XVII Encontro de Iniciação Científica XIII Mostra de Pós-graduação VII Seminário de Extensão IV Seminário de Docência Universitária 16 a 20 de outubro de 2012 INCLUSÃO VERDE: Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável DPH0654 O SOLO E SUA RELAÇÃO COM A VEGETAÇÃO REGIONAL: O ENSINO DE GEOGRAFIA EM UMA ESCOLA PÚBLICA DE TAUBATÉ/SP LUIZ VALERIO DE CASTRO CARVALHO [email protected] GEOGRAFIA (LICENCIATURA/BACHARELADO) NOTURNO UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ ORIENTADOR(A) ORLANDO DE PAULA UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ O SOLO E A SUA RELAÇÃO COM A VEGETAÇÃO REGIONAL: O ENSINO DE GEOGRAFIA EM UMA ESCOLA PÚBLICA DE TAUBATÉ/SP 1 (Autor) Luiz Valerio de Castro Carvalho 2 (Orientador) Prof. Dr. Orlando de Paula3 Resumo Esta pesquisa busca mostrar a importância da contextualização do ensino de Geografia por meio de aulas ministradas, ao longo do primeiro semestre de 2012, a alunos de uma escola de ensino fundamental, da rede pública, do município de Taubaté/SP, com o tema “o solo e sua relação com a vegetação regional”. Como objetivo, procurou-se identificar como o tema é tratado nas atuais apostilas de Geografia adotadas por essa escola e a produção de planos de aulas que façam uso de técnicas que incrementem as aulas expositivas, com o intuito de uma melhor apreensão do tema por parte dos alunos. A pesquisa se justifica pela oportunidade de se aprofundar essa temática, lecionada desde o ensino fundamental I, em que o primeiro é tratado como um substrato e fonte de nutrientes para o segundo, além da aplicabilidade concreta, uma vez que o aluno tem contato direto com os objetos de estudo em seu dia a dia, mesmo na zona urbana de sua cidade, ao observar ou entrar em contato com jardins, parques, canteiros de obras etc. A metodologia empregada durante a pesquisa foi a corrente crítica ou ativa do pensamento geográfico, uma vez que a relação solo e vegetação regional ganha importância apenas quando inserida na dinâmica social, pois se faz por meio da apropriação da natureza pelo homem em um contexto que é histórico, cultural, econômico e espacial. Como principal conclusão, observa-se que o tema “solo” não é tratado de forma aprofundada nas apostilas adotada pela escola pública em questão e que sua relação com a vegetação se faz superficialmente. Por isso, foram produzidos cinco planos de aulas para mostrar a relevância dessa relação, subdividindo o tema, com o uso de fotos e animações produzidas pelos próprios autores da pesquisa. Palavras-chave: Escola pública; Plano de aula; Solo; Vegetação; 1 INTRODUÇÃO O solo e a sua relação com a vegetação é um tema importante a ser tratado ao longo do ensino fundamental e pode, sem impor maiores dificuldades ao professor, ser aprofundado. Conceitos além do solo como substrato e fonte de nutrientes podem ser abordados por meio da relação solo e vegetação regional, isto é, com a vegetação típica da região onde o aluno reside e que mais facilmente lhe seja acessível. Como esta pesquisa foi realizada em uma escola pública de ensino fundamental, do município de Taubaté/SP, logo, a vegetação tratada foi a Mata Atlântica. O objetivo foi identificar como o tema é tratado nas atuais apostilas adotadas pela escola e no planejamento de aulas (plano de aula), no sentido de observar se há o uso de técnicas que incrementem as aulas expositivas, com o intuito de que o tema seja melhor apreendido pelos alunos. A pesquisa se justifica pela oportunidade de se aprofundar a temática “solo e vegetação”, lecionada aos alunos desde o ensino fundamental I, além da aplicabilidade concreta devido ao contato, pelo aluno, com os objetos de estudo, ao observar ou entrar em contato com jardins, parques, canteiros de obras etc. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 1 ENIC Graduando em Geografia, Universidade de Taubaté, [email protected]. 3 Professor Doutor, Universidade de Taubaté, [email protected] 2 Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), os estudos de paisagens urbanas e rurais, com toda a sua problemática, podem em grande parte ser desvendados pela observação direta dessas paisagens. Uma excursão a um sítio ou a alguma fazenda garantirá um contato direto com o solo, a vegetação e as formas de organização da produção. (BRASIL, 1998, p. 34). Notamos, portanto, a menção da relação solo e vegetação e a sua relação com a produção do espaço social, por meio das formas de organização da produção. Assim, segundo os PCN (BRASIL,1998, p. 56), o estudo da produção do espaço “poderá contemplar conteúdos que analisem o desenvolvimento intrínseco do trabalho no processo histórico, como também a dinâmica das leis que regulam os fenômenos da natureza”, de modo que, ao “tratar temas e conteúdos sobre as diferentes maneiras como o trabalho social interage com a natureza, o professor poderá resguardar em sua abordagem as especificidades de um e de outro”. (BRASIL, 1998, p. 57). De acordo com os PCN (BRASIL, 1998, p. 57), o professor, “sempre que tratar dos mecanismos do clima, da vegetação, dos solos e do relevo, deverá estar comprometido com uma visão metodológica do significado de todos esses processos naturais, com suas leis específicas, com suas diferentes formas de apropriação pela sociedade.” E ainda: Ao trabalhar teoricamente com essas duas instâncias que explicam a natureza do espaço, é preciso ter o cuidado metodológico de deixar explícitas na análise desses conteúdos as diferentes escalas temporais que caracterizam a evolução dos seus fenômenos. Que os ritmos, duração e regularidades dos fenômenos naturais são definidos por leis que independem do trabalho humano, enquanto os da sociedade, pela intencionalidade das ações sociais no processo cuja temporalidade é chamada de tempo histórico. (BRASIL, 1998, p. 57). O “estudo do funcionamento da natureza pode ser encaminhado a partir de problematizações de fatos da atualidade, contextualizados a partir do cotidiano do aluno”, devendo-se “trabalhar os componentes da natureza, sem fragmentá-los, ou seja, apresentando-os de forma que mostre que na natureza esses componentes são interativos.” (BRASIL, 1998, p. 62). Por isso, os PCN (BRASIL, 1998, p. 62) explicam que o professor, ao propor itens que demonstrem a interação do solo, do clima e da vegetação, não fica impedido de aprofundá-los em suas especificidades, a saber: a compreensão de como o clima funciona ou como se originam os solos. É, portanto, trabalhar as especificidades dos diversos componentes da natureza sem perder os seus mecanismos que são, em muitos casos, interativos, cabendo ao professor relacionar o clima a vegetação, os solos ao relevo ou ao clima e, ainda, como o clima, o solo e o relevo se inter-relacionam. Existe, também, a oportunidade de “transversalizar com os temas de ambiente, saúde, pluralidade cultural, e mesmo com ciências em que coincidem muitos dos conteúdos a serem desenvolvidos quando se trata do estudo da natureza, [pois] poderá ocorrer uma enorme colaboração entre áreas, uma vez que cada uma poderá expressar qual é o seu olhar específico sobre os mesmos fatos.” (BRASIL, 1998, p. 62). Segundo os PCN (BRASIL, 1998), é outra oportunidade para a discussão dos problemas ambientais vistos como processo, isto é, em sua dinâmica. No caso dos solos, há a oportunidade de se discutir como ocorre a erosão, a desertificação, os deslizamentos de terra e suas relações com atividades humanas como a supressão da vegetação e o uso excessivo dos solos. Para Leinz e Amaral (2003, p. 63), o solo é o “produto final do intemperismo das rochas [...], caso as condições físicas, químicas e biológicas permitam o desenvolvimento da vida vegetal junto à atividade de microorganismos em íntima associação com a vida de vegetais mais desenvolvidos.” Já Popp (2004, p. 59), o define como uma mistura que contém tanto matéria mineral, oriunda da meteorização das rochas, quanto a matéria orgânica, oriunda da decomposição de restos animais e vegetais. Dessa forma, a matéria orgânica está misturada com a parte mineral, cujas partículas se unem entre si, com a água, ficando o dissolvente à disposição das raízes das plantas; o ar está entre os poros ou entre as partículas de matéria orgânica e mineral, sendo indispensável às raízes que, como as demais partes da planta, têm necessidade de respirar. (FERREIRA, 1979, p. 12). Segundo Teixeira (2003, p. 160-161), devido a sua relação com as plantas, o solo “é, sem dúvida, o recurso natural mais importante de um país, pois é dele que derivam os produtos para alimentar sua população”. As dificuldades surgiriam do fato de que, nas “regiões intertropicais [encontram-se] a quase totalidade dos países em desenvolvimento, cuja economia depende da exploração de seus recursos naturais, especialmente agrícolas”. Desse modo, o Brasil, por se tratar de um país em desenvolvimento situado nesta zona intertropical, possui, portanto, solos que são, em geral, desenvolvidos em áreas tectonicamente estáveis e sobre superfícies de aplainamento esculpidas a partir do final do Mesozóico. São, portanto, solos velhos, frágeis, empobrecidos quimicamente e que se encontram em contínua evolução. Existem em situação de equilíbrio precário, de tal forma que os impactos provocados por causas naturais ou por atividades antrópicas podem desestabilizar o sistema. (TEIXEIRA, 2003, p. 160-161). Um dos impactos provocados por causas naturais, mas acelerados por atividades antrópicas, seria a erosão do solo que, para Ferreira, considera o arrastamento das partes constituintes do solo, através da ação da água ou do vento, colocando a terra transportada em locais onde não pode ser aproveitada pela agricultura. Pela erosão, o solo perde não só elementos nutritivos que possui, como também os constituintes do seu corpo; isso significa que um terreno fértil, em que a erosão atua acentuadamente, em breve se tornará pobre, apresentando baixa produção agrícola. (FERREIRA, 1979, p. 58). Ferreira (1979, p. 58) afirma que, no Brasil, a água causa os maiores prejuízos, pois danifica o solo, quando este não está devidamente protegido. Tal proteção viria, segundo Teixeira (2003, p. 162), por meio de técnicas de manejo que se iniciam com a identificação e o mapeamento dos solos vulneráveis, e perpassam pelo uso controlado, ou mesmo a diminuição, de produtos agroquímicos devido à utilização de meios alternativos de produção agrícola e o reflorestamento, sendo “indispensável obter maiores rendimentos da terra, com o menor esforço realizado, o que somente será possível com o planejamento técnico, econômico e social.” (FERREIRA, 1979, p. 67). Um dos meios para tanto é o uso racional do solo, isto é, “o estabelecimento de um plano de exploração das glebas agriculturáveis sem desgastar a riqueza dos seus recursos de produtividade” (p. 67) e as práticas conservacionistas, que consistem, principalmente, em evitar a erosão e manter a melhor capacidade produtiva do solo, ou seja, a sua fertilidade. (...) As principais práticas são: adequação da cultura do tipo de solo; controle das queimadas; rotação em culturas; culturas em faixas; quebra-ventos; carpas alternadas; consorciação de culturas; plantio em nível; terraços; plantio direto. (FERREIRA, 1979, p. 71-72). Segundo Ab´Sáber (2003, p. 49-50), no estado de São Paulo, a Mata Atlântica, ou as matas atlânticas, “penetram por todos os planaltos interiores”, e nota-se a sua relação estreita com o solo por meio de “matas em faixas de calcários e terras rochas oriundas da decomposição de basaltos”, de modo que: Não são os climas tropicais mesotérmicos de planaltos que garantem a presença de florestas biodiversas, mas, sim, a riqueza de algumas grandes manchas de solos ricos e influências orográficas na Serra do Mar, rebordos sul-orientais e ocidentais da Mantiqueira e escarpas de cuestas arenítico-basálticas do interior. (AB´SÁBER, 2003, p. 49-50). Tal relação solo e vegetação se fez importante mesmo ao longo da história da ocupação e industrialização do estado de São Paulo, como foi explicado por Ab´Sáber (2003, p.50-51), pois uma “grande extensão de matas tropicais - costeiras, orográficas e de planalto – [...] reflete diretamente combinações de fatores”, e “durante o ciclo do café, fazendeiros e trabalhadores sabiam identificar empiricamente os diferentes tipos de matas existentes nos planaltos interiores e, sobretudo, através de alguns componentes arbóreos, identificar a fertilidade e adequações dos solos”, auxiliando a “expansão das fazendas por espigões divisores e manchas de oxissolos roxos”. Mesmo a “própria seleção dos eixos ferroviários se fez por indicações similares para a extensão progressiva das „pontas de trilhos‟ em arcos e setores de rentabilidade agrária e urbana mais garantidos.” 3 MÉTODOS Para a realização desta pesquisa, primeiramente, selecionou-se o tema junto ao professor orientador. O segundo passo foi o levantamento bibliográfico e, a seguir, optou-se pela análise crítica das apostilas utilizadas em sala de aula. O quarto passo tratou do planejamento de aulas (plano de aulas) que possibilitassem uma melhor apreensão do tema por parte dos alunos. A metodologia crítica ou ativa do pensamento geográfico embasou a pesquisa e os planos de aulas produzidos. O solo e sua relação com a vegetação foi contextualizada por meio de seus parâmetros históricos, culturais, econômicos e seu reflexo na produção do espaço, por meio da contínua apropriação da natureza pelo homem. Discutiu-se que tal relação se faz ao longo do tempo histórico e não do geológico, este fundamental para o processo de formação do solo (sua gênese). E, ainda, que tal relação nunca se deu de modo igual em todos os lugares do planeta, isto é, afetando desigualmente a humanidade, diferenciando-a, e criando subdivisões como os povos ou as civilizações. Por fim, a metodologia crítica ou ativa nos embasou quanto à oportunidade de explicar, em sala de aula, a possibilidade de mudanças sociais, mudanças que objetivem melhores condições de vida a todos. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Analisou-se o tema solo e sua relação com a vegetação na apostila padrão, de ensino de Geografia, adotada pelo município de Taubaté, estado de São Paulo. São utilizadas apostilas divididas por ano, em que cada ano é subdividido em quatro volumes. Observou-se que o solo, suas características, seus tipos ou a sua gênese não foram mencionadas em nenhuma apostila. Porém, observou-se que os conceitos de intemperismo e de erosão foram mencionado na “Unidade 9: Agentes formadores do relevo terrestre”. O conceito de intemperismo foi explicado, em meio a um parágrafo, da seguinte maneira: os agentes externos, comandados pela energia solar, agem no modelado do relevo pela ação do frio, do calor, da chuva e do vento. Esses fenômenos atmosféricos rebaixam e transportam materiais das partes mais altas do relevo para as mais baixas, criando superfícies de sedimentação e modelando formas. Esse processo de desagregação e decomposição das rochas denominase intemperismo. (TAUBATÉ, 2008a, p. 7). Foram abordados diretamente alguns tipos de erosão, como a eólica e a pluvial, sem apresentar a sua definição, ao longo da página oito. O tema vegetação foi abordado na “Unidade 12: A vegetação no espaço brasileiro: no princípio, era assim... E agora?”, relacionando-a corretamente ao clima, mas, em apenas três biomas, notou-se a menção do solo ao longo do texto. Na apostila (TAUBATÉ, 2008b, p. 21-23), o solo foi mencionado, primeiramente, ao longo da explicação sobre o bioma Caatinga, sendo descrito como raso e pedregoso, que se estende por vários estados da região Nordeste e o norte de Minas Gerais. Foi mencionado uma segunda vez ao longo do texto sobre o bioma Cerrado. Porém, o tema solo não foi relacionado ao tema vegetação, mas sim ao tema agricultura mecanizada de soja, milho e algodão e a pecuária, responsáveis em parte pelo desgaste e erosão do solo. A utilização de produtos químicos a fim de corrigir o solo também foi mencionada. O solo foi mencionado duas outras vezes ao longo do texto que trata do bioma Campos. Primeiro, foi relacionado à vegetação de modo indireto, pois fez-se o uso da palavra “terras”, em que o bioma Campos se desenvolve em terras de boa qualidade. E foi utilizado, uma última vez, sob o ponto de vista conservacionista, da seguinte maneira: “...as gramíneas ficam ralas e o pisoteio do gado na terra desnuda provoca rachaduras no solo. Na época das chuvas, as águas correm sobre essas rachaduras, provocando erosão. O contínuo pisoteio do gado nesse solo frágil cria problemas ambientais.” (TAUBATÉ, 2008b, p. 23). Com o objetivo de melhorar a apreensão do tema pelos alunos, produziram-se cinco diferentes planos de aulas, mesclando aulas expositivas com a utilização de novas tecnologias, no caso, a apresentação de fotos e animações produzidas digitalmente pelos autores desta pesquisa, além de exercícios práticos. O tema foi expandido da seguinte maneira: rochas, intemperismo, pedogênese e morfologia do solo, tipos de solo da mesorregião econômica do Vale do Paraíba Paulista e Conservação do Solo e Vegetação. O solo, entendido como o produto final da desagregação e decomposição das rochas, se iniciou com o estudo das próprias rochas, quanto a sua classificação genética, em rochas magmáticas, sedimentares ou metamórficas, e quanto a duas de suas características morfológicas: a cor e a textura. Revisaram-se dois conceitos, quanto ao manto terrestre e o magma. A aula foi apoiada pela apresentação digital, construída contendo diversas fotos do mesmo fenômeno, auxiliando na apreensão do tópico. Os alunos foram convidados a participar de duas maneiras. Primeiro definindo as rochas com suas próprias palavras ao início da aula e, mais uma vez, ao término da aula. E, segundo, foram requisitados a trazerem de suas casas amostras de rochas a fim de observarem suas cores e suas texturas. Esta análise se realizou antes do início da segunda aula, promovendo o contato direto dos alunos com o objeto de estudo, relacionando o tópico ao dia a dia de cada um. A segunda aula tratou do tópico intemperismo, função do clima, que vem a ser a desagregação e decomposição das rochas. Reduziu-se a porção expositiva da aula em favor de animações digitais produzidas pelos autores. Apresentou-se primeiro, por meio de uma simplificação, o conceito de espaço social (ou geográfico) e a sua apropriação pela sociedade, observando-se a realidade regional. De outro modo, buscou-se representar a produção do espaço social após a supressão da vegetação nativa (primeira natureza) por meio da cultura de campos (traço em verde) para o pastoreio de gado leiteiro ou de corte, a urbanização da planície aplainada, ao longo de milhares de anos, pelo rio Paraíba do Sul, pela cultura comercial, seja do milho, do café, da banana ou do arroz (traço em amarelo), além da ocupação da escarpa da Serra do Mar e do litoral, como pode ser observado na figura 1. Figura 1. Animação simplificando a ocupação do espaço geográfico pela sociedade após a supressão da vegetação nativa por campos (traço em verde), pela ocupação de áreas com maior declividade, pela urbanização ao longo das margens do rio Paraíba do Sul, pela monocultura (traço em amarelo) e pela ocupação do litoral. Fonte: Arquivo do autor. Apresentaram-se aos alunos, ainda durante a segunda aula, quatro diferentes intempéries: a radiação solar; a chuva; o vento; e os organismos vivos. Por fim, demonstrou-se que tais intempéries são forças capazes de desagregar e decompor as rochas. A apresentação do conceito de espaço geográfico somada à realidade dos alunos se justifica pela recomendação, disponível nos PCN, de se aliar a compreensão dos fenômenos geográficos à observação direta da paisagem urbana e rural. Por fim, nota-se que se trata de uma animação por meio da figura 2, pela sobreposição da vegetação nativa as formas produzidas pela sociedade (campos, agricultura comercial, cidades e vilas). Figura 2. Sobreposição dos diferentes elementos que compõem a animação criada onde observa-se a vegetação a ser suprimida sobre os elementos produzidos socialmente. Fonte: Arquivo do autor. A terceira aula tratou do tópico pedogênese e morfologia do solo, também por meio de uma aula expositiva reduzida em favor de animações criadas pelo autor (Figura 3). Figura 3. Tempo geológico, representado pelo dia e pela noite, e pedogênese. Nota-se as fraturas na rocha exposta (traços em cinza claro) e a fixação dos primeiros organismos, como os líquens (pequenos traços em verde escuro). Fonte: Arquivo do autor. Procurou-se definir o tempo geológico e como, por meio do processo de intemperização das rochas ao longo de milhões de anos, o solo se origina. Primeiro, explicou-se que a rocha exposta (assunto tratado ao longo da primeira aula) lentamente se decompõe quimicamente e se desagrega fisicamente (assunto tratado ao longo da segunda aula), em um processo que culmina com a formação do solo. De fato, resumiuse aos alunos que enquanto a rocha pode ser entendida como um agregado de minerais e/ou matéria orgânica, o solo pode ser entendido como um desagregado composto por minerais e matéria orgânica. E como a ação descrita não se faz igualmente ao redor do planeta, são diversos os tipos de solos e, logo, são varias as características morfológicas que os distinguem. Assim sendo, apresentaram-se aos alunos quatro características: a cor, a textura, a consistência e a permeabilidade. Dedicou-se a quarta aula aos tipos de solo comuns na mesorregião econômica do Vale do Paraíba Paulista: o latossolo, o argissolo, o cambissolo e o gleissolo. Na mesma aula, relacionaram-se, primeiro, os tipos de solo a geomorfologia regional, isto é, em função da declividade do terreno. E, depois, relacionaram-se os tipos de solos ao relevo de alguns dos municípios da região. Logo, explicou-se que, em Taubaté ou Jacareí, devido ao relevo mais aplainado, o latossolo seria o solo típico. Em cidades como São Luiz do Paraitinga ou Paraibuna, o tipo de solo mais comum seria o argissolo. O cambissolo seria o mais comum em Campos do Jordão ou São Bento do Sapucaí e o gleissolo as margens de pequenos ou grandes drenos, sendo encontrado principalmente as margens do rio Paraíba do Sul. Finalmente, apresentou-se na quinta e última aula o tópico conservação do solo e vegetação, pois estes se relacionam diretamente. Reforçou-se a importância do solo, para além de fonte de nutrientes e substrato para a vegetação, com suporte para a própria produção do espaço pela sociedade ao longo do tempo histórico. Apresentaramse aos alunos as diferentes matas atlânticas regionais, como a floresta ombrófila densa (floresta tropical pluvial) e a floresta estacional semidecidual (floresta tropical subcaducifólia), a sua localização específica (litoral ou planalto) e a sua relação com os tipos de solo já mencionados, pois são alguns pobres em nutrientes, outros rasos e, outros, hidromórficos. O conceito de erosão foi abordado logo em seguida (Figura 4), subdividindo-se em linear, lamelar e o voçorocamento. Figura 4. Tipos de erosão, a esquerda representou-se a erosão linear, ao centro a erosão laminar e a direita, a voçoroca. Fonte: Arquivo do autor. Abordaram-se, ainda na quinta aula, o uso racional do solo, isto é, o seu uso reconhecendo as suas limitações a fim de mantê-lo agriculturável e as seguintes práticas conservacionistas: a cultura agrícola de acordo com o meio social; a não utilização de queimadas (técnica conhecida como coivara); a rotação de culturas; o plantio em nível; e o reflorestamento. Explicou-se, então, aos alunos a importância da prática do reflorestamento, utilizado para a recomposição de Áreas de Preservação Permanente (APP) como topos de morros e margens de rios. Técnica esta capaz de diminuir a frequência de deslizamentos de terras e aumentar a “produção de água” em áreas de grande declividade. 5 CONCLUSÕES Concluiu-se que a pesquisa permitiu a contextualização do ensino de Geografia por meio das aulas ministradas aos alunos do ensino fundamental de uma escola pública de Taubaté, estado de São Paulo, pois fez-se uso durante as aulas de textos e elementos gráficos como fotos e animações, sendo estas produzidas pelos autores da pesquisa. O nível de apreensão dos alunos foi verificado por meio de perguntas e textos, mesmo que sua análise não seja objeto da pesquisa. Assim, pode-se dizer que o objetivo foi alcançado, pois, primeiro, identificou-se como o tema foi explicado nas apostilas adotadas atualmente por meio de sua revisão bibliográfica e de sua análise crítica e, segundo, produziram-se cinco planos de aulas que fazem uso de novas técnicas, culminando com as aulas ministradas, contendo porções expositivas, porções participativas e animações e fotos pertinentes ao tema e regionalizadas à realidade da mesorregião econômica do Vale do Paraíba Paulista. Finalmente, concluiu-se que, atualmente, as apostilas utilizadas pelas escolas públicas de Taubaté não trabalham, expõem, discutem ou mesmo apresentam o conceito de solo, sua formação ou importância. A sua relação com a vegetação se faz presente, mesmo que simplificadamente, ao longo de frases contidas em pequenos parágrafos, apresentando-se mais como uma curiosidade, ante a um conhecimento importante para entendimento do mundo onde se vive. De qualquer modo, conclui-se que cabe ao professor titular aprofundar ou não o tema pesquisado. REFERÊNCIAS AB´SÁBER, A. N. Domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. 2. ed. São Paulo: Ateliê, 2003. p. 49-51. BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: Geografia. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/geografia.pdf>. Acesso em: 6 ago. 2012. FERREIRA, P. H. de M. Princípios de Manejo e de Conservação do Solo. São Paulo: Nobel S.A.,1979. p. 67-72. LEINZ, V.;AMARAL, S. E. Geologia Geral. 14. ed. São Paulo: Nacional, 2001. p. 63. POPP, J. H. Geologia Geral. 5. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2004. p. 59. TAUBATÉ. Livro do Professor. 3° Volume. Ensino Fundamental. Geografia. 6º Ano. 5º Série. Curitiba: Positivo, 2008a. p. 7. TAUBATÉ. Livro do Professor. 4° Volume. Ensino Fundamental. Geografia. 6º Ano. 5º Série. Curitiba: Positivo, 2008b. p. 21-23. TEIXEIRA, W. 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