Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 A “CONTAÇÃO DE HISTÓRIA” COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NO ENSINO DA EVOLUÇÃO BIOLÓGICA E SELEÇÃO NATURAL. Bárbara Cristina Heitor (Universidade Federal de Lavras- PIBID- Biologia) Rafaela Merlo dos Anjos (Universidade Federal de Lavras- Departamento de Biologia) Antonio Fernandes Nascimento Junior (Universidade Federal de Lavras- Departamento de Biologia) Resumo A Evolução Biológica é um dos mais importantes temas das Ciências Biológicas, sendo considerado um tema unificador da Biologia. No entanto, vários trabalhos apontam dificuldades no ensino e na aprendizagem de tal assunto, fazendo-se necessário utilizar estratégias diferenciadas para se trabalhar este tema. Nesse sentido, alunos de licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Federal de Lavras durante a disciplina de Metodologia do Ensino em Zoologia, proporam e analisaram a “Contação de História” como recurso pedagógico para o ensino dos Conceitos de Seleção Natural e Evolução Biológica no ensino fundamental II. A conclusão desse trabalho reforça a utilização de tal ferramenta pedagógica para a apreensão dos conhecimentos e obtenção de uma aprendizagem significativa. Palavras chave: Contação de História, Ensino de Ciências, Ensino da Evolução. INTRODUÇÃO Entre os diversos temas que integram as Ciências Biológicas, a Evolução Biológica é um dos mais polêmicos, pois fornece a compreensão das características fundamentais da vida, bem como as relações dos organismos com o seu ambiente, sendo reconhecida como um tema unificador da Biologia. Almeida et al (2005) consideram a Teoria da Evolução como sendo a mais unificadora dentre todas as outras teorias na área da Biologia. Ainda, segundo os mesmos autores, antes dela, as diversas áreas das Ciências Biológicas eram independentes, reunidas fragmentariamente na chamada História Natural. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) reconhecem a importância da Evolução e sugerem sua inserção no ensino como eixo integrador que envolve todas as áreas da Biologia (BRASIL, 1998). 863 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 Com um papel importante na Teoria da Evolução, o conceito de Seleção Natural baseia-se no mecanismo pelo qual em uma população, organismos que apresentam características que favoreçam a sobrevivência e reprodução deixam mais descendentes, permitindo a manutenção dessas características nas próximas gerações (Meyer, 2005). Desse modo, com o conceito de Seleção Natural e o conceito de Evolução Biológica, pode-se proporcionar aos alunos entender as relações entre os seres vivos e seu ambiente, além de ser instrumento facilitador e unificador de todos os outros conceitos da Biologia. Tendo em vista o importante papel unificador dos temas da Evolução, trabalhos publicados na literatura apontam dificuldades no ensino e na aprendizagem de tal assunto. Segundo Amorin & Leyser (2009), no Brasil e em outros países os problemas estão relacionados com a dificuldade no entendimento dos conceitos e, principalmente, por ir de encontro à visão de mundo e de vida dos alunos. Outra face do problema se encontra na falta de preparação dos professores. Segundo Goedert (2007), os professores temem as polêmicas levantadas com relação ao criacionismo e ao evolucionismo, preferindo então, não abordá-las, colocando o evolucionismo como a única explicação para a origem das espécies. Ainda de acordo com a mesma autora, os conceitos de Evolução são carregados de valores e ideologias que não condizem com o objetivo do conceito. Assim, o uso exclusivo do livro didático como fonte de consulta pelos professores e alunos, também representa um problema, uma vez que estes apresentam conteúdos defasados (LUCENA, 2007). Por outro lado, os PCN (BRASIL,1998) apontam a necessidade de que, em seu planejamento, o professor problematize e apresente informações sobre fatores de Seleção Natural, como a aleatoriedade das mutações nas populações dos seres vivos e o papel das transformações ambientais, aproximando assim, o aluno do tema em questão. Nessa perspectiva, para o ensino destes temas tão relevantes, se faz necessário buscar formas diferenciadas que possam afastar as dificuldades dos alunos. Os parâmetros curriculares nacionais (PCN) apontam possibilidades de uso de estratégias pedagógicas não tradicionais como, notícias, cinema, mídias impressas, atividades lúdicas, trabalhos em grupos e materiais alternativos para o ensino (BRASIL,1998). Em particular, o trabalho em grupo oferece benefícios como o desenvolvimento de habilidades de trabalho em equipe, aumento do interesse e da motivação dos estudantes, a possibilidade dos alunos aprenderem uns com os outros, além da oportunidade de experiências multiculturais ou de contextos sócioeconômicos distintos (Williams, Beard & Rymer, 1991). 864 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 A “Contação de Histórias”: Aspectos teóricos de uma estratégia de ensino A “Contação de Histórias” se apresenta como estratégia pedagógica capaz de unir os pontos apresentados acima. Segundo Chaves (2010), as rodas de Contação proporcionam a aproximação entre professores e alunos, possibilitando interações sociais e culturais. Além disso, esta prática é capaz de estimular a criatividade, imaginação e a construção de imagens interiores. Esses fatores podem ser importantes aliados para que o professor, através da sedução da narrativa, quebre as barreiras entre o aluno e o aprendizado dos conceitos de Seleção Natural. De acordo com Costa (2007), a “Contação de História” favorece a aprendizagem por meio do imaginário, pois aguça e ativa os saberes da criança. Além disso, permite a apropriação de um mundo com grandes possibilidades de viagens pelo encantamento, proporcionando a abertura de portas e permitindo o desenvolvimento linguístico a partir do enriquecimento do vocabulário, além de todo um contexto que envolve a reprodução da literatura, a criação ou a “Contação de Histórias” vivenciadas. Tal recurso pedagógico também possibilita a contextualização do conteúdo escolar de uma forma interdisciplinar, lúdica e prazerosa, oportunizando um processo de ensino-aprendizagem mais efetivo. Com embasamento nesse referencial didático, alunos da disciplina de Metodologia do Ensino em Zoologia da Universidade Federal de Lavras (UFLA), escolheram utilizar a “Contação de História” como meio de conduzir os alunos do Ensino Fundamental II, à compreensão do conceito de seleção natural. Assim, o objetivo do trabalho é apresentar e avaliar o desenvolvimento desta prática pedagógica durante a disciplina. A Disciplina de metodologia do Ensino de Zoologia A disciplina de Metodologia do Ensino de Zoologia tinha, como objetivo desenvolver, com os alunos, práticas de ensino de zoologia que não fossem convencionais e, a partir delas, discutir os principais aspéctos da didática das ciências. Dentro desta perspectiva, a primeira atividade desenvolvida foi a constituição de dupla para que cada uma construísse estratégias pedagógicas para ensinar diferentes temas da Zoologia. Esses temas foram escolhidos de acordo com as propostas trazidas pelo CBC do estado de MG. Nesse contexto, uma das ferramentas pedagógicas desenvolvidas foi a “Contação de História”, como forma de se 865 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 ensinar os Conceitos de Seleção Natural e Evolução Biológica para alunos do Ensino Fundamental II. Essa ferramenta tem como objetivo trabalhar tais conceitos de forma contextualizada, construtiva e, principalmente, sedutora. Somando-se aos benefícios da “Contação de História”, surge também a possibilidade dos trabalhos em grupo e momentos onde os alunos poderão expressar-se artisticamente através de desenhos. É importante ressaltar que a proposta pode ser adaptada para diferentes temas, contextos e faixas etárias. Todas as ferramentas propostas foram apresentadas e discutidas no final da disciplina, onde os alunos puderam ter uma visão crítica sobre os trabalhos produzidos. A “Contação de História” como estratégia pedagógica A ferramenta pedagógica proposta, é separada em três principais momentos: preparação, desenvolvimento e avaliação. Preparação No primeiro momento, o professor da disciplina deve se preparar criando uma história que apresentará a situação-problema das discussões. Essa história deve ser pensada de modo que os principais pontos da Seleção Natural possam ser apontados através da mediação. Outro quesito importante a ser pensado nesta etapa refere-se ao contexto ao qual os alunos estão inseridos, a linguagem, a fauna e a flora da região, a cultura local, uma vez que esses podem ser facilitadores no processo de ensino e aprendizagem. Também nesse primeiro momento é necessário que o professor tenha a imagem do ambiente onde o protagonista da história vive e outra imagem desse mesmo ambiente após passar por uma mudança brusca. Nesse trabalho a protagonista da história foi uma borboleta, e as mudanças que ocorreram no seu ambiente inicial foram na vegetação. Desenvolvimento No intuito de aproximar os alunos dos Conceitos de Seleção Natural, a ferramenta pedagógica é proposta para ser desenvolvida no tempo de 100 min, o que equivale a duas aulas de 50min. 866 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 Para iniciar, a sala deverá ser dividida em grupos iguais. Cada grupo receberá um papel com desenhos de borboletas sem cores. O professor iniciará contando a história que será o ponto de partida da atividade. Essa história trará uma borboleta como protagonista, no decorrer dos fatos ela terá três descendentes de cores distintas. Nesse momento o professor instruirá os grupos a colorirem suas borboletas com as cores que desejarem. A história prosseguirá com o professor descrevendo o ambiente em que estas borboletas vivem, apresentando aos alunos a imagem em slide ou fotografia (de acordo com a realidade da sala). Nesse momento as borboletas serão fixadas junto à imagem do ambiente, e assim iniciará uma discussão. O propósito deste momento é que os alunos comecem a imaginar dentro do contexto no qual as borboletas estarão inseridas quais levarão mais e menos vantagens. Essa discussão entre os alunos será mediada pelo professor a fim de direcioná-los aos Conceitos de Seleção Natural. Para encerar a história, os alunos escolherão uma das borboletas como sendo aquela que, por ter sido selecionada, poderá ter mais descendente. Pontos importantes a serem destacados durante a discussão: • Porque as borboletas com vantagens deixaram descendentes com as mesmas características. (Abordar o pensamento de Lamarck e Darwin); • Como surgiu a nova característica na população. • Porque determinada borboleta levou vantagem ou desvantagem. • Evidenciar o tempo necessário para que a Seleção aconteça. Avaliação Ao levar a metodologia de “contação de historia” para a sala de aula da educação básica tem-se como proposta de avaliação a construção de uma narrativa. Os alunos deverão elaborar, em dupla, um texto semelhante ao utilizado na atividade tendo como referência outro animal que será escolhido por eles. O que está em consonância com os PCN (1998) que trazem a importância de elaborar, individualmente e ou em grupo, relatos orais, textos e outras formas de registros acerca do tema em estudo. Nesse texto pretende-se observar como os alunos irão articular os Conceitos da Seleção Natural discutidos em sala. A Proposta Aplicada A concretização da proposta de trabalho foi apresentada como uma aula para os alunos da Disciplina de Metodologia do Ensino de Zoologia. Na sequência, houve um espaço para que 867 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 os colegas e o professor colocassem suas perspectivas e percepções a respeito da mesma. O texto produzido e utilizado como disparador para a atividade foi o seguinte: As borboletas Era uma vez uma linda borboleta chamada Cecília. Cecília estava muito solitária, então resolveu sair à procura de um companheiro. Ela procurava um macho que fosse forte, bonito e que fosse rápido e esperto como ela. De repente, aparece um jovem sarado chamado Lucas, forte, bonito e veloz. Nesse momento os olhinhos da borboleta Cecília brilharam, e ela se apaixonou por Lucas. Algum tempo se passou e os dois se casaram e esperavam ansiosos à chegada de seus filhinhos. Lucas e Cecília passavam horas olhando para aquele casulo aguardando a hora de conhecer seus filhinhos. Finalmente essa hora chegou. As borboletas saíram do casulo muito lindas e de asas coloridas. A mamãe se espantou ao perceber que elas tinham cores diferentes as dela e as de seu marido. (Faz-se uma pausa para que os alunos possam colorir os filhotes da borboleta). Nesse dia fazia muito sol. O campo de girassol onde a família morava estava radiante. Flores amarelinhas e muito vistosas estavam convidativas para uma bela refeição em família. Então, todos saíram para se alimentar e se divertir. (A imagem do ambiente é apresentada e se tem um momento de discussão). Havia no campo um sapo que estava escondido entre as flores, na espreita, esperando para se alimentar das pequenas borboletas (momento de discussão). Após muitos e muitos e anos, aquele lugar onde as borboletinhas moravam já não era mais o mesmo. Agora já não havia mais girassóis, em seu lugar estavam lindas margaridas. E agora, o que acontecerá com nossas borboletas? 868 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 Durante a “Contação da História”, foi possível perceber grandes possibilidades a serem discutidas. Os alunos da Disciplina fizeram colocações a respeito das perspectivas de Darwin e Lamarck quando se discutiu a cor diferenciada das borboletas filhas em relação às cores de seus pais. Ao serem divididos em grupos para colorirem os filhotes, discutiu-se a aleatoriedade com que as mutações acontecem, uma vez que os alunos não tinham visto o ambiente e por isso não foram influenciados pelo mesmo. Após as borboletas serem coloridas e fixadas junto à imagem do ambiente, percebeuse grande potencial para discussão. Os alunos da Disciplina elaboraram diferentes vantagens ou desvantagens que as borboletas diferentes poderiam ter. Assim, foi possível através do texto, discutir todos os temas propostos. A proposta de avaliação não foi realizada nesta ocasião, já que esta foi substituída por uma discussão a respeito do potencial da metodologia. Figura 1- Contação de História. Figura 3- Borboletas fixadas no ambiente. Figura 2- Alunos colorindo as Borboletas. Figura 4- Momento de discussão. 869 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 Após a estratégia ser apresentada em forma de aula, os alunos da disciplina deram suas impressões a respeito da mesma. A aula e as falas foram gravadas e abaixo seguem os pontos mais discutidos e as falas dos participantes. Os participantes serão identificados pela letra P. As impressões foram agrupadas em dois temas gerais: impressões sobre a história e impressões sobre a avaliação utilizada. Impressões sobre à História P1: “Eu achei muito interessante a ideia da história porque vocês vão trazer mesmo os conhecimentos prévios do aluno, sem pedir os conhecimentos prévios. Normalmente a gente começa com umas perguntas, e eles ficam meio assim, meio acanhados de falar alguma coisa. Agora quanto à história, todo mundo quer contar uma história, todo mundo quer completar a história e vão completar com o que sabem, baseados no que já têm de conhecimento, pode ser que apareça alguma brincadeira como sempre aparece, mas de alguma forma vai trazer os conhecimentos [...] Também falando de Evolução porque no ensino fundamental quando eles veem falando de Evolução eles até assustam, Evolução tem toda uma dificuldade por trás, eu achei bem interessante a forma como vai ser tratado o assunto, que querendo ou não é evolução”. P4: “Eu achei muito bacana também. E de novo vai colocar o aluno interagindo com a Biologia, não vai ser só uma coisa expositiva. Achei bem bacana essa interação também, que é sempre muito melhor”. P11: “Acho legal você fazer as mudanças de ambiente também porque às vezes fica na cabeça do aluno tipo a vermelha foi boa, então a vermelha vai ser pra sempre a melhor e não é assim.” Impressões sobre a avaliação utilizada P5: “Como é Fundamental eles vão abordar outros animais, talvez eles não possuam conhecimento dos animais. Vamos dizer assim, das relações com o ambiente. Aí talvez a necessidade de vocês intervirem nessa situação. Tal animal pode sofrer essa alteração. Dar 870 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 meio que os animais, porque eu não sei, talvez sim talvez não, né. Conhecer muito bem essa relação que o animal tem com o ambiente pra que ele possa construir a história.” P6: “... Na verdade o que o Vigotsky diz é que não existe erro, ou seja, qualquer erro crasso que por ventura alguém tiver vai ser sempre melhor do que não ter nada, porque é um caminho que pode estar o mais errado possível, mas que em algum momento vai chegar ao certo. E isso responde o que você tinha perguntado. Quer dizer, se eu posso trabalhar com uma etapa anterior mais simplificada, mais confusa em relação à posterior? Pode. Depende do que, da faixa etária, estratégia, o que você quiser, mas pode.”. P4: “... Eu acho que não importa, assim, se criou um animal, que criou uma história mirabolante que não existe e tal, mas se ele entender o que aconteceu! Tipo assim, ele não vai pensar que existe aquele animal que ele inventou, se não existe realmente, mas se ele entender como isso aconteceu, se ele conseguir chegar nisso, eu acho que é o ponto”. P8: ”Eu acho que a gente trabalhando com o Ensino Fundamental talvez daqui pouco tempo ele vá ter maturidade pra perceber como realmente acontece, quais características realmente existem, porque não pode nascer uma asa em um cachorro, ele já entendeu como funciona o negocio, já entendeu como funciona a característica surgir”. P6: “É exatamente isso que Vigotsky diz. Isso é um indicativo que em algum momento ele vai amadurecer. Agora o que o P5 perguntou, nós podemos trabalhar com a desconstrução, diminuir o erro, claro né, a gente pode fazer o possível para diminuir o erro, ou até que não haja erro mais, se houver. E aí, é porque nós estamos falando em erro, na verdade o grau de complexidade vai depender do cenário que a gente tiver, de detalhe e tal, segundo Vigotsky, que é onde nós concordamos”. P9: “Eu penso que se o aluno vai criar a história ele pode criá-la do jeito que ele quiser com o personagem que ele quiser, se ele entender o conteúdo, o objetivo é esse. Porque tem tantos livros por aí com histórias que não existem e nem por isso a gente acha que o bicho existe”. DISCUSSÃO 871 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 Considerar a bagagem que o aluno já possui sobre o tema em estudo, permite a interação entre o conhecimento que o aluno já possui e o novo conhecimento aprendido (MIRAS, 1998). Percebeu-se na fala de P1 que na ferramenta a utilização do conhecimento prévio dos alunos está presente em todo o processo, contribuindo assim para o aprendizado dos conceitos. Outra percepção possível através das falas dos participantes, foi a significativa interação entre professor e aluno. Segundo Araújo (2012), essa interação entre professor e aluno compõe a aprendizagem, sendo de fundamental importância para que o processo de ensino esse processo se concretize. Ainda de acordo com Santos (2007), uma boa relação entre professor e aluno favorece a convivência, aprendizagem e socialização. Em relação à avaliação observamos que na fala de P5, a falta de conhecimento de fatos reais sobre a Seleção Natural dos animais é colocada em questão. Logo, nas falas de P4, P8 e P9, principalmente, percebe-se que este não seria um empecilho. Como sugerido por P3, P11 e P12, a mudança de ambiente e a extensão da história é capaz de propiciar subsídios que permitem abordar mais a fundo e tornar mais claros as relações do ambiente e dos seres vivos. Nesse sentido, acredita-se que essa alteração possa trazer muitos benefícios ao resultado final do trabalho. Assim, foi possível detectar, através das falas dos participantes, que o uso da história se mostrou eficaz como estratégia pedagógica no processo de ensino-aprendizagem. Considerações Finais De acordo com o trabalho apresentado e as reflexões reflexos feitas pelos alunos da disciplina, percebeu-se as contribuições que a “Contação de Histórias” pode oferecer. Ao somar-se benefícios como o do trabalho em grupo, conhecimentos prévios e arte, pode-se perceber um grande potencial para quebrar as barreiras referentes ao ensino e a aprendizagem dos conceitos ligados à Evolução Biológica. Além disso, percebeu-se na “Contação de Histórias”, uma forma de instigar os alunos à criatividade e ao despertar da imaginação. Considera-se que nesse trabalho foi possível aproximar não só professor e aluno, mas também, o aluno do conhecimento, de forma lúdica interessante e menos conflitante do que as formas tradicionais. Sendo assim, a “Contação de Histórias” se reforça como uma estratégia pedagógica útil para auxiliar o professor na construção do conhecimento por parte dos alunos. 872 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 Referências Bibliográficas: ALMEIDA, A. V.; FALCÃO, J. T. R. Estrutura histórico-conceitual dos programas de pesquisa de Darwin e Lamarck e sua transposição para o ambiente escolar. Ciência & Educação, (v.11, n.1, p.17-32, 2005.) ARAÚJO, D. R. B. A importância da Interação entre Professor e Aluno na Graduação. 2012. 47f. Trabalho de conclusão de curso (Especialização em Docência do Ensino Superior. Universidade Candido Mendes, UCAM, 2012 BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: ciências naturais. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, DF: MEC/SEF, 1998. CHAVES, M. J. . Contar, ensinar e aprender com histórias: era uma vez.... 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