Roteiro do podcast

Propaganda
Joana Sampaio, Luiza Rodrigues, Micaela e Mariana
2A
Roteirização:
Durante a madrugada
(Propaganda Frontal antecede programa):
“Para levantar seu astral
E acabar com seu rival
Seja casual,tome Frontal”
(vinheta de abertura→ “Durante a Madrugada”)
Mariana: Olá, você que está sintonizado na fm 9 ¾. São 3:47 em ponto no horário de
Brasília. Hoje nós faremos uma homenagem especial para aquele que se senta todas
as noites na orla de Copacabana, o poeta Carlos Drummond de Andrade. (Música)
Joana: Boa noite! Estamos aqui com Micaela Luizar e Luiza Rodrigues, ambas
formadas em Letras e Jornalismo na USP e na UFRJ, respectivamente. Obrigada por
comparecerem, meninas, é um grande prazer recebê-las aqui, esperam que não
estejam com muito sono.
Luiza: Obrigada vocês da rádio Durante a Madrugada pelo convite, espero que tenha
alguém nos ouvindo. (risos)
Micaela: Obrigada, o prazer é todo meu, a Rádio Durante a Madrugada é minha
companhia nas noites de insônia. Além disso, falar sobre Drummond me emociona a
qualquer hora.
Joana: E o que vocês prepararam para nosso programa? Algum período em especial
sobre a obra de Drummond?
Luiza: Sim, sim! Trouxemos o livro “Sentimento do Mundo”, com alguns poemas já em
mente.
Micaela: “Poema da Necessidade” e “Privilégios do mar”
Mariana: E por que vocês não declamam esses poemas antes de analisá-los?
Luiza: Que vergonha, não estou acostumada a tanta exposição
Micaela: Eu declamo então, sou um pouco mais extrovertida que a Lu.
Joana: Muito bom, muito bom, então voltamos já já com as análises das meninas.
(Propaganda Rivotril):
“Agitação sutil
seduziu
ô Brasil
não seja hostil
tome rivotril”
Joana: Pra você que chegou agora, boa noite. Estamos aqui com Luiza e Micaela
prestes a fazer as análises dos poemas de Drummond.
Vamos la garotas?
Micaela: Sim, vamos lá então! Escolhemos analisar “Privilégios do Mar” e “Poema da
necessidade”. Quem começa a declamar?
Mariana: Eu.
É preciso casar João,
é preciso suportar António,
é preciso odiar Melquíades,
é preciso substituir nós todos.
É preciso salvar o país,
é preciso crer em Deus,
é preciso pagar as dívidas,
é preciso comprar um rádio,
é preciso esquecer fulana.
É preciso estudar volapuque,
é preciso estar sempre bêbedo,
é preciso ler Baudelaire,
é preciso colher as flores
de que rezam velhos autores.
É preciso viver com os homens,
é preciso não assassiná-los,
é preciso ter mãos pálidas
e anunciar o FIM DO MUNDO.
Joana: Muito lindo. O Drummond é mesmo um gênio. Mais do que em “Alguma
Poesia”, Drummond está mais atento ao mundo a sua volta em “Sentimento do
Mundo”.
Luiza: Sim, o mais interessante é o fato de Drummond estar extremamente atento e
angustiado com o contexto político mundial, transferindo isso para os poemas
Mica: A gente não pode esquecer que esse livro foi escrito às vésperas da Segunda
Guerra.
Luiza: Exatamente, e o poema fala sobre a alienação das pessoas que sempre fazem
algo sem saber exatamente o porque de fazê-lo. O poema se da inteiramente através
de versos que começam com “É preciso(…)” e são seguidos de ações rotineiras que as
pessoas realizam sem compreender a função de realizá-las.
Mariana: Nossa, muito interessante isso.
Mica: E o poema termina com o eu lírico falando “é preciso anunciar o fim do mundo”
para representar a sua indignação com a alienação em massa da nossa sociedade.
Luiza: Sim, e o título do poema também expressa essa relação com a alienação, já que
necessidade é precisar extritamente de algo que lhe falta em determinada quantidade...
Mica: Mas as ações repetitivas que todos realizamos não são extritamente necessárias,
mas ainda assim todos nós as fazemos porque assim as consideramos, sem ao menos
nos questionarmos se elas realmente são.
Mariana: Ótima análise! Muito bem, agora vamos para um rápido intervalo.
(Música)
Mica: Estamos de volta com a rádio Durante a Madrugada! Continuando com nossas
análises, temos que nos apressar um pouco, o tempo voa, né?
joana: Com certeza
Luiza: Então vamos lá? Quem quer declamar?
Joana: Eu.
Neste terraço mediocremente confortável,
bebemos cerveja e olhamos o mar.
Sabemos que nada nos acontecerá.
O edifício é sólido e o mundo também.
Sabemos que cada edifício abriga mil corpos
labutando em mil compartimentos iguais.
Às vezes, alguns se inserem fatigados no elevador
e vem cá em cima respirar a brisa do oceano,
o que é privilégio dos edifícios.
O mundo é mesmo de cimento armado.
Certamente, se houvesse um cruzador louco,
fundeado na baía em frente da cidade,
a vida seria incerta… improvável…
Mas nas águas tranqüilas só há marinheiros fiéis.
Como a esquadra é cordial!
Podemos beber honradamente nossa cerveja.
Mica: Bom, acho que fica claro a crítica que Drummond faz àqueles que fingem não
saber o que está acontecendo no cenário mundial.
Luiza: Exato. Ao se inserir num terraço de frente para o mar, e portanto no grupo da
burguesia, o Eu lírico é irônico, revelando sua extrema criticidade: “ O edifício é sólido e
o mundo também.
Mariana: Muito interessante, porque em meados da década de 30, com o mundo se
recuperando da 1ª Guerra Mundial e se preparando para entre em mais uma, estaria o
mundo realmente sólido?
Mica: Também é dada atenção à desigualdade de classes, quando na terceira estrofe o
Eu lírico se refere aos “mil corpos labutando em mil compartimentos iguais”, e que às
vezes “se inserem fatigados no elevador e vem cá em cima respirar a brisa do oceano”
Luiza: Ou seja, o privilégio dos edifício é para poucos. Lá de dentro, o mundo parece
ser estável, pois o prédio, com todos seus luxos, dá essa segurança. O luxo, por sua
vez, é propiciado pelos mil corpos que trabalham dentro do edifício
Joana: Sim, e que diferente dos moradores, tem poucos momentos para apreciar esta
segurança.
Mica: Não sei se vocês estão familiarizadas com o Rosenfeld. Anatol Rosenfeld. É que
a gente lê muito textos dele em Letras. Ele é um importante crítico e teórico de teatro
germano-brasileiro. E tem um texto dele em especial, “Teoria dos Gêneros”, em que ele
fala que todo tipo de elemento presente no poema representará algo que o Eu lírico
sente.
Luiza: Então as águas tranquilas da baía, presentes na última estrofe do poema,
refletem o sentimento de estabilidade que o Eu lírico parece sentir,
Mica: ou criticar no caso: a alienação burguesa frente ao difícil período pelo qual o
mundo estava passando.
Mariana: Bom, então vamos agora às ligações “Voz Brasil” Já temos alguém na linha?
Joana: Parece que sim.
(telefone tocando)
Marian:Alô?
Ouvinte (com voz de deprimido): Ah, oi, não imaginei que fosse ser atendido.
Mariana: Olá, como você chama?
Ouvinte: Marcelo.
joana: Vamos ao ponto Marcelo, você trouxe para nós?
Ouvinte: Um poema musicado que queria dedicar a Drummond.
mariana: Que legal! E esse poema é do Drummond ou você que fez?
Ouvinte: Eu que fiz, mas não está bom.
joana: Aposto que esta ótimo, poderia nos mostrar?
Marcelo: Ta
Marcelo:Musicalização do poema
mariana:Ótimo, realmente ótimo! Foi você que fez mesmo?
Marcelo: sim!
joana:Ó,mas é um dom divino!Parabéns.
Marcelo:Obrigado.
Mariana:Obrigada digo eu, por ter participado. Ligue sempre.
joana:Tchau Marcelo, foi um prazer te conhecer
Mariana: Agora já são por volta de 5 da manhã,no horário de Brasília.Está na hora de
interrompermos nosso programa para ouvirmos o Voz Brasil, que hoje será adiantada
graças aos jogos da copa do mundo.
Joana: Até mais tarde! Depois retornaremos com os jogos, com todos nós torcendo
para o Brasil!
Privilégios do Mar Em “Privilégios do Mar”, são criticados aqueles que fingem não saber o que está
acontecendo no cenário mundial. Ao se inserir num terraço de frente para o mar, e
portanto no grupo da burguesia, o Eu lírico é irônico, revelando sua extrema criticidade:
“ O edifício é sólido e o mundo também.” Em meados da década de 30, com o mundo
se recuperando da 1ª Guerra Mundial e se preparando para entre em mais uma, estaria
o mundo realmente sólido?
Também é dada atenção à desigualdade de classes, quando na terceira estrofe o Eu
lírico se refere aos “mil corpos labutando em mil compartimentos iguais”, e que às
vezes “se inserem fatigados no elevador e vem cá em cima respirar a brisa do oceano”
. Ou seja, o privilégio dos edifício é de poucos. Lá de dentro, o mundo parece ser
estável, pois o prédio, com todos seus luxos, dá essa segurança. O luxo, por sua vez,
é propiciado pelos mil corpos que trabalham dentro do edifício, que diferente dos
moradores, tem poucos momentos para apreciar esta segurança.
Como vimos no texto de Rosenfeld, todo tipo de elemento presente no poema
representará algo que o Eu lírico sente. As águas tranquilas da baía, presentes na
última estrofe, refletem o sentimento de estabilidade que o Eu lírico parece sentir, ou
criticar: a alienação burguesa frente ao difícil período pelo qual o mundo estava
passando.
Poema da necessidade Análise do poema: O poema “Poema da Necessidade” fala sobre a alienação das
pessoas que sempre fazem algo sem saber exatamente o porque de fazê-lo. O poema
se da inteiramente através de versos que começam com “É preciso(…)” e são seguidos
de ações rotineiras que as pessoas realizam sem compreender a função de realizá-las.
O poema termina com o eu lírico falando “é preciso anunciar o fim do mundo” para
representar a sua indignação com a alienação em massa da nossa sociedade. O título
do poema também expressa essa relação com a alienação, já que necessidade é
precisar extritamente de algo que lhe falta em determinada quantidade, mas as ações
repetitivas que todos realizamos não são extritamente necessárias, mas ainda assim
todos nós as fazemos porque assim as consideramos, sem ao menos nos
questionarmos se elas realmente são.
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