texto complementar – período napoleônico- império

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TEXTO COMPLEMENTAR – PERÍODO NAPOLEÔNICO- IMPÉRIO
As várias coligações européias foram sempre obra da diplomacia do mais obstinado adversário francês, a
Inglaterra, onde o poder da burguesia estava consolidado havia mais de um século. Somente ali os setores dominantes da
burguesia não nutriram simpatias pela Revolução Francesa.
Para a Inglaterra, a luta contra os franceses tornava-se inevitável, pois sua Revolução Industrial já havia sido
iniciada e a França afigurava-se como concorrente comercial e industrial nos mercados europeus. Além disso, o exemplo
francês poderia instigar na Inglaterra o levante de camadas da população que, desde 1689, data da Revolução Gloriosa,
mantinham se sujeitas ao controle da burguesia. Para as monarquias absolutistas européias, partidárias do Antigo Regime e
defensoras dos privilégios aristocráticos, derrotar a França era uma questão de sobrevivência.
Por esses motivos as coligações européias colocaram, lado a lado, a Inglaterra parlamentar e burguesa e a Europa
absolutista e aristocrática unidas contra o inimigo comum: a Revolução na França.
A França, por seu lado, teria de arrebatar os mercados consumidores europeus, até então sob controle inglês, ao
mesmo tempo em que precisava consolidar sua revolução internamente, o que somente seria possível com a expansão para
os países aristocráticos. Dessa maneira, a paz francesa só viria com a disseminação das instituições burguesas sobre o
restante da Europa – a estabilização da ordem burguesa na França tinha como contrapartida necessária a destruição dos
regimes aristocráticos europeus.
Diante de interesses antagônicos da Inglaterra e das nações absolutistas de um lado e da França do outro, apenas a
força das armas despontava como solução.
Em 1803 formou-se a TERCEIRA COLIGAÇÃO antifrancesa (Inglaterra, Rússia e, em 1804, também a Áustria) à
qual se opôs a Espanha que apoiou a França. Em outubro de 1805, a marinha franco-espanhola foi dizimada na Batalha de
Trafalgar, na qual os ingleses foram comandados pelo Almirante Nelson. Em terra, porém era clara a superioridade francesa
nas Batalhas de Ulm e Auterlitz, Napoleão derrotou as tropas austríacas e russas.
Em 1806, o Imperador francês suprimia o que restava do Sacro Império Romano-Germânico e criava a
Confederação do Reno, reunindo a maioria dos Estados alemães e nomeando a si próprio “protetor”. Formou-se, então, a
QUARTA COLIGAÇÃO (Inglaterra, Rússia e Prússia), mas a Prússia foi rapidamente derrotada na Batalha de Iena e os
russos caíram em 1807 nas Batalhas de Eylau e Friedland, assinando o Tratado de Tilsit, pelo qual se tornavam aliados dos
franceses.
Derrotada a quarta coligação, Napoleão tornou-se o grande senhor da Europa Continental. Os territórios que não
eram diretamente dominados pelo Imperador estavam entregues a aliados e familiares – seus irmãos José, Luís e Jerônimo
tornaram-se, respectivamente, rei de Nápoles, Holanda e Vestfália. Em cada local por onde seus exércitos passavam, a velha
ordem era destruída, implantando-se constituições, divulgando-se o Código Civil Napoleônico e modernizando-se a
estruturas econômicas. A jovem nação burguesa impunha-se às velhas nações aristocráticas; as instituições burguesas
substituíam as arcaicas estruturas feudais.
Do outro lado do Canal da Mancha, entretanto, protegida por suas esquadras, a Inglaterra mantinha-se incólume.
Para atacá-la, a França, tendo perdido boa parte de suas forças marítimas em Trafalgar e impossibilitada de derrotar
militarmente os ingleses, decidiu tentar asfixiar economicamente o reino britânico. Napoleão promulgou em Berlim o
decreto que estabelecia o Bloqueio Continental, proibindo os países europeus de adquirirem produtos ingleses.
QUEDA DO IMPÉRIO NAPOLEÔNICO – O declínio do Império Napoleônico se dá gradualmente de 1808 a
1815 e é explicado por vários motivos conjuntos: a) O nacionalismo das nações conquistadas – Napoleão cometeu um grave
erro político ao difundir instituições francesas por toda a parte, ignorando as tradições e o sentimento nacionais dos vários
povos europeus. A burguesia dos países dominados, que antes recebera os exércitos napoleônicos como libertadores, voltouse mais tarde contra os franceses, que assumiam, na prática, o papel de opressores estrangeiros. A Espanha, antiga aliada,
levantou-se quando Napoleão colocou no trono espanhol seu próprio irmão José Bonaparte. Organizando-se sob a forma de
guerrilha, os espanhóis destruíram o mito da invencibilidade francesa, derrotando-a em 1808, na Batalha de Baylem. O
exemplo espanhol alastrou-se; b) O Fracasso do Bloqueio Continental – Uma estratégia que no início pareceu ser
extremamente eficaz, tornou-se, alguns anos depois, altamente inconveniente, pois as esquadras britânicas comerciavam
com as colônias do continente americano e impediam a França de obter matérias primas no Novo Mundo. Por outro lado, as
nações européias, na sua maioria agrícolas, ressentiam-se da falta do mercado inglês para onde antes exportavam seus
produtos primários, em troca das manufaturas inglesas. Começaram, então, a comerciar secretamente com os ingleses,
burlando a vigilância francesa, ao mesmo tempo que tramavam seu rompimento com o Império. Agravando a situação, em
1809, formou-se a QUINTA COLIGAÇÃO (Inglaterra e Áustria), mais uma vez derrotada por Napoleão. Mesmo vitorioso,
as fissuras do Império iam se tornando mais profundas; c) O Fracasso Militar na Rússia – Prejudicada pelo Bloqueio
Continental, a Rússia rompeu o acordo que mantinha com a França, rebeldia que Napoleão resolveu punir de forma
exemplar: Invadiu a Rússia com um exército de 450 mil homens, enquanto mais de 150 mil ficavam postados na Polônia
fornecendo a infra-estrutura material necessária. Os russos utilizaram a tática de “terra arrasada”, ou seja, retiravam-se sem
enfrentar o inimigo, levando tudo o que podiam e incendiando as casas, envenenando a água, destruindo as plantações.
Napoleão conseguiu invadir Moscou, mas encontrou a cidade incendiada pelos próprios russos. Cedendo às dificuldades, os
franceses decidiram retirar-se, mas um novo e poderoso inimigo iria minar ainda mais as tropas francesas: o inverno russo.
Do gigantesco exército que invadira o território da Rússia, apenas 30 mil homens retornaram com vida. Incentivada pelo
enfraquecimento do Império Napoleônico, mais visível após o grande fracasso da campanha da Rússia, formou-se a SEXTA
COLIGAÇÃO (Prússia, Rússia e Inglaterra). A partir de então, as derrotas e perdas foram se sucedendo, em março de 1813,
Napoleão era derrotado na Batalha de Leipzig e, já um ano depois, os exércitos da Sexta Coligação tomavam Paris. O
Império estava desfeito. Napoleão foi desterrado para a Ilha de Elba, próxima à Córsega, ficando em sua companhia mil
soldados.
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