretudo, ser aplicado um sistema impermeabilização, antes da recolocação do lajeado. de O fluxo de secagem (g) depende do gradiente de concentração do vapor da superfície da parede (Cs’) e do ar (Ca’): g = β (Cs’-Ca’) [kg/(m2·s)] Na situação em análise verificou-se que as condições de evaporação eram desfavoráveis devido à elevada humidade relativa e à insuficiente ventilação no interior da Igreja. Lajeado de granito Caixa de areia Impermeabilização [104] 142 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 09. PAVIMENTO INTERMÉDIO Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 143 Pavimento Intermédio – Condensações Internas FICHA 09.1 DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO À BASE DE RESINAS EPÓXIDAS DO PAVIMENTO DE UM LABORATÓRIO PALAVRAS-CHAVE: PAVIMENTO INTERMÉDIO, REVESTIMENTO À BASE DE RESINAS EPÓXIDAS, DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO, CONDENSAÇÕES INTERNAS, BARREIRA PÁRA-VAPOR 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento à base de resinas epóxidas do pavimento do 1º andar de um laboratório apresentava deformações constituídas por “bolhas” que se encontravam preenchidas com água. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração do pavimento, tendo-se verificado que o revestimento à base de resinas epóxidas era constituído por duas camadas, aplicadas sobre uma camada de regularização, em betonilha. Foi observada uma maior incidência na área sobre a zona técnica, onde se localizava a casa das máquinas. A camada base (primário) era permeável ao vapor e impermeável à água líquida, enquanto que a camada de acabamento era impermeável ao vapor e à água líquida. Procedeu-se à recolha de amostras e à medição do teor de humidade do betão celular e da camada de argamassa, tendo-se verificado que ambos apresentavam um teor de humidade próximo do equilíbrio higroscópico. Foi feita a medição da temperatura e da humidade relativa do interior do laboratório e da zona técnica (piso inferior), bem como da temperatura na laje. O edifício era dotado de um sistema de aquecimento central que funcionava durante os dias úteis das 8 às 18 horas. Revestimento à base de resinas epóxidas Camada de regularização Camada forma (betão celular) Laje de betão CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO A formação de “bolhas” deveu-se à ocorrência de condensação entre as duas camadas que constituíam o revestimento à base de resinas epóxidas do pavimento. O revestimento existente teria de ser substituído. No Inverno, a temperatura e a humidade variavam significativamente entre o dia e a noite no interior do edifício, devido ao aquecimento intermitente, enquanto que no interior do pavimento se mantinham constantes, gerando-se fluxos de vapor de água ascendentes. O revestimento do pavimento funcionava como um páravapor colocado na “face fria" do pavimento (durante a noite). As condensações ocorriam entre a camada de base e a camada de acabamento do revestimento. A aplicação de novo revestimento com características análogas ao existente seria possível, desde que fosse garantido o aquecimento contínuo do laboratório ou aplicada uma barreira pára-vapor com permeância – Wp inferior a 2x1012 kg/(m2.s.Pa) sobre a camada de forma, o que obrigaria à picagem parcial da betonilha e à realização de nova camada de regularização (A). Em alternativa, poderia optar-se por substituir o revestimento existente por um revestimento permeável ao vapor, por exemplo, do tipo ladrilhos cerâmicos (B). O crescimento das “bolhas” resultou de uma acumulação contínua de água condensada que não se podia redistribuir. Numa primeira fase, o processo de secagem do betão celular contribuiu para o processo de difusão. Dia 24 ºC Noite 15 ºC Revestimento à base de resinas epóxidas B A Camada de regularização 20 ºC 20 ºC Camada forma (betão celular) Barreira pára-vapor Ladrilhos cerâmicos Laje de betão 28 ºC 12 ºC Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 145 Pavimento Intermédio – Condensações Internas FICHA 09.2 DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO EM LADRILHOS VINÍLICOS DE CORTIÇA DO PAVIMENTO DO 1º ANDAR DE UM EDIFÍCIO PALAVRAS-CHAVE: PAVIMENTO INTERMÉDIO, LADRILHOS VINÍLICOS DE CORTIÇA, DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO, CONDENSAÇÕES INTERNAS, BARREIRA PÁRA-VAPOR 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento em ladrilhos vinílicos sobre suporte de aglomerado de cortiça do pavimento do 1º andar, de um edifício de serviços, apresentava-se descolado de uma forma generalizada. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração do pavimento, tendo-se verificado que o revestimento terá sido fixo sobre a camada de regularização com uma cola à base de soluções aquosas de resinas acrílicas. Observava-se o empolamento do centro do ladrilho e a sua total descolagem. Foram efectuados registos de temperatura e humidade relativa no interior de diversos compartimentos e nos vários pisos. As juntas apresentavam uma ligeira variação de tonalidade associada ao aparecimento de humidade. O edifício de serviços apresentava uma ocupação intermitente. Quando se retiravam os ladrilhos eram visíveis gotículas de humidade na zona de colagem. Registou-se a situação do edifício desocupado, com o sistema de aquecimento desligado, e também a situação de total ocupação, com o sistema de aquecimento em pleno funcionamento. Foi também medida a temperatura e a humidade relativa na cave. Desocupado Ocupado 20 ºC - 65% 10 ºC - 80% Revestimento em ladrilhos vinílicos Cola Camada de regularização Camada de forma (betão celular) Laje de betão 14 ºC - 90% 14 ºC - 90% CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO O descolamento do revestimento em ladrilhos vinílicos sobre suporte de aglomerado de cortiça do pavimento deveu-se ao aparecimento de humidade no plano de colagem, originada pela ocorrência de condensações internas. Para correcção da patologia teria de se proceder à substituição do revestimento. A transferência de humidade ocorreu por termomigração, da zona quente para a zona fria, com condensação no plano de colagem sob o revestimento do pavimento que funcionava como um pára-vapor colocado na “face fria” do pavimento. A aplicação de novo revestimento com características análogas ao existente seria possível, desde que fosse aplicada uma barreira pára-vapor com permeância – Wp inferior a 2x1012 kg/(m2.s.Pa) sobre a camada de suporte, o que obrigaria à picagem da betonilha e à realização de nova camada de regularização (A). Esta situação ocorreu quando os compartimentos do piso superior estavam mais frios do que a cave (edifício desocupado). Em alternativa, poderia optar-se por substituir o revestimento existente por um revestimento permeável ao vapor, por exemplo, do tipo ladrilhos cerâmicos (B). Revestimento em ladrilhos vinílicos Cola Camada de regularização Camada de forma (betão celular) B A Barreira pára-vapor Ladrilhos cerâmicos Laje de betão 146 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Pavimento Intermédio – Condensações Internas DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO EM MADEIRA DO PAVIMENTO ADJACENTE À FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: PAVIMENTO INTERMÉDIO, MADEIRA, ETICS, LADRILHOS CERÂMICOS, DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO, CONDENSAÇÕES INTERNAS, PERFIL DE ARRANQUE FICHA 09.3 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento em madeira do pavimento dos compartimentos dos fogos do 1º piso de um edifício de habitação apresentava-se levantado nas zonas junto à fachada, revestida com um sistema de isolamento térmico pelo exterior do tipo ETICS. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da fachada, tendo-se verificado que era constituída por alvenaria simples de tijolo vazado, revestida por um sistema de isolamento térmico pelo exterior do tipo ETICS. Não foi aplicado perfil de arranque do sistema. Verificou-se que a anomalia só ocorria junto às fachadas onde foi aplicado, até cerca de 1 m de altura, um revestimento em ladrilhos cerâmicos sobre o ETICS. Os ladrilhos cerâmicos foram colados directamente ao isolamento, até cerca de 1 m de altura. Tratam-se elementos não permeáveis ao vapor. Foi medido o teor de humidade do revestimento em madeira, junto à base das paredes, tendo-se verificado que era elevado apenas nas zonas em que foi aplicado o revestimento cerâmico sobre o ETICS. Os restantes pavimentos não apresentavam problemas. Sistema ETICS Revestimento cerâmico impermeável ao vapor CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO A degradação do revestimento em madeira do pavimento deveu-se à presença de água proveniente da migração de humidade de condensação, gerada na interface entre o revestimento cerâmico e o sistema de isolamento do tipo ETICS da fachada. Para correcção da patologia teria de se proceder à remoção do revestimento em ladrilhos cerâmicos aplicado sobre o sistema de isolamento térmico pelo exterior do tipo ETICS. A aplicação do perfil de arranque do sistema de isolamento térmico seria também fundamental. As condensações foram geradas pelas diferenças de vapor resultantes do processo de secagem da alvenaria que estava saturada quando foi aplicado o ETICS. Refira-se que o revestimento cerâmico estava em perfeita continuidade com o muro de suporte em betão, não tendo sido aplicado o perfil de arranque do sistema ETICS. Utilizando o método de GLASER, verificou-se que os fluxos condensados eram superiores a 1 l/m2. Sistema ETICS Sistema ETICS > 1 l/m2 ETICS Revestimento cerâmico impermeável ao vapor Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Revestimento cerâmico impermeável ao vapor Perfil de arranque 147 Pavimento Intermédio – Expansão Higrotérmica EMPOLAMENTO DO REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS DO PAVIMENTO DA SALA DO ÚLTIMO PISO DE UMA HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: PAVIMENTO INTERMÉDIO, LADRILHOS CERÂMICOS, EMPOLAMENTO DO REVESTIMENTO, FISSURAÇÃO DO REVESTIMENTO, EXPANSÃO HIGROTÉRMICA, JUNTAS FICHA 09.4 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento em ladrilhos cerâmicos do pavimento da sala localizada no último piso de uma habitação unifamiliar apresentava-se descolado, tendo corrido o empolamento pontual do revestimento. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração do pavimento tendo-se verificado que o revestimento constituído por ladrilhos cerâmicos encontrava-se aplicado directamente sobre a laje em betão, não existindo juntas de fraccionamento, nem no contorno. Os ladrilhos cerâmicos eram constituídos por barro vermelho. CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO O descolamento e empolamento do revestimento em ladrilhos cerâmicos do pavimento da sala ocorreu devido à franca expansão do material cerâmico de revestimento não compensada pela existência de juntas de assentamento e de fraccionamento com largura e espaçamento compatíveis. O revestimento em ladrilhos cerâmicos do pavimento teria de ser substituído por um revestimento cerâmico cuja expansão devido ao efeito da humidade fosse inferior a 0,6 mm/m. O período de tempo entre a sua produção e a aplicação deveria ser superior a 2 meses. As deformações de carácter higrotérmico do revestimento devido às variações dimensionais quer pela acção da temperatura, quer pela expansão irreversível resultante da acção da humidade (água e/ou vapor de água) foram muito significativas. Na aplicação do novo revestimento deveriam ser criadas juntas periféricas, na ligação do revestimento com o contorno, e intermédias (> 4 x4 m2), devendo ser preenchidas com um material flexível. A espessura das juntas deveria ser definida em função das características do material de revestimento, devendo preferencialmente ser especificada pelo Fabricante. > 10 mm Material flexível e de preenchimento 148 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 10. PAVIMENTO SOBRE ESPAÇO EXTERIOR Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 149 Pavimento Sobre Espaço Exterior – Condensações Superficiais DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO EM MADEIRA DO PAVIMENTO SOBRE O EXTERIOR DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: FICHA 10.1 PAVIMENTO SOBRE ESPAÇO EXTERIOR, MADEIRA, DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO, CONDENSAÇÕES SUPERFICIAIS, ISOLAMENTO TÉRMICO , VENTILAÇÃO, AQUECIMENTO 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento em madeira do pavimento dos compartimentos das habitações de um edifício apresentava um comportamento deficiente, apenas nas zonas sobre o espaço exterior (corpo em consola), tendo-se observado o aparecimento de gotículas de água sobre o verniz. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração do pavimento sobre o exterior, tendo-se verificado que o revestimento em madeira foi colado sobre a camada de forma em betão leve. As habitações não dispunham de um sistema de ventilação permanente, apenas existindo dispositivos de exaustão mecânica de ar na cozinha e nas instalações sanitárias. Efectuou-se a medição da temperatura e humidade relativa do ar e do caudal de ventilação dos compartimentos das habitações em análise. Verificou-se que a ventilação era insuficiente (inferior a 0,3 renovações por hora), bem como não havia um aquecimento adequado das habitações. O coeficiente de transmissão térmica do pavimento – K era elevado, sendo superior ao máximo imposto pelo RCCTE. Revestimento em madeira Camada de forma Laje Revestimento exterior CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO A degradação do revestimento em madeira do pavimento sobre o espaço exterior resultou do fenómeno de condensações superficiais que ocorreu no pavimento, devido, principalmente, à ausência de isolamento térmico e à ventilação insuficiente das habitações. A minimização do problema observado no pavimento sobre o espaço exterior, resultante do fenómeno de condensações superficiais, passaria pelo isolamento térmico do pavimento. Na envolvente das habitações, este fenómeno ocorre quando se verificam uma ou mais das seguintes condições: − Ausência de aquecimento do ambiente interior ou aquecimento insuficiente e intermitente; − Deficiente isolamento térmico do pavimento; − Produção de vapor de água no interior da habitação/compartimento significativa; − Ventilação insuficiente. Ti=18ºC HR=75% A’ Poderia optar-se pela aplicação de um sistema de isolamento térmico pelo exterior, do tipo ETICS, sob o pavimento (ver figura). A criação de um sistema de ventilação geral e permanente e o reforço do aquecimento melhoraria o conforto das habitações em termos higrotérmicos. O aquecimento do interior da habitação deveria garantir uma temperatura superior a 18 ºC. Tsi<Tpo A Isolamento térmico Ti<4ºC Tpo Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 151 11. VÃO ENVIDRAÇADO Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 153 Vão Envidraçado – Deficiente Configuração dos Peitoris FICHA 11.1 MANCHAS DE SUJIDADE NA FACHADA SOB OS PEITORIS DE UM EDIFÍCIO DE SERVIÇOS PALAVRAS-CHAVE: VÃO ENVIDRAÇADO, PEITORIS, MANCHAS NO REVESTIMENTO, ESCORRÊNCIAS, DEFICIENTE CONFIGURAÇÃO DOS PEITORIS 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento em monomassa das fachadas de um edifício de serviços apresentava manchas de sujidade associadas a escorrências nas zonas da fachada sob os peitoris dos vãos exteriores. Procedeu-se à análise da configuração dos peitoris, tendo-se observado que não apresentavam inclinação para o exterior, sendo praticamente horizontais. CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO As escorrências/manchas de sujidade observadas na fachada sob os peitoris resultaram da acumulação de partículas nas superfícies horizontais, transportadas pela água para as fachadas. Para evitar o aparecimento de novas escorrências sob os peitoris, seria necessário aplicar elementos com configuração adequada, o que implicaria o ajuste da caixilharia adjacente, sendo uma operação de grande complexidade. A configuração do peitoril, nomeadamente, a inexistência de uma inclinação para o exterior e a ausência de pingadeira agravaram o aparecimento de “bigodes” na fachada. Em alternativa, seria aceitável a aplicação de um rufo em zinco sob o peitoril com configuração adequada. Os peitoris não apresentavam também pingadeira exterior que permitisse o afastamento da água. Note-se que todas as superfícies horizontais (ou com pequena inclinação) têm tendência para acumular lixo que será posteriormente arrastado pelas águas das chuvas. Alem da geometria inadequada do peitoril, o facto de apresentar um revestimento em monomassa, com grande capacidade de absorção e porosidade excessiva, agravou a acumulação de sujidades e o aparecimento de manchas. ≥ 1,5 cm ≥ 1,5 cm l h ≥ 25 mm l ≥ 25 mm h [96] α tgα ≥ 0,10 [35] Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 155 Vão Envidraçado – Envelhecimento dos Materiais FICHA 11.2 DEGRADAÇÃO DOS PEITORIS EM PEDRA CALCÁRIA DOS VÃOS DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: VÃO ENVIDRAÇADO, PEITORIS, DEGRADAÇÃO, ENVELHECIMENTO DOS MATERIAIS, PROTECÇÃO METÁLICA, REVESTIMENTO CONTÍNUO À BASE DE RESINA DE POLIURETANO 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS Os peitoris em pedra calcária dos vãos de um edifício de habitação colectiva, com cerca de 30 anos, apresentavam um aspecto degradado, tendo-se verificado a alteração da superfície e microfissuras. Procedeu-se à verificação da estabilidade dos peitoris, tendo-se constatado que não se encontravam dessolidarizados do suporte. Foram efectuadas sondagens sob o peitoril e na ombreira que permitiram constatar que a forma do peitoril e que a ligação da caixilharia com o peitoril apresentavam uma configuração considerada satisfatória. h l α h ≥ 25mm ≥ 1,5 cm ≥ 1,5 cm l ≥ 25mm tg α ≥ 0,10 [35] CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO A degradação dos peitoris em pedra calcária deveu-se ao deficiente comportamento destes elementos face às solicitações de carácter higrotérmico. Para tratamento da patologia seria necessário proceder à substituição do peitoril. No entanto, esta operação criaria alguns incómodos para os moradores, tendo em atenção que obrigaria à remoção da caixilharia. O envelhecimento prematuro da pedra calcária terá também estado na origem do problema observado. Não sendo possível a remoção do peitoril, existem soluções alternativas que garantiam a estanquidade da ligação com a fachada, sendo contudo modificado o aspecto estético inicial. Seria vantajoso a aplicação de um revestimento contínuo à base de resina de poliuretano, o que, para além de garantir a estanquidade à água do peitoril, permitiria um remate adequado com o contorno e melhoraria o aspecto estético. No entanto, o aspecto inicial seria alterado. Em alternativa, poderia também ser aplicada uma protecção metálica superior, desde que compatível com a caixilharia. Resinas à base de poliuretano Primário Peitoril 156 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Vão Envidraçado – Infiltrações DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO EM MADEIRA DO CONTORNO DOS VÃOS COM CAIXILHARIA EM ALUMÍNIO DE UM EDIFÍCIO PALAVRAS-CHAVE: VÃO ENVIDRAÇADO, PEITORIS, DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO, INFILTRAÇÕES, CONFIGURAÇÃO DA OMBREIRA, CAIXILHARIA CLASSIFICADA FICHA 11.3 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento em madeira do contorno dos vãos de um edifício de serviços, localizado junto ao mar, apresentava-se degradado, sendo visíveis manchas de humidade nas ombreiras, junto à ligação com o peitoril. Procedeu-se à desmontagem de uma janela-tipo, de forma a analisar a configuração e a fixação da caixilharia. Verificou-se que a caixilharia se encontrava fixa mecanicamente à ombreira de betão. Os vãos envidraçados eram constituídos por caixilharia em alumínio e vidros duplos incolores, sem protecção exterior. O peitoril constituído por pedra calcária, não apresentava projecção lateral. CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO A degradação verificada no revestimento em madeira do contorno dos vãos foi causada por infiltrações que ocorreram devido à deficiente configuração da ligação da caixilharia e do peitoril com a ombreira, nomeadamente, a inexistência de um pré-aro que permitisse a conveniente masticagem, ou de um redente na ombreira. A resolução do problema seria muito complexa, sendo necessário proceder à correcção da ligação da ombreira com a caixilharia e com o peitoril, o que implicaria a substituição da caixilharia. A solução de caixilharia utilizada poderia, também, ter estado na origem do problema observado, nomeadamente, o facto de terem sido aplicadas janelas não classificadas, não sendo possível verificar a sua adequabilidade à solicitação: permeabilidade ao ar, permeabilidade à água e deformabilidade ao vento. Deveria ser aplicada uma caixilharia classificada, escolhida em função da exposição e do desenvolvimento em altura da fachada. Seria também conveniente a substituição do peitoril por um elemento com configuração adequada. O facto de se tratar de um edifício com considerável desenvolvimento em altura (17 pisos) e bastante exposto exigia um dimensionamento rigoroso da caixilharia. [37] Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo [35] 157 Vão Envidraçado – Infiltrações FICHA 11.4 MANCHAS DE HUMIDADE E DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO DAS PAREDES SOB OS VÃOS DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: VÃO ENVIDRAÇADO, PEITORIS, “PASTILHA” CERÂMICA, MANCHAS DE HUMIDADE, DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO, INFILTRAÇÕES 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento das paredes, sob os vãos de um edifício de habitação, apresentava manchas de humidade. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração dos peitoris, tendo-se verificado que apresentavam um revestimento em “pastilha” cerâmica, aplicado sobre o reboco da fachada, à base de ligantes hidráulicos. Os peitoris apresentavam um revestimento em “pastilha” cerâmica. Os vãos eram constituídos por caixilharia em alumínio, tendo sido aplicado vidro simples. Procedeu-se à medição do teor de humidade das paredes sob os vãos, tendo-se verificado que apresentavam um teor de humidade elevado. “Pastilha” cerâmica Reboco CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO As manchas de humidade observadas nas paredes sob os vãos deveram-se a infiltrações que ocorreram através dos peitoris e da ligação com a envolvente, resultantes: Para resolver as infiltrações observadas, seria necessário proceder à aplicação de um peitoril em pedra, com configuração adequada, o que obrigaria à remoção e ajuste da caixilharia. − Da deficiente configuração dos peitoris, salientando-se, a planeza do peitoril, que dificultava o escoamento e propiciava infiltrações; − Da fissuração do suporte, face à deformabilidade da alvenaria (corpo em consola) e às solicitações de carácter higrotérmico; − Da deficiente impermeabilização da ligação do peitoril com a fachada. A envolvente do vão deveria ser impermeabilizada com argamassa à base de polímeros. A ligação caixilharia/fachada teria de ser convenientemente masticada. Caso não fosse viável a remoção da caixilharia, pelo custo e incómodo que iria gerar aos moradores, para minimizar o problema, teria de se proceder à remoção e recolocação da “pastilha” cerâmica do contorno dos vãos, após a aplicação de um barramento com argamassa à base de polímeros, bem como à masticagem da caixilharia. h l α h ≥ 25 mm ≥ 1,5 cm ≥ 1,5 cm 158 l ≥ 25 mm tgα ≥ 0,10 [35] Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Vão Envidraçado – Infiltrações FICHA 11.5 MANCHAS DE HUMIDADE NAS PAREDES ADJACENTES ÀS OMBREIRAS DOS VÃOS DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: VÃO ENVIDRAÇADO, TIJOLO “FACE À VISTA”, MANCHAS DE HUMIDADE, INFILTRAÇÕES, BARREIRA DE ESTANQUIDADE, CONFIGURAÇÃO DA OMBREIRA 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS As paredes adjacentes às ombreiras dos vãos de um edifício de habitação apresentavam manchas de humidade, encontrando-se o revestimento degradado. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da fachada, tendo-se verificado que: O pano exterior da parede era constituído por tijolo “face à vista”. − Era constituída por parede dupla, sendo o pano exterior em tijolo “face à vista” e o pano interior em blocos à base de gesso; − Na caixa de ar não foi aplicado isolamento térmico. Procedeu-se à desmontagem de uma janela-tipo, de forma a analisar a configuração da ombreira, tendo-se verificado que o tijolo “face à vista“ dobrou nesta zona existindo uma argamassa de separação entre o pano interior e exterior da fachada. A caixilharia, em alumínio, com vidro simples, foi aplicada directamente sobre o pano exterior em tijolo “face à vista”. CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO As manchas de humidade do revestimento interior da fachada, adjacente à ombreira dos vãos, resultaram de infiltrações que ocorreram devido: A minimização do problema observado passaria pela criação de uma barreira de estanquidade na ombreira, entre o pano exterior e o pano interior, o que implicaria a remoção e ajuste da caixilharia. − À aplicação da caixilharia sobre o pano de tijolo “face à vista”, não existindo uma barreira hídrica contínua de separação entre o pano exterior e o pano interior da fachada; A conveniente masticagem da ligação da caixilharia com o contorno seria também fundamental. − À configuração da ombreira; − Às características do tijolo de “face à vista” que sendo um material capilar, absorve a água da chuva incidente, o que adicionado ao facto das juntas não terem sido refechadas, fez com que facilmente a água atinjisse a face interior do paramento de tijolo. Barreira de estanquidade Bloco à base de gesso Tijolo “face à vista” Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Bloco à base de gesso Tijolo “face à vista” 159 Vão Envidraçado – Infiltrações MANCHAS DE HUMIDADE NAS PAREDES SOB OS VÃOS COM CAIXILHARIA EM MADEIRA DE UM EDIFÍCIO DE SERVIÇOS PALAVRAS-CHAVE: VÃO ENVIDRAÇADO, CAIXILHARIA EM MADEIRA, MANCHAS DE HUMIDADE, INFILTRAÇÕES, BARREIRA DE ESTANQUIDADE FICHA 11.6 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento da parede sob os vãos de um edifício de serviços apresentava-se degradado, sendo visíveis manchas de humidade. Foi efectuada a inspecção visual da caixilharia e a apreciação dos elementos desenhados disponíveis, de forma a analisar a configuração da caixilharia, tendo-se constatado que: Os vãos apresentavam caixilharia em madeira. − A caixilharia, o peitoril e as portadas interiores dos vãos eram em madeira pintada; − As janelas apresentavam duas folhas de batente e uma bandeira superior fixa com vidros simples incolores, com protecção interior; − A barreira de estanquidade ao ar ao nível do peitoril era exterior ao dispositivo de recolha de água. Barreira de estanquidade ao ar CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO As manchas de humidade observadas no revestimento da superfície interior das paredes sob os vãos deveram-se a infiltrações resultantes: De forma a resolver o problema observado, seria necessário proceder à substituição da caixilharia por uma caixilharia classificada, convenientemente dimensionada em função da exposição da fachada. − Da utilização de janelas não classificadas, não sendo possível verificar a sua adequabilidade às solicitações: permeabilidade ao ar, à água e deformabilidade ao vento; − Da configuração da própria caixilharia, nomeadamente, no que se refere à configuração e ao posicionamento da barreira de estanquidade ao ar, que deveria estar localizada preferencialmente pelo interior. Barreira de estanquidade ao ar Equilíbrio de pressões Caso não fosse possível esta intervenção, de forma a minimizar o problema, seria necessário aplicar juntas em PVC flexível ou neoprene no contorno das folhas da janela, de forma a passar a barreira de estanquidade ao ar para o interior do dispositivo de recolha de água (ver figura seguinte). Barreira de estanquidade ao ar Barreira de estanquidade ao ar 160 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Vão Envidraçado – Infiltrações MANCHAS DE HUMIDADE NAS PAREDES AO NÍVEL DA PADIEIRA DOS VÃOS DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: VÃO ENVIDRAÇADO, PADIEIRA, MANCHAS DE HUMIDADE, INFILTRAÇÕES, FISSURAS, ESTABILIDADE, IMPERMEABILIZAÇÃO FICHA 11.7 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS A superfície interior das paredes ao nível da padieira dos vãos envidraçados de um edifício de habitação apresentava manchas de humidade. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da fachada e da padieira, tendo-se verificado que: − A fachada era constituída por parede dupla, sendo o pano exterior em tijolo “face à vista”; − Os vãos envidraçados eram constituídos por caixilharia em alumínio e vidros duplos incolores, com protecção interior; − Na padieira foi aplicado um elemento de betão de pequena espessura, moldado em obra. Após a betonagem deste elemento foi colocado o pano interior de tijolo vazado; − A superfície exterior do elemento de betão da padieira foi revestida com capa de tijolo “face à vista” (ver figura). Fixação do elemento préfabricado Capa em “tijolo face à vista” Elemento pré-fabricado em betão CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO As manchas de humidade verificadas nas paredes, ao nível da padieira dos vãos envidraçados, deveram-se a infiltrações. Para tratamento da patologia seria necessário reforçar a fixação da padieira ao topo da laje, garantindo a estabilidade deste elemento, o que obrigaria a uma intervenção complexa que implicaria a desmontagem do pano exterior da fachada em tijolo “face à vista”. A instabilidade da solução adoptada para a padieira, nomeadamente esbelteza do elemento de betão aplicado e a forma como foi realizada a sua fixação à laje do piso superior gerou fissuração e permitiu infiltrações. A impermeabilização da superfície do pano interior da parede seria também fundamental. Reforço da estabilidade Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Impermeabilização 161 12. PLATIBANDA Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 163 Platibanda – Deficiente Configuração e Aplicação do Capeamento DESTACAMENTO DO CAPEAMENTO METÁLICO DA PLATIBANDA DE UM EDIFÍCIO DE SERVIÇOS PALAVRAS-CHAVE: PLATIBANDA, CAPEAMENTO METÁLICO, DESTACAMENTO DO CAPEAMENTO, DEFICIENTE CONFIGURAÇÃO E APLICAÇÃO DO CAPEAMENTO, FIXAÇÃO DO CAPEAMENTO FICHA 12.1 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O capeamento metálico da platibanda de um edifício de serviços apresentava-se degradado, tendo ocorrido o seu destacamento. Efectuou-se a inspecção visual de forma a analisar a configuração do capeamento, tendo-se observado que se encontrava fixo mecanicamente ao suporte, sendo constituído por chapa zincada. Não se observaram juntas de dilatação do capeamento. Realizaram-se sondagens para análise da configuração da platibanda, tendo-se verificado que era em alvenaria de tijolo vazado (0,15 m), rebocada e pintada. O bordo superior não apresentava qualquer inclinação, sendo o capeamento praticamente horizontal. Capeamento Betão Tijolo vazado Reboco Pintura CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO O destacamento do capeamento metálico da platibanda deveram-se ao envelhecimento prematuro dos materiais e à deficiente configuração e aplicação do capeamento, salientando-se a fixação directa ao suporte da chapa zincada e a inexistência de juntas de dilatação convenientemente tratadas. O capeamento metálico da platibanda deveria ser substituído por um capeamento em zinco, devendo ter-se em atenção os seguintes aspectos: Refira-se ainda que o capeamento não apresentava inclinação, sendo praticamente horizontal. − O zinco a utilizar deveria apresentar uma espessura de 0,65 a 0,80 mm (zinco n.º 12 a n.º 14), de acordo com o seu maior ou menor desenvolvimento; − Deveria ser fixo por “clipagem”, devendo apresentar uma inclinação mínima de 5% para o lado interior, de forma a evitar-se a escorrência de água pelas fachadas; − Atendendo à forte dilatação linear do zinco, deveriam ser previstas juntas de dilatação, espaçadas no máximo de 8,0 m. De preferência, por questões de durabilidade, deveria ser aplicado um revestimento em zinco associado a uma estrutura ventilada e a isolamento térmico na superfície interior da platibanda. Revestimento em zinco Capeamento em zinco Espaço de ar Isolamento Térmico Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 165 Platibanda – Deficiente Configuração e Aplicação do Capeamento DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO SOB O CAPEAMENTO EM PEDRA DA PLATIBANDA DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: PLATIBANDA, CAPEAMENTO EM PEDRA, DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO, DEFICIENTE CONFIGURAÇÃO E APLICAÇÃO DO CAPEAMENTO FICHA 12.2 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento em pintura da platibanda de um edifício de habitação encontrava-se degradado, tendo ocorrido pontualmente o seu destacamento, sob o capeamento em pedra. Foi efectuada a inspecção visual de forma a analisar a configuração do capeamento em pedra, tendo-se observado que se encontrava aplicado com cimento-cola sobre o reboco à base de ligantes hidráulicos da platibanda. O capeamento não apresentava inclinação, sendo praticamente horizontal. As juntas entre as placas de pedra encontravam-se abertas. Realizaram-se sondagens para análise da configuração da platibanda, tendo-se verificado que era em alvenaria de tijolo vazado, com 0,20 m de espessura, tendo sido rebocada e pintada. Capeamento em pedra Pintura CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO O empolamento e o destacamento da pintura exterior da platibanda deveu-se a infiltrações que ocorreram sob a película de tinta, através do capeamento em pedra, e que resultaram da deficiente configuração e aplicação destes elementos, nomeadamente: Para tratamento da patologia seria necessário proceder à correcção do capeamento em pedra da platibanda, de acordo com o seguinte princípio: − Inexistência de uma inclinação, sendo o capeamento praticamente horizontal; − Elevada porosidade do reboco e do cimento-cola; − Configuração do reboco, no que se refere à garantia de estanquidade; − O facto das juntas entre placas se encontrarem abertas. − Remoção do capeamento e do revestimento em tinta existente; − Correcção do bordo superior da platibanda, criando uma pendente para o interior, com cerca de 5% de inclinação; − Impermeabilização do suporte com argamassa à base de polímeros, armada; − Aplicação de nova pedra com pingadeiras laterais convenientemnte dimensionadas; − Pintura da superficie vertical da platibanda. A migração da água através do cimento-cola e da argamassa do reboco e a permeabilidade ao vapor da pintura terão sido as principais causas do problema. 5% Capeamento em pedra Argamassa com polímeros Rede de fibra de vidro Pintura 166 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Platibanda – Instabilidade e Expansão Higrotérmica FISSURAÇÃO DA PLATIBANDA DE UM EDIFÍCIO DE SERVIÇOS PALAVRAS-CHAVE: FICHA 12.3 PLATIBANDA, TIJOLO VAZADO, BETÃO, INSTABILIDADE E EXPANSÃO HIGROTÉRMICA, FISSURAÇÃO DA ALVENARIA, REBOCO ARMADO, RPE 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS A platibanda de um edifício de serviços apresentava-se fissurada, sensivelmente a meio da espessura e junto à base. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da platibanda, tendo-se verificado que era constituída por uma parede de betão armado (0,10 m) e por alvenaria de tijolo vazado (0,07 m), aplicada como cofragem antes da betonagem. A superfície exterior encontrava-se rebocada e revestida com ladrilhos cerâmicos. A superfície exterior encontrava-se rebocada e revestida com ladrilhos cerâmicos. A platibanda apresentava um capeamento metálico. Capeamento metálico Betão Tijolo vazado Ladrilhos cerâmicos CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO A fissuração manifestada na platibanda teve origem, sobretudo, em deformações de carácter higrotérmico do tijolo, devido às variações dimensionais da alvenaria quer pela acção da temperatura, quer pela expansão irreversível resultante da acção da humidade. Para tratamento da fissuração observada seria necessária a seguinte intervenção: Deveu-se também às diferenças de comportamento face às solicitações de carácter higrotérmico dos dois materiais que constituíam a platibanda – o betão, que constituía a parte interior da guarda e a “forra” exterior em tijolo vazado. Estes materiais, ao deformarem-se de forma distinta, geraram tensões nas ligações que conduziram à fissuração da ligação. − Demolição do revestimento em ladrilhos cerâmicos; − Tratamento das fissuras significativas e preenchimento com material elástico (mastique); − Realização de uma “alheta” na ligação entre o betão e a alvenaria na base da platibanda; − Aplicação de um reboco com argamassa à base de polímeros, armada com rede de fibras de vidro; − Recolocação do revestimento em ladrilhos cerâmicos. RPE Suporte Rede de fibra de vidro Mastique sintético Argamassa com polímeros Papel adesivo Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 167 Platibanda – Retracção das Argamassas FICHA 12.4 FISSURAÇÃO DO REBOCO DA PLATIBANDA DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: PLATIBANDA, REBOCO, RETRACÇÃO DAS ARGAMASSAS, MICROFISSURAÇÃO DO REBOCO, RPE, ISOLAMENTO TÉRMICO 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento da superfície interior da platibanda de um edifício de habitação apresentava-se fissurado. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da platibanda, tendo-se verificado que: A superfície interior encontrava-se rebocada e pintada. − Era constituída por alvenaria de tijolo vazado de 0,15 m, travada por “pilaretes” e viga de coroamento; − A superfície vertical encontrava-se rebocada com um reboco à base de ligantes hidráulicos (0,02 m) e pintada; − O capeamento da platibanda era constituído por chapa de zinco. Capeamento Betão Tijolo vazado Reboco Pintura CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO A fissuração do reboco da platibanda deveu-se à retracção das argamassas e à solicitação térmica. Nas condições de aplicação correntes, as argamassas sofrem uma retracção inicial resultante da dissecação, da hidratação (retracção endógena) e da carbonatação. O tratamento da patologia observada passaria pelo tratamento das fissuras e o seu preenchimento com um produto flexível (mastique). Na superfície interior da platibanda deveria ser aplicado um reboco em argamassa à base de polímeros, armado com rede de fibra de vidro. A retracção global das argamassas é influenciada por relações complexas entre o tipo de cimento, os inertes, a composição e o processo de cura. Como acabamento final, por questões de uniformização de textura, sereia vantajoso a aplicação de um revestimento plástico espesso (RPE). O controlo da retracção não pode, no entanto, ser limitado à escolha do tipo de materiais, da composição da mistura e da relação água/cimento, sendo necessário actuar sobre as condições higrotérmicas do local e sobre a capacidade de absorção do suporte. Note-se que por questões de durabilidade seria preferível a aplicação de isolamento térmico associado a um revestimento exterior em zinco, ou outra chapa metálica não corrosível, fixo a uma estrutura intermédia que garantisse a ventilação. Esta intervenção implicaria a substituição do capeamento existente por novo capeamento em zinco. Revestimento em zinco Espaço de ar Capeamento em zinco Isolamento Térmico [95] 168 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 13. JUNTA DE DILATAÇÃO Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 169 Junta de Dilatação – Envelhecimento dos Materiais DEGRADAÇÃO DA JUNTA DE DILATAÇÃO VERTICAL DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: JUNTA DE DILATAÇÃO, MASTIQUE, DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO, MATERIAIS, PROTECÇÃO MECÂNICA FICHA 13.1 ENVELHECIMENTO DOS 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS A junta de dilatação vertical de um edifício de habitação encontrava-se degradada, sendo visível o destacamento do material de preenchimento. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da junta de dilatação vertical, tendo-se observado que o mastique se encontrava aplicado sobre um fundo de junta constituído por um fole de zinco. A junta não apresentava protecção mecânica encontrando-se preenchidas apenas com mastique. A junta terá sido preenchida com placas de aglomerado de cortiça. Fole de zin co Cordão de polietileno expandido Mastique CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO A degradação da junta de dilatação vertical do edifício deveuse ao envelhecimento prematuro do material de preenchimento da junta face às solicitações de carácter higrotérmico. Seria necessário proceder ao tratamento da junta de dilatação vertical, devendo remover-se o material de preenchimento existente. A falta de protecção mecânica da junta terá acelerado o processo de envelhecimento do material. Deveria ser realizado um fundo de junta com um cordão de espuma de polietileno expandido e aplicado um mastique de estanquidade à base de poliuretano, classificado como elastómero de 1ª categoria, segundo a certificação da SNJF (França) Para protecção mecânica das juntas e durabilidade do tratamento, deveria ser aplicado um cobre-juntas metálico (em alumínio ou inox). Cordão de polietileno expandido Mastique Cobre-junta metálico Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 171 Junta de Dilatação – Infiltrações MANCHAS DE HUMIDADE NO TECTO SOB A JUNTA DE DILATAÇÃO DA COBERTURA EM TERRAÇO DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO PALAVRAS-CHAVE: FICHA 13.2 JUNTA DE DILATAÇÃO, MANCHAS DE HUMIDADE, INFILTRAÇÕES, RUFO METÁLICO 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS O revestimento do tecto e das paredes da cave de um edifício de habitação, sob a junta de dilatação da cobertura em terraço, apresentava manchas de humidade e escorrências. Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da cobertura em zona corrente e ao nível da junta de dilatação. A junta de dilatação localizava-se adjacente à fachada do edifício. A cobertura apresentava um revestimento em betonilha esquartelada. A fachada adjacente à junta era em betão à vista. A tela de impermeabilização não subiu na superfície vertical da fachada do edifício adjacente à junta de dilatação. CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO As manchas de humidade e escorrências observadas no revestimento do tecto e das paredes da Cave adjacentes à junta de dilatação resultaram de infiltrações que ocorreram devido à deficiente configuração e tratamento da junta. Teria de se proceder à correcção do tratamento da junta de dilatação, sendo necessário: A ausência de uma rufagem adequada e o movimento natural da junta terão sido a principal causa do problema observado. − Remover o revestimento da cobertura numa banda adjacente à junta; − Aplicar novo material de preenchimento da junta; − Colocar uma cantoneira metálica na ligação com a fachada (ver figura); − Aplicar um reforço da tela de impermeabilização; − Realizar uma rufagem em zinco na parte superior dessa ligação, sendo o rufo fixado mecanicamente ao elemento vertical; − Impermeabilizar a fachada com argamassa à base de polímeros, armada. Fach ada Junta de ligação 172 Rufo em zinco Betonilha Filme de polietileno Sistema de impermeabilização Reforço da impermeabilização Cantoneira metálica Mastique Cordão de poliuretano Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 14. CLARABÓIA Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 173 Clarabóia – Condensações Superficiais CONDENSAÇÕES NA FACE INTERIOR DOS VIDROS DAS CLARABÓIAS DOS FOGOS DO ÚLTIMO PISO DE UMA HABITAÇÃO UNIFAMILIAR PALAVRAS-CHAVE: FICHA 14.1 CLARABÓIA, CONDENSAÇÕES SUPERFICIAIS, VIDRO SUPER-ISOLANTE, VENTILAÇÃO, AQUECIMENTO 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS A superfície envidraçada (clarabóias) do corredor do último piso de uma habitação unifamiliar apresentava condensações. Procedeu-se à desmontagem de uma clarabóia, tendo-se observado que era constituída por caixilharia em ferro, sendo o vidro duplo (8+8+8 mm), sobreposto por uma terceira chapa de vidro, incolor. A caixilharia era dotada de uma caleira interior para recolha de condensados, com orifícios de ventilação protegidos por tubos exteriores metálicos. Dispunha também de um dispositivo mecânico de abertura. A habitação não dispunha de um sistema de ventilação permanente, apenas existindo dispositivos de exaustão mecânica de ar na cozinha e nas instalações sanitárias. Os muretes em que se encontravam fixas as clarabóias eram em alvenaria de tijolo vazado com 0,15 m de espessura, sem isolamento térmico e com capeamento superior em pedra de granito. Efectuou-se a medição da temperatura e da humidade relativa do ar e do caudal de ventilação dos compartimentos, tendo-se verificado que a ventilação era insuficiente, bem como não havia um aquecimento adequado das habitações (aquecimento intermitente). Envidraçado Capeamento Caixilharia Murete de suporte CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO As condensações que surgiram na face interior da superfície envidraçada das clarabóias resultaram do fenómeno de condensações superficiais. Sempre que a temperatura superficial interior (Tsi) era inferior à temperatura de ponto de orvalho (Tpo) ocorreram condensações: Tsi = Ti – 1/hi ⋅ k ⋅ (Ti-Te) (ºC) Considerando um coeficiente de transmissão térmica - K de 3 W/(m2⋅ºC) do envidraçado é superior a 6 W/(m2⋅ºC) para a caixilharia em ferro, verifica-se que se a temperatura exterior descer abaixo dos 7,5 ºC podem ocorrer condensações na superfície interior do envidraçado e quando desce abaixo dos 14ºC na caixilharia. A deficiente ventilação dos compartimentos contribuiu, também, para o agravamento do problema. A resolução do problema das condensações na superfície interior das clarabóias passaria pela substituição do vidro, bem como da caixilharia. Para que não ocorram condensações, deveria ser aplicado um vidro duplo super-isolante, com um coeficiente de transmissão térmica – K não superior a 1,7 W/(m2⋅ºC). A eficiência em termos de factor solar e de transmissão luminosa deveria também ser melhorada, sendo recomendável que os lanternins apresentassem um factor solar inferior a 0,20. A substituição da caixilharia de ferro seria também exigível. O reforço do sistema de ventilação e o aquecimento contínuo do interior das habitações seria fundamental para melhorar o seu conforto higrotérmico. Esquadria de protecção contra a radiação solar Te<7,5ºC A’ A Estanquidade Tsi<Tpo Corte FF Ti=20,5ºC Presilha de retenção HR=75% Estanquidade Tpo 15,9ºC Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo Estanquidade DTU 39.1 [X [38] [107] 175 15. OUTROS Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 177 Pilares – Condensações Superficiais FICHA 15.1 MANCHAS NOS PILARES EM GRANITO DE UMA IGREJA PALAVRAS-CHAVE: PILARES, GRANITO, MANCHAS NO REVESTIMENTO , CONDENSAÇÕES SUPERFICIAIS, AQUECIMENTO, VENTILAÇÃO, BIOCIDAS, DESUMIDIFICAÇÃO 2004 DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA SONDAGENS E MEDIDAS Os pilares em granito das capelas laterais de uma igreja apresentavam manchas de tons esverdeado, principalmente até uma altura de cerca de 3 m acima da cota do pavimento. Realizaram-se um conjunto de medidas de forma a caracterizar as condições higrotérmicas da ambiência. Verificou-se que o interior das capelas apresentava uma humidade relativa elevada e que a ventilação era insuficiente. HR=85% Ti=9ºC Tsi<Tpo HR=88% Ti=13ºC CAUSAS DA PATOLOGIA SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO As manchas observadas nos pilares laterais das capelas deviam-se ao fenómeno de condensações superficiais resultantes da elevada humidade relativa e da deficiente ventilação da Igreja. De forma a minorar o aparecimento de manchas na superfície dos pilares interiores teria de ser realizada a seguinte intervenção: Este fenómeno foi sobretudo provocado pela existência de uma caleira no contorno do pavimento, ligada à rede de drenagem de águas pluviais, o que permitia que o ar mais quente e húmido que circulava nas tubagens acedesse ao interior da Igreja. Devido à inércia térmica do solo em determinados dias, a temperatura no interior dos tubos era superior à temperatura ambiente, assim como a humidade relativa. O ar mais quente e húmido subia ao longo das paredes e pilares para as grelhas de ventilação, colocadas nas janelas, condensando ao encontrar a superfície de granito fria. − Limpeza das manchas com biocidas; − Execução de uma barreira de modo a impedir a circulação de ar das tubagens de drenagem para o interior das capelas. Poderia ser aplicado um rolhão de poliuretano nos orifícios de ligação da rede de drenagem freática que, por sua vez, liga à rede de drenagem de águas pluviais; − Instalação de aparelhos de desumidificação para diminuição da elevada humidade relativa no interior da Igreja, atendendo a que não há aquecimento; − Reforço da ventilação através da aplicação de dispositivos de entrada e saída de ar reguláveis. De acordo com os cálculos efectuados, ocorreram condensações sempre que a temperatura superficial das paredes e pilares interiores foi inferior a 10,5 ºC. Caleira Rolhão de poliuretano Tubagem transversal Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 179 Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo 181