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Toques aos Jornalistas
Cuidado ao utilizar a terminologia correta para se referir a pessoas com deficiência.
Muitos termos e expressões utilizados hoje pela maioria das pessoas estão incorretos e
reforçam a segregação mais do que incluem as pessoas com deficiência. Abaixo,
algumas dicas para tratar do tema em matérias ou publicações:
“Especial”, “excepcional”, “dito-normal” e “anormal” não devem ser utilizados, pois as
deficiências são uma manifestação inseridas na diversidade humana. Se todos somos
diferentes, como designar os “especiais”?
A expressão “Pessoa com necessidades especiais” tem origem em necessidades
educacionais especiais (Dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no
processo de aprendizagem; Dificuldades de comunicação e sinalização diferenciada dos
demais alunos; Altas habilidades / superdotação, grande facilidade de aprendizado).
Com o tempo, passou a ser usada designar todas pessoas com deficiência.
Um erro muito comum é crer que deficiência é antônimo de eficiência e, por isso,
considerar as pessoas com deficiência menos capazes.
Algumas pessoas ainda relutam em utilizar o termo “deficiência” acreditando ser algum
tipo de ofensa, quando é apenas uma característica da pessoa.
Deficiência intelectual não é sinônimo de doença mental. A deficiência se refere a um
comprometimento intelectual, temporário ou não, com inúmeras origens e associado à
capacidade da pessoa responder às demandas da sociedade. Na doença mental, a pessoa
tem sofrimento psíquico, como depressão, síndrome do pânico e esquizofrenia.
Da mesma maneira, deficiência não é doença. A comparação entre as duas transmite a
imagem de que para inserir uma pessoa com deficiência na sociedade é necessário antes
“curá-la”, quando as pessoas com deficiência são titulares de direitos, estando
reabilitadas ou não.
Surdez e cegueira são deficiência e não doenças, mas que podem ter sido causadas por
doenças. Por não se tratarem de doenças e não serem contagiosas, não podem ganhar
contornos de epidemia.
Um erro muito comum ao se abordar pessoas com deficiência é utilizar o termo
“deficiência física” englobando qualquer tipo de deficiência (física, motora, auditiva,
visual, intelectual ou múltipla).
Não existe surdo-mudo, mas apenas surdo. A pessoa que nasce surda tem a capacidade
de aprender uma linguagem oral, mas é mais comum, e mais fácil, que tenha em uma
língua de sinais (por exemplo a Língua Brasileira de Sinais – Libras) como sua primeira
opção.
A pessoa é considerada com deficiência visual quando tem acuidade visual entre 0,3 e
0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica, ou nos casos em que a somatória da
medida do campo visual for igual ou menor a 60°. A pessoa é considerada cega quando
sua acuidade visual no melhor olho for menor ou igual a 0,05, com a melhor correção
óptica.
A palavra “deficiente” não deve ser utilizada como substantivo, mas pode ser usada
como adjetivo. Quando usada como substantivo, passa a impressão de que a pessoa
inteira é deficiente.
“O termo ‘deficiência’ significa uma restrição física, mental ou sensorial, de natureza
permanente ou transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades
essenciais da vida diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico e social” –
Decreto Federal nº 3.956 / 2001.
Para se referir a uma pessoa com deficiência não utilize palavras como “defeituoso”,
“incapacitado” ou “inválido”. Da mesma forma, pessoas sem deficiência podem ser
chamadas de “comuns” ou “sem deficiência”, mas não “normais”, afinal, este é um
conceito muito relativo e polêmico.
As expressões “anomalia genética” ou “doença genética” devem ser evitadas. Procure
utilizar “síndrome genética” (a mais indicada), “alteração genética”, “condição
genética” ou “situação genética”.
Existem critérios muito rígidos para definir uma deficiência, portanto, uma pessoa com
alto grau de miopia, por exemplo, não é uma pessoa com deficiência visual. Pelo
mesmo motivo, não é recomendável dizer “somos todos deficientes”.
Apurar uma matéria que envolva uma pessoa com deficiência exige o mesmo olhar
crítico do que qualquer outra matéria. Uma má informação não se justifica pelo fato de
ter sido passada por uma pessoa com ou sem deficiência.
Como em qualquer outra matéria, evite generalizações para se referir às pessoas com
deficiência, por exemplo, dizer que todas pessoas com síndrome de Down têm talento
artístico. As pessoas com deficiência são, acima de tudo, pessoas, com falhas de caráter,
talentos e aptidões, como qualquer outra.
Evite supervalorizar a pessoa com deficiência bem sucedida e que supera as limitações.
Nem todos seguem o mesmo caminho e quem não seguiu este pode ficar minimizado.
Uma sociedade perfeita é aquela onde o “herói” é apenas mais uma entre tantas
possibilidades.
Procure citar a legislação brasileira para esclarecer e embasar melhor as matérias. Isso
ajuda a população a conhecer e refletir sobre as políticas de inclusão.
Procure tratar da deficiência também em matérias que não abordem o tema
explicitamente, colhendo depoimentos de pessoas com deficiência, bem como de
pessoas sem deficiência. Em matérias sobre hotéis, restaurantes e bares, procure saber
se o ambiente é acessível.
Uma sociedade acessível às pessoas com deficiência precisa estar de acordo com seis
acessibilidades básicas: Arquitetônica (sem barreiras ambientais em edifícios);
Comunicacional (sem barreiras na comunicação interpessoal, escrita e virtual);
Metodológica (sem barreiras nos métodos e técnicas de estudo ou trabalho);
Instrumental (sem barreiras nas ferramentas de trabalho, estudo ou lazer); Programática
(sem barreiras embutidas em leis, normas, decretos e regulamentos); e Atitudinal (sem
preconceitos, estigmas, estereótipos e discriminações).
Habilitação e reabilitação são serviços que têm por objetivo reduzir as limitações
existentes e promover a qualidade de vida e os meios para a pessoa mudar a própria
vida. Incluem as áreas de fisioterapia, fonoaudiologia, nutrição, terapia ocupacional,
psicologia, entre outras. Também se inclui na parte de reabilitação o fornecimento de
medicamentos que favoreçam a estabilidade clínica e funcional e auxiliem na limitação
da incapacidade, na reeducação funcional e no controle das lesões que geram
incapacidades.
Inclusão não é a mesma coisa que inclusão social. O primeiro caso se refere a qualquer
condição humana. Já a inclusão social se refere à sociedade.
O adjetivo “inclusivo” se refere a quaisquer ambientes e situações abertos à diversidade
humana e não somente quando se trata de pessoas com deficiência. Desta forma,
ambientes inclusivos são aqueles que oferecem condições plenas para qualquer pessoa
se desenvolver seus potenciais com dignidade. Se houver dúvida sobre a adequação da
palavra “inclusão”, pode-se utilizar “inserção”, que não está vinculado a movimentos
internacionais pela garantia dos direitos humanos de pessoas com deficiência.
Inclusão
Integração
Inserção total e incondicional (crianças
com deficiência não precisam “se
preparar” para ir à escola regular)
Inserção parcial e condicional (crianças “se
preparam” em escolas ou classes especiais para
estar em escolas ou classes regulares)
Exige rupturas nos sistemas
Pede concessões aos sistemas
Mudanças que beneficiam toda e
qualquer pessoa (não se sabe quem
“ganha” mais; TODAS ganham)
Mudanças visando prioritariamente a pessoas com
deficiência (consolida a idéia de que elas “ganham”
mais)
Exige transformações profundas
Contenta-se com transformações superficiais
Sociedade se adapta para atender às
necessidades das pessoas com
deficiência e, com isso, se torna mais
atenta às necessidades de TODOS
Pessoas com deficiência se adaptam às
necessidades dos modelos que já existem na
sociedade, que faz apenas ajustes
Defende o direito de TODAS as
pessoas, com e sem deficiência
Defende o direito de pessoas com deficiência
Traz para dentro dos sistemas os
grupos de “excluídos” e,
paralelamente, transforma esses
sistemas para que se tornem de
qualidade para TODOS
Insere nos sistemas os grupo de “excluídos que
provarem estar aptos” (sob este aspecto, as cotas
podem ser questionadas como promotoras da
inclusão)
Inclusão
Integração
O adjetivo inclusivo é usado quando se
busca qualidade para TODAS as
pessoas com e sem deficiência (escola
inclusiva, trabalho inclusivo, lazer
inclusivo etc.)
O adjetivo integrador é usado quando se busca
qualidade nas estruturas que atendem apenas as
pessoas com deficiência consideradas aptas (escola
integradora, empresa integradora etc.)
Valoriza a individualidade de pessoas
com deficiência (pessoas com
deficiência podem ou não ser bons
funcionários; podem ou não ser
carinhosos etc.)
Como reflexo de um pensamento integrador
podemos citar a tendência a tratar pessoas com
deficiência como um bloco homogêneo (ex.: surdos
se concentram melhor, cegos são excelentes
massagistas etc.)
Não quer disfarçar as limitações,
porque elas são reais
Tende a disfarçar as limitações para aumentar a
possibilidade de inserção
Não se caracteriza apenas pela
presença de pessoas com e sem
deficiência em um mesmo ambiente
A presença de pessoas com e sem deficiência no
mesmo ambiente tende a ser suficiente para o uso do
adjetivo integrador
A partir da certeza de que TODOS
somos diferentes, não existem “os
especiais”, “os normais”, “os
excepcionais”, o que existe são
pessoas com deficiência.
Incentiva pessoas com deficiência a seguir modelos,
não valorizando, por exemplo, outras formas de
comunicação como a Libras. Seríamos um bloco
majoritário e homogêneo de pessoas sem deficiência
rodeado pelas que apresentam diferenças.
O conteúdo dos textos foi baseado no Manual da Mídia Legal
http://www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br/portal.php/toqueaosjornalistas
https://store-escoladegente.locasite.com.br/loja/
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